Inclusão para a Vida UNIDADE 1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO O TERRITÓRIO BRASILEIRO O Brasil, possuindo um território de 8.514.876,599 Km2, costuma ser considerado um ‗país continental'. De fato, com uma das maiores extensões territoriais do mundo (quinto lugar), inclui-se entre os seis países que têm mais de 7 milhões de km2. A extensão do território brasileiro corresponde a uma parcela aproximada de 1,66% da superfície terrestre (cerca de 6% das terras emersas do globo). O território brasileiro ocupa, atualmente, cerca de 47% da área da América do Sul e está localizado em sua porção centro-oriental. Para ter uma ideia da imensidão do nosso país, podemos lembrar também que toda a Europa, a ocidental e a oriental (excluindo a parte europeia da Rússia), onde existem atualmente 39 Estados independentes, possui apenas cerca de 5,2 milhões de km2. Alguns estados do Brasil - como o Amazonas, o Pará, Mato Grosso ou Minas Gerais - têm cada qual uma área territorial superior à de inúmeros países europeus reunidos. A formação territorial do Brasil A ideia de descobrimento do Brasil foi muito comum, se ainda não o é. Era como se o país já estivesse "pronto" e faltasse somente alguém, um navegador português, que o encontrasse. Mas, se o Brasil somos nós, o povo - ou melhor, a sociedade brasileira, com sua cultura, território e instituições -, então é lógico que ele ainda não existia em 1500. O que havia era um espaço físico habitado por inúmeras sociedades indígenas, cada uma com um território diferente. Os colonizadores portugueses se apropriaram Pré-Vestibular da UFSC Geografia B de certas áreas, normalmente expulsando ou exterminando (ainda, às vezes, escravizando) os índios que as ocupavam, e, com o tempo, expandiram o seu território e criaram neste novo mundo uma sociedade diferente, que um dia se tornou um Estado-Nação independente. A construção do Brasil, que durou vários séculos, teve dois aspectos principais: a criação de uma sociedade com cultura (valores e hábitos) e instituições próprias (especialmente o Estado ou poder público em todos os níveis e esferas); e a formação territorial, isto é, a forma de ocupação da terra e a sua delimitação por meio de fronteiras. Aspectos da colonização Um aspecto marcante na colonização de todo o continente americano - e, por extensão, do Brasil -, com exceção apenas de partes da América do Norte, foi servir para o enriquecimento das metrópoles (as nações europeias). De fato, o que alguns historiadores chamam de "sentido" da nossa colonização está nisto: ela foi organizada para fornecer ao comércio europeu açúcar, tabaco e alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois, algodão e, em seguida, café. E isso acarretaria algumas marcas à economia e à sociedade brasileiras que, em alguns casos, permanecem até hoje, por exemplo: povoamento mais intenso na faixa atlântica, onde se localizam os portos; utilização dos melhores solos para a produção de gêneros destinados à exportação, e não de alimentos para a população; formação de uma sociedade constituída principalmente por uma minoria de altíssimas rendas (que mantém ligações econômicas com o exterior) e uma maioria com baixas rendas, que serve como força de trabalho barata; dependência econômica em relação aos centros mundiais do capitalismo. Assim, a colonização do Brasil teve um caráter de colônia de exploração, o que significa que ela foi inserida na política mercantilista da época, servindo como uma das condições indispensáveis para que ocorresse a Primeira Revolução Industrial, de meados do século XVIII até o final do século XIX. Esse acontecimento marcou a passagem do capitalismo comercial típico da época moderna (séculos XVI a XVIII), em que o comércio era o setor chave da economia, para o capitalismo industrial. Localização O território brasileiro é cortado por dois círculos imaginários – o Equador, que passa pela embocadura do rio Amazonas, e o Trópico de Capricórnio, que corta os estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e de São Paulo. O Brasil tem seu território assim distribuído: 100% No hemisfério Oeste. 7% No hemisfério Norte. 93% No hemisfério Sul. 93% Na Zona Intertropical. 7% Na Zona Temperada Sul (subtropical). 1 Inclusão para a Vida Geografia B oceânico. No segundo fuso horário brasileiro (menos três horas em relação a Greenwich), temos a ―Hora Oficial do Brasil‖ (Hora de Brasília). Fronteiras Temos 15.719 km de fronteiras, feitas principalmente por rios e serras; o maior trecho é com a Bolívia – 3.126 km, e o menor com o Suriname – 593 km. O Chile e o Equador não têm fronteiras com o Brasil. No Leste, o país faz 10.959 km de fronteira com o Oceano Atlântico. Visualize essas e outras características do território observando o mapa abaixo: Exercícios de Sala 1. (PUC-SP) Leia com atenção: "[...] a Amazônia se destaca pela extraordinária continuidade de suas florestas, pela ordem de grandeza de sua principal rede hidrográfica e pelas sutis variações de seus ecossistemas, em nível regional e de altitude. Trata-se de um gigantesco domínio de terras baixas florestadas, disposto em anfiteatro [...]" (Aziz AB'SÁBER In: Os Domínios de Natureza no Brasil, p. 65) Esse trecho se refere ao domínio morfoclimático amazônico. Considerando a classificação dominante (e atual) do relevo brasileiro, é correto dizer que: a) A Amazônia é um imenso segmento territorial de planícies rebaixadas, produto de deposição de sedimentos. b) Embora apresente terras baixas, a Amazônia é constituída de planaltos na sua maior extensão, e apenas alguns pontos são realmente planícies. c) Há presença dominante de planícies, com pequenos segmentos de depressões nas margens dos maiores rios. d) Planaltos, depressões e planícies, formações de origens diferentes, equivalem-se em extensão, e estão, mais ou menos, na mesma faixa de altitude. e) Predominam as depressões, com a presença de planícies descontínuas no sul e ao longo da calha do Rio Amazonas, e uma formação planáltica ao norte. Fusos Horários Devido à sua grande extensão longitudinal, o território brasileiro é atravessado por quatro fusos horários, sendo neles a hora atrasada em relação à Hora de Greenwich. Entretanto, em junho de 2008 houve uma nova padronização do fuso brasileiro e, desde então, o país estabeleceu apenas dois fusos continentais e um Pré-Vestibular da UFSC 2 Inclusão para a Vida 2. (UERJ) Geografia B 4. (UFMG) Analise este fluxograma: Queimadas na Floresta Amazônica Indique dois problemas relacionados à segurança nacional e dois problemas de ordem socioambiental que ocorrem ao longo da faixa de fronteira indicada no mapa. 3. (UNICamp) A abelha, no Brasil, é um híbrido das abelhas europeias ('Apis mellifera mellifera', 'Apis mellifera ligustica', 'Apis mellifera caucasica' e 'Apis mellifera carnica') com a abelha africana ('Apis mellifera scutellata'). Essa abelha, africanizada, possui um comportamento muito semelhante ao da 'Apis mellifera scutellata', em razão da maior adaptabilidade desta raça às condições climáticas do País. Muito agressiva, porém menos que a africana, a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear, alta produtividade e tolerância a doenças.(Embrapa Meio-Norte, http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPM el/racas.htm, acessado em 05/09/2008.) A partir da análise desse fluxograma e considerando-se outros conhecimentos sobre o assunto, é incorreto afirmar que a) a inflamabilidade da floresta decorre de ações humanas associadas, direta ou indiretamente, a causas naturais. b) a redução da cobertura florestal, ao comprometer a evapotranspiração, pode, a longo prazo, acarretar redução das chuvas. c) o aumento do número e da intensidade das queimadas na Amazônia pode tornar-se, num ciclo vicioso, um processo de retroalimentação. d) o fenômeno El Niño tem relação direta, mas favorável, com a redução das queimadas na Amazônia brasileira. UNIDADE 2 OS CLIMAS DO ESPAÇO BRASILEIRO CLIMAS DO BRASIL Goudie, A. "The Human Impact on the Natural Environment". 6a ed., Malden: Blackwell Publishing, 2006, p. 69. a) Calcule a distância, em quilômetros, de propagação da abelha africana entre o ponto de origem e a cidade de Fortaleza. Por que a propagação da abelha africana não avançou para a Patagônia Argentina e a Cordilheira dos Andes? b) A apicultura é uma atividade capaz de causar impactos positivos, tanto sociais quanto econômicos, além de contribuir para a manutenção e preservação de ecossistemas existentes. Aponte dois aspectos econômicos positivos trazidos pela apicultura, em especial para a agricultura familiar. Pré-Vestibular da UFSC O CLIMA DO BRASIL Com a maior parte do seu território na Zona Intertropical do planeta, o Brasil é dominado por climas quentes – equatorial e tropical. Somente no Sul é que notamos a presença de clima subtropical, com ocorrência de geadas no inverno (podendo até ocorrer nevadas, pois os meses de inverno são úmidos no Planalto Meridional – do Paraná para o Sul). Entre os fatores que influenciam o clima, são destacados como influência direta: 3 Inclusão para a Vida Geografia B a latitude, pois o Brasil possui uma extensão Norte-Sul superior a 4.300 Km, tendo aproximadamente 92% do território na faixa intertropical e o restante na área subtropical; a altitude, característica de algumas áreas, especialmente do sul e do sudeste, onde há áreas com altitudes mais elevadas, o que faz as temperaturas oscilarem com maior frequência que o restante do país; as massas de ar, pois o Brasil recebe influências da massa Equatorial continental (eMc), massa Equatorial atlântica (mEa), massa Tropical continental (mTc), massa Tropical atlântica (mTa) e massa Polar atlântica (mPa) Fonte: SIMIELLI, M.E. GEOATLAS. São Paulo: Ática, 2003. Pré-Vestibular da UFSC 4 Inclusão para a Vida Geografia B Tipos Climáticos - Equatorial: Quente e chuvoso, é típico na região da Floresta Amazônica. VESENTINI, J.W. Geografia do Brasil. São Paulo: Ática, 2001. FONTE: VESENTINI, J.W. Geografia do Brasil. São Paulo: Ática, 2001. - Tropical Atlântico: É característico do litoral brasileiro, sofrendo variações térmicas à medida que se afasta do Equador. Tropical de Altitude: na região da Serra da Mantiqueira e Serra do Mar, entre os estados de SP, MG e RJ, esse clima tem suas temperaturas amenizadas pela altitude, aproximando-se das características subtropicais do Brasil. Subtropical: é o clima característico da região ao Sul do Trópico de Capricórnio (Sul de SP, PR, SC e RS). Ela sofre ação direta da mPa. É o clima mais regular do Brasil e o único que apresenta as estações claramente definidas, com verão muito quente e invernos rigorosos. FONTE: VESENTINI, J.W. Geografia do Brasil. São Paulo: Ática, 2001. FONTE: VESENTINI, J.W. Geografia do Brasil. São Paulo: Ática, 2001. FONTE: VESENTINI, J.W. Geografia do Brasil. São Paulo: Ática, 2001. - Tropical Semi-Árido: caracteriza o sertão nordestino, com chuvas irregulares e mal distribuídas. Pré-Vestibular da UFSC O CLIMA COMO RECURSO NATURAL O clima, entendido como manifestação habitual da atmosfera num determinado ponto, é um dos importantes recursos naturais à disposição do homem e foi considerado matéria de interesse comum da humanidade por decisão da ONU em 1989. É um dos principais fatores responsáveis pela repartição dos animais e vegetais sobre o globo. Da mesma forma, a água doce (...) tem sua distribuição e seus estoques determinados, em grande parte, pelas condições do clima. A atividade agrícola e o rendimento das colheitas dependem, fundamentalmente, da evolução do tempo. Se este for desfavorável, a produção poderá ficar comprometida. 5 Inclusão para a Vida A geração de energia hidrelétrica (...) depende fundamentalmente do fluxo hídrico, e este, do comportamento do tempo. (...) O vento, já no século XVI, era utilizado como importante fonte de energia, principalmente para impulsionar as embarcações que, nessa época, começavam a alargar os horizontes geográficos. (...) A radiação solar é também cada vez mais aproveitada para a geração de energia em escala industrial, com vantagem de ser assim como os ventos e os rios, uma fonte inesgotável e limpa. (...) Captando o calor diretamente do Sol, (...) áreas estão destinadas a se tornarem, quando as limitações tecnológicas houverem sido superadas, as grandes fornecedoras de energia para o consumo industrial. As características de seu clima preparamnas para essa importante função no mundo futuro. ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998. p. 8788. Exercícios de Sala 1. (UFRGS) Observe o mapa de climas do Brasil e os três climogramas que seguem. Geografia B Assinale a correspondência correta entre as localidades A, B e C assinaladas no mapa e os climogramas I, II e III. a) A (I) – B (II) – C (III) d) A (II) – B (I) – C (III) b) A (II) – B (III) – C (I) e) A (III) – B (II) – C (I) c) A (III) – B (I) – C (II) 2. (UFRGS) A relação entre eventos meteorológicos e as características de ocupação do território resultou em catástrofes no estado de Santa Catarina em 2008. