OBATA, Sasquia Hizuru (1); SANT´ANNA; Daniele Ornaghi (2); XIMENEZ, José Marcelo Tonini (3) (1) Engenheira Civil, Profª. Dra. da Faculdade de Tecnologia Victor Civita (FATEC-TATUAPÉ), e-mail: [email protected] (2) Arquiteta-urbanista, Profª. Msc. da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), e-mail: [email protected] (3) Arquiteto-urbanista, Profo. Msc. da Faculdade de Tecnologia Victor Civita (FATEC-TATUAPÉ), e -mail: [email protected] TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE TECNOLOGIA VITOR CIVITA: DO EDIFÍCIO AOS REBATIMENTOS NOS CURSOS TECNOLÓGICOS. RESUMO A Faculdade de Tecnologia Vitor Civita, comumente conhecida como FATEC Tatuapé, é sediada por um edifício singular. O Escritório de Arquitetura Benno Perelmutter concebeu e aprovisionou à edificação sustentabilidade e tecnologia. Abrigando cursos tecnológicos voltados para a construção civil e transportes – vide os cursos de Tecnologia em Construção do Edifício, Controle de Obras e Transporte Terrestre – a edificação se torna um objeto de estudo interessante para os acadêmicos, tendo em vista seu histórico, o sitio de inserção a vista do seu caráter social e de mobilidade. A inserção desse equipamento em uma nova centralidade que vem sendo constituída na Zona Leste é uma questão relevante, bem como a adoção de práticas sustentáveis no processo de construção do referido edifício, desde os procedimentos de reforma e retrofit, até seus rebatimentos no cotidiano dos estudantes e no processo de ensino – visto em aspectos como uso, operacionalização, manutenção e desempenho. 1. HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO A edificação da FATEC Tatuapé foi ocupada tardiamente. De seu esqueleto de aço até a ocupação efetiva em 2009 houve um intervalo de 17 anos. O prédio foi projetado a priori para abrigar a Delegacia Seccional de Fiscalização Tributária, da Secretaria da Fazenda. O autor do projeto, o arquiteto Benno Perelmutter, concebeu o espaço para atender confortavelmente à população. O Estado investiu R$ 23,5 milhões na Fatec Tatuapé: R$ 350 mil em mobiliário e equipamentos e R$ 23,2 milhões na construção da unidade, erguida sobre a estrutura de dois subsolos e do andar térreo, cedida pela Secretaria da Fazenda do Estado (CEETEPS, 2011) A obra foi paralisada no ano seguinte, por problemas burocráticos. Na retomada, pequenas alterações no projeto original foram realizadas principalmente para atender normas de segurança do Corpo de Bombeiros e as acessibilidade. Concluídas as modificações solicitadas em julho de 2009, em agosto deste mesmo ano iniciaria a primeira turma de cursos inéditos nas faculdades de tecnologia do Centro Paula Souza: Controle de Obras e Construção de Edifícios. O edifício comporta cerca de 2 mil estudantes. Posteriormente, em 2012, o curso de Transporte Terrestre viria a ser implantado nesta mesma unidade. A FATEC Tatuapé leva o nome de Vitor Civita, homenageando o referido fundador do Grupo Abril, comumente conhecido pelas ações orientadas para incitar e modernizar a educação no Brasil. Dentre as demais características da edificação, pode se citar: • Área do terreno: 2.124,22 m² • Área construída: 11.859,54 m² • Início da obra: novembro de 2009 • Início do funcionamento: segundo semestre de 2011 O edifício segue as mesmas dimensões do projeto original e sofreu alterações no projeto para atender às necessidades da faculdade e às normas técnicas brasileiras mais recentes. A edificação central possui 25 m de largura, 45 m de comprimento e 38 m de altura, além dos 6,50 m dos dois subsolos, totalizando cerca de 11 mil m² de área construída (ROCHA, 2011). A faculdade foi setorizada em duas edificações: bloco principal com dois subsolos, térreo e oito pavimentos-tipo, e o de apoio, que abrigará laboratórios. Figura 1 e 2 – Vistas do edifício. O prédio, originalmente concebido para o uso de delegacia, atenderia de cerca de 300 pessoas por dia. Segundo o autor do projeto quando a obra chegou à quarta laje um conflito econômico-financeiro entre o banco e a construtora geroua paralisação e uma árdua disputa jurídica, mantendo a construção estagnada de 1992 a 2009. O referido arquiteto foi solicitado