tecnologia e sustentabilidade na faculdade de tecnologia

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 OBATA, Sasquia Hizuru (1); SANT´ANNA; Daniele Ornaghi (2);
XIMENEZ, José Marcelo Tonini (3)
(1) Engenheira Civil, Profª. Dra. da Faculdade de Tecnologia Victor Civita
(FATEC-TATUAPÉ), e-mail: [email protected]
(2) Arquiteta-urbanista, Profª. Msc. da Universidade Federal de Itajubá
(UNIFEI), e-mail: [email protected]
(3) Arquiteto-urbanista, Profo. Msc. da Faculdade de Tecnologia Victor Civita
(FATEC-TATUAPÉ), e -mail: [email protected]
TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE
DE TECNOLOGIA VITOR CIVITA: DO EDIFÍCIO AOS
REBATIMENTOS NOS CURSOS TECNOLÓGICOS.
RESUMO
A Faculdade de Tecnologia Vitor Civita, comumente conhecida como FATEC
Tatuapé, é sediada por um edifício singular. O Escritório de Arquitetura Benno
Perelmutter concebeu e aprovisionou à edificação sustentabilidade e
tecnologia.
Abrigando cursos tecnológicos voltados para a construção civil e transportes –
vide os cursos de Tecnologia em Construção do Edifício, Controle de Obras e
Transporte Terrestre – a edificação se torna um objeto de estudo interessante
para os acadêmicos, tendo em vista seu histórico, o sitio de inserção a vista do
seu caráter social e de mobilidade.
A inserção desse equipamento em uma nova centralidade que vem sendo
constituída na Zona Leste é uma questão relevante, bem como a adoção de
práticas sustentáveis no processo de construção do referido edifício, desde os
procedimentos de reforma e retrofit, até seus rebatimentos no cotidiano dos
estudantes e no processo de ensino – visto em aspectos como uso,
operacionalização, manutenção e desempenho.
1.
HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO
A edificação da FATEC Tatuapé foi ocupada tardiamente. De seu esqueleto de
aço até a ocupação efetiva em 2009 houve um intervalo de 17 anos. O prédio
foi projetado a priori para abrigar a Delegacia Seccional de Fiscalização
Tributária, da Secretaria da Fazenda. O autor do projeto, o arquiteto Benno
Perelmutter, concebeu o espaço para atender confortavelmente à população.
O Estado investiu R$ 23,5 milhões na Fatec Tatuapé: R$ 350 mil em mobiliário
e equipamentos e R$ 23,2 milhões na construção da unidade, erguida sobre a
estrutura de dois subsolos e do andar térreo, cedida pela Secretaria da
Fazenda do Estado (CEETEPS, 2011)
A obra foi paralisada no ano seguinte, por problemas burocráticos. Na
retomada,
pequenas
alterações
no
projeto
original
foram
realizadas
principalmente para atender normas de segurança do Corpo de Bombeiros e as
acessibilidade.
Concluídas as modificações solicitadas em julho de 2009, em agosto deste
mesmo ano iniciaria a primeira turma de cursos inéditos nas faculdades de
tecnologia do Centro Paula Souza: Controle de Obras e Construção de
Edifícios. O edifício comporta cerca de 2 mil estudantes. Posteriormente, em
2012, o curso de Transporte Terrestre viria a ser implantado nesta mesma
unidade.
A FATEC Tatuapé leva o nome de Vitor Civita, homenageando o referido
fundador do Grupo Abril, comumente conhecido pelas ações orientadas para
incitar e modernizar a educação no Brasil.
Dentre as demais características da edificação, pode se citar:
•
Área do terreno: 2.124,22 m²
•
Área construída: 11.859,54 m²
•
Início da obra: novembro de 2009
•
Início do funcionamento: segundo semestre de 2011
O edifício segue as mesmas dimensões do projeto original e sofreu alterações
no projeto para atender às necessidades da faculdade e às normas técnicas
brasileiras mais recentes.
A edificação central possui 25 m de largura, 45 m de comprimento e 38 m de
altura, além dos 6,50 m dos dois subsolos, totalizando cerca de 11 mil m² de
área construída (ROCHA, 2011). A faculdade foi setorizada em duas
edificações: bloco principal com dois subsolos, térreo e oito pavimentos-tipo, e
o de apoio, que abrigará laboratórios.
Figura 1 e 2 – Vistas do edifício.