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) os fatores a seguir, conforme eles estejam ou não relacionados a essas catástrofes, ( ) Combinação de frentes frias vindas do sul e massas de ar quentes e úmidas vindas do norte do país, ( ) Influência da corrente marítima quente vinda do sul, conhecida como corrente das Malvinas. ( ) Expansão da ocupação humana nas áreas de risco no btoma Mata Atlântica. ( ) Chuvas torrenciais que geram deslizamentos de encostas, A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, e a) V - V - F - V. d) F - V - F - F. b) F - F - V - F. e) F - V - V - V. c) V - F - V - V. 3. (G1) Pré-Vestibular da UFSC 6 Inclusão para a Vida Sobre a dinâmica das massas de ar que atuam no território brasileiro no inverno e no verão, conforme o mapa acima, assinale a proposição correta. a) A massa Tropical continental (mTc), quente e úmida, tem como centro de origem o Nordeste da Amazônia. b) A massa Equatorial continental (mEc) é responsável pelo fenômeno conhecido como ―friagem‖ na Região Norte. c) A massa Tropical atlântica (mTa), quente e seca, tem como centro de origem o Atlântico Sul. A mTa atua durante todo o ano na Amazônia ocidental e, no verão, provoca as chuvas orográficas em todas as demais regiões brasileiras. d) A massa Equatorial atlântica (mEa), quente e úmida, tem como centro de origem o Atlântico Sul. e) A massa Polar atlântica (mPa) tem como centro de origem o Atlântico Sul. Essa massa de ar é responsável pela precipitação de neve durante o inverno nas regiões serranas dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Geografia B 4. (UFPR) Nesta terça-feira (15/09/09), áreas de instabilidade que se deslocam pelo norte da Argentina devem chegar ao Brasil a partir da tarde e voltam a provocar pancadas de chuva no oeste e norte do RS, no centro-oeste de SC, no oeste do PR e no sul de MS, onde tem-se uma massa de ar quente e úmida. O texto acima refere-se à previsão do tempo para o dia 15/09/09, realizada pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Levando em consideração os dados apresentados, assinale a alternativa correta. a) A Frente Polar Atlântica, principal área de instabilidade da América do Sul meridional, é responsável pelas chuvas previstas no texto. b) As áreas de instabilidade são geradas por nuvens de desenvolvimento vertical, por isso a previsão de pancadas de chuva. c) As pancadas de chuva são típicas dos climas úmidos, muito bem representados pelas regiões mencionadas no texto. d) O deslocamento da massa de ar tropical em direção a leste é que gera as áreas de instabilidade mencionadas no texto. e) A massa de ar quente e úmida que se encontra sobre o estado do Mato Grosso do Sul corresponde à massa tropical continental, geradora de chuvas em pancadas. UNIDADE 3 GEOLOGIA E RELEVO DO BRASIL FORMAÇÃO GEOLÓGICA A formação geológica no território brasileiro é muito antiga (formada nas eras Arqueozoica e Proterozoica) e constituída por terrenos cristalinos (rochas magmáticas e metamórficas) e sedimentares. Nos terrenos cristalinos da era Arqueozoica, destacam-se os dois grandes ressaltos, ou ―escudos‖, conhecidos como Guiano e Brasileiro. Nesses terrenos, o aproveitamento econômico é pequeno. Já nos terrenos Proterozoicos, que afloram Pré-Vestibular da UFSC em cerca de 4% do país (em meio às áreas Arqueozoicas), estão as nossas principais jazidas minerais. Os terrenos sedimentares são predominantes no Brasil, boa parte recobrindo a base de rochas cristalinas. Esses terrenos são conhecidos como Bacias Sedimentares, sendo as principais: Amazônica; Litorânea ou Costeira; Pantanal; Sanfranciscana; Paranaica; Recôncavo Baiano e Maranhão-Piauí. Nessas áreas são encontrados carvão, petróleo e xisto. 7 Inclusão para a Vida Geografia B FONTE: MOREIRA, I. O Espaço Geográfico – Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2003. UNIDADES DE RELEVO O relevo brasileiro é de formação muito antiga e bastante erodida. Assim, predomina um terreno de altitude modesta (com média de 900 metros). Ele é moldado apenas por agentes externos, uma vez que a atuação dos agentes internos é praticamente inexistente em nosso território. Esquematicamente, o geógrafo Jurandir Ross dividiu o relevo brasileiro da seguinte forma: - Planaltos – terrenos irregulares (com acentuados aclives e declives) e com altitudes superiores a 200 metros; - Planícies – terrenos com certa regularidade (sem declives e aclives acentuados) onde prevalecem altitudes que variam de 0 a 200 metros; - Depressões – terrenos com certa regularidade, mas localizados em altitudes que variam de 200 a 500 metros. Essa classificação, concluída em 1995, foi fundamentada com as pesquisas do Projeto Radambrasil. Segundo essa classificação, o relevo brasileiro está dividido em 11 Planaltos, 11 Depressões e 6 Planícies. Pré-Vestibular da UFSC 8 Inclusão para a Vida UNIDADES DE RELEVO DO BRASIL Geografia B d) Destacam-se dois importantes conjuntos de serras: a Serra do Mar e a Serra Geral. e) As planícies são regiões predominantes do litoral, também chamadas de planícies costeiras. 2. (UFG) Segundo os geógrafos Aroldo de Azevedo (1948) e Aziz Ab' Saber (1956), no Planalto Meridional do Brasil destaca-se a ocorrência de solos de terra roxa, caracterizados por elevada fertilidade natural e por isso muito utilizados nas atividades agrícolas. O tipo de rocha, a estrutura geológica que dá origem ao solo de terra roxa e a atividade agrícola historicamente nele desenvolvida são, respectivamente: a) o basalto, que é uma rocha ígnea extrusiva da Bacia Sedimentar do Paraná, onde se desenvolveu o cultivo de café. b) o arenito, que é uma rocha sedimentar marinha da Bacia Sedimentar do Maranhão, onde se desenvolveu a plantação de arroz. c) o granito, que é uma rocha ígnea intrusiva do Escudo Cristalino do Brasil Central, onde se desenvolveu o cultivo de feijão. d) o gnaisse, que é uma rocha metamórfica bandeada do Escudo Cristalino Atlântico, onde se desenvolveu o plantio de laranja. e) o diabásio, que é uma rocha ígnea extrusiva da Bacia Sedimentar da Amazônia, onde se desenvolveu o cultivo de pimenta-do-reino. 3. (UFRGS) A coluna da esquerda, a seguir, apresenta FONTE: ROSS,J.L.S.(Org.), Geografia do Brasil. 2.ed. São Paulo: Edusp, 1998. Entretanto, existem algumas classificações mais tradicionais do relevo brasileiro, como a que foi realizada na década de 1960 pelo renomado geógrafo Ab‘Saber. Nessa classificação, o relevo do Brasil é dividido da seguinte forma: Planaltos Planícies - Guiano (ou das Guianas) - Brasileiro, sendo subdividido em: Central, Meridional, Nordestino, Serras e Planaltos do Leste-Sudeste, MaranhãoPiauí e Uruguaio-Rio-Grandense. - Planícies e terras baixas amazônicas; - Planícies e terras baixas costeiras; - Planícies do Pantanal. Exercícios de Sala 1. (UDESC) Sobre o relevo catarinense, assinale a alternativa incorreta. a) As depressões catarinenses circundam todas as serras, algumas abaixo do nível do mar. b) A maior parte do relevo compõe-se de terrenos planos e altos. c) Entre os planaltos e as planícies aparecem as serras. Pré-Vestibular da UFSC o nome dos dois biomas que ocorrem no Rio Grande do Sul; a da direita, as unidades de relevo do estado. Associe adequadamente a coluna da direita à da esquerda. 1 – Mata Atlântica 2 – Pampa ( ) Planície Costeira ( ) Depressão periférica ( ) Planalto Meridional ( ) Escudo Sul-Rio- Grandense A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 1 – 2 – 1. d) 2 – 1 – 2 – 2. b) 1 – 1 – 2 – 2. e) 2 – 2 – 1 – 2. c) 1 – 2 – 1 – 1. 4. (UNEMAT) Segundo Ross (1995), o relevo brasileiro apresenta grande variedade morfológica, decorrente, principalmente, da ação de agentes externos, sobre os agentes internos. Os agentes externos que mais participam da formação do relevo são: a) abalos sísmicos e vulcões. b) as erupções vulcânicas do passado e os raios solares. c) a erosão e umidade. d) o clima (temperatura, ventos, chuvas) e os rios. e) as intempéries e a ação antrópica. 9 Inclusão para a Vida UNIDADE 4 E 5 VEGETAÇÃO ORIGINAL E DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS BRASILEIROS No Brasil, por causa da imensidão do território, existem várias paisagens vegetais, ou biomas. Abordamos como vegetação original, pois esse é o primeiro elemento das paisagens que o ser humano modifica. As formações vegetais que prevalecem no espaço brasileiro são: - Floresta Amazônica: Também denominada de latifoliada equatorial, está localizada no Norte do país e abrange cerca de 50% da área total do país. É uma floresta heterogênea, de mata densa e intricada (com milhares de espécies vegetais), e perene, ou seja, sempre verde. - Floresta Atlântica: Conhecida também como floresta latifoliada tropical,corresponde, mais ou menos, ao clima tropical úmido. Está localizada entre o litoral e o interior do país. São espécies típicas dessa floresta o pau-brasil, o cedro, a peroba e o jacarandá. Aproximadamente 96% de sua área original já foi dizimada pela colonização. - Mata de Araucárias: Essa formação vegetal, que também recebe o nome de floresta aciculifoliada, corresponde, mais ou menos, às áreas de clima subtropical. Nela predominam os pinheiros (Araucária angustifólia), embora também apareça a erva-mate, a imbuia, diversos tipos de canela, cedros e ipês. Calcula-se que apenas 5% de sua mata original ainda permanece ―intocada‖. Cerrado: Essa formação surge em áreas de clima tropical típico do Planalto Central, com predomínio de arbustos e vegetação rasteira. Também denominado de savana, aproximadamente 45% de sua vegetação foi destruída. - Caatinga: É uma vegetação típica do semi-árido nordestino. Apresenta vegetação pobre, prevalecendo as xerófilas e cactáceas. - Complexo Pantanal: Trata-se de uma paisagem complexa, pois é uma mistura de outras formações vegetais brasileiras (cerrado, amazônica e floresta atlântica). - Campos: É um tipo de vegetação rasteira localizada principalmente no Sul do Brasil. - Vegetações Litorâneas: São características das terras baixas e planícies do litoral. Aí aparecem os manguezais, a vegetação de praias, a das dunas e das restingas. No lugar da expressão paisagem natural, alguns geógrafos costumam utilizar a denominação de Pré-Vestibular da UFSC Geografia B Domínio Morfoclimático (‗morfo’ , ‗forma‘, que, nesse caso, se refere ao relevo; climático, ‘relativo ao clima‘). No Brasil, podemos reconhecer seis principais domínios e, entre eles, numerosas faixas de transição (com elementos de dois ou mais deles, que não são classificados). Vegetação Original do espaço brasileiro VESENTINI, J. W. "Sociedade e Espaço: Geografia Geral e do Brasil". São Paulo: Ática, 1999. p. 261. DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL Os Domínios Morfoclimáticos Brasileiros são regiões com diferenças gritantes entre as características climáticas, botânicas, pedológicas, hidrológicas e fitogeográficas demarcadas pelo geógrafo brasileiro Aziz ab‘Saber. Essa classificação relativamente recente, feita em 1970, divide o extenso território brasileiro em seis partes muito distintas umas das outras. 10 Inclusão para a Vida DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS (Azis Ab’Saber) Geografia B Exercícios de Sala 1. (FATEC) Os cerrados brasileiros são formados por árvores com aspecto xeromórfico, com árvores tortuosas e espaçadas, com troncos de cortiça espessa e folhagem coriácea e pilosa, muitas vezes lembrando a caatinga arbustiva densa, da região do semiárido nordestino. [Adaptado de: ROSS, J. (org.). "Geografia do Brasil". São Paulo: Edusp, 1996]. O fator que pode explicar tal semelhança fisionômica entre os dois tipos de vegetação é: a) a baixa umidade nos solos do cerrado, com árvores com menor capacidade de captar e armazenar água do ambiente. b) a baixa fertilidade natural dos solos do cerrado, em geral muito ácidos, pobres em cálcio e nutrientes em geral. c) a vigência de um clima tropical seco e de altitude no cerrado, responsável por invernos mais chuvosos e verões mais quentes e secos. d) o uso intensivo das queimadas como fator de manejo e controle do cerrado, para eliminação de gramíneas. e) o extenso desmatamento do domínio dos cerrados para a produção de soja e gado, tornando a região mais seca. FONTE: MOREIRA, I. O Espaço Geográfico – Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2003. A ocupação da Amazônia Dentre os problemas ecológicos que ocorrem no Brasil, um dos mais graves refere-se à devastação da floresta Amazônica. Dentre as consequências desse processo, estão: - a perda da biodiversidade e extinção de espécies; - expulsão de indígenas e posseiros; - aumento de gás carbônico na atmosfera, causado pelas grandes queimadas; - empobrecimento dos solos da região. Calcula-se que a cada ano ocorram, no mínimo, um desmatamento de 3 milhões de hectares. A floresta já perdeu 16,3% de sua vegetação primária desde a década de 1970. Para conter esse avanço, o governo iniciou, em 2002, as atividades do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), com a inauguração de centrais regionais de vigilância de Manaus e Porto Velho. Ao ser concluído (no custo de 1,4 bilhão de dólares), o projeto contará com 5 satélites, 25 radares, 33 aviões e mais de 2,1 mil funcionários. Pré-Vestibular da UFSC 2. (UEL) No Brasil, a retomada do crescimento econômico, a partir de 2004, teve como consequência o aumento da demanda de carvão vegetal para o abastecimento das indústrias siderúrgicas de Minas Gerais e, ao mesmo tempo, a diminuição dos investimentos aplicados no replantio de florestas destinadas à produção desse recurso. Com base nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que corretamente identifica a formação vegetal diretamente afetada pela maior demanda de carvão vegetal em Minas Gerais. a) Caatinga. b) Cerrado. c) Campos Gerais. d) Mata Atlântica. e) Mata de Araucária. 