pelo Centro Paula Souza para realizar um levantamento do patrimônio estadual em busca de terrenos disponíveis para a construção de escolas técnicas e descobriu a edificação abandonada. Como a planta dispunha de imensas áreas livres e grandes salões, uma compartimentação deu origem as novas salas de aulas e laboratórios.A construção da faculdade ficou a cargo da empresa Engetal. Realizadas as adequações dos ambientes internos e atendidas as normas técnicas brasileiras, havia ainda a reavaliação da estrutura existente (metálica, concreto, pintura), por conta do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que forneceu um relatório completo acrescido de recomendações para o reuso da estrutura. Neste sentido, embora esta última não estivesse danificada, foi necessário jatear o concreto e repintar os contraventamentos (limpeza mecânica e química dos metais). A primeira mudança foi no térreo da edificação principal, originalmente composta por mezanino e escada rolante, e serviria para atendimento à população. A maior parte do público originalmente se concentraria no térreo e mezanino, com previsão de uma escada rolante, sendo os demais andares ocupados somente por funcionários. Como os universitários (cuja população é bastante maior do que a estimada para a delegacia) utilizariam todos os andares da edificação, o número de elevadores passou de três para cinco unidades. A segunda alteração no prédio foi efetuada nas fachadas, cujo fechamento original previa uma pele de vidro com aplicação de película refletiva subposta à estrutura metálica. Entretanto, tendo em vista questões acústicas (intenso ruído de trafego proveniente da Avenida Melo Freire)e de segurança contra incêndio, optou-se fechamento em alvenaria (peitoris de 1,20 m de altura), nos pavimentos mais baixos com menor WWR e grandes janelas nos demais andares. Os subsolos foram ocupados por áreas de apoio e de manutenção (vestiários, reservatórios, casas de bomba, depósitos). Bombas mais potentes e um maior número de poços reforçaram o sistema de drenagem de água originalmente previstos.O prédio de apoio, que em 1991 seria uma creche para os filhos dos funcionários da delegacia, passaram a abrigar laboratórios. Na área externa uma grande calçada recebe os estudantes para não afetar a passagem de pedestres. Hidráulica, elétrica e telefonia também foram revistos em detrimento das novas normas da distribuidora de energia Eletropaulo e Sabesp. A estrutura metálica do edifício é projetada no sistema Vierendeel , pintada com tinta intumescente vermelha, cujos apoios de concreto são revestidos com aço inox. A influência de uma barra em outra provoca a diminuição nas suas deformações e, em consequência, nos esforços atuantes, permitindo que o conjunto possa receber um carregamento maior ou vencer um maior vão maior. (ROCHA, 2011) Três pilares circulares que percorrem o lado externo da fachada e nas torres de escadas e de elevadores, que estão posicionadas do lado oposto. A estrutura está em balanço dos demais lados. 1.1. ETAPAS CONSTRUTIVAS A obra foi paralisada em 1992, até então somente executadas as fundações, os subsolos e parte das torres de escadas e elevadores e da estrutura metálica até o quarto andar (sem lajes, ficou ao relento por 17 anos). Subsolos inundados precisaram ser drenados. Foi necessário unir a estrutura antiga à nova, sendo opção da empresa de engenharia a soldagem, pela simplicidade e rapidez. Os pilares de concreto frontais já estavam prontos e a construção das novas torres de elevadores foi feita com concreto armado convencional. As lajes em steel deck teve seus painéis fixados à estrutura com solda comum. Depois, montou-se a fôrma de aço soldando os conectores do tipo stud bold às vigas. (ROCHA, 2011). Depois de fazer o fechamento externo com alvenaria de bloco, foram realizadas as instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado e os revestimentos de um modo geral. O edifício de apoio tem fechamento em blocos e cobertura de telhas metálicas. A fundação não demandou nenhum reforço estrutural, projetado a priori em dois elementos: paredes diafragma pré-moldadas de concreto com 1.766 m² de painéis no subsolo,abaixo, fundação em barretes de 30 m de profundidade de escavação, que consumiu, segundo os arquitetos, cerca de 35 t de aço e 650 m³ de concreto (ROCHA, 2011). 