O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.

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O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
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Universidade Federal
de Ouro Preto
O COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA-RIO MANSO,
MG.
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
João Luiz Martins
Vice-Reitor
Antenor Barbosa Júnior
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Tanus Jorge Nagem
ESCOLA DE MINAS
Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
Vice-Diretor
Marco Túlio Ribeiro Evangelista
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
Paulo César Souza
v
EV O LU Ç Ã O C RU S TA L E RE CU RS O S N AT U RA I S
vi
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – VOL. 37
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Nº 249
O COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA-RIO MANSO, MG
LUÍS EMANOEL ALEXANDRE GOULART
Orientador
Mauricio Antonio Carneiro
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do
Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre em Ciências Naturais, Área de Concentração:
Petrogênese/Depósitos Minerais/Gemologia
OURO PRETO
2006
vii
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: [email protected]
Os direitos de tradução e reprodução reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada
ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de
direito autoral.
ISSN 85-230-0108-6
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª
Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do
Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto
Goulart, Luís Emanoel Alexandre.
G694c
O complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso, MG [manuscrito]/ Luís Emanoel
Alexandre Goulart - 2006.
xxii, 186f.; il. color.; tabs.; grafs.; mapas. (Contribuições às Ciências da Terra. Série M,
v. 37, n. 249)
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas Departamento de
Geologia. Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Área de concentração:
Petrogênese/ Depósitos Minerais/ Gemologia
1 Petrologia - Teses. 2. Rochas - Teses. 3. Metarmofismo (Geologia) –
ISSN 85-230-0108-6
Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título: O complexo Acamadado Itaguara – Rio
Manso, MG
CDU: 552(815.1)
Fonte de catalogação: [email protected]
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Aos meus queridos pais, Dona Nina e
Seu Goulart, pelo crédito e apoio infinitos,
dedico esse trabalho...
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AGRADECIMENTOS
A Deus pela constante Onipresença, Onisciência e Onipotência ao longo de minha
existência;
Aos meus pais, por me concederem a dádiva da vida;
As minhas irmãs Solange, Soraia, Rita pelo incentivo e em especial à minha irmã
Jussara, por acreditar mais de perto, que minha empreitada seria possível;
Ao meu orientador e amigo, prof. Dr. Mauricio Carneiro, pela oportunidade de
realizar esse trabalho, pelas discussões, questionamentos e aprendizado constantes;
Ao pessoal da iniciação científica, por ordem apenas cronológica, Mike, Éder, Tai,
Babe, Flaviola, Mariane, Grilo, Fabiana e João Emílio;
Aos professores e companheiros de pós-graduação, pelas discussões técnicas,
aconselhamentos e cafezinhos na cantina;
Ao Cirilo, pela preparação das amostras e pelo bate-papo;
Ao Mário e Seu Paulo, pelo cuidado na laminação;
Aos bibliotecários Reginaldo, João Bosco e Teresinha, pela ajuda na localização dos
títulos procurados;
Ao pessoal do Microlab, em especial à Paola, pela ajuda nas fotomicrografias;
A todos os que trilharam comigo, ainda que somente por algum tempo, o mesmo
caminho;
A todos os outros que o cansaço me impediu de lembrar, mas que de alguma forma
contribuíram para a realização desse trabalho;
Ao CNPq pela concessão da bolsa e a FAPEMIG, pelos projetos CRA 619/2004 e
CRA 2032/05, que custearam esse trabalho de mestrado,
Meus sinceros agradecimentos.
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Sumário
TERMO DE CONCESSÃO DE GRAU DE MESTRE .......................................................................... iii
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................... xi
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................................... xvii
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................................... xix
RESUMO........................................................................................................................... ................ xxi
ABSTRACT ....................................................................................................................................... xxiii
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
1.1 Considerações gerais........................................................................................................................... 1
1.2 Objetivos e área pesquisada ................................................................................................................ 1
1.3 Localizações e vias de acesso ............................................................................................................. 2
1.4 Metodologia........................................................................................................................................ 3
1.4.1 Revisão bibliográfica .......................................................................................................................... 4
1.4.2 Mapeamento ....................................................................................................................................... 5
1.4.3 Petrografia .......................................................................................................................................... 6
1.4.4 Geoquímica......................................................................................................................................... 6
1.4.4.1 Preparação de amostras....................................................................................................... 6
1.4.4.2 Métodos analíticos e tratamento de dados ........................................................................... 7
1.4.5 Trabalho de escritório para confecção do mapa e acervo georreferenciado ....................................... 8
CAPÍTULO 2 - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ........................................................... 9
2.1 Apresentação....................................................................................................................................... 9
2.2 Complexo Metamórfico Campo Belo............................................................................................... 11
2.3 Seqüências supracrustais................................................................................................................... 12
2.3.1 O Supergrupo Rio das Velhas e o magmatismo máfico-ultramáfico no Cráton São Francisco
Meridional............................................................................................................................................................. 13
CAPÍTULO 3 - COMPLEXOS ACAMADADOS E OFIOLITOS: UMA REVISÃO DOS
CONHECIMENTOS ......................................................................................................................................... 15
3.1 Complexos acamadados.................................................................................................................... 15
3.2 Ofiolito.............................................................................................................................................. 17
3.2.1 Etimologia ........................................................................................................................................ 17
3.2.2 Definição .......................................................................................................................................... 17
3.2.3 Evolução de um conceito.................................................................................................................. 17
CAPÍTULO 4 - O SUBSTRATO CRUSTAL DO COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA –
RIO MANSO ...................................................................................................................................................... 21
4.1 Introdução ......................................................................................................................................... 21
4.2 Geologia da região estudada ............................................................................................................. 21
4.2.1 Supergrupo Rio das Velhas .............................................................................................................. 24
4.2.1.1 Unidade Metamáfica .......................................................................................................... 24
4.2.1.1.1 Anfibolito .............................................................................................................................. 24
4.2.1.1.2 Metagabro ............................................................................................................................ 27
4.2.1.1.3 Tremolita xisto...................................................................................................................... 29
4.2.1.2 Unidade Metassedimentar .......................................................................................................... 30
4.2.1.2.1 Muscovita quartzito ..............................................................................................................
4.2.1.2.2 Muscovita quartzito com sillimanita e granada ...................................................................
4.2.1.2.3 Sillimanita-biotita-muscovita-quartzo xisto com granada ...................................................
4.2.1.2.4 Granada- biotita-plagioclásio-quartzo xisto ........................................................................
4.2.1.2.5 Sillimanita quartzito e sillimanita quartzito com granada ...................................................
4.2.1.2.6 Granada-quartzo-sillimanita xisto .......................................................................................
4.2.1.2.7 Mica branca fels e coríndon-mica branca fels .....................................................................
xiii
31
32
33
34
35
35
37
4.3 Metamorfismo................................................................................................................................... 38
4.3.1 Considerações preliminares .............................................................................................................. 38
4.3.2 Metamorfismo de contato ................................................................................................................. 39
4.3.3 Metamorfismo regional de alto grau ................................................................................................. 42
4.3.4 Retrometamorfismo .......................................................................................................................... 42
CAPÍTULO 5 - COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA-RIO MANSO................................ 43
5.1 Introdução ............................................................................................................................. ............ 43
5.2 Variedades petrográficas do Complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso .................................... 47
5.2.1 Metalherzolito................................................................................................................................... 47
5.2.2 Metaharzburgito................................................................................................................................ 49
5.2.3 Meta-olivina-websterito.................................................................................................................... 51
5.2.4 Metaortopiroxenito e meta-olivina-ortopiroxenito............................................................................ 52
5.2.5 Metawebsterito.................................................................................................................................. 55
5.2.6 Hornblendito ............................................................................................................................. ........ 57
5.2.7 Metagabronorito................................................................................................................................ 59
5.2.8 Metagabro ......................................................................................................................................... 60
5.3 Metamorfismo................................................................................................................................... 63
5.3.1 Metamorfismo de alto grau ............................................................................................................... 63
5.3.2 Metamorfismo de baixo grau ............................................................................................................ 65
CAPÍTULO 6 - UNIDADES INTRUSIVAS NO COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA–RIO
MANSO................................................................................................................................................................. 67
6.1 Introdução ...................................................................................................................... ................... 67
6.2 Unidade Máfica................................................................................................................................. 67
6.2.1 Metadiabásio .................................................................................................................................. 68
6.3 Unidade Vulcano-Exalativa .............................................................................................................. 69
6.3.1 Metachert ....................................................................................................................................... 70
6.3.2 BIF’S ............................................................................................................................. ................. 71
6.4 Sistemas de Diques Máficos NE (SDM-NE) .................................................................................... 71
6.5 Sistema de Diques Máficos NW (SDM-NW) ................................................................................... 73
6.6 Unidade Granítica ............................................................................................................................. 75
6.6.1 Granito Córrego do Peixoto .............................................................................................................. 76
6.6.2 Granito Mata Virgem........................................................................................................................ 77
6.7 Unidade Máfica Tardia ..................................................................................................................... 78
6.8 Metamorfismo............................................................................................................................. ...... 80
CAPÍTULO 7 - LITOGEOQUÍMICA ............................................................................................. 81
7.1 Considerações preliminares .............................................................................................................. 81
7.2 Mobilidade dos elementos................................................................................................................. 81
CAPÍTULO 8 - LITOGEOQUÍMICA DOS METAMAFITOS DO SUPERGRUPO RIO DAS
VELHAS E DO COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA – RIO MANSO .......................................... 89
8.1 Características gerais......................................................................................................................... 89
8.2 Diagramas de variação ...................................................................................................................... 94
8.3 Razões entre elementos incompatíveis.............................................................................................. 98
8.4 Padrão geoquímico............................................................................................................................ 99
8.5 Resumo do capítulo......................................................................................................................... 102
CAPÍTULO 9 - LITOGEOQUÍMICA DO COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA – RIO
MANSO............................................................................................................................................................... 105
9.1 Características gerais....................................................................................................................... 105
9.2 Diagramas de variação. ................................................................................................................... 111
9.3 Razões entre elementos incompatíveis............................................................................................ 115
9.4 Padrão geoquímico.......................................................................................................................... 118
9.5 Resumo do capítulo......................................................................................................................... 122
CAPÍTULO 10 - EVOLUÇÃO TECTÔNICA .............................................................................. 123
10.1 Considerações preliminares .......................................................................................................... 123
10.2 Aspectos petrogenéticos................................................................................................................ 123
xiv
10.3 Generalidades ............................................................................................................................... 126
10.4 Características da fonte magmática .............................................................................................. 131
10.5 Ambiência tectônica ..................................................................................................................... 133
10.6 Amplitude do magmatismo máfico-ultramáfico no Cráton São Francisco Meridional ................ 135
10.7 Modelo evolutivo.......................................................................................................................... 143
CAPÍTULO 11 - CONCLUSÕES..................................................................................................... 147
11.1 O magmatismo ultramáfico-máfico no CSFM: características e amplitude ................................ 147
11.2 Relações petrogenéticas entre o CAIRM e a Seqüência Acamadada Ribeirão dos Motas ........... 148
11.3 O CAIRM como um equivalente plutônico dos metavulcanitos ultramáficos de Morro da Onça. .148
11.4 Relações petrogenéticas entre os metamafitos do Supergrupo Rio das Velhas (Unidade
Metamáfica) e variedades congêneres encontradas no CSFM............................................................................. 149
11.5 Relações petrogenéticas entre as fases máficas e ultramáficas no CSFM..................................... 150
11.6 Evolução Tectônica....................................................................................................................... 150
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 153
APÊNDICES ....................................................................................................................................... 175
ANEXOS.............................................................................................................................................. 181
xv
xvi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Localização geográfica da área.......................................................................................... 2
Figura 1.2 - Mapa rodoviário de acesso à área em estudo (fonte guia Rivera 2003)............................. 4
Figura 2.1 - Mapa do Cráton São Francisco Meridional modificado de Sales (2005)......................... 10
Figura 4.1 - Mapa geológico da área mapeada..................................................................................... 22
Figura 4.2 – Afloramentos de variedades metamáficas........................................................................ 25
Figura 4.3 – Detalhe de textura poligonal em anfibolito...................................................................... 26
Figura 4.4 – Texturas variadas em metamáficas do Supergrupo Rio das Velhas................................. 28
Figura 4.5 - Textura poligonal nematoblástica em tremolita xisto.......................................................29
Figura 4.6 - Afloramento de quartzito.................................................................................................. 32
Figura 4.7 – Granadas sin-deformacionais e textura decussada a sillimanita......................................36
Figura 4.8 – Afloramento e seção delgada de coríndon fels................................................................. 38
Figura 5.1 – Variação de granularidade em afloramentos do CAIRM................................................. 44
Figura 5.2 – Acamamento ígneo basculado no CAIRM....................................................................... 46
Figura 5.3 – Detalhe de microestratificações em afloramento do CAIRM.......................................... 47
Figura 5.4 – Seção em metaortopiroxenito........................................................................................... 52
Figura 5.5 – Crescimento simplectítico entre olivina e ortopiroxênio.................................................53
Figura 5.6 – Clinocloro retrometamórfico e espinélio zonados em meta-olivina-ortopiroxenito........ 54
Figura 5.7 – Seção em metawebsterito mostrando.textura adcumulática.............................................56
Figura 5.8 – Textura adcumulática em hornblendito............................................................................ 58
Figura 5.9 – Seções em metagabros mostrando textura heteradcumulática e mesocumulática........... 61
Figura 6.1 – Intrusão cisalhada de diabásio e afloramento de quartzito ferruginoso........................... 68
Figura 6.2 – Brecha em dique máfico com camada de metachert....................................................... 70
Figura 6.3 – Seção delgada de gabro do SDM-NE............................................................................... 70
Figura 6.4 – Seção delgada de olivina gabro do SDM-NW................................................................ 73
Figura 6.5 – Textura porfiróide em granada-granito............................................................................ 75
Figura 6.6 –Textura vesicular e porfirítica com plagioclásio zonado em metadiabásio...................... 78
Figura 7.1 – Diagrama de razões de proporções moleculares (Supergrupo Rio das Velhas)............... 84
xvii
Figura 7.2 – Diagrama de razões de proporções moleculares (CAIRM)............................................. 85
Figura 8.1 – Diagrama discriminante de Winchester & Floyd (1977)................................................. 90
Figura 8.2 – Diagrama triangular de Streckeissen (1976) para rochas gabróicas................................ 91
Figura 8.3 – Diagramas triangulares de Irvine & Baragar (1971) e Jensen (1976)............................. 92
Figura 8.4 – Diagramas de Mg# x elementos diversos........................................................................ 96
Figura 8.5 – Diagramas de Mg# x elementos diversos......................................................................... 97
Figura 8.6 – Diagramas multi-elementares......................................................................................... 100
Figura 8.7 – Diagrama de elementos terras raras............................................................................... 101
Figura 9.1 – Diagrama triangular de Streckeissen (1976) para rochas ultramáficas.......................... 107
Figura 9.2 – Diagrama triangular de Jensen (1976)........................................................................... 107
Figura 9.3 – Diagrama [Gd/Yb]n x Al2O3/TiO2................................................................................. 110
Figura 9.4 – Diagramas de MgO x elementos diversos...................................................................... 112
Figura 9.5 – Diagramas de MgO x elementos diversos...................................................................... 113
Figura 9.6 – Diagrama multi-elementar.............................................................................................. 119
Figura 9.7 – Diagrama de elementos terras raras............................................................................... 120
Figura 10.1 – Comparação entre padrões geoquímicos do CAIRM e da Unidade Metamáfica........ 124
Figura 10.2 – Diagrama [Gd/Yb]n x Al2O3/TiO2 para CAIRM e da Unidade Metamáfica............... 125
Figura 10.3 – Diagrama de razões entre elementos incompatíveis.................................................... 128
Figura 10.4 – Diagrama Th/Ta x La/Yb............................................................................................. 132
Figura 10.5 – Diagramas discriminantes de Meschede (1986) e Wood (1980)................................. 134
Figura 10.6 –Padrões geoquímicos dos MTAMg e MTBMg e anfibolitos de Carneiro (1982)........ 136
Figura 10.7 – Padrões geoquímicos dos MTAMg e MTBMg e anfibolitos de Fernandes (2001)......138
Figura 10.8 – Padrões geoquímicos dos MTAMg e MTBMg e metabasaltos de Zuchetti (1998)......139
Figura 10.9 – Padrões geoquímicos do CAIRM, Carvalho Jr (2001) e Couto (2004)....................... 141
Figura 10.10 – Padrões geoquímicos do CAIRM e ultramafitos de Pinheiro (1998)......................... 142
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Empilhamento estratigráfico da área ............................................................................... 23
Tabela 8.1 – Porcentagens catiônicas de Mg, Ti, Fe, Al, e razões CaO/Al2O3 e Al2O3/TiO2............... 92
Tabela 8.2 – Composição normativa dos metamafitos do CAIRM e Supergrupo Rio das Velhas...... 94
Tabela 8.3 – Razões entre elementos incompatíveis............................................................................ 99
Tabela 8.4 –Valores das razões [La]n /[Yb]n e [La]n /[Sm]n................................................................ 100
Tabela 9.1 – Composição normativa das rochas do CAIRM.............................................................. 101
Tabela 9.2 – Porcentagens catiônicas e razões CaO/Al2O3, Al2O3/TiO2 e [Gd/Yb]n......................... 107
Tabela 9.3 – Razões entre elementos incompatíveis.......................................................................... 116
Tabela 9.4 – Valores das razões [La]n /[Yb]n e [La]n /[Sm]n............................................................... 121
xix
xx
RESUMO
O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso (CAIRM) compreende um corpo intrusivo com
características estratiformes e composição ultramáfica-máfica, situado entre os municípios de Itaguara
e Rio Manso, MG. Nesse local, o CAIRM intrude unidades gnáissicas, atribuídas ao Complexo
Metamórfico
Campo
Belo
(ou
Bonfim)
e
rochas
metamáficas,
metassedimentares
e
vulcanossedimentares atribuídas ao Supergrupo Rio das Velhas. Sobrepondo-se a isso, encontram-se
os sistemas de diques máficos NW e SE (SDM-NW e SDM-NE), granitóides e uma unidade máfica
Tardia. As estratificações do CAIRM têm espessura variável (centimétricas a métricas) e composição
predominantemente
lherzolítica-harzburgítica
com
intercalações
subordinadas
websteríticas,
ortopiroxeníticas, gabronoríticas e gabróicas. São comuns as estratificações porfiríticas, de aspecto
pegmatóide,
gradando ou
intercalando-se para variedades de
granularidade
mais fina.
Microscopicamente, observa-se que as variedades mais finas apresentam textura adcumulática mono e
poliminerálica ou, menos freqüentemente, textura mesocumulática, enquanto as variedades de
granularidade mais grossa tendem a apresentar textura heteradcumulática com ou sem fase
intercumulus. As análises geoquímicas das rochas do CAIRM indicam a afinidade komatiítica e, sob
alguns aspectos, assemelham-se às rochas de outros complexos acamadados mundiais, tais como
Gorgona, Bushveld e aqueles de Barberton. Regionalmente, as rochas do CAIRM apresentam padrão
geoquímico semelhante às rochas da Seqüência Acamadada Ribeirão dos Motas e da Seqüência
Cláudio, mostrando que podem ser oriundas de um mesmo evento magmático regional. Os
metamafitos do CAIRM, se comparados às rochas metamáficas do Supergrupo Rio das Velhas, que
ocorrem nas imediações do complexo, apresentam padrões geoquímicos ligeiramente semelhantes,
muito embora os padrões do CAIRM sejam menos fracionados. Contudo, verifica-se que os diagramas
bivariantes de razões entre elementos incompatíveis dessas unidades, mostram trends distintos,
gerados pela maior contribuição de LILE nas rochas metamáficas atribuídas ao Supergrupo Rio das
Velhas. Por isso, descarta-se, a princípio, a possibilidade de que as rochas do CAIRM e os
metamafitos em questão, sejam oriundas de um mesmo processo de cristalização fracionada. Porém,
regionalmente, os padrões geoquímicos do CAIRM assemelham-se aos padrões de basaltos
komatiíticos, atribuídos ao Supergrupo Rio das Velhas, que ocorrem na região de Conselheiro
Lafaete/Congonhas. Se, localmente, as rochas do CAIRM diferem das rochas do Supergrupo Rio das
Velhas mas, regionalmente, ocorrem de rochas ultramáficas-máficas semelhantes ao CAIRM, é
provável que na porção meridional do Cráton São Francisco tenha ocorrido dois ou mais eventos
magmáticos de natureza ultramáfica-máfica. Um deles estaria relacionado aos komatiítos do
Supergrupo Rio das Velhas. O outro (ou outros), estaria relacionados, por exemplo, ao CAIRM, a
Seqüência Acamadada Ribeirão dos Motas, etc. Dessa forma é possível que o CAIRM e várias outras
ocorrências de metaultramafitos presentes na porção meridional do Cráton São Francisco representem
um evento intrusivo (parte plutônica, parte vulcânica) não suficientemente caracterizado. Sob muitos
xxi
aspectos, essa possibilidade é corroborada pela presença de derrames komatiíticos contendo basaltos
komatiíticos subordinados na região do Morro da Onça, no limite norte da área mapeada, em
continuidade ao CAIRM.
xxii
ABSTRACT
The Itaguara-Rio Manso Layered Complex (CAIRM) encompasses an intrusive body with
stratiform characteristics and ultramafic-mafic composition, located between the Itaguara and Rio
Manso cities (State of Minas Gerais, Brazil). There, CAIRM intrudes gneissic units of the Campo Belo
(or Bonfim) Metamorphic Complex and metamafic, metasedimentary and volcano sedimentary rocks
of the Rio das Velhas Supergroup. NW- and SE- (SDM-NW and SDM-NE) trending mafic dike
systems, granitoids and a late mafic unit crosscut these sequences. The CAIRM stratifications are of
variable (centimeter- to meter-sized) thickness and of predominant lherzolitic-harzburgitic
composition
with
subordinated
websteritic,
orthopyroxenitic,
gabbronoritic
and
gabbroic
intercalations. Porphyritic stratifications of pegmatoid aspect are common, grading to or intercalating
finer-grained varieties. Under the microscope, these finer-grained varieties present mono- and
polymineralic, adcumulatic texture, or less frequently mesocumulatic texture, whereas the coarsergrained varieties tend to a heteradcumulatic texture with or without the intercumulus phase.
Geochemical analyses of the CAIRM rocks indicate a komatiitic affinity; in some aspects, they
resemble rocks of other layered complexes, such as Gorgona, Bushveld and those of Barberton.
Regionally the CAIRM rocks present geochemical patterns similar to those of the rocks of the
Ribeirão dos Motas Layered Complex and of the Cláudio Sequence, indicating a common regional
magmatic event. Despite less fractionated, the geochemical patterns of the CAIRM metamafites are
slightly similar to those of the neighboring metamafic rocks of the Rio das Velhas Supergroup. On the
other hand, bivariant diagrams using incompatible element ratios show distinct trends for these rocks,
produced by a more expressive contribution of LIL elements for the metamafic rocks of the Rio das
Velhas Supergroup. Thus, the possibility of a common fractional crystallization process for the
CAIRM rocks and Rio das Velhas metamafites is ruled out at first. Nevertheless, regionally the
CAIRM geochemical patterns are similar to those of the Rio das Velhas Supergroup komatiitic basalts
that occur in the Conselheiro Lafaiete/Congonhas region. If locally the CAIRM rocks differ from
those of the Rio das Velhas Supergroup but regionally ultramafic-mafic rocks similar to CAIRM
occur, it is probable that in the southern portion of the São Francisco Craton two or more magmatic
events of ultramafic-mafic nature occurred: one related to the Rio das Velhas Supergroup komatiites,
and the other (or others) to CAIRM, the Ribeirão dos Motas Layered Sequence, etc. Therefore it is
possible that CAIRM and several other metaultramafite occurrences of the southern portion of the São
Francisco Craton represent an intrusive event (in part plutonic, in part volcanic) which is not
sufficiently characterized. In many aspects this possibility is corroborated by komatiitic flows and
subordinated komatiitic basalts of the Morro da Onça region, in the northernmost portion of the study
area, representing a continuity of CAIRM.
xxiii
xxiv
1 CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Seqüências supracrustais, situadas a sudoeste do Quadrilátero Ferrífero têm sido relatadas na
literatura do Cráton São Francisco Meridional e, normalmente, são correlacionadas aos supergrupos
Rio das Velhas ou Minas (e.g. Machado Filho et al. 1983). De gênese muitas vezes controversa, as
unidades ultramáficas encontradas nessas seqüências, não raro, encontram-se correlacionadas aos
vulcanitos ultramáficos presentes no Supergrupo Rio das Velhas (Machado Filho et al. 1983). É o
caso, por exemplo, das rochas da região de Itapecerica (Oliveira 1999; Oliveira & Carneiro 2001),
Cláudio (Goulart 2001), Rio Manso (Pinheiro 1998) e, também, Bonsucesso (Machado Filho et al.
1983). Essa última, no entanto, tem outra interpretação que a considera com uma seqüência acamadada
(Barbosa 1998). Nessa mesma linha de interpretação encontra-se a Seqüência Acamadada Ribeirão
dos Motas (SARM), que são rochas máficas e ultramáficas de caráter plutônico (Carvalho Júnior et al.
1998; Carvalho Júnior 2001). Além dessa cita-se também a ocorrência da região Passatempo (Avelar
et al 2002). Todavia, muitas outras ocorrências de ultramafitos encontram-se ainda totalmente
desconhecidas. Nesse sentido, relatam-se os trabalhos de graduação de Caldas (2004), Carvalho
(2004), Costa (2004), Meneghin (2004), Santos (2004), Silva (2003), Souza (2004), Reis (2004) e
Tedeschi (2003) orientados pelo Prof. M. A. Carneiro, que fizeram um mapeamento prévio em parte
da área em estudo nesse mestrado. Nessa ocasião, foi mapeado um corpo alongado segundo a direção
NE-SW, composta por litotipos plutônicos, inicialmente descritos como metapiroxenitos e
metaperidotitos, cuja ocorrência é agora denominada de Complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso
(CAIRM). Entretanto, mais para norte, em continuidade a esse corpo, especificamente na região do
Morro da Onça, Pinheiro (1998) descreveu termos ultramáficos vulcânicos apresentando textura do
tipo spinifex, pillow lavas, disjunções poliedrais e horizontes cumuláticos de derrame. Configura-se
assim, a princípio, uma importante questão: seriam os ultramafitos do Morro da Onça a porção
vulcânica dos plutonitos de Itaguara? Ou tratar-se-iam de duas unidades distintas? Estaria sua gênese
associada a uma das fases do Evento Tectono Termal Rio das Velhas (Carneiro 1992) ou constituiria
um evento distinto? Caso a resposta a essa questão seja positiva, de que forma a gênese dessas rochas
se insere no contexto de arco-magmatismo discutido por inúmeros autores (e.g. Carneiro 1992,
Teixeira 1985, Teixeira et al. 2000) como cenário para a evolução tectônica desse segmento do Cráton
São Francisco Meridional?
Essas são algumas das questões que se pretende responder nesta dissertação.
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
1.2
OBJETIVOS E ÁREA PESQUISADA
A área pesquisada situa-se no município de Itaguara-MG e constitui um retângulo delimitado
por seis ortofotos em escala 1:10.000, situado aproximadamente no centro da Folha Itaguara
(1:50.000; Figura 1.1).
Em seu vértice sudoeste, a área coincide com o limite urbano da cidade de Itaguara; em seu
vértice sudeste, coincide com o limite urbano do município de Crucilândia; o limite noroeste apresenta
como referência o distrito rural de Córrego Cachoeira, localidade situada na jurisdição de Itaguara; o
limite noroeste, a área mapeada apresenta seu limite extremo na divisa municipal entre Crucilândia e
Rio Manso.
Figura 1.1 - Localização geográfica da área.
O objetivo, primordial, do presente trabalho foi realizar um estudo em escala de detalhe
(1:10.000), caracterizando litogeoquímica e estruturalmente a associação ultramáfica- máfica presente
na região, representada pelo Complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso. Por meio dessa
caracterização associadas a observações de campo, buscou-se identificar a gênese, o ambiente de
formação e a relação estratigráfica existente entre essas rochas, finalizando, com um modelo tectônicoevolutivo.
1.3
LOCALIZAÇÕES E VIAS DE ACESSO
A cidade de Itaguara-MG, ponto logístico e estratégico fundamental para a realização desse
trabalho, situa-se na região geográfica conhecida como Campo das Vertentes, centro-oeste mineiro.
2
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p
O acesso até essa cidade, a partir de Ouro Preto, é realizado inicialmente pela Rodovia dos
Inconfidentes, até a cidade de Belo Horizonte, a partir de onde o restante do trajeto é feito pela BR381 (Rodovia Fernão Dias - Figura 1.2). Uma rota alternativa para quem parte de Ouro Preto pode ser
realizada pela Estrada Real, via Ouro Branco, onde se segue pela BR-040 até Congonhas do Campo.
De Congonhas, por estradas não pavimentadas, chega-se a Bonfim e cerca de 40 km depois a
Crucilândia, a partir de onde se segue por estrada pavimentada até a cidade de Itaguara.
Figura 1.2 - Mapa rodoviário de acesso à área em estudo (fonte guia Rivera 2003).
1.4
METODOLOGIA
Assim como em toda pesquisa científica, precedendo o início dos trabalhos, buscou-se realizar
uma sistemática revisão bibliográfica com o intuito de reciclar e aprimorar os conhecimentos já
adquiridos a respeito do contexto geológico regional em que se insere a área estudada, assim como
3
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
assimilar novas informações a respeito de assuntos pertinentes ao conhecimento dos temas abordados.
No que diz respeito aos trabalhos de campo, como procedimentos para descrição de
afloramentos, nomenclatura de pontos, coleta e preparação de amostras, estes foram realizados de
acordo a metodologia desenvolvida pelo Professor Dr. Maurício Carneiro, ao longo de sua experiência
como acadêmico e pesquisador (e.g. Carneiro 1992). A identificação das amostras analisadas encontrase no Apêndice 1.1.
As técnicas analíticas utilizadas na quantificação dos teores dos elementos, óxidos e
parâmetros físico-químicos, seguiram a metodologia adotada pelo laboratório ACME ANALYTICAL
LABORATORIES LTD, onde foram realizadas as análises de rocha total. Todos esses procedimentos
previamente relatados até aqui, serão a detalhados seguir.
1.4.1
Revisão bibliográfica
O arcabouço do conhecimento geológico no que diz respeito ao Cráton São Francisco
Meridional está embasado em um acervo de enorme erudição que vem sendo montado desde a
segunda metade do século XIX.
Qualquer pesquisa focada dentro desse domínio, não se faz completa sem que sejam citados,
entre outros, os trabalhos de Derby (1882), Harder & Chamberlain (1915), Barbosa (1954), Oliveira
(1954), Guimarães (1951), Barbosa (1954), Oliveira (1954) e Ebert (1956), Dorr II et al. (1957), Dorr
II (1969), Pires (1977), Silva et al. (1978), Machado Filho et al. (1983), Padilha (1984), Teixeira
(1985), Marshak & Alkmin (1989), Carneiro (1992), Endo (1997), Schrank et al (1990), Valença et al
(1998), Schorscher et al. (1998), considerados clássicos.
Dentre os trabalhos recentes, que com o aprimoramento do desenvolvimento tecnológico,
permitiu que se tornassem uma contribuição de peso sem igual para o conhecimento geológico da
região, citam-se os trabalhos de Costa (1995), Noce (1995), Endo et al. (1996), Pinheiro (1997), Endo
& Machado (1998), Carvalho Jr. et al. (1998), Zucchetti (1998), Carneiro et al. (1996), Carneiro et al.
(1997a, b), Carvalho Jr et al. (1997), Carvalho Jr et al (1998a, b), Carneiro et al. (1999), Carvalho Jr
& Carneiro (1999), Oliveira (1999 e 2004), Teixeira et al. (2000), Carvalho Jr. (2001), Fernandes
(2001), Oliveira et al. (2003 e 2004), Carneiro et al. (2006), Couto (2004), Campos (2004), Oliveira
(2005) e Carneiro et al. (2006).
Da mesma forma, no que diz respeito a assuntos específicos pertinentes ao presente trabalho,
como é o caso de terrenos do tipo greenstone, intrusões acamadadas estratiformes ou seqüências
ofiolíticas, faz-se necessário ainda, mencionar alguns trabalhos clássicos da literatura mundial, como
aqueles de Brongniart (1827), Fouqué & Michel-Levyi (1879), Dana (1946), Bowen & Tuttle (1949),
Steinman (1927), Bowen (1927), Brunn (1940, 1960 e 1961), Thayer (1967), Irvine (1967), Irvine &
Smith (1967), Wager & Brown (1976), Coleman (1977), Nicolas (1988), Cameron & Nisbet (1982),
4
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p
Arndt & Nisbet (1982), Echeverria (1982), Zindler (1982), Jarvis & Campbell (1983), Nisbet (1982),
Nisbet et al. (1993), Miller et al. (1991), Arndt (1994), Condie (1994), Windley (1995), Arndt et al.
(1997), Allègre (1982), Campbell et al. (1989), Naldrett & Von Gruenewald (1989), Condie et al
(1997), Arndt et al. (1997), Kusky (2004).
Outros vultos sem dúvidas emprestariam sua efígie como contribuição a essa dissertação, mas
esses nomes foram apenas uma citação para mostrar que uma revisão bibliográfica nesses moldes é
necessária para fornecer os alicerces de qualquer trabalho científico, como este que aqui se inicia.
1.4.2
Mapeamento
Os trabalhos de campo contaram com o apoio de um mapeamento preliminar realizado por
alunos do curso de Engenharia Geológica, durante o Trabalho de Graduação da turma de formandos de
2003/1, sob a orientação do Professor Dr. Maurício Carneiro.
Nesse mapeamento, que abrangeu uma área de aproximadamente 144 Km2, foi adotado como
base cartográfica, a folha topográfica Itaguara em escala 1:50.000 disponibilizada pelo IBGE para
domínio público, apoiada por ortofotos em escala 1:10.000 adquiridas do acervo de imagens da
CEMIG.
Durante essa etapa foram descritos 1040 pontos, todos georreferenciados segundo o datum da
base cartográfica adotada (Córrego Alegre, meridiano 23 S e marégrafo de Ibituba-SC; ver Mapa de
pontos, no Anexo 1.1).
Embora essa seja sem dúvida, uma quantidade razoavelmente grande de pontos, para uma área
com o tamanho mencionado e a equipe igualmente grande, contando com 12 membros, o estudo
forneceu apenas um esboço das principais feições geológicas de interesse no presente trabalho, não
entrando em detalhes particulares de detalhe.
De fato, os trabalhos de detalhe, tiveram início com o desenvolvimento dessa pesquisa e a da
dissertação de Andreatta (2007; em preparação), que estudou a continuidade da área ao norte.
Foram então realizados cerca de 840 pontos novos divididos em três etapas de campo, em
apoio aos pontos relativos ao primeiro levantamento.
Para denominação dos pontos utilizou-se a metodologia desenvolvida por Carneiro (1992), já
posta em prática desde o levantamento prévio da região. Essa metodologia, através de um código alfanumérico, associa o número da folha topográfica, o código referente às quadrículas de 2 km no sentido
N-S por 2 km no sentido E-W e o número de ordem do ponto nas quadrículas.
Nas ortofotos em escala 1:10.000 procedeu-se a mesma metodologia, por comporem a folha
topográfica 1:50.000. A coleta de amostras para geoquímica baseou-se no tipo de rocha, na
importância do litotipo para o trabalho e no grau de preservação dos afloramentos. A identificação da
5
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
amostras seguiu o mesmo padrão da nomenclatura dos pontos, precedidas da ordem da coleta no
afloramento (amostra A, B, C, etc), permitindo que dessa forma as mesmas tivessem um controle
georreferenciado.
1.4.3
Petrografia
Antes de serem preparadas para análise geoquímica, as amostras passaram por uma última
triagem, baseada em análise petrográfica de seções delgadas, a fim de serem diagnosticadas eventuais
transformações químico-mineralógicas que implicassem em alterações de massa por mobilização de
elementos químicos. Somente com a posse dessas informações é que essas amostras foram então
submetidas à preparação no Laboratório de Preparação de Amostras para Geocronologia (LOPAG), do
DEGEO/EM/UFOP. A confecção das lâminas delgada foi realizada no LAMIN – Laboratório de
Laminação do DEGEO/EM/UFOP.
As amostras destinadas à laminação foram escolhidas de acordo a sua importância no contexto
do trabalho, levando-se em conta critérios simples como presença de feições e composições
mineralógicas de interesse.
Foram analisadas ao todo cerca de 90 lâminas, incluindo algumas lâminas do levantamento
prévio do trabalho de graduação da turma de 2003/1 (Caldas 2004, Carvalho 2004, Costa 2004,
Meneghin 2004, Santos 2004, Silva 2003, Souza 2004, Reis 2004 e Tedeschi 2003) assim como as
lâminas referentes às amostras que foram submetidas a análise química.
Foram utilizados para descrição petrográfica, microscópios ópticos binoculares Leitz, modelo
Laborlux 12 pol S, para luz transmitida e refletida, adotando-se métodos quantitativos por estimativa,
sendo a nomenclatura das rochas baseadas na convenção adotada pela IUGS – International Union of
Geological Sciences (Streckeisen 1976 e Le Maitre 1989).
As fotomicrografias foram realizadas utilizando uma câmera digital Nikon, modelo COOLPIX
3.34 megapixels, acoplada em microscópio binocular Leitz, modelo Laborlux 12 pol S acoplada a
monitor de vídeo LG de 14”.
1.4.4
Geoquímica
Dividiu-se nesse capítulo introdutório a metodologia adotada em duas partes, descritas a
seguir: preparação de amostras e métodos analíticos.
1.4.4.1
PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS
A preparação das amostras para análise litogeoquímica foram realizadas no LOPAG Laboratório de Preparação de Amostras para Geocronologia.
6
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p
Antecedendo a preparação propriamente dita das amostras, que envolveu britagem e
pulverização, com a intenção de evitar contaminação do material a ser analisado, a metodologia
adotada incluiu a remoção a golpes de marreta, de crostas intemperizadas ou porções não desejáveis.
No caso de porções de difícil desagregação, utilizou-se uma serra circular diamantada para rochas.
Uma vez separadas as porções consideradas isentas de intemperismo (núcleo), mais uma vez as
amostras foram serradas e cominuídas a golpes de marreta, de onde os fragmentos foram então
encaminhados à moagem e em seguida armazenadas em pequenos pacotes lacrados, em quantidades
aproximadas de 50g.
1.4.4.2
MÉTODOS ANALÍTICOS E TRATAMENTO DE DADOS
As análises foram realizadas pelo laboratório comercial canadense ACME ANALYTICAL
LABORATORIES LTD, em sua filial na cidade de Goiânia-GO.
Foram analisados três grupos de elementos, segundo os códigos do laboratório denominados
Grupo 4A, Grupo 4B e Grupo 1DX. As amostras foram transformadas em pastilhas e fundidas com
LiBo2.
O Grupo 4A compreende os óxidos SiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, Na2O, K2O, TiO2,
P2O5, MnO, Cr2O3, Ni, Sc, além dos parâmetros LOI, Ct (carbono total) e St (enxofre total) os quais
não foram computados na contagem total (SUM). As amostras foram analisadas em ICP-AES. O
laboratório adverte que a fusão com LiBo2 pode não ter sido suficiente para abrir possíveis sulfetos
presentes nas amostras.
O grupo 4b inclui os elementos Ba, Be, Co, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb, Sn, Sr, Ta, Th, U, V, W, Zr,
Y, La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb, Lu. As amostras foram analisadas por ICPMS.
O Grupo 1DX inclui os elementos Mo, Cu, Pb, Zn, Ni, As, Cd, Sb, Bi, Ag, Au, Hg, Tl e Se.
Para análise das amostras, utilizou-se digestão multiácida por solução de HCl + HNO3 a 95° C por
uma hora e em seguida analisada em ICP-MS. Quanto a esse grupo, o laboratório advertiu que alguns
minerais podem ter sido apenas parcialmente atacados pela solução ácida.
No tratamento desses dados, como elaboração de diagramas, cálculo da norma CIPW e cálculo
de FeOt, FeO e Fe2O3 , utilizou-se o software MINPET 2.0 e o aplicativo CIPW -WINTER. Os
diagramas foram gerados no software MINPET 2.0, com auxílio da tabelas geradas no Microsoft
EXCEL. Para o cálculo da norma CIPW e dos óxidos FeOt, FeO e Fe2O3 foi utilizado o aplicativo
CIPW WINTER, assumindo-se a razão Fe2O3/FeO = 0,1, aconselhado para rochas basálticas.
A utilização dessa razão nos metaultramafitos foi aceito após alguns testes ser verificado que
razões menores, acrescentavam muito pouco em termos de quantidade de minerais normativos, o que
7
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
não influenciaria na classificação dessas rochas, utilizando os diagramas apresentados nesse trabalho.
1.4.5
Trabalho de escritório para confecção do mapa e acervo georreferenciado
Com o acervo de dados de campo pronto, criou-se um banco de informações
georreferenciadas. Essas informações constituem o âmago do presente trabalho e juntamente com
softwares de georreferenciamento como o ARCMAP e o Global Mapper, procedeu-se o refinamento e
conclusão do mapa geológico.
A base cartográfica utilizada nessa etapa consistiu da Folha Itaguara (escala 1:50.000)
disponíveis no acervo do IBGE, complementadas por um mosaico de seis ortofotos em escala
1:10.000, georreferenciadas, provenientes do acervo de imagens da CEMIG.
8
2 CAPÍTULO 2
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
2.1
APRESENTAÇÃO
A região estudada situa-se no domínio tectono-estrutural do Complexo Metamórfico Campo
Belo (Teixeira et al. 1996), porção meridional do Cráton São Francisco (Figura 2.1). Essa porção do
Cráton São Francisco é constituída por complexos metamórficos arqueanos, seqüências supracrustais
(incluindo seqüências do tipo granito-greenstone) e unidades máfico-fissurais (Carneiro et al. 2006).
Dentre os complexos metamórficos, destaca-se o Campo Belo (CMCB), que se estende a partir de
cidade homônima para nordeste, em direção ao Quadrilátero Ferrífero, compreendendo a maior parte
do substrato siálico do Cráton São Francisco Meridional (Teixeira et al. 1996).
Na região do Quadrilátero Ferrífero, encontra-se descritos em literatura, complexos
semelhantes, destacando o Complexo Metamórfico Bonfim, no qual Carneiro (1992) definiu o Evento
Tectono-termal Rio das Velhas, tomando como base a sua evolução tectônica. Como produto desse
evento, além do retrabalhamento da crosta siálica anterior, tiveram lugar um magmatismo ultramáfico
(ultramafitos do Supergrupo Rio das Velhas – Pinheiro 1998, Zucchetti 1998) e um magmatismo
cálcio alcalino-andesítico (Tonalito Samambaia e Anfibolito Candeias – Carneiro 1992), segundo a
interpretação de Teixeira et al. (2000).
Associado a processos distensivos ou de relaxamento crustal, um magmatismo fissural de
idade presumidamente mesoarqueana colocou nessa crosta siálica, enxames de diques máficos que
serviram de protólito para unidades anfibolíticas que ocorrem encaixadas nesse complexo metamórfico
(Fernandes 2001). Pelo menos, dois outros episódios de magmatismo fissural básico tiveram lugar
nessa região, um no Neoarqueano e outro no final do Mesoproterozóico, que foram responsáveis pela
colocação de diques de gabronorito e gabro respectivamente (Teixeira 1985, Teixeira et al. 2000,
Corrêa da Costa 1999 e Fernandes 2001).
Os greenstone belts descritos na porção meridional do Cráton São Francisco, são
representados pelas seqüências vulcanossedimentares arqueanas, presentes tanto no Supergrupo Rio
das Velhas quanto nas demais unidades congêneres encontradas a sul e a oeste do Quadrilátero
ferrífero (e.g. greenstone belts Piumhí, Itumirim-Tiradentes, Fortaleza de Minas e Alpinópolis –
Valença et al. 1998, Schorscher et al. 1998, Szabó 1996). As unidades metassedimentares de idade
proterozóica são representadas pelo Supergrupo Minas, Supergrupo Espinhaço, Supergrupo São
Francisco e pelos grupos Sabará e Itacolomi, caracterizando-se pela presença de depósitos
metassedimentares clásticos, pelíticos e químicos.
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 2.1 - Mapa geológico resumido do Cráton São Francisco Meridional modificado de
Campos (2005).
O histórico evolutivo tectônico e deposicional das seqüências supracrustais do Cráton São
Francisco Meridional, tem sua origem associada a episódios extensionais e compressionais de um
segmento de crosta arqueana primitiva, correlacionáveis, provavelmente, a uma das fases do evento
tectono-termal Rio das Velhas (Carneiro 1992, Endo et al. 1996), sendo responsável, pela extrusão de
lavas komatiíticas e basaltos tholeíiticos durante o Neoarqueano. No Paleoproterozóico, tem início a
sedimentação em bacias do tipo rift, de histórico polifásico, cujos processos se estabilizaram ao final
da Orogenia Transamazônica (Noce 1995), onde ocorreu a deposição dos grupos Sabará e Itacolomi.
10
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Finalmente uma série de corpos granitóides aflora na região, sendo esse magmatismo iniciado
no Neoarqueano e extendido até o Neoproterozóico, provavelmente correlacionando-se a fase
compressional relativa a subducção da crosta oceânica gerada anteriormente (Noce 1995). Entre esses
corpos destacam-se o Granito Porto Mendes, o Granito Amparo, o Granito Bom Sucesso e os granitos
descritos nas imediações de Itaguara nesta dissertação.
No âmbito desse trabalho, pretende-se fazer uma apresentação prévia do ponto de vista
geológico-evolutivo das principais unidades diretas ou indiretamente correlacionadas à área estudada.
Nesse sentido, define-se a seguir o Complexo Metamórfico Campo Belo e as seqüências metavulcanossedimentares.
2.2
COMPLEXO METAMÓRFICO CAMPO BELO
No contexto da crosta siálica que compõe os complexos metamórficos arqueanos presentes no
Cráton São Francisco Meridional, destaca-se o Complexo Metamórfico Campo Belo (CMCB), que se
estende à partir de cidade homônima para nordeste, em direção ao Quadrilátero Ferrífero (Teixeira et
al. 1996; Figura 2.1). Essa unidade foi definida pelo autor supracitado, pela união dos complexos
Barbacena e Divinópolis de Machado Filho et al. (1983), após estudos e comparações, verificar
semelhanças entre ambas as unidades. É constituída essencialmente por suítes de alto grau
metamórfico de composição TTG (tonalito-trondhjemito-granodiorito) e charno-enderbíticas (Sales
Campos 2005, Carneiro et al. 2006), estando sua evolução tectônica relacionada a vários eventos de
acresção ocorridos entre o Paleo e o Mesoarqueano, a partir de primitivos arcos vulcânicos (Teixeira
1985, Teixeira et al. 2000, Fernandes 2001, Sales Campos 2004, Oliveira 2004a).