O prédio, originalmente concebido para o uso de delegacia, atenderia de cerca
de 300 pessoas por dia. Segundo o autor do projeto quando a obra chegou à
quarta laje um conflito econômico-financeiro entre o banco e a construtora
geroua paralisação e uma árdua disputa jurídica, mantendo a construção
estagnada de 1992 a 2009.
O referido arquiteto foi solicitado pelo Centro Paula Souza para realizar um
levantamento do patrimônio estadual em busca de terrenos disponíveis para a
construção de escolas técnicas e descobriu a edificação abandonada. Como a
planta
dispunha
de
imensas
áreas
livres
e
grandes
salões,
uma
compartimentação deu origem as novas salas de aulas e laboratórios.A
construção da faculdade ficou a cargo da empresa Engetal.
Realizadas as adequações dos ambientes internos e atendidas as normas
técnicas brasileiras, havia ainda a reavaliação da estrutura existente (metálica,
concreto, pintura), por conta do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que
forneceu um relatório completo acrescido de recomendações para o reuso da
estrutura. Neste sentido, embora esta última não estivesse danificada, foi
necessário jatear o concreto e repintar os contraventamentos (limpeza
mecânica e química dos metais).
A primeira mudança foi no térreo da edificação principal, originalmente
composta por mezanino e escada rolante, e serviria para atendimento à
população.
A maior parte do público originalmente se concentraria no térreo e mezanino,
com previsão de uma escada rolante, sendo os demais andares ocupados
somente por funcionários. Como os universitários (cuja população é bastante
maior do que a estimada para a delegacia) utilizariam todos os andares da
edificação, o número de elevadores passou de três para cinco unidades.
A segunda alteração no prédio foi efetuada nas fachadas, cujo fechamento
original previa uma pele de vidro com aplicação de película refletiva subposta à
estrutura metálica.
Entretanto, tendo em vista questões acústicas (intenso ruído de trafego
proveniente da Avenida Melo Freire)e de segurança contra incêndio, optou-se
fechamento em alvenaria (peitoris de 1,20 m de altura), nos pavimentos mais
baixos com menor WWR e grandes janelas nos demais andares.
Os subsolos foram ocupados por áreas de apoio e de manutenção (vestiários,
reservatórios, casas de bomba, depósitos). Bombas mais potentes e um maior
número de poços reforçaram o sistema de drenagem de água originalmente
previstos.O prédio de apoio, que em 1991 seria uma creche para os filhos dos
funcionários da delegacia, passaram a abrigar laboratórios. Na área externa
uma grande calçada recebe os estudantes para não afetar a passagem de
pedestres.
Hidráulica, elétrica e telefonia também foram revistos em detrimento das novas
normas da distribuidora de energia Eletropaulo e Sabesp.
A estrutura metálica do edifício é projetada no sistema Vierendeel , pintada
com tinta intumescente vermelha, cujos apoios de concreto são revestidos com
aço inox. A influência de uma barra em outra provoca a diminuição nas suas
deformações e, em consequência, nos esforços atuantes, permitindo que o
conjunto possa receber um carregamento maior ou vencer um maior vão maior.
(ROCHA, 2011)
Três pilares circulares que percorrem o lado externo da fachada e nas torres de
escadas e de elevadores, que estão posicionadas do lado oposto. A estrutura
está em balanço dos demais lados.
1.1.
ETAPAS CONSTRUTIVAS
A obra foi paralisada em 1992, até então somente executadas as fundações, os
subsolos e parte das torres de escadas e elevadores e da estrutura metálica
até o quarto andar (sem lajes, ficou ao relento por 17 anos). Subsolos
inundados precisaram ser drenados.
Foi necessário unir a estrutura antiga à nova, sendo opção da empresa de
engenharia a soldagem, pela simplicidade e rapidez. Os pilares de concreto
frontais já estavam prontos e a construção das novas torres de elevadores foi
feita com concreto armado convencional.
As lajes em steel deck teve seus painéis fixados à estrutura com solda comum.
Depois, montou-se a fôrma de aço soldando os conectores do tipo stud bold às
vigas. (ROCHA, 2011).
Depois de fazer o fechamento externo com alvenaria de bloco, foram
realizadas as instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado e os
revestimentos de um modo geral. O edifício de apoio tem fechamento em
blocos e cobertura de telhas metálicas.
