RPCV (2005) 100 (553-554) 75-84 2 % 6 ) 3 4 ! 0 / 2 4 5 ' 5 % 3 ! $% #).#)!36%4%2).¸2)!3 Determinação dos níveis de imunidade humoral induzidos pela vacinação contra a Esgana e a Parvovirose Caninas Determination of humoral immunity levels elicited by vaccination against Canine Distemper and Parvovirus C. Almendra1, O. Pinto1, L. Carmichael2, L. Tavares1* 1 Laboratório de Virologia e Imunologia, Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA), Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Pólo Universitário do Alto da Ajuda, Av. da Universidade Técnica de Lisboa – 1300-477 LISBOA 2 NYSCVM, Cornell University, Ithaca, NY USA Resumo: A vacinação dos animais de companhia é um dos temas mais discutido internacionalmente pela comunidade científica. Assuntos controversos como a revacinação anual e a eficácia/ segurança vacinal justificam a recolha de informação rigorosa, coerente e exaustiva. Esta informação é essencial para avaliar os protocolos vacinais e conhecer quais os factores que têm maior importância na optimização de estratégias imunitárias antivirais. Em Portugal, a vacinação contra a Esgana e a Parvovirose Caninas é bastante frequente mas desconhece-se qual o grau de protecção que esta confere. A resposta imunitária humoral contra estes dois vírus foi avaliada em 780 soros de animais vacinados, utilizando dois testes serológicos, Seroneutralização e Inibição de Hemaglutinação. A quantificação de anticorpos revelou que, na maioria dos casos, existe uma resposta adequada para ambos os vírus (76%), embora no caso da Esgana as falhas de imunidade (22%) sejam muito mais frequentes do que na Parvovirose (2%). Nos animais adultos verificámos que os níveis de protecção foram idênticos tanto para animais vacinados anualmente como para animais vacinados há mais de um ano. O sexo, raça ou idade, não afectaram o grau de protecção, mas este diferiu significativamente em relação à vacina utilizada. Nos animais jovens as características individuais também não afectaram de forma significativa o estabelecimento de imunidade. Variáveis como o número de inoculações, a associação de antigénios ou a idade a que se inicia/termina o protocolo vacinal, também não foram associadas a diferenças significativas nos níveis de imunidade. Nos animais primovacinados a vacina utilizada foi a variável que mais influenciou o nível de anticorpos. Os nossos resultados indicam que a determinação dos níveis de imunidade humoral é muito útil para identificar situações de susceptibilidade em animais vacinados e para adequar os protocolos vacinais individualmente. Summary: The vaccination of companion animals is one of the issues most debated by the international scientific community. Controversial subjects such as annual revaccination and vaccine efficacy/safety, require the collection of rigorous, coherent and exhaustive information. This type of information is essential to evaluate the different vaccination protocols and to identify the most important variables in the optimization of immune strategies. In Portugal, although vaccination against Canine Distemper and Parvovirus is common, the degree of protection it confers is not known. The immune response against these two viruses was * Correspondência: Tel 213652800 – Fax 213652824 e-mail: [email protected] / [email protected] assessed in 780 sera from vaccinated animals by two serological tests (Seroneutralization and Hemagluttination Inhibition). The quantification of antibodies revealed that, in the majority of the cases, an adequate response exists for both viruses (76%). However, immunity failures occurred more frequently against distemper (22%) than against parvovirus (2%). In adult dogs, protection levels obtained were identical for animals vaccinated annually and for those vaccinated at intervals greater than one year. Sex, breed or age, did not influence the degree of protection, but this differ significantly in relation with the vaccine used. In young animals, the individual characteristics did not affect the establishment of immunity either. Variables such as the number of inoculations, antigen association, or the age when the vaccination program starts/finishes, did not interfere significantly with the protection levels obtained. The vaccine type influenced the antibody levels in young animals. Our results show that the determination of humoral immunity levels is very useful to identify susceptibility in vaccinated animals and to individually adjust the vaccination protocols. Introdução Actualmente, a vacinação dos animais de companhia é objecto de grande controvérsia nos meios médico-veterinários. Os assuntos relacionados com este procedimento médico: duração de imunidade e necessidade de revacinação anual, eficácia e segurança vacinal, protocolos utilizados e avaliação de risco, utilização de novas vacinas, entre