O estudo da crosta siálica na porção meridional do Cráton São Francisco, apresenta vasto
acervo bibliográfico e tem seus trabalhos iniciados com Derby (1882) ao estudar o domínio geológico
dos terrenos granito-gnáissicos na região compreendida entre o vale do rio das Mortes e o alto curso
do rio São Francisco. Posteriormente, deve-se a Harder & Chamberlain (1915) a denominação de
Complexo Gnáissico-Migmatítico ao conjunto de xistos e gnaisses presentes nas adjacências do
Quadrilátero Ferrífero, bem como os gnaisses que ocorrem na faixa ao sul de Carmo do Rio Claro.
Outros trabalhos sucederam (e.g. Barbosa 1954, Oliveira 1954), mas a primeira tentativa de
caracterização litoestratigráfica surgiu apenas com Silva et al. (1978), onde os autores reunindo dados
geológicos da região para o projeto Mantiqueira-Furnas organizaram os litotipos presentes no sul do
Cráton São Francisco em associações, complexos e domínios.
Posteriormente, Machado Filho et al. (1983), ao retomarem os estudos dessa crosta siálica
arqueana, realizaram um vasto levantamento petrográfico, estratigráfico e geocronológico, de cujos
resultados, foi proposta uma divisão desse domínio em Complexo Metamórfico Barbacena e
Complexo Metamórfico Divinópolis. Na definição desses autores, o Complexo Metamórfico
11
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Barbacena compreenderia a porção oriental do Cráton São Francisco Meridional, englobando todos os
complexos metamórficos reconhecidos atualmente no Quadrilátero Ferrífero, enquanto o Complexo
Metamórfico Divinópolis representaria sua contrapartida oriental, a qual limitar-se-ia a oeste com o
Quadrilátero Ferrífero.
Quanto aos processos tectônicos atuantes, Teixeira et al. (1985) apresentaram enorme
conjunto de dados isotópicos da região e adjacências, propondo um modelo de evolução crustal
durante o Arqueano e Proterozóico Inferior, caracterizado por fases de acresção associada a um
retrabalhamento crustal subordinado. No mesmo sentido, a proposição de um modelo evolutivo para a
região, baseado em um evento tectono-termal arqueano, foi apresentada por Carneiro (1992) ao
estudar o Complexo Bonfim Setentrional, linha de pensamento bastante aceita e verificada pelo
trabalho de Teixeira & Silva (1993), que em uma compilação de dados K-Ar de rochas constituintes
do substrato cratônico do Cráton São Francisco Meridional e suas faixas marginais, descreveram um
progressivo soerguimento da massa continental ao término dos processos tectono-magmáticos
transamazônicos. Para os autores, esse processo está de acordo com a geodinâmica do Proterozóico
Inferior, quando três cinturões móveis se instalaram marginalmente aos fragmentos continentais
anteriormente aglutinados.
Após a proposta de Teixeira (1995), para os complexos Barbacena e Divinópolis, definindo-os
unicamente como Complexo Metamórfico Campo Belo, inúmeros outros trabalhos vêm contribuindo
para a evolução dos conhecimentos da crosta siálica na porção meridional do Cráton São Francisco,
onde se destacam os trabalhos de Noce (1995), Endo et al. (1996), Endo & Machado (1998), Carneiro
et al. (1997), Oliveira (1999), Teixeira et al. (2000), Fernandes (2001), Sales (2004), Oliveira (2004a e
b) e Carneiro et al. (2006).
2.3
SEQÜÊNCIAS SUPRACRUSTAIS
As seqüências supracrustais presentes na porção meridional do Cráton São Francisco,
compreendem cinturões arqueanos do tipo greenstone belt e unidades metassedimentares
proterozóicas (Valença et al. 1998, Schorscher et al. 1998, Alkmin & Marshak 1998, Oliveira 1999,
Carvalho Jr. 2001, Fernandes 2001, Oliveira 2004a). No Quadrilátero Ferrífero as seqüências
supracrustais estão representadas pelos Supergrupo Rio das Velhas, Supergrupo Minas e Grupo Sabará
(Dorr II 1969).
O Grupo Rio das Velhas, de idade arqueana, subdivide-se em ordem estratigráfica, nos grupos
Quebra-Osso, Nova Lima e Maquiné.
O Supergrupo Minas está dividido da base para o topo nos grupos Caraça, Itabira e Piracicaba,
estando sotoposto ao Grupo Sabará.
As primeiras descrições citando as ocorrências de unidades supracrustais na região, devem-se
12
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
a Guimarães (1951), Barbosa (1954), Oliveira (1954) e Ebert (1956), mas o detalhamento e
aprimoramento do conhecimento litoestratigráfico vieram somente com Dorr II et al. (1957), Dorr II
(1969) e Pires (1977). A evolução dessas unidades estaria no caso do Supergrupo Rio das Velhas
ligados a um grande evento tectono-termal em ambiente de margem ativa, com instalação de arcos
magmáticos, que finalizou com a edificação de protólitos continentais (Carneiro 1992, Endo et al.
1996, Fernandes et al. 1997, Fernandes & Carneiro 2001, Fernandes 2001), podendo estar ainda
associado a instalação de plumas mantélicas (Zucchetti 1998).
Ao final do Evento Tectono-termal Rio das Velhas, tem início o Ciclo Transamazônico,
inicialmente uma orogenia representada pelas mega-estruturas dobradas do Quadrilátero Ferrífero que
dá lugar a uma fase de relaxamento crustal, com posterior granitogênese e colocação na crosta de
diques máficos e acomodamento de estruturas, finalizando com a etapa de colapso orogenético e
inversão da bacia Itacolomi (Marshak & Alkmin (1989), Endo (1997), Endo & Machado (1998)).
2.3.1O Supergrupo Rio das Velhas e o magmatismo máfico-ultramáfico no Cráton
São Francisco Meridional
A gênese do Supergrupo Rio das Velhas parece estar associada a processos de acresção
ocorridos no Mesoarqueano (Teixeira 1985 e Fernandes 2001) ocasionados pela colisão de delgados
fragmentos crustais que já existiam no Paleoarqueano sobre uma crosta máfica/ultramáfica primitiva
(Fernandes & Carneiro 2000, Fernandes 2001).
Carneiro (1992), Endo et al. (1996), Endo (1997), Endo & Machado (1998) relatam que
durante o Neoarqueano, o sul do Cráton São Francisco sofreu um evento tectono-termal, com
magmatismo ultramáfico-máfico a félsico, definido como Evento Tectono-termal Rio das Velhas. No
Quadrilátero Ferrífero esse magmatismo ultramáfico-máfico associado, estaria representado por
termos estritamente vulcânicos (Padilha 1984, Schrank et al. 1990, Costa 1995, Pinheiro 1997,
Carvalho Jr. et. al. 1998, Zucchetti 1998) e ao sul por seqüências acamadadas plutônicas (Carneiro et
al. 1996, Carneiro et al. 1997a, b, Carneiro et al. 1999, Carvalho Jr. et al. 1997, Carvalho Jr. et al.
1998 a, b, Carvalho Jr. & Carneiro 1999, Carvalho Jr. 2001, Couto 2004, Carneiro et al. 2006).
Concomitante a esse evento tectono-termal, instalaram-se bacias intracontinentais profundas
as quais eram alimentadas pelo material erodido das rochas de natureza variada. Esse material ao ser
soterrado em grandes profundidades, sofreu metamorfismo de alto grau, sendo essa a provável origem
dos quartzitos arqueanos observados no sul do Cráton São Francisco (Oliveira 1999).
Segundo Teixeira (1985), no Paleoproterozóico, um arco magmático abrangeu parte do
domínio meridional do Cráton São Francisco, tendo desenvolvido esforços compressionais sobre
núcleos arqueanos estáveis, gerando um processo de magmatismo fissural básico. Para Corrêa da
Costa (1999) os diques de rochas gabronoríticas gerados nesse episódio, são correlacionáveis à Suíte
13
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Básica Norítica de Pinese (1997). Corrêa da Costa (1999) propõe ainda que após o magmatismo
máfico-ultramáfico do Neoarqueano, a região foi afetada por fraturamentos de direção NW-SE, devido
uma tectônica colisional ou uma etapa de relaxamento crustal, por onde penetraram magmas básicos,
provavelmente correlacionados a etapas tardias do Evento Tectono-termal Rio das Velhas.
Discute-se ainda nos terrenos greenstone associados a essa etapa, a possibilidade de uma
associação magmática a partir de plumas mantélicas, conforme é apresentado por Zucchetti (1998), a
partir da interpretação de dados litogeoquímicos.
14
3 CAPÍTULO 3
COMPLEXOS ACAMADADOS E OFIOLITOS: UMA REVISÃO DOS
CONHECIMENTOS
3.1
COMPLEXOS ACAMADADOS
Intrusões acamadadas, sejam sills, diques, facólitos ou prótons, são feições comuns em rochas
gabróicas, sieníticas, graníticas ou ultramáficas (Naslund & McBirney 1996). Particularmente,
complexos acamadados estratiformes de natureza ultramáfica, são mais raros. Complexos dessa
natureza estão associados a terrenos arqueanos e proterozóicos do tipo granito-greenstone (Condie
1981). A petrogênese de complexos ultramáficos, em geral, está relacionada intrusões iniciais de
magmas primários komatiíticos, como é o caso de Bushveld e Stillwater (e.g. Cawthorn & Davies
1982, Eales & Cawtorn 1996, McCallum 1996). Nos exemplos citados, entretanto, pulsos magmáticos
posteriores, de natureza diferente, contribuíram para a formação de magmas híbridos que controlaram
todo o processo de fracionamento e cristalização das unidades superiores.
Uma característica dos complexos acamadados arqueanos é que constituem corpos alongados,
contínuos ou irregulares, de grandes dimensões. Um corpo acamadado típico apresenta largura entre
0,5 e 1 km e comprimento, não raro, se estendendo por mais de 20 km (Condie 1981). Um exemplo é
o Complexo Stillwater que apresenta em média 8 km de largura possui mais de 50 km de comprimento
(Jackson 1961).
É comum esses corpos intrudirem unidades vulcânicas e sedimentares em greenstone belts, ou
associações do tipo granito-gnaisse, no caso de corpos muito extensos, como o Grande Dique do
Zimbábue e o Complexo Stillwater (Wilson 1996a, McCallum 1996). Em geral os corpos são
discordantes com as encaixantes embora alguns complexos acamadados apresentem contatos
concordantes com unidades vulcânicas, as quais podem ter sido geradas em eventos magmáticos
contemporâneos (Condie 1981). Contudo, apesar dessas relações de contato, auréolas de
metamorfismo de contato são pouco expressivas e apresentam distribuição bastante irregular. A
presença de xenólitos também é bastante freqüente em intrusões acamadadas. Viljoen & Viljoen
(1970), nesse sentido, relatam em algumas intrusões do Complexo Barbeton, a presença de xenólitos
provindos de regiões vizinhas ao corpo principal do complexo.
Quanto à variação composicional, os complexos acamadados estratiformes apresentam grande
variedade em sua composição litológica, em geral exibindo termos estritamente ultramáficos na base,
passando em direção ao topo para termos mais gabróicos ou anortosíticos (Wager & Brown 1967).
Muitos desses corpos caracterizam-se pela repetição cíclica e/ou intermitente dos seus litotipos
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
constituintes, onde os estratos variam da ordem de centímetros a poucos metros. As chamadas
unidades cíclicas caracterizam os complexos máfico-ultramáficos de Bushweld, Stillwater, Selukwe,
Grande Dique do Zimbábue e Muskox (e. g. Tyndale-Biscoe (1949), Jackson (1961), Irvine & Smith
(1967), Wagner & Brown (1967), Cotterill (1969), Irvine (1970, 1975 e 1977), De Paolo &
Wasserburg (1979), Wilson (1996), Duke (1983), Naldret & Von Gruenewald (1989), Eales et al.
(1990, 1993, 1994), Eales & Cawthorn (1996), McCallun (1996)).
No Brasil, cita-se a exemplo, os complexos acamadados de Americano do Brasil (Nilson et al.
1982, 1986), Intrusões do Vale do Curaçá - Caraíba, Surubim e Angicos (Lindemeyer 1980, Tavares et
al. 1987), Barro Alto (Suita 1996), Seqüência Acamadada Ribeirão dos Motas (Carneiro et al. 1997a e
b, Carvalho Jr. 2001) e Seqüência Cláudio (Couto 2004). Em geral intrusões máfico-ultramáficas
caracterizam-se na pela alternância microrítmica na base da intrusão, entre termos enriquecidos em
olivinas e termos enriquecidos em ortopiroxênios (níveis harzburgíticos), com predomínio de fácies
mais Ca-Na-Fe-enriquecidas em direção ao seu topo (Wagner& Brown 1967), como é o caso do
Complexo Acamadado de Bushveld (Lee 1996, Eales & Cawtorn 1996).
Não obstante a isso, corpos máfico-ultramáficos não somente estratificados, apresentando
estratificações mais espessas ou mesmo constituídos por unidades maciças, também podem ocorrer.
Esse é o caso da ocorrência do Complexo Campo Formoso (Hedlund et al. 1974) onde camadas de
cromitito podem alcançar até 6 metros de espessura.
Indiferente a natureza dos magmas parentais, o bandamento rítmico e as unidades cíclicas são
feições mais comuns, em complexos acamadados de idade arqueana. Entre os complexos mais jovens
citam-se a título de exemplo as ocorrências de Skaergaard (McBirney 1996) e Duluth (Miller & Ripley
1996). Modelos petrogenéticos para a origem dos complexos estratiformes arqueanos são diversos.
Porém, não existe um único mecanismo que possa ser aplicável a todos os complexos, explicando suas
texturas, acamamento e seqüência de cristalização. Em grande parte dos casos, o acamamento rítmico
e as texturas cumuláticas sugerem processos de cristalização fracionada, mas que em geral ocorrem
junto a outros processos, na maioria dos modelos propostos para os complexos acamadados
conhecidos (Wager & Brown 1967).
Entre os processos e mecanismos que controlariam os processos intramagmáticos se
incluiriam a injeção de novos magmas em ambiente de câmara, gerando um magma mixing (e.g. Duke
1988), processos de crescimento e nucleação em zonas preservadas de fluxo magmático (e.g. Jackson
1961), assimilação das paredes da câmara magmática (e.g. Campbell 1978, McBirney & Noyes 1979,
Rice 1981, Irvine 1975), correntes de convecção (Wager & Brown 1967), variações de pressão,
temperatura e fugacidade de oxigênio (e.g. Ulmer 1969, Cameron & Desborough 1969, Cameron
1977, 1980), assimilação de enxofre das encaixantes (Thornett 1981) entre outros.
16
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
3.2
3.2.1
OFIOLITO
Etimologia
A estrutura do termo vem da língua grega e é constituída pelo prefixo óphis, que significa
serpente e o radical litos, cujo significado é pedra.
De fato, a etimologia do tecnônimo ofiolito é atribuída a Brongniart (1827), que a incorporou
a terminologia geológica de sua época, para se referir a rochas máficas e ultramáficas serpentinizadas,
devido as cores apresentadas por essas rochas, semelhantes ao couro mosqueado e esverdeado de
muitas serpentes conhecidas.
Quanto ao aspecto de tais rochas, Dana (1946) apresentou alguns nomes tais como ofito,
ofiolito e oficalcito, para designar serpentinitos contendo minerais carbonáticos. Nesse sentido, uma
confusão histórica se instaura quando Fouqué & Michel-Levy (1879), aplicaram o termo “ofítico” para
designar a estrutura presente em doleritos, constituída pelo envolvimento de cristais de plagioclásio
por cristais de augita.
Dessa forma, durante muito tempo o termo ofiolito foi utilizado como sinônimo de toda sorte
de rochas ultramáficas serpentinizadas (Coleman 1977).
3.2.2
Definição
A reformulação do conceito de ofiolito foi apresentada por Steinman (1927), ao estudar as
zonas ofiolíticas na região do Mediterrâneo, elevando o simples conceito de nomenclatura litológica a
definição de uma associação litoestratigráfica, sendo formada na base por peridotitos serpentinizados,
harzburgitos, piroxenitos e subordinadamente, termos gabróicos, dando lugar paulatinamente a um
complexo enxame de diques de diabásio, que alimentam em sua porção apical, derrames espilitilizados
e lavas almofadadas. Rochas sedimentares de origem vulcanossedimentar, químico-sedimentar e
carbonática, também podem estar presentes e compõem o arcabouço litoestratigráfico dos ofiolitos.
Essa sucessão, em sua maior parte composta por rochas cogenéticas, onde se destacam
peridotitos e piroxenitos na base, enxame de diques em uma posição intermediária e pillow lavas,
rochas vulcanossedimentares e químico-sedimentares na porção apical derrames, ficou então
conhecida como “Trindade de Steinman” (Coleman 1977).
3.2.3
Evolução de um conceito
A “Trindade de Steinman”, como foi definida por Steinman (1927), associação
litoestratigráfica típica de um ofiolito, serviu para explicar estágios de uma evolução tardia no
17
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
desenvolvimento de
eugeossinclinais e
associações máfico-ultramáficas intrusivas em
metassedimentos, as quais Benson (1926) chamou-as de associações do tipo alpino.
Entretanto, quando da origem do conceito de ofiolito, parte do questionamento de seu tempo
advinha de entender um mecanismo em que pudesse existir cogeneticamente termos peridotíticos
plutônicos em associação com diques de diabásio e rochas efusivas.
Nesse sentido, o conceito de Bowen (1927) de cristalização fracionada, elucidou muitos desses
questionamentos e paulatinamente, outros trabalhos o sucederam, elucidando também pontos falhos ou
corroborando o modelo do conceito original, principalmente no que dizia respeito a diferenciação
magmática e a caracterização da ambiência tectônica dos ofiolitos (e.g. Bowen & Tuttle 1949, Brunn
1940, 1960 e 1961).
De especial importância, Wyllie (1967) publicou uma coleção de trabalhos de 33 autores,
esclarecendo divergências sobre os ofiolitos e caracterizando outras associações máfico-ultramáficas
conhecidas, porém de gênese e significado tectônico, distintos.
Em um desses trabalhos, a proposta de Thayer (1967) trouxe à luz da razão do conhecimento
geológico, uma reformulação da consangüinidade entre as associações máficas-ultramáficas dos
complexos ofiolíticos. Segundo o autor, toda a diferenciação magmática, desde os termos estritamente
ultramáficos, passando pelas associações gabróicas, enxames de diques e finalmente registros de
magmatismo efusivo, seria originada a partir de um magma primário peridotítico, como os que seriam
produzidos no manto.
Embora como resultado da publicação de Wyllie (1967), tenha-se observado uma grande
tendência na aceitação quanto à origem mantélica das rochas ultramáficas, instaurou-se também uma
grande divergência de opiniões quanto aos processos magmáticos envolvidos, destacando-se a
hipótese da diferenciação de líquidos básicos para formar uma trama ultramáfica e a hipótese de
magmas peridotíticos mantélicos que intrudiriam a crosta, durante os movimentos tectônicos, o que
infelizmente, nem sempre poderia ser comprovado pela ausência de uma auréola de contato.
Com o advento da teoria de tectônica de placas, surgiu uma reestruturação no estudo sobre a
gênese dos peridotitos do tipo alpino. Os primeiros ensaios teóricos retratando modelos em que lascas
oceânicas poderiam ser obductadas em margens convergentes ativas, são devidos, entre outros a
Coleman (1971), Dewey & Bird (1971), Davies (1971) e Moores (1975).
Estudos detalhados sobre a estrutura das placas oceânicas, revelaram enorme semelhança com
a associação litoestratigráfica inicialmente proposta por Steimanm (1927) e encontrada nas
associações do tipo alpino, cujo conceito pode ser aprimorado com a evolução da petrologia moderna
e da consolidação da teoria da tectônica de placas.
18
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Tendo em vista a evolução desse conceito, em 1972, a Sociedade Geológica Americana
promoveu uma conferência de âmbito internacional com a finalidade de se definir e convencionar a
aplicação do termo ofiolito. Por fim, a organização dessa conferência, que ficou conhecida como
“Conferência Penrose sobre ofiolitos”, definiu que o termo não pode constituir nomes de unidades
geológicas ou nome de rochas, e refere-se a uma associação máfico-ultramáfica em particular, que
apresenta como seqüência típica – a então chamada seqüência ofiolítica tipo Penrose – que quando
completa, apresenta um pacote com espessura entre 5 e 15 Km, caracteristicamente falhado em sua
base, o qual é estratigraficamente constituído da base para o topo por:
1.
Complexo ultramáfico. Compreende a porção basal de seqüência e apresenta composição
comumente harzburgítica, exibindo acamamento deformado e transposto, que vem a
constituir assim um harzburgito-tectonito. Os harzburgitos são interpretados como sendo a
representação do manto empobrecido. Em alguns ofiolitos, a base é composta por uma
seqüência lherzolítica, sendo então interpretada como tendo a composição do manto
enriquecido. Nesses casos, esse intervalo é sobreposto por uma seqüência harzburgítica,
do qual deriva um pacote de rochas máficas que por sua vez, o sobrepõem. Apresenta uma
deformação ao longo da zona de cisalhamento que o separa das seqüências litosféricas
superiores. Essa seqüência harzburgítica pode apresentar mais de 10 Km de espessura em
alguns ofiolitos, como por exemplo, no ofiolito de Oman (Nicolas 1989). A porção
superior do pacote harzburgítico é composta por rochas derivadas das porções inferiores
por diferenciação e cristalização fracionada, onde se incluem dunitos, websteritos,
wehrlitos e pods de olivina-cromitito. Existe uma região intermediária compreendida entre
a porção superior e a inferior, definida como a base da crosta ou descontinuidade
petrológica de Moho, diferente da descontinuidade de Moho sísmica, que ocorre cerca de
0,5 Km acima.
2.
Complexo gabróico. Comumente menos deformado que as rochas do complexo
ultramáfico. Apresenta na transição com este, um intervalo com aproximadamente 1 km,
onde ocorrem níveis acamadados com texturas cumuláticas, incluindo, níveis duníticos,
piroxeníticos e anortosíticos na base, apesar da predominância de gabros acamadados.
Sobreposto ao intervalo de gabros acamadados, ocorre um pacote que pode alcançar 5 km
de gabro predominantemente maciço, onde ainda ocorrem internamente, níveis de pouca
expressão, por vezes representando trajetórias curvilíneas, interpretados como resultado da
cristalização fracionada ao longo das paredes da câmara magmática. A parte superior do
pacote de gabro maciço é cortada por diques de diabásio e, comumente, ocorrem bolsões
trondhjemíticos.
19
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
3.
Enxame de diques. Variando de 0,5 a 2 Km de espessura, esse intervalo consiste de diques
de gabro, diabásio e veios silicosos que se entrecortam, e apresentam relação intrusiva
com os gabros maciços. Esses diques representam os condutos que levam os magmas
basálticos até a superfície.
4.
Complexo vulcânico: Constitui-se de derrames de lavas em almofadas, com cerca de 0,5 a
1 km de espessura. Pode apresentar na base dos derrames, níveis de sulfetos maciços
assim como os interstícios interpillows podem ser preenchidos por sulfetos e chert. Uma
cobertura de rochas sedimentares, representadas por chert, argilitos e rochas carbonáticas
pode estar presente.
Discutiu-se no passado a idade dessas seqüências, as quais eram tidas como resultado de
acresções de fragmentos crustais oceânicos obductados durante orogêneses proterozóicas e
fanerozóicas. A definição original proposta na Conferência Penrose, incluía seqüências
desmembradas, parciais ou metamorfisadas, mas excluía terrenos do tipo greenstone belts, ainda que
apresentassem várias das características ou membros de seqüências ofiolíticas mais jovens, fato já
questionado por inúmeros autores (e.g. Condie 1981 e 1994, Kusky 2004, entre outros).
Atualmente, os ofiolitos são interpretados como segmentos tectônicos de antigas crostas
oceânicas, formadas em diversos ambientes, que incluem zonas de espalhamento, bacias de antearco,
pós-arco, arcos magmáticos e ainda associações com plumas mantélicas (e.g. Moore 2002, Parman &
Grove 2004, Kusky et al. 2004), não se descartando, inclusive, a possibilidade de existirem ofiolitos
arqueanos, idéia que atualmente parece tomar corpo e está levando inúmeras seqüências do tipo
greenstone a serem reinterpretadas como seqüências ofiolíticas (Kusky 2004).
No Brasil são relatados os ofiolitos proterozóicos das faixas móveis limítrofes ao Cráton São
Francisco (Morro do Feio (Faixa Brasília) e São José da Safira (Faixa Araçuaí,)) e de outros registros
orogenéticos, como a Faixa Dom Feliciano (complexos Cerro Mantiqueira-Pr e Piên - RS), Faixa
Sunsas-Aguapeí (Terreno Paraguá - MS) e Província Borborema (Complexo Pedra Branca - Ce; (e.g.
Nilson 1984, Almeida et al. 1996, Brito Neves et al. 2000, Paixão et al. 2002, Suita et al. 2004).
20
4 CAPÍTULO 4
O SUBSTRATO CRUSTAL DO COMPLEXO ACAMADADO
ITAGUARA – RIO MANSO
4.1
INTRODUÇÃO
A ênfase desta dissertação centra-se no estudo litogeoquímico das unidades máficas e
ultramáficas que compõem o Complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso (CAIRM, Figura 4.1 e
Mapa Geológico no Anexo 1.2) e encaixantes. Entretanto, será apresentada neste capítulo, uma síntese
do substrato crustal do segmento estudado, visando nessas informações, conseguir a sustentação para
possíveis interpretações que venham decorrer desse trabalho. Entre essas informações, observa-se nas
encaixantes do CAIRM, a presença de fragmentos reliquiares de pequenas auréolas de contato
impressas em rochas metassedimentares, confirmando o caráter intrusivo dessa unidade. Com o intuito
de se posicionar estratigraficamente as unidades estudadas, esse capítulo propõem ainda uma
seqüência litoestratigráfica para as unidades que compõe o arcabouço geológico do segmento crustal
em questão, levando em consideração o acervo estrutural da área, as relações de contato entre as
unidades e sua implicação tectônica.
4.2
GEOLOGIA DA REGIÃO ESTUDADA
O substrato siálico do Complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso (CAIRM) é representado
localmente por gnaisses pertencentes ao Complexo Metamórfico Campo Belo e/ou Complexo
Metamórfico Bonfim (e.g. Teixeira et al. 2000, Oliveira 2004a, Carneiro et al. 2006). Localizadas
estratigraficamente acima desse substrato siálico, encontram-se as unidades supracrustais atribuídas no
presente trabalho, ao Supergrupo Rio das Velhas (Tabela 4.1), as quais são representadas localmente
pela Unidade Metamáfica e pela Unidade Metassedimentar.
Como mostram as relações de campo, o CAIRM encontra-se intrudindo tanto o substrato
siálico quanto as unidades do Supergrupo Rio das Velhas. A correlação do CAIRM com ocorrências
congêneres atribuídas ao Supergrupo Rio das Velhas (e.g. derrames komatiíticos de Morro da Onça –
Pinheiro 1998) sugerem que essa unidade represente etapas tardias do Evento Tectono-termal Rio das
Velhas ou constitua uma unidade distinta, tópico discutido no presente trabalho.
Intrudindo o CAIRM, encontram-se, a Unidade Máfica, a Unidade Vulcano-Exalativa, os
sistemas de diques máficos NE e NW, a Unidade Granítica e a Unidade Máfica Tardia, conforme
apresentado na seqüência estratigráfica apresentada na Tabela 4.1. O detalhamento dessas unidades
será apresentado nos tópicos a seguir assim como nos Capítulos 5 e 6.
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 4.1 - Mapa geológico da área mapeada
22
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Tabela 4.1 - Empilhamento estratigráfico da área em estudo
Unidade Máfica Tardia
Diabásios preservados contendo vidro e amídalas
preenchidas por minerais hidrotermais.
Suíte Granítica
Granitos médios a finos, com ou sem granada,
indeformados e não metamorfisados.
Sistema de Diques
Máficos NW (SDMNW)
Localmente representado por diques de olivina gabro, de
granularidade grossa, indeformados e não
metamorfisados.
Unidade representada por diques de gabro, pouco
deformados, exibindo transformações metamórficas de
Sistema de Diques
baixo grau em equilíbrio com paragêneses e texturas
Máficos NE (SDM-NE) ígneas. Localmente podem apresentar reações
metamórficas de graus metamórficos maiores
Supergrupo Rio das Velhas
Complexo Metamórfico
(Campo Belo ou Bonfim)
Unidade VulcanoExalativa
Corpos de metachert, associados ou não a intrusões
máficas brechadas. BIF’s associados ou não a zonas de
cisalhamento, e presença de lentes de metachert
ferruginoso e manganesífero.
Unidade Máfica
Diques de diabásio de pequena espessura, deformados e
cisalhados, metamorfisados em fácies xisto-verde.
Localmente pode ocorrer diques de lamprófiro.
Complexo Acamadado
Itaguara Rio-Manso
(CAIRM)
Corpo acamadado estratiforme, representado localmente
por unidades cíclicas de composição predominantemente
lherzolítica-harzburgítica-ortopiroxenítica. Apresenta em
quantidades subordinadas hornblenditos, metawebsteritos,
metagabros e metagabronoritos.
Unidade
Metassedimentar
Quartzitos, muscovita quartzitos, sillimanita quartzitos e
sillimanita xistos com ou sem granada, coríndon fels e
muscovita fels.
Unidade Metamáfica
Anfibolitos médios a grossos, metagabros foliados ou
não, cummingtonita xistos em associação com anfibolitos.
Gnaisses cinzas, finamente bandados e localmente
migmatizados, por vezes contendo xenólitos anfibolíticos
e ultramafíticos. Metagranitóides porfiroblásticos grossos
a finos.
Substrato Siálico
23
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
4.2.1
Supergrupo Rio das Velhas
Sobrepondo-se aos gnaisses e migmatitos pertencentes à crosta siálica arqueana (Complexo
Metamórfico Campo Belo ou Bonfim?), aflora na área uma seqüência supracrustal possivelmente
associável ao Supergrupo Rio das Velhas, o qual está representado na área pela Unidade Metamáfica e
pela Unidade Metassedimentar.
Ao que indicam as relações de campo, a Unidade Metamáfica constitui a base da seqüência e
está representada por corpos de anfibolito, metagabro e cummingtonita xisto.
Sobreposta estratigráfica e espacialmente à Unidade Metamáfica, encontra-se depositada uma
associação pelito-psamítica, composta por xistos, quartzitos fels, a qual foi denominada de Unidade
Metassedimentar.
4.2.1.1
UNIDADE METAMÁFICA
A Unidade Metamáfica é composta por metamafitos que afloram em grandes corpos
descontínuos, encontrando-se ora intensamente deformados em alguns pontos ora mais preservados
em outros. Em seções delgadas, esses metamafitos foram classificados em anfibolito (Figuras 4.2 A, C
e D), metagabro (Figura 4.2 B) e cummingtonita xisto, averiguando-se um predomínio do anfibolito
sobre as demais variedades. Posteriormente, como será visto no Capítulo 8 – Litogeoquímica dos
Metamafitos do Supergrupo Rio das Velhas e do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso – esses
metamafitos foram reclassificados quanto ao seu quimismo, na tentativa de se executar um
detalhamento químico-estratigráfico, e sua classificação será apresentada no referido capítulo.
A maior expressão em termos de volume dessas rochas ocorre em uma faixa de direção N-S,
ao longo de toda porção leste da área mapeada (Figura 4.1). Nessa região, que vai do sul da cidade de
Crucilândia até o limite com o município de Rio Manso, a unidade metamáfica está aparentemente em
contato falhado com as rochas do embasamento, conforme indicam os dados de campo, vindo a
constituir a base da Unidade Metassedimentar, do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso
(CAIRM) e da Unidade Granítica, representada localmente pelo Granito Córrego do Peixoto.
Ao longo de todo o limite oriental de grande parte do CAIRM, é possível que essa unidade
atue como encaixante para o mesmo. Embora as relações de contato sejam apenas inferidas, nessa
região a Unidade Metamáfica apresenta sua maior distribuição espacial e ocorre constantemente
bordejando o CAIRM.
4.2.1.1.1
Anfibolito
O anfibolito é uma rocha anisotrópica, densa, foliada e não magnética (Figuras 4.1 A, C e D).
Apresenta cor predominantemente mesclada em tons de negro e branco, com índice de cor variando de
24
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
mesocrático a melanocrático e granularidade variando de fina a muito grossa onde na maioria das
vezes é possível distinguir a olho nu, uma composição com predomínio de hornblenda e quantidades
subordinadamente variáveis de plagioclásio. Apesar de serem rochas essencialmente foliadas, alguns
afloramentos apresentam variedades de aspecto isotrópico, não sendo claramente perceptível sua
foliação.
Figura 4.2 – A) Anfibolito com dobra em bainha. B) Metagabro com nódulo preservado de metapiroxenito
(núcleo no centro do afloramento), ponto 54KH61.C) Pequena intrusão anfibolítica deslocada por sistema de
falhas. D) Anfibolito exibindo textura granonematoblástica em afloramento.
Microscopicamente essas rochas se caracterizam por cristais de hornblenda de granulação
variada, exibindo muitas vezes segregação de quartzo em seu interior. Nas lâminas analisadas, a
textura varia de nematoblástica a granonematoblástica. Ressalta-se, entretanto, que mesmo nas seções
onde o bandamento composicional é mais proeminente, é comum ocorrerem agregados
poligonalizados de hornblenda (e.g. 54GF61, Figuras 4.3 A e B). Quando próximos ao CAIRM,
podem estar constituindo uma textura reliquiar das paragênese da auréola de contato geradas na
intrusão dos magmas parentais desse complexo. De qualquer maneira, a orientação preferencial dos
níveis poligonalizados alternados ora ricos em plagioclásio ora ricos em hornblenda evidenciam uma
fase de recristalização dinâmica, responsável pela foliação da rocha, superimposta a uma fase anterior,
estática, na maioria das vezes não clara ou obliterada. O quartzo incluso nos cristais de hornblenda,
possivelmente está relacionado à segregação de sílica durante a recristalização desse mineral, pois
diferentemente de como ocorre com os demais cristais de quartzo nas lâminas analisadas, esta
variedade de quartzo não apresenta indícios de recristalização estática, como a formação de novos
grãos, subgrãos ou extinção evanescente.
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
A hornblenda representa aproximadamente 60% dos minerais nas lâminas analisadas,
apresentando-se como cristais anédricos, de granulação fina a média, e não raro, grossa. Notadamente
caracteriza-se pelo forte pleocroísmo castanho claro - verde azulado - verde oliva, dispostos sob a
forma de arranjos granoblásticos, ora exibindo cristais em contatos poligonais com junções tríplices
perfeitas.
Comumente os cristais desse mineral comportam, além das inclusões de quartzo, minerais
opacos e raros e pequeníssimos zircões, que causam halos pleocróicos nos cristais hospedeiros.
Algumas transformações retrometamórficas, não raramente, são observadas nesse mineral, e
compreendem uma transformação em minerais do grupo do epídoto, como a zoisita (e/ou clinozoisita)
e a alanita.
O plagioclásio (An 70-75) compreende 25 a 30% dos minerais nas lâminas analisadas. Esse
mineral representa-se por cristais incolores, anédricos, de granulação fina a média, que se dispõem
juntamente com a hornblenda e o quartzo em arranjos granoblásticos ou granonematoblásticos.
Comumente os cristais encontram-se geminados segundo a lei da albita e, nas lâminas analisadas,
apresentam avançada saussuritização.
Figura 4.3 – A) Fotomicrografia de anfibolito com arranjo poligonal entre cristais hornblenda, sugerindo fase de
recristalização estática. A seção foi obtida a partir de amostra do ponto 54GF61 (objetiva: 5x; polarizadores:
descruzados) B) Mesmo enquadramento da fotomicrografia anterior obtida com polarizadores cruzados.
O quartzo ocorre em quantidades inferiores a 10% nas lâminas analisadas. Apresenta-se sob a
forma de agregados de cristais anédricos monominerálicos poligonais recristalizados ou ainda incluso
nos cristais de hornblenda.
Como minerais acessórios, essa variedade litológica apresenta zircão, opacos e menos
freqüentemente biotita e granadas. Juntos esses minerais equivalem a quantidades menores que 2% nas
lâminas. O zircão, bastante raro, aparece como minúsculos cristais subédricos, de relevo alto,
birrefringência elevada, e promovem, em função da emissão natural de radiatividade, a formação de
halos pleocróicos nas hornblendas, como já foi mencionado.
Os minerais opacos apresentam granularidade fina, são mais abundantes que os demais
26
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
acessórios e apresentam, em certos casos (amostra do ponto 54GF61), alguma orientação preferencial
junto aos demais minerais da lâmina. A biotita foi observada apenas na lâmina 54HF40, próximo a
pequenas e raras granadas. Nessa lâmina, a biotita parece ocorrer a partir da transformação
metamórfica das hornblendas, apresentando como características diagnósticas, a cor castanha, o hábito
tabular e a extinção “olho-de-pássaro”.
Minerais do grupo do epídoto ocorrem sob a forma de inclusões. Em geral, são representados
por grandes cristais radioativos de alanita ou zoizita/clinozoizita preenchendo fraturas ou no interior de
cristais de hornblenda (amostra do ponto 54DG02).
A muscovita se origina nos processos hidrotermais superimpostos, como sugerem as bandas
de cisalhamento observadas na lâmina obtida no ponto 54GF52, que se encontram preenchidas por
esse mineral além de epídoto e porfiroclastos de hornblenda.
4.2.1.1.2
Metagabro
A denominação utilizada para esse litotipo deve-se a presença de paragêneses primárias em
equilíbrio com paragêneses metamórficas, assim como porções com texturas reliquiares ígneas que
ocorrem em seções exibindo textura predominantemente metamórfica. Esse litotipo, embora mais raro
que o anfibolito, apresenta distribuição relativamente homogênea na área em estudo e possivelmente
representa porções que se mantiveram menos afetadas pelos eventos metamórficos que atuaram no
restante da Unidade Metamáfica.
Os metagabros são rochas anisotrópicas, foliadas, escuras, apresentam densidade elevada e
magnetismo fraco ou moderado, estimado em campo com imãs de mão. Em amostra de mão, apresenta
textura inequigranular, de granulação fina a média ou menos freqüentemente, grossa. Afloramentos
rasos ou com matacões esparsos na superfície são bastante comuns.
Verifica-se em lâmina que a hornblenda é o mineral mais abundante nessa rocha e pode
alcançar quantidades equivalentes a 40% dos minerais em lâmina. O mineral ocorre como fase
secundária, originando-se pela substituição de clinopiroxênio. Na lâmina obtida de amostra do ponto
54KH61, esse mineral é menos abundante e está restrito a um de seus extremos, onde o plagioclásio é
mais freqüente. Nessa amostra, observa-se em lâmina que apresenta um fino acamamento ígneo
preservado (Figuras 4.4 C e D).
A hornblenda apresenta forte pleocroísmo nos tons de verde escuro - verde oliva - castanha
claro, e seu hábito anédrico nematoblástico, sugere uma pseudo-orientação que em verdade seria
devida a um acamamento ígneo reliquiar, a piroxênio e plagioclásio, sobre o qual cresce (Figuras 4.4 C
e D).
Esse acamamento embora mascarado pelo sobrecrescimento dos cristais de hornblenda e pela
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
deformação, mantêm inalterado alguns cristais reliquiares de clinopiroxênio (Figura 4.4 D), por vezes
sugerindo texturas cumuláticas. Sustentando essa interpretação, ainda no ponto 54KH61, foi
encontrado um nódulo indeformado contornado pela proeminente foliação geral do afloramento
(Figura 4.1 B).
Figura 4.4 – A) Nódulo de clinopiroxenito preservado em metagabro, exibindo textura adcumulática
monominerálica com titanita intercumulus (pol. //; objetiva: 5x). B) Fotomicrografia anterior vista sobre luz
polarizada. Nota-se textura adcumulática com mais evidência (pol: X; objetiva: 5x). C) Foliação em metagabro
deformado e anfibolitizado. Hornblenda desenvolveu-se sobre acamamento ígneo a clinopiroxênio e plagioclásio
(objetiva: 1.6x; pol: //.). D) Metagabro exibindo cristais reliquiares de clinopiroxênio e parcialmente
anfibolitizado (Objetiva: 1.6x; pol: //). Cpx – clinopiroxênio; Ti – titanita; Pla – plagioclásio; Hb – hornblenda.
Em lâmina, esse nódulo mostrou se tratar de um fragmento de composição clinopiroxenítica
(Figuras 4.4 A e B, lâmina 54KH61-A), apresentando plagioclásio como mineral varietal, que de
alguma forma, foi preservado da deformação e do metamorfismo.
Essa informação sugere que esses magmas ou por mecanismos associados a derrames ou
cristalização fracionada em intrusões, também geraram cumulatos. Particularmente em um dos
extremos da lâmina mencionada, o nível piroxenítico ocorre intercalado com níveis de plagioclásio, o
que poderia ser interpretado como um processo de cristalização fracionada. Uma outra possibilidade é
que esse nódulo fosse a porção reliquiar de um piroxênio fels, gerado no metamorfismo de contato
com o CAIRM, uma vez que tal afloramento encontra-se próximo ao contato com esse corpo.
Essa rocha apresenta textura que sugere um adcumulato monominerálico a clinopiroxênio,
28
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
com fase mineral intercumulus discreta constituída por magnetita e em alguns casos, por plagioclásio,
representando assim a transição para os termos gabróicos. Por outro lado, a feição equigranular
anédrica, sugestivamente poligonalizada, às vezes apresentando algumas junções tríplices que
perfazem 120º graus entre si, indicam uma recristalização superimposta ocorrida em condições
estáticas.
De modo geral, nessas rochas, o clinopiroxênio está representado por cristais incolores a
castanho-pálido, anédricos, de granulação média e relevo alto, apresentando cores de interferência que
alcançam o alaranjado de 2ª ordem. Esse mineral pode perfazer de 15% a 30% do volume dos minerais
em lâmina.
O plagioclásio ocorre como cristais anédricos, por vezes deformados ou exibindo indícios de
recristalização, os quais caracterizam-se entre outras propriedades, pela geminação polissintética
bastante evidente. Esse mineral constitui em média 40% dos minerais em lâmina.
Minerais opacos ocorrem como acessórios, que ocupam os espaços intergranulares, entre
cristais de hornblenda. Sua abundância é bastante pequena e está representada na rocha por
quantidades inferiores a 3% do volume total.
A titanita não ocorre em todas as variedades e está representada por cristais euédricos a
subédricos que se cristalizaram a partir da magnetita. O mineral destaca-se pelo relevo alto, cor
castanha, birrefringência elevada e habitus comumente euédrico ou subédrico, apresentando seções
losangulares e com certa freqüência, forma aglomerados monominerálicos.
4.2.1.1.3
Cummingtonita xisto
Em geral são rochas anisotrópicas ou isotrópicas, escuras, densas e não magnéticas. Os tipos
encontrados são equigranulares de granulação fina a média, comumente apresentando aspecto
escamoso, desagregável a mãos nuas em alguns casos.
Microscopicamente o cummingtonita xisto é uma rocha de granulação fina a média,
caracterizada por textura inequigranular nematoblástica a decussada, com padrões sugestivamente
poligonais em alguns casos, onde são observadas junções tríplices intergranulares formando ângulos a
120° (Figuras 4.5 A e B). Na amostra do ponto 54FF38, parte dos cristais de cummingtonita é
envolvida por venulações de material opaco castanho semelhante a iddingsita, que ocupa grandes
nódulos como se estivessem substituindo por pseudomorfose uma outra fase mineral outrora existente
(Figura 4.5 A). Embora também ocorra disseminado em outros pontos da lâmina, mas principalmente
nesses nódulos, é comum observar uma concentração maior de cristais granulares anédricos,
amebóides de minerais opacos, levando a uma interpretação de que esses pseudomorfos
representassem cristais fantasmas de olivina.
29
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
A cummingtonita compreende 78% dos minerais da lâmina. Ocorre sob a forma de cristais
anédricos granulares, poligonais ou mais raramente amebóides, de granulação média a grossa, onde
alguns cristais apresentam macla lamelar (Figura 4.5 B), caracterizando-se pela birrefringência
predominantemente moderada, exibindo seções incolores ou fracamente pleocróicas.
Figura 4.5 – A) Cummingtonita xisto mostrando material de alteração semelhante a iddingsita, sugerindo a
presença pretérita de olivina nessa rocha (objetiva: 5x; pol.: //). B) Seção anterior vista sobre luz polarizada,
mostrando trama subpoligonalizada dos cristais de cummingtonita e as suas freqüentes maclas lamelares.
(objetiva: 5x; pol. //). Tr – cummingtonita.
Os minerais opacos granulares e a iddingsita somam 22% dos minerais na lâmina. A iddingsita
ocorre constituindo pseudomorfos ou como preenchimento de venulações na lâmina, que envolvem os
cristais de cummingtonita, às vezes cobrindo-os e parcialmente substituindo-os. Já os cristais
granulares disseminam-se pela lâmina ou concentram-se nos pseudomorfos.
4.2.1.2
UNIDADE METASSEDIMENTAR
Essa unidade ocorre em áreas pouco expressivas sendo composta na base por uma associação
pelítico-psamítica, caracterizada pela predominância de variedades de muscovita quartzitos (Figura 4.5
A), sillimanita quartzitos (Figura 4.5 A) e quartzo xistos com granada, que gradam em direção ao topo
da seqüência para metassedimentos estritamente pelíticos, passando a predominar sillimanita xistos e
sillimanita-(cordierita?) xistos com granada.
Essa unidade ocorre sob a forma de ilhas reliquiares isoladas (Figura 4.1) em algumas regiões
com altos topográficos proeminentes. Em todos os pontos de ocorrência, essa unidade encontra-se em
contato com a Unidade Metamáfica, situando-se espacialmente sobre a mesma conforme verificado
nos pontos 54KG72, 54GJ73 e 54GJ74.
Embora os indicadores de topo e base não sejam claros ou simplesmente estejam ausentes, o
padrão da distribuição espacial observada entre as unidades Metamáfica e Metassedimentar, nos
afloramentos visitados, sugere que essa repetição possa de fato, estar mostrando um segmento da
seqüência estratigráfica da região.
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Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Nas porções mais deformadas do terreno, próximo às linhas de charneira ou zonas de
cisalhamento, os afloramentos proporcionam aspecto ruiniforme ao relevo, vez ou outra gerando
modestas cristas isoclinais (Figura 4.6 A e B).
Não raramente, pequenas porções reliquiares também ocorrem sobre o embasamento, mas a
relação entre essas unidades é desconhecida, encontrando-se mascarada pela ação da erosão e do
intemperismo.
Em relação às rochas do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, a Unidade
Metassedimentar atua como encaixante para essa intrusão (indicado na Figura 4.6 B), conforme
observado nos pontos 54GJ73 e 54GJ74 (mapa de pontos no anexo 1.1).
No ponto 54KH52, essa relação de corte está definida por porções reliquiares de uma auréola
de metamorfismo de contato, que apresenta paragêneses típicas, ora obliteradas pelo metamorfismo
regional (Figura 4.7 A).