3. (UFG) Segundo uma reportagem do jornal O Globo (nov. 2009), entre os meses de agosto de 2008 a julho de 2009 foram desmatados, na Amazônia, 7.008 km2 de floresta, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Apesar de esse número significar uma redução de 45% em relação ao ano anterior, o desmatamento ainda origina diversos prejuízos socioambientais à Floresta Amazônica, causando 11 Inclusão para a Vida a) diminuição da fertilidade dos solos, comprometendo a potencialidade agrícola. b) aumento da poluição do ar, provocando chuvas ácidas que impedem o desenvolvimento da agricultura. c) diminuição da fauna, prejudicando as atividades turísticas. d) aumento da erosão eólica, comprometendo o calendário agrícola tradicional das populações. e) diminuição dos níveis fluviais, alterando os usos e as apropriações econômicas dos rios. 4. (G1) No livro Os Sertões, durante o primeiro capítulo intitulado ―A Terra‖, Euclides da Cunha faz uma descrição das características paisagísticas do local em que ocorreu a Guerra de Canudos. A seguir trazemos um trecho do livro em que são descritas algumas características da vegetação do local de conflito: ―Embora esta não tenha as espécies reduzidas dos desertos — mimosas tolhiças ou eufórbias ásperas sobre o tapete das gramíneas murchas — e se afigure farta de vegetais distintos, as suas árvores, vistas em conjunto, semelham uma só família de poucos gêneros, quase reduzida a uma espécie invariável, divergindo apenas no tamanho, tendo todas a mesma conformação, a mesma aparência de vegetais morrendo, quase sem troncos, em esgalhos logo ao irromper do chão. É que por um efeito explicável de adaptação às condições estreitas do meio ingrato, evolvendo penosamente em círculos estreitos, aquelas mesmo que tanto se diversificam nas matas ali se talham por um molde único‖. A partir desse trecho, podemos deduzir que a paisagem do local em que ocorreu a Guerra de Canudos é caracterizada pela: a) presença da Mata Atlântica, vegetação comum em regiões de clima tropical úmido. b)presença da Mata de Araucária, vegetação característica de regiões de clima subtropical. c) presença da Caatinga, vegetação típica de regiões de clima tropical semiárido. d) presença da Floresta Amazônica, vegetação muito presente em regiões de clima mediterrâneo. e) presença de Mangues, vegetação litorânea de clima tropical de altitude. Pré-Vestibular da UFSC Geografia B UNIDADE 6 RECURSOS HÍDRICOS O Brasil possui a maior reserva mundial de recursos hídricos. Abriga, em seu território, uma das maiores redes hidrográficas do planeta – metade de toda a água disponível da América do Sul -, além de extensas reservas de água subterrâneas. Apesar de todo esse potencial, o país não está livre do problema da escassez de água. O uso predatório dos recursos hídricos, poluição, assoreamento dos rios e desperdício são os principais responsáveis pela escassez de água. Bacias hidrográficas brasileiras O Brasil, dada a sua grande extensão territorial e a predominância de climas úmidos, tem uma extensa rede hidrográfica. As bacias hidrográficas brasileiras oferecem, em muitos trechos, grandes possibilidades de navegação. Apesar disso, o transporte hidroviário é pouco utilizado no país. Em outros trechos, nossos rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico, bastante explorado no Centro-Sul do país em decorrência da concentração urbano-industrial, mas sub-utilizado em outras regiões, como a Amazônia. Tecnicamente, a hidrografia brasileira apresenta os seguintes aspectos: Não possui lagos tectônicos, pois as depressões tornaram-se bacias sedimentares. Em nosso 12 Inclusão para a Vida território, só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no Pantanal) e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a Rodrigo de Freitas (RJ), formadas por restingas. Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazonas, possuem regime pluvial. Uma pequena quantidade da água do rio Amazonas provém do derretimento de neve na cordilheira dos Andes, caracterizando um regime misto (nival e pluvial). Todos os rios são exorreicos; mesmo os que correm para o interior têm como destino final o oceano, como o Tietê, afluente do rio Paraná, que por sua vez deságua no mar (estuário do Prata). Há rios temporários apenas no Sertão nordestino, onde o clima é semi-árido. No restante do país, os rios são perenes. Predominam rios de planalto em áreas de elevado índice pluviométrico. A existência de muitos desníveis no terreno e o grande volume de água possibilitam a produção de hidroeletricidade. Com exceção do rio Amazonas, que possui foz mista (delta e estuário), e do rio Parnaíba, que possui foz em delta, todos os rios brasileiros que deságuam livremente no oceano formam estuários. As principais bacias hidrográficas brasileiras são: Bacia do rio Amazonas: a maior bacia hidrográfica do planeta tem sua vertente delimitada pelos divisores de água da cordilheira dos Andes, pelo planalto das Guianas e pelo planalto Central. Seu rio principal nasce no Peru, com o nome de Marañon, e passa a ser denominado Solimões da fronteira brasileira até o encontro com o rio Negro. A partir daí, recebe o nome de Amazonas. É o rio mais extenso (total de 7.100 km) e de maior volume de água do planeta. Esse fato é explicado pela presença de afluentes de ambos os lados que, por estarem nos dois hemisférios (norte e sul), permitem a dupla captação das cheias de verão. Os afluentes do rio Amazonas nascem, em sua maioria, nos escudos dos planaltos das Guianas e Brasileiro, possuindo, assim, o maior potencial hidrelétrico disponível do país. Ao caírem na bacia sedimentar, que é plana, tornam-se rios navegáveis. O rio Amazonas, que corre no centro da bacia, é totalmente navegável. Bacia do rio Tocantins: esta bacia drena, aproximadamente, 9,5% do território nacional. Seus principais rios nascem no estado de Goiás e no Bico do Papagaio (TO), onde o Tocantins recebe seu principal afluente, o rio Araguaia. Em terras paraenses, o Tocantins deságua no Golfão Amazônico, onde se localiza a ilha de Marajó. Por apresentar longos trechos navegáveis, essa bacia é utilizada para escoar parte da produção de grãos (destaque para a soja) das regiões que banha. A usina hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior do país, foi construída no rio Tocantins e atende às necessidades de consumo de energia do Projeto Carajás, no Pará. Pré-Vestibular da UFSC Geografia B Bacia Platina (composta pela bacia do Paraná e bacia do Uruguai): o Brasil também é banhado pela segunda maior bacia hidrográfica do planeta. Seus três rios principais – Paraná, Paraguai e Uruguai – formam o rio da Prata, ao se encontrarem, em território argentino. A bacia do rio Paraná apresenta o maior potencial hidrelétrico instalado do país, além de trechos importantes para a navegação, com destaque para a hidrovia do Tietê. A bacia do Paraguai, que atravessa o Pantanal Mato-grossense, é amplamente navegável. Já a bacia do Uruguai, com pequeno potencial hidrelétrico e poucos trechos navegáveis, tem importância econômica apenas regional. Bacia do rio São Francisco: é uma extensa bacia hidrográfica, responsável pela drenagem de aproximadamente 7,5% do território nacional. O rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais, atravessa o sertão semi-árido mineiro e baiano, possibilitando a sobrevivência da população ribeirinha de baixa renda, a irrigação em pequenas propriedades e em grandes projetos agroindustriais e a criação de gado. O São Francisco é um rio bastante aproveitado para a produção de hidroeletricidade. Ele é navegável em um longo trecho dos estados de Minas Gerais e Bahia, desde que a barragem de Três Marias não lhe retenha muita água. Bacias secundárias: o Brasil possui três conjuntos de bacias secundárias: Atlântico NorteNordeste, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. As bacias hidrográficas que os compõem não possuem ligação entre si. Elas foram agrupadas por sua localização geográfica ao longo do litoral. O rio principal de cada uma delas tem sua própria vertente, delimitando, portanto, uma bacia hidrográfica. Por exemplo, as bacias do Atlântico Leste são formadas pelo agrupamento das bacias do Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha, Pardo, Contas e Paraguaçu. Aquífero Guarani, um mar potável subterrâneo Denominam-se aquíferos as reservas de água subterrâneas que representam uma alternativa estratégica ao problema de falta de água. No Brasil, o principal deles é o aquífero Guarani, maior reserva de água doce da América do Sul. (...) Esse verdadeiro mar potável subterrâneo estende-se por cerca de 1,2 milhão de Km2, dois terços dos quais em território brasileiro, onde atinge oito estados do centro-sul do país (MT, MS, GO , MG, SP, PR, SC e RS). O restante prolonga-se por Uruguai, Argentina e Paraguai. (...) Adaptado de Aureliano Biancarelli para o jornal Folha de São Paulo, 19 de maio de 1996. 13 Inclusão para a Vida Fique ligado... Geografia B c) Independente do setor analisado, o percentual de perda de água se manteve mais ou menos constante ao longo do século XX. d) Durante o período analisado, o setor agrícola foi o que apresentou o menor crescimento na captação de água. e) A captação de água para consumo industrial só supera o volume captado para uso doméstico a partir de 1975. 2. (UFC) Os rios são correntes naturais de água doce, com canais definidos e fluxos perenes ou intermitentes que desembocam nos oceanos, lagos ou em outros rios. Nessa condição, os rios realizam ações de transformação das paisagens e têm grande importância social. a) Cite os processos associados aos rios a partir dos quais ocorre a transformação das paisagens naturais. b) Aponte três situações de uso dos rios pela sociedade. c) Aponte a maior e mais importante bacia hidrográfica do Ceará e nomeie os dois maiores açudes nela localizados. C.I. Bacia hidrográfica: 3. (UEG) O Brasil é dotado de uma vasta rede Exercícios de Sala 1. (UFSM) Analise os gráficos. Considerando os dados fornecidos pelos gráficos, é correto afirmar: hidrográfica. Muitos de seus rios destacam-se pela extensão, largura, profundidade e volume de água escoado, tornando o país detentor de uma das maiores reservas de água doce do mundo. Apesar desta realidade, o país já enfrenta problemas no que concerne ao abastecimento urbano de água potável (como no caso de São Paulo), além de conflitos no campo pela distribuição de água para as atividades da agricultura e pecuária. Com base nestas informações, responda ao que se pede. a) Caracterize o potencial das bacias hidrográficas do Paraná e do Amazonas para o abastecimento de água potável nos centros urbanos, considerando a atual distribuição geográfica da população sobre o território nacional. b) Cite e explique dois impactos negativos decorrentes da utilização dos recursos hídricos da Bacia do Paraná. 4. (Mackenzie) "... Bacia hidrográfica amplamente navegável, pois atravessa regiões de relevo pouco acidentado no pantanal mato-grossense e, por essa mesma razão, apresenta pequeno potencial hidrelétrico, sofrendo um intenso processo de inundação durante as chuvas de verão, fenômeno responsável pela denominação de Pantanal." a) O setor agrícola apresenta os maiores volumes de captação de água, e a rede de abastecimento doméstico, as maiores perdas. b) No futuro, a perda de água por evaporação deverá superar o volume de água captado para uso industrial. Pré-Vestibular da UFSC Paulo Roberto Moraes, "Geografia Geral e do Brasil". A bacia hidrográfica a que se refere o texto é a: a) Bacia Platina, sub-bacia do Rio Paraná. b) Bacia do Uruguai, sub-bacia do Rio Paraná. c) Bacia Platina, sub-bacia do Rio Paraguai. d) Bacia do Paraná, sub-bacia do Rio Uruguai. e) Bacia do Uruguai, sub-bacia do Rio Cuiabá. 14 Inclusão para a Vida Geografia B UNIDADE 7 E 8 A DIVISÃO REGIONAL DO ESPAÇO BRASILEIRO E A REGIÃO SUL DO BRASIL AS REGIÕES DO BRASIL Região natural é a porção territorial que apresenta um quadro físico comum – relevo, clima, vegetação, hidrografia. É o caso do Pantanal MatoGrossense, da Campanha Gaúcha ou do Sertão Nordestino. Com mais de 8,5 milhões de km2, o Brasil apresenta diferentes aspectos naturais, humanos e econômicos em seu território. Considerando-se tais diferenças, áreas relativamente homogêneas são agrupadas em regiões. A divisão regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identifica cinco regiões no Brasil: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e CentroOeste. Além dos fatores naturais, humanos e econômicos, essa divisão considera os limites dos estados. REGIÕES GEOECONÔMICAS Região geoeconômica é a porção territorial que apresenta um mesmo quadro sociocultural e econômico, quase sempre como conseqüência de um quadro físico comum. No caso das regiões geoeconômicas brasileiras, são consideras a presença de três grandes complexos regionais no país: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul. Tal divisão leva em conta os aspectos físicos, humanos e econômicos, desprezando os limites estaduais e privilegiando os aspectos geográficos mais marcantes na definição de tais áreas: o quadro natural na Amazônia, o aspecto social nordestino e o quadro econômico no Centro-Sul. ASPECTOS FÍSICOS E SÓCIOECONÔMICOS DA REGIÃO SUL A Região Sul do Brasil, definida pelo IBGE, consta dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ela representa 6,8% do território nacional e possui, em um densidade demográfica de 41 hab./km2, 15% do total da população do país. As características do clima subtropical não favoreceram o povoamento especulativo nessa região, como ocorreu na fachada atlântica do país. A ocupação iniciou-se com a criação de gado para a produção de charque e de couro, mas só se efetivou com a imigração europeus do século XIX, principalmente de italianos, Pré-Vestibular da UFSC 15 Inclusão para a Vida alemães e eslavos, que introduziram formas novas de aproveitamento econômico do espaço: pequena propriedade, o policultivo, a associação agriculturapecuária e a exploração direta da terra. A produção agropecuária é muito diversificada: trigo e soja plantados no planalto; arroz e lã, no RS; couro e carne na Campanha Gaúcha; milho, feijão, batata, fumo e outros produtos. Entre 1970 e 2000, a participação da região no total da produção industrial brasileira subiu de 11% para 18%. No Paraná, o principal parque industrial localiza-se em torno da capital, com indústrias alimentícias, madeireiras, indústrias químicas, de material elétrico, de transporte e automobilística. A produção industrial do Rio Grande do Sul está concentrada na região metropolitana de Porto Alegre secundada pela área de Caxias do Sul, importante pólo metal-mecânico. Em Santa Catarina, a indústria alimentícia e de vestuário, que atuam desde o início de século XX, modernizaram-se graças aos capitais agroindustriais; indústrias mecânicas e de material elétrico também foram atraídas pelo estado. Diferente dos outros estados do Sul, em Santa Catarina o parque industrial não se concentra na capital, mas está disperso pelas áreas de colonização alemã, sobretudo Blumenau e Joinville. Nos últimos anos tem ocorrido um maior desenvolvimento das atividades primárias e secundárias, em virtude da proximidade com países do Mercosul. Exercícios de Sala 1. (UFRS) Observe o gráfico a seguir, que mostra a evolução do número de municípios da região Sul no período de 1970-2000. Geografia B Quais estão corretas? a) Apenas I. d) Apenas I e III. b) Apenas II. e) Apenas II e III. c) Apenas III. 2. (UFRS) Alguns tipos de poluição das águas têm causas naturais, mas a maioria é causada pelas atividades humanas. O mapa a seguir mostra áreas em que ocorrem problemas que afetam os recursos hídricos dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Com base nos dados apresentados no mapa preencha as lacunasdo texto a seguir. As áreas do mapa em que os recursos hídricos são contaminados por efluentes com agrotóxicos derivados das lavouras de arroz são as de número .......... ; as contaminadas pelos resíduos provenientes de abatedouros de porcos e aves são as de número .........; e as contaminadas pelos rejeitos oriundos de atividades mineradoras são as de número .............. A alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto, na ordem em que aparecem, é a) 1, 2 e 3. c) 2, 1 e 3. e) 3, 2 e 1. b) 1, 3 e 2. d) 2, 3 e 1. 