2. INSERÇÃO URBANA O edifício está inserido em uma região populosa (Zona Leste – SP), com amplo acesso tanto aos meios de transporte coletivo (proximidade com a estação Carrão do Metrô, confluência de linhas de ônibus) e particular (pela Avenida Melo Freire, mais conhecida como radial leste). Figura 3 e 4 – Localização do edifício da Fatec Tatuapé no município de São Paulo e na Radial Leste. Fonte: PMSP e Google Maps. Figura 05 e 06 – Sistema viário e delimitação da subprefeitura da Mooca, no qual o edifício está inserido. Fonte: PMSP, 2014. 3. TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS E SUSTENTABILIDADE As tecnologias aplicadas no desenvolvimento do edifício da FATEC- Tatuapé em termos da atividade de construção conta com duas etapas muito características, ou seja, a elevação estrutural e reforma e retrofit construtivoprojetual. Como se trata de um projeto desenvolvido no ano de 1991 e construção inicial realizada em 1992, retomada somente em 2009, sabe-se que os conceitos e aderências às tecnologias e certificações sustentáveis ainda não eram utilizadas, sendo a referência temporal, uma unidade de um banco no ano de 2007 (Santander, 2007), como marco inicial das construções comerciais com selo sustentável, tanto no Brasil como na América Latina e o boom de lançamentos com certificações ocorreu no ano de 2012. O ano de 2012 pode ser indicado como o ano do boom das construções certificadas, conduzindo o Brasil ao quarto lugar mundial. A contrapartida de adoção aos edifícios comerciais relaciona-se ao potencial de negociação e retorno de investimentos, parâmetros que não são tão aderentes aos edifícios residências e públicos-institucionais, esta última tipologia correspondente ao objeto de estudo deste artigo. De forma a contextualizar o valor das construções sustentáveis cita-se que no ano de 2012 alcançou-se a porcentagem de 8,3% do total da construção de edifícios e em não ultrapassavam 3% do PIB setorial. O valor total dos imóveis que reivindicam o selo sustentável atingiu R$ 13,6 bilhões no ano de 2012, em comparação com um PIB de edificações de R$ 163 bilhões no mesmo período.(Grandes Construções, 2013). O posicionamento quanto à sustentabilidade do projeto mesmo não abarcados as condicionantes de sustentabilidade na época, ou mesmo especificações e memoriais com justificativas de sustentabilidade, permitem-nos conduzir uma análise de aderências no pós-obra, uso, ocupação e manutenção. 4. A FATEC TATUAPÉ A LUZ DA SUSTENTABILIDADE 4.1. COMPORTAMENTO TÉRMICO No caso do edifício em estudo e de modo isolado pode-se se citar as condições quanto ao uso e operação relativos ao conforto térmico e diretamente relacionado à condutibilidade térmica, sendo que a especificação deve adotar materiais de construção e detalhes construtivos que reduzam a transferência de calor. Os pilares, subsistema do edifício em estudo é em perfil metálico, aço, em seção transversal “I” e para este material cita-se a elevada condutibilidade térmica λ = 52 W/m.ºC, comparando-se com o valor entre 1,2-1,4 do concreto e das madeiras entre 0,12-0,23, que em grande parte podem ser consideradas isolantes, ou seja, quando a condutibilidade térmica for menor a 0,17 W/m.ºC. Sendo assim, cita-se que a sustentação vertical do edifício FATEC-Tatuapé possui o pior comportamento térmico que sistemas em concreto e em madeira. Tal condição exigiria adoção de detalhes construtivos de modo a reduzir as perdas de calor por condução através das pontes térmicas. Para se reduzir as perdas por convecção, MATEUS (2014) indica que se deve desenvolver detalhes que evitem as trocas de calor através de entradas e saídas de ar não controladas, bem como, as infiltrações e saídas de ar não controladas devem possuir soluções de calafetagem que utilizem materiais com baixo impacto ambiental e que não comprometam a qualidade de ar interior, este detalhes estão localizados principalmente nas juntas existentes entre os elementos construtivos, como as zonas de batente das portas e janelas. 