4.2.1.2.1
Muscovita quartzito
Em geral os litotipos de natureza pelito-psamítica caracterizam-se pela foliação espaçada
proeminente embora algumas variedades apresentem constituição maciça.
Macroscopicamente são rochas de coloração variando de branco a cinza esverdeado e
apresentam densidade moderada. A presença de estruturas sedimentares é rara, embora algumas
feições mal preservadas, como estratificação cruzada e marcas reliquiares de ondas, tenham sido
encontradas na porção sul da área.
O litotipo típico ocorre no ponto 54GJ73 onde se verificou em lâmina que é caracterizado por
expressiva foliação, proporcionada pelo alinhamento de ribbons de quartzo e muscovita fina, cujo
arranjo final resulta em uma trama do tipo lepidogranoblástica. Menos deformados que os cristais de
quartzo, finos cristais anédricos de rutilo e minerais opacos complementam essa trama, dispondo-se
orientadamente ao longo da foliação da rocha.
O quartzo é o mineral mais abundante e equivale à cerca de 75 a 80% do volume da rocha. O
mineral é representado por cristais alongados do tipo ribbon, de granularidade fina, exibindo intensa
deformação interna, como pode ser visto pela extinção ondulante dos cristais. Apesar da deformação
evidente, os cristais não constituem aglomerados monominerálicos e antes disso, são separados e
circundados por finíssimas palhetas de muscovita.
A muscovita compreende aproximadamente 15% dos minerais da rocha. Ocorre sob a forma
de palhetas de diversas granulações circundando os minerais granulares, caracterizando-se pelas cores
de polarização entre 1ª e 2ª ordem e extinção anômala do tipo “olho-de-pássaro”.
O rutilo constitui quantidades subordinadas a 3% dos minerais em lâmina e ocorre sob a forma
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
de finíssimos cristais granulares, anédricos, de relevo alto e cor castanho avermelhado escuro,
proporcionando aos cristais um aspecto semi-opaco. Os minerais opacos possuem granularidade fina,
são anédricos e ocorrem em quantidades equivalentes ao rutilo.
Figura 4.6 – A) Afloramento com intercalação de sillimanita quartzito e muscovita quartzito com sillimanita e
granada, mostrado pela linha vermelha. B) Afloramento de sillimanita-quartzito em contato com o Complexo
Acamadado Itaguara-Rio Manso, marcado pela linha vermelha.
4.2.1.2.2
Muscovita quartzito com sillimanita e granada
Litotipo porfiroblástico, caracterizado por densidade moderada a alta e cor cinza esverdeada
escura. Comumente apresenta-se em lentes ou camadas junto a quartzitos (Figura 4.6 A), onde ocorre
como variedades maciças ou como variedades anisotrópicas e foliadas.
Microscopicamente as variedades estudadas apresentam fina foliação associada à clivagem
disjuntiva proeminente. A foliação da rocha é proporcionada por um arranjo de cristais de quartzo,
alongados e deformados, que constituem com muscovita de granulação fina e algumas agulhas de
sillimanita orientadas, uma matriz mais fina predominantemente lepidogranoblástica, onde grandes
porfiroblastos anédricos de granada, de cristalização pré a sin-deformacional, estão imersos,
constituindo a textura porfiroblástica com matriz lepidogranoblástica.
Constituindo de 75 a 80% dos minerais em lâmina (lâmina 54KH51), o quartzo ocorre sob a
forma ribbons de granulação média e extinção ondulante, circundados por uma matriz mais fina,
constituída predominantemente por muscovita fina ou sillimanita.
A muscovita equivale à cerca de 15 % dos minerais em lâmina e apresenta-se sob a forma de
fina poeira circundando os cristais alongados de quartzo, constituindo com esses ribbons a matriz
granolepidoblástica. As palhetas de muscovita caracterizam-se pela birrefringência elevada e pela
extinção “olho-de-pássaro”.
A sillimanita ocorre em quantidades subordinadas, inferiores a 3%. Seus cristais apresentam
habitus acicular e ocorrem sob a forma de feixes ocupando os espaços entre os cristais de quartzo da
matriz, com orientação paralela aos demais minerais da lâmina. As agulhas apresentam cores variando
de incolor a castanho claro com birrefringência moderada a baixa e extinção paralela medida em
32
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
relação às seções longitudinais.
Os porfiroblastos de granada são anédricos e apresentam granulação grossa. Em algumas
situações, parecem ter crescido sobre os demais minerais da lâmina sem exercer qualquer perturbação
na foliação. Em outras, o caráter ligeiramente amendoado da foliação é mais característico. Isso
implica na possibilidade de duas fases de cristalização: uma de crescimento pós-tectônico em relação
ao evento que imprimiu foliação ao protólito, e a outra de crescimento pré-tectônico. Os cristais desse
mineral caracterizam-se pelo aspecto límpido sem inclusões, pelo relevo muito alto e pela cor rosada.
A matriz dessa rocha apresenta ainda de forma disseminada, pouquíssimos e diminutos cristais
de rutilo, que se espalham pela lâmina e caracterizam-se pelo relevo alto e cor castanho-avermelhada
muitíssimo escura, cuja absorção mascara as cores de interferência e faz com que os cristais
apresentem um aspecto de falsa opacidade.
4.2.1.2.3
Sillimanita-biotita-muscovita-quartzo xisto com granada
Rocha escura, densa, isotrópica, de aspecto homogêneo e textura porfiroblástica. De
ocorrência pouco freqüente, em campo foi encontrada constituindo camadas ou lentes entre camadas
de quartzito e próximo ao corpo intrusivo do CAIRM.
A despeito das características e formas de ocorrência em campo, verifica-se em lâmina uma
xistosidade, evidenciada por orientação preferencial de quartzo e filossilicatos, constituindo uma
matriz lepidogranoblástica a nematogranoblástica. Mergulhados nessa matriz, cristais porfiroblásticos
de granada sin a pós-deformacionais, podem ocorrer, conferindo a rocha, a textura porfiroblástica.
Em algumas situações, a rocha é cortada por zonas de cisalhamento rúpteis (lâmina 54HJ50B),
que truncam a foliação original da matriz e reorientam os minerais na lâmina na direção dos esforços
atuantes, gerando bandas de cisalhamento com textura cataclástica, assim como a cristalização de uma
segunda geração de biotita.
Os cristais de quartzo apresentam extinção ondulante e formam aglomerados de granulação
fina, ora poligonais, ora granulares ou ligeiramente alongados. Esse mineral é o principal constituinte
dessa rocha e compreende aproximadamente 65% a 70% dos minerais em lâmina. A muscovita
equivale a frações entre 18 e 20% (lâmina 54GJ76-2) dos minerais em lâmina. Ocorre como lamelas
delgadas ou fina poeira, nos espaços entre os agregados de quartzo. Suas principais propriedades
ópticas residem no seu habitus, na ausência de cor, na birrefringência baixa a moderada e na extinção
“olho-de-pássaro”.
A biotita pode equivaler a 10% dos minerais nessa rocha (e.g. lâminas 54HJ50-B e 54GJ77).
Esse mineral ocorre como palhetas alongadas de granulação média, pleocróicas em tons de castanhoavermelhado a castanho-claro, que se dispõem ora decussada, ora alinhadas segundo a direção
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
preferencial de orientação dos demais minerais da rocha. O habitus, a cor do mineral, a extinção
paralela, o caráter óptico biaxial (-) com pequeno ângulo 2Vα e a extinção incompleta do tipo “olhode-pássaro”, constituem as principais propriedades ópticas do mineral.
A sillimanita pode equivaler a 10% dos minerais em lâmina (lâmina 54GJ76-2) embora
normalmente ocorra em quantidades subordinadas. Apresenta-se isoladamente ou sob a forma de
feixes de cristais aciculares que ocupam o espaço entre os cristais de quartzo na matriz. As agulhas
apresentam cor acastanhada clara e birrefringência moderada, raramente chegando ao azul de segunda
ordem. Ainda que bastante delgadas, exibem dimensões longitudinais expressivas que associada ao
relevo moderadamente alto, ressaltam esse mineral em relação aos demais minerais na lâmina.
A granada ocorre em quantidades subordinadas, inferiores a 5%. Os cristais porfiroblásticos
anédricos granulares desse mineral, apresentam nas lâminas analisadas, uma variação de granulação
que vai de média (lâmina 54GJ76-2) a grossa e caracteristicamente, exibe cor rosada pálida e caráter
isótropo. No entanto, em algumas lâminas, observa-se uma birrefringência anômala desse mineral,
exibindo cores de interferência em tons cinza de 1ª ordem, podendo indicar a um maior
enriquecimento do mineral no componente grossularita.
O rutilo ocorre com freqüência, porém em quantidades traço. Esse mineral caracteriza-se pelo
habitus granular, relevo alto e caráter pseudo-isotrópico proporcionado pela absorção da cor castanho
avermelhada escura. Alguns raros cristais detríticos de zircões estão presentes na lâmina 54HJ50-B.
Em geral são cristais granulares ou menos freqüentemente, prismáticos alongados. Exibem
birrefringência e relevo elevados e apresentam-se relativamente, pouco isotropizados.
4.2.1.2.4
Granada-biotita-plagioclásio-quartzo xisto
Rocha de densidade moderada a baixa, cor cinza a dourado pálido brilhante, aspecto escamoso
e de fácil desagregação ao tato. Ocorre em alguns pontos na área, no contato com o CAIRM ou com
diques gabróicos. Caracteriza-se por textura porfiroblástica em matriz granolepidoblástica, de
granularidade fina a média (Figura 4.7 A).
O quartzo é principal constituinte dessa rocha, com 40% dos minerais em lâmina, e ocorre
como cristais anédricos de formas angulosas ou amebóides, dispostos juntamente com plagioclásio e
biotita, constituindo a foliação da rocha.
A biotita apresenta habitus lamelar e granularidade fina, apresenta pleocroísmo em tons
castanhos a castanhos claros, e exibe extinção “olho-de-pássaro”. Compreende cerca de 25% dos
minerais em lâmina. Constitui com plagioclásio e quartzo a matriz da rocha.
O plagioclásio compreende cerca de 17% dos minerais em lâmina e ocorrem como cristais
anédricos de formas angulosas e granularidade fina, raramente exibindo geminação polissintética,
34
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
disseminados na matriz. O tamanho dos cristais, a geminação pouco nítida e deformada ou ausente,
impedem estimar a porcentagem do componente An.
A granada ocorre como porfiroblastos subédricos a anédricos que são envolvidos pela matriz
da rocha, gerando foliação em forma de amêndoas, sugerindo uma cristalização pré a sindeformacional em relação à foliação. Em geral a granada apresenta-se por cristais poiquiloblásticos,
que ocorrem hospedando porções da matriz constituída por quartzo e plagioclásio. Esse mineral
compreende cerca de 15% dos minerais em lâmina.
Opacos orientam-se com os demais minerais constituindo a foliação da rocha. Equivalem a
porções menores que 3% dos minerais em lâmina.
4.2.1.2.5
Sillimanita quartzito e sillimanita quartzito com granada
Rocha de densidade moderada a baixa, de cor variando de castanho a esverdeado pálido,
aspecto escamoso e fácil desagregação ao tato. Caracteriza-se a olho nu pela textura porfiroblástica em
matriz de granularidade fina a média.
Em lâmina, a rocha apresenta textura nematogranoblástica a granoblástica, exibindo ribbons
de quartzo envoltos por cristais de sillimanita fibrosa. Em algumas amostras, essa textura representa a
matriz da rocha, a qual envolve porfiroblastos de granada, pré a sin-deformacionais.
O quartzo representa de 80 a 85% dos minerais nessas rochas e caracteriza-se pelo aspecto
alongado e orientado, ora recristalizado, constituindo com a sillimanita,a foliação da rocha. A
sillimanita é fibrosa orienta-se juntamente com os cristais de quartzo, constituindo a textura
granonematoblástica, comumente observada na matriz. Constitui de 15 a 20% dos minerais em lâmina.
Os porfiroblastos de granada são granulares, anédricos e exibem uma ligeira perturbação na
matriz que torna-se amendoada. Os cristais apresentam cor rosa-pálido e são isótropos.
4.2.1.2.6
Granada-quartzo-sillimanita xisto (com cordierita?)
Rocha foliada, fibrosa, terrosa, pouco densa e eventualmente porfiroblástica. Essa variedade
pode ser encontrada principalmente na área da usina de reciclagem de lixo, na cidade de Itaguara.
Em lâmina, as variedades estudadas desse litotipo, exibem foliação espaçada com clivagem
discreta, onde os micrólitons orientados são constituídos por cristais de sillimanita e quartzo,
formando uma matriz granonematoblástica a decussada. Por sua vez, essa matriz sustenta
porfiroblastos sin a pré-deformacionais de granada, que conferem à rocha a textura porfiroblástica com
matriz nematoblástica (Figuras 4.7 A, B, C e D).
Na lâmina 54LH51, aglomerados nematoblásticos de sillimanita de granularidade mais fina,
alternam-se com porções de foliação contínua mais grossa e textura variando de granoblástica a
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
porfiroblástica, constituídas mineralogicamente por quartzo, granada e um mineral muito alterado,
contendo inclusões de sillimanita.
Esse mineral, a julgar pela paragênese em que ocorre e pelas bordas de reação observadas no
contato com a granada, supostamente pode se tratar de fantasmas de cordierita. A presença de
cordierita nessa paragênese com granada registra uma condição de equilíbrio que ocorre a
temperaturas elevadas e intervalos restritos de pressões, em um sistema apresentando razão
FeO/(FeO+MgO) entre 0,4 e 0,8 (Currie 1971).
Figura 4.7 – A) Seção típica de granada-biotita-plagioclásio-quartzo xisto mostrando porfiroblastos amendoados
sin-deformacionais de granada (mineral isótropo) em matriz granolepidoblástica (objetiva 1.6x; pol.: X). B)
Seção em granada-quartzo-sillimanita xisto mostrando feixe paralelo de sillimanita prismática (objetiva 1.6x;
pol.: X). C) Seção da mesma lâmina anterior mostrando arranjo decussado de sillimanita prismática (objetiva
1.6x; pol.: //). D) Mesma seção anterior vista com luz polarizada (objetiva 1.6x; pol. //).
Em termos gerais, a sillimanita é o principal constituinte dessa rocha. Na lâmina 54LH51,
equivale a 40% do volume de minerais na seção. O mineral ocorre como cristais aciculares e
prismáticos de granulação média a fina, exibindo birrefringência moderada a baixa e extinção paralela
em relação às seções longitudinais, sendo que nas seções basais são exibidos planos de clivagem
dispostos diagonalmente em relação às seções quadráticas do prisma.
O mineral com alteração intempérica de cor marrom, supostamente interpretado como cristais
fantasma de cordierita, compreende 35% em volume na lâmina 54LH51. Esse mineral está
36
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
representado por cristais anédricos de granulação grossa, totalmente encoberto por fina poeira marrom
que oblitera a análise de suas propriedades ópticas. Nesses cristais, encontram-se inclusas acículas
orientadas de sillimanita, quartzo e porfiroblastos anédricos de granada, rodeados por borda de
alteração constituída por material opaco de cor vermelha, possivelmente uma fase da reação entre esse
mineral e a granada.
Compreendendo aproximadamente 12% dos minerais em lâmina, o quartzo constitui
agregados poliminerálicos deformados, com contatos interlobados e extinção ondulante.
A granada equivale por quantidades inferiores a 10% dos minerais em lâmina e está
representada por cristais porfiroblásticos anédricos de granulação grossa, fraturados e corroídos, e às
vezes, alterados para opaco e clorita. Nesse caso a clorita ocorre em quantidades traço, preenchendo
fraturas na granada.
Minerais opacos encontram-se disseminados na lâmina e representam quantidades inferiores a
3%. Em geral são representados por cristais anédricos, às vezes corroídos, de granulação fina.
4.2.1.2.7
Mica branca fels e coríndon-mica branca fels
Em geral são rochas não foliadas, de aspecto maciço e cor verde clara, apresentando densidade
elevada a moderada. O coríndon-mica branca fels apresenta textura porfiroblástica caracterizada por
porfiroblastos de coríndon que alcançam seis ou sete centímetros de comprimento (Figura 4.8 A). Essa
rocha ocorre próximo ao contato com o CAIRM, como um dos litotipos associados a auréola de
metamorfismo de contato entre esse corpo e unidades metassedimentares.
Em seção delgada, essa rocha caracteriza-se pela textura decussada representada por cristais de
mica branca acicular muito delgada, que ocorre por vezes entremeando cristais maiores de textura
maculosa, conferindo a porções da rocha a textura homônima.
A mica branca na amostra do ponto 54JH56 equivale a 98% dos minerais na seção e
caracteriza-se pelo hábito fibroso e extinção anômala “olho-de-pássaro”.
Em quantidades subordinadas a 2%, ocorre ainda o rutilo. Os cristais desse mineral são
anédricos granulares de granulação fina, apresentam relevo alto e cor castanho avermelhada escuro
que lhe confere falsa opacidade, em função do mascaramento das cores de interferência pela forte
absorção, sob polarizadores cruzados.
O coríndon ocorre na amostra do ponto 54HF44, em meio à matriz de filossilicatos em
quantidade relativa a 30% do volume da rocha (Figuras 4.8 B, C e D). O mineral é representado por
cristais prismáticos, incolores, de relevo alto, birrefringência baixa, mostrando uma ligeira alteração
para filossilicatos no interior das fraturas.
37
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 4.8 – A) Afloramento de coríndon-mica branca-fels mostrando porfiroblasto de coríndon à frente da
bússola. B) Detalhe de porfiroblasto de coríndon. A birrefringência encontra-se anômala devido à dificuldade de
atingir a espessura desejada da lâmina em seções em que esse mineral está presente (objetiva: 5x, pol. X), C)
Porfiroblasto de coríndon em matriz de mica branca (objetiva: 16x; pol:. //). D) Fotomicrografia anterior com luz
polarizada (objetiva: 16x; pol.: X).
4.3
4.3.1
METAMORFISMO
Considerações preliminares
Os eventos metamórficos que atuaram nas unidades abordadas no presente capítulo são
discutidos nesse tópico, com base na interpretação das paragêneses e texturas observadas em lâmina.
Em escala de lâmina, os eventos de superimposição metamórfica numa região qualquer, nem sempre
podem ser diagnosticados com clareza, pois a superimposição desses eventos pode gerar a obliteração
das estruturas preexistentes, o que dificulta a distinção dos mesmos.
Na região em estudo, a partir da análise petrográfica dos litotipos estudados, foram
interpretadas pelo menos três fases de metamorfismo. Umas das fases diz respeito a uma auréola de
contato gerada pela intrusão do Complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso. A segunda fase
compreende um metamorfismo regional de médio a alto grau, associado à deformação e reacomodação
de estruturas pré-existentes, que conforme será discutido posteriormente, também é observada no
CAIRM. O terceiro evento diz respeito a processos retrometamórficos/metassomáticos, de baixo grau,
associados a manifestações hidrotermais tardias diversas. Apresenta-se seguir, uma breve descrição
38
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
dessas fases de metamorfismo.
4.3.2
Metamorfismo de Contato
Ainda que a Unidade Metassedimentar não seja tão expressiva em termos de área, essa
unidade resguarda um importante dado que é a relação de contato com o CAIRM, onde atua como
encaixante para o mesmo. Conforme observado em vários pontos, os litotipos estudados dessa
unidade, apresentam um conjunto de paragêneses, que a partir do contato com o CAIRM, indicam um
decréscimo nas condições de temperatura que atuaram no metamorfismo dessas rochas. Muitas vezes,
uma assembléia de litotipos que apresentam paragêneses de metamorfismo a temperaturas ou graus
metamórficos diferentes, compartilham o mesmo afloramento ou afloram em porções bem próximas
do terreno, sendo, portanto, interpretadas como porções reliquiares de uma auréola de contato, gerada
pela intrusão do CAIRM na Unidade Metassedimentar ou em seu protólito. No entanto, parte dessa
auréola de contato, encontra-se obliterada por processos deformacionais e metamórficos posteriores,
que segmentaram e reequilibraram sob novas condições de pressão e temperatura, não somente a
Unidade Metassedimentar e Unidade Metamáfica, mas toda a geologia da região. A primeira
ocorrência de sillimanita marca o início das fácies de maior temperatura, que nessa auréola de
metamorfismo de contato, variam de piroxênio-hornfels a hornblenda-hornfels, vindo a constituir a sua
zona mais expressiva. As demais zonas da auréola de contato foram erodidas ou encontram-se
obliteradas pela superimposição do metamorfismo regional. Nas zonas de maior temperatura da
auréola de contato, o mineral índice nas rochas meta-pelítico-psamíticas é a sillimanita. Nas
metamáficas, a horblenda é o mineral índice. As paragêneses predominantes nas rochas meta-pelíticopsamíticas ao que se parece, definem algumas subfácies, e são apresentadas a seguir, pelo que seria
uma ordem decrescente de temperaturas:
quartzo± sillimanita ± granada;
sillimanita ± (cordierita?) ± quartzo ± granada;
quartzo± muscovita ± biotita ± sillimanita ± granada;
quartzo ± muscovita ± sillimanita ± granada;
quartzo ± plagioclásio ± biotita ± granada;
Nas rochas metabásicas, a paragênese predominante é:
hornblenda ± plagioclásio ± quartzo ± titanita ± granada;
Segundo Richardson (1968), nas pressões limites do metamorfismo de contato, a paragênese
quartzo± sillimanita ± granada (almandina) se cristalizaria em temperaturas na ordem de 700º C. Sob
pressões menores, essa paragênese iria se cristalizar a temperaturas ainda maiores. Nesse caso, o
39
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
registro de elevadas temperaturas, está refletido na presença de sillimanita em paragêneses com
almandina.
As rochas que apresentam paragêneses constituídas por quartzo, granada e sillimanita, muitas
vezes apresentam indícios de terem sido reequilibradas e deformadas durante metamorfismo regional,
conforme indica a recristalização e deformação dos cristais de quartzo e recristalização de sillimanita
na variedade fribrolita. Nesse caso, os litotipos típicos, exibem cristais de granada com características
de cristalização pré-deformacionais embora cristais sin-deformacionais também ocorram. No caso do
granada quartzo-(cordierita?)-sillimanita xisto e do sillimanita quartzito com granada analisados, os
cristais de granada apresentam crescimento estritamente pré-deformacional, mostrando que a gênese
desse mineral não está associada ao metamorfismo regional. No entanto, alguns cristais de granada
analisados, indicam crescimento variando de pré a sin-deformacionais, a citar, por exemplo, os
porfiroblastos amendoados de granada envolvidos pela foliação da rocha no granada-biotitaplagioclásio-quartzo xisto descrita no texto. Essa textura pode ser devida a um possível
sobrecrescimento metamórfico em cristais de granadas pré-existentes durante o reequilíbrio ocorrido
no metamorfismo regional, uma vez que alguns cristais englobam parte da matriz. Contudo, a ausência
de análises de microssonda eletrônica não sustenta essa interpretação. Além desses, alguns cristais
estritamente pré-deformacionais e sin-deformacionais, constituem outras gerações de granada
observadas nessa rocha. Esses cristais poderiam ter se cristalizado, respectivamente, durante o
metamorfismo de contato e durante o metamorfismo regional.
Com o decréscimo gradual da temperatura, na auréola de contato, seria possível encontrar um
ponto de equilíbrio, que estaria representado pela convivência estável das paragêneses sillimanita ±
cordierita e almandina ± sillimanita ± quartzo (Richardson 1968, Holdaway 1971, Holdaway & Lee
1977, Hegelson et al. 1978, Turner 1981). Isso explicaria a paragênese sillimanita ± cordierita(?) ±
granada ± quartzo observada na Unidade Metassedimentar. A amostra de granada-quartzo(coriderita?)-sillimanita xisto analisada, parece ter sido bastante preservada pelo metamorfismo
regional. Esse fato fica evidenciado pela textura variando de nematoblástica a decussada, constituída
por sillimanita prismática, em equilíbrio com porções estritamente granoblásticas a poiquiloporfiroblásticas, onde cristais de granada são envolvidos por possíveis macrocristais de cordierita
alterada. A granada está presente como mineral de cristalização pré a sin deformacional com relação a
sillimanita e apresenta bordas de reação com o mineral hospedeiro (cordierita?). Nesse exemplo em
particular, essa borda de reação, é interpretada como o registro do equilíbrio entre granada e cordierita
na paragênese sillimanita ± cordierita (?) ± granada ± quartzo.
As paragêneses quartzo ± muscovita ± biotita ± sillimanita ± granada (sillimanita-biotitasericita-quartzo xisto com granada) e quartzo ± muscovita ± sillimanita ± granada (sillimanitamuscovita quartzito com granada) representam subfácies intermediárias que possivelmente possuem
40
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
os maiores sinais da obliteração causada pelo metamorfismo regional superimposto. O campo de
estabilidade para essa paragênese, sob pressões do metamorfismo de contato equivalentes àquelas
encontradas em seu limite superior, próximo ao limite inferior da fácies anfibolito do metamorfismo
regional, ocorre sob temperaturas da ordem de 680ºC (Fyfe & Turner 1966, Fyfe 1967, Richardson
1968). Igualmente, sob mesma temperatura, a estabilidade dessa paragênese também é pertinente para
pressões maiores, como acontece no metamorfismo regional. Nas amostras analisadas em que se
observou essa paragênese, a relação textural nem sempre é muito nítida. Em alguns casos, as granadas
são pré-deformacionais, com relação à foliação da rocha, o que suporta a tese de terem sido formadas
durante o metamorfismo de contato. Em outros casos, as granadas são sin a pós-deformacionais
(e.g.lâmina 54GJ76-2), sugerindo que sua cristalização se deva ao metamorfismo regional. Conforme
descrito, a granada observada na lâmina 54GJ76-2 que seria desse tipo, apresenta birrefringência
anômala e exibe cores de interferência em tons cinza de 1ª ordem, podendo indicar um maior
enriquecimento do mineral no componente grossularita, o que não condiz com o metamorfismo de
contato em protólitos Fe-enriquecidos, onde a granada seria da variedade almandina.
Nas porções mais distais do contato com o CAIRM, as paragêneses indicam uma diminuição
de temperatura, dentro do domínio do metamorfismo de contato. Essas paragêneses variam de quartzo
± sillimanita (sillimanita quartzito) a quartzo ± muscovita (muscovita quartzito). Em quantidades
menos expressivas, algumas rochas apresentam ainda paragêneses constituídas por muscovita ±
coríndon (muscovita-coríndon fels) ou apenas muscovita (muscovita fels).
Quanto a Unidade Metamáfica, a auréola de contato nessa unidade encontra-se totalmente
obliterada pelo metamorfismo regional. A paragênese hornblenda ± plagioclásio ± quartzo ± titanita
está presente tanto na região de contato com o CAIRM quanto nas demais áreas onde afloram a
Unidade Metamáfica. É possível que a predominância na textura granonematoblástica com tendência a
mosaico poligonal observada na Unidade Metamáfica, próximo ao contato com o CAIRM, constitua
uma das poucas feições reliquiares da auréola de contato nessa unidade. Os cristais de quartzo inclusos
nos cristais poiquilíticos de hornblenda teriam, contudo, se cristalizado durante o reequilíbrio dessa
unidade sob condições de metamorfismo dinâmico. As porções da Unidade Metamáfica onde
metamorfismo de contato atingiu temperaturas maiores, encontram-se totalmente reequilibradas em
condições metamórficas de fácies anfibolito e os indícios da auréola de contato estão totalmente
mascarados. O núcleo de metaclinopiroxenito descrito na amostra 54KH61 desponta-se uma possível
porção reliquiar do protólito, talvez um núcleo de clinopiroxênio fels, que se manteve intacta ao
metamorfismo regional de fácies anfibolito. Dessa forma, com exceção da Unidade Metassedimentar,
a presença de porções reliquiares da auréola de contato na Unidade Metamáfica, é meramente
especulativa. De forma geral, conforme mostram os indícios, o metamorfismo regional superimposto a
auréola de contato, atuou de forma a reequilibrar e/ou recristalizar as paragêneses pré-existentes, sendo
as feições desse metamorfismo nem sempre tão claras.
41
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
4.3.3
Metamorfismo Regional de Alto Grau
Essa fase de metamorfismo está relacionada à deformação regional com reequilíbrio das
paragêneses pré-existentes. As paragêneses observadas na Unidade Metamáfica e de certa forma na
Unidade Metassedimentar são compatíveis com metamorfismo de fácies anfibolito a anfibolito
superior. Na Unidade Metamáfica, esse metamorfismo está representado pelas paragêneses
plagioclásio ± hornblenda ± quartzo, plagioclásio ± hornblenda ± quartzo ± titanita e cummingtonita ±
opacos (magnetita), onde a textura que varia de nematoblástica a granonematoblástica com tendência a
mosaico poligonal, pode indicar um reequilíbrio dessas rochas em condições de fácies anfibolito.
Na Unidade Metassedimentar, o metamorfismo regional está implícito na presença da foliação
gerada a partir da deformação dos cristais de quartzo formando ribbons em quartzitos, na cristalização
de cristais porfiroblásticos sin a pós-deformacionais de granada, e em uma possível recristalização de
sillimanita acicular (fibrolita) a partir da sillimanita prismática.
4.3.4
Retrometamorfismo
As transformações retrometamórficas observadas nessas rochas não parecem ter apresentado
uma abrangência regional ou os processos não foram tão eficientes. O retrometamorfismo presente nas
rochas da região está associado a manifestações hidrotermais tardias em zonas de falha, e não
raramente, através de processos vulcano-exalativos, como será descrito no Capítulo 6. No sul da área
mapeada, os processos retrometamórficos na Unidade Metamáfica e Metassedimentar, assim como
observado no CAIRM, podem, em parte, decorrer das fases hidrotermais tardias associadas à intrusão
do Granito Córrego do Peixoto, dado que requer de mais estudos para ser confirmado.
A saussuritização do plagioclásio, a cloritização da granada, a geração de epídoto e biotita a
partir de hornblenda e plagioclásio ou a geração de muscovita às custas de coríndon, constituem as
principais transformações retrometamórficas observadas nas unidades Metamáfica e Metassedimentar
na área mapeada. Além dessas transformações não apresentarem grande expressividade nessas
unidades ou ainda se restringirem a pontos específicos (e.g., zonas de cisalhamento), as alterações
intempéricas na maioria das vezes, estão sobrepostas, mascarando suas principais feições.
42
5 CAPÍTULO 5
COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA-RIO MANSO
5.1
INTRODUÇÃO
Conforme dito anteriormente, denomina-se, nesta dissertação, de Complexo Acamadado
Itaguara-Rio Manso (CAIRM) um corpo acamadado estratiforme de grandes proporções, de protólito
ultramáfico-máfico, mapeado no segmento crustal em estudo, bem como a associação de corpos
menores, aparentemente cogenéticos a esse e que ocorrem em suas imediações.
O corpo principal desse complexo acamadado ocupa toda a porção médio-oriental da área
mapeada, por onde se estende na direção NW-SE. A norte, na localidade de Morro da Onça, esse
corpo faz contato com uma seqüência ultramáfica efusiva atribuída por Pinheiro (1998) ao Supergrupo
Rio das Velhas. A continuidade desse corpo na localidade de Morro da Onça é discutida por Andreatta
(2007; no prelo) e a possibilidade de ambas ocorrências serem cogenéticas, será alvo de análise, em
capítulos posteriores desta dissertação.
Outros corpos de menor dimensão, também ocorrem na região. Na porção meridional da área,
existe um segmento desmembrado do corpo máfico-ultramáfico principal, porém suas reais
dimensões, a sul da área mapeada necessitam ainda de maior detalhamento.
Composicionalmente, o Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso apresenta uma variação
litológica que inclui de metaperidotitos (metaharzburgitos e metalherzolitos) a termos mais gabróicos,
passando por metaclinopiroxenitos e metawebsteritos. Dentro desses domínios, o acamamento
magmático exibe uma alternância químico-composicional entre um e outro termo ígneo com notada
ciclicidade (Figuras 5.1 A e B, 5.2 A e B, 5.3 A e B) e estratificações apresentando espessura variando
de centimétrica a métrica. Acamamentos mais delgados, com espessuras centimétricas variando até
aproximadamente um metro e não raramente apresentando repetição rítmica de sua composição
litológica, são bastante freqüentes. Daí vem o termo “microrítmo”, utilizado no presente trabalho, para
designar as estratificações e microestratificações, com repetição composicional rítmica. Os
metaultramafitos pertencentes a essa unidade, em geral, constituem afloramentos com rocha sã,
apresentando acamamento ígneo cíclico bastante preservado, com camadas ora maciças ora
constituídas por microrítmos (Figuras 5.1 A e B; 5.2 A e B, 5.3 A e B).
Comumente em um mesmo afloramento, é possível observar uma enorme quantidade de
termos química e mineralogicamente distintos coexistindo em intervalos que variam de alguns
centímetros a poucos metros, e uma escala de granularidade que varia desde termos com textura
pegmatóide, porfiríticos, até termos mais finos ou totalmente afaníticos e homogêneos.
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 5.1 - Detalhes de variação granulométrica em acamamento ígneo do CAIRM. A) Observa-se o
acamamento em metaortopiroxenito de aspecto pegmatóide. A linha tracejada em vermelho define os limites do
acamamento. B) Afloramento de metaharzburgito apresentando variação de granularidade interna ao
acamamento ígneo. Devida a localização do afloramento, em porção dobrada do CAIRM, observa-se foliação
truncando o acamamento ígneo.
Os litotipos caracterizam-se por apresentarem índice de cor ultramelanocrático, densidade alta,
e em geral, forte magnetismo, exibindo uma paleta de cores que oscila do negro ao cinza escuro
esverdeado. De modo geral, o acamamento magmático (S0) encontra-se basculado e dobrado, o que
parece estar associado a um sistema de dobras e falhas de empurrão com direção NE-SW e vergência
predominante para NW, que desponta-se em todo o limite NW do CAIRM. Ao que parece, esse
sistema de dobras e falhas de empurrão, soergueu e empurrou toda a porção NW da área mapeada em
direção à sul e sudeste, gerando pequenas napes e anticlinais recumbentes. Estas estruturas estão bem
definidas na porção SW do corpo ultramáfico-máfico, próximo à cidade Itaguara.
O complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, ao longo de toda a sua extensão ainda é afetada
por um sistema de falhas direcionais NW-SE, que aparentemente também afetou o sistema de falhas
de empurrão NE-SW. Falhas direcionais, apresentando componentes oblíquas, também parecem estar
associadas a esse sistema falhas, como é o caso da falha transpressiva sinistral que ocorre no limite W
da área mapeada (ver Figura 4.1). Completando esse cenário geológico, a porção sul e sudeste da área
em estudo, exibe um acervo de estruturas envolvendo dobras com planos axiais de direção NE-SW e
E-W, além dos sistemas de falhas descritos.
44
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Essas estruturas, ao que se parece, reacomodaram as estruturas inicialmente formadas,
colocando o CAIRM em contato tectônico com as demais unidades em vários locais. Quanto aos
litotipos que compõe o CAIRM, sua distribuição espacial não é muito clara. Observa-se, nesse sentido,
que na porção SW do corpo ultramáfico-máfico, existe uma maior representatividade de litotipos
apresentando composição predominantemente peridotítica. Esse domínio aparentemente se estende na
direção E, até a porção central da área, onde a composição piroxenítica é predominante.
Quanto às relações estratigráficas com as demais unidades litodêmicas que compõe a geologia
da região, o Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso apresenta contato intrusivo com a maioria das
unidades estudadas. Essa relação é bastante clara quanto às rochas do complexo metamórfico e as
rochas da Unidade Metassedimentar.
Particularmente, entre o CAIRM e as rochas do complexo metamórfico, as relações
litoestratigráficas são bem caracterizadas, exibindo em alguns pontos perfeita relação de intrusão
(pontos 54KI54 e 54GI76) além de evidências em vários outros pontos que corroboram o fato dessa
unidade ser intrusiva nas rochas do embasamento.
A título de exemplo, no ponto 54GI76, no distrito de Corrêas, na estrada que liga Itaguara à
Crucilândia, é observado um afloramento que expõe, em parte do corpo ultramáfico, dois xenólitos,
um de metagranitóide e outro de metaultramafito, semelhantes àqueles encontrados nos gnaisses da
região, ao mesmo tempo em que as encaixantes do corpo, no local, são representadas por um saprólito
de natureza félsica. O xenólito de metaultramafito está apresentado na Figura 5.2 A, encontrando-se
envolvido por linha vermelha pontilhada, onde se pode verificar que está “mergulhado” em um dos
estratos do acamamento ígneo.
Contornando o xenólito, pode-se observar em campo, a presença de uma fina foliação,
provavelmente o resultado da interação entre os líquidos magmáticos quentes e o corpo estranho.
Nesse afloramento, embora constituído em grande parte por saprólito, é possível verificar o
acamamento magmático (S0) basculado e deslocado por zona de cisalhamento reversa. As cores
distintas apresentadas nesse afloramento pelo material de alteração, nos estratos formados por litotipos
de composições diferentes, marcam perfeitamente a repetição cíclica dentro dessa intrusão. O
acamamento cíclico, no topo do corte de estrada, encontra-se bastante preservado, e exibe blocos
aflorantes de rocha sã.
No que diz respeito à Unidade Metamáfica, o contato encontra-se possivelmente encoberto, e
sua representação em mapa é apenas inferida. As demais unidades presentes na área, ainda não
mencionadas, são posteriores a intrusão do CAIRM e ao evento metamórfico de alto grau que
retrabalhou a crosta siálica, o Supergrupo Rio das Velhas e o próprio CAIRM, a julgar pelas
paragêneses metamórficas ou simplesmente pela ausência de metamorfismo.
45
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 5.2 – A) Afloramento do ponto 54GI76, mostrando em saprólito, acamamento magmático basculado e
deslocado por zona de cisalhamento. Observa-se repetição cíclica das variedades litológicas em estratos com
pouco mais de um metro de espessura, representada pelos algarismos romanos. Nota-se xenólito de ultramafito
demarcado por linha vermelha tracejada. B) Acamamento magmático (linha vermelha contínua) cortado por
foliação (linha vermelha tracejada).
46
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Figura 5.3 – A) Detalhe de microestratificações (microrítmos). B) Textura cumulática em metaharzburgito.
Descreve-se a seguir, as variedades petrográficas mais significativas, em função de sua
ciclicidade e importância petrogenética.
5.2
5.2.1
VARIEDADES PETROGRÁFICAS DO COMPLEXO ACAMADADO
ITAGUARA – RIO MANSO
Metalherzolito
O metalherzolito estudado caracteriza-se ou pela alternância de microrítmos, ora ricos em
fantasmas de olivina, ora ricos em piroxênios (lâminas dos pontos 54IG90, 54IG85, 54IG88-2, 54IG93, 54IG-31 e 54JH57) ou pela associação entre cumulatos pseudomorfisados de olivina e
heteradcumulatos caracterizados por cristais isolados de olivina talcificados/serpentinizados,
englobados por cristais anédricos amebóides de ortopiroxênio (e.g. 54IG91). Comumente, essas
texturas ígneas reliquiares encontram-se em equilíbrio com texturas metamórficas do tipo
nematoblástica e decussada, associadas à pelo menos duas gerações de anfibólios. Particularmente, a
amostra do ponto 54JH57, exibe em lâmina banda de cisalhamento com deformação milonítica,
composta por piroxênios cominuídos e parcialmente anfibolitizados e anfibólios que se formaram ao
longo da atuação dos esforços de cisalhamento. Esse processo de deformação rúptil parece ser
responsável, pela geração de pelo menos uma das direções de foliação observadas não somente nas
lâminas mencionadas, mas em todo o complexo acamadado. Em alguns casos, o material das bandas
47
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
de cisalhamento, é totalmente substituído por serpentina, sugerindo uma atividade metassomática ou
metamórfica tardia de baixo grau. Nesse sentido, as amostras coletadas em pontos próximos a zonas
de cisalhamento, apresentam uma substituição total dos níveis cumuláticos a olivina e piroxênio por
talco e serpentina, gerando níveis intercalados, compostos essencialmente por esses minerais. Da
mesma forma, palhetas de clinocloro, podem ser encontradas imersas na trama asbestiforme da
serpentina. Não raramente, o clinocloro associa-se também a flogopita, nos agregados de serpentina, o
qual ocorre substituindo. O clinocloro em algumas lâminas pode também se formar às custas de
anfibólios, piroxênios e flogopita (ver Figura 5.5). Esse mineral ocorre sob a forma de escamas de cor
cinza anômala, comumente exibindo cristais deformados e extinção ondulante. Os traços dos planos de
clivagem mantêm-se preenchidos por opacos resultantes de processos de alteração, gerando feixes de
cristais alongados e paralelos, característica também observada na flogopita.
Apesar de existir um padrão regional quanto às direções das bandas de cisalhamento
observadas em escala de lâmina, as relações cronológicas entre as famílias de foliações observadas,
não são, muito claras. Em várias situações, por exemplo, pouco se distingue essas famílias, ao analisar
as várias direções de crescimento orientado dos anfibólios, que como mencionado, conferem à lâmina
texturas nematoblástica a decussada, em equilíbrio, com texturas cumuláticas reliquiares. Nas
variedades de metalherzolito, que exibem textura heteradcumulática reliquiar, os anfibólios
desenvolvem-se marginalmente aos cristais de ortopiroxênio ou internamente, próximo aos traços de
fraturas, juntamente com espinélios e opacos. A partir de suas propriedades ópticas, esses anfibólios
foram caracterizados como antofilita e tremolita. A antofilita é incolor, apresenta sinal óptico biaxial
(–), birrefringência alta (∆≈0,025), habitus acicular (ou menos freqüentemente prismático) e extinção
paralela. A tremolita também é incolor, sua birrefringência é alta (∆≈0,026), o sinal óptico é biaxial (–
), seus cristais são aciculares ou prismáticos finos, pouco freqüentemente apresentando-se maclado. À
vista desarmada, difere-se da antofilita por apresentar extinção oblíqua. Não se descarta a
possibilidade de ainda haver uma associação entre tremolita e Mg-hornblenda, uma vez que a distinção
entre esses dois Ca-anfibólios, nessas rochas, seja praticamente impossível apenas por meios ópticos
convencionais.
Quanto à composição modal da olivina, estima-se pela análise dos pseudomorfos nas lâminas
estudadas, que esse mineral tenha alcançado quantidades em torno de 50% de volume dos minerais em
rocha contra os 30% ou 35% dos piroxênios. Apesar de encontrarem-se, em alguns casos,
intensamente serpentinizados, os cristais desse mineral, não raramente, mantêm preservadas porções
intactas do mineral original, exibindo relevo alto, birrefringência elevada e um padrão randômico de
fraturamento, típico das olivinas. Nas porções intactas, é possível verificar ainda, a presença de
iddingsita como material de alteração. A serpentina que é geralmente incolor, também ocorre em tons
amarelados, constituindo agregados asbestiformes substituindo antigos níveis cumuláticos ou
preenchendo fraturas e bandas de cisalhamento. Esse mineral possui birrefringência baixa, com
48
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
predomínio de cores de polarização do início da primeira ordem. O talco ocorre como fina poeira ao
redor e cobrindo os grandes cristais de ortopiroxênio. Menos freqüentemente, palhetas finas também
ocorrem, caracterizando-se pela extinção olho-de-pássaro.
O espinélio representa cerca de 4% dos minerais em lâmina, podendo em alguns casos chegar
a alcançar concentrações próximas a 15% (ponto 54IG90). Em geral, os cristais variam de anédricos a
subédricos e em algumas amostras mais deformadas, apresentam estruturas de tração do tipo pullapart. Esse mineral exibe granularidade variando de fina a média e comumente, zonamento
composicional, apresentando cores que vão, do centro para as bordas, do castanho ao verde
acastanhado, apesar de cristais essencialmente castanhos tenham sido observados em algumas
amostras (e.g.lâmina 75IG85). Os opacos são representados por cristais de granularidade fina a média
e podem alcançar quantidades equivalentes a 10% ou 12% dos minerais em lâmina. De formas
comumente anédricas e raramente subédricas, algumas lâminas exibem ainda cristais com caverna de
corrosão (e.g. pontos 54IG85 e 54IG90), evidenciando possíveis reações termodinâmicas
intramagmáticas.
A flogopita é relativamente abundante em algumas amostras, chegando a compreender cerca
de 10% a 15% dos minerais na lâmina (e.g.ponto 54IG90). Muitas vezes, os cristais do mineral
encontram-se substituídos, total ou parcialmente, por clinocloro. Além do habitus anédrico dos cristais
que ocorrem em escamas tabulares, a birrefringência baixa à moderada desse mineral, permite que o
mesmo também seja distinguido por suas cores de interferência, as quais alcançam no máximo, a cor
laranja de segunda ordem. Assim como o clinocloro, os cristais podem ocorrer envolvidos por massas
de serpentina ou ainda como fase intercumulus em relação aos demais minerais essenciais da lâmina.
Sob os traços da clivagem perfeita desse mineral, é comum ocorrer um processo de alteração para
opacos (possivelmente magnetita e ilmenita), constituindo aglomerados de cristais paralelos e
alongados.
5.2.2
Metaharzburgito
Assim como o metalherzolito, essa variedade litológica encontra-se em geral, pouco
preservada. De seus minerais constituintes não restaram mais do que porções reliquiares em meio aos
cumulatos pseudomorfisados, comumente substituídos por serpentina ou talco (e.g. pontos 54FF37,
54HG49 A e B e KI-40-1). Essas rochas são texturalmente semelhantes aos metalherzolitos acima
descritos, caracterizando-se por uma alternância microrítmica entre cumulatos adcumuláticos a
ortopiroxênio (ou ortopiroxênio e clinopiroxênio) e cumulatos a olivina, ambos pseudomorfisados à
serpentina e talco.
Uma exceção ocorre na lâmina 75IG91, onde os ortopiroxênios constituem grandes cristais
anédricos poiquilíticos, que englobam cristais de clinopiroxênio e adcumulatos à olivina e espinélios,
49
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
caracterizando a textura heteradcumulática. Com maior predominância nas bordas dos cristais de
piroxênio, mas ocorrendo também próximo a fraturas e em seu interior, em regiões da lâmina às vezes
bastante talcificadas, cristais de tremolita dispõem-se ora segundo direções preferenciais, ora
decussadamente, mostrando um equilíbrio entre texturas metamórficas e ígneas reliquiares. A fase de
metamorfismo de baixo grau mencionada anteriormente fica bem evidenciada na lâmina do ponto
54HG49B, onde bandas de cisalhamento preenchidas por serpentina, cortam uma delgada sucessão de
níveis composicionais, caracterizada pela alternância de bandas de talco com bandas de serpentina.
Em termos gerais, nos harzburgitos estudados, a olivina compreende em média de 40% a 45%
em volume da rocha. Na lâmina do ponto 54GF49, estima-se pela contagem dos pseudomorfos à
serpentina, que esse mineral atinja quantidades equivalentes a 70% em volume. Assim como no
metalherzolito, a olivina constitui microrítmos, totalmente serpentinizados, que de modo geral, pouco
apresentam de porções reliquiares dos minerais originais.