outros, têm sido largamente debatidos, quer pela comunidade científica internacional, quer por clínicos, proprietários e pela indústria farmacêutica. Frequentemente, como resultado destes debates, tornase evidente a escassez da informação que fundamente e esclareça estas questões. A necessidade de conhecer de forma objectiva e rigorosa os protocolos de vacinação utilizados e a protecção que eles conferem, impele os cientistas a investigar estes problemas. Num trabalho anterior (Almendra et al., 2000), alertámos para a importância da avaliação da imunidade antiviral em canídeos e para as vantagens da utilização de testes serológicos para servir este fim. Tendo por objectivo a recolha de dados científicos que per75 Almendra, C. et al. mitissem conhecer a imunidade humoral induzida pela vacinação na nossa população canina, procedemos à avaliação serológica referente à Esgana e à Parvovirose Caninas. Em Portugal, estas duas doenças infecciosas continuam a ter um grande impacto na saúde dos nossos animais. Embora a vacinação tenha reduzido bastante a sua prevalência, é do conhecimento geral (embora insuficientemente documentado por estudos epidemiológicos) que elas continuam a afectar um grande número de animais e que os respectivos agentes etiológicos, Vírus da Esgana Canina (Canine Distemper Virus – CDV) e o Parvovírus Canino (Canine Parvovirus - CPV) continuam presentes na população de cães. A resposta imunitária à vacinação pode não conferir uma protecção eficaz e esta pode apresentar grandes variações nos diferentes membros de uma população. A quantificação de anticorpos é o método mais utilizado internacionalmente para determinar o estado imunitário de animais vacinados e a eficácia vacinal dos protocolos utilizados. Vários estudos apontam para uma boa correlação entre a imunidade humoral e a protecção antiviral, isto é, os níveis de anticorpos são bons indicadores da capacidade de resistência anti-viral do animal vacinado (Greene,1998, Tizard e Ni, 1998). Por outro lado, a vacinação, apesar de fundamental, não é um procedimento inócuo, tem riscos inerentes e pode provocar reacções adversas no animal. Nos últimos anos, a necessidade de revacinação anual tem sido uma das questões mais debatidas por cientistas e peritos em vacinologia veterinária. O aumento da incidência de efeitos secundários, a maior predisposição para doenças imunomediadas e os resultados de estudos de persistência da imunidade, estimularam o debate a nível internacional e levaram a que se questionasse cada vez mais a necessidade de fazer revacinações anuais. Apesar da imunidade induzida pelas vacinas não durar indefinidamente, a revacinação demasiado frequente também pode ser contraproducente. O aumento da incidência de algumas doenças imunomediadas levou a que se suspeitasse da existência de uma ligação entre a vacinação demasiado frequente e a ocorrência de problemas imunitários tais como: alergias, poliartrite, doenças da tiróide, reacções de hipersensibilidade, anemia hemolítica , trombocitopénia , osteopatias, etc. Idealmente, o intervalo de revacinação deveria ser determinado por forma a que a imunidade nunca decaísse abaixo de níveis protectores, assegurando também que o animal não seria submetido a revacinações desnecessárias (Tizard e Ni,1998). É neste contexto, e tendo em conta os aspectos por nós descritos no artigo já referido que surge o presente trabalho. Este teve por objectivo conhecer a resposta imunitária humoral desenvolvida individualmente em animais, em resposta à vacinação praticada de acordo com o protocolo preconizado pelo respectivo clínico assistente. Não se trata, portanto, de um estudo realizado com base num desenho experimental, mas sim de um rastreio serológico a animais vacinados. A determinação serológica do nível de anticorpos permitiu, ainda 76 RPCV (2005) 100 (553-554) 75-84 que de forma indirecta, conhecer o grau de protecção que as vacinas comumente utilizadas na prática clínica podem conferir (Tizard e Ni,1998). Com os resultados obtidos e o preenchimento de um questionário pretendemos recolher informação pertinente para responder a questões como: qual a eficácia de vacinas e protocolos adoptados? Qual a persistência de níveis de anticorpos protectores em diferentes períodos após a vacinação? Quais os factores que interferem com o estabelecimento da imunidade na primovacinação? Materiais e Métodos Para avaliar os níveis de resposta imunitária humoral contra a Esgana e Parvovirose Caninas foram seleccionadas de forma aleatória 780 amostras de sangue. Os soros foram obtidos de animais de ambos os sexos, de diferentes raças e idades, observados na Consulta Externa do Hospital Escolar da F.M.V., em clínicas privadas ou em centros de criação. Todas as colheitas foram acompanhadas do preenchimento de um questionário em que se registaram: a identificação do proprietário, a