3. (G1) O Complexo Regional do Centro-Sul possui Com base no gráfico, são feitas as seguintes afirmações. I. A região Sul apresentou na última década um crescimento significativo no número de municípios dos Estados que a compõem. II. O Estado do Rio Grande do Sul tem, desde o início da década de 1980, o maior número de municípios entre os três Estados. III. Em 1970, a região Sul estava constituída por uma rede de aproximadamente 700 cidades, ao passo que, no ano 2000, esse mosaico passa a se compor de cerca de 1.000 municípios, comprovando o intenso processo de fragmentação de seu território. Pré-Vestibular da UFSC áreas que se individualizam em virtude do seu desenvolvimento econômico. Associaram-se incorretamente as unidades desse Complexo às suas respectivas atividades econômicas em: a) Porção sul de Goiás - cultivo de arroz e de soja. b) Quadrilátero Ferrífero - exploração de minério de manganês. c) Triângulo Mineiro - fabricação de automóveis e produtos químicos. d) Norte do Rio de Janeiro e Espírito Santo - extração de petróleo. 4. (G1) A região Sul representa 6,5% do território nacional, possui 15% da população brasileira e faz parte do Complexo Regional do Centro-Sul. Referindo-se a essa região, é correto afirmar que: a) a grande propriedade e a monocultura transformaram essa área em um dos grandes esteios agrícolas do País. 16 Inclusão para a Vida b) o meio ambiente subtropical favoreceu o povoamento especulativo como ocorreu na fachada atlântica do País. c) a expansão da fronteira agrícola, nos últimos anos, aumentou sua produção agropecuária e sua participação na economia nacional. d) a criação de uma significativa rede de transportes e a proximidade com o Sudeste contribuíram para o desenvolvimento do seu parque industrial. Geografia B 1980. UNIDADE 9 DEMOGRAFIA BRASILEIRA Estrutura da População Absoluta do Brasil Entre 1980 e 2009, mortalidade infantil cai de 69,12 para 22,47 óbitos por mil nascidos vivos A taxa de mortalidade infantil obteve importantes reduções no período: em 1980, correspondia a 69,12 óbitos de menores de 1 ano para cada mil nascidos vivos e, em 2009, passou, para 22,47%0. Censo 2010: população do Brasil é de 190.732.694 pessoas Em 2009, esperança de vida ao nascer era de 73,17 anos Em 2009, a esperança de vida ao nascer no Brasil alcançou os 73,17 anos. Em relação a 2008 houve alta de 0,31 anos (3 meses e 22 dias) e, entre 1980 e 2009, alta de 10,60 anos (10 anos, 7 meses e seis dias). Assim, ao longo de 29 anos, esse indicador teve um crescimento médio anual de 4 meses e 12 dias e, segundo Revisão 2008 da Projeção da População do Brasil, poderá chegar a 81,29 anos em 2050. Já a mortalidade infantil caiu de 69,12 para 22,47 óbitos por mil nascidos vivos, desde Pré-Vestibular da UFSC 17 Inclusão para a Vida Geografia B proporcional na produção de alimentos, razão pela qual se prevê o fim da fome ao longo do século XXI. c) Quanto maior é o índice de crescimento dos países desenvolvidos, maiores são os seus níveis de crescimento populacional, forma encontrada de permitir uma distribuição mais justa da riqueza nacional. d) O fracasso de projetos como "cada família, um filho", faz que países como a Índia, a China e a Austrália experimentem índices cada vez maiores de crescimento populacional. e) Um dos fatores responsáveis pelos baixos níveis de produtividade econômica dos países subdesenvolvidos é, sem dúvida, o reduzido volume de população infantil nessas regiões. 2. (Mackenzie 2009) A Densidade Demográfica do Brasil FONTE: IBGE. Atlas Geográfico Escolar. 2ed. IBGE: Rio de Janeiro, 2004. Exercícios de Sala 1. (IBMECRJ) Sobre o crescimento populacional e as suas relações com a vida social e econômica, assinale a alternativa correta: a) Há uma estreita relação entre a diminuição das taxas de natalidade e o nível de desenvolvimento das condições de vida das populações. b) Observa-se que o aumento populacional vem sendo acompanhado de um aumento Pré-Vestibular da UFSC Com base na tabela, e considerando o crescimento natural da população brasileira, observe as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta. I. Nas décadas de 1940 e 1960, as taxas de mortalidade eram elevadas em virtude das precárias condições médico-sanitárias, da escassez de remédios e vacinas e da falta de infraestrutura nos serviços de saneamento básico. II. A diminuição da taxa de mortalidade, entre as décadas de 1980 e 2000, ocorreu de forma gradativa, em virtude da lenta urbanização, diante das dificuldades do Brasil em industrializar-se nesse período. III. A partir da década de 1940, o declínio da taxa de natalidade teve relação direta e, também indireta, com a urbanização e com a industrialização. IV. Os fatores inibidores de natalidade, típicos do meio urbano, como acesso a métodos anticoncepcionais, entre outros, somente serão efetivados, a partir da década de 2020, quando se projeta, realmente, um crescimento natural baixo. a) Somente I e II estão corretas. b) Somente II e III estão corretas c) Somente I e III estão corretas. d) Somente I e IV estão corretas. e) I, II, III e IV estão corretas. 18 Inclusão para a Vida Geografia B 3. (UEG) De acordo com a análise dos gráficos acima, é correto afirmar: a) nas últimas décadas, o crescimento vegetativo e a expectativa de vida no Brasil têm aumentado progressivamente graças ao avanço da medicina. b) as taxas de natalidade no mundo subdesenvolvido, como no caso do Brasil, têm apresentado elevada porcentagem em virtude da falta de políticas públicas de controle da natalidade. c) as duas últimas décadas apresentam, respectivamente, uma redução do número de filhos por mulher e o aumento do porcentual de idosos, em função do crescimento da expectativa de vida. d) a acelerada urbanização, associada ao processo de industrialização e ao ingresso da mulher no mercado de trabalho, justificam o aumento da fecundidade no Brasil nas últimas décadas. 4.(UERJ) A transição demográfica que ocorre no Brasil gera diferenças socioespaciais entre as macrorregiões do país. De acordo com os mapas, as menores proporções de população em idade ativa são encontradas na seguinte macrorregião brasileira: a) Sul. b) Norte. c) Sudeste. d) Nordeste Pré-Vestibular da UFSC 19 Inclusão para a Vida Em razão da mudança de metodologia, não se pode comparar o novo IDH com os índices divulgados em relatórios anteriores. Mas seguindo a nova metodologia, em comparação com os dados recalculados para 2009, o IDH do Brasil mostra uma evolução de quatro posições. Geografia B RNB traz um retrato mais preciso do bem-estar econômico das pessoas de um país. No subíndice de educação, houve mudanças nos dois indicadores. Sai a taxa de analfabetismo, entra a média de anos de estudo da população adulta; para averiguar as condições da população em idade escolar, em vez da taxa bruta de matrícula passa a ser usado o número esperado de anos de estudos. Dos três subíndices que compõem o IDH, apenas o de longevidade não passou por alterações: continua sendo medido pela expectativa de vida ao nascer. No subíndice de renda, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita foi substituído pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, que contabiliza a renda conquistada pelos residentes de um país, incluindo fluxos internacionais, como remessas vindas do exterior e ajuda internacional, e excluindo a renda gerada no país, mas repatriada ao exterior. Ou seja, a Pré-Vestibular da UFSC 20 Inclusão para a Vida Geografia B FLUXOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL Distribuição da PEA (População Economicamente Ativa) Pré-Vestibular da UFSC 21 Inclusão para a Vida Geografia B Exercícios de Sala 1. (UNIFESP) Recente pesquisa divulgada pelo IBGE apontou um crescimento da participação de mulheres como chefes de família no Brasil. a) Aponte e explique uma determinação econômica deste fato. b) Descreva e explique uma conseqüência para o mercado de trabalho no país. 2. Analise os mapas dos movimentos migratórios no Brasil, no período 1940 - 2000. Sobre esses movimentos, é correto afirmar que a região a) Centro-Oeste tornou-se o grande pólo de atração populacional entre 1940 e 1970, fortalecido pela construção de Brasília. b) Nordeste acolheu um significativo fluxo migratório no ano de 2000, em decorrência de sua expansão econômica. c) Sul apresentou uma repulsão demográfica entre 1940 e 1970, devido à mecanização das lavouras. d) Norte recebeu migrantes nordestinos entre 1970 e 1990, fixados na Amazônia Ocidental. 3. (PUCMG) Observe atentamente o gráfico e, a seguir, assinale a afirmativa incorreta. c) O ritmo de crescimento da população rural e urbana promoveu um desequilíbrio cada vez mais acentuado entre elas, a partir da década de 70. d) O ritmo de crescimento da população total tornou-se superior ao da população urbana a partir de meados da década de 90. 4. (UFSC) "Restava ainda a senzala dos tempos do cativeiro. Uns vinte quartos com o mesmo alpendre na frente. As negras do meu avô, mesmo depois da abolição, ficaram todas no engenho, não deixaram a rua, como elas chamavam a senzala". REGO, José Lins do. "Menino de engenho". São Paulo: José Olympio, 2005. p. 83. a) O maior equilíbrio entre população rural e urbana verificou-se no final dos anos 60. b) O declínio da população rural acentuou-se significativamente a partir de meados dos anos 70. Pré-Vestibular da UFSC 22 Inclusão para a Vida Geografia B conseguiam absorver, resultando em desemprego e graves problemas sociais nas principais cidades do Brasil. Conceitos da Geografia Urbana Êxodo Rural – O processo de urbanização brasileiro apoiou-se essencialmente no êxodo rural, ou seja, na tranferência de populações do meio rural para as cidades. O êxodo rural envolve dois movimentos interligados: - a repulsão da força de trabalho do campo; - a atração da força de trabalho para as cidades. A partir da análise do exposto no texto e com base nos seus conhecimentos, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). 01. O IBGE faz diferentes levantamentos da população brasileira. O mais completo deles é o Censo Demográfico, realizado de cinco em cinco anos. 02. Os japoneses, que pertencem à etnia amarela, no ano de 2008 comemoraram o centenário de imigração no Brasil. 04. Devido exclusivamente às questões econômicas, a concentração de negros é superior nas Regiões Sul e Sudeste, em relação às demais regiões brasileiras. 16. O elemento branco que participou da formação étnica do Brasil pertence ao grupo anglo-saxão, o único a colonizar o Brasil. 