Já as microestratificações a ortopiroxênio ou mais raramente a ortopiroxênio/clinopiroxênio,
encontram-se intensamente substituídas por talco, tendo sido preservadas algumas porções intactas de
ortopiroxênios ou ainda mais raramente, pequenos cristais de clinopiroxênio, bastante anfibolitizados.
Em função dos cristais fantasmas, estima-se, que o ortopiroxênio tenha alcançado 40% do volume da
rocha nas lâminas analisadas.
Os clinopiroxênios, mineral de menor expressão em volume nas lâminas, ocorrem em
quantidades variando entre 7% e 10% nas lâminas analisadas. Esse mineral, juntamente com os
ortopiroxênios, ocorre como fase mineral sin-cumulática nos raros microrítmos adcumuláticos
poliminerálicos a orto e clinopiroxênio.
Espinélios chegam a perfazer 7% dos minerais em algumas lâminas e concentram-se
preferencialmente nos níveis de ortopiroxênio onde ocorrem inclusos nesses cristais, constituindo a
textura heteradcumulática. Esses cristais, que em geral possuem granularidade variando de fina a
média, não raro apresentam formas subédricas e euédricas. Com freqüência, os cristais desse mineral
exibem um zoneamento composicional caracterizado pelas cores que variam no mesmo cristal, de
verde para marrom.
Ocorrendo associado aos espinélios, os minerais opacos, somam 4% de volume da rocha e
concentram-se principalmente nos microrítmos ricos em olivina, estando representados por cristais de
granularidade fina e habitus variando de anédrico a subédrico.
A tremolita e antofilita equivalem a quantidades inferiores a 3% ou 4% do volume da rocha e
associam-se aos cumulatos de clinopiroxênios e serpentina. Nas lâminas analisadas, os cristais
incolores, aciculares ou prismáticos desses minerais dispõem-se orientados, segundo pelo menos, uma
direção preferencial, vindo a constituir em lâmina texturas variando de decussada a nematoblástica.
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Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
O clinocloro ocorre em quantidades traço ou inferiores a 3%. Forma-se a partir de cristais de
flogopita, piroxênios e anfibólios, ou nas rochas mais serpentinizadas, conforme já descrito nesse
trabalho.
5.2.3
Meta-olivina-websterito
Em geral são rochas de granularidade variando de média a muito grossa, comumente
apresentando textura heteradcumulática reliquiar, caracterizada por cristais pegmatóides poiquilíticos,
constituídos de ortopiroxênio englobando espinélios, ou de clinopiroxênio englobando ortopiroxênio.
Menos freqüentemente, adcumulatos sub-poligonalizados de ortopiroxênio e clinopiroxênio
intercalados com microrítmos adcumuláticos à olivina também ocorrem.
Em alguns casos, os adcumulatos à olivina gradam para mesocumulatos à olivina e piroxênios
(Figuras 5.7 B, C e D), registrando a passagem gradual das etapas de cristalização fracionada do
líquido magmático entre olivinas e piroxênios ou ainda, a injeção de um novo magma no sistema. É
interessante ressaltar que conforme observado nas lâminas analisadas, o predomínio de texturas do
tipo heteradcumulática nessas rochas e demais termos ultramáficos, está associada ao incremento das
porcentagens de olivina na composição dessas rochas (e.g. lâminas 54GJ78, 54KJ49, 54HG64,
54IG30 e 54GJ73-E). Revertendo-se as informações da lâmina para uma escala menor (por exemplo,
uma escala de corpo) e fazendo uma analogia entre ambas, temos que em termos composicionais, os
heteradcumulatos a ortopiroxênio (metaortopiroxenitos, meta-olivina-ortopiroxenitos ou meta-olivinawebsteritos), marcam uma região entre o topo dos estratos de composição estritamente peridotítica, e a
base dos estratos de composição estritamente piroxeníticas.
Nesses litotipos, o ortopiroxênio e clinopiroxênio perfazem juntos, e em proporções variáveis
entre um e outro, de 60 a 80% em média do volume dos minerais na rocha. O ortopiroxênio ocorre sob
a forma de cristais anédricos, amebóides, hospedando uma infinidade enorme de cristais menores de
outros minerais, como espinélios, opacos e piroxênios. Diferencia-se do clinopiroxênio pelo relevo
mais alto, birrefringência baixa e extinção paralela, além da maior susceptibilidade a talcificação e
serpentinização, visto que muitos desses minerais encontram-se parcialmente alterados, gerando um
aspecto turvo com porções completamente consumidas pela transformação em talco. Em alguns casos,
os grandes cristais reliquiares de ortopiroxênio, já bastante talcificados e fraturados, ocorrem em
equilíbrio com texturas metamórficas, variando de nematoblástica a decussada, caracterizadas pela
cristalização orientada ou não, de uma ou mais família de anfibólios, em geral tremolita.
A olivina equivale a proporções variáveis entre 10 e 40% do volume da lâmina. Em grande
parte, esse mineral encontra-se intensamente serpentinizado, formando pseudomorfos com faces
cristalinas bastante preservadas dos cristais reliquiares. Entretanto, fragmentos reliquiares despontam
como “ilhas” em meio à massa de serpentina, sendo distinguíveis pelo relevo alto, birrefringência
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
elevada e fraturas preenchidas por iddingsita. Nas lâminas estudadas, espinélios e opacos equivalem
juntos a frações que variam de 3 a 15% (lâmina 54HG64) do volume da rocha, ocorrendo inclusos nos
cristais poiquilíticos de ortopiroxênio.
5.2.4
Metaortopiroxenito e meta-olivina-ortopiroxenito
As variedades analisadas distinguem-se apenas pelas quantidades modais entre olivina e
ortopiroxênio e texturalmente não apresentam maiores diferenças. Compreendem rochas com
granularidade variando de média até muito grossa, destacando-se os litotipos de aspecto pegmatóide
(Figura 5.4 A, B, C e D), com textura heteradcumulática reliquiar (lâmina 54GI76).
Figura 5.4 – A) Seção em metaortopiroxenito vista com polarizador descruzado. Nota-se a presença de cristais
de espinélio disseminados (objetiva: 1.6x; pol.: //). B) Seção anterior vista com luz polarizada. Note-se o aspecto
pegmatóide dos cristais de ortopiroxênio com anfibolitização incipiente concentrada tanto nas bordas dos cristais
quanto em seu interior. C) Cristais de espinélio e opacos exibindo estrutura pull-apart (objetiva:10x; pol.: //). D)
Seção de metaortopiroxenito com espinélio e opacos disseminados (objetiva:1.6x; pol.: //).
As variedades apresentando textura heteradcumulática reliquiar são constituídas por grandes
cristais poiquilíticos amebóides de ortopiroxênio e/ou clinopiroxênio que cresceram envolvendo uma
infinidade de cristais menores de espinélio e opacos, intercalados com raros níveis de olivina
adcumulática, em geral em avançada serpentinização.
Igualmente comum é o crescimento parcial ou incipiente de tremolita, ou mais raramente
antofilita, às expensas dos níveis heteradcumuláticos, promovendo uma trama decussada ou mais
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Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
raramente nematoblástica em equilíbrio com as texturas ígneas reliquiares.
Essas rochas podem ainda apresentar mesocumulatos reliquiares à olivina e piroxênio além de
estruturas de intercrescimento íntimo, do tipo simplectítico, entre ortopiroxênio e olivina ou
clinopiroxênio e olivina (Figura 5.5 A e B), que poderiam ser o registro entre o término e o início da
cristalização entre uma e outra fase mineral, ou ainda ser o resultado da injeção de um novo magma.
Particularmente, a lâmina 54GJ78 exibe uma granularidade mais fina e cristais de ortopiroxênio
juntamente com cristais de clinopiroxênio, constituem um adcumulato poliminerálico reliquiar, de
granularidade fina a média, marcada por porções isoladas heteradcumuláticas pegmatóides a
ortopiroxênio e clinopiroxênio, semelhante ao que ocorre na lâmina 54GI76.
Figura 5.5 – A) Intercrescimento simplectítico entre olivina e ortopiroxênio (objetiva: 10x; pol. X). B) Seção
anterior vista com polarizador descruzado.
De modo geral o ortopiroxênio equivale a frações entre 80 e 90% do volume das lâminas
analisadas. Comumente esse mineral apresenta-se como cristais incolores, possui relevo alto, apresenta
extinção paralela e baixa birrefringência, o que faz com que suas cores de interferência situem-se entre
os tons cinza e alaranjado de primeira ordem. Com freqüência, muitos cristais apresentam as bordas
parcialmente talcificadas e fraturas preenchidas por serpentina, corroborando uma atividade
metassomática ou de baixo grau tardia conforme já mencionado. Esse metamorfismo de baixo grau
também é evidenciado pelo aparecimento de cristais poiquiloblásticos de clinocloro, gerados às custas
de piroxênios e anfibólios, sobre os quais cresceu envolvendo (Figura 5.6 A).
O clinopiroxênio ocorre em quantidades subordinadas a 10%. Esse mineral apresenta-se como
cristais poiquilíticos embora também ocorra como fase cumulus nos adcumulatos observados em
lâmina. Embora difícil de se diagnosticar em função da anfibolitização parcial e incipiente dos cristais,
com certa freqüência, observa-se nesse mineral, lamelas de exsolução de ortopiroxênio e zonamento
composicional nos adcumulatos. Opticamente, as seções analisadas apresentam birrefringência baixa à
moderada, exibindo cores de polarização em tons de laranja e relevo moderado, inferior ao do
ortopiroxênio, sendo que nas lâminas analisada, reside na extinção oblíqua, sua característica óptica
mais diagnóstica.
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
A olivina apresenta quantidades modais entre 5 e 10% nas variedades de metaortopiroxenito
podendo alcançar 25% ou 30% nas variedades de meta-olivina-ortopiroxenito. Comumente ocorre
como fase cumulus nos adcumulatos e mesocumulatos. Muitas das seções de olivina, apesar da
avançada pseudomorfose para serpentina, ainda resguardam grandes porções intactas do mineral
original, onde se verificam algumas de suas propriedades ópticas principais, como relevo alto,
birrefringência elevada, além do típico fraturamento em padrão randômico, comumente preenchido
por iddingsita. Delgadas bordas quelifíticas parcialmente preservadas, também são observadas nas
seções 54GJ78 e 54GI76, comumente ocorrendo no contato entre esse mineral e os piroxênios.
Figura 5.6 – A) Fotomicrografia de meta-olivina-ortopiroxenito obtida a partir de amostra do ponto 54GJ78,
mostrando a presença de clinocloro (Cl) e tremolita (Trm) entre os minerais secundários (objetiva de 10x, pol.
X). B) Outra região da lâmina anterior mostrando espinélios (Es) marrons sobrecrescidos por espinélios
esverdeados (objetiva de 5x, pol. //).
O espinélio equivale de 7% a 10% em volume da rocha, tornando-se maiores as concentrações
desse mineral nos metapiroxenitos de aspecto pegmatóide, onde ocorre inclusos nos cristais
poiquilíticos de piroxênio, formando níveis disseminados (Figuras 5.4 A e D). De granularidade
variando de fina a média, esse mineral que pertence ao sistema cúbico, surge com certa freqüência
como cristais euédricos perfeitos, não raro exibindo seções com três ou quatro lados, embora cristais
com estrutura de cisalhamento do tipo pull-apart também possam ocorrer (Figura 5.4 C). Seus cristais
apresentam comumente zonamento nas cores castanho nas bordas e verde no centro (e.g. figuras 5.4 A,
C e 5.6 B), ou ainda excepcionalmente, castanho no centro, verde em uma posição intermediária
passando para uma variedade opaca nas bordas.
Como mineral varietal, salientamos em algumas amostras, a presença de flogopita, mineral
que chega a alcançar quantidades modais de 7%. Esse mineral apresenta-se sob a forma de palhetas
incolores, com extinção paralela incompleta e birrefringência alta, produzindo cores de interferência
que alcançam o laranja de segunda ordem. Com freqüência ocorre apresentando pseudomorfose para o
clinocloro. Conforme já descrito em outras lâminas, sob os traços de sua clivagem perfeita, ocorre com
freqüência a exsolução de minerais opacos, provavelmente uma mistura de magnetita e ilmenita,
54
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
gerando estruturas aciculares paralelas compostas por esses minerais. Essa estrutura é bastante
diagnóstica, pois mesmo nas regiões onde houve intensa serpentinização, é possível observar os
cristais aciculares reliquiares, indicando uma existência pretérita desse mineral.
5.2.5
Metawebsterito
No caso das variedades apresentando textura adcumulática reliquiar, são rochas com tendência
eqüigranulares, de granularidade fina. Nas porções de granularidade grossa, predominam a textura
heteradcumulática reliquiar. Os adcumulatos poliminerálicos reliquiares (figuras 5.7 A, B. C e D)
caracterizam-se pela disposição de cristais de orto e clinopiroxênio, formando uma trama
subpoligonalizada, onde não raro, o contato entre os cristais lembra junções tríplices que chegam a
exibir ângulos próximos a 120° entre si. As fases adcumuláticas poliminerálica podem ainda
apresentar uma intercalação de níveis de olivina de caráter intercumulus gradando para níveis de
olivina adcumulática (figuras 5.7 B, C e D). Menos freqüentemente indícios de textura ortocumulática
também podem estar preservados e são marcados por cristais subédricos de ortopiroxênio zonado.
Restrito às porções e níveis heteradcumuláticos, aglomerados de cristais de espinélio verde
acastanhado, euédrico ou subédrico incluso nos cristais anédricos poiquilíticos de ortopiroxênio e/ou
clinopiroxênio, representam provavelmente, as primeiras etapas de cristalização fracionada com
formação dos cumulatos de espinélio, onde o ortopiroxênio representaria uma fase de cristalização
pos-cumulus. Principalmente nos grandes cristais de piroxênio, onde se observa um fraturamento mais
expressivo, a geração de tremolita (ou mais raramente antofilita), tanto internamente quanto nas bordas
e em diversas outras proporções da lâmina, confere texturas variando de decussada a nematoblástica,
sobrepostas e em equilíbrio, a texturas reliquiares.
A tremolita, caracteriza-se pelos cristais incolores de habitus subédrico tabular, exibindo
birrefringência moderada a alta (∆≈0,028) e extinção oblíqua. A antofilita é incolor, e apresenta
extinção paralela. Na lâmina 54KJ49, os anfibólios dispõem-se segundo duas direções preferenciais de
crescimento que se truncam sob um ângulo de aproximadamente 40° no intercepto agudo, gerando
uma textura nematoblástica correspondente a pelo menos duas direções de foliação observadas em
campo.
Em contrapartida, em regiões particulares de algumas lâminas, esses anfibólios orientados se
mostram contornando fenocristais mais antigos, vindo a constituir um perfeito exemplo de equilíbrio
entre texturas ígneas reliquiares e metamórficas. Mais uma vez, nota-se que uma dessas direções
preferenciais de crescimento dos anfibólios ocorre paralela à direção de uma família de bandas de
cisalhamento, responsável pela formação de uma foliação milonítica no nessas rochas. Estima-se que
essas bandas de cisalhamento tenham atuado como regiões de fraqueza, em uma etapa posterior, vindo
a servir de conduto para uma movimentação de fluidos, que teria promovido alterações
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
metassomáticas tardias nessas rochas.
Figura 5.7 – A) Seção em metawebsterito obtido no ponto 54KJ49, mostrando textura adcumulática
biminerálica a clino e ortopiroxênio (objetiva: 5x; pol. X). B) Seção em meta-olivina-websterito exibindo textura
mesocumulática entre ortopiroxênio, clinopiroxênio e olivina. (objetiva: 1.6x; pol. X). C) Vista de outra região
da lâmina anterior, analisada com polarizador descruzado, exibindo textura adcumulática a orto e clinopiroxênio
com olivina intercumulus. Nota-se olivina alterando-se para iddingsita (alteração marrom; objetiva 1.6x; pol. //).
D) Seção anterior vista com polarizador cruzado.
O clinopiroxênio apresenta habitus subédrico a anédrico e constituem juntamente com os
ortopiroxênios, os agregados com tendências poligonais nas fases adcumuláticas dessa rocha (figuras
5.7 A, B, C e D). Mais raramente também ocorre como cristais poiquilíticos anédricos nas fases
heteradcumuláticas. Apresentam como características ópticas, a extinção oblíqua e birrefringência
variando de 0,018 a 0,024, exibindo dessa forma, cores de interferência que alcançam até 2º ordem.
A olivina ocorre como mineral intercumulus e representa quantidades inferiores a 10% dos
minerais em lâmina. Embora os cristais encontrem-se já em estágio avançado de serpentinização,
porções intactas do mineral ainda estão presentes como “ilhas” que se despontam pelo relevo alto,
birrefringência elevada, e presença de um padrão típico de fraturamento, onde as fraturas estão
preenchidas por serpentina e/ou iddignsita. Nos cristais menos alterados, apesar das transformações
hidrotermais avançadas da rocha, bordas quelifíticas encontram-se preservadas no contato desse
mineral com piroxênios, constituindo delgadas franjas.
A serpentina forma agregados asbestiformes, finos, cujas cores variam de verde a amarelado
claro, que em função da baixa birrefringência, suas cores de interferência situam-se nos tons cinza de
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Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
1º ordem. Os aglomerados de serpentina encontram-se alinhados segundo a direção de crescimento das
microestratificações ricas em olivina, que em muitos casos, constituem pseudomorfos desse mineral.
Compreende porções menores que 7% da rocha nas lâminas estudadas. Da mesma forma, nessas
rochas, o talco equivale a frações menores que 5% em volume. Ocorre sobre os cristais de
ortopiroxênio ou em espaços antes ocupados por esses sob a forma de fina poeira, com cores de
interferência muito vivas, lembrando a sericita fina ou palhetas incolores, com extinção “olho-depássaro” e relevo baixo.
O espinélio ocorre em quantidades inferiores 3% do volume da lâmina. Mineral isótropo de
relevo alto, cor verde acastanhado a castanho, apresenta cristais variando de euédricos a subédricos,
onde com freqüência, podem ser observadas seções triangulares ou quadradas.
5.2.6
Hornblendito
De modo geral, o hornblendito (figuras 5.8 A e B) é uma rocha pouco freqüente na área em
estudo, sendo encontrado apenas em alguns pontos. No ponto 54KI54, essa rocha ocorre como uma
camada de transição, marcando o topo das unidades cíclicas estritamente ultramáficas e a base e
primeira ocorrência dos termos de composição máfica, dada pelo início da cristalização do
plagioclásio.
Figura 5.8 – A) A fotomicrografia apresenta textura adcumulática em hornblendito obtido no ponto 54KI41
(objetiva 5x; pol. : //). B): Seção anterior vista com luz polarizada (objetiva 5x; pol:X).
A paragênese dessa rocha é constituída por hornblenda ± plagioclásio, apresentando apatita e
opacos como minerais acessórios, além de sericita, epídoto (alanita, zoisita/clinozoisita) como
minerais metamórficos. Nas variedades analisadas, observa-se textura adcumulática constituída por
cristais de hornblenda anédricos e raros cristais fantasma de plagioclásio onde é possível perceber
zonamento composicional apesar do avançado estado de alteração.
Possivelmente, a cristalização desse plagioclásio pertence a uma fase de cristalização tardimagmática, o que explicaria a presença reliquiar de zoneamento em alguns desses cristais fantasmas.
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
A primeira vista, as seções dessa rocha apresentam-se como um aglomerado monominerálico,
constituído por proporções de hornblenda que variam entre 85 e 90% do volume da lâmina (amostras
do ponto 54KI41). Nas lâminas estudadas, esse mineral apresenta-se como grãos anédricos, com
granularidade variando de média a fina, dispondo-se segundo um arranjo monominerálico com
freqüentes contatos intergranulares sugestivamente poligonalizados.
A despeito do metamorfismo já observado nas demais rochas do complexo, é possível que
esses cristais de hornblenda sejam reliquiares e constituam pseudomorfos, pois a composição da
hornblenda ígnea teria sido substituída por variedades mais aluminosas nos processos metamórficos de
alto grau. A hornblenda apresenta pleocroísmo nos tons verde oliva médio - verde oliva claro castanho claro, com elevada birrefringência, ocorrendo cores de interferência vivas de 2º e 3º ordem,
que juntamente com a clivagem característica dos anfibólios, com 56º no intercepto agudo entre as
direções dos planos, constituem as principais características diagnósticas desse mineral.
O plagioclásio, mais raro nesses termos, constitui a fase mineral intercumulus, de cristalização
possivelmente pós-cumulática, conforme já discutido. Ocorre em quantidades inferiores a 5 % nas
lâminas analisadas, e aparece como cristais anédricos de granulação média, completamente
saussuritizados e às vezes substituído por epídoto em pseudomorfose, onde pouco ou nada de
distingue de suas propriedades ópticas.
Os minerais acessórios da rocha são representados pela apatita e pelos minerais opacos, onde
juntos, ocorrem em quantidades subordinadas a 5%. A apatita está presente em pontos específicos das
lâminas analisadas, no interior das hornblenda ou ao longo de algumas fraturas presentes nas mesmas,
onde ocorre sob a forma de aglomerados de grãos perfeitamente euédricos, exibindo seções
hexagonais típicas e granularidade fina. Devido a uma possível incorporação de elementos terras raras
na estrutura desse mineral, alguns cristais de apatita são radioativos, vindo dessa forma, assim como os
cristais de allanita, a destruir parcialmente a estrutura cristalina das hornblendas, gerando dessa forma
inconfundíveis halos pleocróicos. Os minerais opacos apresentam habitus anédrico e ocorrem na fase
intercumulus, juntamente com o plagioclásio.
Os epídotos (zoisita/clinozoisita e allanita) e a muscovita, constituem uma paragênese
retrometamórfica. Nas lâminas analisadas, zoisita/clinozoisita apresentam-se como cristais anédricos,
diminutos que substituem o plagioclásio nos pseudomorfos, e também como grãos incolores,
anédricos, de relevo alto, apresentando a característica cor de interferência anômala azul de Berlim.
Esses minerais ocorrem freqüentemente juntos, chegando a substituir totalmente os cristais de
plagioclásio. No caso da allanita, os cristais ocorrem isoladamente, no interior das hornblendas onde
se apresenta como cristais metamíticos anédricos. Em alguns casos imprimem nas hornblendas halos
pleocróicos associado ou não a um fraturamento radial típico.
58
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
5.2.7
Metagabronorito
São rochas melanocráticas a mesocráticas, densas e não magnéticas, que apresentam
preservado o bandamento ígneo reliquiar. Essa variedade distingue-se por apresentar como minerais
máficos, clino e ortopiroxênio reliquiares, em associação com hornblenda metamórfica. No ponto
54KI41-2, essa rocha sucede um nível de hornblendito, situando-se estratigraficamente acima desse.
A hornblenda representa o mineral mais abundante dessa rocha, compreendendo cerca de 65%
dos minerais presentes nas lâminas analisadas. Caracteristicamente, a primeira vista, esse mineral
destaca-se pelo forte pleocroísmo nos tons verde oliva escuro-verde oliva claro-castanho claro, pela
birrefringência elevada alcançando cores de interferência de final de 2º ordem e pela clivagem
característica dos anfibólios. Os cristais anédricos, de aspecto granular, dispõe-se na lâmina formando
aglomerados alongados e nematoblásticos, juntamente com os cristais relíticos de ortopiroxênio,
exibindo assim um processo de substituição incompleto. Juntamente com o plagioclásio, dispõem-se
formando uma textura granonematoblástica, embora seja possível que a orientação dos cristais de
hornblenda estejam mais relacionadas à disposição dos cristais de piroxênio e plagioclásios no
bandamento ígneo reliquiar, do que a um crescimento orientado segundo a direção das tensões
atuantes durante o metamorfismo regional, pois nas texturas observadas nos demais termos que
constituem o complexo, os indícios de recristalização dinâmica orientando os cristais metamórficos
neoformados são pouco expressivos.
Os cristais de ortopiroxênio representam quantidades subordinadas a 5%. Esse mineral
reliquiar que apresenta nas bordas de seus cristais uma substituição parcial por hornblenda, possui
ainda alguns cristais com faces cristalinas subédricas que conservam suas principais propriedades
ópticas. O mineral caracteriza-se por ser incolor, apresentar baixas cores de interferência, possuir
relevo alto e habitus variando de anédrico a subédrico. O piroxênio é ainda mais raro. Os cristais desse
mineral estão totalmente substituídos por hornblenda. Constituem raros cristais anédricos, de cor
castanho-pálido, birrefringência moderada e extinção oblíqua.
O plagioclásio (An: 63-75%) equivale a quantidades superiores à 25% do volume da lâminas
analisadas. De forma geral, os cristais são granoblásticos anédricos, exibem granulação variando de
fina a média e comumente ocorrem exibindo geminação polissintética.
Os minerais opacos podem ainda ocorrer entre os níveis de hornblenda, formando, às vezes,
aglomerados alongados orientados segundo uma direção preferencial. Constituem quantidades
subordinadas a 2% na lâmina analisada.
Apatita nas lâminas estudadas, também pode ser observada, mas ocorre em quantidades traço,
estando comumente inclusas ou próximas aos cristais de hornblenda.
A allanita ocorre como cristais granulares de relevo alto, metamíticos, dentro dos cristais de
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
hornblenda, nos quais imprime halos pleocróicos. A zoisita e clinozoisita ocorrem juntas, em
aglomerados anédricos comumente substituindo os cristais de plagioclásio mais alterados. O mesmo
ocorre com a sericita que se forma as custas dos plagioclásios, em processos intempéricos ou de grau
metamórfico baixo.
5.2.8
Metagabro
Rocha macroscopicamente semelhante à anterior, essa variedade tem por característica
predominante, a presença de clinopiroxênio como mineral reliquiar e titanita como mineral secundário,
proveniente da transformação metamórfica de opacos, possivelmente titanomagnetita.
Assim como nos demais metamafitos, em algumas lâminas analisadas, observou-se a presença
de bandamento ígneo reliquiar sobreposto por crescimento nematoblástico das hornblendas
metamórficas (Figura 5.9 A e B). A hornblenda, embora pouco menos abundante que nas demais
variedades, oscila de 50 a 55% em termos de volume das lâminas analisadas. Cristais de hornblenda
com inclusão de quartzo são comuns e evidenciam transformações metamórficas incompletas, onde
também ocorrem cristais relíticos de clinopiroxênio. Seus cristais anédricos, de granulação fina a
média e aspecto nematoblástico, alinham-se segundo uma direção preferencial, conferindo à rocha
juntamente com os cristais granulares de plagioclásio uma textura granonematoblástica.
Em alguns exemplares, o clinopiroxênio chega a alcançar de 10 a 15% do volume da rocha.
Constituem cristais incolores ou fracamente coloridos em tons pálidos de castanho, apresentando
habitus anédrico a subédrico de granulação fina a média e relevo alto. Em amostra obtida no ponto
54HG63, observou-se núcleo reliquiar contendo texturas heteradcumulática preservada (Figuras 5.9 C
e D). Esse núcleo poliminerálico é constituído por mega cristais amebóides de piroxênio (augita ou
hedenbergita), que cresceram envolvendo cristais perfeitamente euédricos de plagioclásio.
Os cristais euédricos de plagioclásio dispõem-se imbricada e aleatoriamente e são
“cimentados” pelo clinopiroxênio e plagioclásio intercumulus, o que caracterizaria a primeira vista, a
textura ortocumulática (Wager & Brown 1967).
No entanto, nem os cristais de plagioclásio nem o piroxênio da fase pos-cumulus são zonados,
não permitindo aventar sobre uma cristalização sin-magmática entre a fase cumulus e intercumulus,
que caracterizaria essa textura, mesmo que o resfriamento dos minerais recém cristalizados, pudesse
ter se dado de forma lenta. No entanto, segundo Bard (1980), é possível que esses grandes
poiquilocristais de piroxênio, estivessem representando uma fase intercumulus formada ao final da
fase de cristalização dos cristais de plagioclásio, em um momento do processo de cristalização
fracionada do magma original em que ainda havia uma grande quantidade de líquido magmático
envolvendo esses cristais cumuláticos neoformados.
Através da aglutinação, coalescência e crescimento de uma infinidade de núcleos cristalinos
60
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
dispersos, existentes nesse líquido intercumulus, se daria o desenvolvimento dos cristais de augita, que
cresceriam envolvendo os plagioclásios pré-formados e demais minerais que estivessem cristalizado
no líquido residual, permitindo dessa forma que essa textura fosse interpretada como
heteradcumulática.
Figura 5.9 – A) Metagabro fino, obtido no ponto 54LH57. As linhas tracejadas mostram estratificação
magmática em duas direções se cruzando. Os cristais de hornblenda cresceram sobre mesocumulatos a
clinopiroxênio e plagioclásio (objetiva: 1.6x; pol. //). B) Vista em detalhe da seção anterior. Nota-se a presença
de hornblenda que se desenvolveu sobre os microrítmos a partir anfibolitização do clinopiroxênio. (objetiva:5x;
pol. //). C) Textura heteradcumulática obtida em amostra do ponto 54HG63 caracterizada por cristais euédricos
de plagioclásio englobados por megacristal de augita (objetiva: 5x; pol.: X). D) Vista anterior com aumento
reduzido, mostrando gradação de textura adcumulática monominerálica a plagioclásio (base da Figura) para
textura heteradcumulática (topo da foto; objetiva: 1.6x; pol. X).
Nessa mesma lâmina, à medida que se desloca o campo de visão para as regiões onde o
metamorfismo foi mais eficiente, observa-se nos agregados de plagioclásio uma fase de transição, que
embora obliterada pela recristalização metamórfica, resguarda indícios de uma fase adcumulática ou
ortocumulática, caracterizada por cristais intercúmulus anédricos de augita, cimentando os cristais
subédricos a anédricos de plagioclásio.
De modo geral, nas regiões com características estritamente metamórficas das lâminas
analisadas, o plagioclásio assume formas anédrica e sua granulação em função da recristalização
metamórfica torna-se mais fina. Em termos gerais, esse mineral representa quantidades não maiores
61
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
que 30% e caracteriza-se pela freqüente geminação polissintética dos seus cristais segundo as leis da
Albita e da Periclina.
Associado aos cumulatos estritamente máficos, onde se observa a substituição dos cristais de
piroxênio por hornblenda, pode ainda ocorrer pequenos agregados de quartzo resultantes dessa
transformação metamórfica. Esse mineral equivale a quantidades inferiores a 3%.
Os minerais opacos ocorrem entre, ou menos freqüentemente, hospedados no interior dos
demais minerais da rocha (em particular, dentro das hornblendas) e são representados aparentemente
por titanomagnetita, como se pode estimar em função das reações metamórficas observadas em alguns
cristais, onde suas bordas exibem transformações metamórficas para titanita. Esses minerais
constituem cristais isolados ou agregados cristalinos de granulação fina cujo habitus dos cristais, é em
geral anédrico ou mais raramente subédrico.
A titanita representa cerca de 1 a 2% das amostras analisadas e a primeira vista, não ocorre em
todas as amostras encontradas. Suas principais características são o relevo proeminente, a cor
castanho-claro, com birrefringência alta e o típico habitus losangular nas seções euédricas.
Comumente é observada formando agregados monominerálicos ou cristais isolados, que variam de
anédricos a subédricos. Nesse litotipo, esse mineral é estritamente metamórfico, e sua gênese está
atrelada a transformação metamórfica de titanomagnetitas, conforme já mencionado.
A tremolita é pouco freqüente e foi observada apenas na lâmina 54HG63, onde ocorre no
interior do agregado poliminerálico descrito, sob a forma de cristais incolores e aciculares, de extinção
oblíqua, exibindo cores vivas de interferência. Constitui quantidades menores que 3%.
Os epídotos ocorrem em quantidades traço e são representados pela allanita e zoisita. O
primeiro aparece como minerais granulares, de relevo alto, diminutos e parcialmente isotropisados,
ocorrendo principalmente dentro de cristais de hornblenda, onde geram halos pleocróicos. A zoisita e a
clinozoisita ocorrem normalmente juntas e aparecem principalmente associadas a cristais alterados de
plagioclásio onde freqüentemente, formam uma paragênese com a sericita, e às vezes allanita, estando
não raramente a substituir a estrutura cristalina dos plagioclásios.
Tal qual os epídotos, a sericita ocorre em quantidades traço sob a forma de finíssimas paletas
incolores, apresentando birrefringência elevada e extinção “olho-de-pássaro”. Encontra-se
normalmente associada aos plagioclásios, mineral às custas do qual se forma. No caso particular,
representa processos retrometamórficos ou intempéricos.
5.3
METAMORFISMO
Ao se analisar as relações texturais e paragenéticas encontradas nos litotipos que compõe o
CAIRM, distingue-se, pelo menos três fases de metamorfismo que atuaram nessas rochas, sendo um
de alto grau, um retrógrado e outro associado a processos hidrotermais tardios, de caráter localizado.
62
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Essas fases são detalhadas a seguir, de acordo a ordem cronológica dos eventos e grau
metamórfico identificado. Não obstante, os resultados apresentados são meramente interpretativos,
uma vez que o presente trabalho não abordou estudos de química mineral, que permitissem averiguar
variações composicionais nas fases minerais formadas assim como modelagens geotermobarométricas.
5.3.1
Metamorfismo de alto grau
O metamorfismo regional na Unidade Metassedimentar, conforme descrito no Capítulo 4,
atingiu fácies anfibolito a anfibolito superior. Igualmente, no CAIRM, o metamorfismo imposto,
registra um reequilíbrio paragenético e textural, ocorrido de forma incompleta e talvez em domínios
seletivos, tanto em escala de corpo, quanto em escala de afloramento. Possivelmente, essas
transformações ocorreram de forma progressiva e não constante, permitindo que dessa forma, texturas
reliquiares e paragêneses primárias, viessem a coexistir em equilíbrio com texturas e paragêneses
metamórficas.
O início do metamorfismo parece correlacionar-se a um processo de serpentinização
generalizada, gerada às custas de olivina e ortopiroxênio, juntamente com cristalização de clinocloro e
a substituição parcial do clinopiroxênio por tremolita. Entre as várias reações possíveis, a serpentina
seria gerada em um consumo não total, de olivina e ortopiroxênio, com cristalização de clinocloro.
Nessa fase, a incorporação de água no sistema, no início do metamorfismo, pode ter favorecido o
fraturamento, por onde se iniciaram algumas dessas reações metamórficas. Feições sugestivas desse
fraturamento podem ser observadas nos heteradcumulatos reliquiares a piroxênio e espinélio. Nesses
níveis heteradcumuláticos, porções ora mais ora menos talcificadas se desenvolveram não somente nas
bordas, mas também internamente, a partir de fraturas nos grandes cristais de ortopiroxênio.
Não raramente, esse processo de talcificação adentra o domínio dos cristais de clinopiroxênio,
que ocorrem às vezes mostrando relictos poiquilíticos, de mesma continuidade óptica, separados por
agregados de talco fino. Igualmente, sobre as porções mais ou menos talcificadas, observa-se o
desenvolvimento de uma trama decussada a nematoblástica constituída por tremolita e mais raramente,
antofilita, que nesse último caso, sobrevive em equilíbrio metaestável. A cristalização da antofilita
ocorre com o incremento da temperatura, no médio grau metamórfico, após a substituição do talco por
serpentina: nessa transformação, o talco, reage com porfiroblastos neoformados de olivina
cristalizando antofilita.
Contudo, na falta de análises de química mineral, a presença de olivina metamórfica é apenas
sugestiva. Sendo preservadas as estruturas ígneas durante o metamorfismo, é possível que as diversas
reações para a cristalização de olivina tenham acontecido sobre os cristais de olivina primária, que
sucessivamente passaram ser substituídos por minerais metamórficos, preservando o habitus dos
cristais primários. Entre essas reações, a serpentina reagiria com clinopiroxênio, também presente na
63
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
paragênese primária, gerando olivina e tremolita.
O metamorfismo de fácies granulito nessas rochas é questionável, pois ou não ocorreu
amplamente ou as transformações desse tipo estiveram associadas a pequenos picos metamórficos não
diagnosticados nas lâminas estudadas, que tiveram curta duração durante o metamorfismo
generalizado de fácies anfibolito.
Caso as condições de temperatura e pressão tivessem atingido fácies granulito, a associação
clinocloro-tremolita passaria a ser substituída por variedades mais aluminosas, permanecendo estável
até a quebra do clinocloro, onde seria gerada a nova paragênese olivina ± ortopiroxênio ± Mg-Alespinélio (espinélio verde garrafa) (Paktunç 1984, Jenkins & Chernosky Jr. 1986, Bucher & Frey
1994). Nas mesmas condições, a tremolita seria toda substituída por hornblenda e a antofilita reagiria
com porfiroblastos de olivina formando ortopiroxênio.
No entanto, o metamorfismo de fácies granulito nessas rochas, sob a ótica das paragêneses
encontradas é discutível. O espinélio encontrado nas variedades petrográficas estudadas, por exemplo,
apresenta-se como cristais zonados, caracterizados por um sobrecrescimento opaco que envolve uma
auréola de cor castanho-esverdeada situada em posição intermediária, que por sua vez circunda um
núcleo de cor castanha escura, possivelmente de composição Cr-enriquecida, sugestivamente primária.
Conforme já mencionado, embora não tenham sido realizadas análises de química mineral
para se conhecer as variações composicionais desses minerais e corretamente caracterizá-los, a julgar
pela cor, o espinélio castanho-esverdeado corresponde a uma picotita, variedade de Cr-Al-espinélio de
fácies anfibolito superior (Evans & Frost 1975). Ressalta-se que o Cr-Al-espinélio constitui uma fase
mineral que antecede a cristalização do Mg-Al-espinélio (espinélio verde-garrafa), o qual se cristaliza
em fácies granulito (Evans & Frost 1975, Paktunç 1984).
Se o auge do metamorfismo no CAIRM estabilizou-se em condições de no máximo fácies
anfibolito, transformações de mesma magnitude são também observadas nos termos metamáficos
dessa unidade, vindo a corroborar a interpretação das paragêneses acima descritas.
De forma geral, os termos metamáficos apresentam um reequilíbrio textural e
mineralogicamente ora mais eficiente em fácies anfibolito, o qual que promoveu a geração de uma
textura nematoblástica constituída por hornblenda verde, formada às custas de uma seqüência de
microestratificações ígneas reliquiares, caracterizadas pela sucessão de microníveis apresentando
textura mesocumulática a piroxênio (orto e clino) e plagioclásio.
Com isso, descreve-se os processos que atuaram nessa unidade: paragêneses e texturas ígneas
foram parcialmente reequilibradas em proporções diversas, ocorrendo, em muitos, casos feições
reliquiares semi-reconstituídas, em equilíbrio com texturas e paragêneses metamórficas, as quais
indicam, que o pico de metamorfismo, atingiu, em condições extremas, fácies anfibolito superior.
64
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
5.3.2
Metamorfismo de baixo grau
Após um reequilíbrio regional, ora mais, ora menos eficiente, em condições metamórficas que
atingiram possivelmente fácies anfibolito superior, uma paragênese de baixo grau é observada, nas
rochas do CAIRM. Essa paragênese pode ser dividida em duas fases.
A primeira fase é de âmbito regional e no CAIRM está associada a um processo
retrometamórfico, desenvolvido após o ápice do metamorfismo, com o decréscimo das condições de
pressão e temperatura.
Entre as diversas transformações ocorridas nessa fase, observa-se uma geração de
porfiroblastos, poiquilíticos, de clinocloro, que se desenvolveu às custas da paragênese tremolita ±
clinopiroxênio (reliquiar) ± ortopiroxênio (reliquiar) ± espinélio, previamente estabilizada, e a qual
envolve (Figura 5.6 A). Da mesma forma, flogopita anteriormente cristalizada, passa a ser substituída
por clinocloro.
É possível que em parte dos domínios, o CAIRM tenha sido reequilibrado em condições de
fácies xisto-verde, conforme atesta a substituição da antofilita por talco, observada em algumas
lâminas. Nesse sentido, nas amostras menos eficientemente reequilibradas, os cristais zonados de
espinélio, passam a ser envolvidos pelo sobrecrescimento de espinélio opaco (Cr-magnetita?)
apresentado anteriormente. Já nos domínios mais eficientemente retrometamorfisados, a variedade
opaca de espinélio, envolve os núcleos de espinélio castanho, não ocorrendo nesse caso, o
sobrecrescimento de picotita. Nos termos metamáficos, esse retrometamorfismo está representado pela
substituição de hornblenda por epídoto e pela saussuritização do plagioclásio, preservando, entretanto,
as texturas anteriormente formadas. A segunda fase de metamorfismo de baixo grau está condicionada
a domínios geológicos específicos, relacionados a zonas de cisalhamento ou suas proximidades. A
presença de fase fluída é estimada pelas transformações metassomáticas que foram observadas em
associação a bandas de cisalhamento. Essas bandas de cisalhamento, em geral, encontram-se
preenchidas por serpentina, que truncam o arranjo textural e paragenético previamente reequilibrado, e
em muitos casos, substitui as fases minerais anteriormente cristalizadas. O clinocloro começa a ser
substituído por serpentina, despontando-se como palhetas reliquiares em meio a porções intensamente
serpentinizadas. Nas rochas onde são observadas transformações mais eficientes, nota-se uma
alternância entre níveis que foram serpentinizados e talcificados simultaneamente, constituindo
possíveis pseudomorfos de texturas ígneas primárias, que porventura se mantiveram semi-inalteradas
até essa fase tardia. Uma nova geração de tremolita também parece associar-se às bandas de
cisalhamento, que nestes casos, definem uma nova direção de foliação, condicionada pelo padrão de
crescimento nematoblástico cuja direção é a mesma das bandas de cisalhamento.
De notável interesse na compreensão do quimismo dessas rochas, é possível que essa fase de
metamorfismo/metassomatismo, com atividade fluida associada, seja responsável, por contribuir na
65
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
mobilidade de elementos como o Ca, K, Na, Mg e em parte, na mobilidade de elementos terras raras,
diagnosticada nas análises litogeoquímicas, conforme será apresentado e discutido no Capítulo 7 –
Litogeoquímica e demais capítulos seguintes.
66
6 CAPÍTULO 6
UNIDADES POSTERIORES AO COMPLEXO ACAMADADO
ITAGUARA–RIO MANSO
6.1
INTRODUÇÃO
Posterior a colocação na crosta, dos magmas máfico-ultramáficos que originaram o CAIRM,
assim como também posterior aos eventos metamórficos e deformacionais que retrabalharam a crosta
siálica e parte da cobertura supracrustal, pelo menos quatro episódios de magmatismo máfico, um de
magmatismo granítico e um episódio vulcano-exalativo, estão registrados no segmento estudado do
CSFM. Em ordem estratigráfica, localmente esses eventos são representados pela Unidade Máfica,
pela Unidade Vulcano-Exalativa, pelo Sistema de Diques Máficos NW (SDM-NW), pelo Sistema de
Diques Máficos NE (SDM-NE), pela Unidade Máfica Tardia e pela Suíte Granítica. Faz-se importante
salientar que a última fase de metamorfismo de baixo grau observada nas rochas do CAIRM,
conforme descrito no Capítulo 5, é possível que em parte, esteja associada à intrusão de algumas
dessas unidades, dentre as quais se destaca a Unidade Vulcano-Exalativa. A ação dos processos
hidrotermais que atuaram na deposição dessa unidade, poderia ter condicionado a mobilização de
elementos no CAIRM, tanto em escala localizada e regional, possibilitando as transformações
metassomáticas e/ou metamórficas de baixo grau observadas, fato que melhor será discutido no
Capítulo-7 – Litogeoquímica. A seguir, apresenta-se uma síntese das principais características dessas
unidades.
6.2
UNIDADE MÁFICA
Essa unidade é representada por pequenas intrusões de metadiabásio, que alcançam espessuras
inferiores a um metro. Os afloramentos típicos foram observados em cortes de estrada (Figura 6.1 A)
ou em áreas de empréstimo, geralmente associada à presença de metachert (Figuras 6.2 A, B e C).
Vários afloramentos dessa natureza foram observados, onde as intrusões encontram-se brechadas e os
sistemas de fraturas ocorrem preenchidos por metachert. Esse diabásio apresenta cor esverdeada,
densidade elevada, e magnetismo fraco a moderado. Já na estrada que liga Itaguara a Crucilândia, no
ponto 54 KI 54, ocorre outra rocha intrusiva sob a forma de dique, de aproximadamente 1,5 metros de
largura. Já em estado de saprólito, o material da intrusão descreve-se como uma argila marrom
esverdeada, onde pode-se observar enorme quantidade de filossilicatos nas bordas da intrusão, assim
como vesículas ainda preservadas no material argiloso. Essa rocha é interpretada como sendo um
lamprófiro e pode também estar associada a essa unidade. Foi impossível obter material fresco para
confecção de lâminas e não conhece outras intrusões dessa natureza na área mapeada.
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 6.1 – A) Intrusão cisalhada de diabásio marcado por linha pontilhada. B) Detalhe em afloramento de
BIF.
6.2.1
Metadiabásio
O metadiabásio encontrado na área é uma rocha melanocrática, densa, apresentando-se
comumente foliada ou cisalhada (Figura 6.1 A). Caracteriza-se pela cor cinza esverdeada e pelo
aspecto afanítico, não raramente apresentando disseminação de sulfetos. Macroscopicamente e em
alguns casos, resguarda feições ígneas reliquiares, como a geometria dos afloramentos e presença de
esfoliação esferoidal.
Verifica-se microscopicamente que essa rocha apresenta-se em avançado estado de
cloritização e epidotização, sendo caracterizada por uma grande massa constituída por clorita, epídoto,
actinolita e sericita, além de poucos minerais reliquiares da paragênese ígnea.
Uma textura granonematoblástica insipiente é observada na maioria das lâminas e caracterizase por uma orientação sugestiva de cristais de actinolita, que aparentemente cresceram sobre massas de
clorita e epídoto. Raramente, em porções isoladas da lâmina, a textura ofítica reliquiar pode ser
encontrada e é caracterizada por cristais fantasmas de plagioclásio englobados por cristais totalmente
uralitizados de piroxênio.
O plagioclásio (An10-35) ocorre como minerais prismáticos, de granularidade fina,
completamente saussuritizados e sericitizados. Em função do avançado intemperismo, torna-se difícil
uma contagem modal para esse mineral, estimando-se que o mesmo compreenda de 30 a 40% do
volume dos minerais nas lâminas estudadas.
A actinolita ocorre como minerais de granulação fina, habitus acicular ou raramente
prismático, quando substituindo o clinopiroxênio, dispostos segundo textura variando de
granonematoblástica a decussada. O mineral caracteriza-se pela birrefringência moderada, extinção
oblíqua e cristais aproximadamente incolores. Compreende 20% dos minerais em lâmina. O piroxênio
é raro e sua presença é reliquiar. Seus cristais anédricos granularidade fina e encontram-se em estado
avançado de uralitização.
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Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
A clorita ocorre como agregados lamelares verdes, que cobrem a maior parte da superfície das
lâminas. Esses agregados são fracamente pleocróicos e apresentam baixa birrefringência, exibindo
cores anômalas de interferência. Equivale a 40% dos minerais em lâmina.