identificação do médico-veterinário assistente, os dados relativos à identificação do animal (idade, sexo, raça, estado clínico) e a história vacinal anterior à colheita da amostra (vacinas utilizadas, datas de aplicação e fabricante) (consultar em http://www.fmv.utl. pt/labs/virologia/formvirologia.PDF, pág. 3). Do total de amostras recebidas (n=1300), seleccionámos as que correspondiam a animais saudáveis, não submetidos a qualquer tipo de terapêutica (ex.: imunosupressiva, anti-inflamatória, etc.) e cuja história vacinal fosse conhecida. A população testada é constituída por animais com idades compreendidas entre os 2 meses e os 15 anos de idade), 54% dos quais do sexo masculino. A maioria dos animais (79,6%) são de raça pura distribuindo-se por um total de 51 raças diferentes, entre as quais algumas raças portuguesas (Tab. I). De um modo geral, as raças e idades incluídas parecem representar a distribuição que ocorre na população portuguesa de cães de companhia. Após a colheita asséptica de 1-5 ml sangue total para tubo seco (sem anticoagulante), procedeu-se à separação do soro e à sua conservação a –20ºC até posterior processamento. Os anticorpos específicos presentes em cada soro foram quantificados por Seroneutralização (CDV) e Inibição da Hemaglutinação (CPV). Seroneutralização (SN) A avaliação quantitativa de anticorpos contra o Vírus da Esgana Canina (CDV) foi realizada através de provas Seroneutralização. A técnica utilizada é uma adaptação do método de microtitulação desenvolvido por Appel e Robson (1973) e baseia-se na neutralização do efeito citopático (ECP) do CDV por anticorpos específicos neutralizantes presentes no soro dos animais. Almendra, C. et al. RPCV (2005) 100 (553-554) 75-84 Tabela I – Distribuição de acordo com a RAÇA Raça n Raça n Boxer 32 Labrador Retriever 167 Bulldog 8 Pastor Alemão 83 Bull Terrier 21 Pastor Belga 10 Caniche 13 Perdigueiro Português 8 Cão de Água Português 8 Rafeiro Alentejano 6 Cocker Spaniel 48 Rottweiller 41 Dobermann 19 São Bernardo 7 Dogue Alemão 20 Serra da Estrela 18 Golden Retriever 12 Outras 70 Husky Siberiano 30 Indeterminada 159 “Outras” inclui (n<5): Basset Hound, Beagle, Boston Terrier, Braco Alemão, Castro Laboreiro, Chihuahua, Chow Chow, Collie, Dálmata, Dachshund (baixote), Dogue Argentino, Dogue de Bordéus, Epagneul Bretão, Fila de São Miguel, Fox Terrier, Galgo Afegão, Jack Russel Terrier, Leão da Rodésia, Malamute do Alasca, Mastiff, Montanha dos Pirinéus, Pastor de Beauce, Pequinois, Pinsher, Pit Bull, Podengo, Pointer, Pug, Samoiedo, Shar Pei, Springer Spaniel, Spitz, Teckel, Terra Nova, Yorkshire Terrier. Após uma primeira diluição a 1:2 em meio de cultura (Minimum Essential Medium with Earle’s Salts, suplementado com soro fetal bovino inactivado, solução de antibiótico-antimicótico e L-glutamina), as amostras e os soros controlo são inactivados pelo calor (56 ºC) durante 30 min. Diluições seriadas do soro (base 2) são incubadas com uma concentração padronizada de CDV - estirpe atenuada Onderspoort (10-30 TCID50 / 50 µL). Passadas as 2 horas de incubação à temperatura ambiente adicionam-se células VERO (2x105 células / 50 µL / pocilho), que servirão de sistema indicador, uma vez que o vírus tem sobre elas um ECP característico. A mistura é colocada em atmosfera controlada (37ºC, 5% CO2, 80% humidade relativa) e observa-se a presença/ausência do ECP ao fim do 4º dia de incubação. O título do soro (Unidades Seroneutralizantes – USN) é representado pelo inverso da maior diluição que inibe o ECP. Considerou-se que títulos superiores ou iguais a 64 USN são protectores (P) e resultam de uma resposta adequada à vacinação (valor preconizado pelo Laboratório de Diagnóstico da Universidade de Cornell). Inibição da Hemaglutinação (IHA) A titulação de anticorpos contra o Parvovírus Canino (CPV) foi realizada através da prova de Inibição da Hemaglutinação (Carmichael et al., 1980). O CPV tem a capacidade de aglutinar glóbulos vermelhos de diferentes espécies em condições de pH e temperatura específicos. A presença de anticorpos no soro de animais imunizados ou convalescentes inibe esta reacção. Após diluições sucessivas do soro (base 2), este é incubado (1h/TA) com uma concentração padronizada de CPV (estirpe Cornell, 4-8 UHA /25 µL). Depois de se adicionarem eritrócitos de suíno, incuba-se durante cerca de 1 hora a 4ºC e em seguida faz-se a leitura da prova. O título do soro (Unidades Inibidoras de Hemagluti- nação – UIHA) é representado pelo inverso da maior diluição que inibe completamente a hemaglutinação. Considerou-se que títulos superiores a 80 UIHA são protectores (P) e resultam de uma resposta adequada à vacinação (valor preconizado pelo Laboratório de Diagnóstico da Universidade de Cornell). Análise de Resultados e Estatística Todos os resultados obtidos foram introduzidos e trabalhados numa