32. Os primeiros escravos negros chegaram ao Brasil somente com a cafeicultura, ou seja, no século XIX. 64. No conjunto dos elementos brancos, os portugueses constituem o grupo mais numeroso na formação étnica do Brasil. UNIDADE 11 E 12 A URBANIZAÇÃO DO BRASIL A urbanização corresponde à transferência de populações originárias das zonas rurais em direção as cidades. A urbanização só ocorre quando a população das cidades cresce mais que a rural, como resultado da migração campo-cidade. O crescimento urbano, por sua vez, diz respeito ao aumento da população que vive nas cidades e resulta apenas do crescimento natural ou vegetativo da população urbana. A aceleração do processo de urbanização no Brasil ocorre a partir de 1940. Em 1970, a maior parte da população já vivia na zona urbana, o que refletiu a modernização econômica e no grande desenvolvimento industrial, possível graças a entrada em grande escala de capital estrangeiro no país. Entretanto, ao mesmo tempo em que acelerou o ritmo desenvolvimento econômico do país, a introdução de indústrias baseadas num padrão tecnológico típico dos países desenvolvidos criou problemas sociais. A modernização da economia atraiu mais de trabalhadores do que as novas atividades Pré-Vestibular da UFSC Metropolização (“metros”= mãe; “polis”=cidade) A palavra metrópole já designa as grandes cidades que exercem influência sobre extensas áreas geográficas vizinhas. Pode ser a principal cidade de uma região (metrópole regional) ou de um país (metrópole nacional). As principais aglomerações urbanas do Brasil recebem o nome de Regiões Metropolitanas. Essas são áreas administrativas formadas pelos maiores municípios do país e os municípios a elas conurbados. Atualmente são 23 regiões metropolitanas no território nacional. Conurbação – Quando os municípios não apresentam limites físicos na malha urbana. Hierarquia Urbana - Esse conceito está baseado na noção de rede urbana, um conjunto integrado de cidades que estabelecem relações econômicas, sociais e políticas entre si. A hierarquia urbana brasileira produz duas formas de avaliação: Modelo Industrial ou tradicional – Quanto maior o centro urbano, mais diversificada é sua infraestrutura econômica e maiores as possibilidades de coordenar os principais fluxos de mercadorias e serviços, influenciando as outras cidades de sua rede. Temos nesse modelo as metrópoles globais, metrópoles regionais e os centros regionais. Modelo Informacional – A implantação de modernos sistemas de transporte e de comunicações reduziu as distâncias e possibilitou a desconcentração das atividades econômicas, que se difundiram por todo o país e hoje são coordenadas a partir de diretrizes produzidas nos grandes centros nacionais e internacionais. Nesse modelo as cidades não se relacionam apenas com os centros maiores aos quais se subordinavam na antiga hierarquia urbana, havendo uma ruptura com a hierarquia urbana tradicional. População urbana sobe de 81,25% para 84,35% Já em 2010, apenas 15,65% da população (29.852.986 pessoas) viviam em situação rural, contra 84,35% em situação urbana (160.879.708 pessoas). Entre os municípios, 67 tinham 100% de sua população vivendo em situação urbana e 775 com mais de 90% nessa situação. Por outro lado, apenas nove tinham mais de 90% de sua população vivendo em situação rural. 23 Inclusão para a Vida Geografia B Em 2000, da população brasileira 81,25% (137.953.959 pessoas) viviam em situação urbana e 18,75% (31.845.211 pessoas) em situação rural. Entre os municípios, 56 tinham 100% de sua população vivendo em situação urbana e 523 com mais de 90% nessa situação. Por outro lado, 38 tinham mais de 90% vivendo em situação rural e o único município do país a ter 100% de sua população em situação rural era Nova Ramada (RS). REGIÕES METROPOLITANAS BRASILEIRA IBGE mostra a nova dinâmica da rede urbana brasileira Existem no país doze grandes redes de influência, que interligam até mesmo municípios situados em diferentes estados. A rede centralizada por São Paulo, por exemplo, também abrange parte de Minas Gerais, do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. O Rio de Janeiro tem projeção no próprio estado, no Espírito Santo, no sul da Bahia, e na Zona da Mata mineira. A rede de Brasília influi no oeste da Bahia, em alguns municípios de Goiás e no noroeste de Minas Gerais. As outras nove redes de influência são centralizadas por Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Pré-Vestibular da UFSC Salvador, Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. Foram analisadas informações fornecidas pela rede de agências do IBGE sobre 4.625 municípios, e registros administrativos do próprio instituto, de órgãos estatais e empresas. A atual configuração da rede urbana brasileira é comparada com estudos feitos pelo IBGE em 1972, 1987 e 2000. Entre os diversos dados comparativos coletados a respeito das 12 redes de influência, nota-se que, para fazer compras, a população brasileira se desloca cerca de 49 km, em média. Na rede de influência de Manaus, no entanto, essa distância é de 218 Km. Para freqüentar uma universidade, o 24 Inclusão para a Vida deslocamento médio, em Mato Grosso é de 112 Km, contra 41 Km na rede de influência do Rio de Janeiro. Pacientes percorrem, em média no país, 108 km em busca de atendimento médico. O estudo Regiões de Influência das Cidades mostra as redes formadas pelos principais centros urbanos do País, baseadas na presença de órgãos do executivo, do judiciário, de grandes empresas e na oferta de ensino superior, serviços de saúde e domínios de internet. Tais redes, às vezes, se sobrepõem à divisão territorial oficial, estabelecendo forte influência até mesmo entre cidades situadas em diferentes unidades da federação. Para definir os centros da rede urbana brasileira, buscam-se informações de subordinação administrativa no setor público federal, no caso da Geografia B gestão federal, e de localização das sedes e filiais de empresas, para estabelecer a gestão empresarial. A oferta de equipamentos e serviços – informações de ligações aéreas, de deslocamentos para internações hospitalares, das áreas de cobertura das emissoras de televisão, da oferta de ensino superior, da diversidade de atividades comerciais e de serviços, da oferta de serviços bancários, e da presença de domínios de Internet – complementa a identificação dos centros de gestão do território. . Hierarquia das metrópoles e centros tecem as redes de influência Foram identificadas 12 redes de primeiro nível. As cidades foram classificadas em cinco níveis, por sua vez subdivididos em dois ou três subníveis: 1. Metrópoles – Os 12 principais centros urbanos do País, com grande porte, fortes relacionamentos entre si e, em geral, extensa área de influência direta. Têm três subníveis: a. Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões de habitantes, em 2007, e no primeiro nível da gestão territorial; b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; c. Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto. 2. Capital regional – são 70 centros que, como as metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios. Este nível também tem três subdivisões: Capital regional A (11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487 relacionamentos); Capital regional B (20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos); Capital regional C (39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos). Pré-Vestibular da UFSC 25 Inclusão para a Vida 3. Centro sub-regional –169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e presença mais esparsa nas Regiões Norte e Centro-Oeste, estão subdivididos em grupos: a. Centro sub-regional A – constituído por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos; e b. Centro sub-regional B – constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos. 4. Centro de zona – 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em: a. Centro de zona A – 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades, respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não classificadas como centros de gestão; e b. Centro de zona B – 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível. 5. Centro local – as demais 4 473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8 133 habitantes). Em relação aos elementos da análise, os 802 centros acima do nível 5 abrangem 548 centros de gestão do território e 254 cidades com centralidade identificada a partir dos questionários, que foram incluídas no conjunto final. Destas 254 cidades, a maior parte está classificada como centro de zona, mas três centros – Bragança Pré-Vestibular da UFSC Geografia B (PA), Itapipoca (CE) e Afogados da Ingazeira (PE) – exercem o papel de centro sub-regional em sua região. Os problemas sociais das grandes cidades Um dos problemas mais graves das grandes aglomerações urbanas é a habitação. Nas últimas décadas, multiplicaram-se os cortiços e as favelas (80% em regiões metropolitanas), onde as condições de salubridade são precárias e o terreno é sujeito a deslizamentos e enchentes. Em muitos casos, a alternativa foi procurar áreas mais afastadas, o que resultou na ampliação da área urbanizada e das distâncias no interior das grandes cidades. Soma-se a esse fato, o desemprego, a deterioração dos serviços populares de assistência médico-hospitalar, falta de transportes coletivos e de infra-estrutura urbana, como pavimentação, luz, água e coleta de esgotos. Outro problema comum nas grandes cidades brasileiras é a violência. Os acidentes de trânsito com milhares de feridos e mortos a cada ano, têm índices bem altos no Brasil. Tal número se deve ao descaso das autoridades, a abusos e impunidade dos motoristas e desrespeito do/ao pedestre e ciclistas. A violência policial, especialmente sobre a população mais pobre, também é freqüente no Brasil. Ao mesmo tempo, cresce cada vez mais o número de assaltos e assassinatos, frutos do crescimento do desemprego, da ação do tráfico de drogas e da falta de assistência às famílias pobres e vítimas da violência. Para amenizar essas questões urbanas, cada vez mais ouvimos falar em planejamento urbano, entretanto, se não houver uma participação democrática dos moradores, essas iniciativas não serão suficientes. Problemas ambientais dos grandes centros urbanos As grandes e médias cidades geralmente são mais poluídas que as pequenas ou que o meio rural. Isso porque nela se concentram as indústrias, veículos e pessoas, agravando o problemas do lixo, dos resíduos e 26 Inclusão para a Vida Geografia B das emissões industriais, do congestionamento, do barulho, etc. Com isso, dentre os principais problemas urbanos do Brasil temos: Poluição Atmosférica – A poluição do ar é causada pela presença de partículas sólidas em suspensão e de gases tóxicos, como o dióxido de carbono, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, etc. Os principais agentes poluidores são as indústrias, os veículos automotores (automóveis, caminhões, ônibus), as usinas termelétricas, a queima de matas e, às vezes, o aquecimento doméstico e a carvão ou lenha. Refinarias de petróleo, fábricas de cimento e de produtos químicos, usinas termelétricas, siderúrgicas e metalúrgicas são as que poluem mais intensamente atmosfera. Como conseqüência da poluição desses agentes temos o efeito estufa e as chuvas ácidas. Os efeitos da poluição atmosférica são ainda agravados com as inversões térmicas. A poluição do ar manifesta-se praticamente em todos os grandes centros urbanos do Brasil, contudo é mais grave nas cidades em que a concentração industrial ou de veículos é maior. Apenas nos anos 1990, começou-se a estabelecer limites para as emissões de gases, com programas de catalisadores nos carros novos e filtros especiais em chaminés de fábricas. Exercícios de Sala Carência de áreas verdes – Estabeleceu-se internacionalmente que são necessários no mínimo 16m2 de área verde por habitante, no entanto no Brasil isso é raro: em São Paulo, por exemplo, existem apenas 4,5 m2 por habitante. Isso intensifica a poluição do ar e torna mais restritas as opções de lazer da população. De acordo com a análise do texto acima, é correto afirmar: a) O elevado custo, os problemas de congestionamento das grandes cidades (ônibus, automóveis, caminhões) são os maiores responsáveis pela poluição atmosférica nos centros urbanos, ocasionando a redução na qualidade de vida da população. b) A baixa tarifa do transporte urbano é um incentivo ao trabalhador, independentemente do tempo gasto para o deslocamento entre a casa e o trabalho, o que resulta em ganho no orçamento no final do mês. c) A qualidade do transporte coletivo urbano, fruto de estratégias de planejamento, acaba por estimular a utilização do transporte coletivo, diminuindo o número de veículos nos grandes centros urbanos. d) A crescente preocupação com o planejamento urbano pelos órgãos oficiais do governo tem trazido melhorias na condução do tráfego e a diminuição dos custos na infraestrutura viária. Os problema do lixos dos esgotos – O volume do lixo produzido por pessoa é muito grande nas sociedades industrializadas, incluindo o Brasil. Um estudo do IBGE mostrou que, em média, cada morador da área urbana no Brasil gera 220 Kg de lixo domiciliar por ano. Temos uma média de 500 Kg de lixo anual por pessoa se somarmos isso a resíduos provenientes de indústrias, escritórios, restaurantes e hospitais (que deve receber tratamento de coleta especial e incineração). Há muitas cidades que não tem onde colocar o lixo que produzem. Além disso, cerca de 45 milhões de brasileiros não dispõem de coleta de lixo. Dos resíduos recolhidos, 13% são levados para aterros controlados e 10% para aterros sanitários. Os esgotos urbanos, geralmente, são despejados sem tratamentos em rios que cortam a cidade, poluindo-os intensamente e transformando-os muitas vezes em rios fétidos e ―mortos‖(sem peixes). O Atlas de Saneamento, do IBGE, mostra que menos de 20% do total de esgoto gerado no Brasil recebe tratameto. Em 2000 eram recolhidos 52,8% dos esgotos domiciliares da cidade e 3,1% dos domicílios rurais. 1. (UEG) Invadindo espaços As cidades que antes serviam para abrigar os cidadãos, hoje são o ambiente típico dos automóveis. Nos países em desenvolvimento, a ação do poder público em favor do automóvel foi e tem sido tão eficaz que fica cada vez mais difícil para os moradores das cidades viver com um mínimo de conforto sem um automóvel particular. Só os que, em razão do seu padrão de renda, não podem almejar ter um carro sujeitam-se ao ineficiente sistema de transporte público. Neles perdem várias horas do dia, muitos dias por ano, alguns anos de vida. Se as condições fossem outras, se o transporte público fosse mais eficiente, menor seria a parcela de renda que boa parte da população precisa reservar para compra e manutenção de um carro particular, menores seriam as demandas por investimentos públicos no sistema viário, maiores seriam as disponibilidades da renda pessoal para outras atividades, incluindo lazer, e maiores seriam os recursos que o poder público poderia destinar para melhorar a qualidade de vida de uma população. OKUBARO, Jorge J. O automóvel, um condenado? São Paulo: Senac, 2001. p. 52-53. (Adaptado). 