4.2. ENERGIA INCORPORADA Um ponto específico e que diz respeito à energia incorporada primária, serve de base para a delimitação inicial dos materiais a serem aplicados e no caso da sustentação vertical pode-se realizar um comparativo entre as tecnologias mais comuns como a alvenaria estrutural, concreto e aço, sendo esta última, a presente no caso de estudo. Como diretriz comparativa preliminar indica-se que a energia primária incorporada corresponde em média1 a 80% do total de energia de um edifício tomada em seu ciclo completo de vida, envolvendo sua produção, transporte, aplicação na obra, manutenção e demolição, ou seja, a energia primária incorporada relaciona-se aos recursos energéticos consumidos durante a produção dos materiais, incluindo a energia diretamente relacionada com a extração das matérias-primas, com o seu transporte para os locais de processamento e com a sua transformação. Diante disto, apresentam-se no Quadro01 os dados da energia primária incorporada na aplicação com madeiras, concreto e aço, sendo neste último apresentadas as condições de ter em seus processos produtivos matérias recicladas ou não. Estes dados estão inseridos por entender que na época projetual e construtiva não se impôs esta rastreabilidade, conduzindo a uma análise relativa neste artigo. Quadro 1 – Dados de energia primária de materiais comuns utilizados na construção civil. Material PEC (kWh/kg) Tijolo cerâmico 0,83 Concreto 0,28 Aço (não reciclado) 8,89 Aço (reciclado) 2,77 Pelos dados de energia incorporada percebe-se que o aço em peso é mais impactante, mas se deve analisar a variável da quantidade em peso disposta no edifício caso fosse em concreto comparativamente ao aço.Como parâmetro de análise pode-se citar que um edifício do porte do estudo de caso e ponderando-se pela atuação projetual de um dos autores deste artigo, empiricamente pode-se citar que o volume unitário de concreto seja de 11kg/m2 de pavimento, conduzindo a 3,08 kWh/m2 de pavimento e no caso de perfis em 1 Possuem elevada margem de erro devido a variáveis consideradas como eficiência do processo de transformação; o tipo de combustível utilizado no processo de transformação das matérias-primas e no seu transporte; a distância de transporte das matérias-primas; a quantidade de matéria reciclada utilizada. O valor da PEC não é constante, de país para país, de região para região, e de autor para autor (MATEUS, 2004). aço 7kg/m2 de pavimento, conduzindo a 19,39kWh/m2para aço reciclado e 62,23 kWh/m2. Para alvenaria estrutural seriam cerca de 368kg/m2 de pavimento, porém o resultado não seria de grande correspondência aos materiais reticulados de concreto e aço, por já incluir as vedações como estrutura, de qualquer forma resultaria 305,44kWh/m2. Mesmo e caso se considera aço de alta resistência os valores demonstram a produção do aço teria que ser otimizada em seis vezes para atingir a condição normal de produção do concreto, ou seja, desconsiderando que esta não evoluísse, como já estão, em ações de eficiência energética. Os valores de energia primária incorporada no aço no caso das subestruturas de sustentação vertical são muito impactantes comparando-se com o concreto. Outro ponto importante refere-se à evolução das tecnologias e novas formas de fazer a gestão ao fim do ciclo de vida, que nos estudos de 2004 de Ricardo Filipe Mesquita da Silva Mateus o concreto e aço tinham a seguinte condição: “A construção em betão armado tem praticamente a mesma quantidade de energia incorporada que a de aço, mas é no entanto menos reciclável no final da sua vida útil. Em geral, o aço estrutural pode ser reciclado e/ou reutilizado a 100%, podendo ser de novo utilizado como elemento estrutural, enquanto que a maior parte do betão só pode ser reutilizada sobre uma forma degradada (por exemplo, como agregado) e só com grandes limitações pode ser reciclado outra vez para a sua função estrutural (Yeang, 2001)”. Atualmente os projetistas estruturais já consideram o uso de partes das estruturas em concreto que podem ser cortadas e reutilizadas como peças prémoldadas, assim como, vem sendo utilizado reciclado, quando triturado como agregado, em argamassas e concretos