base de dados em folha de cálculo (Microsoft EXCEL versão 9.0). Para fazer a análise estatística, relativamente à informação obtida com as provas laboratoriais, foi utilizado o programa informático SPSS versão 12.0. A comparação da resposta imunitária à vacinação para as diferentes variáveis foi feita através de testes de Chi-quadrado (testes de comparação de duas proporções). Para cada teste foi assumido um nível de significância de 5%. Para analisar os resultados obtidos, a população testada foi subdividida em dois grupos: animais adultos a cumprir esquemas de revacinação e animais jovens em primovacinação. Em relação aos animais adultos determinámos a prevalência de animais protegidos e qual a sua relação com intervalos de revacinação (duração de imunidade), características do animal, e vacina utilizada. Nos primovacinados, avaliámos a eficácia dos esquemas de primovacinação adoptados, bem como a importância de determinados factores para o estabelecimento da imunidade (número de inoculações, associação de antigénios, idade na primeira/última inoculação e vacina utilizada). Resultados Resposta imunitária no total da população A avaliação da imunidade humoral revelou que a maioria dos animais responde de forma adequada à vacinação. Num total de 780 animais vacinados e testados, 76,3% (n=595) possuíam títulos de anticorpos considerados protectores para ambos os vírus. As falhas de imunidade (23,7%) foram mais frequentes para o CDV. Revacinação de Animais Adultos Dos 556 animais adultos (≥1 ano) testados, cerca de 77,8% apresentaram títulos protectores para ambos os vírus. Imunidade contra a Esgana Canina (revacinação) A quantificação de anticorpos contra o CDV revelou que 29,7% dos animais vacinados não tem protecção (NP) humoral contra o vírus (<64 USN). Para avaliar a persistência de imunidade contra o CDV e a importância da revacinação, agruparam-se os animais de acordo 77 Almendra, C. et al. RPCV (2005) 100 (553-554) 75-84 com o intervalo entre a última vacinação e a colheita de sangue (Tab. II). Verificámos que, embora a proporção de animais protegidos (P) diminua em função de maiores intervalos vacinação/colheita, dos 23 animais vacinados há mais de 3 anos, 16 (69,6%) mantêm títulos de anticorpos protectores. Mesmo no caso de animais vacinados à mais de 7 anos (n=5), a proporção de protegidos é grande (60,0%)(Tab. II). Tabela II – Taxas de Protecção contra a ESGANA em função do Intervalo Vacinação/Colheita (Animais Adultos) Intervalo Vacinação/ Resultados SN (n) Colheita (Anos) NP P da, uma vez que existem diferenças significativas nos resultados obtidos (P= 0,001) (Tab. IV, Fig. 2). Tabela IV – Taxas de Protecção contra a ESGANA em função do Fabricante da Vacina (Animais Adultos) Resultados SN (n) % Animais Tabela IV – Taxas de Protecção contra a ESGANA em função Fabricante# Protegidos do Fabricante da Vacina (Animais Adultos) NP P % Animais Protegidos Fabricante# 2 1 2 3 3 4 4 114 269 69,9 1-3 42 106 71,6 3-5 3 9 75,0 5-7 2 4 66,7 >7 2 3 60,0 Resultados SN (n) 30 NP 9 30 110 9 110 5 5 11 11 64 64 % Animais Protegidos 68,1 P 64 68,1 87,7 64 87,7 32 86,5 22 66,7 209209 32 65,5 65,5 86,5 22 66,7 100% 80% 60% 40% Tabela III – Taxas de Protecção contra a ESGANA e Valores do teste χ2 (Animais Adultos) % Animais 5 5 % de Animais <1 Variável em estudo 1 20% Teste χ2 Protegidos Os resultados obtidos indicam que os níveis de pro<1 Ano (n=385) 69,9 Intervalo P= 0,725vacinatecção foram idênticos quer o intervalo entre Vacinação/Colheita >1 Ano (n=171) 71,3 ção e colheita de amostra fosse inferior ou superior a Indeterminada (n=104) 77,9 0,061O sexo, um anoRaça(diferençaPura não significativa) (Tab. P= III). (n=452) 68,9 idade ou a raça (pura vs. indeterminada) do animal não Feminino (n=264) 68,9 Sexo P=0,497 influenciaram o Masculino tipo de resposta imunitária (Tab. III, (n=292) 71,6 Fig. 1). Idade (1 a >10 anos) P=0,509 O mesmo não Fabricante aconteceu em relação às vacinas utiliP=0,001* zadas e respectivo fabricante. A análise estatística reve(*diferença significativa) lou que o grau de protecção depende da vacina utiliza- 0% 1 P 2 3 4 5 NP Fabricante Fig. 2-Fig. Protecção CDVCDV vs Fabricante Adultos) 2- Protecção vs FabricantedadaVacina Vacina (Animais (Animais Adultos) (#Por razões éticas não são revelados os nomes dos fabricantes.) (#Por razões éticas não são revelados os nomes dos fabricantes.) No que diz respeito à distribuição dos títulos SN presentes em animais protegidos (P, superior a log2(64)=6), verificou-se que uma grande proporção de animais tinha títulos relativamente baixos (Fig. 3). No que diz respeito à distribuição dos títulos SN presentes em animais protegidos (P, superior a log2(64)=6), verificou-se que uma grande proporção de animais tinha títulos Imunidade relativamente baixos (Fig. contra 3). % de Animais (revacinação) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 >10 NP 37,5 34,7 21,6 25,6 26,1 30,2 28,6 35,7 36,0 41,2 P 62,5 65,3 78,4 74,4 73,9 69,8 71,4 64,3 64,0 58,8 Idade (anos) O mesmo Fig. 1- Protecção CDV vs Idade Adultos) Fig. 1Protecção CDV vs(Animais Idade (Animais Adultos) relação às não aconteceu em vacinas utilizadas e a Parvovirose Canina A quantificação de anticorpos contra o CPV revelou que somente 1,8% dos animais vacinados não tem protecção humoral contra o vírus (≤ 80 USN). Relativamente aos animais não protegidos (n=10), 8 são de raça Fig. 3- Distribuição dos valores de USN (Animais Adultos) pura e dois de raça indeterminada. Sete destes animais tinham sido vacinados há menos de um ano, para os restantes o intervalo entre a última vacina e a colheita respectivo fabricante. A análise Tabela estatísticaIII revelou que o de grauProtecção de protecçãocontra depende da – Taxas a ESGANA e Valores do teste χ2 (Animais Adultos) % Animais Protegidos <1 Ano (n=385) 69,9 vacina utilizada, uma vez que existem diferenças significativas nos resultados obtidos (P= Variável em estudo 0,001) (Tab. IV, Fig. 2). Intervalo Vacinação/Colheita Raça Sexo (*diferença significativa) 78 >1 Ano (n=171) Indeterminada (n=104) Pura (n=452) Feminino (n=264) 10 Masculino (n=292) Idade (1 a >10 anos) Fabricante 71,3 77,9 68,9 68,9 71,6 Teste χ2 P= 0,725 P= 0,061 P=0,497 P=0,509 P=0,001* 11 Almendra, C. et al. RPCV (2005) 100 (553-554) 75-84 Tabela V - Taxas de Protecção contra o CPV em função do Intervalo Vacinação/Colheita (Animais Adultos) 18 16 % de Animais 14 Intervalo Vacinação/ Colheita (Anos) 12 10 8 2 0 NP NP NP NP NP P P P P P P P ND (<8) 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Protecção (log 2 USN) Fig. 3- Distribuição dos Valores de USN (Animais Adultos) Fig. 3- Distribuição dos valores de USN (Animais Adultos) % Animais Protegidos NP P <1 7 377 98,2 1-3 2 146 98,6 3-5 1 12 92,3 5-7 - 6 100,0 >7 - 5 100,0 6 4 Resultados IHA (n) de sangue foi de 1, 2 e 4 anos. O número de amostras animais de raça indeterminada (diferença significativa) Imunidade a Parvovirose Caninavacinados (revacinação)há mais de um ano redecontra animais que foram (Tab. VI), contudo, uma vez que estes são em númeA quantificação de anticorpos contra o CPV revelou que somente 1,8% dos animais presenta 31% da população amostrada. Destes animais, ro muito inferior (25% do total de animais estudados), vacinados98,3% não tem têm protecção humoral contra o víruso(≤que 80 USN). Relativamente aos animais títulos protectores, indica que, uma não podemos determinar se as diferenças têm algum não protegidos (n=10), 8 são de raça boa pura e dois de raçacontra indeterminada. Sete destes vez estabelecida uma imunidade o CPV, significado biológico. Títulos inferiores a 64 USN foanimais tinham sido vacinados menos de um ano, para os restantes o intervalo entre a esta persiste (Tab.háV). ram frequentes em algumas raças (ex.: Dogue Alemão, última vacinaComo e a colheita de sangue foi 1, 2 e 4 anos. número de amostras a proporção dedeanimais nãoO protegidos é bas-de animais Bull Terrier, Boxer, Labrador). que foram vacinados há mais de um ano representa 31% da população amostrada. Destes tante baixa, não é possível avaliar estatisticamente a animais, 98,3% têm títulos protectores, o que indica que, uma vez estabelecida uma boaOs níveis de protecção foram idênticos para ambos relação entre a protecção contra o CPV e as outras vaos sexos (Tab. VII). Relativamente às outras variáveis imunidade contra o CPV, esta persiste (Tab. V). riáveis (raça, sexo, idade, fabricante). Embora fosse inrelacionadas com o protocolo utilizado não foram deteressante averiguar os motivos das falhas imunitárias, Como a proporção de animais não protegidos é bastante baixa, não é possível avaliar tectadas diferenças significativas. Um dos factores que o número de animais não protegidos é muito reduzido. estatisticamente a relação entre a protecção contra o CPV e as outras variáveis (raça, sexo, se pretendia analisar era a importância do número de idade, fabricante). Embora fosse interessante averiguar os motivos das falhas imunitárias, o inoculações em relação à resposta imunitária desenPrimovacinação em Cachorros de Tabela V - Taxas de Protecção contra o CPV em função do número cadeada. Nos resultados obtidos, o facto do animal Intervalo Vacinação/Colheita (Animais Adultos) animais não inoculado apenas 2 vezes não implicou um menor ser No total dos 224 animais primovacinados o protegidos nível Resultados IHA é Intervalo nível de protecção (proporção de animais é idêntica). Animais de protecção foi ligeiramente(n) inferior%(69,2%) aomuito dosreduzido. Vacinação/Colheita Protegidos Em relação à associação ou não de vírus numa mesma (Anos) adultos. NP P administração, os dados indicam que o uso de vacinas <1 7 377 98,2 associadas não determina que a eficácia vacinal seja Imunidade contra a Esgana Canina 1-3 2 146 98,6 menor (Tab. VI). (primovacinação) 3-5 1 12 92,3 12 A marca de vacina utilizada no protocolo de primo5-7 6 100,0 vacinação influenciou a resposta imunitária (Tab. VII Neste grupo>7de animais,- a análise da resposta humo5 100,0 e Fig. 4). Apesar de cada fabricante estar representaral à vacinação contra a Esgana Canina, revelou que do por uma proporção diferente de animais (de n=12 a 31% dos animais não respondeu de forma eficaz. As n=101), as diferenças de eficácia são grandes, sendo a falhas imunitárias parecem ser mais frequentes nos Tabela VI – Taxas de Protecção contra a ESGANA e Valores do teste χ2 (Animais Primovacinados) Variável Raça Sexo N.