2. (UFG) Leia o texto a seguir. No fundo do vale o lençol freático aflora para formar os rios. Estes têm seus ciclos regulados pelos períodos de cheia e vazante, e pelos espaços representados pelas planícies de inundação. Este termo encerra em si sua função: abrigar as águas do rio quando do seu natural extravasamento nas épocas de cheias. LOPES, Luciana Maria. Tragédia ou descaso. Disponível em: <www.opopular.com.br/anteriores/03out2009/opiniao>. Acesso em: 3 out. 2009. Este texto analisa as recorrentes tragédias na região Sul do Brasil, com desmoronamentos, desabamentos de casas, mortes e centenas de pessoas desabrigadas. Pré-Vestibular da UFSC 27 Inclusão para a Vida A explicação geográfica para essas tragédias pode ser encontrada no seguinte fato: a) Desvios dos leitos dos rios que direcionam o fluxo das águas em um mesmo sentido, tornando as enchentes inevitáveis. b) Ausência de planejamento do uso do solo causando especulação imobiliária e possibilitando a ocupação de novos espaços sem fiscalização. c) Encostas íngremes que impedem a absorção de quantidade volumosa de água vertida em direção aos vales. d) Altas precipitações pluviométricas anuais que dificilmente são previstas devido ao uso de equipamentos meteorológicos obsoletos. e) Presença de solos profundos porosos que retêm água, provocando desabamentos de construções. Geografia B associativos com pessoas residentes em outras, tornouse um tanto difícil, devido aos mecanismos de controle impostos pelos traficantes e à rivalidade e aos choques entre quadrilhas baseadas em favelas diferentes (...). SOUZA, Marcelo Lopes de. O desafio metropolitano: um estudo sobre a problemática sócio-espacial nas metrópoles brasileiras. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. O fenômeno descrito no texto, que vem ocorrendo nas últimas décadas, corresponde mais diretamente ao seguinte processo socioespacial: a) hierarquização b) regionalização c) metropolização d) territorialização UNIDADE 13 E 14 3. (CESGRANRIO) INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL Estrutura industrial Existem três tipos principais de indústria: de transformação, extrativa e da construção. As indústrias de transformação, o tipo mais comum e característico da atividade industrial, podem ser divididas nos seguintes tipos: Considerando o gráfico acima e o contexto social, político e econômico e suas repercussões na organização do espaço brasileiro, a partir de 1950, analise as afirmações a seguir. I – As transformações ocorridas na estrutura urbana brasileira foram resultado de um rápido crescimento da industrialização que caracterizou o país na segunda metade do século XX. II – Os problemas decorrentes da urbanização tendem a se agravar de acordo com a previsão do gráfico, e se tornam urgentes políticas de planejamento urbano e investimentos em infraestrutura urbana. III – A tendência, no caso brasileiro, é de que essa previsão não se realize, já que os investimentos e o financiamento de melhorias na área rural têm sido ação comum nos últimos governos. IV – A estimativa apresentada não considerou o retorno de grande parte da população urbana para o campo, em virtude de problemas decorrentes da urbanização, tais como violência e desemprego. Estão corretas apenas as afirmações a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. 4. (UERJ) Hoje, a interação espacial entre ―comunidades‖, no que tange ao deslocamento de pessoas moradoras em uma delas para visitarem amigos ou parentes ou estabelecerem contatos Pré-Vestibular da UFSC O processo de concentração industrial no Brasil As primeiras indústrias a surgir no Brasil foram as de bens de consumo não-duráveis – alimentícias e têxteis. Essas atividades, com máquinas movidas a energia elétrica, surgem no final do século XIX. A economia agroexportadora cafeeira teve contribuição decisiva na geração de capital necessário para sustentar o processo de industrialização que surgia, ao mesmo tempo em que o Estado fomentava esse a vinda de imigrantes para o trabalho livre. A partir da década de 1930, além das indústrias de bens não-duráveis, instalaram-se paulatinamente os setores de bens de consumo duráveis, de bens intermediários e de bens de capital. O Estado passou a atuar como agente planejador da economia, formulando políticas específicas para favorecer a instalação dos diferentes setores industriais – com uma política energética e de financiamento. A partir de 1950, por meio dos investimentos das multinacionais, a industrialização brasileira se expandiu. Com a participação do capital externo, coube ao Estado o investimento em infra-estrutura de energia, transporte e comunicações, e implantação de indústrias pesadas (siderúrgica, metalúrgica, petróleo, eletricidade 28 Inclusão para a Vida e mineração), a modernização da agricultura e a formulação de políticas de desenvolvimento regional. Esse processo promoveu uma concentração industrial na Região Sudeste do Brasil, o qual prosseguiu até por volta de 1970. A atividade industrial aproveitou uma série de condições favoráveis criadas em São Paulo pelo café: mão-de-obra, mercado consumidor, eletricidade, transportes e excelente sistema bancário. Minas Gerais, Paraná e até Santa Catarina ganharam com essa concentração industrial, ampliando as sua infra-estrutura e atividades econômicas. Geografia B A agroindústria é o destaque na Região Centro-Oeste. No eixo Campo Grande-Goiânia-Brasília, há destaque para as indústrias madeireira, farmacêutica, de borracha e de papel. Na Região Norte, a expansão da Zona Franca de Manaus foi responsável pelo crescimento da atividade industrial, com destaque para as indústrias do setor de eletroeletrônicos, do setor óptico e as atividades industriais extrativas ligadas a riqueza mineral do Pará. Fatores fundamentais para impulsionar o desenvolvimento industrial do Brasil: - a ocorrência da Primeira e Segunda Guerras Mundiais - ampliação e reequipamento do parque industrial após a Segunda Guerra Mundial; - instalação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) de Volta Redonda, em 1946; - Plano de Metas (governo de Juscelino Kubitscheck) para o setor de energia e transporte. Desconcentração Industrial Por volta de 1970, começou a ocorrer uma relativa desconcentração industrial no Brasil, com decréscimo relativo de São Paulo e crescimento maior em outras unidades da Federação (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Mato Grosso e outras). É importante ressaltar que não foi tanto uma regressão da atividade industrial em São Paulo, mas um maior crescimento em outros estados. Entre os fatores que contribuíram para essa deseconomia de escala podemos citar: - custos elevados de impostos; - terrenos demasiadamente caros; - congestionamentos freqüentes no trânsito; - elevados custos para moradia, transporte e alimentação (o que implica maiores salários); - incentivos de outros estados e municípios para atrair empresas (lotes baratos, infra-estrutura, isenção de impostos, etc). Graças a sua proximidade geográfica e a densa rede de transporte e comunicações, a Região Sul foi beneficiada com o processo de desconcentração industrial do Sudeste. O setor secundário foi o que mais se desenvolveu ao longo das últimas décadas. Atualmente, várias empresas nacionais e estrangeiras tem sido atraídas para a região, interessadas no amplo mercado dos países do Cone Sul. O eixo Porto AlegreCaxias do Sul e o parque industrial de Curitiba são destaque nesse processo. Em Santa Catarina as indústrias tradicionais se modernizaram, atraindo empresas dos setores mecânicos e elétrico por quase todo o estado. No Nordeste houve a expansão das indústrias de bens intermediários dos setores químicos (Recife), petroquímico (Bahia) e de material elétrico, bem como a modernização das indústrias de bens de consumo. Pré-Vestibular da UFSC O BRASIL NA ECONOMIA GLOBAL A siderurgia brasileira é classificada, internacionalmente, como uma das mais competitivas do mundo, considerando sua modernidade e quantidade de produção. O Brasil é o 9° Produtor de aço no ranking mundial, sendo responsável por 50,2% da produção da América Latina e 2,9% do total mundial. as inovações tecnológicas, o desenvolvimento de Produtos, Processos e métodos gerenciais são fatores que influenciam na alta competitividade do parque siderúrgico brasileiro. O crescimento do comércio externo do Brasil tem proporcionado sucessivos superávits na balança comercial do país desde 2001, depois de seis anos de déficits (1995/2000). Três aspectos explicam essas mudanças: 29 Inclusão para a Vida a desvalorização do real, que favorece as exportações e dificulta as importações, o que barateia os produtos nacionais no exterior e encarece os estrangeiros no Brasil; a queda do nível de atividade econômica brasileira, que gera recuo ainda maior nas importações; a adoção pelo governo de uma política mais agressiva para abrir novos mercados para as exportações brasileiras. A manutenção de uma faixa de câmbio adequada, ou seja, o valor pelo qual a moeda brasileira é cotada em relação ao dólar, é fundamental para bons resultados da balança comercial. O Brasil e os principais blocos econômicos mundiais Nos últimos anos, têm-se ampliado as relações comerciais do Brasil com a União Européia (UE) e com a Ásia, ao mesmo tempo em que diminui a participação relativa dos Estados Unidos nos intercâmbios externos do país. O Mercosul (Mercado Comum do Sul) Criado em 1991, com o Tratado de Assunção, a formação desse bloco econômico visa estabelecer um livre comércio entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O Mercosul permitiu um salto no intercâmbio entre os quatro países membros (que passou de 8 para 28 bilhões de dólares). Em 1996 o Chile e a Bolívia foram admitidos na qualidade de membros associados. A instabilidade política e econômica da Argentina prejudicou temporariamente o crescimento do bloco. A integração total do bloco dependerá da capacidade de ajustarem as tarifas alfandegárias às combinadas pelos atuais países membros. A Integração do Espaço Brasileiro no Mercosul Geografia B Exercícios de Sala 1. (UDESC) Estabeleça uma análise comparativa entre o contexto do processo da industrialização brasileira da década de 50 e final da década de 90, abordando dois aspectos: o papel do estado e o mercado consumidor. 2. (UEL) A partir dos anos de 1930, o Brasil intensificou seu processo de industrialização e, assim, a indústria superou a agropecuária em termos de participação no PIB. Até os anos de 1980, o Estado atuou de forma decisiva nesse processo. Com base nos conhecimentos sobre a participação do Estado no processo industrialização brasileira entre 1930 e 1980, é correto afirmar que o Estado brasileiro: a) Investiu na chamada indústria de base, construiu infraestrutura nos setores de energia, transporte e comunicação e foi responsável pela criação da legislação trabalhista. b) Priorizou o transporte ferroviário, estatizou as empresas do setor de bens de consumo, adotou legislação trabalhista mais rígida em relação àquela que vigorou Vargas. c) Estatizou a indústria de bens de consumo duráveis, privatizou as empresas estatais de geração e distribuição de energia elétrica, petróleo e gás natural e revogou a legislação trabalhista do período Vargas. d) Incentivou, por meio de privatizações, investimentos no setor de infraestrutura de transportes, tais como estradas e hidrovias, e abriu o mercado interno à importação reduzindo barreiras alfandegárias. e) Abriu, por meio de parcerias, o mercado interno ao investimento especulativo estrangeiro nas áreas de securidade social, telecomunicações e finanças, facilitando a remessa de recursos financeiros para o exterior. 3. (FUVEST) Barreiras à exportação As políticas protecionistas dos países desenvolvidos dificultam as exportações dos países em desenvolvimento. Os chamados subsídios podem aparecer como empréstimos a juros menores, redução de impostos, garantia de preços mínimos para cada safra e prioridades na compra da produção interna. Há ainda a cobrança de impostos mais elevados sobre os produtos importados e barreiras não-tarifárias, ou seja, o aumento nas exigências de padrões de produção e qualidade para os produtos vindos de fora Pré-Vestibular da UFSC Com base no mapa acima e em seus conhecimentos, a) identifique o tipo de indústria predominante na região Nordeste, considerando sua capacidade geradora de emprego. b) caracterize o parque industrial da região Sudeste. 30 Inclusão para a Vida Geografia B Considere, na sua análise, a presença da indústria de ponta de alta tecnologia nessa região e sua capacidade geradora de emprego. 