Os minerais opacos ocorrem como cristais granulares, de granulação média ou como
agregados alongados e paralelos, dispostos aleatoriamente (lâminas 54KH51A e 54DF21). O mesmo
tipo de agregado foi descrito em metaultramafitos estando associado ao clinocloro ou a flogopita, onde
surge como uma espécie de alteração ao longo dos traços da clivagem perfeita desses minerais. No
entanto, as amostras encontram-se intensamente metamorfisadas, não tendo sobrado qualquer indício
do mineral do qual esses agregados seriam um produto de alteração. Compreendem quantidades
inferiores a 5 ou 6% dos minerais em lâmina. O epídoto ocorre como pequenos cristais granulares,
amarelos, de relevo e birrefringência elevados. Aparentemente, o mineral é gerado às custas do
plagioclásio. Ocorre em quantidades traço. Da mesma forma que o epídoto, a sericita ocorre como
finas palhetas de birrefringência elevada e extinção olho de pássaro, geradas às custas da
transformação metamórfica dos plagioclásios. Também ocorre em quantidades traço.
6.3
UNIDADE VULCANO-EXALATIVA
As rochas que compõe essa unidade estão relacionadas a zonas de falha, onde representam
fases hidrotermais e/ou vulcano-exalativas sin a pós-tectônicas com relação à deformação regional.
Essa unidade é representada predominantemente por depósitos metassedimentares químicoexalativos, constituídos por metacherts, metacherts manganesíferos, ou em quantidades subordinadas,
formações ferríferas bandadas (BIF’s), que ocorrem nas regiões mais distais ou preferencialmente
associadas a zonas de falha.
Conforme dito anteriormente, em alguns casos o metachert ocorre associado à Unidade Máfica
(Figura 6.2 A, B e C), a qual sobrepõem-se através de um sistema brechas. Aparentemente as intrusões
que compõem essa unidade, atuaram como zonas de fraqueza por onde se instalou um processo de
fraturamento hidráulico e conseqüente atividade hidrotermal, alterando metassomaticamente tanto
intrusivas como encaixantes.
Essas brechas representam uma complexa rede de venulações superimpostas as encaixantes e
intrusivas (Figura 6.2 A, B e C), exibindo veios e fraturas que alcançam alguns poucos centímetros de
espessura e normalmente alimentam uma camada mais espessa, de algumas dezenas de metros,
situadas normalmente na porção superior do afloramento. Na maioria dos afloramentos estudados, essa
camada encontra-se situada espacialmente acima das intrusivas, onde pode ser observado com clareza,
um emaranhado de venulações alimentando-a. Em alguns casos, a geometria reliquiar dos corpos
intrusivos, geralmente diques, (Figura 6.2 A) está preservada. De forma rara, blocos preservados da
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Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
alteração hidrotermal e metassomatismo podem ser encontrados nesses locais, comumente
apresentando intemperismo diferenciado e estruturas do tipo esfoliação esferoidal.
Figura 6.2 – A) Intrusão máfica brechada com metassomatismo das encaixantes onde observa-se camada de
metachert no topo. B) Detalhe da brecha com deposição de psilomelana. C Afloramento de metachert. Esse
material é utilizado para pavimentação de estradas (“cascalho”).
Os BIF’s (Figura 6.1 B) encontram-se nas porções mais distais das áreas de ocorrência do
metachert e ocorrem sob a forma de lentes ou pequenos corpos. Lentes de BIF’s também foram
observadas ocorrendo próximo a zonas de cisalhamento, junto a metamafitos cisalhados.
Faz-se a seguir uma descrição dos principais litotipos que compõe essa unidade.
6.3.1
Metachert
Esse litotipo está diretamente ligado aos processos hidrotermais exalativos (Figuras 6.2 A, B e
C). Comumente apresenta uma sutil foliação e caracteriza-se pela cor clara e granulação
criptocristalina, por vezes tendendo a sacaroidal. De forma não rara, é comum a esse litotipo
apresentar dendritos de manganês e em menor escala, psilomelana.
As variedades de metachert estudadas são rochas de predominância monominerálica
apresentando textura granoblástica e constituídas por mais de 90% de quartzo em volume, com
raríssimos minerais opacos (minerais de manganês e ferro). O quartzo apresenta granulação variando
de fina a média, e seus cristais apresentam-se constantemente deformados, exibindo extinção
ondulante e presença de grãos e novos grãos. O metamorfismo superimposto a essas rochas é
evidenciado pela textura granoblástica poligonal dos cristais de quartzo, que podem ainda apresentar
contatos lobados ou menos freqüentemente suturados. O rutilo mostra-se um acessório comum no
70
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
metachert, onde ocorre em quantidades subordinadas a 2%.
6.3.2
BIF’s
Os BIF’s são rochas muito densas, apresentando magnetismo forte, caracterizando-se pelo
bandamento composicional proeminente, com intercalação de bandas mais quartzosas e bandas mais
ferríferas (Figura 6.1 B). Às vezes apresenta textura sacaroidal fina, com aspecto arenoso ao tato. Nas
seções analisadas, essas rochas apresentam textura granoblástica, constituídas por bandas ricas em
quartzo, alternadas com bandas ricas em opacos. O quartzo é o mineral mais abundante constituindo
cerca 60% a 80% dos minerais em lâmina. O mineral caracteriza-se por cristais incolores apresentando
extinção ondulante e granulometria variando de fina a média. Os cristais encontram-se normalmente
alongados formando ribbons, embora o contato entre os grãos possa variar de amebóide a
interdigitado. Os minerais opacos apresentam granulação entre fina e média e habitus anédrico,
embora não raramente ocorram seções perfeitamente euédricas. Constituem de 20 a 40% do volume da
rocha. Ilmenita e rutilo podem ocorrer subordinadamente como minerais acessórios.
6.4
SISTEMAS DE DIQUES MÁFICOS NE (SDM-NE)
Esse sistema de diques ocorre cortando todo o empilhamento litoestratigráfico até agora
descrito. É constituído por uma família de diques gabróicos, parcialmente deformados,
metamorfisados em fácies xisto-verde, apresentando direção predominante NE-SW. Os diques
possuem espessura variada, que inclui desde trechos mais delgados com 5 ou 10 metros, até porções
mais espessas, alcançando mais de 100 metros. Em comprimento, é comum alcançarem algumas
dezenas de quilômetros.
No âmbito do Cráton São Francisco Meridional, é possível que esse sistema de diques máficos
seja correlacionável ao Sistema de Diques Máficos Timboré, de Carneiro et al. (2006, inédito), cujo
local típico ocorre ao norte da Folha Campo Belo (escala 1:100.000), embora ainda não existam dados
geoquímicos disponíveis que permitam atestar sua similaridade.
A rocha típica dessa unidade é representada por gabro de aspecto porfirítico caracterizado por
fenocristais mais grosseiros de opacos em meio matriz afanítica, com presença de sulfetos
disseminados. Caracteristicamente apresenta cor verde-azulada, com elevada densidade, índice de cor
melanocrático, magnetismo moderado ou inexistente.
Em seções delgadas, verifica-se que a rocha apresenta textura reliquiar porfirítica,
inequigranular e seriada, de granularidade variando de média a grossa. Particularmente, os cristais de
plagioclásio, em geral cristais fantasma, sugerem uma cristalização ocorrida de forma contínua e
concomitante à cristalização das demais fases minerais. Com freqüência, observa-se em lâmina,
71
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
cristais anédricos de clinopiroxênio, parcialmente uralitizados (Figura 6.3 A e B), envolvendo total ou
parcialmente cristais fantasma de plagioclásio, configurando assim texturas ofítica e subofítica
reliquiares.
O plagioclásio, o clinopiroxênio e minerais opacos, apresentam habitus tendendo a anédrico,
com aspecto estilhaçado ou corroído nas bordas, não raramente com textura esqueletiforme. Feixes de
actinolita fibrosa formam-se preferencialmente nas bordas dos cristais de clinopiroxênio e adentram
juntamente com clorita e epídoto os domínios das demais fases minerais das lâminas, configurando
uma textura decussada a granonematoblástica.
O plagioclásio (An 65-70) é o mineral mais abundante da rocha, podendo alcançar 45% dos
minerais na lâmina. Apesar da intensa saussuritização, não raramente exibe característica geminação
polissintética e apresenta uma ampla variação de granularidade, variando desde grandes cristais
tabulares, euédricos a subédricos, até cristais finos e médios, com habitus tendendo a subédrico e
anédrico.
O clinopiroxênio, de forma geral, está presente em proporções variando de 20 a 30% dos
minerais nas lâminas analisadas. O mineral apresenta-se como cristais anédricos ou raramente
subédricos, de granulação média a grossa, cor castanho pálido, e cores vivas de interferência que
alcançam o início da segunda ordem. Com freqüência, encontram-se parcialmente substituídos por
actinolita, que muitas vezes constituem feixes aciculares nas bordas dos prismas. A actinolita
compreende cerca de 15% da composição modal das lâminas. Esse anfibólio caracteriza-se por ser
incolor ou levemente esverdeado, por apresentar extinção oblíqua e cores de interferência muito vivas,
que chegam à metade da 2ª ordem.
A titanita está presente na rocha na proporção de aproximadamente 10% dos minerais na
lâmina. Os cristais maiores, que chegam a apresentar granularidade média, tendem a habitus subédrico
e apresentam-se totalmente alterados em leucoxênio, que muitas vezes, substitui a estrutura da titanita
mantendo o habitus do mineral original. Uma segunda geração de titanita parece estar presente e
forma-se partir da alteração de titanomagnetitas, em volta das quais ocorre como um aglomerado
amorfo ou forma pequeníssimos cristais euédricos. Quanto aos minerais opacos, nota-se que os cristais
maiores, possivelmente titanomagnetitas, são anédricos e normalmente apresentam estrutura
esqueletiforme, com gretas de corrosão e embaiamento. Os sulfetos em geral são menores e
apresentam habitus euédrico.
A apatita constitui aglomerados de cristais perfeitamente hexagonais, relevo alto e baixa
birrefringência. Apresenta uma composição modal inferior a 3% nas lâminas analisadas.
Os minerais do grupo do epídoto (epídoto s.s., zoisita e allanita) ocorrem em quantidades
72
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
subordinadas aos demais minerais da lâmina. À exceção da allanita, os epídoto ocorrem substituindo
parcial ou totalmente a estrutura cristalina de cristais de plagioclásio. Suas principais características
são o relevo alto, as cores de interferência vivas (no caso dos epídotos ss) ou no tom anômalo azul de
Berlim (zoisita e clinozoisita), podendo ainda constituir cristais metamíticos, como ocorre com alguns
grãos de allanita presentes na borda ou dentro de cristais de piroxênio. Além desses, a muscovita
também ocorre na lâmina e participa da substituição dos cristais de plagioclásio na saussuritização e
sericitização dos mesmos.
Figura 6.3 – A) Seção de gabro típico do SDM-NE (objetiva: 1.6x; pol. //). B) Vista anterior com luz polarizada.
Observa-se vestígios de textura subofítica, superimposta por avançado metamorfismo de baixo grau
(objetiva:1.6x; pol. X).
A clorita também está presente na rocha e ocorre formando massas anédricas esverdeadas,
exibindo cores de interferência anômalas cinza-azuladas, comumente substituindo cristais de
plagioclásio e clinopiroxênio. O quartzo ocorre em algumas lâminas como agregados poligonalizados,
mas de modo geral não excedem 5%.
6.5
SISTEMA DE DIQUES MÁFICOS NW (SDM-NW)
Essa família de diques máficos corresponde a uma unidade máfico-fissural aparentemente
mais jovem que a anterior. Embora tenha verificado sua ocorrência em áreas adjacentes, na área
mapeada essa unidade é composta unicamente por um dique de direção NW-SE, que ocorre truncando
a unidade anterior, o SDM-NE.
O dique em questão apresenta cerca 9 ou 10 km de comprimento e largura variável entre 20 e
100 metros. Essa unidade está possivelmente associável ao Sistema de Diques Máficos Lençóis, de
Carneiro et al. (2006, inédito), que ocorre desde ao sul da região de Campo Belo, se entendendo por
grande parte do CSFM.
A rocha típica dessa unidade na área estudada é um olivina gabro, de granularidade média a
grossa, porfirítico, índice de cor melanocrático a mesocrático e densidade elevada.
73
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Microscopicamente a rocha é holocristalina, apresenta granulação fina a grossa, com textura
inequigranular seriada, porções ofíticas/subofíticas e intergranulares (Figura 6.4 A, B C e D). As
texturas ofítica e subofítica são bastante freqüentes, e ocorrem entre cristais de plagioclásio que são
envolvidos, total ou parcialmente, tanto por cristais de clinopiroxênio quanto por cristais de olivina.
Da mesma forma, uma geração de cristais de olivina e plagioclásio, foi cristalizada no espaço entre
ripas de plagioclásio anteriormente formadas, constituindo assim a textura intergranular.
O plagioclásio (An 70-85) compreende cerca de 60% do volume dos minerais nas lâminas
analisadas. Ocorrem sob a forma de cristais tabulares, subédricos, exibindo típica geminação
polissintética, em uma escala de granulação contínua, de fina a grossa.
O clinopiroxênio representa de 20 a 25% do volume da rocha. O mineral é representado por
cristais anédricos de granularidade média a grossa e clivagem prismática característica, apresentando
nas seções basais duas direções em ângulos retos. As principais características ópticas desse
clinopiroxênio residem em sua cor castanha-rosada pálida, em sua extinção oblíqua, em seu relevo
moderado a alto - intermediário nas lâminas entre o relevo do plagioclásio e da olivina – e na
birrefringência moderada a alta, chegando suas cores de interferência à metade da 2º ordem.
Constituindo de 12 a 15% em volume das lâminas estudadas, a olivina ocorre como cristais de
granularidade média, cujos habitus variam desde cristais anédricos até cristais com seções
perfeitamente hexagonais (Figura 6.4 A e B). Esse mineral caracteriza-se por seu relevo alto, pela
birrefringência elevada com seções exibindo cores de interferência muito vivas e pelo padrão
randômico de fraturamento, onde as fraturas encontram-se preenchidas por opacos (possivelmente
magnetita) e/ou iddingsita.
Quando em contato com plagioclásio, ocorre a formação de delgadas bordas quelifíticas,
constituídas por um agregado poliminerálico, formado provavelmente por clinopiroxênio,
ortopiroxênio, anfibólio e espinélio.Na lâmina 54GH73, pelo menos um cristal de olivina encontra-se
inclusa em cristal de clinopiroxênio.
Os minerais opacos ocorrem em quantidades inferiores a 5% e são representados
principalmente pela magnetita, embora iddingsita possa ocorrer preenchendo fraturas nas olivinas,
como já mencionado. Os cristais de magnetita apresentam habitus variando de subédrico a anédrico e
granularidade entre fina a média. Quando inclusos nas olivinas, dispõem-se formando agregados
minerálicos de granulação fina, estando esses agregados, por vezes a substituir completamente os
cristais de olivina. A iddingsita apresenta agregados amorfos, de cor alaranjada em função da presença
dos hidróxidos de ferro, caracterizando-se pela propriedade de não se extinguir em posição alguma da
lâmina.
74
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
A titanita encontra-se em quantidades inferiores a 5%. Esse mineral é representado por cristais
anédricos a subédricos de granularidade média, onde as poucas seções encontram-se totalmente
alteradas em leucoxênio.
A apatita aparece nessa rocha em quantidades traço, e nas lâminas analisadas ocorre como
cristais euédricos, em sua maioria, perfeitamente hexagonais, com relevo intermediário e baixíssima
birrefringência. Sericita e epídoto ocorrem como alteração dos cristais de plagioclásio, em pequenas
quantidades, já que as amostras encontram-se bastante preservadas.
Figura 6.4 – A) Cristal euédrico de olivina em olivina gabro obtido no ponto 54GG20 (objetiva: 5x; pol.: //). B)
Vista anterior com luz polarizada, notando-se cristal de plagioclásio parcialmente incluso. C) Mesma seção
anterior com aumento reduzido (objetiva: 1.6x) e polarizador descruzado. D) Fotomicrografia anterior vista luz
polarizada. Nota-se a variação de textura ofítica a subofítica (objetiva: 1.6x; pol.: X).
6.6
UNIDADE GRANÍTICA
Essa unidade compreende rochas jovens, indeformadas, representadas na área por um granito a
duas micas com granada e por um granito rosa, ambos de pequena expressão e distribuição geográfica
denominados nesse trabalho respectivamente Granito Córrego do Peixoto e Granito Mata Virgem.
O Granito Córrego do Peixoto ocorre como um plúton de pequenas dimensões localizado ao
sul da área mapeada, e ocorre cortando a Unidade Metassedimentar, a Unidade Metamáfica e o
Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso.
75
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
O Granito Mata Virgem restringe-se ao leste da área mapeada e apresenta-se sob a forma de
pequenos diques. A ocorrência dessas rochas na área estudada é bastante limitada e não foram
encontrados outros corpos dentro dos limites mapeados, a fim de que se pudesse extrair melhores
informações quanto sua continuidade e distribuição.
6.6.1
Granito Córrego do Peixoto
O Granito Córrego do Peixoto é uma rocha isótropa, porfirítica de granularidade grossa,
caracterizada pela presença de fenocristais de granada distribuídos em matriz fanerítica de
granularidade média. Apresenta cor cinza azulada, índice de cor leucocrático e ausência de
magnetismo. Em lâmina delgada, a rocha apresenta caráter holocristalino inequigranular porfirítico,
caracterizado por um arranjo poliminerálico, constituído por cristais anédricos, de granularidade
variando de média a grossa, onde se despontam fenocristais anédricos de granada, de granulação muito
grossa. É comum a presença de textura porfiróide, caracterizada por fenocristais de k-feldspato
euédricos a subédricos (Figura 6.5 A), mergulhados em matriz mais fina composta por cristais de kfeldspato e plagioclásio. Em alguns cristais, embora de maneira rara, é possível observar contatos
intergranulares serrilhados, gerando a textura consertal.
Figura 6.5 – A) Detalhe de textura porfiróide com k-feldspato pertítico (objetiva 1.6x; pol. X). B) Fenocristais
de granada configurando a textura porfirítica (objetiva 1.6x; pol. //).
Compreendendo cerca de 47% dos minerais em lâmina, o feldspato alcalino ocorre como
cristais granulares anédricos, raramente maclados (macla de Carlsbad ou tartan, no caso da
microclina), diferenciando-se do plagioclásio pelo relevo ligeiramente menor e por este apresentar
aspecto turvo. Com freqüência, ocorrem cristais pertíticos e de forma menos comum, intercrescimento
micrográfico e granofírico. No contato com o plagioclásio, ocorre exsolução de quartzo, que configura
a textura mirmequítica.
O quartzo compreende 23% da rocha e seus cristais se caracterizam pelo habitus granular
76
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
anédrico de aspecto límpido, apresentando algum indício de recristalização como cristais ligeiramente
deformados e extinção ondulante.
Ocorrendo em quantidades subordinadas aos demais feldspatos, o plagioclásio (An 07-2
5)
compreende cerca de 22% dos minerais nas lâminas estudadas. A geminação polissintética segundo as
leis da Albita e Periclina são freqüentes, e às vezes encontram-se bem preservadas até mesmo nos
cristais mais saussuritizados. A antipertita e a textura mirmequítica são estruturas típicas e ocorrem
com relativa freqüência.
A granada ocorre como mineral varietal como fenocristais porfiríticos (Figura 6.5 B). Os
cristais caracterizam-se por seu relevo muito alto, cor rosada, caráter isotrópico e apresentam
proeminente sistema de faturamento, através do qual observa-se um processo de alteração em clorita,
bastante insipiente. A granada ocorre em quantidades subordinadas a 5%.
A biotita representa cerca de 3% dos minerais em lâmina. Esse mineral que apresenta-se como
palhetas alongadas de granularidade média, exibe forte pleocroísmo nos tons verde escuro a castanho
esverdeado claro, apresentando a extinção “olho-de-pássaro” como importante propriedade
diagnóstica.
A muscovita ocorre como alteração dos feldspatos, geradas no processo de saussuritização e
sericitização ou como mineral varietal. Quando gerada nos processos de alteração do plagioclásio,
ocorre como delgadíssimas palhetas dispersas, como produto dessa alteração, juntamente com epídoto.
A muscovita de origem ígnea é bastante rara nessas rochas e ocorre como aglomerados de cristais
planares, de granulação média, ocupando o espaço intersticial de outros minerais. Esses filossilicatos
distinguem-se por serem incolores, pela birrefringência elevada e pela extinção “olho-de-pássaro”.
O zircão ocorre em quantidades traço como mineral acessório no interior de feldspatos ou
mais comumente nas biotitas, onde produzem halos pleocróicos. O mineral representa-se por cristais
que variam de granulares anédricos até exemplares perfeitamente prismáticos e euédricos, destacandose por seu relevo alto e birrefringência altíssima. Não raramente ocorrem cristais metamíticos, que são
cristais que se tornaram isotropisados em função de sua própria emissão radiativa.
A turmalina é um mineral extremamente raro nessa rocha e se formou provavelmente através
da turmalinização de biotitas. Caracteriza-se pelas seções triangulares, cor verde azulada, relevo
moderado, birrefringência elevada e sinal uniaxial (-).
6.6.2
Granito Mata Virgem
O Granito Mata Virgem apresenta-se como uma rocha leucocrática, isótropa e fanerítica,
exibindo textura granular média e cor característica rosa. Esse granito microscopicamente exibe
77
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
caráter holocristalino, com arranjo eqüigranular anédrico de granulação grossa, com raros contatos
serrilhados que imprimem à rocha textura consertal.
O plagioclásio (An 05-20) é o mineral mais abundante, equivalendo a 40% dos minerais da
rocha. Encontra-se comumente maclado segundo as leis da Albita e Periclina. Alguns poucos cristais,
no contato com k-feldspato, podem apresentar intercrescimento com quartzo, gerando assim a textura
mirmequítica.
O k-feldspato compreende 32% dos minerais em lâmina. Freqüentemente pertítico, o mineral
apresenta aspecto turvo em função da alteração intempérica. Raramente os cristais são maclados,
diferenciando-se do plagioclásio pelo relevo ligeiramente menor.
O quartzo representa 25% da rocha e ocorre de forma disseminada pela superfície da lâmina.
Os cristais apresentam aspecto límpido e em alguns locais da lâmina exibem fraca extinção ondulante.
A biotita ocorre em quantidades subordinadas a 3% e apresenta-se como cristais lamelares de
granularidade fina, com forte pleocroísmo nas cores castanho-avermelhado clara e castanho clara.
Apresentam, em alguns pontos, alteração para clorita e traços de leucoxênio. O zircão ocorre como
cristais granulares e prismáticos, de granulação fina, relevo alto e birrefringência elevada. Quando
incluso em biotitas, freqüentemente promove a formação de halos pleocróicos.
6.7
UNIDADE MÁFICA TARDIA
Possivelmente é a unidade mais jovem da área. Ocorre restrita a poucos locais na região
mapeada, aflorando em pequenos diques não mapeáveis em escala 1:10.000.
Semelhante ao Diabásio Santa Cruz de Carneiro (1992), o litotipo típico dessa unidade é um
diabásio de cor cinza clara, afanítico, denso apresentando magnetismo variando de fraco a moderado.
Embora escassa em termos de área e volume, nos poucos afloramentos onde essa rocha foi encontrada,
foi possível obter amostras com porções exibindo vesículas e textura fluidal a traquítica.
Em escala microscópica esse diabásio é uma rocha hipocristalina, inequigranular hiatal com
tendência porfirítica com matriz apresentando texturas orientadas variando de traquítica a fluidal
(Figura 6.6 A e B), sendo a rocha composta por cerca de 65% de plagioclásio (An 55-75). Quando
constituindo a matriz, esse mineral configura texturas variando de traquítica a fluidal. Quando
representado por fenocristais, ocorre como cristais porfiríticos isolados, de granulação média, como
agregados glomerofíricos porfiríticos a plagioclásio ou poliminerálicos constituídos por plagioclásio e
piroxênio. Uma característica dos fenocristais de plagioclásio é que apresentam tendências mais
anédricas e com certa freqüência encontram-se zonados (Figura 6.6 B), possivelmente em decorrência
de um resfriamento rápido sofrido pela rocha em condições subvulcânicas. Nos núcleos
poliminerálicos, a associação com piroxênios, com freqüência, proporciona o aparecimento da textura
78
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
intergranular, caracterizada pela cristalização de piroxênios entre ripas de plagioclásio. Na matriz, o
mineral comumente apresenta geminação polissintética e ocorre sob a forma de ripas subédricas a
euédricas. É possível observar que o resfriamento rápido possibilitou a formação de vidro ao redor e
entre ripas de plagioclásio, proporcionando em alguns pontos da matriz, a textura variando de
intersectal a hialopílica. Apresentam como propriedades diagnósticas extinção oblíqua, cores de
interferência que alcançam o laranja de segunda ordem e maclas de contato.
O clinopiroxênio compreende cerca de 15% dos minerais nas lâminas observadas e é
representado por cristais incolores anédricos e subédricos de granularidade fina, por vezes
encontrando-se substituídos por anfibólio. Quando em processo de pseudomorfose para actinolita, esse
mineral tem sua birrefringência aumentada e conseqüentemente exibe cores mais vivas de
interferência. A actinolita apresenta habitus acicular ou ocorre como pseudomorfo do clinopiroxênio.
O mineral é incolor, apresenta extinção oblíqua, birrefringência moderada e não raramente geminação
lamelar.
Figura 6.6 – A) Lâmina obtida em amostra do ponto 54HG50. A fotomicrografia mostra amídala preenchida por
minerais hidrotermais concêntricos dispostos em matriz ligeiramente fluidal, constituída por micrólitons
orientados de plagioclásio (objetiva: 5x; pol. X). B) Seção com textura hiatal porfirítica constituída por
fenocristal de plagioclásio zonado (objetiva: 5x; pol. X).
Pelo menos cerca de 5% de vidro está presente nas lâminas analisadas. Esse material constitui
massas castanhas e isótropas, dispersas no interior de vesículas ou presentes na matriz, onde ocorre
envolvendo alguns pequenos micrólitons, em porções isoladas da lâmina. As vesículas ocorrem em
quantidades equivalentes do vidro total na lâmina analisada (e.g. lâmina 54HG50) e apresentam-se
como núcleos amigdalóides, de granularidade variando entre fina e média, exibindo zoneamento
concêntrico de cores em seu interior que vai do castanho ao alaranjado. Esse zoneamento
possivelmente é decorrente de uma alteração do material no interior das amídalas (possivelmente vidro
e minerais hidrotermais), que ocorreu de forma diferenciada, gerando uma associação de hidróxidos de
ferro, clorita e diversos outros minerais de baixa temperatura, em camadas circuncêntricas.
Os minerais opacos compreendem cerca de 10% do volume de minerais nas lâminas estudadas
79
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
e se distribuem de forma homogênea pelas seções, sob a forma de cristais de granularidade fina,
subédricos a anédricos. A clorita é mais rara nas seções analisadas e ocorre como mineral secundário,
formado provavelmente às custas do vidro. Ocorre como pequenos agregados anédricos de cor verde
em porções isoladas da lâmina.
6.8
METAMORFISMO
As unidades apresentadas no presente capítulo constituem fases de uma atividade termal sin a
pós-tectônica com relação ao evento metamórfico-deformacional de alto grau que retrabalhou a crosta
siálica pré-existente e metamorfisou as unidades Metamáfica, Metassedimentar e o Complexo
Acamadado Itaguara-Rio Manso.
A Unidade Máfica, possivelmente registra uma fase de atividade deformacional tardia,
observada na região, a qual associa-se à instalação de zonas de cisalhamento. Posteriormente, os
sistemas de falhas formados nessa fase, permitiram a instalação notável atividade hidrotermal, a qual
impôs-se em parte à Unidade Metamáfica e depositou a Unidade Vulcano-Exalativa. A intensa
mobilização de fluídos associados a essa atividade hidrotermal, teria em parte, favorecido os episódios
metassomáticos localizados observados no CAIRM e a mobilização de elementos, como será discutido
no capítulo seguinte – Litogeoquímica. Aparentemente, a instalação desses sistemas de falhas tardias
também atuou na deformação localizada do sistema de Sistema de Diques Máficos NE (SDM-NE),
que nesse contexto, registra os episódios de baixo grau ocorridos após os picos do metamorfismo
regional de fácies anfibolito a anfibolito superior, como indica a paragênese clinopiroxênio ±
plagioclásio ± actinolita ± clorita ± epídoto ± titanita ± muscovita que caracteriza essa unidade.
As demais unidades possivelmente são posteriores aos eventos metamórficos e deformacionais
observados em escala regional e quando muito, apresentam fracos e localizados indícios de
transformações metamórficas de baixo grau ou eventuais transformações intempéricas.
80
7 CAPÍTULO 7
LITOGEOQUÍMICA
7.1
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Com o objetivo de avaliar possíveis relações cogenéticas entre os metamafitos e mafitos
presentes na região de Itaguara - Rio Manso mediante suas características litogeoquímicas, dois
grandes grupos distintos de rochas constituem os alvos de interesse desse trabalho.
O primeiro grupo compreende os metamafitos pertencentes à Unidade Metamáfica do
Supergrupo Rio das Velhas. O segundo grupo é compreendido pelos metamafitos e metaultramafitos
pertencentes ao Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso. Ressalta-se que no intuito de se investigar
as semelhanças entre as assinaturas litogeoquímicas de ambos os grupos de rochas, indiferente do seu
grau de diferenciação, a título de comparação, as amostras provenientes dos estratos gabróicos
presentes nas unidades cíclicas do Complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso, foram estudas
conjuntamente, tanto com as metaultramáficas dessa unidade, quanto com as amostras da Unidade
Metamáfica, do Supergrupo Rio das Velhas.
Para tanto, optou-se em um primeiro momento por se estudar cada grupo individualmente,
particularizando as características geoquímicas de seus litotipos constituintes, conforme será abordado
neste e nos capítulos 8 e 9. Por fim, com as informações geradas no cruzamento desses dados, no
Capítulo 10 – Evolução Tectônica, serão apresentadas interpretações petrogenéticas e suas possíveis
ambiências tectônicas.
7.2
MOBILIDADE DOS ELEMENTOS
Um grande problema do estudo de rochas muito antigas, arqueanas ou paleoproterozóicas, são
as diversas transformações químicas que sofreram desde sua origem, sendo que muitas das quais
passaram por esses processos logo nos primeiros momentos de sua colocação na crosta através, por
exemplo, da espilitização, no contato com a água do mar.
A avaliação macroscópica e escolha das melhores amostras, baseada na presença de
mineralogia e estruturas magmáticas preservadas, nem sempre constitui um procedimento seguro,
quanto à garantia dessas amostras não terem sido afetadas por processos secundários de
transformações químicas (Beswick 1982, Arndt et al. 1997).
Como já discutido, os litotipos que compõem as duas unidades estudadas apresentam
paragêneses metamórficas que variam de fácies xisto-verde a anfibolito superior. Durante a lixiviação
promovida pelos processos intempéricos, os elementos de raio iônico intermediário (Al, Sc, Ti, V, Cr,
Co, Ga, Y, Zr, Nb, REE (exceto La), Hf, Ta e Th) tendem a se manter imóveis. Nas reações de
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
hidratação, como aquelas, ocorridas durante o metamorfismo de fácies xisto-verde a fácies anfibolito,
ou ainda durante grandes eventos de atividade hidrotermal, os elementos de baixo potencial iônico
(Mg, K, Na, Ni, Cu, Zn, Rb, Sr, Cs, Ba, La, Yb e Lu) e alto potencial iônico (Si, B, P, C, S) podem ser
removidos do sistema por fluidos percolantes ou incorporados a partir de suas encaixantes através de
processos metassomáticos (Winchester 1984, Winchester & Max, 1984). Na maioria das vezes, esses
processos apresentam um íntimo controle estrutural, estando costumeiramente associados a zonas de
cisalhamento (Winchester 1984 e Winchester & Marx 1984), em regiões tectonicamente ativas.
Esse processo parece ser semelhante ao que atingiu pelo menos em uma fase de
metamorfismo, as rochas da Unidade Metamáfica e do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso ou
ainda semelhante aos processos que ocorreram em fases posteriores, onde imperou intensa atividade
hidrotermal, responsável por promover o retrometamorfismo dessas rochas e ainda atingir de forma
mais moderada, as rochas de alguns dos sistemas de diques máficos encontrados na região.
Durante o metamorfismo de fácies anfibolito, a remoção dos elementos em meio aquoso,
principalmente aqueles de alto potencial iônico, pode ocorrer a partir da solubilização de determinados
elementos sob elevadas temperaturas, promovendo a eventual formação de complexos iônicos
(Winchester & Marx 1984).
Dentre as rochas estudadas, as rochas do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, seriam
as mais propensas a apresentar uma assinatura litogeoquímica de alguma forma afetada por processos
similares, como será mostrado a seguir. Esses processos teriam ocorrido durante as fases metamórficas
de temperatura e pressões mais elevadas, pois como se verifica nas descrições petrográficas dessas
rochas, transformações químico-mineralógicas evidenciam que as mesmas foram afetadas por
metamorfismo de fácies anfibolito superior, com posterior reequilíbrio em fácies de graus
metamórficos mais baixos, com superimposição ou não, de alteração intempérica.
Particularmente, essas informações nos levam a indagar se os metaultramafitos do CAIRM,
não teriam sofrido processos de perda ou ganho de massa, como indica a intensa serpentinização e
talcificação dos níveis peridotíticos, a geração de Ca-anfibólios a partir de clinopiroxênio ou o
sobrecrescimento em cristais de espinélio, uma vez que elementos como K, Na, Si, Ca e Mg seriam
facilmente mobilizados em processos como os que afetaram essas rochas (Condie 1982). A formação
de minerais hidratados no decorrer do metamorfismo, muitas vezes remete, além da mobilização
química de determinados elementos em escala de corpo, a uma possível incorporação de elementos
ocorrida a partir das encaixantes ou a um enriquecimento originado pela percolação de fluidos
saturados em determinados sais, durante os processos metamórficos envolvendo fase fluida. Por
exemplo, Winchester (1984) estudando um caso particular, utilizou um critério para avaliação de
mobilidade química, baseado nos teores relativos de K2O e Rb. Segundo o critério utilizado pelo autor,
teores acima de 2% de K2O ou com mais de 50 ppm de Rb, seriam indicadores de que essas rochas
82
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
pudessem ter sofrido intensa mobilidade química se comparadas ao seu protólito. Amostras com teores
entre 1% e 2%, indicariam que o protólito teria sofrido alguma mobilidade química e as amostras com
teores abaixo de 1%, seriam as que apresentariam a assinatura litogeoquímica melhor preservadas em
relação à fonte, ou refletiriam com maior fidedignidade as características originais do protólito.
No caso das rochas estudadas, foram gerados diagramas bivariantes de razões de proporções
moleculares (MPR; Figuras 7.1, 7.2), segundo a proposta de Beswick & Soucie (1978) e Beswick
(1982), que analisou a mobilidade geoquímica decorrente principalmente de processos metassomáticos
em greenstone belts arqueanos. De acordo essa metodologia, óxidos como Fe2O3t, MgO, e SiO2, que
participam efetivamente nos processos de fracionamento de magmas máficos e ultramáficos, são
normalizados por óxidos incompatíveis em magmas dessa natureza, que também apresentam a
propriedade de serem mobilizados quando submetidos a processos metamórficos/metassomáticos.
Dessa forma, o conjunto de amostras cujas tendências obedecem alguma regularidade e boa
correlação, podem estar resguardando muitas das características do seu protólito ou ainda representar
processos magmáticos. Por outro lado, os diagramas que exibem uma dispersão de pontos,
principalmente, quando ocorre uma tendência que se abre em leque a partir da origem, indicam a
sobreposição de transformações químicas posteriores, denotando assinaturas geoquímicas mais
distantes entre o protólito e a rocha atual. Algumas possibilidades podem ocorrer durante a análise dos
diagramas, como por exemplo, o normalizador ser móvel, um dos óxidos normalizados ser móvel, os
três óxidos serem móveis ou os três óxidos serem imóveis.
Foram testados alguns diagramas tentando uma correlação entre óxidos de elementos
relativamente imóveis com óxidos de elementos móveis. No caso das amostras pertencentes à Unidade
Metamáfica (Figura 7.1), o diagrama de FM (somatório FeOt + MgO) versus SiO2, ambos
normalizados por TiO2, apresentou tendência bem definida.
Nesse caso, como TiO2 é pouco móvel e o somatório FM se comporta igualmente como um
óxido de baixa mobilidade, o SiO2 denota ter sido relativamente mobilizado. Substituindo SiO2 por
FeOt e FM por MgO observa-se um diagrama exibindo tendência com ligeira dispersão. Nesse caso,
se o FeOt é pouco móvel e o TiO2 apresenta mobilidade relativa baixa, a dispersão deve estar
associada a mobilidade do MgO.
A mobilidade do MgO fica perfeitamente evidenciada no diagrama FM versus MgO
normalizado por CaO. Nesse diagrama que ilustra a situação em que um dos óxidos normalizados (no
caso MgO) é móvel, observa-se uma inflexão na tendência, mostrando uma mobilização simultânea do
MgO com CaO com incremento nos valores de FM.
83
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 7.1 - Diagramas de razões de proporções moleculares de Beswick & Soucie (1978) e Beswick (1982).
Círculos alaranjados: metamafitos da Unidade Metamáfica. Triângulos verdes: metamafitos do Complexo
Acamadado Itaguara-Rio Manso.
84
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Figura. 7.2 - Diagramas de razões de proporções moleculares (MPR) de Beswick & Soucie (1978) e Beswick
(1982), para as rochas do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso. Triângulos verdes: metamáficas. Outros
símbolos: metaultramafitos indiferenciados.
A mobilidade do CaO foi atestada em alguns diagramas onde foi utilizado como óxido
85
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
normalizado ao invés de normalizador. Aqui apresentamos o diagrama SiO2 versus CaO normalizado
por K2O, que ilustra a situação em que os três óxidos são móveis ou relativamente móveis, gerando
nesse caso uma tendência bem definida pela mobilização concomitante do K2O, do CaO e em menor
escala, do SiO2.
Tendência semelhante é apresentada pelo grupo de amostras ao substituir o CaO por FM no
diagrama FM versus SiO2 normalizado por K2O, onde percebe-se a mobilidade concomitante do K2O e
do SiO2. Com relação ao Na2O, a mobilidade desse óxido não é muito clara ou foi de pequena
expressão nos diagramas testados. No diagrama FM versus SiO2 normalizado por Na2O, observa-se
uma tendência relativamente retilínea, mostrando que esse óxido pode ter sido pouco mobilizado
juntamente com SiO2. Por outro lado, substituindo SiO2 por CaO, observa-se uma forte dispersão
gerada no diagrama, em decorrência, possivelmente da forte mobilidade do CaO. Já o diagrama FM
versus SiO2 normalizado por Al2O3 apresenta tendência sugestivamente definida do grupo de
amostras. Esse diagrama ilustra o caso em que apenas um dos elementos foi relativamente pouco
mobilizado ou apresenta maior susceptibilidade à mobilização, nesse caso em específico, representado
pelo SiO2.
Quanto às rochas do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso (Figura 7.2), observam-se
tendências bastante marcadas. Dentre essas, destacam-se as tendências geradas nos diagramas FM
versus SiO2 normalizado por Na2O, FM versus SiO2 normalizado por K2O, FM versus MgO
normalizado por CaO. Esses diagramas ilustram uma situação em que pelo menos dois óxidos são
móveis ou relativamente móveis, destacando-se nesse caso, a significativa mobilidade do K2O, do
Na2O e do CaO. A mobilidade do CaO nas amostras do CAIRM, pode também ser constatada nos
diagramas FM versus CaO normalizado por Na2O, FM versus CaO normalizado por K2O e Al2O3
versus CaO normalizado por K2O os quais exibem forte dispersão em leque com relação à origem. O
diagrama Al2O3 versus SiO2 normalizado por K2O, igualmente, apresenta dispersão em leque e sugere
que ou Al2O3 ou SiO2 podem ter sofrido mobilizações consideráveis durante o metamorfismo. No
entanto, analisando os diagrama FM versus SiO2 normalizado por Al2O3, e FM versus SiO2
normalizado por TiO2, percebe-se tendências retilíneas, bem definidas. Nesses diagramas, se o SiO2
desponta-se como o óxido mais susceptível à mobilidade, é possível que durante o metamorfismo essa
mobilidade tenha sido pouco considerável, porém algo mais significativo que o Al2O3.
De fato, algumas dessas amostras encontram-se afetadas por processos de serpentinização e
talcificação bastante avançados. Para Arndt (1994), a alteração da olivina controla a mobilidade de
diversos elementos, motivo que explicaria porque o mesmo não ocorre com as amostras da Unidade
Metamáfica, que seriam rochas em que as quantidades modais desse mineral, no protólito, seriam
menos expressivas. Esses metamafitos, embora mineralogicamente nada ou muito pouco resguardem
da paragênese do seu protólito, apresentam padrões geoquímicos bastante condizentes com esse tipo
86
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
de rocha. Já as amostras do CAIRM, apresentam um enriquecimento anômalo em REE, conforme será
apresentado no Capítulo 9 – Litogeoquímica do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso,
constituindo um fato pouco comum para rochas dessa natureza, mas que encontra similares em outras
ocorrências no Brasil (Candia 1982, Szabó 1996, Pinheiro 1998, Zucchetti 1998, Carvalho Jr. 2001).
Entretanto, surgindo um fato pontual em que os grupos de amostras apresentam indícios de terem
sofrido processos de mobilização, ocorridos de forma não sistemática em determinados elementos,
verifica-se que no conjunto geral há uma significativa mobilidade com características diferentes entre
as amostras da Unidade Metamáfica e as do CAIRM.
Nas amostras da Unidade Metamáfica, observa-se uma mobilização menor ou menos
perceptível, principalmente nos óxidos MgO, Na2O e K2O. No CAIRM, o conjunto amostral apresenta
uma significativa mobilização nos óxidos Na2O, K2O, CaO. Em menor escala, o SiO2 pode também ter
sido mobilizado, assim como o Al2O3. Quanto ao MgO, é possível que esse óxido tenha sido
remobilizado internamente, em escala de corpo, durante os processos de baixo grau tardios discutidos,
como sugere a presença de fraturas e zonas de cisalhamento preenchidas por serpentina observadas em
lâmina e em campo.
Portanto, devido esses fatos apresentados, conclui-se que o grupo de amostras do CAIRM não
representa com fidedignidade, as características litogeoquímicas originais de seu protólito, enquanto as
amostras da Unidade Metamáfica, a assinatura litogeoquímica do protólito encontra-se mais
preservada. Com isso, sugere-se que quaisquer conclusões baseadas nas análises litogeoquímicas
dessas rochas, e principalmente nas amostras do CAIRM, sejam formuladas com cautela.
87
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
88
8 CAPÍTULO 8
LITOGEOQUÍMICA DOS METAMAFITOS DO SUPERGRUPO RIO
DAS VELHAS E DO COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA – RIO
MANSO
8.1
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Os metamafitos que compõe a Unidade Metamáfica, petrograficamente foram classificados
como metagabro e anfibolito. Neste capítulo, como já feito anteriormente, os termos metamáficos
associados ao Complexo Acamadado Itaguara – Rio Manso, serão constantemente plotados com os
demais metamafitos estudados, com a finalidade de comparação.
Embora seja difícil afirmar que essas rochas tenham se cristalizado em ambiente vulcânico ou
plutônico, utilizou-se o diagrama discriminante Nb/Y versus Zr/TiO2 de Winchester & Floyd (1977)
para rochas vulcânicas em sua classificação (Figura 8.1), considerando-se que as correlações quanto
aos equivalentes plutônicos sempre podem ser feitas. Nesse diagrama, as amostras plotadas mostraram
ocupar preferencialmente o campo dos basaltos, com uma única amostra ocupando o campo dos
basaltos alcalinos.
A metodologia do diagrama baseia-se na evolução de um magma básico, onde as elevadas
razões Zr/TiO2 remetem o empobrecimento em TiO2 nos diferenciados não-basálticos enquanto a
variação da razão Nb/Y marca a alcalinidade desse magma.
Seguindo essa premissa, a composição normativa dessas rochas, sugerem protólitos basálticos,
com composições gabronoríticas a olivina-gabronotríticas (Tabela 8.2 e Figura 8.2). Os metamafitos
amostrados do CAIRM, por sua vez, apresentam paragêneses similares, embora deva ser notado, que
na amostra AG28 (Tabela 8.2) a paragênese normativa é de um olivina gabro enquanto na amostra
AG29, onde toda a olivina normativa é substituída por hiperstênio normativo, a composição é de um
gabronorito.
Os diagramas da Figura 8.3 A e B evidenciam o caráter ferromagnesiano dessas rochas. A
Figura 8.3 A (Jensen 1976, corrigido por Rickwood 1989), permite uma distinção dessas rochas
quanto as proporções catiônicas de Fe-Ti-Mg, sendo que um grupo de amostras ocupa o campo dos
tholeiítos de alto-Fe e o outro grupo, conseqüentemente mais magnesianos, ocupam o campo dos
basaltos komatiíticos.
No entanto, ressalta-se que embora as porcentagens catiônicas de Mg encontradas nas rochas
estudadas se enquadrem na proposta de Jensen (1976) e Jensen & Pyke (1982) para as definições de
basaltos komatiíticos (e. g. basaltos komatiíticos: 10% < Mg < 20% - comparar com Tabela 8.1),
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
excluem-se da proposta original de Arndt & Nisbet (1982) e Brooks & Hart (1974) que levam em
consideração o magnésio sob a forma de óxido (e. g. basaltos komatiíticos: 9 < MgO < 18%, ver
Apêndice 2.1).
Figura 8.1 - Diagrama discriminante de rochas vulcânicas de Winchester & Floyd (1977). Círculos cinzas:
Unidade Metamáfica indiscriminada. Triângulos verdes: metamafitos do CAIRM.
Outras características presentes na definição original de basaltos komatiíticos também não
foram observadas, como razão CaO/Al2O3 > 0.8 – 1 (que nos metamafitos estudados situa-se entre
0,63 a 0,9), a relação espacial com komatiítos ultramáficos (derrames?), o que sugeriria alguma
afinidade cogenética e a ausência de estruturas que indiquem extrusão, como pillow lavas, disjunções
poliédricas e presença de textura spinifex.
Por outro lado, os valores dos óxidos MgO, SiO2, FeOt e Al2O3, obtidos nas análises dessas
rochas enquadram-se nas concentrações descritas por Arndt et al. (1997) para basaltos tholeiíticos
arqueanos. Segundo esse autor, os tholeiítos arqueanos apresentam concentrações de SiO2 entre 46% e
56%, FeOt entre 7% e 17%, Al2O3 entre 11% e 15% e MgO entre 4% e 15% (comparar essa
informação com valores da tabela nos Apêndices 2.1, 2.2 e 2.3). Quanto a ausência de texturas, Arndt
& Nisbet (1982) e Arndt et al. (1997) afirmam que em basaltos komatiíticos com concentrações de
MgO inferiores a 10% ou 12%, são textural e composicionalmente muito semelhantes a basaltos
tholeiíticos, sendo de extrema dificuldade diferenciá-los.