º de inoculações Associação Antigénios Idade - 1ª vacina Idade - Última Vacina % Animais Protegidos Indeterminada(n=55) 80, 0 Pura(n=169) 64,5 Feminino(n=94) 64,9 Masculino(n=130) 70,8 ≤ 2 (n=176) 68,8 >2 (n=48) 66,7 Não(n=58) 62,1 Sim(n=166) 70,5 ≤ 7 semanas(n=67) 70,1 > 7 semanas(n=157) 67,5 ≤ 12 meses(n=42) 71,4 > 12 meses(n=182) 67,6 Teste χ2 P= 0, 032* P=0,351 P=0,783 P=0,236 P=0,698 P=0,629 79 Almendra, C. et al. RPCV (2005) 100 (553-554) 75-84 vacina 3 aquela em que a eficiência é significativamente inferior. Discussão Revacinação de Animais Adultos Tabela VII - Taxas de Protecção contra a ESGANA em função do Fabricante da Vacina (Animais Primovacinados) Nº animais A prática de revacinação anual foi estabelecida à mais de 30 anos atrás, com base em informação cientíResultados SN (n) % Animais fica escassa e limitada (Hustead et al., 1999; Klingborg Fabricante# Protegidos P NP et al., 2002). Em 1982, Schultz publicou o primeiro artigo em que levantava a hipótese da revacinação anual 1 10 2 83,3 contra o CDV (vacina atenuada) não ser essencial. Esta 2 59 3 95,2 ideia foi reforçada pelos resultados obtidos por Olson et al. (1988): 63% dos cães vacinados há mais de três 3 52 49 51,5 anos apresentavam títulos protectores contra o CDV. 4 16 6 72,7 Para além das questões relacionadas com a persistência da imunidade, desde o início dos anos 90, têm 5 16 11 59,3 surgido várias publicações que expressam a preocupação com a ocorrência dos efeitos secundários causados pela revacinação frequente (Smith, 1995; Duval e Gi100% ger, 1996; Elliott, 1997; Greene, 1998; Appel, 1999; Glikman, 1999; Hustead et al., 1999; Meyer, 2001; 80% Gaskell et al., 2002). O aumento da incidência de algu60% mas doenças imunomediadas levou a que se suspeitasse 40% da existência de uma ligação entre a vacinação e distúrbios imunitários tais como alergias, poliartrite imuno20% mediada, doenças da tiróide, reacções de hipersensibi0% lidade, anemia hemolítica imunomediada, trombocito1 2 3 4 5 pénia imunomediada, osteopatias, etc. Este alerta e a Fabricante P NP escassez de informação, têm suscitado na comunidade científica muitas dúvidas e opiniões controversas (SmiFig. 4- Protecção CDV vs Fabricante (Animais Primovacinados) Fig. 4- Protecção CDV vs Fabricante (Animais Primovacinados) th, 1995; Dym, 1998; Lewcock e Bragg, 1998; Kusi, 1999; Povey, 1999; Hines, 2000; McLaughlin, 2000; Imunidade contra a Parvovirose Canina Petzel, 2000; Land, 2001; Palmquist, 2004) A generaImunidade contra a Parvovirose Canina (primovacinação ) (primovacinação) lidade dos autores admite a falta de estudos publicados Dos 224 animais a cumprir esquemas de primovacinação, apenas 4% não estavam sobre estes assuntos mas muitos consideram também protegidos contra a Parvovirose. Relativamente aos animais não protegidos (n=9), cinco são Dos 224 animais a cumprir esquemas de primovade raça pura e quatro de raça indeterminada. Oito destes animais foram imunizados com que existem cada vez mais resultados que comprovam cinação, apenas 4% não estavam protegidos contra a vacinas múltiplas e um com vacina monovalente. Na Tabela VIII estão representados os a persistência de imunidade por mais de um ano para as Parvovirose. Relativamente aos animais não protegiresultados em relação às vacinas utilizadas. A proporção de animais não protegidos é muito vacinas vivas modificadas (Smith, 1995; Carmichael, dosnão (n=9), cinco sãoestatisticamente de raça pura e quatro raça indebaixa, logo é possível avaliar a relação entre ade protecção contra o CPV 1997; Olson, 1997; Greene, 1998; Kruth e Ellis, 1998; terminada. Oito destes animais foram imunizados com e as variáveis em estudo. Tizard e Ni, 1998; Schultz, 1999; Carmichael, 1999; vacinas múltiplas e um com vacina monovalente. Na Hustead et al., 1999; Schultz, 2000; Ford, 2001; GreTabela VIII estão representados osaresultados Tabela VIII - Taxas de Protecção contra Parvovirose em em relaene et al., 2001; Coyne et al., 2001; Klingborg et al., função do Fabricante da Vacina (Animais Primovacinados) ção às vacinas utilizadas. A proporção de animais não Resultados IHA 2002; Paul et al., 2003). protegidosFabricante é muito baixa,(n)logo não %é Animais possível avaliar Protegidos A duração da imunidade (DI) resulta de uma interacNP P estatisticamente a relação entre a protecção contra o ção complexa entre a resposta imunitária do hospedei12 1 100,0 CPV e as variáveis em estudo. 