com menores resistências e em maior aplicação em concretos asfálticos de pavimentações. Tais ações necessitam de menos energia que a reciclagem do aço. 4.2. POTENCIAL DE AQUECIMENTO GLOBAL E PRAZO DE EXAUSTÃO DO MATERIAL Esta caracterização tem como referência as emissões de dióxido de carbono (CO2) tomadas as atividades de toda a cadeia produtiva dos materiais a partir da extração das matérias-primas até à sua aplicação no edifício. Quadro 2 – potencial de aquecimento global relacionado aos materiais da construção civil. Material PAG (g/kg) Duração (anos) Tijolo cerâmico 190 Fontes são ainda Concreto 65 abundantes Aço (reciclado) 557 Aço (não reciclado) Não disponível 21 Aplicando-se as mesmas proporções de energia incorporada o concreto resulta em menos impacto que o aço reciclado e tem em relação a este um potencial de aquecimento global 5,45 vezes pior, além de estarem em mesmo pé de igualdade no que se refere à disponibilidade de matéria prima no planeta caso seja um aço reciclado e o concreto nas condições atuais de obtenção. 4.3. ÁGUA INCORPORADA OU PEGADA HÍDRICA O consumo de água associada à extração de matéria prima, processamento e produção de alguns materiais de construção, também é denominado de pegada hídrica e de consumo de água virtual, ou seja, corresponde ao montante de água que não é visto no material e, portanto que se encontra já incorporado em cada material. Quadro 3 – Materiais de construção civil e respectivo consumo de água. Material Consumo de água (litros/kg) Tijolo cerâmico 520 Concreto 170 Aço (não reciclado) 3 400 Aço (reciclado) Não disponível A partir destes dados pode-se caracterizar que o concreto é 20 vezes melhor que o aço em pegada hídrica e considerando as proporções anteriores de peso por tipologia este valor cai para 12,73 vezes do concreto para o aço. 4.4. SUBESTRUTURAS NA FATEC TATUAPÉ As subestruturas no edifício estudado dividem-se em: • Piso: A composição da subestrutura de piso do edifício da FATECTatuapé se dá por vigas metálicas em I que apoiam laje nervuradas em uma direção mista do tipo steel-deck, sendo na grande maioria das dependências sem forro. Nos ambientes com forro este é em placas de drywall sem aplicação de mantas de proteções acústica e térmica. • Este tipo de subestrutura, perante aos indicadores como: Índices de massa (Im), Energia primária incorporada, Isolamento sonoro a sons de condução aérea, Isolamento sonoro a sons de percussão, Transmissão térmica média e Custo de construção e, ainda comparativamente a outras dezesseis tecnologias, colocou o steel-deck, Figura 7, como penúltimo colocado com pouca aderência à sustentabilidade (MATEUS, 2014), sendo o melhor apresentado na Figura 8 e o pior na Figura 9: Figura 7: Esquema de Subestrutura de pios relativo ao presente na FATEC e apresentado por MATEUS Figura 8 Figura 9 Figura 8:Esquema apresentado por MATEUS como a subestrutura de piso mais sustentável e Figura 9: a menos sustentável. .Sistemas de vedações verticais – paredes internas e externas: Caso fosse realizada a duplicação generalizada das espessuras de das envolventes exteriores (paredes, coberturas e pavimentos exteriores), a melhoria dos coeficientes de transmissão térmica seriam de 40%, atendendo relativamente aos exigidos atualmente. Quadro – Materiais construtivos • Material PEC (kWh/kg) Tijolo cerâmico 0,83 Gesso cartonado 1,39 Sistemas de iluminação e energia: Os equipamentos e iluminação pertencentes às categorias mais eficientes e segundo os respectivos certificados e desempenho energético, no caso, tem-se o selo Procel. • Sistemas de cobertura em telha metálica tipo sanduíche: Para as telhas metálicas do tipo sanduíche utilizadas na obra em estudo, apontase que a conjuntura se traduz pelo momento de desenvolvimento no Brasil de uma escala de desempenho que segundo a ABCEM – Associação Brasileira da Construção Metálica (2013a) possui dois problemas clássicos e comuns: a solicitação fica sem definição de qual o desempenho o produto deverá atingir e a solicitação de um sistema termo-acústico, sem definição clara se acústico é por absorção ou isolação. No caso a absorção é adequada para evitar reverberação (tipo eco - como