A fundação não demandou nenhum reforço estrutural, projetado a priori em
dois elementos: paredes diafragma pré-moldadas de concreto com 1.766 m² de
painéis no subsolo,abaixo, fundação em barretes de 30 m de profundidade de
escavação, que consumiu, segundo os arquitetos, cerca de 35 t de aço e 650
m³ de concreto (ROCHA, 2011).
2.
INSERÇÃO URBANA
O edifício está inserido em uma região populosa (Zona Leste – SP), com amplo
acesso tanto aos meios de transporte coletivo (proximidade com a estação
Carrão do Metrô, confluência de linhas de ônibus) e particular (pela Avenida
Melo Freire, mais conhecida como radial leste).
Figura 3 e 4 – Localização do edifício da Fatec Tatuapé no município de São
Paulo e na Radial Leste.
Fonte: PMSP e Google Maps.
Figura 05 e 06 – Sistema viário e delimitação da subprefeitura da Mooca, no
qual o edifício está inserido.
Fonte: PMSP, 2014.
3.
TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS E SUSTENTABILIDADE
As tecnologias aplicadas no desenvolvimento do edifício da FATEC- Tatuapé
em termos da atividade de construção conta com duas etapas muito
características, ou seja, a elevação estrutural e reforma e retrofit construtivoprojetual.
Como se trata de um projeto desenvolvido no ano de 1991 e construção inicial
realizada em 1992, retomada somente em 2009, sabe-se que os conceitos e
aderências às tecnologias e certificações sustentáveis ainda não eram
utilizadas, sendo a referência temporal, uma unidade de um banco no ano de
2007 (Santander, 2007), como marco inicial das construções comerciais com
selo sustentável, tanto no Brasil como na América Latina e o boom de
lançamentos com certificações ocorreu no ano de 2012.
O ano de 2012 pode ser indicado como o ano do boom das construções
certificadas, conduzindo o Brasil ao quarto lugar mundial. A contrapartida de
adoção aos edifícios comerciais relaciona-se ao potencial de negociação e
retorno de investimentos, parâmetros que não são tão aderentes aos edifícios
residências e públicos-institucionais, esta última tipologia correspondente ao
objeto de estudo deste artigo.
De forma a contextualizar o valor das construções sustentáveis cita-se que no
ano de 2012 alcançou-se a porcentagem de 8,3% do total da construção de
edifícios e em não ultrapassavam 3% do PIB setorial. O valor total dos imóveis
que reivindicam o selo sustentável atingiu R$ 13,6 bilhões no ano de 2012, em
comparação com um PIB de edificações de R$ 163 bilhões no mesmo
período.(Grandes Construções, 2013).
O posicionamento quanto à sustentabilidade do projeto mesmo não abarcados
as condicionantes de sustentabilidade na época, ou mesmo especificações e
memoriais com justificativas de sustentabilidade, permitem-nos conduzir uma
análise de aderências no pós-obra, uso, ocupação e manutenção.
4.
A FATEC TATUAPÉ A LUZ DA SUSTENTABILIDADE
4.1.
COMPORTAMENTO TÉRMICO
No caso do edifício em estudo e de modo isolado pode-se se citar as condições
quanto ao uso e operação relativos ao conforto térmico e diretamente
relacionado à condutibilidade térmica, sendo que a especificação deve adotar
materiais de construção e detalhes construtivos que reduzam a transferência
de calor. Os pilares, subsistema do edifício em estudo é em perfil metálico, aço,
em seção transversal “I” e para este material cita-se a elevada condutibilidade
térmica λ = 52 W/m.ºC, comparando-se com o valor entre 1,2-1,4 do concreto e
das madeiras entre 0,12-0,23, que em grande parte podem ser consideradas
isolantes, ou seja, quando a condutibilidade térmica for menor a 0,17 W/m.ºC.
Sendo assim, cita-se que a sustentação vertical do edifício FATEC-Tatuapé
possui o pior comportamento térmico que sistemas em concreto e em madeira.
Tal condição exigiria adoção de detalhes construtivos de modo a reduzir as
perdas de calor por condução através das pontes térmicas. Para se reduzir as
perdas por convecção, MATEUS (2014) indica que se deve desenvolver
detalhes que evitem as trocas de calor através de entradas e saídas de ar não
controladas, bem como, as infiltrações e saídas de ar não controladas devem
possuir soluções de calafetagem que utilizem materiais com baixo impacto
ambiental e que não comprometam a qualidade de ar interior, este detalhes
estão localizados principalmente nas juntas existentes entre os elementos
construtivos, como as zonas de batente das portas e janelas.