90
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Figura 8.2 - Diagrama plagioclásio-piroxênio-olivina de Le Maitre et al. (1989), para classificação de rochas
máficas. Círculo cinza: Unidade Metamáfica. Triângulo verde: metamafitos do CAIRM.
Assim, na ausência de argumentos e antes de se proceder à classificação dessas rochas como
basaltos komatiíticos, segue-se a recomendação de Arndt & Nisbet (1982), de se referir a tais rochas
apenas como basaltos de afinidade komatiítica. Nesse grupo enquadram-se também as duas amostras
analisadas dos metamafitos provenientes do CAIRM. Quanto a isso, o caráter tholeiítico dessas rochas
é demonstrado na Figura 8.3 B (Irvine & Baragar 1971). Nessa linha de raciocínio, uma possibilidade
de classificação para essas rochas seria quanto aos teores de TiO2, onde as amostras com valores acima
de 2%, seriam classificadas como tholeiítos de alto-Ti, e as amostras com valores inferiores a 2%, em
tholeiítos de baixo-Ti. Essa classificação baseia-se na proposta utilizada para caracterização de mafitos
adotada em inúmeros trabalhos a respeito sobre rochas basálticas, principalmente naqueles referentes
ao estudo dos basaltos da Bacia do Paraná (e.g. Bellieni et al. 1984 e 1986, Kirstein et al.2000,
Ernesto et al. 2002), do Cráton Rio de la Plata (e. g. Mazzucchelli et al. 1995, Iacumin et al. 2001),
dos metabasaltos paleoproterozóicos do Carajás (e. g. Rivalenti et al. 1998) e da província Tocantins
(e. g. Corrêa da Costa 2002, Corrêa da Costa et at. 2003). Entretanto a amostra AG 53 que apresenta
TiO2 elevado (> 2%), também apresenta MgO elevado, assim como a amostra AG65 que apresenta
baixo TiO2 (< 2%), também apresenta baixo MgO, fato que no cômputo geral das porcentagens
catiônicas, fez com que essas amostras caíssem em campos trocados no diagrama de Jensen (1976).
Dessa forma, embasado na afinidade tholeiítica observada no diagrama B da Figura 8.3 e nas
informações de Arndt et al. (1997), preferiu-se classificar os metamafitos da Unidade Metamáfica,
quanto ao seu caráter tholeiítico, denominando-os de metatholeiítos de alto-Mg (MTAMg - amostras
91
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
com %Mg >10%) e metatholeiítos de baixo-Mg (MTBMg – amostras com %Mg < 10%).
Figura 8.3 –A) Diagrama proposto por Jensen (1976, modificado por Rickwood 1989), para discriminação de
suítes cálcio-alcalinas, tholeiíticas e komatiíticas. B) Diagrama AFM (álcalis totais – FeOt – MgO) de Irvine &
Baragar (1971), para classificação de rochas máficas mostrando uma variação de caráter tholeiítico a cálcioalcalino. Círculos azuis: MTBMg; círculos laranjas: MTAMg; triângulos verdes: metamafitos do CAIRM.
Tabela 8.1 - Porcentagem catiônica de Mg, Fe, Ti, Al e valores das razões CaO/Al2O3 e Al2O3/TiO2 para os
metamafitos estudados.
Grupo
MTAMg
MTBMg
CAIRM
Amostra
CaO/Al2O3
Al2O3/TiO2
%Mg
%Fe
%Ti
%Al
AG30
0.76
9.92
10.65
11.40
1.14
9.44
AG31
0.71
7.44
9.90
12.26
1.45
9.00
AG34
0.73
10.52
9.94
11.23
1.11
9.70
AG38
0.63
9.41
10.22
11.33
1.21
AG46
AG47
0.90
0.76
7.86
10.88
11.93
10.05
11.09
10.80
AG53
0.65
6.09
10.37
10.76
1.84
9.32
AG56
0.72
11.30
11.34
10.80
1.00
9.44
1.24
0.98
9.47
8.09
8.88
Média
0.73
8.84
10.55
11.21
1.25
9.17
AG42
0.62
4.65
6.74
13.04
2.49
9.65
AG44
0.65
5.63
7.41
13.44
1.92
8.98
AG49
0.69
6.98
8.67
13.57
1.58
9.18
AG57
0.72
6.19
8.45
14.11
1.62
8.37
AG65
0.64
10.44
7.20
11.70
1.27
11.05
Média
0.66
6.39
7.69
13.17
1.78
9.44
AG28
0.73
12.34
10.85
10.44
0.88
9.03
AG29
0.71
8.42
9.01
11.45
1.24
8.71
Média
0.72
10.05
9.93
10.94
1.06
8.87
Ressalta-se, entretanto, que a classificação de metatholeiítos de alto-Mg não se deve ao campo
homônimo no diagrama de Jensen (1976), mas ao invés disso, foi uma opção utilizada antes de
classificar essas rochas precipitadamente como basaltos komatiíticos, pois como já foi dito, as mesmas
92
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
não apresentam todos os atributos esperados para tal classificação.
Quanto a composição geral dessas rochas, os MTBMg apresentam variações nos teores de
MgO entre 4,24% a 5,56%, nos teores de FeOt (recalculado) de 13,32% a 16,17%, nos teores de
Fe2O3t de 14,37% a 17,97%, teores de álcalis (K2O + Na2O) de 3,06% a 4,43% e nos teores de TiO2 de
1,61% a 3,11%. Esse grupo apresenta também os maiores teores de P2O5, com valores situados entre
0,15% e 0,48%.
Nos MTAMg, os teores de MgO variam entre 6,32% a 7,84%, os teores de FeOt (recalculado)
variam de 12,47% a 13,95%, os teores de Fe2O3t variam de 13,86% a 15,50%, os teores de álcalis
(K2O + Na2O) variam de 2,41% a 3,74%, o TiO2 varia de 1,27% a 2,37% e o P2O5 de 0,12% e 0,21%.
Comparativamente, as metamafitos do complexo acamadado, por sua vez, apresentam nas
duas amostras analisadas, os teores de MgO de 5,81% e 7,10%, teores de FeOt (recalculado) de
12,17% e 13,16%, teores de Fe2O3t de 13,53% e 14,63%, álcalis (K2O + Na2O) de 2,89% e 4,01%,
TiO2 variando de 1,14% e 1,59% e P2O5 de 0,12% a 0,15%. Como se podem observar, esses valores
são bastante próximos do grupo dos MTAMg, característica que será melhor percebida nos diagramas
de variação, no tópico seguinte.
Quanto aos teores de SiO2, ambos os grupos analisados, apresentam caráter básico, sendo que
nas amostras dos MTBMg, os teores de SiO2 situam-se entre 46,47% e 48,93%, nas amostras relativas
aos MTAMg, os teores situam-se entre 47,59% e 50,63% e nas amostras correspondentes aos
metamafitos do CAIRM, as concentrações de SiO2 situam-se entre 48,56% e 51,00%.
Um aparente enriquecimento em CaO é observado nas amostras dos MTAMg, cujas
concentrações oscilam entre 9,13% e 11,33%, contra as concentrações observadas nas amostras de
MTBMg, que exibem variações entre 8,80% e 9,71%, assim como as amostras relativas aos
metamafitos do CAIRM, cujas variações nos teores de CaO situa-se entre 9,56% e 10,32%. Da mesma
forma, o Al2O3 no grupo dos MTAMg varia 12,65% a 14,83%, no MTBMg varia de 12,81% a 16,81%
e no metamafitos do CAIRM, os valores encontrados foram de 13,38% e 14,07%.
Quanto aos elementos maiores e traços, o grupo dos MTAMg são ligeiramente mais
enriquecidos em Cr e Ni, com valores de Cr oscilando entre 123,16 ppb a 273,68 ppb e valores de Ni
entre 78,00 ppm e 136,00 ppm. Nos MTBMg, os teores de Cr oscilam entre 47,89 ppb e 164,21 ppb e
os teores de Ni oscilam entre 51,00 ppm e 72,00 ppm. Esses valores são bastante similares aos valores
de Cr e Ni observados nos metamafitos do CAIRM, onde o Cr varia de 47,89 ppm a 157,37 ppm e o
Ni de 55,00 ppm a 100,00 ppm.
Por fim, o grupo dos MTBMg diferencia-se dos demais por apresentar um sensível
enriquecimento nos elementos Nb, V, Ta, Th, Hf, Zr, Y, Rb, Ba e HREE (ver valores nas tabelas dos
Apêndices 2.1, 2.2 e 2.3), fato que sugere a possibilidade de serem essas rochas os termos mais
93
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
evoluídos de uma mesma série magmática, conforme será discutido no Capítulo 10 – Evolução
Tectônica.
Tabela 8.2 - Composição normativa das rochas metamáficas presentes na Unidade Metamáfica e CAIRM
(valores em %).
GRUPO
MTBM g
MTAMg
CAIRM
Amostra
AG42 AG44 AG49 AG57 AG65 AG30 AG31 AG34 AG38 AG46 AG47 AG53 AG56 AG28 AG29
Quartzo
0.00
0.05
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
2.74
Plagioclásio 45.95 46.27 48.78 43.61 55.12 48.66 44.40 49.45 44.48 42.52 45.95 50.74 47.99 47.05 45.98
Ortoclásio 11.19 4.83
2.44
4.35
3.15
1.43
6.53
1.43
9.73
2.02
3.62
1.96
3.91
5.04
2.61
Nefelina
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
1.41
0.00
Leucita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Kalsilita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Coríndon
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Diopsídio 18.45 16.59 19.16 19.61 16.63 20.91 19.74 19.32 16.39 25.98 21.94 15.32 20.10 24.40 19.05
Hiperstênio 0.97 24.35 12.73 20.98 12.26 17.15 13.60 23.09 14.71 19.69 23.42 20.08 12.71 0.00 23.99
Wollastonita 0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Olivina
14.36 0.00 10.05
4.16
7.21
6.44
9.25
1.47
9.14
4.02
0.27
4.04 10.34 17.56 0.00
Larnita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Acmita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
K2SiO3
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Na2SiO3
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Rutilo
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Ilmenita
6.08
4.69
3.89
4.01
3.10
2.83
3.59
2.73
3.00
3.10
2.43
4.58
2.51
2.20
3.08
Magnetita
2.44
2.51
2.55
2.65
2.17
2.16
2.32
2.12
2.15
2.12
2.04
2.04
2.06
2.00
2.16
Hematita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Apatita
0.51
0.65
0.35
0.56
0.32
0.35
0.51
0.32
0.35
0.44
0.28
1.14
0.28
0.28
0.35
Zircão
0.03
0.03
0.03
0.03
0.01
0.01
0.03
0.01
0.01
0.03
0.01
0.04
0.01
0.01
0.01
Perovskita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Cromita
0.01
0.01
0.03
0.03
0.01
0.04
0.03
0.03
0.03
0.06
0.03
0.03
0.06
0.03
0.01
Titanita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Pirita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Halita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Fluorita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Anidrita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Na2SO4
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Calcita
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
Na2CO3
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
8.2
DIAGRAMAS DE VARIAÇÃO
Para os índices de variação, procurou-se utilizar um parâmetro que registrasse características
particulares dos grupos de rochas amostrados, e que representasse uma relação com os demais
parâmetros analisados, de forma a possibilitar a representação gráfica do comportamento dos
elementos e óxidos envolvidos durante os processos de fracionamento e diferenciação magmática.
Foram testados vários índices de diferenciação e a escolha foi pelo Mg# (número de
magnésio), usando a razão molecular 100*MgO/(MgO+FeO). O FeO e FeOt foram calculados a partir
do Fe2O3t obtido nas análises de laboratório, usando a relação Fe2O3/FeO = 0, 1, no software Minpet
2.0 e CIPW Winter. A utilização do Mg#, além de permitir que fossem gerados diagramas com
94
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
tendências satisfatórias, possibilitou um melhor entendimento das variações de FeO e MgO no
decorrer dos processos de fracionamento magmático.
A variação do Mg# no grupo de amostras dos MTBMg oscila de 23,81 a 28,08 e no grupo dos
MTAMg, oscila de 32,85 a 39,84. No grupo dos metamafitos do CAIRM, os valores obtidos foram
respectivamente 32,46 e 38,82, números esses bastante semelhantes aos encontrados nos MTAMg. As
Figuras 8.4 e 8.5 apresentam alguns diagramas de variação de óxidos, elementos maiores e traços.
Em linhas gerais, os dados apresentados mostram que com o decréscimo nos valores de Mg#,
ocorre um incremento na abundância relativa de Fe2O3t, TiO2, P2O5, álcalis e MnO, gerando
tendências bastante definidas (Figura 8.4), salvo a exceção da amostra AG53 (ver análise nos
Apêndices 2.1, 2.2 e 2.3) que apresenta um enriquecimento anômalo em P2O5 e MgO, proporcionando
também dessa forma valores discordantes de Mg#.
O Mg# nessas rochas claramente é controlado pela cristalização de olivina e piroxênio em seus
magmas genitores enquanto o CaO apresenta comportamento adverso, onde a tendência gerada sugere
uma diminuição no conteúdo relativo de CaO a medida que os valores de Mg# diminuem. Esse dado
pode entendido como uma diferenciação semelhante a que ocorre em magmas basálticos, onde
juntamente com os minerais ferro-magnesianos, o plagioclásio constitui uma fase importante nos
processos de diferenciação.
De fato, Irvine (1970) sintetizando líquidos basálticos experimentalmente conseguiu promover
uma cristalização fracionada nesses líquidos, concluindo que a olivina, os piroxênios e o plagioclásio
constituem as principais fases cumuláticas em alguns complexos acamadados. Nessa mesma linha de
pensamento, Corrêa da Costa (2003) analisou rochas onde a variação de CaO em função de MgO
apresentou comportamento parecido ao que foi observado nas rochas estudadas nesse trabalho,
chegando a conclusão semelhante.
Igualmente, o incremento de TiO2 com decréscimo de Mg#, em ambos os grupos de amostras,
poderia denotar que o fracionamento em termos dos Fe-Ti-minerais apresentou uma importância
menor no momento da diferenciação magmática em que foram cristalizados, mostrando que nos
magmas parentais dessas rochas , magnetita e titanita constituíram fases secundárias.
Com relação ao diagrama de SiO2 versus Mg#, o aumento esperado de SiO2 com a diminuição
de Mg# não é observado ou é sugerido apenas pelas amostras do metamafitos do CAIRM. A
mobilidade do SiO2 assim como do Na2O, K2O e CaO (Arndt 1994) é um fato indiscutível, e dentre
outras possibilidades, o diagrama citado registra um provável enriquecimento em SiO2 ocorrido
durante as fases de metamorfismo, obliterando dessa forma uma análise direta quanto aos conteúdos
originais desse óxido nas amostras estudadas.
95
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 8.4 - Diagramas de variação de Mg# versus óxidos. Círculos azuis: MTBMg. Círculos laranjas: MTAMg.
Triângulos verdes: metamafitos do CAIRM.
96
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Figura 8.5 - Diagramas de variação de Mg# versus elementos maiores. Círculos azuis: MTBMg. Círculos
laranjas: MTAMg. Triângulos verdes: metamafitos do CAIRM.
97
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Entretanto, o Al3O3 que é comumente imóvel, apresenta uma leve dispersão nos MTAMg,
tornando-se paulatinamente mais acentuada nos MTBMg. A relação desse óxido com o Mg# sugere
uma tendência negativa nos MTAMg e metamafitos do CAIRM, enquanto os MTBMg, aparentemente
apresentam seu conteúdo de Al2O3 aumentado com a diminuição do Mg#. Partindo da premissa que
essas rochas tenham se formado a partir de uma mesma fonte, torna-se difícil fazer qualquer afirmativa
diante dessa ambigüidade, realidade que talvez pudesse ser resolvida com adição de mais algumas
amostras entre as analisadas.
A relação do Ni com o Mg# nessas rochas parece bastante condizente com aquelas observadas
em basaltos arqueanos de platôs submarinos (Condie 1994) onde para Mg# igual a 45, equivalem
teores de Ni da ordem de 80 ppm a 100 ppm. Relações semelhantes em rochas provenientes de platôs
submarinos com idade presumidamente arqueana, também são observadas com o Cr que igualmente
apresenta uma forte depleção com o decréscimo do Mg#.
Um outro processo interessante da evolução dos magmas genitores dessas rochas, é registrado
no enriquecimento que as mesmas apresentam em Ga, Ba, Zr, Hf, Th, Ta assim como os LREE, onde
se observa um incremento nos teores relativos desses elementos com a diminuição dos valores de Mg#
(Figura 8.5). O enriquecimento em LILE de muitas rochas basálticas incluindo basaltos komatiíticos
muitas vezes é associado a um enriquecimento da fonte por material mantélico reciclado (e. g. Pearce
1983, Wather & Pearce 1987) ou contaminação por assimilação de constituintes crustais durante a
colocação desses magmas na crosta (Lesher & Arndt 1995).
8.3
RAZÕES ENTRE ELEMENTOS INCOMPATÍVEIS
O presente tópico faz uma apresentação geral sobre as razões elementares entre elementos
incompatíveis, apresentadas na Tabela 8.3. Essas razões serão retomadas no capítulo 10 - Evolução
Tectônica - quando serão demonstradas em diagramas, e discutido o seu significado tectônico.
Entre as razões apresentadas, não foram observados intervalos de valores que caracterizassem
um ou outro grupo. Ao invés disso, foram observados valores muito próximos entre os grupos, ou em
alguns casos pontuais, uma ou outra amostra apresentou valores anômalos para determinadas razões
(ver valor na Tabela 8.3). Com isso, a média dessas razões eventualmente se destoa dos demais valores
do grupo, não sendo dessa forma também representativas.
Esse é o caso da amostra AG42 que apresenta um enriquecimento em Ba e Nb, e
conseqüentemente razões Ba/Nb e Nb/Y com valores bastante elevados (ver valor na Tabela 8.3). O
mesmo acontece com a amostra AG 44, que apresenta razões Th/Ta e La/Yb anômalas em relação ao
restante do grupo.
O mesmo não pode ser dito em relação aos metamafitos do CAIRM. Essas rochas apresentam
algumas razões bastante peculiares que as diferem dos demais grupos, como é o caso das razões Zr/Y,
98
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Ce/Zr, Nb/Y, Th/Ta e Ti/Zr (ver valores na Tabela 8.3).
Obviamente o pequeno número de amostras desse grupo não constitui uma quantidade
representativa, fato que possivelmente pode vir a ser alterado com o incremento de novas análises.
Tabela 8.3 - Valores de razões entre elementos incompatíveis.
GRUPO Amostra
MTBMg
MTAMg
CAIRM
8.4
Ti/Nb
Ce/Ti
Zr/Nb
P/Nb
Zr/Y
Ce/Zr
Ba/Nb
La/Nb
Nb/Y
Th/Ta
La/Yb
AG42
1775.66
0.00
112.72 20.34 15.75
Ti/Zr
Ti/P
87.28
4.35
0.26
52.19
1.96
14.42
4.57
5.66
AG44
1313.45
0.00
83.32
12.26 15.76 107.12
3.90
0.26
25.55
2.05
6.31
6.67
AG49
AG57
1772.05
1394.34
0.00
0.00
103.26 18.41 17.16 96.26
74.67 11.85 18.67 117.68
2.86
2.93
0.19
0.19
10.18
29.91
1.26
1.51
1.70
4.69
2.17
2.13
2.19
2.68
2.89
5.47
AG65
1378.85
0.00
91.14
15.80 15.13
87.28
2.89
0.22
11.13
1.41
2.13
3.14
Média
1526.87
0.00
93.02
15.73 16.50
99.12
3.39
0.22
25.79
1.64
5.85
3.73
3.73
AG30
1306.37
0.00
95.03
13.37 13.75
97.70
2.76
0.23
9.25
1.36
1.86
3.60
2.81
AG31
1239.42
0.00
80.69
12.04 15.36 102.97
2.34
0.21
15.06
1.93
2.29
3.00
3.44
AG34
1432.70
0.00
92.08
13.84 15.56 103.55
2.72
0.22
9.66
1.59
1.69
4.80
2.86
AG38
1377.96
0.00
87.10
14.10 15.82
97.70
2.86
0.23
37.61
1.55
6.79
4.75
2.97
AG46
1969.79
0.00
87.03
11.64 22.63 169.22
3.21
0.16
26.53
1.41
3.76
1.20
2.25
AG47
1248.14
0.00
84.69
14.54 14.74
85.85
2.60
0.26
11.31
1.75
1.99
4.67
3.43
AG53
1204.08
0.00
59.60
6.78
20.20 177.52
3.85
0.17
3.90
1.42
0.74
2.20
2.75
AG56
1558.70
0.00
92.01
14.88 16.94 104.74
2.61
0.22
20.98
1.70
3.23
3.75
2.75
84.78
12.65 16.88 117.41
2.87
0.21
16.79
1.59
2.79
3.50
2.93
119.69 13.05 15.43 141.54
1.80
0.18
15.68
1.68
1.83
1.00
2.18
2.98
Média
1417.14
0.00
AG28
1847.11
0.00
AG29
1342.54
0.00
94.85
92.20
1.95
0.22
14.37
1.61
1.98
1.50
Média
1594.83
0.00
107.27 13.81 14.79 116.87
1.88
0.20
15.02
1.64
1.91
1.25
14.56 14.15
2.58
PADRÃO GEOQUÍMICO
Para análise do comportamento multi-elementar dos metamafitos da seqüência supracrustal,
foram gerados diagramas multi-elementares normalizados com os valores de MORB apresentados por
Bevins et al. (1984) e valores de condrito C1 apresentados por Sun & McDonough (1989) e Boynton
(1984).
A normalização por ambos os valores de condrito C1, (e. g. Sun & McDonough 1989 e
Boynton 1984), apresentaram pouca diferença, mas a título de ilustração e a fim de se comparar
futuramente com os metaultramafitos do CAIRM, utilizou-se na Figura 8.6 os valores de Sun &
McDonough (1989). Com o intuito de se comparar os dados apresentados no presente trabalho, com os
envelopes de variações apresentados por outros autores para rochas semelhantes, no Capítulo 10 Evolução Tectônica, também foi utilizada a normalização com os valores de Boynton (1984).
A normalização pelo MORB ou pelo Manto Primitivo de Wood et al. (1979, 1981), também
foi utilizada no presente capítulo, tendo em vista esses valores corresponderem a fontes de composição
tão primitiva quanto se supõe que tenham sido a fonte de onde se originaram os magmas parentais das
rochas estudadas. A distribuição multi-elementar e o comportamento geral das curvas que
caracterizam a assinatura geoquímica dos litotipos dessa unidade e dos metamafitos do CAIRM são
99
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
mostrados na Figura 8.6, com diagramas multi-elementares normalizados ao MORB de Bevins et al.
(1984) e ao condrito C1 de Sun & McDonough (1989).
No diagrama A da Figura 8.6, os grupos analisados caracterizam-se principalmente pela
elevada anomalia negativa de Pb, presentes até mesmo nas rochas do CAIRM. Outros aspectos, no
entanto, diferenciam as rochas do CAIRM com as demais estudadas, como é o caso das anomalias
positivas de Y e negativas em Th e Zr, não observadas nos metamafitos da Seqüência Supracrustal.
No diagrama B, os grupos assemelham-se por aspectos peculiares tais como anomalias
positivas em Tb, Nb, La, Rb (sendo as anomalias negativas de La e Th bastante pronunciadas) e
anomalias negativas em Ce, Sr e K2O. A média dos metamafitos do CAIRM apresenta padrão bastante
semelhante aos metamafitos da Seqüência Supracrustal, diferenciando-se dos mesmos, pelo
fracionamento menor, pela ausência das anomalias positivas em Th e pela presença da moderada
anomalia positiva em Eu.
Figura 8.6 - Diagramas multi-elementares dos metamafitos da Seqüência Supracrustal. Para fins de comparação,
também estão plotados no diagrama os metamafitos encontrados no CAIRM. Normalização: MORB (Bevins et
al. 1984) e Condrito C1 (Sun & McDonough 1989).
Em termos de diferenciação, as curvas médias dos MTAMg e dos MTBMg apresentam
padrões idênticos, embora se verifique que os MTBMg são pouco mais diferenciados que os MTAMg.
Os padrões semelhantes sugerem que esses três grupos de rochas poderiam ser oriundos de
uma mesma fonte, representando etapas de evolução distintas de um mesmo magmatismo, ou ainda
serem o produto puramente de uma diferenciação magmática com cristalização fracionada associada,
fato discutido a contento nos capítulos 10- Evolução Tectônica e 11 – Conclusões, dessa dissertação.
Quanto ao comportamento dos elementos terras raras, a Figura 8.7 apresenta um diagrama
multi-elementar, normalizado aos valores do condrito C1 de Sun & McDonough (1989).
Os metamafitos da Unidade Metamáfica caracterizam-se pelas anomalias negativas de Eu e
anomalias positivas de Tb. Os metamafitos do CAIRM apresentam anomalias negativas acentuadas
100
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
em Ce, sendo essas anomalias não observadas ou apenas sugerida nos demais grupos. Da mesma
forma, o trecho da curva entre Sm e Gd nas amostras do CAIRM, é constante, não ocorrendo
anomalias.
Ao analisar a relação desse grupo com os termos ultramáficos do Complexo Acamadado
Itaguara-Rio Manso (ver Capítulo 9 - Litogeoquímica do Complexo Acamadado Itaguara – Rio
Manso), a ausência de anomalia de Eu remete a um processo de fracionamento onde os termos máficos
poderiam representar os líquidos residuais formados durante a cristalização fracionada dos magmas
ultramáficos, onde teria sido incorporado todo o Eu existente. De fato, como será visto no capítulo
seguinte, relativo às análises geoquímicas dessas rochas, os diagramas esboçaram anomalias negativas
de Eu, confirmando que esse elemento pode ter sido acumulado nos líquidos residuais gerados com a
cristalização fracionada. Em relação aos HREE, a média dos metamafitos do CAIRM apresenta um
enriquecimento de 20 a 25 vezes ao condrito, valor que nos MTAMg e nos MTBMg alcançam 25 a 30
vezes.
Figura 8.7 - Diagrama multi-elementar de terras raras dos metamafitos da Seqüência Supracrustal.
Comparativamente, nota-se o padrão diferenciado dos metamafitos encontrados no CAIRM. Normalização:
Condrito C1 (Sun & McDonough 1989).
O enriquecimento em LREE com relação aos valores do condrito é da ordem de 25 a 38 vezes
nos metamafitos do CAIRM, de 28 a 48 vezes nos MTAMg e de 30 a 65 vezes nos MTBMg. A curva
ascendente verificada na série dos LREE é demonstrada nas razões [La]n/[Yb]n e [La]n/[Sm] (Tabela
8.4) onde também se verifica baixo índice de fracionamento de ambos os grupos analisados.
Nos MTAMg, a razão [La]n/[Yb]n varia de 1,52 a 2,32. Nos MTBMg, essa razão varia de 1,48
a 3,81 enquanto nas amostras do CAIRM, os valores observados são de respectivamente 1,47 e 2,01.
101
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Já razão [La]n/[Sm]n, varia de 0,99 a 1,80 para os MTAMg e de 1,08 a 2,16 para os MTBMg.
Nas duas amostras analisadas do CAIRM, os valores obtidos foram respectivamente de 1,44 e 1,53.
Tabela 8.4 - Valores das razões [La]n /[Yb]n e [La]n /[Sm]n.
GRUPO
MTAMg
MTBMg
CAIRM
Amostra
[La]n
[Yb]n
[Sm]n
[La]n/[Yb]n
[La]n/[Sm]n
AG30
AG31
AG34
AG38
AG46
AG47
AG53
AG56
Média1
AG42
AG44
AG49
AG57
AG65
Média2
AG28
AG29
29.35
55.48
30.32
33.55
22.26
34.52
53.87
27.42
35.85
66.45
72.90
27.74
43.23
31.94
48.45
20.00
36.77
15.50
23.92
15.74
16.75
14.69
14.93
29.04
14.78
18.17
17.42
19.76
18.76
23.92
16.41
19.25
13.64
18.28
20.00
30.77
22.05
24.10
22.56
20.51
38.97
18.46
24.68
30.77
33.85
25.64
34.87
22.05
29.44
13.85
24.10
1.89
2.32
1.93
2.00
1.52
2.31
1.85
1.85
1.96
3.82
3.69
1.48
1.81
1.95
2.55
1.47
2.01
1.47
1.80
1.38
1.39
0.99
1.68
1.38
1.49
1.45
2.16
2.15
1.08
1.24
1.45
1.62
1.44
1.53
Média3
28.39
15.96
18.97
1.78
1.50
Em ambos os casos, os valores dessas razões aproximam-se bastante da norma e no caso
particular da razão [La]n/[Sm]n, na amostra AG46, o valor obtido é inferior a 1.
Esses
valores
que
refletem
a
horizontalidade
aproximada
das
curvas
médias,
conseqüentemente indicando o baixo fracionamento da fonte dos magmas geradores dessas rochas.
8.5
RESUMO DO CAPÍTULO
As análises litogeoquímica das amostras da Unidade Metamáfica e do CAIR, revelaram
características peculiares que definem cada unidade. Nesse sentido, esse tópico traz de forma resumida
algumas conclusões obtidas nas análises dessas características, sendo as mesmas apresentadas a
seguir:
1. Segundo o diagrama de Winchester & Floyd (1977), as rochas estudadas no presente
capítulo, apresentam composição química tal que permite inferir que seus protólitos
tivessem composição basáltica/gabróica.
2. As paragêneses normativas dessas rochas apresentam composições que variam de
gabro/gabronorítica a olivina gabro/olivina gabronorítica.
3. As rochas estudadas apresentam afinidade tolheiítica, conforme pode ser verificada no
diagrama de Irvine & Baragar (1971). Utilizando o diagrama de Jensen (1976,
modificado por Rickwood 1989), essas rochas foram divididas em dois grupos
102
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
denominados respectivamente MTAMg e MTBMg. Os MTAMg apresentam elevada
%Mg e ocupam nesse diagrama o campo dos basaltos komatiíticos, juntamente com
os metamafitos do CAIRM. Por não apresentarem feições características como textura
spinifex, foi mantida a classificação para essas rochas como tholeiítos. Da mesma
forma, embora os MTBMg ocupem o campo dos tholeiítos de alto-Fe, foi mantida a
classificação quanto a %Mg.
4. O Mg# parece ser controlado pela cristalização de olivinas e piroxênios, minerais que
constituem fases preponderantes no processo de cristalização fracionada desses
magmas. Com o decréscimo de Mg# observa-se uma diminuição nos conteúdos de Cr,
Ni, CaO/Al2O3, Al2O3/TiO2 e de forma sutil, nos conteúdos de CaO, mostrando que a
cristalização do plagioclásio também constitui um importante processo no
fracionamento de magmas basálticos. Igualmente, observa-se um incremento nos
conteúdos de Fe2O3t e TiO2, mostrando que a cristalização de titanomagnetita,
magnetitas e titanitas apresentaram importância secundária na cristalização desses
magmas.
5. Observou-se um incremento nos teores relativos Ga, Ba, Zr, Hf, Th, Ta assim como os
LREE, com a diminuição dos valores de Mg#. O enriquecimento em LILE pode
indicar um enriquecimento da fonte por material mantélico reciclado ou contaminação
por assimilação de constituintes crustais durante a colocação desses magmas na crosta.
Por outro lado, as baixas razões [La]n/[Sm]n e [La]n/[Yb]n indicam que os magmas
genitores dessas rochas eram pouco fracionados.
103
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
104
9 CAPÍTULO 9
LITOGEOQUÍMICA DO COMPLEXO ACAMADADO ITAGUARA –
RIO MANSO
9.1
CARACTERÍSTICAS GERAIS
As rochas do Complexo Acamadado Itaguara Rio-Manso, caracterizam-se pelo caráter
variando de ultrabásico a básico, exibindo valores de SiO2, situados entre 38,14 ppm e 49,38 ppm nas
rochas metaultramáficas, e entre 48,56 ppm e 51,00 ppm nas amostras de metamáficas estudadas (ver
tabela de análise litogeoquímica no Apêndice 3.1, 3.2 e 3.3).
A composição normativa
dessas amostras
apresenta paragêneses
de composição
predominantemente lherzolítica/harzburgítica, embora algumas poucas amostras subordinadas,
exibindo paragêneses olivina-ortopiroxenítica a olivina-websterítica também ocorram (Tabela 9.1).
O diagrama triangular olivina-clinopiroxênio-ortopiroxênio de Le Maitre et al (1989) e
Streckeisen (1976; Figura 9.1) para rochas ultramáficas permite uma melhor visualização da
composição normativa dessas amostras. A classificação normativa dos termos metamáficos foi
apresentada na Figura 8.2 – Capítulo 8.
A composição normativa das amostras do CAIRM é relativamente condizente com a
composição modal observada nas mesmas, contudo não foram observadas amostras de composição
websterítica e ortopiroxenítica no resultado final da norma. Esse fato possivelmente deve-se ao
enriquecimento de Mg e Si observado em algumas amostras, às vezes com mobilização simultânea de
Ca e Na, que no cálculo final da norma CIPW, refletiu principalmente sob a forma de olivina e
ortopiroxênio normativos.
Apresentando teores de MgO acima de 18% e TiO2 menores que 0,9%, as rochas ultramáficas
se enquadram nas concentrações propostas na definição de ultramafitos komatiíticos propostos por
Arndt & Nisbet (1982). Porém os metamafitos diferenciam-se composicionalmente da definição de
basaltos komatiíticos apresentadas pelos mesmos autores, cujos valores de MgO oscilam entre 8% e
18%.
Por outro lado, quando essas amostras são plotadas no diagrama de Jensen (1976) que utiliza
proporções catiônicas de Mg, Ti, Fe e Al, esboça-se uma tendência típica que caracteriza suítes
komatiíticas. Nesse diagrama, segundo a definição do autor, os metamafitos se enquadram quanto à
%Mg, no campo dos basaltos komatiíticos, situando-se em um intervalo entre 10% e 20% de Mg, onde
apenas a amostra AG 29 fica pouco fora desse limite.
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Tabela 9.1 - Composições normativas das rochas do CAIRM. Os metamafitos encontram-se em
negrito.
Amostra
Q
P
Or
Ne
Lc
Ka
C
Di
Hy
Wo
Ol
Ac
Il
Mt
Hm
Ap
Zr
Cm
Ti
AG01
0.00 13.50 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
5.23
30.28 0.00
48.81 0.00 0.34 1.17 0.00 0.02 0.00 0.50 0.00
AG02
0.00 16.64 0.35 0.00 0.00 0.00 0.00
4.52
58.18 0.00
18.33 0.00 0.25 1.20 0.00 0.05 0.00 0.47 0.00
AG03
0.00 27.43 0.53 0.00 0.00 0.00 0.00
3.83
32.62 0.00
32.40 0.00 0.72 1.73 0.00 0.07 0.00 0.65 0.00
AG04
0.00 11.31
0.12 0.00 0.00 0.00 0.41
0.00
25.85 0.00
60.14 0.00 0.28 1.38 0.00 0.02 0.00 0.47 0.00
AG05
0.00 15.65 0.30 0.00 0.00 0.00 0.00
6.70
54.25 0.00
20.94 0.00 0.28 1.33 0.00 0.02 0.00 0.50 0.00
AG07
0.00 17.62 0.30 0.00 0.00 0.00 0.00
9.67
25.33 0.00
44.54 0.00 0.40 1.57 0.00 0.05 0.00 0.52 0.00
AG08
0.00 13.90 0.30 0.00 0.00 0.00 0.00 11.45
44.69 0.00 27.20 0.00 0.42 1.41 0.00 0.02 0.00 0.62 0.00
AG09
0.00 17.09 0.35 0.00 0.00 0.00 0.00
3.48
59.00 0.00
18.04 0.00 0.25 1.19 0.00 0.09 0.00 0.50 0.00
AG10
0.00 16.04 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
1.36
19.22 0.00
60.80 0.00 0.36 1.52 0.00 0.02 0.00 0.54 0.00
AG11
0.00 10.46 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
4.76
24.45 0.00
56.35 0.00 0.76 2.22 0.00 0.09 0.00 0.78 0.00
AG12
0.00
0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
4.62
27.82 0.00
54.85 0.00 0.40 1.74 0.00 0.02 0.00 0.62 0.00
AG13
0.00 10.52 0.12 0.00 0.00 0.00 0.21
0.00
30.38 0.00
56.07 0.00 0.25 1.48 0.00 0.02 0.00 0.94 0.00
AG14
0.00
0.12 0.00 0.00 0.00 2.00
0.00
47.12 0.00
40.40 0.00 0.28 1.35 0.00 0.02 0.00 0.52 0.00
AG15
0.00 12.71 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
7.17
31.26 0.00
45.92 0.00 0.78 1.58 0.00 0.05 0.00 0.38 0.00
AG16
0.00
0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
5.78
29.85 0.00
51.85 0.00 0.63 2.15 0.00 0.05 0.00 0.59 0.00
AG17
0.00 21.58 0.24 0.00 0.00 0.00 0.50
0.00
34.52 0.00
40.88 0.00 0.44 1.80 0.00 0.02 0.00 0.01 0.00
AG18
0.00 15.94 0.12 0.00 0.00 0.00 0.47
0.00
31.41 0.00
49.61 0.00 0.38 1.46 0.00 0.07 0.00 0.53 0.00
AG19
0.00 12.67 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00 12.66
AG20
0.00 11.30
0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
1.71
38.90 0.00
45.73 0.00 0.32 1.29 0.00 0.05 0.00 0.56 0.00
AG21
0.00
0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
1.86
29.71 0.00
56.51 0.00 0.25 1.80 0.00 0.07 0.00 1.15 0.00
AG22
0.00 15.48 0.18 0.00 0.00 0.00 0.00
9.46
33.68 0.00
38.32 0.00 0.42 1.62 0.00 0.14 0.00 0.69 0.00
AG23
0.00 12.89 0.18 0.00 0.00 0.00 0.00
2.56
38.52 0.00
42.58 0.00 0.30 1.58 0.00 0.05 0.00 1.33 0.00
AG24
0.00 13.94 0.26 0.00 0.00 0.00 0.00
6.17
27.92 0.00
48.93 0.00 0.46 1.61 0.00 0.05 0.00 0.63 0.00
AG25
0.00
9.26
0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
5.37
38.41 0.00
44.86 0.00 0.23 1.16 0.00 0.07 0.00 0.50 0.00
AG26
0.00
9.47
0.12 0.00 0.00 0.00 1.73
0.00
21.99 0.00
64.35 0.00 0.25 1.46 0.00 0.02 0.00 0.60 0.00
AG27
0.00 16.31 0.31 0.00 0.00 0.00 0.00
3.06
38.07 0.00
39.61 0.00 0.47 1.52 0.00 0.05 0.00 0.57 0.00
AG32
0.00 18.46 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00
0.27
52.57 0.00
25.84 0.00 0.38 1.58 0.00 0.14 0.00 0.63 0.00
AG36
0.00
0.00
32.80 0.00
57.89 0.00 0.23 1.32 0.00 0.05 0.00 0.49 0.00
AG58
0.00 13.70 0.35 0.00 0.00 0.00 0.00 12.01
43.84 0.00 27.49 0.00 0.51 1.45 0.00 0.07 0.00 0.57 0.00
AG59
0.00 18.44 0.41 0.00 0.00 0.00 3.28
0.00
36.63 0.00
37.83 0.00 0.57 1.87 0.00 0.07 0.00 0.87 0.00
AG61
0.00 15.82 0.24 0.00 0.00 0.00 0.00
0.76
31.54 0.00
49.12 0.00 0.36 1.45 0.00 0.07 0.00 0.62 0.00
AG62
0.00 14.05 0.24 0.00 0.00 0.00 0.00
3.40
38.19 0.00
41.42 0.00 0.53 1.55 0.00 0.07 0.00 0.54 0.00
AG63
0.00 16.37 0.24 0.00 0.00 0.00 0.00
1.90
46.76 0.00
32.10 0.00 0.47 1.54 0.00 0.05 0.00 0.56 0.00
AG28
AG29
0.00 47.05 5.04 1.41 0.00 0.00 0.00 24.40
0.00
17.56 0.00 2.20 2.00 0.00 0.28 0.01 0.03 0.00
2.74 45.98 2.61 0.00 0.00 0.00 0.00 19.05
23.99 0.00
9.79
8.16
8.97
8.54
5.91
0.12 0.00 0.00 0.00 1.17
20.44 0.00 52.01 0.00 0.30 1.23 0.00 0.02 0.00 0.54 0.00
0.00
0.00
0.00 3.08 2.16 0.00 0.35 0.01 0.01 0.00
Verifica-se nesse diagrama que as amostras de metaultramafitos situam-se no subcampo dos
komatiítos peridotíticos e os dois metamafitos situam-se no subcampo dos basaltos komatiíticos,
próximo ao limiar do campo dos tholeiítos de alto-Fe. Dessa forma, nos metaultramafitos as
porcentagens do cátion Mg variam de 35,40% a 51,91% e as porcentagens de Ti variam de 0,08% a
0,27% enquanto nos metamafitos, as porcentagens de Mg encontradas foram de 9,01% e 10,85% e as
porcentagens de Ti foram de 0,88% e 1,24% (ver valores na tabela 9.2). Nas metaultramáficas, as
porcentagens de Al variam de 1,64% a 5,68% e as porcentagens de Fe variam de 5,19% a 10,20%.
Nos metamafitos, as porcentagens de Al encontradas foram de 8,71% e 9,03% e as porcentagens de Fe
foram de 10,44% e 11,45%.
106
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Figura 9.1 - Diagrama olivina-ortopiroxênio-clinopiroxênio de Le Maitre et al. (1989), para classificação de
rochas ultramáficas. Círculo verde vazio: metalherzolito. Meio-quadrado cinza: meta-olivina-websterito.
Triângulo azul: metaortopiroxenito. Quadrado cinza: metaharzburgito. Meio-círculo vermelho: meta-olivinaortopiroxenito. Quadrado verde cheio: metawebsterito. Triângulo verde: metamafitos.
Figura 9.2 - Diagrama discriminante de Jensen (1976) (corrigido por Rickwood 1989), para komatiítos,
tholeiítos e rochas cálcio-alcalinas. O diagrama utiliza a proporção catiônica dos elementos Al, Mg, Fe e Ti para
discriminar os grupos litológicos a que se propõem. Convenções: como a figura anterior.
107
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Tabela 9.2 - Porcentagem catiônica de Mg, Ti, Al, Fe e valores das razões CaO/Al2O3, Al2O3/TiO2 e
[Gd]n/[Yb]n.
Rocha
Metalherzolito
Metawebsterito
Metaharzburgito
Meta-olivina-websterito
Metaortopiroxenito
Meta-olivina-ortopiroxenito
Metamafitos
Amostra
AG01
AG12
AG14
AG17
AG19
AG21
AG26
AG27
AG36
AG63
Média
AG02
AG04
AG05
AG10
Média
AG03
AG07
AG08
AG11
AG13
AG15
AG16
AG22
AG59
AG61
AG62
Média
AG09
AG24
AG58
Média
AG18
AG20
AG32
Média
AG23
AG25
Média
AG28
AG29
Média
CaO/Al2O3
Al2O3/TiO2
%Mg
%Fe
%Ti
%Al
[Gd]n/[Yb]n
0.81
0.86
0.32
0.49
1.24
0.69
0.35
0.66
0.36
0.61
0.62
0.69
0.49
0.82
0.59
0.66
0.62
0.90
1.11
0.86
0.50
0.93
0.99
0.97
0.35
0.56
0.70
0.72
0.65
0.84
1.15
0.86
0.50
0.65
0.55
0.56
0.67
0.95
0.79
0.73
0.71
0.72
27.25
16.32
32.43
35.52
29.00
22.50
41.09
23.00
26.82
23.39
27.05
43.25
30.62
35.33
30.29
34.42
25.66
28.74
22.90
9.42
29.50
11.00
9.80
24.50
32.46
29.65
17.84
20.23
44.67
20.27
17.28
23.97
31.22
24.67
32.68
29.87
28.47
26.91
27.81
12.34
8.42
10.05
47.10
47.18
47.54
40.40
45.91
48.27
50.92
42.97
51.90
41.86
46.42
39.95
50.20
39.81
47.56
44.31
35.39
41.44
40.09
44.85
49.30
44.47
44.75
40.94
39.67
45.86
44.05
42.83
39.95
44.52
39.82
41.40
46.06
47.72
39.94
44.55
44.84
47.98
46.41
10.85
9.01
9.94
5.30
7.86
6.14
8.49
5.57
8.13
6.54
7.07
5.85
7.14
6.80
5.56
6.18
6.18
6.93
6.21
8.35
7.27
6.53
10.20
6.63
7.26
9.84
7.57
8.95
6.64
7.12
7.85
5.55
7.38
6.71
6.55
6.69
5.81
7.42
6.64
7.24
5.19
6.22
10.44
11.45
10.94
0.12
0.14
0.10
0.16
0.10
0.09
0.08
0.17
0.08
0.17
0.12
0.09
0.10
0.10
0.13
0.10
0.26
0.14
0.15
0.26
0.09
0.27
0.22
0.15
0.21
0.12
0.18
0.19
0.09
0.16
0.18
0.14
0.13
0.11
0.14
0.13
0.11
0.08
0.09
0.88
1.24
1.06
2.64
1.88
2.71
4.63
2.48
1.64
2.78
3.24
1.79
3.28
2.70
3.13
2.43
3.07
3.15
2.95
5.65
3.34
2.79
2.08
2.15
2.48
1.80
2.96
5.68
3.06
2.73
3.14
3.23
2.74
2.57
2.85
3.43
2.24
3.71
3.13
2.55
1.77
2.16
9.03
8.71
8.87
1.16
0.91
2.73
0.84
1.39
1.06
0.85
3.75
1.13
1.14
1.87
0.64
2.29
1.02
1.00
1.30
0.59
0.87
1.54
1.94
2.01
1.23
1.45
1.25
0.79
0.99
1.31
1.12
0.58
3.47
1.38
2.09
0.96
1.10
0.69
0.89
0.72
0.73
0.72
1.01
1.32
1.19
Um outro aspecto importante na definição da suíte komatiítica segundo Arndt & Nisbet
(1982), diz respeito a razão CaO/Al2O3. Nos metaultramafitos, essa razão apresenta valores que
oscilam entre 0,32 e 1,24, intervalo em que alguns termos seriam excluídos da definição inicial de
komatiíto proposta por Viljoen & Viljoen (1979), e de certa forma por Arndt & Nisbet 1982, onde os
108
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
valores de CaO/Al2O3 deveriam ser maiores que o intervalo situado entre 0,8 e 1,0. Porém, quanto aos
valores da razão CaO/Al2O3 e dos teores de TiO2 e MgO, as rochas estudadas no presente trabalho
assemelham-se em parte, aos komatiítos do tipo Bushveld (Cawthorn & Davies 1982).
Quanto aos metamafitos, os valores obtidos da razão CaO/Al2O3 foram de 0,72 e 0,73,
resultados bastante próximos aos limites proposto pelos autores supracitados. No entanto, razões
similares às observadas nos metamafitos estudados, são encontradas, por exemplo, em alguns
tholeiítos fanerozóicos (Cameron & Nisbet 1982), em basaltos komatiíticos de Barberton (Brooks &
Hart 1974), e nos basaltos komatiíticos modernos da Ilha de Gorgona, Colômbia (Echeverria 1982).