4. (G1) Com base na análise do mapa e em seus conhecimentos sobre a infraestrutura de transportes e circulação no Brasil, considere as seguintes proposições: UNIDADES 15 e 16 I – Na Região Norte do Brasil predomina o uso de hidrovias, fato que pode ser explicado em parte, pela presença da Bacia do Rio Amazonas que possui muitos rios navegáveis. II – Existe uma maior densidade de meios de transporte nas Regiões Sudeste e Sul, pelo maior dinamismo econômico dessas áreas em relação às demais regiões do Brasil. III – As ferrovias são hoje em dia o principal meio de circulação de mercadorias e de pessoas no Brasil, especialmente nas Regiões Nordeste e Centrooeste, onde estão mais presentes. Assinale a alternativa correta. a) Apenas as proposições II e III são verdadeira. b) Apenas as proposições I e II são verdadeira. c) Apenas a proposição I é verdadeira. d) Apenas as proposições I e III são verdadeiras. e) Apenas a proposição III é verdadeira. Pré-Vestibular da UFSC AGROPECUÁRIA NO DO BRASIL Censo Agro 2006: IBGE revela retrato do Brasil agrário O Censo Agropecuário 2006 revelou que a concentração na distribuição de terras permaneceu praticamente inalterada nos últimos vinte anos, embora tenha diminuído em 2.360 municípios. Nos Censos Agropecuários de 1985, 1995 e 2006, os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares ocupavam 43% da área total de estabelecimentos agropecuários no país, enquanto aqueles com menos de 10 hectares ocupavam, apenas, 2,7% da área total. Focalizando-se o número total de estabelecimentos, cerca de 47% tinham menos de 10 hectares, enquanto aqueles com mais de 1.000 hectares representavam em torno de 1% do total, nos censos analisados. Em 2006, os cerca de 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários do país ocupavam 36,75% do território nacional e tinham como 31 Inclusão para a Vida atividade mais comum a criação de bovinos. A área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros diminuiu em 23,7 milhões de hectares (-6,69%), em relação ao Censo Agropecuário 1995, uma possível causa foi a criação de novas Unidades de Conservação Ambiental (crescimento de 19,09% de área) e demarcação de terras indígenas (crescimento de 128,2%), totalizando mais de 60 milhões de hectares. Entre 1995 e 2006, os estabelecimentos agropecuários registraram redução de suas áreas de florestas (-11%) e de pastagens naturais (-26,6%), e aumento nas áreas de pastagens plantadas de 1,7 milhão de hectares (1,8%), sobretudo na região Norte (39,7%), enquanto aquelas dedicadas à agricultura cresceram 19,4%, sendo que o maior aumento ocorreu no Centro-Oeste (63,9%). A grande maioria dos produtores entrevistados eram analfabetos ou sabiam ler e escrever mas não tinham freqüentado a escola (39%), ou não possuíam o ensino fundamental completo (43%), totalizando mais de 80% de produtores rurais com baixa escolaridade. Trabalhavam em estabelecimentos agropecuários, 18,9% da população ocupada no país. 77% dos ocupados tinham laços de parentesco com o produtor e 35,7% não sabiam ler e escrever Havia mais de 1 milhão de crianças com menos de 14 anos de idade trabalhando na agropecuária. Com crescimento de 88% na produção, a soja foi a cultura que mais se expandiu na última década, sendo que em 46,4% desses estabelecimentos optou-se por sementes transgênicas. Apenas 1,8% dos estabelecimentos agropecuários praticavam agricultura orgânica no país, sendo que 42,5% destes produtores ligavam-se a associações, sindicatos ou a cooperativas. 6,3% dos estabelecimentos declararam utilizar irrigação, o que representou um aumento de 39% em relação ao Censo anterior. Mais da metade dos estabelecimentos onde houve utilização de agrotóxicos não recebeu orientação técnica (785 mil ou 56,3%). Além disso, 15,7% dos produtores rurais responsáveis por estabelecimentos onde houve aplicação de agrotóxicos não sabem ler e escrever, o que potencializa o risco de intoxicação e uso inadequado do produto. O rebanho bovino brasileiro era de 171,6 milhões de cabeças em dezembro de 2006, sendo que Mato Grosso do Sul reunia 20,4 milhões de cabeças, enquanto Pará registrou maior crescimento (119,6%). Os estabelecimentos que têm como atividade principal a cana-de-açúcar ou a soja ficaram com a maior participação no valor da produção agropecuária (ambos 14%), seguidos por aqueles que se dedicam à criação de bovinos (10%). Esses são alguns dos resultados do 10º Censo Agropecuário - 2006, maior levantamento sobre a estrutura produtiva do setor primário brasileiro, que traz um perfil de aproximadamente 5,2 milhões de estabelecimentos, em todos os 5.564 municípios brasileiros. Os resultados do Censo Agropecuário 2006 mostram que a estrutura agrária brasileira, Pré-Vestibular da UFSC Geografia B caracterizada pela concentração de terras em grandes propriedades rurais não se alterou nos últimos vinte anos. A manutenção da desigualdade na distribuição de terras expressa-se na comparação das informações nos três últimos censos agropecuários: Na comparação entre 1985, 1995 e 2006, as propriedades com menos de 10 hectares ocupavam, apenas, 2,7% (7,8 milhões de hectares) da área total dos estabelecimentos rurais, enquanto os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares concentravam mais de 43% (146,6 milhões de hectares) da área total em ambos os três censos agropecuários. Focalizando-se o número total de estabelecimentos, cerca de 47% tinham menos de 10 hectares, enquanto aqueles com mais de 1.000 hectares representavam em torno de 1% do total, nos censos analisados. Os Critérios da Reforma Agrária Em 1993 o Congresso Nacional oficializou um critério de produtividade, no qual, para ser considerada produtiva, uma propriedade rural deve apresentar, no mínimo, um índice de utilização de 80% da área aproveitável (já descontadas as áreas de reserva vegetal, mananciais, etc.). Desde então, as propriedades com aproveitamento abaixo desse índice podem ser desapropriadas para realizar-se a reforma agrária. A classificação de uma propriedade em produtiva ou não-produtiva, excluindo-a ou tornando-a legalmente passível de desapropriação, dá origem a discussões, até mesmo na Justiça. A possibilidade de questionar em 32 Inclusão para a Vida juízo a classificação feita pelo Incra permite que muitos latifundiários evitem ou retardem a desapropriação de suas terras. Os conflitos no campo tornam-se cada vez mais agudos. A Pecuária no Brasil O Brasil é o primeiro produtor de gado bovino do mundo. O país também possui o terceiro rebanho suíno do planeta, sendo precedido pela China e EUA. Na criação de aves também é o maior produtor, com um grande desenvolvimento da produção em alguns estados (SP, MG e toda Região Sul). O espaço agrário brasileiro passou por recentes transformações, representadas principalmente pela modernização das atividades (intensificação das produções) e pela ampliação das fronteiras agrícolas (extensificação das produções). Os problemas ambientais do meio rural Na área rural os problemas ambientais estão principalmente relacionados com as áreas que passam por um processo de modernização agrária, mas não só a essas. Com mecanização e introdução de técnicas ditas modernas, como o uso intenso de adubos químicos e agrotóxicos. Em áreas de agricultura tradicional, as queimadas, o desmatamento e o assoreamento dos rios são as questões mais relevantes. BRASIL, CELEIRO FUTURO DO MUNDO? Sob o comando do mercado internacional, agronegócio se expande e reorganiza os espaços produtivos no território brasileiro A agropecuária está na origem de uma cadeia produtiva ligada a um conjunto de atividades Pré-Vestibular da UFSC Geografia B industriais e de serviços que se denominam gronegócio. Se a atividade agropecuária é responsável por aproximadamente 10% do PIB do Brasil, o agronegócio é responsável por um terço do PIB, 35% dos empregos e 40% das exportações. Nos últimos anos, o Brasil se tornou um dos maiores produtores e exportadores de commodities agropecuárias do mundo. Atualmente é líder mundial na exportação de açúcar, café, suco de laranja, soja, tabaco, carne bovina e frango. Está entre os maiores produtores de álcool, algodão e milho. Embora o volume de produção seja crescente, os produtos exportados são, em grande parte, de baixo valor agregado. Por isso, a participação do Brasil no mercado mundial de bens agrícolas é de apenas 4% As vantagens comparativas do Brasil, especialmente nos aspectos naturais, são enormes. Vastas áreas de relevo pouco acidentado, condições edáficas e climáticas favoráveis, recursos hídricos abundantes. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil possui um estoque de 300 milhões de hectares de terras a serem utilizadas. Gigantes territoriais como Rússia, Estados Unidos, Índia, China, Austrália e Canadá possuem extensões bem menores de terras disponíveis Existe também um contexto internacional favorável para o Brasil nos próximos anos. Há um cenário de aquecimento da demanda por alimentos por conta do crescimento econômico global e da população mundial, especialmente da China, grande importador do Brasil, e da Índia, um mercado promissor. Mas nem tudo são flores, pois um leque de obstáculos externos e internos limita a expansão das exportações. Os primeiros abrangem, antes de tudo, os vários tipos de protecionismo (subsídios, cotas, barreiras tarifárias e não-tarifárias) utilizados especialmente pelos países mais desenvolvidos. Mas incluem até um possível aumento da produção agrícola de vários países africanos que ainda possuem expressivos estoques de terras disponíveis. Internamente, os maiores entraves estão ligados à precariedade da infra-estrutura viária (rodovias, ferrovias, portos). Pelo menos metade da produção agropecuária é transportada por rodovias – e cerca de 75% delas estão em péssimo estado. Apesar de melhorias parciais, as ferrovias são quase sempre precárias e os portos, geralmente ineficientes. Resultado: o preço dos produtos exportados fica menos competitivo. 33 Inclusão para a Vida A asfixiante carga tributária e o baixo financiamento da produção e investimento em pesquisas são também obstáculos importantes. Além disso, a valorização do real perante o dólar encareceu as exportações. Há, ainda, a questão do controle fitossanitário que, nos últimos anos, foi negligenciado, o que abriu caminho para o ressurgimento de focos de febre aftosa. Em 2005, dezenas de países impuseram embargo à carne brasileira. Mais do que as qualidades e o crescimento da concorrência internacional, são as deficiências internas que sabotam o sonho de transformação do Brasil no ―celeiro do mundo‖. A evolução espacial da produção agropecuária no Brasil apresenta três grandes movimentos simultâneos: o deslocamento da pecuária e das culturas de grãos e algodão para a área dos cerrados e região amazônica; a intensificação de novas tecnologias nas regiões mais desenvolvidas; o crescimento das áreas ―conquistadas‖ pela irrigação em porções do semiárido nordestino. A expansão nas áreas de cerrado só foi possível pelas transformações tecnológicas que permitiram a incorporação produtiva dessas áreas. A criação de infra-estruturas e os incentivos fiscais do governo foram fatores importantes para essa evolução. Nesse processo, foi determinante a ação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), trabalhando conjuntamente com universidades e centros de pesquisas. Hoje, a região dos cerrados, que tem nas regiões Centro-Oeste e Nordeste sua maior extensão, está cada vez mais especializada na produção de grãos (especialmente soja), algodão e pecuária bovina. O dinamismo nessas duas regiões tem implicações econômico-sociais e ambientais. A expansão da produção em padrões modernos e em regiões de baixa densidade demográfica exerce um forte efeito econômico sobre as atividades urbanas, impulsionando a demanda de insumos, máquinas, equipamentos e serviços em geral. Pré-Vestibular da UFSC Geografia B Do ponto de vista ambiental, a expansão da produção acelerou a destruição do ecossistema do cerrado, que hoje só possui cerca de 20% de sua cobertura original. Esse processo de conquista de novos espaços, especialmente em Mato Grosso, ―empurrou‖ as atividades agropecuárias do cerrado para áreas florestais das franjas meridional e oriental da Amazônia, gerando uma extensa área de terras degradadas – o ―arco do desmatamento‖ – que se estende do oeste do Maranhão ao leste do Acre. O processo contribuiu para que, hoje, mais de 17% da vegetação florestal original tenha sido destruída. Ao mesmo tempo, mudanças estruturais aconteceram na agropecuária no Centro-Sul. Um dos melhores exemplos é São Paulo, que perdeu participação na produção de grãos, mas apresentou forte crescimento na produção de cana-de-açúcar, laranja e fruticultura, indicando uma opção pelos cultivos de maior valor agregado. Na Região Nordeste, dois fenômenos mais ou menos recentes modificaram o panorama regional: a expansão de grãos nos cerrados da Bahia, Maranhão e Piauí e o desenvolvimento de projetos de irrigação em regiões do semi-árido. No caso da agricultura irrigada, destacam-se os que se verificam no médio vale do São Francisco (pólo fruticultor de Petrolina-Juazeiro) e nos vales do Açu (RN), Acaraú (CE) e Parnaíba (PI). Nessas áreas, a atividade de maior expressão é a fruticultura com destaque para uva, manga, mamão. A produção é realizada ao longo de todo o ano, por conta clima quente e seco, o que permitiu não só o aumento das exportações como também o abastecimento regular do mercado interno, antes sujeito às variações sazonais da oferta. Aos efeitos positivos sobre a geração de renda e emprego nessas áreas somam-se as novas possibilidades de integração produtiva com a indústria. FONTE:MAGNOLI , Demétrio. Disponível em: < http://www.clubemundo.com.br/noticia_show.asp?id=1042&prod=1 > . Acessado em 05 de março de 2009. Exercícios de Sala 1. (UFPR) Os índices mínimos de uso da terra utilizados atualmente pelo INCRA para que ela cumpra 34 Inclusão para a Vida sua função social foram elaborados em 1980, com base nos indicadores de produtividade das lavouras e dos rebanhos por hectare, levando-se em conta o nível técnico da agropecuária, segundo os dados do censo agropecuário de 1975 do IBGE. Hoje eles estão completamente defasados, pois, por exemplo, no estado de São Paulo, basta produzir 1.900 kg/hectare de milho para que a propriedade seja considerada produtiva. Entretanto, a produtividade média do milho nesse estado na safra de 2005/6 foi de 4.150 kg/ha. E por que até agora esses índices não foram atualizados? Porque assim imóveis com baixas produtividades escapam da desapropriação e da reforma agrária. (Adaptado de: OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. "Me engana que eu gosto": A não atualização dos índices de produtividade da terra no governo Lula. Rádio Agência Notícias do Planalto, 26 mar. 2007.) A respeito desse tema, considere as seguintes afirmativas: 1. A expansão das áreas para agropecuária, elevando os indicadores de produtividade, mostra que os índices de uso da terra não precisam ser atualizados, pois ainda estão de acordo com as necessidades do campo. 