2 61 2 96,8 ro, o tipo de vacina utilizado e o acto de imunização. A 6 91 3 93,8 imunidade pós vacinal traduz-se na existência de células Tabela VIII 4- Taxas de Protecção Parvovirose em 1 23 contra a 95,8 de memória e anticorpos circulantes. Realizar a contrafunção do Fabricante da Vacina28 (Animais Primovacinados) 5 100,0 prova virulenta seria a forma mais rigorosa de determiResultados IHA (n) nar a DI, contudo estes estudos são muito dispendiosos, % Animais Fabricante# Protegidos envolvem a manutenção de animais em isolamento por NP P longos períodos de tempo e são questionáveis quer do 16 1 12 100,0 ponto de vista ético quer da aplicabilidade a situações reais (Mouzin et al, 2004). Avaliar a resposta celular 2 2 61 96,8 também é caro, difícil e demorado. Assim, os testes 3 6 91 93,8 serológicos são os mais utilizados. Nestas situações, a definição do título protector é muito importante para a 4 1 23 95,8 interpretação dos resultados, uma vez que a variação 5 28 100,0 inerente ao sistema biológico impossibilita a utilização # 80 Almendra, C. et al. de um título que distinga de forma absoluta animais protegidos de não protegidos (Böhm et al, 2004). De acordo com alguns estudos já publicados e o preconizado pelo Laboratório de Diagnóstico da Universidade de Cornell, considerámos como protectores títulos >80 UIHA (Parvovirose) e títulos ≥64 USN (Esgana). Os resultados do nosso estudo indicam que a vacinação pode induzir uma resposta serológica que perdura para além de um ano. Quer no caso da Esgana, quer no da Parvovirose, os animais vacinados há mais de uma ano apresentam níveis de protecção idênticos aos vacinados anualmente. Num estudo realizado por Olsson et al. (1997), 73% dos animais vacinados contra a esgana há mais de 50 meses apresentavam títulos ≥16USN. No nosso trabalho 78,6% dos animais nas mesmas condições, apresentaram valores idênticos. Mouzin ������� et al. (2004) também verificaram que a vacinação contra estas duas doenças pode induzir uma resposta serológica igual ou superior a 48 meses. Os nossos resultados estão também de acordo com os de Rikula et al. (2000), uma vez que este grupo de investigadores não encontrou diferenças significativas nos título de animais vacinados há menos de um ano relativamente aos vacinados há mais de um ano. Aparentemente, a revacinação anual não traz vantagens relativamente às situações em que o intervalo de revacinação foi superior a 1 ano. A proporção de animais protegidos contra a Parvovirose (98,2%) encontrada por nós está de acordo com os valores obtidos por Twark e Dodds (2000) (95,1%) e Mouzin et al. (2004) (98,1%). Os nossos resultados também são semelhantes aos de Böhm et al. (2004), uma vez que neste caso 94,4% dos animais vacinados há mais de 3 anos apresentavam títulos >64UIHA e no nosso grupo a protecção ocorreu em 95,7% (>80UIHA). No estudo realizado por McCaw et al. (1998) a proporção de animais protegidos foi inferior (73% com ≥ 80UIHA). Valores idênticos (70,9%) foram encontrados por Olsson et al. (1996). Esta diferença pode ser devida ao maior tamanho da amostra, a uma maior estimulação pelo vírus selvagem, ou à utilização de vacinas mais imunogénicas no nosso grupo de animais. No caso da Esgana, Twark e Dodds (2000) encontraram uma maior percentagem (97,6%) de animais protegidos do que nós (70,6%), mas a prova serológica utilizada, Imunofluorescência Indirecta (IFA) não foi a mesma e, embora os autores demonstrem que é concordante com a SN, os títulos tidos em conta não são os mesmos. O mesmo se passa no estudo de Mouzin, et al. (2004) (98,1%) mas neste caso a prova utilizada é a SN e o título considerado é ≥32USN. McCaw ������ et al. (1998) obtiveram uma proporção idêntica de animais protegidos (79%), mas consideraram como limite títulos ≥96USN. O grupo de Böhm et al. (2004) verificou que 71,5% dos seus animais (vacinados há mais de 3 anos) apresentavam títulos ≥64 USN, resposta serológica idêntica ao obtido por nós (69,6% de animais protegidos). De notar que, além das metodologias e o título considerado protector serem diferentes, também RPCV (2005) 100 (553-554) 75-84 a amostragem, exposição ambiental, protocolos e vacinas utilizadas variam de trabalho para trabalho, o que dificulta ainda mais a comparação de resultados. Os nossos resultados indicam que, embora a generalidade dos animais responda de forma adequada à vacinação, a imunidade contra a esgana é mais difícil de obter exibindo também títulos menos expressivos. Isto pode acontecer por variação biológica, falhas vacinais, ou utilização de vacinas pouco