Ressalta-se que o uso da razão CaO/Al2O3 na definição de komatiíto é discutível em função da
mobilidade do CaO, mesmo porque do ponto de vista petrológico, nos komatiítos, o Al2O3 constituiria
um constituinte mais importante (Arndt 1994).
Baseados na questão da susceptibilidade a mobilização apresentada pelo CaO, Nesbitt et al.
(1979) e Jahn et al. (1982), corroborados por Beswick (1982), propõem uma classificação de
komatiítos baseados nas razões Al2O3/TiO2 e no conteúdo de HREE (razão [Gd]n/[Yb]n) a qual dividese em três grupos:
Grupo I: Komatiítos Al-depletados (razões Al2O3/TiO2 < 20) e empobrecidos em
HREE (razões [Gd]n/[Yb]n >1). Foi denominado por Arndt (1994) de komatiíto tipo
Barberton. São os komatiítos mais antigos que se conhece;
Grupo II: Komatiítos não-depletados em Al, apresentam valores condríticos da razão
Al2O3/TiO2 (~ 20) e padrão achatado de HREE [Gd]n/[Yb]n ~1). Foi denominado por
Arndt (1994) de komatiíto tipo Munro. São característicos do Neoarqueano;
Grupo III: Komatiítos Al-enriquecidos (razão Al2O3/TiO2 > 20) e HREE-enriquecidos
(razão [Gd]n/[Yb]n< 1). Essa variedade é semelhante aos jovens komatiítos
fanerozóicos da Ilha Gorgona.
O Diagrama de Jahn et al. (1982) foi reproduzido na Figura 9.3 com as rochas do CAIRM.
Em geral a maioria das amostras analisadas apresentam características do Grupo III (Figura
9.3). As demais amostras afinam-se com o grupo GI ou apresentam características peculiares
ocupando o campo em branco não definido. Nos termos metaultramáficos analisados, as razões
[Gd]n/[Yb]n oscilam de 0,58 a 3,75, enquanto nos metamafitos, os valores obtidos foram de 1,01 e
1,32. Em análise a razão Al2O3/TiO2, os valores variam nos metaultramafitos do CAIRM de 9,42 a
44,67 e nos mafitos, variam de 8,42 a 12,34.
Quanto às amostras que ocupam o campo em branco, em parte esse resultado poderia ser
109
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
condizente com o fracionamento magmático, porém as amostras que apresentam forte dispersão,
claramente refletem um enriquecimento em Gd (e em REE de modo geral) durante processos
independentes, não associados ao fracionamento, como por exemplo, transformações metamórficas ou
metassomáticas e contaminação da fonte por material com elevadas concentrações de HREE (Pushtel
et al. 1993). Dessa forma admite-se nesse trabalho que em parte, os HREE sejam controlados por um
enriquecimento secundário à partir de concentrações médias associadas à cristalização fracionada,
como mostra o paralelismo não-caótico das curvas do diagrama multi-elementar de terras raras,
apresentados mais adiante nesse capítulo, no tópico 9.4 – Padrão Geoquímico.
Figura 9.3 - Diagrama adaptado de Arndt (1994) apresentando a classificação de rochas ultramáficas
komatiíticas propostas por Jahn et al. (1982). As linhas representam valores condríticos. As razões [Gd]n/[Yb]n
foram normalizadas como os valores de manto primitivo de Sun & McDonough (1989), embora no trabalho
original tivessem sido adotados os valores do manto primitivo de Hofmann (1988).
Além de enriquecimento em REE, essas rochas também apresentam baixos teores nos
incompatíveis Nb, Th, Ta, V, Zr e Ba (ver concentrações nas tabelas dos Apêndices 3.1, 3.2 e 3.3) e
com exceção dos termos metamáficos, elevados teores de Ni, Cr, Co.
As maiores concentrações desses elementos foram particularmente observadas nos
metaharzburgitos, meta-olivina-ortopiroxenitos e nos metalherzolitos, onde estão associados a valores
elevados de Mg#, que controla o sistema de cristalização olivina-ortopiroxênio-espinélio, mais
susceptíveis até mesmo ao metamorfismo de baixo grau. Entre as amostras analisadas, os valores de
Mg#, variam nas rochas ultramáficas de 72,54 a 85,21, decaindo, nos termos gabróicos, para 38,82 e
32,46. Bossi et al. (1993) admite para magmas primários, valores de Mg# na ordem de 74 a 80, o que
seria pertinente afirmar, que mesmo sobre intenso fracionamento, os valores obtidos nas amostras dos
termos ultramáficos, refletiriam a composição esperada de uma fonte bastante primitiva, corroborada
não somente pelos elevados valores de Mg# mas também pelo enriquecimento mencionado em Cr, Ni,
Co e MgO.
110
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Nessas rochas, o Ni ocorre em concentrações variando de 1189,00 ppb a 2870,00 ppb,
decrescendo drasticamente de 100,00 a 55.00 ppb nos níveis metagabróicos. O Cr, nas rochas
metaultramáficas, varia de 1956,81 ppb a 5678,86 ppb, enquanto nas metamáficas essas concentrações
caem para 157,37 ppb e 47,89 ppb. O Co, embora em concentrações mais modestas, varia de 72,70
ppb a 122,60 ppb nas amostras de metaultramáficas, decaindo para 65,80 ppb a 79,60 ppb nas
amostras de metamáficas. Dessa forma tentou-se aqui mostrar algumas características gerais das
rochas do CAIRM, que se enquadram sob alguns aspectos, nas definições de komatiítos e
particularmente mostram ser bastante similares às rochas de composição komatiítica do tipo Gorgona
e Barberton. Relações de caráter petrogenético são melhor visualizadas nos diagramas de variação e
nos padrões multi-elementares apresentados nos tópicos seguintes.
Quanto às relações de campo observadas entre as rochas do CAIRM e as rochas da seqüência
supracrustal, não é possível, em um primeiro momento, falar sobre quaisquer indícios de
consangüinidade. Esse assunto será aprofundado no Capítulo 10 - Evolução Tectônica, onde também
serão discutidas, possíveis ambiências tectônicas para essas rochas.
9.2
DIAGRAMAS DE VARIAÇÃO
Embora seja de uso freqüente a utilização do Mg# como índice de diferenciação em diagramas
binários para rochas de composição máfica e ultramáfica, esse índice apresentou diagramas com
tendências menos definidas que o MgO nas rochas estudadas no presente capítulo.
A utilização do MgO em substituição ao Mg#, favoreceu a construção de diagramas
apresentando menores dispersões e possibilitou dessa forma uma análise mais confiável dos processos
de diferenciação magmática, controlados quase que exclusivamente pela cristalização da olivina,
ortopiroxênio e espinélios.
Nas Figuras 9.4 e 9.5 são apresentados alguns diagramas de MgO versus óxidos, elementos
maiores e traços. Analisando os diagramas, observa-se que o SiO2, TiO2, Al2O3, álcalis totais (Na2O +
K2O), Fe2O3t, V, Rb e Sc apresentam um incremento, com a diminuição dos teores de MgO, enquanto
o Co, o Ni e o Cu apresentam uma forte depleção. Essa correlação negativa, principalmente com os
óxidos é condizente com a diferenciação do líquido ultramáfico, mostrando que nos termos mais
magnesianos, a cristalização da olivina e do ortopiroxênio e do espinélio, controla o processo de
fracionamento, retendo MgO nas primeiras fases minerais cristalizadas enquanto os demais óxidos,
incompatíveis, tendem a ser incorporados nos termos mais evoluídos. Irvine (1975 e 1977) mostraram
que a cristalização da cromita no início do fracionamento de um magma primitivo também pode
acontecer juntamente com a olivina, nesse caso soma-se ao ortopiroxênio e olivina como fases
fundamentais no processo de diferenciação de magmas ultramáficos.
111
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Tabela 9.4 - Diagramas de variação de óxidos e elementos menores versus MgO. Círculos verdes vazios:
metalherzolito. Meio-quadrado cinza: meta-olivina-websterito. Triângulo azul: metaortopiroxenito. Quadrado
cinza: metaharzburgito. Meio-círculo vermelho: meta-olivina-ortopiroxenito. Triângulo verde: metamafitos.
Quadrado verde cheio: metawebsterito.
112
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Figura 9.5 - Diagramas de variação de elementos traços versus MgO. Convenções: como a figura anterior.
113
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
No entanto, a correlação positiva de Cr em função de MgO, no respectivo diagrama da Figura
9.4, não é tão clara ou apenas sugerida pelo alinhamento de metaharzburgitos e metaortopiroxenitos
(respectivamente quadrados cinzas e triângulos azuis). A dispersão observada entre as amostras, pode
estar associada a mobilização do MgO durante a serpentinização/talcificação de olivinas e
ortopiroxênios e principalmente na transformação de espinélios marrons em hercinita e esse mineral
em variedades opacas. Igualmente, os teores de Ni e Co, mostram-se como elementos compatíveis e
apresentam uma forte depleção com o decréscimo do MgO. Já o diagrama com Cu, embora menos
abundante nessas rochas, não apresenta tendência com inclinação muito forte, mas pode ser verificado
um decréscimo nesse elemento com a depleção do MgO. De modo geral, a depleção de Ni, Cu e Co,
em função do decréscimo de MgO resguarda processos magmáticos primordiais, estando associados a
cristalização da olivina e espinélio, ou ainda a minerais sulfetados.
Embora não tenham sido realizadas análises minerográficas nas rochas estudadas, a fim de se
descrever sulfetos e outros minerais opacos, quantidades apreciáveis de pentlandita foram descritas em
área adjacente a estudada, no município de Carmópolis de Minas (Carneiro et al.2006 inédito). A
extração de sulfetos por segregação de líquido sulfetado constitui um mecanismo concomitante ou
precedente a cristalização da olivina, os quais formam camadas sulfetadas na base de intrusões
estratiformes, originadas a partir de magmas primários saturados em enxofre (Naldrett & Von
Gruenewald 1989).
A variação negativa CaO, TiO2, Fe2O3t, Al2O3, SiO2 e álcalis totais em função do MgO, pode
ser observada nos respectivos diagramas da Figura 9.4. O enriquecimento desses óxidos em função da
depleção do MgO é devida a incompatibilidade dos mesmos na cristalização dos primeiros
precipitados ferro-magnesianos. Dessa forma, se os diferenciados gabróicos, em geral mais cálcicos,
por hipótese constituíssem os últimos termos de uma série ou de um pulso magmático a se cristalizar,
o incremento em seus conteúdos de TiO2, SiO2, Al2O3, CaO e Fe2O3t, poderia estar refletindo a
presença de minerais como clinopiroxênio, plagioclásio e magnetita em sua paragênese. Por outro
lado, se a cristalização do plagioclásio e de forma geral dos piroxênios, realmente constituem fases
importantes nos processos de fracionamento e cristalização dos diferenciados mais evoluídos (e. g.
Irvine 1970), seria de se esperar nos termos máficos, concentrações mais elevadas de CaO, e
conseqüentemente razões CaO/Al2O3 maiores correspondendo a tendência geral das demais amostras
plotadas no diagrama, reproduzindo assim a evolução de um líquido de características komatiíticas,
passando de komatiítos ultramáficos a basaltos komatiíticos ou até mesmo até diferenciados
tholeiíticos de alto-Mg. Contudo esse fato que não ficou muito claro apenas com as duas amostras
analisadas e nesse momento pouco se pode afirmar sobre o processo de diferenciação desses
metamafitos.
114
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Já o incremento observado de V com a depleção de MgO é compatível com a diferenciação do
TiO2 e do Fe2O3 com eventual concentração desses óxidos nos termos mais evoluídos, fato que remete
a uma analogia com certos complexos acamadados, os quais exibem no topo da seqüência, anortositos
intercalados com magnetititos titano-vanatíteros, como é o caso por exemplo da Zona Superior de
Bushveld (e. g. Wagner & Brown 1976).
De fato a razão CaO/Al2O3, apesar da dispersão observada pelas amostras, sugere um
incremento nos valores com o decréscimo do MgO (ver diagrama respectivo na Figura 9.4),
apresentando dessa forma um comportamento diferente com relação dois metamafitos analisados
(triângulos verdes), que exibem razões menores.
Quanto a evolução dos REE observa-se nos diagramas de MgO versus Yb, Gd e Sm e La, um
empobrecimento nos termos ultramáficos com maior incorporação desses elementos nos metamafitos,
conforme está representado nos diagramas da Figura 9.5. Apesar de algumas amostras apresentarem
forte dispersão, a variação negativa dos REE em função do MgO, como sugerida nesses diagramas,
mostra que existe uma incompatibilidade entre esses elementos e os primeiros diferenciados, onde a
tendência negativa em geral, evidencia que o aumento geral do conteúdo de REE, com a diminuição
do conteúdo de MgO, é também, nesse caso, controlado pela cristalização fracionada. A depleção em
HREE é um atributo que pode ter sido herdada de uma fonte rica em granada (Rollinson 1993) e como
já mencionado, constitui uma importante característica de suítes komatiíticas arqueanas do tipo
Barberton, a citar, por exemplo, a ocorrência de Crixás (Arndt et al. 1989) e de alguns metabasaltos
magnesianos do Grupo Nova Lima (Zucchetti 1998).
9.3
RAZÕES ENTRE ELEMENTOS INCOMPATÍVEIS
A Tabela 9.3 apresenta o panorama geral de algumas razões entre alguns elementos
incompatíveis. A razão Ti/Nb nas rochas metaultramáficas analisadas variam de 799,33 a 3357,2,
sendo que a maior média alcançada representa as amostras de metaortopiroxenito (média de 1833.77
com intervalo entre 1541.57 e 2278.10) e a menor média, as amostras de metawebsterito (média de
1067.86 e intervalo de 999.17 a 1199.00).
As amostras de metaortopiroxenitos apresentam também as maiores razões P/Nb, com a média
de 282.38 e variação de 187.03 a 523.68. Em toda a porção do complexo ultramáfico mapeado, os
valores máximos e mínimos dessa razão são respectivamente de 36.37 (metalherzolito) e 523.68
(amostras
metaharzburgito e metaortopiroxenito). Os Metaharzburgito e meta-olivina-websterito
possuem a maior média da razão Ce/Ti, com o valor de 0,003 e variações respectivamente de 0,001 a
0,007 e 0,001 e 0,005, cujos limites, coincidentemente, representam as máximas e mínimas do
CAIRM.
115
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Tabela 9.3 - Razões entre elementos incompatíveis.
Rocha
Metalherzolito
Metawebsterito
Metaharzburgito
Metaortopiroxenito
Meta-olivinaortopiroxenito
Meta-olivinawebsterito
Metamáficas
Amostra
Ti/Nb
Ce/Ti
Ti/Zr
Ti/P
Zr/Nb
P/Nb
Ba/Nb
La/Nb Nb/Y Zr/Y Ce/Zr La/Yb Th/Ta
AG01
799.33 0.0039 64.38
21.98 12.42
36.37
14.17
2.08
0.16
1.94 0.04
3.33
3.00
AG12
2278.10 0.0010 203.40 26.10 11.20
87.28
18.00
1.60
0.15
1.70 0.03
2.76
1.00
AG14
1199.00 0.0021 77.00
19.23 15.57
62.34
52.86
33.43
0.02 0.34 0.34 26.00 2.00
AG17
2517.90 0.0006 112.41 28.85 22.40
87.28
42.00
3.00
0.07
1.62 0.02
2.31
AG19
1678.60 0.0033 164.57 19.23 10.20
87.28
22.00
2.80
0.08
0.78 0.07
2.80
1.00
AG21
1438.80 0.0039 71.23
5.50
20.20 261.84
30.00
5.00
0.06 1.16 0.05
4.39
2.00
AG26
1099.08 0.0027 58.88
15.11 18.67
15.00
1.33
0.18 3.29 0.02
2.16
2.00
AG27
1969.79 0.0021 96.42
15.80 20.43 124.69
88.57
46.57 0.01 0.11 0.26 25.27 2.00
AG36
1318.90 0.0014 81.41
7.56
16.20 174.56
18.00
1.60
0.15 2.38 0.02
2.67
1.00
AG63
1723.56 0.0027 78.79
15.80 21.88 109.10
1.13
2.00
0.14 3.02 0.03
2.67
3.00
Média
1512.58 0.0023 90.28
15.02 16.75 100.71
29.37
10.45 0.03 0.53 0.09
7.44
1.80
AG02
1199.00 0.0008 135.74
8.24
145.47
16.67
0.83
0.96
1.00
AG04
1113.36 0.0031 68.36
17.86 16.29
62.34
20.00
AG05
999.17 0.0028 61.59
20.61 16.22
48.49
5.56
1.67
0.17 2.75 0.03
2.68
2.00
AG10
1019.15 0.0031 72.28
23.35 14.10
43.64
9.00
2.90
0.14 1.99 0.04
4.75
4.00
8.83
72.73
0.13 1.13 0.02
1.00
17.29 0.03 0.42 0.13 17.54 3.00
Média
1067.86 0.0025 75.27
15.66 14.19
68.19
11.88
5.31
0.07 1.03 0.05
6.48
2.50
AG03
1748.54 0.0068 83.26
16.03 21.00 109.10
14.17
6.42
0.04 0.83 0.08
1.77
7.00
AG07
876.19 0.0035 112.78 13.05
67.14
19.23
2.46
0.14 1.09 0.06
3.90
3.00
AG08
1998.33 0.0018 199.83 27.47 10.00
72.73
63.33
8.17
0.03 0.32 0.16
5.70
2.00
AG11
899.25 0.0035 67.23
12.36 13.38
72.73
9.58
8.67
0.07 0.93 0.13 12.76 3.50
AG13
1438.80 0.0022 102.77 16.48 14.00
87.28
14.00
40.80 0.03 0.44 0.34 26.84 2.00
AG15
1584.39 0.0027 70.42
25.41 22.50
62.34
18.57
2.14
0.15 3.28 0.03
3.75
4.00
AG16
1124.06 0.0032 70.53
20.61 15.94
54.55
3.75
1.56
0.26 4.18 0.03
4.17
7.00
AG22
2398.00 0.0014 122.35
19.60 523.68
30.00
5.60
0.05 1.08 0.04
6.22
2.00
AG59
3357.20 0.0005 109.00 12.82 30.80 261.84
11.40
1.20
0.07 2.30 0.01
0.98
1.00
AG61
1455.93 0.0030 68.40
7.78
21.29 187.03
1.00
2.00
0.11
2.44 0.03
2.33
3.00
AG62
1873.44 0.0019 92.52
11.45 20.25 163.65
6.38
1.38
0.14 2.84 0.03
2.08
1.00
Média
1454.44 0.0030 86.35
12.78 16.84 113.84
14.65
5.95
0.08 1.27 0.07
6.41
3.23
AG18
1541.57 0.0032 87.02
8.24
17.71 187.03
15.71
4.57
0.07 1.22 0.05
5.00
1.00
AG20
1798.50 0.0011 130.33 10.30 13.80 174.56
32.00
1.40
0.11
1.47 0.02
1.00
1.00
6.00
4.58
7.77
AG32
2278.10 0.0011 84.37
4.35
27.00 523.68
10.00
1.40
0.08 2.25 0.02
1.00
Média
1833.76 0.0019 95.04
6.49
19.29 282.38
18.82
2.71
0.08 1.57 0.03
2.33
2.67
AG23
1798.50 0.0019 88.16
10.30 20.40 174.56
26.00
1.80
0.11
2.32 0.02
2.00
3.00
AG25
1318.90 0.0015 96.98
5.04
13.60 261.84
16.00
5.20
0.08 1.05 0.03
5.20
1.00
Média
1558.70 0.0017 91.69
7.14
17.00 218.20
21.00
3.50
0.09 1.56 0.02
3.60
2.00
AG09
899.25 0.0011 112.41
4.12
8.00
26.25
0.75
0.16 1.28 0.01
1.11
1.00
AG24
1884.14
0.00
100.68 15.11 18.71 124.69 178.57 32.29 0.01 0.19 0.20 22.38 1.00
AG58
1070.54
0.00
60.92
11.45 17.57
Média
1219.67
0.00
80.21
9.01
AG28
1847.11
0.00
AG29
1342.54
0.00
94.85
Média
1515.40
0.00
218.20
14.00
2.43
0.14 2.48 0.04
4.20
15.21 135.43
57.10
9.17
0.03 0.53 0.08
9.23
2.67
119.69 13.05 15.43 141.54
15.68
1.68
0.12 1.80 0.03
2.18
1.00
92.20
14.37
1.61
0.14 1.95 0.03
2.98
1.50
103.85 13.89 14.59 109.10
14.81
1.63
0.13
2.58
1.25
14.56 14.15
93.51
1.89 0.03
6.00
Os valores da razão Ti/Zr variam no CAIRM de 58,88 a 203,40, sendo máximo e mínimo
representados nas amostras de metalherzolito e a maior média representada no grupo das metamáficas,
com o valor de 103,85.
116
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
A razão Zr/Nb apresenta a maior média nas amostras de meta-ortopiroxenito com o valor de
19,29 e máximo e mínimo, respectivamente de 13,80 e 27,00. No CAIRM, os valores máximo e
mínimo são de 7,77 e 30,80, ambos nas amostras de metaharzburgito.
Da mesma forma, as amostras de metalherzolito apresentam o valor máximo da razão Ti/P
com 28.85 enquanto o valor mínimo encontra-se nas amostras de meta-olivina-websterito com 4.12,
enquanto a maior média ocorre nas amostras de metawebsterito, com valor de 15.66.
A razão Ba/Nb apresenta o valor máximo de 178.57 nas amostras de meta-olivina-websterito e
valor mínimo de 1,13 nas amostras de meta-olivina-websterito. O valor máximo valor de média obtido
foi de 57,10 e ocorre nas amostras de meta-olivina-websterito.
O máximo valor da razão La/Nb 46,57, ocorre nas amostras de metalherzolito enquanto o
mínimo de 0,75, ocorre entre as amostras de meta-olivina-websterito. A maior média obtida foi de
10.45 e encontra-se no grupo dos metalherzolitos e a menor, no grupo das metamáficas, com 1,63.
A razão La/Yb varia de varia de 0,98 (metaharzburgito) a 26,00 (metalherzolito), sendo que a
menor média apresenta o valor de 2,58 (metamáfica) e a maior 9,23 (meta-olivina-websterito).
A razão Nb/Y, varia de 0,01, nas amostras de meta-olivina-websterito a 0,18, nas amostras de
metalherzolito. A média máxima obtida foi de 0,13, no grupo de amostras dos metamafitos, e a
mínima de foi de 0,032, no grupo de amostras de metalherzolito. As amostras de metamafito também
apresentam a maior média Zr/Y, com valor de 1,89. A menor média dessa razão foi obtida entre as
amostras de meta-olivina-websterito, com o valor de 0,53. Em todo o complexo acamadado, o valor
máximo encontrado foi de 4,180 (metaharzburgito) e o mínimo de 0,11 (metalherzolito).
A razão Ce/Zr varia de 0,01 a 0,34, ambas em metaharzburgito. A maior média foi obtida
entre as amostras de metalherzolito e apresenta o valor de 0.09. A menor média foi obtida entre as
amostras de meta-olivina-ortopiroxenito e apresenta o valor de 0.02.
O valor máximo da razão Th/Ta ocorre no grupo dos metaharzburgitos (7,00) sendo que a
maioria dos grupos um limite inferior igual a 1,0000. A maior média apresenta o valor de 3,23
(metaharzburgito) e a menor média, o valor de 1.25 (metamáfica).
As diferentes amplitudes observadas nos intervalos entre as razões nos termos ultramáficos
estudados, nem sempre evidenciam que o processo controlador seja o fracionamento do magma
gerador. O que se propõe mais a frente no desenvolver dessa dissertação é que processos secundários
como contaminação da fonte magmática e mobilidade química, poderiam ser os mecanismos
controladores da grande amplitude de valores observada nessas razões. No item seguinte, padrão
geoquímico essa discussão será retomada e analisada sob a ótica do comportamento geral dos demais
elementos químicos que compõem essas rochas, assim como no Capítulo 10 – Evolução Tectônica,
117
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
novos diagramas com essas razões serão apresentados e analisados segundo os prováveis processos
envolvidos em sua gênese.
9.4
PADRÃO GEOQUÍMICO
Para análise e elaboração de diagramas de padrões geoquímicos das rochas do Complexo
Acamadado Itaguara Rio-Manso, procurou-se um padrão de normalização que fosse tão primitivo
quanto supostamente seria a fonte de seus magmas genitores. Inicialmente foram testadas
normalizações pelo manto primitivo de acordo as concentrações propostas por vários autores. As
normalizações utilizando o manto primitivo poderiam fornecer informações quanto à composição da
fonte mantélica. Igualmente foram feitos testes com vários valores de condrito (e. g. Wood et al.
1979b, Sun 1980, Bevins et. al. 1984, Taylor & McLennan 1985, Sun & McDonough 1989) que por
fim apresentaram pequenas diferenças nos padrões gerados. De modo particular, o condrito de Sun &
McDonough (1989), refere-se a uma classe de condritos carbonosos, bastante primitiva, chamada C1,
que se caracteriza por não ter sofrido processos de diferenciação, aproximando-se bastante do que
seria a composição do manto terrestre primitivo.
Além da busca pela similaridade composicional com as rochas analisadas, tem-se o fato de
que o condrito C1 de Sun & McDonough (1989), é uma atualização de trabalhos anteriores (e. g.
Taylor & McLennan 1985) e foi utilizado por outros autores trabalhando com rochas semelhantes em
regiões de contexto geológico parecido (e. g. Pinheiro 1997, Zucchetti 1998), o que favoreceu na
escolha pela adoção desses valores de normalização.
A Figura 9.6 apresenta o diagrama multi-elementar construído com as médias dos termos
ultramáficos e máficos, analisados no presente trabalho. De modo geral, para alguns elementos, essas
rochas são algumas vezes mais fracionadas que os valores do condrito C1, salvo a exceção da
pronunciada anomalia negativa de Pb, que as caracterizam. Além dessa anomalia, outras anomalias
negativas, menos pronunciadas, completam o esboço da assinatura geoquímica dessas rochas. Tais
anomalias estão representadas nas quantidades relativas dos elementos Nb, Sr e Zr. Nota-se que tais
características acompanham todos os termos, inclusive aqueles mais diferenciados como os
metamafitos.
Obviamente essa diferenciação não corresponde necessariamente à seqüência apresentada no
diagrama, a qual remete apenas a média dos intervalos de concentrações dos elementos nas variedades
litológicas analisadas. Por exemplo, o conjunto de amostras que compreende metalherzolitos e
metaharzburgitos apresenta um amplo intervalo de concentrações, onde algumas dessas amostras
possuem, inclusive, um padrão igual ou inferior aos valores da norma.
Assim como o diagrama do multi-elementar apresentado na Figura 9.6, o diagrama multi-
118
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
elementar de padrão terras raras na Figura 9.7, foi plotado como uma tentativa de se analisar as
relações entre as diversas classes de litotipos metaultramáficos a partir de suas médias.
Em um primeiro momento observa-se um enriquecimento generalizado em REE não
condizente com rochas dessa natureza.
Figura 9.6 - Diagrama multi-elementar mostrando o padrão geoquímico das rochas do CAIRM.
Verifica-se que a média dos termos ultramáficos analisados alcançam um nível de
diferenciação 7 a 20 vezes maior que o condrito conforme o elemento (Figura 9.6) e os termos
máficos, cerca de 30 vezes.
Da mesma forma, a média com os menores valores (meta-olivina-websterito), é cerca de
apenas 2 vezes maior que os valores de normalização, sendo que para muitas amostras em particular,
esse valor se equipare ou constitua ainda números inferiores aos valores de normalização.
As razões [La/Yb]n e [La/Sm]n das amostras estudadas são apresentadas na Tabela 9.4. Em
uma análise rápida a esses valores, observam variações de máximos e mínimos que se situam para a
razão [La/Yb]n no intervalo compreendido entre 0,69 e 19,25 e para a razão [La/Sm]n no intervalo
compreendido entre 1,61 e 9,41. Em todos os casos, se comparados os valores das razões [La/Yb]n e
[La/Sm]n para uma mesma amostra, verifica-se que uma razão nunca excede em aproximadamente 2,5
vezes o valor da outra. Entre outras possibilidades, esse fato sugere que o enriquecimento generalizado
em REE e nos demais elementos, foi iniciado à partir de concentrações médias primordiais, de forma
que os padrões atuais não apresentam comportamento anômalo, mas sim curvas com padrões
paralelos.
119
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Esse padrão de anomalias observadas nas assinaturas litogeoquímicas, ao que parece, é uma
característica de rochas ultramáficas brasileiras. Entre as ocorrências de rochas congêneres
encontradas no Brasil, onde se observam litotipos com comportamento similar, destacam-se o
Complexo Mangabal I e II (Candia 1982), o Greenstone Belt de Crixás/GO (Arndt et al.1989), a
Seqüência Vulcano-Sedimentar Morro do Ferro (Szabó 1996), as seqüências tipo greenstone do
Supergrupo Rio das Velhas (Zucchetti 1998), os derrames komatiíticos do Morro da Onça (Pinheiro
1998) e Seqüência Acamadada Ribeirão dos Motas (Carvalho Jr. 2001).
Figura 9.7 - Diagrama multi-elementar mostrando o padrão dos elementos terras raras.
O resultado dos padrões geoquímicos nos apresenta alguns fatos importantes:
1º.
Observa-se,
uma
mobilidade
seletiva
nas
amostras
estudadas,
com
empobrecimento em Pb, Ce e enriquecimento em Y, Th, e de forma generalizada nos
elementos terras raras, destacando-se os elementos terras raras leves.
2º. No padrão geoquímico geral, as médias do conteúdo de REE apresentadas,
sugerem que as modificações ocorreram de maneira uniforme com relação a
composição primária dessas rochas. Contudo, o amplo intervalo observado nas
composições entre amostras do mesmo tipo, levam a considerar que mobilização não
ocorreu com mesma intensidade em todo o CAIRM, onde processos secundários,
posteriores, promoveram uma mobilização diferenciada ao longo do corpo.
No presente capítulo, pelo menos uma etapa do processo evolutivo dessas rochas começou
a ser apresentada. No capítulo seguinte, Evolução Tectônica, essa discussão será feita de forma mais
120
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
abrangente, englobando também os metamafitos da seqüência supracrustal, onde se pretende definir as
associações cogenéticas entre ambos os grupos de rochas.
Tabela 9.4 – Razões de La/Yb e La/Sm normalizados.
Rocha
Metalherzolito
Metawebsterito
Metaharzburgito
Meta-olivinawebsterito
Metaortopiroxenito
Meta-olivinaortopiroxenito
Metamafitos
Amostra
AG01
AG12
AG14
AG17
AG19
AG21
AG26
AG27
AG36
AG63
Média
AG02
AG04
AG05
AG10
Média
AG03
AG07
AG08
AG11
AG13
AG15
AG16
AG22
AG59
AG61
AG62
Média
AG09
AG24
AG58
Média
AG18
AG20
AG32
Média
AG23
AG25
Média
AG28
AG29
Média
[La]n
10.55
3.38
98.73
6.33
5.91
10.55
3.38
137.55
3.38
6.75
28.65
2.11
51.05
6.33
12.24
17.93
32.49
13.50
20.68
87.76
86.08
12.66
10.55
11.81
2.53
5.91
4.64
26.24
2.53
95.36
14.35
37.41
13.50
2.95
2.95
6.47
3.80
10.97
7.38
26.16
48.10
37.13
[Yb]n
4.41
1.71
5.29
3.82
2.94
3.35
2.18
7.59
1.76
3.53
3.66
3.06
4.06
3.29
3.59
3.50
25.65
4.82
5.06
9.59
4.47
4.71
3.53
2.65
3.59
3.53
3.12
6.43
3.18
5.94
4.76
4.63
4.12
2.35
3.82
3.43
2.65
2.94
2.79
16.76
22.47
19.62
121
[Sm]n
5.23
2.61
15.03
1.96
3.92
3.27
1.96
18.95
1.96
3.92
5.88
1.31
7.19
3.27
3.92
3.92
17.65
5.23
7.84
24.18
9.15
6.54
5.23
2.61
1.96
3.27
3.92
7.96
1.31
13.73
6.54
7.19
4.58
1.96
2.61
3.05
1.96
1.96
1.96
17.65
30.72
24.18
[La]n/[Yb]n
2.39
1.98
18.65
1.66
2.01
3.15
1.55
18.13
1.91
1.91
7.83
0.69
12.58
1.92
3.41
5.12
1.27
2.80
4.09
9.15
19.25
2.69
2.99
4.46
0.71
1.67
1.49
4.08
0.80
16.05
3.01
8.08
3.28
1.26
0.77
1.89
1.43
3.73
2.64
1.56
2.14
1.89
[La]n/[Sm]n
2.02
1.29
6.57
3.23
1.51
3.23
1.72
7.26
1.72
1.72
4.87
1.61
7.10
1.94
3.12
4.57
1.84
2.58
2.64
3.63
9.41
1.94
2.02
4.52
1.29
1.81
1.18
3.30
1.94
6.95
2.19
5.20
2.95
1.51
1.13
2.12
1.94
5.59
3.77
1.48
1.57
1.54
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
9.5
RESUMO DO CAPÍTULO
O resultado das análises litogeoquímicas do CAIRM permitiu definir características genéticas
dos magmas parentais que as geraram bem como estimar processos petrogenéticos predominantes e as
principais fases minerais controladoras dos processos de cristalização fracionada. Quanto a isso, o
presente tópico apresenta um resumo dessas informações enumeradas a seguir:
1. As rochas do CAIRM apresentam composição predominantemente lherzolíticaharzburgítica, podendo ocorrer intercalada e subordinadamente rochas de composição,
websterítica, gabronorítica e gabróica;
2. Quimicamente essa unidade apresenta afinidade komatiítica, verificado pelos teores de
MgO, Fe2O3t, TiO2 e razões CaO/Al2O3 e Al2O3/TiO2, mas também atestada pelo
diagrama de Jensen (1976, modificado por Rickwood 1989);
3. Quanto às razões Al2O3/TiO2 e [Gd]n/[Yb]n, o CAIRM apresenta características tanto
das suítes komatiíticas do tipo Gorgona quanto do tipo Barberton. Quanto a isso,
conclui-se que ou o CAIRM apresenta características transicionais entre uma e outra
variedade de komatiíto, ou simplesmente, esse resultado esteja refletindo uma
significativa mobilidade apresentada no conteúdo desses elementos;
4. Nas amostras analisadas SiO2, TiO2, Al2O3, álcalis totais (Na2O + K2O), Fe2O3t, V, Rb
e Sc apresentam um incremento, com a diminuição dos teores de MgO, enquanto o
Co, o Ni e o Cu apresentam uma forte depleção, mostrando que a cristalização de
olivina, ortopiroxênio, espinélios e possivelmente sulfetos, controlam a cristalização
fracionada desses magmas.
Os padrões geoquímicos mostram um padrão de enriquecimento anômalo no conteúdo de
REE. As razões [La/Yb]n e [La/Sm]n nos diferentes termos, indicam uma proporção que se repete entre
uma e outra amostra, mostrando que a mobilidade desse elementos se deu a partir de uma composição
primária, mas que ocorreu de forma diferenciada ao longo do corpo.
122
10 CAPÍTULO 10
EVOLUÇÃO TECTÔNICA
10.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Esse capítulo pretende analisar o acervo de dados levantados nesta dissertação e responder as
seguintes questões:
Quais as características das possíveis fontes do magmatismo ultramáfico-máfico
Arqueano-Paleoproterozóico do Cráton São Francisco Meridional?
Existem relações cogenéticas entre os metamafitos do Complexo Acamadado Itaguara-Rio
Manso e os metamafitos do Supergrupo Rio das Velhas?
Existem relações cogenéticas entre o CAIRM, os vulcanitos ultramáficos atribuídos ao
Supergrupo Rio das Velhas e os demais Complexos Acamadados atualmente conhecidos
no CSFM?
Caso existam, seria o magmatismo ultramáfico do CAIRM uma fase desse evento
magmático? O CAIRM representaria os equivalentes plutônicos dessas conhecidas
unidades?
Qual seria a ambiência tectônica que serviu de cenário para esse magmatismo?
Qual teria sido a sua amplitude?
10.2 ASPECTOS PETROGENÉTICOS
Após a caracterização do CAIRM e da Unidade Metamáfica, foram notadas semelhanças entre
as mesmas que induzem interpretá-las como possíveis relações de consangüinidade. Inicialmente essas
semelhanças podem ser observadas através da Figura 10.1, nos diagramas multi-elementares
apresentados. Esses diagramas foram normalizados ao condrito C1 de Sun & McDonough (1989) e
gerados com os valores médios dos principais litotipos do CAIRM e das rochas da Seqüência
Supracrustal.
Analisando o diagrama A, é possível notar características bastante comuns, entre as rochas do
CAIRM (símbolos nas cores verde e cinza) e as rochas da Seqüência Supracrustal. A primeira vista, as
semelhanças despontam-se através das anomalias negativas em Pb, Sr e Nb, comuns em ambas as
unidades. Percebe-se que as amostras do CAIRM apresentam um padrão de anomalias de Th, Nb Sr e
Zr que se destacam de forma negativa em função de um incremento respectivamente em Ba, U, Ta, La,
Nd, Sm e Y. Por sua vez, os metatholeiítos da Unidade Metamáfica (respectivamente círculos azuis e
alaranjados cheios), apresentam, com relação ao CAIRM, enriquecimento em Th, Ba, U, Nb, Ta, Zr e
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
REE, e padrão de Y, variando de achatado a ligeiramente enriquecido.
No diagrama B, observa-se que esses metatholeiítos são pouco fracionados (MTAMg:
[La]n/[Yb]n = 1,52 - 2,32; [La]n/[Sm]n = 0,99 -1,80; MTBMg: [La]n/[Yb]n = 1,48 - 3,81; [La]n/[Sm]n
= 1,08 - 2,16). Enquanto no CAIRM, embora seja observado um enriquecimento anômalo em REE, de
onde se destaca o La, que alcança 40 ou 50 vezes o valor do condrito, nota-se que esses padrões são
sugestivamente horizontalizados, pois os valores da razão [La]n/[Yb]n nunca o excedem em 2 ou 3
vezes os valores da razão [La]n/[Sm]n (ver tabela 9.3 - Capítulo 9), o que também sugere magmas
pouco fracionados. Porém, os metatholeiítos da Unidade Metamáfica são mais enriquecidos em REE
que as rochas do CAIRM, apresentando abundâncias relativas em LREE cerca de 80 vezes o valor do
condrito, e em HREE, cerca de 40 vezes.
Figura 10.1 - Diagramas multi-elementares, normalizados ao condrito C1 de Sun & McDonough (1989),
mostrando uma comparação entre os grupos de amostras estudados. Símbolos em cinza: metaultramafitos do
CAIRM. Triângulo verde: metamafitos do CAIRM. Círculos laranjas cheios: metatholeiítos de alto-Mg
(MTAMg). Círculos azuis cheios: metatholeiítos de baixo-Mg (MTBMg).
Uma explicação para o incremento em elementos como o Th, Ta, Ba, Rb, Zr poderia residir
em processos de enriquecimento do manto e assimilação de componentes crustais. No caso dos REE e
Y, as razões são discutíveis. Para rochas máficas/ultramáficas vulcânicas, uma explicação plausível
para as anomalias em REE e Y, estaria associada à mobilização “a frio” do Ce, no contato com água
+3
do mar, onde esse elemento seria transformado em Ce e mobilizado sob a forma de CeO2 (Brookins
1989). Igualmente, o contato da água do mar, promoveria o enriquecimento nos demais REE e Y
(Brookins 1989, Wood 1990).
No entanto essa afirmativa torna-se difícil de ser sustentada quando se trata de uma unidade
plutônica, como é o caso do CAIRM, que se encontra intrusivo em crosta continental. Rollinson
(1993) menciona a possibilidade de uma retirada de Ce a partir da cristalização fracionada, mecanismo
pelo qual esse elemento teria sido retirado do líquido ao ser assimilado na estrutura cristalina de
minerais como olivina e ortopiroxênio. No entanto, a ausência de análises de química mineral, no
124
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
presente momento, não permite que essa possibilidade seja discutida.
A razão [Gd]n/[Yb]n também reflete características diferentes entre o CAIRM e os
metatholeiítos da Unidade Metamáfica. Como resposta ao ligeiro achatamento no padrão de HREE, as
rochas do CAIRM apresentam baixas razões [Gd]n/[Yb]n, o que equivale dizer que existe uma
depleção relativa de Gd em relação ao Yb. Como esse comportamento é geral e ocorre em maior ou
menor proporção individualmente em cada amostra, esse fato suporta a tese de um incremento
generalizado de REE a partir de uma média, assim como igualmente observado nas razões [La]n/[Yb]n,
[Sm]n/[Yb]n.
Contrariamente, os metatholeiítos da Seqüência Supracrustal, apresentam elevadas razões
[Gd]n/[Yb]n, que descrevem não somente um incremento no conteúdo de Gd em detrimento do Yb,
mas também um enriquecimento mais acentuado em HREE.
A Figura 10.2 apresenta as relações entre ambos os grupos estudados em função das razões
Al2O3/TiO2 e [Gd]n/[Yb]n. Quanto a isso, os metatholeiítos (triângulos amarelos), foram plotados com
a finalidade de tentar diagnosticar uma possível consangüinidade com o CAIRM.
Figura 10.2 – Diagrama de Arndt (1994) segundo a proposta de Jahn et al. (1982) para classificação de suítes
komatiíticas. O diagrama aqui apresentado tenta mostrar a evolução magmática a partir de uma tendência
negativa entre as razões Al2O3/TiO2 e [Gd]n/[Yb]n onde aparentemente as rochas plotadas transicionam de
komatiítos do tipo Gorgona para Komatiítos do tipo Barberton. Nesse caso, os metatholeiítos da Unidade
Metamáfica são plotados meramente com a finalidade de comparação. As linhas indicam os valores condríticos.
Conforme foi discutido no Capítulo 9 os metaultramafitos do CAIRM caracterizam-se pelas
elevadas razões Al2O3/TiO2 e por apresentarem baixas razões [Gd]n/[Yb]n. Na Figura 10.2, verifica-se
que os metatholeiítos de alto e baixo-Mg, são mais enriquecidos em TiO2 e apresentam razões
[Gd]n/[Yb]n maiores. Associado possivelmente a mobilidade do Al2O3, melhor verificada em algumas
amostras, a Figura 10.2, sugere a existência de uma evolução dos líquidos komatiíticos, gerando uma
125
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
suíte de transição entre suítes do tipo Gorgona e do tipo Barberton.
Apesar das diferenças observadas nos diagramas multi-elementares entre as unidades
estudadas, os dados apresentados nas figuras 10.1 e 10.2, levam em um primeiro momento, a
indagação quanto aos metamafitos da Unidade Metamáfica, de terem se originado por diferenciação
magmática a partir dos metaultramafitos do CAIRM.
Todavia, ainda que essa afirmação seja pertinente do ponto de vista do diagrama Al2O3/TiO2
versus [Gd]n/[Yb]n, as relações de campo, envolvendo observações de contato e deformação das
estruturas não suportam essa possibilidade, pois indicam que o CAIRM seria posterior a Unidade
Metamáfica estudada no presente trabalho. A título de exemplo, na região do Córrego do Peixoto, na
porção sul da área mapeada, são encontrados afloramentos de metaultramafitos acamadados e
indeformados que, embora não apresentem uma relação de contato muito clara, se encontram ao lado
ou próximo a afloramentos de metamafitos com dobras em bainha, mostrando com base apenas nessa
relação entre os graus de deformação entre ambos, que a Unidade Metamáfica seria mais velha.
Do ponto de vista litogeoquímico, algumas diferenças observadas entre as duas unidades
comparadas, em seus padrões multi-elementares, podem então servir como guia para se tentar chegar a
evolução desses magmas. Variações composicionais definindo arranjos litoestratigráficos são descritos
imensamente em literatura, como é o caso da Seqüência Warrawoona, no Cráton Pilbara (Condie
1994), o greenstone Olondo - Sibéria (Pushtel 2004) e o greenstone Bellingwe - África (Holfman &
Kusky 2004) que exibem um decréscimo nos valores das razões TH/Ta, La/Yb, Th/Nb, Ti/Zr, Zr/Y e
Ti/V com a ascensão na estratigrafia da seqüência ígnea.
A fim de discutir e entender as variações que não se explicariam por simples processos de
cristalização fracionada, aventa-se à possibilidade de uma gênese associada a magmas diferentes
gerados a partir de uma mesma fonte e cujas modificações teriam se dado por inúmeros processos ao
longo da evolução petrogenética de cada unidade individualmente, conforme será discutido nos
tópicos a seguir.
10.3 GENERALIDADES
A seqüência de padrões geoquímicos, nas unidades estudas, remetem a uma questão direta: a
possível existência de uma variação química associada à estratigrafia das unidades. Essa hipótese é
bastante pertinente ao se tratar de terrenos do tipo greenstone, sendo muitas vezes sugerida pelo
controle de campo, mas nem sempre confirmada geoquimicamente. Sucessões semelhantes em
seqüências greenstone, onde a base é dominada por uma alternância de basaltos submarinos e
komatiítos foram referidas por Thurston & Chivers (1990) como planícies máficas. Vários trabalhos
atribuem essa variação composicional a um enriquecimento da fonte mantélica, contaminação dos
magmas por componentes crustais (e. g. Gruau et al. 1987, Polat & Kerrish 2004, Parman & Grove
126
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
2004) ou ainda magmas gerados a partir da mesma fonte mantélica por diferentes graus de fusão
parcial (e. g. Thurston et al. 1985), onde a contribuição em LILE teria sido maior nos primeiros
estágios do magmatismo (Carlson 1991). A fim de avaliar o comportamento de LILE na formação
desses magmas, a Figura 10.3 apresenta diagramas entre razões de elementos incompatíveis onde os
metaultramafitos e metamafitos do CAIRM foram plotados juntamente as rochas da Unidade
Metamáfica. Em função de uma mobilidade algo menos efetiva na Unidade Metamáfica, a maioria
desses diagramas apresentou resultados mais satisfatórios com relação a essa unidade do que com
relação às amostras do CAIRM, que apresentam resultados sempre confusos, gerando tendências
pouco confiáveis em função do enriquecimento anômalo em diversos elementos, e empobrecimento
em outros. Por exemplo, o diagrama La/Yb versus La, mostra que um determinado grupo de
metaultramafitos apresenta comportamento caótico com relação ao enriquecimento incomum de La,
fato que será observado na Figura 10.4 (diagrama Th/Ta versus La/Yb), onde é sugerido que parte do
conteúdo de La, seria atribuído a incorporação de componentes crustais. No diagrama Ce/Ti versus Ti,
a razão Ce/Ti produz tendências incoerentes para amostras CAIRM, isso devido à mobilidade do Ce já
mencionada. Por outro lado, nos metatholeiítos, são geradas tendências bem definidas, separando-os
em dois grupos conforme discriminados nesse trabalho (MTAMg e MTBMg). Apesar dessas
discrepâncias, entretanto, algumas possibilidades puderam ser levantadas. No diagrama Zr/Y versus
Mg#, ao se desconsiderar o enriquecimento anômalo em Y e Zr, é possível observar uma relação direta
entre os valores de Mg# e a razão Zr/Y. A geração dos elevados valores de Mg#, como os observados
no CAIRM, somente seria possível a temperaturas elevadíssimas (Jaques & Green 1980, Herzberg
1992) e decorrentes de profundas regiões mantélicas. A relação entre os valores de Mg# observados
entre CAIRM e Unidade Metamáfica nos leva a interpretá-la como um produto de fusões parciais
ocorridas a temperaturas diferentes, possivelmente em diferentes profundidades ou diferentes regiões
mantélicas. Nesse sentido, Pearce (1983) advogando que embora o Y seja encontrado na crosta, esse
elemento apresenta afinidade mantélica, o que nos leva a interpretar que suas concentrações anômalas
não seriam decorrentes apenas da assimilação de componentes crustais, mas refletiria em parte, os
mesmos processos que geraram as elevadas concentrações de REE, já que esses elementos apresentam
comportamento semelhante em alguns casos. Mas como esse padrão não reflete magmas primários
ultramáficos, essa possibilidade talvez descreva os mecanismos associados à Unidade Metamáfica.