2. (UFU) Geografia B 2. O debate sobre a atualização dos índices de produtividade mostra que, na dinâmica da reforma agrária, convergem aspectos legais, técnicoprodutivos e sobretudo políticos. 3. A mudança dos indicadores da função social da terra ajuda a reforma agrária, pois mostra que esta deve ser implementada onde não foram alcançados altos índices de produtividade. 4. A resistência à atualização dos índices de produtividade revela a manutenção do latifúndio, que teve sua origem na forma de repartição da terra realizada pelos portugueses após a conquista e se prolonga até os nossos dias, como uma estrutura produtiva que condena o campo à subutilização. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira. b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. Analise os mapas apresentados e assinale a alternativa correta. a) A incorporação das áreas do Sudeste e do Centro-Oeste na produção de trigo foi possível graças ao processo de resfriamento por que passa a Terra. b) A produção da região Sul do Brasil diminuiu em decorrência da entrada no mercado brasileiro de trigo importado da Europa. c) As condições ideais de produção de trigo são encontradas no Sul do Brasil, com temperaturas elevadas durante todo o ano e precipitação anual de 700ml. d) O desenvolvimento de variedades adaptadas ao clima tropical tem permitido o aumento da produtividade nas áreas do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Não me deixaram nem sequer matizes? 3. (UERJ) Herdeiro do pampa pobre Passam às mãos da minha geração Mas que pampa é essa que eu recebo agora Heranças feitas de fortunas rotas Com a missão de cultivar raízes Campos desertos que não geram pão Se dessa pampa que me fala a história Pré-Vestibular da UFSC 35 Inclusão para a Vida Onde a ganância anda de rédeas soltas Herdei um campo onde o patrão é rei Tendo poderes sobre o pão e as águas Onde esquecido vive o peão sem leis De pés descalços cabresteando mágoas Se for preciso, eu volto a ser caudilho Por essa pampa que ficou pra trás Porque eu não quero deixar pro meu filho A pampa pobre que herdei de meu pai Gaúcho da Fronteira e Vaine Duarte http://letras.terra.com.br Geografia B O processo de industrialização envolve a produção e o consumo de produtos energéticos, uma vez que a indústria é a atividade econômica que mais consome energia. Por isso, está muito subordinada a ela, particularmente à localização dos recursos energéticos, à viabilidade de utilização econômica de suas fontes e, sobretudo, à contabilização dos custos – aspectos essenciais do projeto de industrialização do país. A energia pode ser definida como capacidade de produzir trabalho, incluindo-se aí a energia muscular do ser humano até a energia nuclear. A matriz A região do pampa, no Rio Grande do Sul, reflete a realidade rural brasileira e suas mazelas. Identifique o processo socioespacial que originou a estrutura agrária descrita no texto. Aponte também uma de suas causas e uma de suas consequências socioeconômicas. 4. (Enem) Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam como o império da técnica, objeto de modificações, suspensões, acréscimos, cada vez mais sofisticadas e carregadas de artifício. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural. SANTOS, M. A Natureza do Espaco. São Paulo: Hucitec, 1996. Considerando a transformação mencionada no texto, uma consequência socioespacial que caracteriza o atual mundo rural brasileiro é: a) a redução do processo de concentração de terras. b) o aumento do aproveitamento de solos menos férteis. c) a ampliação do isolamento do espaço rural. d) a estagnação da fronteira agrícola do país. e) a diminuição do nível de emprego formal. 5. (Unicamp) Com relação à fruticultura na região do Vale do São Francisco no Nordeste brasileiro, é correto afirmar que a) a região tem terras férteis e adequadas à fruticultura graças à inserção de projetos irrigáveis, o que compensa o clima seco e o alto índice de insolação durante a maior parte do ano. b) a região tem clima úmido, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano, característica favorável à fruticultura. c) a região é importante produtora de frutas, mas não foi possível implantar a vitinicultura, apesar de várias tentativas, porque a cultura não se adapta ao clima. d) os maiores produtores de frutas tropicais da região e do país encontram-se em polos agroindustriais dos municípios pernambucanos de Juazeiro e Petrolina. FONTES DE ENERGIA Pré-Vestibular da UFSC energética utilizada no Brasil foi sendo ampliada e diversificada com o decorrer das atividades industrias, como demonstra a figura abaixo. As fontes de energia são divididas em duas grandes categorias: Fontes não-renováveis: aquelas cujas reservas podem se esgotar, como é o caso do petróleo, do carvão, do gás natural, do urânio, etc. Fontes renováveis: que podem produzir energia sem se esgotarem, como os rios, marés, vento, sol, biomassa, etc. As principais fontes exploradas até hoje são as nãorenováveis. No Brasil, essas fontes de energia estão espacializadas da seguinte forma: - Gás Natural Representando 3% da matriz energética brasileira, os grandes produtores são Rio de Janeiro e Bahia, seguido de longe por Sergipe, Rio Grande do Norte e Amazonas. O Brasil também importa gás natural da Bolívia através de um extenso gasoduto, que vai de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, a Guararema, em São Paulo, e daí a região industrial de Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Nesse estado outro gasoduto permite a importação do gás natural da Bolívia. 36 Inclusão para a Vida Geografia B - Carvão Mineral - Petróleo Até a década de 1970, a limitada produção nacional era obtida de poços terrestres, a maior parte localizada no Recôncavo Baiano. Hoje, a principal fonte são os poços submarinos da plataforma continental, principalmente na região vizinha ao estado do Rio de Janeiro (Bacia de Campos). Do total produzido no país, mais de 60% são originários da plataforma continental. Em seguida ao Rio de Janeiro, estão os estados do Rio Grande do Norte e da Bahia, respectivamente. Sergipe e Ceará também são outros destaques na produção nacional. As refinarias estão próximas aos centros de consumo, sendo que a Petrobrás detêm 98% dessa atividade em várias regiões brasileiras. A preocupação com o aproveitamento do carvão mineral é recente no Brasil. As reservas estão depositadas em terrenos sedimentares antigos, na borda oriental da bacia do Paraná, no baixo Amazonas e na bacia do Parnaíba, mas apenas o carvão do sul é explorado. Apenas parte do carvão catarinense é coqueificada e remetida para a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ). No Rio Grande do Sul, cerca de 50% da produção é aproveitada para a fabricação de aço. O carvão muito utilizado na geração termelétrica de energia. Na região sul ela representa 15% do total da região. Hidreletricidade A fonte de energia renováveL mais utilizada no Brasil é a energia de origem hidráulica. Ela é abundante no Brasil, pois temos a rede hidrográfica mais densa do mundo, com enorme potencial hidrelétrico. Isso explica porque mais de 90% da potência instalada nas usinas provêm de geradores hidráulicos, cabendo aos geradores térmicos apenas 8%. FONTE: SENE, E. GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL. São Paulo: Editora Scipione, 2003 Os dez maiores consumidores de petróleo Pré-Vestibular da UFSC As regiões Sul e Sudeste apresentam grandes empreendimentos hidrelétricos, como por exemplo: o complexo Urubupungá (SP e MS) com as usinas de Jupiá e Ilha Solteira; a usina de Três Marias (rio São Francisco; e a usina de Itaipu (maior hidrelétrica do planeta, localizada no rio Paraná). No norte destaca-se a usina de Tucuruí, no rio Tocantins, construída para alimentar a produção de alumínio realizada na região de Belém e que fornece energia para outras regiões do Brasil. Na Região Nordeste destacam-se as usinasdo rio São Francisco, como Sobradinho, Moxotó e Paulo Afonso, construídas como parte do projeto de desenvolvimento da região nas décadas de 1960 e 1970. O Brasil só aproveita 30% de seu potencial hidrelétrico, sendo um poderoso argumento contra o uso da energia nuclear 37 Inclusão para a Vida OUTRAS FONTES DE ENERGIA Energia Nuclear No final da década de 1960, o governo brasileiro começou a definir o Programa Nuclear Brasileiro, destinado a implantar no país a produção de energia atômica. A usina nuclear decorrente desse programa foi Angra I, localizada em Angra dos Reis (RJ). Essa usina entrou em operação em 1984. Pelos riscos que representa, esse projeto tem sido alvos de críticas, tanto por parte de ecologistas, de cientistas e da sociedade civil. Álcool O álcool pode ser produzido de numerosos vegetais, como a cana-de-açucar, batata e cevada. Diante da perspectiva de esgotamento das reservas de petróleo e de carvão, tem sido valorizado como combustível alternativo. Nos anos de 1970, com o aumento dos preços do petróleo no mercado internacional, foi criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que recebeu incentivos governamentais e desenvolveu tecnologia própria, apresentando grande produção em menos de dez anos. A inviabilidade está no processo Pré-Vestibular da UFSC Geografia B produtivo, pois exige grandes extensões de terra. Sua utilização restringe-se ao setor de transportes. Xisto Betuminoso O aproveitamento econômico do xisto betuminoso consiste em separar o betume da rocha (hidrocarbonetos) e produzir petróleo a partir dele. As maiores concentrações estão no município de São Mateus do Sul (PR), onde foi instalada uma usina para processá-lo. Em média, o teor de óleo na rocha é inferior a 10%. Dificuldades técnicas e ambientais restringem a utilização dessa fonte energética. Energia Solar No Brasil essa fonte de energia é muito utilizada para o aquecimento da água em habitações. A tecnologia existente é rudimentar para a geração de energia, aproveitando muito pouco da intensa radiação solar que o território brasileiro recebe. Biogás Trata-se do gás produzido a partir de matéria orgânica em decomposição (esterco, palha, bagaço vegetal ou lixo) pela ação de certas bactérias. O biodigestor é o aparelho utilizado para o aproveitar o biogás. 38 Inclusão para a Vida Exercícios de Sala 1. (UDESC) Sobre as reservas de petróleo da camada pré-sal, assinale a alternativa incorreta. a) O campo de Jubarte será o primeiro, no Brasil, a produzir óleo abaixo da camada de sal. Apesar de ser na Bacia de Santos que estão sendo depositadas as expectativas de maior volume de reservas na camada do pré-sal, é no litoral capixaba, ainda na Bacia de Campos, que o primeiro óleo será retirado desta formação geológica. b) A grande vantagem do Brasil na exploração de petróleo da camada do pré-sal é que a Petrobrás é 100% estatal e única dona do petróleo existente na referida reserva. c) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o modelo de exploração da camada pré-sal transforme o Brasil em um grande exportador de derivados, que valem mais que exportar o petróleo cru. d) A Petrobrás realizou, também, uma avaliação regional do potencial petrolífero do pré-sal que se estende nas bacias do Sul e Sudeste brasileiros. Os volumes recuperáveis estimados de óleo e gás para os reservatórios do pré-sal, se confirmados, elevarão significativamente a quantidade de óleo existente em bacias brasileiras, colocando o Brasil entre os países com grandes reservas de petróleo e gás do mundo. e) A Petrobrás e sócias identificaram indícios de petróleo em diferentes pontos na camada pré-sal, que se estende por 800 km desde o litoral do Espírito Santo ao de Santa Catarina. Geografia B matriz energética nacional. III. Em comparação às termoelétricas e usinas nucleares, as hidrelétricas são menos comprometedoras para o meio ambiente, entretanto a construção de barragens provoca graves impactos socioambientais. IV. As condições brasileiras de clima e relevo originam um grande potencial hidráulico que, no entanto, ainda é pouco aproveitado. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 4. (UERJ) 2. (UDESC) Aponte as vantagens e as desvantagens para o Brasil de um eventual aumento da produção de energia nuclear. 3. (UEL) Analise o gráfico a seguir e responda à questão. Há 34 anos, os governos do Brasil e da Alemanha firmavam programa de cooperação que previa a construção de oito centrais termonucleares, além de usinas de enriquecimento de urânio e de reprocessamento do combustível nuclear. Além das irregularidades apontadas na reportagem, o atual programa nuclear brasileiro tem como principal problema: a) risco de poluição ambiental b) inviabilidade da tecnologia adotada c) ausência de fontes de investimentos d) indisponibilidade de mão de obra qualificada Uma discussão frequente na mídia atual diz respeito às alternativas de geração de energia para o abastecimento da população e dos processos produtivos. Com base no gráfico e nos conhecimentos sobre o tema, considere as afirmativas a seguir. I. As fontes não-renováveis representam, aproximadamente, 54% da matriz energética brasileira. II. Gás natural e carvão mineral são, assim como o petróleo, fontes renováveis, com forte participação na Pré-Vestibular da UFSC 39