4.2.
ENERGIA INCORPORADA
Um ponto específico e que diz respeito à energia incorporada primária, serve
de base para a delimitação inicial dos materiais a serem aplicados e no caso da
sustentação vertical pode-se realizar um comparativo entre as tecnologias mais
comuns como a alvenaria estrutural, concreto e aço, sendo esta última, a
presente no caso de estudo.
Como diretriz comparativa preliminar indica-se que a energia primária
incorporada corresponde em média1 a 80% do total de energia de um edifício
tomada em seu ciclo completo de vida, envolvendo sua produção, transporte,
aplicação na obra, manutenção e demolição, ou seja, a energia primária
incorporada relaciona-se aos recursos energéticos consumidos durante a
produção dos materiais, incluindo a energia diretamente relacionada com a
extração das matérias-primas, com o seu transporte para os locais de
processamento e com a sua transformação.
Diante disto, apresentam-se no Quadro01 os dados da energia primária
incorporada na aplicação com madeiras, concreto e aço, sendo neste último
apresentadas as condições de ter em seus processos produtivos matérias
recicladas ou não. Estes dados estão inseridos por entender que na época
projetual e construtiva não se impôs esta rastreabilidade, conduzindo a uma
análise relativa neste artigo.
Quadro 1 – Dados de energia primária de materiais comuns utilizados na
construção civil.
Material
PEC (kWh/kg)
Tijolo cerâmico
0,83
Concreto
0,28
Aço (não reciclado)
8,89
Aço (reciclado)
2,77
Pelos dados de energia incorporada percebe-se que o aço em peso é mais
impactante, mas se deve analisar a variável da quantidade em peso disposta
no edifício caso fosse em concreto comparativamente ao aço.Como parâmetro
de análise pode-se citar que um edifício do porte do estudo de caso e
ponderando-se pela atuação projetual de um dos autores deste artigo,
empiricamente pode-se citar que o volume unitário de concreto seja de 11kg/m2
de pavimento, conduzindo a 3,08 kWh/m2 de pavimento e no caso de perfis em
1
Possuem elevada margem de erro devido a variáveis consideradas como eficiência do processo de transformação; o tipo de
combustível utilizado no processo de transformação das matérias-primas e no seu transporte; a distância de transporte das
matérias-primas; a quantidade de matéria reciclada utilizada. O valor da PEC não é constante, de país para país, de região para
região, e de autor para autor (MATEUS, 2004).
aço 7kg/m2 de pavimento, conduzindo a 19,39kWh/m2para aço reciclado e
62,23 kWh/m2.
Para alvenaria estrutural seriam cerca de 368kg/m2 de pavimento, porém o
resultado não seria de grande correspondência aos materiais reticulados de
concreto e aço, por já incluir as vedações como estrutura, de qualquer forma
resultaria 305,44kWh/m2.
Mesmo e caso se considera aço de alta resistência os valores demonstram a
produção do aço teria que ser otimizada em seis vezes para atingir a condição
normal de produção do concreto, ou seja, desconsiderando que esta não
evoluísse, como já estão, em ações de eficiência energética.
Os valores de energia primária incorporada no aço no caso das subestruturas
de sustentação vertical são muito impactantes comparando-se com o concreto.
Outro ponto importante refere-se à evolução das tecnologias e novas formas de
fazer a gestão ao fim do ciclo de vida, que nos estudos de 2004 de Ricardo
Filipe Mesquita da Silva Mateus o concreto e aço tinham a seguinte condição:
“A construção em betão armado tem praticamente a mesma
quantidade de energia incorporada que a de aço, mas é no entanto
menos reciclável no final da sua vida útil. Em geral, o aço estrutural
pode ser reciclado e/ou reutilizado a 100%, podendo ser de novo
utilizado como elemento estrutural, enquanto que a maior parte do
betão só pode ser reutilizada sobre uma forma degradada (por
exemplo, como agregado) e só com grandes limitações pode ser
reciclado outra vez para a sua função estrutural (Yeang, 2001)”.
Atualmente os projetistas estruturais já consideram o uso de partes das
estruturas em concreto que podem ser cortadas e reutilizadas como peças prémoldadas, assim como, vem sendo utilizado reciclado, quando triturado como
agregado, em argamassas e concretos com menores resistências e em maior
aplicação em concretos asfálticos de pavimentações. Tais ações necessitam
de menos energia que a reciclagem do aço.
4.2.