em arenas esportivas e casas de espetáculo), e a isolação como barreira para o som de fora para dentro (exemplo de aeroportos) e de dentro para fora (exemplo de casas de shows). • Sistemas de Pintura das Vigas: No que concerne ao melhor desempenho e durabilidade do sistema reticulado formado pelas vigas indica-se que a aplicação foi de epóxi na cor vermelho. Como referencial de análise indica-se que o sistema de pintura de estruturas em aço vincula-se a consideração da agressividade do meio e o tipo de tinta, assim como, as etapas de aplicações que se iniciam pelo tratamento superficial de limpeza até os tempos, formas e quantidades de demãos, além é claro das condições de trabalho, complexidade do sistema estrutural e variabilidade dos esforços, atributos estéticos e funcionais, plano de manutenção e manutenção preventiva no caso de ocorrências de danos mecânicos pela utilização. Richter (ABCEM, 2013b) cita que as formas de controle de qualidade dos acabamentos de pinturas de superfícies de aço pode ser visual e ser por ensaios de aderência e do tratamento superficial utilizado. O mais eficiente e que dependendo da obra pode ter a durabilidade fixada em 25 anos como para o jateamento abrasivo. No caso da obra em estudo e em atendimento a norma ISO 12944-5 apresentados pela ABCEM (2013b) os sistemas de pintura para as vigas devem atender os seguintes atributos e que neste artigo ficam como referencias, uma vez que não foram possíveis a realização de ensaios: Ambientes interno, atmosferas com baixo nível de poluição: Espessura total de película seca de 160mm. • Tinta de fundo epoxídica de 80mm, base seca. • Tinta intermediária e acabamento em poliuretano acrílico alifático 80mm, base seca. Ambientes externos, exposto à atmosferas urbanas e industriais com poluição moderada por SO2: Espessura total de película seca 240mm. • Tinta de fundo epoxídica de 80mm, base seca. • Tinta epoxídica de 80mm, base seca. Poliuretano acrílico alifático 80mm, base seca. CONCLUSÕES Percebe-se que a evolução tecnológica e a inserção desde os estudos preliminares focados na sustentabilidade conduziriam a outras especificações constatadas no edifício da FATEC- Tatuapé, ou seja, de altos impactos em energia e conforto. Tais relações só foram possíveis em face da consolidação e pesquisas que foram solidificadas após o projeto e construção da FATEC, e que servem de base para melhorias e para ações programadas de retrofit e reformas futuras, suportadas por dados de sustentabilidade visando melhorar seu desempenho. Mas certamente, o peso de tornar uma construção inacabada e em desuso para boas condições de atendimento e uso educacional, focada na formação de tecnólogos, garantindo sua função social enaltecendo o capital humano, ou seja, cujos valores de mensuração são intangíveis, dadas as necessidades de um país como o Brasil e seu déficit em desenvolvimento econômico, social e conhecimento tecnológico (em especial o ambiental, com vistas aos recursos naturais em esgotamento). REFERÊNCIAS ABCEM – Associação Brasileira da Construção Metálica. Grupo de associados da ABCEM elabora minuta da norma da ABNT para telha sanduíche. Revista Construção Metálica. Edição 112. ABCEM, São Paulo, 2013a. ABCEM – Associação Brasileira da Construção Metálica. Cor e proteção em superfície de aço. Revista Construção Metálica. Edição 112. ABCEM, São Paulo, 2013b. Grandes Construções. O "boom" da construção verde no Brasil. Edição 41. 04/10/2013. Disponível em <http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task =viewMateria&id=1314>. Acesso em 29/01/2014. MATEUS,R.F.M.S. Novas tecnologias construtivas com vista à sustentabilidade da construção. UNIVERSIDADE DO MINHO: ESCOLA DE ENGENHARIA – Departamento de Engenharia Civil Mestrado em Engenharia Civil .disponível em<http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/817/7/Parte%20III%20(Pag %20153%20a%20197).pdf>. Braga, março de 2004. Acessado em 30-01-2014. Santander. Construção sustentável certificada. Publicada em 18/07/2007. Disponível em <Construção sustentável certificada>. Acesso em 29/01/2014. ROCHA, A. P. Projeto Reinventado. Por Ana Paula, In: Techné, Edição 169 Abril/2011.