imunogénicas. Pode também acontecer que nestes animais a imunidade celular seja mais importante do que a imunidade humoral, protegendo os animais apesar de estes possuirem um título baixo de anticorpos neutralizantes. A ausência de protecção merece atenção, em particular no caso da Esgana, pois sabe-se que o aumento de falhas de vacinação resulta em decréscimo da imunidade da população e surtos de doença, tal como o que ocorreu na Finlândia no início dos anos 90 (Ek-Kommonen, 1997; Mouzin, 2004; Böhm et al., 2004). No nosso estudo, o sexo, idade ou raça do animal não influenciaram o tipo de resposta imunitária. Outros grupos de investigadores obtiveram os mesmos resultados (McCaw et al., 1998; Rikula et al., 2000; HogenEsch et al., 2004). O mesmo não aconteceu em relação às vacinas utilizadas, pois encontrámos diferenças significativas no grau de protecção conferido. Apesar de cada marca estar representada por um pequeno número de animais, a vacina menos eficaz tem uma amostragem razoável, pelo que consideramos este resultado importante. As vacinas, mesmo sendo do mesmo tipo (viva atenuada), podem não estimular respostas imunitárias equivalentes por diferirem em relação à concentração de antigénio, capacidade imunogénica do antigénio e estirpe; grau de atenuação, etc. Sendo este um estudo de campo em que muitas outras variáveis podem interferir, não foi possível aprofundar quais os motivos destas diferenças. Primovacinação Tal como aconteceu nos animais adultos, as falhas no estabelecimento de imunidade foram mais frequentes no caso da imunização contra a Esgana. Diversos factores podem ter contribuído para as falhas vacinais, mas os nossos resultados parecem realçar dois: a interferência de características da raça e a capacidade imunogénica das estirpes vacinais. É provável que nos animais de raça pura, em que as fêmeas reprodutoras são submetidos a vacinações mais frequentes, a persistência de anticorpos maternos seja um factor determinante para as diferenças encontradas. De notar que a vacinação precoce (antes das 7 semanas de idade) não conferiu uma maior taxa de protecção, tal como a utilização de vacinas monovalentes não resultou numa maior eficácia vacinal. A utilização de vacinas monovalentes implica protelar a imunização contra um dos antigénios e consequentemente aumentar o período de susceptibilidade para o animal. Neste 81 Almendra, C. et al. estudo a associação dos dois vírus não influenciou negativamente a resposta imunitária do hospedeiro, pelo que consideramos prudente a utilização de vacinas associadas ou polivalentes. Ao contrário do que esperávamos, um maior número de inoculações nem sempre foi suficiente para induzir uma imunidade protectora. A eficácia dos diferentes protocolos vacinais depende de inúmeros factores e os nossos resultados comprovam isso. Infelizmente, não existe um protocolo de vacinação ideal para os animais de companhia. Actualmente, a comunidade científica defende a necessidade de desenvolver um programa eficiente de vacinação ao nível do indivíduo e a avaliação serológica da sua resposta imunitária. Este rastreio serológico permitiu-nos conhecer a resposta imunitária humoral contra os vírus da Esgana e Parvovirose Caninas numa amostra da população portuguesa de canídeos vacinados. Os resultados obtidos vêm confirmar a importância da avaliação serológica da imunidade induzida pela vacinação, uma vez que foram detectadas inúmeras situações de não protecção sobretudo significativas contra a Esgana Canina. Confirma-se a utilidade dos testes serológicos na optimização de protocolos vacinais adequados a cada situação específica de imunização activa contra estes dois vírus. Agradecimentos Ao Dr. Edward Dubovi, director do Animal Health Diagnostic Laboratory, College of Veterinary Medicine, Cornell Univesity pela cedência de materiais biológicos e intercâmbio de técnicas. Ao sector de Doenças Infecciosas da FMV / UTL pela recolha de sangue de suíno. Aos colegas que colaboraram na recolha de soros: Luís Quintino, Pedro Serra, Lina Cavaco e outros. À Companhia Cinotécnica da Guarda Nacional Republicana (Dr. Miguez Barroso), ao Corpo de intervenção - Pelotão Cinotécnico da PSP (Dr. Pedro Mira Crespo) e aos criadores, em especial o Dr. Pedro Ródo, pela disponibilização de um número muito expressivo de soros. Bibliografia Almendra, C.; Carmichael, L.; Tavares, L. (2000). A Importância da Avaliação da Imunidade Antiviral em Canídeos. Veterinária Técnica, Ano 10(4),30-40. Appel, M. (1999). Forty years of canine vaccination. Advances In Veterinary Science. 41,309-324. Appel, M.; Robson, D.S. (1973). A microneutralization test for canine distemper virus. American Journal of Veterinary Research, 34 (11),1459-63. Böhm, M.; Thompson, H.; Weir, A.; Hasted, A.M.; Maxwell N.S.; Herrtage M.E. 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