POTENCIAL DE AQUECIMENTO GLOBAL E PRAZO DE EXAUSTÃO
DO MATERIAL
Esta caracterização tem como referência as emissões de dióxido de carbono
(CO2) tomadas as atividades de toda a cadeia produtiva dos materiais a partir
da extração das matérias-primas até à sua aplicação no edifício.
Quadro 2 – potencial de aquecimento global relacionado aos materiais da
construção civil.
Material
PAG (g/kg)
Duração (anos)
Tijolo cerâmico
190
Fontes são ainda
Concreto
65
abundantes
Aço (reciclado)
557
Aço (não reciclado)
Não disponível
21
Aplicando-se as mesmas proporções de energia incorporada o concreto resulta
em menos impacto que o aço reciclado e tem em relação a este um potencial
de aquecimento global 5,45 vezes pior, além de estarem em mesmo pé de
igualdade no que se refere à disponibilidade de matéria prima no planeta caso
seja um aço reciclado e o concreto nas condições atuais de obtenção.
4.3.
ÁGUA INCORPORADA OU PEGADA HÍDRICA
O consumo de água associada à extração de matéria prima, processamento e
produção de alguns materiais de construção, também é denominado de
pegada hídrica e de consumo de água virtual, ou seja, corresponde ao
montante de água que não é visto no material e, portanto que se encontra já
incorporado em cada material.
Quadro 3 – Materiais de construção civil e respectivo consumo de água.
Material
Consumo de água (litros/kg)
Tijolo cerâmico
520
Concreto
170
Aço (não reciclado)
3 400
Aço (reciclado)
Não disponível
A partir destes dados pode-se caracterizar que o concreto é 20 vezes melhor
que o aço em pegada hídrica e considerando as proporções anteriores de peso
por tipologia este valor cai para 12,73 vezes do concreto para o aço.
4.4.
SUBESTRUTURAS NA FATEC TATUAPÉ
As subestruturas no edifício estudado dividem-se em:
•
Piso: A composição da subestrutura de piso do edifício da FATECTatuapé se dá por vigas metálicas em I que apoiam laje nervuradas em
uma direção mista do tipo steel-deck, sendo na grande maioria das
dependências sem forro. Nos ambientes com forro este é em placas de
drywall sem aplicação de mantas de proteções acústica e térmica.
•
Este tipo de subestrutura, perante aos indicadores como: Índices de
massa (Im), Energia primária incorporada, Isolamento sonoro a sons de
condução aérea, Isolamento sonoro a sons de percussão, Transmissão térmica
média e Custo de construção e, ainda comparativamente a outras dezesseis
tecnologias, colocou o steel-deck, Figura 7, como penúltimo colocado com
pouca aderência à sustentabilidade (MATEUS, 2014), sendo o melhor
apresentado na Figura 8 e o pior na Figura 9:
Figura 7: Esquema de Subestrutura de pios relativo ao presente na FATEC e
apresentado por MATEUS
Figura 8
Figura 9
Figura 8:Esquema apresentado por MATEUS como a subestrutura de piso
mais sustentável e Figura 9: a menos sustentável.
.Sistemas de vedações verticais – paredes internas e externas: Caso
fosse realizada a duplicação generalizada das espessuras de das envolventes
exteriores (paredes, coberturas e pavimentos exteriores), a melhoria dos
coeficientes de transmissão térmica seriam de 40%, atendendo relativamente
aos exigidos atualmente.
Quadro – Materiais construtivos
•
Material
PEC (kWh/kg)
Tijolo cerâmico
0,83
Gesso cartonado
1,39
Sistemas de iluminação e energia: Os equipamentos e iluminação
pertencentes às categorias mais eficientes e segundo os respectivos
certificados e desempenho energético, no caso, tem-se o selo Procel.
•
Sistemas de cobertura em telha metálica tipo sanduíche: Para as
telhas metálicas do tipo sanduíche utilizadas na obra em estudo, apontase que a conjuntura se traduz pelo momento de desenvolvimento no
Brasil de uma escala de desempenho que segundo a ABCEM –
Associação Brasileira da Construção Metálica (2013a) possui dois
problemas clássicos e comuns: a solicitação fica sem definição de qual o
desempenho o produto deverá atingir e a solicitação de um sistema
termo-acústico, sem definição clara se acústico é por absorção ou
isolação. No caso a absorção é adequada para evitar reverberação (tipo
eco - como em arenas esportivas e casas de espetáculo), e a isolação
como barreira para o som de fora para dentro (exemplo de aeroportos) e
de dentro para fora (exemplo de casas de shows).
•
Sistemas de Pintura das Vigas: No que concerne ao melhor
desempenho e durabilidade do sistema reticulado formado pelas vigas
indica-se que a aplicação foi de epóxi na cor vermelho. Como referencial
de análise indica-se que o sistema de pintura de estruturas em aço
vincula-se a consideração da agressividade do meio e o tipo de tinta,
assim como, as etapas de aplicações que se iniciam pelo tratamento
superficial de limpeza até os tempos, formas e quantidades de demãos,
além é claro das condições de trabalho, complexidade do sistema
estrutural e variabilidade dos esforços, atributos estéticos e funcionais,
plano de manutenção e manutenção preventiva no caso de ocorrências
de danos mecânicos pela utilização. Richter (ABCEM, 2013b) cita que
as formas de controle de qualidade dos acabamentos de pinturas de
superfícies de aço pode ser visual e ser por ensaios de aderência e do
tratamento superficial utilizado. O mais eficiente e que dependendo da
obra pode ter a durabilidade fixada em 25 anos como para o jateamento
abrasivo. No caso da obra em estudo e em atendimento a norma ISO
12944-5 apresentados pela ABCEM (2013b) os sistemas de pintura para
as vigas devem atender os seguintes atributos e que neste artigo ficam
como referencias, uma vez que não foram possíveis a realização de
ensaios:
Ambientes interno, atmosferas com baixo nível de poluição: Espessura total de
película seca de 160mm.
•
Tinta de fundo epoxídica de 80mm, base seca.
•
Tinta intermediária e acabamento em poliuretano acrílico alifático 80mm,
base seca.
Ambientes externos, exposto à atmosferas urbanas e industriais com poluição
moderada por SO2: Espessura total de película seca 240mm.
•
Tinta de fundo epoxídica de 80mm, base seca.
•
Tinta epoxídica de 80mm, base seca. Poliuretano acrílico alifático 80mm,
base seca.
CONCLUSÕES
Percebe-se que a evolução tecnológica e a inserção desde os estudos
preliminares focados na sustentabilidade conduziriam a outras especificações
constatadas no edifício da FATEC- Tatuapé, ou seja, de altos impactos em
energia e conforto.
Tais relações só foram possíveis em face da consolidação e pesquisas que
foram solidificadas após o projeto e construção da FATEC, e que servem de
base para melhorias e para ações programadas de retrofit e reformas futuras,
suportadas por dados de sustentabilidade visando melhorar seu desempenho.
Mas certamente, o peso de tornar uma construção inacabada e em desuso
para boas condições de atendimento e uso educacional, focada na formação
de tecnólogos, garantindo sua função social enaltecendo o capital humano, ou
seja, cujos valores de mensuração são intangíveis, dadas as necessidades de
um país como o Brasil e seu déficit em desenvolvimento econômico, social e
conhecimento tecnológico (em especial o ambiental, com vistas aos recursos
naturais em esgotamento).
REFERÊNCIAS
ABCEM – Associação Brasileira da Construção Metálica. Grupo de associados da
ABCEM elabora minuta da norma da ABNT para telha sanduíche. Revista
Construção Metálica. Edição 112. ABCEM, São Paulo, 2013a.
ABCEM – Associação Brasileira da Construção Metálica. Cor e proteção em
superfície de aço. Revista Construção Metálica. Edição 112. ABCEM, São Paulo,
2013b.
Grandes Construções. O "boom" da construção verde no Brasil. Edição 41.
04/10/2013.
Disponível
em
<http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task
=viewMateria&id=1314>. Acesso em 29/01/2014.
MATEUS,R.F.M.S. Novas tecnologias construtivas com vista à sustentabilidade da
construção. UNIVERSIDADE DO MINHO: ESCOLA DE ENGENHARIA –
Departamento de Engenharia Civil Mestrado em Engenharia Civil .disponível
em<http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/817/7/Parte%20III%20(Pag
%20153%20a%20197).pdf>. Braga, março de 2004. Acessado em 30-01-2014.
Santander.
Construção
sustentável
certificada.
Publicada
em
18/07/2007.
Disponível em <Construção sustentável certificada>. Acesso em 29/01/2014.
ROCHA, A. P. Projeto Reinventado. Por Ana Paula, In: Techné, Edição 169 Abril/2011.
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