Nessa unidade, a contribuição do Zr assimilado assim como demais LILE, poderia estar associado a
um manto enriquecido, pois esse elemento que poder ser derivado de um manto subcontinental (Pearce
1983), passaria a ser incorporado aos fundidos produzidos a partir de processos de reciclagem sob a
forma de componentes geoquímicos de subducção (SGC; Condie 1994), juntamente com Th, Zr, Sr,
Ba e REE. Esse enriquecimento é condizente com basaltos de arcos continentais, e sugere que a
contaminação crustal seria capaz de produzir basaltos e komatiítos enriquecidos em LILE, conforme
proposto por Gruau et al. (1987).
127
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 10.3 - Diagramas bivariantes com razões de elementos incompatíveis (mesma legenda utilizada nos
diagramas bivariantes dos capítulos 8 e 9).
128
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
No caso dos metaultramafitos, uma possível contaminação por assimilação de componentes
crustais durante a ascensão dos seus magmas primários, também não é descartada, como evidencia o
controle de campo, onde são observados xenólitos ultramáficos e félsicos em afloramentos de
metaultramafitos em corte de estrada.
Quanto aos termos metamáficos do CAIRM, as únicas duas amostras analisadas, apresentam
comportamento diferente com as demais amostras do CAIRM. Ainda que os padrões multielementares dessas rochas sejam mais condizentes com o fracionamento dos termos estritamente
ultramáficos, as discrepâncias com relação às anomalias nos diversos elementos citados são menores,
ou às vezes não observadas, assemelhando-se algumas vezes ao padrão geral das amostras da Unidade
Metamáfica (Figura 10.1). Na maioria dos diagramas apresentados da Figura 10.3, os metamafitos do
CAIRM aproximam-se em valores, aos metatholeiítos da Seqüência Supracrustal, com os quais forma
uma linha de tendência. Particularmente nos diagramas envolvendo as razões Zr/Y e Ti/Zr, observa-se
que as duas amostras tiveram um enriquecimento em Zr, assim como algumas amostras de
metaharzburgito (quadrados cinzas) que se destoam das demais. Por outro lado, talvez a razão Ti/V
represente processos petrogenéticos dos magmas originais dessas rochas, pois as variações nos
conteúdos de V são mais modestas. No diagrama Ti/V versus V, observa-se nitidamente uma
separação entre as rochas do CAIRM, os MTAMg e os MTBMg enquanto no diagrama Ti/V versus
Ti, observa-se uma linha de tendência entre os três grupos. Se a variação do Ti pode estar associada a
evolução de uma fonte magmática, a variação do V, promovendo tendências paralelas, leva a
suposição de que o conteúdo desse elemento poderia variar ao longo da evolução desses magmas, por
exemplo, através de graus diferentes de fusão parcial do manto ou com a profundidade do manto em
que esses magmas seriam produzidos. Essa observação tem em vista que os termos mais magnesianos
(CAIRM e MTAMg), teoricamente obtidos a partir de graus maiores de fusão parcial ou em grandes
profundidades mantélicas, são mais empobrecidos em V.
Elementos como o P e Nb aparentemente tiveram concentrações equivalentes durante a
formação dos magmas tholeiíticos, como mostram as tendências horizontalizadas nos diagramas
envolvendo a razão P/Nb versus P e Nb. Já durante o magmatismo ultramáfico, é possível que tenha
havido incorporação de P, como mostram as oscilações verticais da razão P/Nb, fato que explicaria a
presença de apatita modal em alguns hornblenditos.
No entanto, em função dos vários processos superimpostos, torna-se difícil concluir com esses
diagramas até que ponto a contaminação crustal controla o padrão geoquímico dessas rochas ou ainda
tentar compreender o comportamento da fonte mantélica ao longo do tempo. No caso da fonte
mantélica, paira a dúvida de que ou essa fonte teria sido depletada ao longo do tempo com a formação
dos magmas tholeiíticos, ou os magmas mais jovens, por alguma razão passaram a ser provenientes de
regiões do manto cada vez mais profundas e isentas de contaminação, o que suportaria a produção de
129
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
magmas ricos em MgO, mas sem explicar o enriquecimento em HREE em algumas amostras (baixas
razões [Gb]n/[Yb]n, Figura 10.2). Por outro lado, se baixos graus de fusão de uma fonte depletada
poderiam produzir elevadas concentrações de REE em magmas máficos, não se explicaria dessa forma
as concentrações em Th, Ba, Zr, Nb, Sr e Y observadas no CAIRM, ou muito menos, as profundas
anomalias negativas Pb, observadas em ambas as unidades.
Com relação ao Ce, Echeverria (1982) descreve que a depleção desse elemento com relação ao
Gd e de forma geral, a depleção relativa dos HREE observada em basaltos e ultramafitos da suíte
komatiítica da Ilha Gorgona, estariam associados a diferentes graus de fusões parciais de uma região
da fonte mantélica a qual foi previamente depletada com a produção de basaltos tholeiíticos.
Essa possibilidade é corroborada pelo trabalho de Jaques & Green (1980), os quais mostraram
que sob pressões de 15 Kb a 20 Kb, magmas basálticos tholeiíticos podem ser produzidos a taxas de
20% ou 30% de fusões parciais, partindo de uma fonte lherzolítica. Segundo os mesmos autores, sobre
pressões acima de 10 Kb, magmas komatiíticos também poderiam ser produzidos a partir de um
lherzolito fértil, porém sob taxas de 40% a 50% de fusões parciais ou sob taxas de 30% a 40% de
fusões parciais a partir de um lherzolito depletado.
Modelos propõem que a origem de muitos greenstone belts arqueanos esteja associada à
presença de plumas mantélicas (Arndt 1994, Condie 1994, Arndt et al. 1997) sendo, contudo
contraditória a composição geoquímica dessas plumas, pois não se explica como no Arqueano essas
plumas estariam associadas a um manto depletado enquanto no presente, estariam associadas a um
manto enriquecido.
Uma possibilidade foi proposta no modelo apresentado por Campbell et al. (1989) em que o
eixo da pluma mais quente e trazendo material não contaminado oriundo do manto profundo geraria os
magmas komatiíticos. Por sua vez, a cabeça da pluma, mais fria, responsável por baixo graus de fusão
parcial do manto e sujeita a maior contaminação crustal, gerariam basaltos komatiíticos e tholeiíticos.
Porém, para os komatiítos do tipo Gorgona, Echeverría (1982) e Kerr et al. (1996), apresentam
dados que mostram uma grande heterogeneidade isotópica na suíte máfico–ultramáfica estudada por
esses autores, sugerindo que a heterogeneidade geoquímica pudesse ser uma característica de algumas
a plumas mantélicas, assim como a que foi iniciada a 80 Ma sobre a Província Colombo-Caribenha
(Storey et al 1991, Hill 1993).
O modelo de pluma mantélica quer seja pluma homogênea ou heterogênea, é bastante
plausível para explicar a presença de magmas magnesianos depletados em associação com magmas
tholeiíticos, explicando inclusive a presença de padrões geoquímicos semelhantes para rochas
diferentes. Todavia esse modelo continua não sendo suficiente para explicar as relações de contato
observadas na região de Itaguara entre metaultramafitos intrusivos indeformados e metamafitos
deformados.
130
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
10.4 CARACTERÍSTICAS DA FONTE MAGMÁTICA
Antes de adentrar em interpretações quanto à ambiência tectônica dessas rochas, tentou-se
fazer algumas comparações quanto a possíveis fontes de seus magmas genitores. A partir de
normalizações com valores do manto primitivo de Wood et al. (1979, 1981), foram comparadas as
rochas estudadas com alguns valores típicos de rochas primitivas obtidos em literatura como o EMORB (Sun 1980), N-MORB (Sauders & Tarney 1984, Sun 1980), OIB (ocean island basalts, Sun
1980), OIT (oceanic island tholeiits, Thompson et al. 1984), WPT (within plate tholeiits, Pearce 1982)
e BAT (back-arc tholeiits; Hawksworth et al. 1977). Quanto ao CAIRM, as anomalias nos padrões
geoquímicos, não permitiram que fossem alcançados resultados satisfatórios. Quanto aos
metatholeiítos, alguns valores discrepantes observados em amostras individuais, induziram a dúvidas
quanto ao resultado dessas comparações, as quais foram realizadas a partir das médias de cada grupo.
Dessa forma e por conveniência, em função dos resultados atípicos pouco conclusivos, esses dados
não foram apresentados no presente trabalho. Segue, entretanto, uma reflexão quanto a essa tentativa
de comparação com fontes magmáticas mencionadas. Embora as fontes com as quais essas rochas
foram comparadas, se refiram a rochas produzidas em modernos ambientes tectônicos, inúmeros
autores são unânimes em afirmar que esses ambientes resguardam inúmeras similaridades
geoquímicas com greenstone belts arqueanos e proterozóicos (Condie 1994, Arndt 1994, Arndt et al.
1997). Uma das possibilidades apontadas até então, para a análise das razões apresentadas, na Figura
10.3, seria a contribuição de material mantélico, associada uma fonte que poderia ter sofrido depleção
ao longo do tempo. Rochas com características parecidas, estudadas por Zucchetti (1998) no Grupo
Nova Lima, nas quais se incluíam metabasaltos de alto-Mg e basaltos komatiíticos, apresentaram
elevadas razões Th/Ta. Uma das interpretações apresentadas pela autora foi que essas razões pudessem
ser decorrentes de uma fonte que sofreu contribuição crustal, através de processos semelhantes aos que
acontecem em arcos de ilhas.
A variação composicional da fonte mantélica, é explicada por Condie (1994) a partir da
distribuição de LILE observada em basaltos modernos, a qual o autor expressou sob a forma de
misturas de composições variadas entre componentes crustais e mantélicos DM (depleted mantle),
HIMU (high-MU mantle), AUC (archean upper continental crust), UC (upper continental crust), EM
I e EM II (enriched mantle). O autor supracitado defendeu sua explanação utilizando razões Th/Ta e
La/Yb, justificando que esses elementos são bastante sensíveis quanto a variações composicionais da
fonte mantélica, ao mesmo tempo em que apresentam um comportamento inócuo quanto à alteração e
o metamorfismo, além do que suas concentrações relativas seriam pouco afetadas pela cristalização
fracionada, ou por diferentes graus de fusão parcial. Dessa forma, as distribuições das razões Th/Ta e
La/Yb em basaltos modernos, foram apresentadas pelo autor como que ocasionadas em três
mecanismos principais.
131
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
O primeiro mecanismo seria a formação dos componentes geoquímicos de subducção (SGC –
subduccion geochemical components), ou seja, soluções enriquecidas em LILE, formadas a partir de
slabs subductados, as quais ascenderiam e produziriam as transformações metassomáticas na cunha
mantélica. O segundo mecanismo seria a contaminação de magmas basálticos pela crosta continental,
a qual produziria um mixing entre os componentes, Manto Depletado (DM) e Crosta Continental
Superior (UC ou AUC). O último mecanismo seria um mixing entre os componentes, Manto
Depletado (DM) e Manto Enriquecido (EM I, EM II e HIMU), comuns na litosfera subcontinental e
em regiões de plumas mantélicas.
A Figura 10.4 reproduz o diagrama Th/Ta versus La/Yb apresentado pelo autor supracitado
onde, assumindo-se a origem das rochas estudadas como oriundas de uma fonte mantélica comum,
foram plotadas as amostras de ambas as unidades.
Figura 10.4 - Diagrama de Condie (1994) apresentando razões Th/Ta versus La/Yb das rochas em estudo. DM:
manto depletado. AUC: crosta continental superior arqueana. ME I e ME II: variedades de manto enriquecido.
Convenções: mesmas utilizadas nos diagramas dos capítulos 8 e 9.
Observou-se que a despeito de algumas amostras discordantes, a tendência geral exibida pelo
diagrama assemelha-se aquela observada por Condie (1994) com relação às rochas de greenstone belts
arqueanos, a qual representa um mixing entre os componentes DM e AUC. Faz-se necessário ressaltar
que basaltos arqueanos provenientes de fontes depletadas apresentam composições semelhantes aos
modernos basaltos de platôs submarinos, possuindo em geral, razões Th/Ta e La/Yb respectivamente
menores que 2 e 5 enquanto razões maiores estão associados a arcos de ilha (Condie 1994), intervalo
em que se encaixam grande parte das amostras plotadas.
132
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Se essa variação entre os componentes do manto depletado e crosta continental correspondem
a uma compartimentação químico-estratigráfica, é possível que os metatholeiítos estudados constituam
em tese, uma planície máfica como as mencionadas por Thurston & Chivers (1990), na qual se
encerraria uma parte da evolução desse segmento crustal, iniciada em fases juvenis de um
magmatismo submarino até as fases maduras de um arco de ilha senil.
Se as interpretações das relações de campo estão corretas, onde o CAIRM representa uma
etapa de magmatismo máfico-ultramáfico posterior ao magmatismo máfico que gerou a Unidade
Metamáfica, é possível que no decorrer dessa evolução, a contribuição crustal tenha sido maior
durante os primeiros estágios do magmatismo, conforme pode ser visto no diagrama acima (Figura
10.4), onde a Unidade Metamáfica apresenta as maiores razões Th/Ta e La/Yb. Dessa forma, caso essa
proposta esteja correta, o magmatismo ultramáfico constituiria uma etapa tardia na evolução desse
segmento, quando o arco já havia evoluído para estágios maduros, e a proveniência de seus magmas
genitores estaria associada a regiões mais profundas e não contaminadas do manto ou a um manto
subcrustal previamente depletado com a produção de magmas tholeiíticos. Na Figura 10.4 as amostras
de metaultramafitos que se encontram dispersas, poderiam indicar uma contaminação crustal durante a
ascensão desses magmas na crosta ou ainda demonstrariam uma possível mobilização de REE durante
processos metamórficos/metassomáticos, conforme já mencionado.
A hipótese de um ambiente mais maduro do tipo arco de ilha ou continental, é atestada por
inúmeros dados de campo envolvendo relações de contato intrusivo entre metaultramafitos, gnaisses e
sedimentos terrígenos, onde indícios de metamorfismo de contato ainda são preservados. Os tópicos
seguintes discutem mais a fundo esse modelo fazendo as devidas correlações com os resultados das
análises geoquímicas.
10.5 AMBIÊNCIA TECTÔNICA
Sustentando os resultados até agora discutidos, a Figura 10.5 apresenta diagramas de
ambiência tectônica, condizentes com as possibilidades levantadas. Os metamafitos do CAIRM
composicionalmente assemelham-se ao N-MORB e a basaltos de arcos de ilha (diagrama A), e ao EMORB e tholeiítos intraplaca (diagrama B), resultado que se deve, possivelmente, ao enriquecimento
em elementos incompatíveis durante a diferenciação do complexo acamadado. No diagrama A, as
amostras da Unidade Metamáfica ocupam preferencialmente o campo D, referente aos basaltos do tipo
N-MORB e arcos vulcânicos. Duas amostras ocupam o campo C, dos tholeiítos intraplaca e arcos
vulcânicos. No diagrama B, as amostras apresentam uma transição entre o campo dos E-MORB e
tholeiítos de arco de ilha (razão Hf/Th >3) e basaltos cálcio-alcalinos (razão Hf/Th < 3).
A partir de diagramas dessa natureza, devem ser extraídas informações não somente quanto à
ambiência que relatam, já que as mesmas, por vezes, prestam informações dúbias ou simplesmente
contraditórias, quando rochas de ambientes presumidamente conhecidos, ocupam o campo de
133
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
ambientes diferentes do esperado. No caso específico do presente trabalho, tentou-se obter com esses
diagramas informações que dessem respaldo ao modelo de evolução de uma suíte magmática proposto
nesse trabalho.
.
Figura 10.5 - Diagramas discriminantes para rochas basálticas. Dia grama A (Meschede 1986): AI: Alcalibasaltos intraplaca. AII: Tholeiítos e alcali-basaltos intraplaca. B: E-MORB. C: Tholeiítos intraplaca e basaltos
de arcos vulcânicos. D: N-MORB e basaltos de arcos vulcânicos. Diagrama B (Wood 1980) A: N-MORB. B: EMORB e tholeiítos intraplaca C: Alcali-basaltos intraplaca D1: Tholeiítos de arco de ilha. D2: Basaltos cálcioalcalinos. Convenções: Círculos laranjas: MTAMg. Círculos azuis: MTBMg. Triângulos verdes: Metamafitos do
CAIRM.
Como indicam os diagramas e supondo que as amostras plotadas fossem pouco afetadas por
processos secundários, como mobilização química e metassomatismo, a predominância de tholeiítos
do tipo N-MORB, de arco de ilha e intraplaca, corroborariam a hipótese de ambientes relacionados a
margens convergentes, opondo-se nesse caso em particular, a tese defendida por Campbell et al.
(1989), Condie (1994), Arndt et al. (1997), de formação de suítes máfico-ultramáficas a partir de
plumas mantélicas. Por outro lado, como mostram as relações de campos, o magmatismo ultramáfico
do qual provém o CAIRM, parece que constituiu uma etapa tardia do arco-magmatismo, onde câmaras
magmáticas teriam se instalado em um ambiente dominado por margens convergentes em avançado
estágio de maturidade.
Contudo torna-se difícil entender a origem desses magmas ultramáficos, que poderiam estar
associados tanto a elevados graus de fusões parciais de um manto previamente depletado com a
formação de tholeiítos, quanto a uma proveniência associada a fusões de regiões mantélicas não
contaminadas. De qualquer maneira, os registros apresentados pelos padrões multi-elementares
sugerem uma fonte comum, entre os metatholeiítos da seqüência supracrustal e os metaultramafitos do
CAIRM.
A origem de magmas ultramáficos komatiíticos a partir de uma fonte previamente depletada,
134
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
já foi alvo de discussão em inúmeras províncias máfico-ultramáficas, como por exemplo, os
greenstones de Munro Townshipe (Arndt & Nesbitt 1982), Isua (Groenlândia) e Grupo Onverwacht
(porção basal do complexo Barberton – Zindler 1982).
A fusão mantélica por hidratação através de segmentos de crosta oceânica subductados, é um
mecanismo de produção de magmas komatiíticos no qual se embasa o modelo apresentado por Allègre
(1982). Como modelo mais próximo da área estudada e corroborando a esse fato, Sales (2004)
apresenta um modelo evolutivo para o Lineamento Jeceaba - Bom Sucesso baseado em fases
deformacionais com vergências variadas, de uma margem convergente iniciada provavelmente no
Arqueano. Esse modelo apresentado pelo autor, já é de alguma forma discutido em modelos anteriores
(e. g. Fernandes 2001) e sem dúvida, constituiria o início de um importante episódio de hidratação
mantélica ao qual poderiam estar associadas à origem de grande parte das seqüências máficoultramáficas presentes no Cráton São Francisco Meridional.
10.6 AMPLITUDE DO MAGMATISMO MÁFICO-ULTRAMÁFICO NO CRÁTON
SÃO FRANCISCO MERIDIONAL
Corrêa da Costa (1999) advoga hipótese de que um magmatismo ultramáfico de idade
neoarqueana, teria afetado a porção meridional do Cráton São Francisco. Esse evento
tectonomagmático aparentemente estaria associado a um magmatismo de margens ativas, promovendo
a formação de arcos magmáticos, que para Teixeira (1985), Carneiro (1992) entre outros, teriam
abrangido parte do domínio meridional do Cráton São Francisco.
O Evento Magmático Rio das Velhas (Carneiro 1992, Endo et al. 1996), como foi definido,
está registrado no Complexo Bonfim Meridional, sob outros aspectos, ao retrabalhamento de uma
crosta continental pré-existente, com a instalação de um magmatismo predominantemente cálcioalcalino, como atestam algumas unidades definidas por Carneiro (1992; e. g. Tonalito Samambaia).
A presença na região, de atividade termal desde o Mesoarqueano, é defendida por Fernandes
(2001) e Carvalho Jr. (2001) através de idades Sm-Nd, onde arcos vulcânicos teriam colocado na
crosta, magmas cálcio-alcalinos a tholeiíticos (Fernandes 2001). A esse evento, também poderia estar
associada uma etapa de magmatismo ultramáfico descrita por Carvalho Jr. (2001) e correlacionável
aos vulcanitos ultramáficos descritos no Quadrilátero Ferrífero, constituintes das unidades basais do
Supergrupo Rio das Velhas. A presença desse vulcanismo ultramáfico, como uma das fases do Evento
Tectonotermal Rio das velhas é relatada no Quadrilátero Ferrífero e adjacências com a presença de
komatiítos e basaltos komatiíticos (Padilha 1984, Costa 1995, Pinheiro 1997; Zucchetti 1998).
Diante da reconstrução sucinta aqui apresentada, de um evento termal dessa envergadura,
procurou-se no presente trabalho fazer algumas comparações quanto aos padrões geoquímicos de
rochas teoricamente associadas a esse magmatismo, descritas por alguns dos autores supracitados.
135
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Inicialmente foram comparados o padrão de metamafitos estudados nessa dissertação com
duas variedades de anfibolitos descritas por Carneiro (2002) no Complexo Bonfim: os anfibolitos
Candeias e Paraopeba.
A Figura 10.6 apresenta o envelope de variações desses anfibolitos, plotados em diagramas
multi-elementares de padrão terras raras, contra padrões médios dos metamafitos estudados.
Analisando os dois diagramas dessa figura, constatou-se que tanto os envelopes quanto as rochas
estudadas apresentam anomalias positivas de Nb, embora sejam mais pronunciadas nos padrões dos
envelopes.
Figura 10.6 - Envelopes de variação de padrões geoquímicos dos anfibolitos Candeias e Paraopeba de Carneiro
(1992), normalizados respectivamente ao MORB de Bevins et al. (1984) e ao condrito C1 de Boynton (1985),
comparados às médias dos metamafitos estudados (linhas coloridas).
Todavia, o envelope do Anfibolito Candeias (diagrama A) apresenta ainda anomalias positivas
de K2O e o envelope do Anfibolito Paraopeba (diagrama C), anomalias positivas em K2O e P2O5,
diferenciando-se a respeito desses aspectos, das médias das rochas estudadas nesse trabalho. Com
relação ao padrão de elementos terras raras (diagramas B e D), essas diferenças continuam, pois ambos
os envelopes são mais enriquecidos em LRRE e ligeiramente mais depletados nos HREE (diagrama
B), gerando uma anomalia negativa em Gd. Já os metamafitos do CAIRM, não se assemelham a
nenhum dos padrões.
136
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Fernandes (2001) descreveu na região de Campo Belo, três variedades de anfibolitos
denominadas pelo autor de variedades A1, A2 e A3. Essas variedades seriam geradas em primitivos
arcos-vulcânicos onde a variedade A1, apresentaria afinidade cálcio-alcalina e as demais variedades,
apresentariam afinidade tholeiítica.
Analisando os envelopes representados na Figura 10.7, nota-se uma certa semelhança entre
padrões multi-elementares (diagramas A, C e E) dos metamafitos em estudo com os envelopes das
variedades anfibolíticas de Fernandes (2001), marcadas pelas anomalias negativas de Sr, Ce, Y, TiO2,
e positivas em Tb, Zr, La, P2O5, Rb, com uma depleção relativa em Cr e Ni, onde esses valores são
semelhantes ou inferiores à normalização. Por sua vez, os envelopes dos diagramas A e C,
sobressaem-se pelas ressaltadas anomalias positivas K2O e P2O5 que os diferem das médias
comparadas. No diagrama C, somam-se as demais anomalias citadas, uma grande anomalia positiva de
Eu.
Quanto ao padrão de REE, a variedade A1 é mais enriquecida nos HREE e empobrecida nos
LREE, não se assemelhando às variedades estudadas. Já a variedade A2 (diagrama D) e A3 (diagrama
F), são mais empobrecidas em HREE e ligeiramente mais enriquecida em LREE, apresentando
também anomalia negativa de Eu.
Essa é uma característica comum com as rochas em estudo, com exceção aos metamafitos do
CAIRM, que além de serem menos fracionados que as demais, apresentam um padrão mais
horizontalizado, perturbado unicamente por anomalia negativa de Ce. Particularmente o envelope da
variedade A3, guarda estreita semelhança ao padrão médio do MTBMg.
No caso das variedades anfibolíticas A2 e A3, é possível que seus protólitos não tenham sido
gerados em ambientes tectônicos comuns aos metamafitos em estudo nesse trabalho, pois as estreitas
semelhanças geoquímicas que essas rochas guardam entre si, remetem possivelmente a uma fonte
semelhante e a possibilidade de que essas rochas venham a constituir uma suíte ígnea única, parece ser
bastante consistente.
Na Figura 10.8, algumas populações metabasálticas estudadas por Zuchetti (1998), são
igualmente comparadas com os metamafitos estudados. Essas populações, denominadas pela autora de
População II, III, IV e V são comparadas aos metamafitos do presente trabalho. Ao confrontar os
diagramas multi-elementares, de modo geral, nota-se grande semelhança entre os padrões analisados.
Algumas particularidades observadas nos envelopes, possivelmente decorrentes de processos
secundários, não foram consideradas, pois podem não remeter a uma composição real das amostras.
Entre estas, cita-se a mobilização de K e P, manifestada sob a forma de anomalias positivas de K2O,
observadas em todos os envelopes, a anomalia negativa de P2O5, observada no envelope C, e outras
anomalias menos expressivas nos envelopes A e G.
137
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Figura 10.7 - Envelopes de variação de padrões geoquímicos dos anfibolitos variedade A1, A2 e A3 de
Fernandes (2001), normalizados respectivamente ao MORB de Bevins et al. (1984) e ao condrito C1 de Boynton
(1985), comparados as médias dos metamafitos estudados (linhas coloridas).
De modo geral, os envelopes das variedades estudadas pela autora, compreendem um conjunto
de amostras ora mais fracionado, ora menos, porém apresentando um padrão comum, suavizado entre
os elementos incompatíveis e depletado em Cr e Ni. No envelope E, a anomalia negativa de K2O
observada nas médias aparece, tornando-se bem marcada em função de uma anomalia positiva de Ba,
mascarada, entretanto, pelo enriquecimento em Rb. Apesar de se assemelhar aos padrões das médias,
algumas amostras apresentam um enriquecimento anômalo em Cr, gerando um padrão que se abre em
leque, ao invés de uma depleção ao final do envelope.
138
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Figura 10.8 - Envelopes de variação de padrões geoquímicos, das populações de metabasaltos II, III, IV e V
estudadas por Zucchetti (1998), normalizados respectivamente ao MORB de Bevins et al. (1984) e ao condrito
C1 de Boynton (1985) e comparados às médias dos metamafitos estudados (linhas coloridas).
As diferenças entre os metabasaltos de Zucchetti (1997) e os metatholeiítos estudados na
presente dissertação, se estreitam ainda mais ao se comparar os padrões de terras raras. As médias e
envelopes apresentam padrões parecidos, a despeito de uma anomalia negativa de Eu que ocorre em
139
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
todas as médias, mas que foi observada apenas no envelope H (população IV).
Grande semelhança também é observada entre a População IV (Figura 10.8 F) e a média dos
MTBMg com ao quais confunde-se. Nos envelopes das Figuras B e H, o enriquecimento em LREE é
mais acentuado, mas em relação aos HREE, apresentam padrão parecido com as rochas comparadas.
Diante a semelhança entre as rochas tholeiíticas presentes na suíte estudada por Zucchetti
(1998), procurou-se também comparar, na Figura 10.9, os metamafitos e metaultramafitos do CAIRM
com a População I da mesma autora, definida como basaltos komatiíticos. Nessa figura, comparou-se
também as rochas mencionadas com os metaultramafitos da Seqüência Ultramáfica Cláudio (Couto
2004), com os metaultramafitos da Seqüência Acamadada Ribeirão dos Motas (Carvalho Jr. 2001) e
com os komatiítos estudados por Pinheiro (1997), os quais são associados às unidades ígneas do
Supergrupo Rio das Velhas.
Em função das análises nem sempre completas, dos autores comparados, ou de resultados
pouco convencionais, foram testadas outros valores de normalizações, como o condrito C1 de Sun &
McDonough (1989) que mostrou ser por várias razões, a opção mais satisfatória. Essa escolha também
foi feita na tentativa de aproximar os resultados apresentados no presente trabalho, com os resultados
realizados pelos demais autores, que também usaram esses valores de condrito C1 (e. g. Pinheiro
1997; Zucchetti 1998).
Assim, apresenta-se na Figura 10.9 o resultado dos trabalhos de Zucchetti (1998), Carvalho Jr.
(2001) e Couto (2004), comparados aos metaultramafitos do CAIRM. Para melhor visualização dos
padrões plotou-se também uma linha média para os valores do envelope.
As comparações das médias do CAIRM em relação aos resultados apresentados por Carvalho
Jr. (2001) e Zucchetti (1998) mostraram padrões bastante semelhantes. O envelope gerado com os
valores de rochas metaultramáficas do primeiro autor (diagramas A e B, Figura 10.9), embora
represente amplas variações de valores, possui padrão idêntico às médias comparadas.
O padrão terras raras é bastante parecido com a variação das médias quanto aos elementos
terras raras leves, diferenciando-se um pouco mais quanto aos elementos terras raras pesados.
Acompanhando todas a essas comparações, encontram-se os metamafitos do CAIRM (linha verde),
obviamente comportando-se como um termo mais diferenciado.
Fato interessante ocorre ao se comparar, as rochas estudadas no presente trabalho com a
População I de Zucchetti (1998). Esse grupo de rochas apresentado pela autora refere-se a
metabasaltos komatiíticos e guardam grandes semelhanças com as rochas ultramáficas do CAIRM,
principalmente no diagrama C, levando a possibilidade de virem a constituir suítes komatiíticas
semelhantes.
140
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Figura 10.9 - Envelopes de variação de padrões geoquímicos dos metaultramafitos da SARM (Carvalho Jr.
2001), Seqüência Cláudio (Couto 2004), metabasaltos de alto-Mg (População I) de Zucchetti (1998),
normalizados ao condrito C1 de Sun & McDonough. (1989) e comparados às médias das rochas do CAIRM
(linhas coloridas).
Essas semelhanças são expressas quanto às anomalias positivas de Ba, La e Nd, ainda que a
média do envelope, esteja comprometida pelo valor anômalo de uma ou outra amostra, gerando
padrões de curvas não totalmente condizentes com as demais amostras do grupo. Quanto ao padrão
dos elementos terras raras, o envelope apresenta em comum com as médias comparadas, o mesmo
modelo achatado e horizontalizado observado nos elementos terras raras pesados, embora se
diferenciem, de forma menos pronunciada, no padrão dos elementos terras raras leves.
Observando a Figura 10.9 E, é notável que a ausência de alguns elementos analisados por
141
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Couto (2004), assim como valores de elementos terras raras, não permitiu a elaboração de envelopes
com padrões convencionais no caso dos metaultramafitos da Seqüência Cláudio, o que não possibilita
maiores conclusões, até que novos dados a respeito dessa unidade tragam informações mais
edificantes quanto à gênese dessas rochas.
Na Figura 10.10, são comparadas as médias das rochas do CAIRM, com komatiítos dos
grupos I, II e III definidos por Pinheiro (1998).
Figura 10.10 - Envelopes de variação de padrões geoquímicos dos komatiítos dos Grupos I, II, III, definidos por
Pinheiro (1998) na região do Morro da Onça, Rio Manso/Mg, normalizados ao condrito C1 de Sun &
McDonough. (1989) e comparados às médias das amostras do CAIRM (linhas coloridas).
Embora os dados apresentados pela autora não correspondam à seqüência completa de
elementos utilizada na normalização, verifica-se, ainda que grosseiramente, que as médias do CAIRM
e os envelopes dos grupos I e II (envelopes A e B), apresentam características comuns, como
anomalias positivas em La, Y e negativas em Sr. Já o Grupo III, diferencia-se um pouco mais das
142
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
médias comparadas, mas no geral, esse envelope também mantém alguma semelhança com as médias
com o qual é comparado. Comparando o envelope de variação dos elementos terras raras (diagramas
B, D e F da Figura 10.10) com as médias do CAIRM, nada se observa de comum entre ambos, uma
vez que todos os envelopes apresentam pronunciadas anomalias positivas de Eu e Ho. Insuficientes em
fornecer informações mais substanciais, os dados apresentados por Pinheiro (1998), apresentarão
melhor esclarecimento geoquímico quando forem publicados os resultados de Andreatta (2007, em
finalização), que estudou uma área contígua a área de estudo da autora.
Dessa forma, as semelhanças observadas entre as rochas estudadas no presente trabalho e as
diversas ocorrências congêneres estudadas nos trabalhos supracitados, são condizentes com as
propostas de Teixeira (1985), Carneiro (1992), Corrêa da Costa (1999), Teixeira et al. (2000) de que
durante o Arqueano, todo o Cráton São Francisco Meridional teria sido dominado por intenso arcomagmatismo o que caracterizaria uma das principais fases do Evento Termal Rio das Velhas.
10.7 MODELO EVOLUTIVO
As
evidências
apresentadas
atestam
que
o
magmatismo
máfico-ultramáfico
arqueano/paleoproterozóico descrito no CSFM (e. g. Carneiro 1992, Carneiro et al. 1996, 1997a e
1997b, Carvalho Jr. 1998a e 1998b, Teixeira et al. 2000, Carvalho Jr. 2001, Fernandes & Carneiro
2001, Fernandes 2001, entre outros) teve por pelo menos um determinado período, grande participação
de componentes crustais, sejam através de processos de contaminação crustal ou de fertilização do
manto, como indicam as elevadas razões Th/Ta e La/Yb no diagrama da Figura 10.5.
Episódios de fertilização mantélica podem ser devidos a vários mecanismos, que incluem
processos metassomáticos decorrentes da produção de fluidos enriquecidos em LILE a partir de slabs
subductados (SGC - componentes geoquímicos de subducção; Condie 1994, Kepezhinkas et al. 2002),
processos de interação do manto litosférico subcontinental (harzburgítico) com fundidos
astenosféricos, intrusões de diápiros astenosféricos na litosfera subcontinental (Srivastava & Singh
1999, Srivastava et al. 2004) ou metassomatismo do manto superior causado por fusões carbonatadas
originadas no manto inferior (Gasparik & Litvin 2002). Embora não se descarte a possibilidade de que
plumas mantélicas tenham atuado isoladamente em alguns locais do CSFM (e. g. Zucchetti 1998),
muitos dos mecanismos citados estão de acordo e sustentam o modelo de arco-magmatismo defendido
pelos inúmeros trabalhos desenvolvidos na região.
Nessa proposta, várias fases desse evento magmático estariam registradas na porção
Meridional do Cráton São Francisco, incluindo desde as fases de magmatismo estritamente cálcioalcalino (e. g. Carneiro 1992, Corrêa da Costa 1999, Fernandes 2001) até as fases de magmatismo
tholeiítico-komatiítico (Padilha et al. 1985, Jost et al. 1987, Pinheiro & Nilson 1993, Pinheiro 1997,
Zucchetti 1998, Carvalho Jr. 2001, Andreatta 2007 em preparação).
143
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Em analogia ao moderno magmatismo cálcio-alcalino andino, Martin (1994) conclui que a
produção magmática é função da temperatura do segmento subductado com a idade da subducção,
embora a reciclagem total dos slabs somente fosse possível no Arqueano, supostamente devido a
elevados gradientes geotérmicos (Martin 1986, 1987b). Para esse autor, aos primeiros estágios da
subducção estariam associados suítes félsicas do tipo tonalito-dacito-trondjemito com valores de [Yb]n
inferior a 7,5. Em contrapartida, as suítes do tipo basalto-andesito-riolito seriam geradas nos estágios
mais avançados da subducção, caracterizando-se por valores [Yb]n entre 6,3 e 25, valores, aliás,
bastante condizentes com aqueles observados nos tholeiítos em estudo, que oscilam entre 14,69 e
23,92.
Dentro da dinâmica de margem ativa, a contribuição crustal nas rochas estudadas, talvez esteja
registrada no enriquecimento em Th, Ta, Ba, Nb e de certa forma, até mesmo em alguns elementos
terras raras leves. Elementos como o Zr teriam sido incorporados à partir da fusão do componente
crustal do manto sub-continental (Pearce 1983, Wather & Pearce 1987), assim como K2O, Rb, Ba, Th,
Sr e parte do Y enquanto elementos como Ti, Yb, Sc, Hf, Sm, Cr e a maior parte do Y proveriam
quase restritamente do manto. Contudo, se para as amostras da Unidade Metamáfica essa contribuição
crustal pode ser inferida pela análise das razões elementares apresentadas, torna-se difícil fazer a
mesma comparação para o CAIRM, devido o padrão caótico de muitos dos elementos analisados.
Elevados teores de constituintes crustais, assim como observado nas rochas estudadas, é uma
característica observada também em outras seqüências magmáticas semelhantes (e.g. Grupo
Mtshingwe – greenstone Belingwe, Bolhar et al. 2003). No caso das rochas metaultramáficas do
CAIRM, os baixos valores de [Yb]n talvez não fossem necessariamente indicadores de um estágio
muito primitivo do arco-magmatismo, pois além dessas rochas apresentarem um enriquecimento geral
em REE, esse fato seria contraditório à verificação em campo, da existência de uma crosta continental
previamente formada onde se alojaram seus magmas parentais. Esse fato é demonstrado pela presença
rochas de natureza gnáissica, metassedimentar ou metamáfica servindo de encaixante para as rochas
do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, com registros locais de metamorfismo de contato,
mostrando que o modelo de arco-magmatismo é plausível e o magmatismo ultramáfico estaria
associado à maturidade desses arcos, envolvendo possíveis episódios de acresções com outros
segmentos crustais previamente formados, que progressivamente levaram a consolidação desse
segmento de crosta continental.
Nesse contexto, os magmas parentais da Unidade Metamáfica poderiam ter sido formados a
partir dos primeiros fundidos provenientes da interação entre manto e crosta subductada (sedimentos,
H2O, frações do substrato máfico/ultramáfico). Embora apresentem padrões geoquímicos ligeiramente
semelhantes, a possibilidade de que a Unidade Metamáfica e o CAIRM fossem derivados de um
mesma fonte, não é tão clara. Uma alternativa possível seria que dois magmas tivessem sido gerados
144
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
por diferentes graus de fusão parcial sofridos pela mesma região do manto ou regiões diferentes,
explicando assim os teores diferentes de MgO e as tendências paralelas observadas no diagrama Ti/V
versus V da Figura 10.3. Para Condie (1994), para se gerar magmas tão enriquecidos em Mg quanto os
magmas komatiíticos seriam necessários elevados graus de fusões parciais de porções profundas do
manto. Da mesma forma, a fase ultramáfica do arco magmatismo no CSFM, poderia estar associada a
subducções mais profundas promovendo graus maiores de fusões parciais de um manto profundo e
mais depletado, onde seriam gerados seus magmas, obviamente adicionados a alguma contribuição do
componente crustal subductado.
Processos de subducção arqueanos seriam essenciais para que a partir da hidratação mantélica
(Allègre 1982, Zindler 1982) associada possivelmente a elevados gradientes geotérmicos (Martin 1986
e 1987), pudessem ser gerados magmas por elevados graus de fusões parciais da fonte, o que em suma
poderia constituir um mecanismo de geração de magmas komatiíticos (Parman et al 2001, Parman &
Grove 2004). A possibilidade de existirem magmas hidratados no Arqueano é apresentada por
Carvalho Jr. et al. (1997) para explicar fases de cristalização com hornblenda e piroxênio na
paragênese de hornblenda-peridotitos e hornblenda-piroxenitos, o que também poderia ser estendido
para se explicar, a gênese dos estratos constituídos por hornblenditos no Complexo Acamadado
Itaguara-Rio Manso.
A possibilidade de uma gênese para magmas komatiíticos envolvendo elevados graus de fusão
parcial, é uma linha de raciocínio sustentada por Hirschmann et al. (1998 e 1999) ao mostrarem que
existe um decréscimo no conteúdo de LREE com o aumento dos graus de fusão parcial de uma fonte
peridotítica, contudo não havendo grandes alterações nos seus conteúdos à partir de graus de fusão
parcial maiores (e. g. acima de 30%).
Já a geração de magmas a partir da fusão de segmentos crustais subductados, como
mecanismo acessório desse magmatismo, constitui uma solução plausível, porém bastante pragmática
e, portanto deve ser aceita com cautela, embora a presença de subducção arqueana na região não deva
ser em hipótese alguma negligenciada.
Uma ocorrência ao norte da área, na região de Morro da Onça, de komatiítos típicos exibindo
lavas acamadadas, estruturas esferulíticas e disjunções poliedrais, foi atribuída às unidades vulcânicas
do Supergrupo Rio das Velhas. A continuidade geográfica entre essa ocorrência e a área estudada
sugere que essas rochas pudessem constituir os equivalentes vulcânicos dos metaultramafitos em
estudo. Aceitando essas evidências e baseados nos dados geoquímicos e de controle de campo
apresentados, as evidências mostram que o magmatismo ultramáfico no Cráton são Francisco
Meridional poderia representar uma fase tardia do Evento tectonotermal Rio das Velhas, ou
compreenderia ainda, um outro evento, ainda mais recente, possibilidade que depende de datações
geocronológicas para ser devidamente confirmada.
145
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
146
11
12 CAPÍTULO 11
CONCLUSÕES
Antecedendo esse trabalho, algumas questões quanto à gênese dos metamafitos e
metamaultrafitos estudados, a sua associação com o magmatismo máfico-ultramáfico do Supergrupo
Rio das Velhas e ambiência tectônica relacionada, foram discutidas, entre outros por Carneiro et al.
(1996), Carvalho Jr. et al. (1998a), Carvalho Jr. et al. (1998b), Carvalho Jr. (2001). Agora, com o
levantamento de novas informações a respeito desse assunto, essas e outras questões pertinentes foram
retomadas. Assim, como resultado dessa dissertação, apresentam-se a seguir as novas considerações.
11.1 O
MAGMATISMO
ULTRAMÁFICO-MÁFICO
NO
CSFM:
CARACTERÍSTICAS E AMPLITUDE.
O magmatismo máfico-ultramáfico no CSFM relacionado ao Evento Tectonotermal Rio das
Velhas (Carneiro 1992), ao que parece, teve grande amplitude, conforme pode ser verificado pela
extensão de seus registros geológicos que vão do Quadrilátero Ferrífero ao sul da cidade de Campo
Belo. Na área estudada nesta dissertação, os registros desse magmatismo estão representados pela
Unidade Metamáfica, associada aos metamafitos do Supergrupo Rio das Velhas, fato sugerido pelas
afinidades geoquímicas verificadas com as rochas semelhantes estudadas por Pinheiro (1998),
Zucchetti (1998), e Carvalho Jr. (2001). Já o Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, poderia
ainda vir a ser o registro de uma etapa de magmatismo ultramáfico associada ao Evento Tectonotermal
Rio das Velhas ou ainda constituir um evento posterior.
Associações magmáticas cogenéticas, exibindo variações químico-composicionais similares,
com gradação de termos com afinidade komatiítica a tholeiítica, são descritas em literatura para
inúmeras seqüências magmáticas do tipo greenstone e complexos acamadados máfico-ultramáficos
(e.g. Arndt et al. (1977), Jensen (1978), Jensen & Pike (1982), Viljoen et al. (1982), Nisbet et al.
(1982), Cawthorn & Davies (1982), Parman et al. (1997 e 2001), Parman & Grove (2004), Hussein et
al. (2004) e Puchtel (2004)), muitas das quais recentemente foram reinterpretadas sob a óptica dos
modernos conceitos de ofiolito (Kusky 2004).
Quanto a essa possibilidade, a região estudada não apresenta características alóctones; a
sucessão litoestratigráfica não obedece a “Trindade de Steimann” prevista nas seqüências ofiolíticas
do tipo Penrose e também, não se assemelha a quaisquer outras seqüências conhecidas, completas ou
desmembradas.
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
No segmento mapeado, a relação dos metaultramafitos com a crosta siálica arqueana é
claramente intrusiva, constituindo, portanto, um complexo acamadado estratiforme, conforme
previamente caracterizado nos capítulos 5 – O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso e 9 –
Litogeoquímica do Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso.
11.2 RELAÇÕES PETROGENÉTICAS ENTRE O CAIRM E A SEQÜÊNCIA
ACAMADADA RIBEIRÃO DOS MOTAS
As semelhanças petrográficas e geoquímicas, com base nos padrões multi-elementares entre os
plutonitos ultramáficos do CAIRM e da SARM, são bastante evidentes. Todavia, a inexistência de
datações geocronológicas nas rochas do CAIRM é, por ora, um sério entrave nas correlações, pois
caso as rochas do CAIRM e da SARM tenham mesma idade, configura-se a hipótese de que o
magmatismo ultramáfico Arqueano teve outrora um caráter generalizado e amplamente disseminado
por toda a porção meridional do Cráton São Francisco.
Conforme proposto nesta dissertação, esse plutonismo poderia estar associado à instalação de
câmaras magmáticas tardias, concordando com o que foi sugerido no modelo de evolução tectônica
proposto nesse trabalho e teria ocorrido sob uma crosta siálica já consolidada.
11.3 O
CAIRM
COMO
UM
EQUIVALENTE
PLUTÔNICO
DOS
METAVULCANITOS ULTRAMÁFICOS DE MORRO DA ONÇA.
Conforme discutido, a amplitude do magmatismo máfico-ultramáfico no âmbito do Cráton
São Francisco Meridional parece ter sido de grande monta. Ao sul, estaria representado por complexos
acamadados (e. g. Seqüência Acamadada Ribeirão dos Motas e Seqüência Cláudio) e ao norte
possivelmente por equivalentes vulcânicos, entre outros, os derrames komatiíticos presentes na região
do Morro da Onça, município de Rio Manso-MG, estudadas por Pinheiro (1998).
A comparação entre os padrões geoquímicos das rochas do CAIRM e os padrões obtidos com
as análises apresentadas por Pinheiro (1998), mostram algumas similaridades, embora, não constem
dos dados apresentados pela autora, todos os elementos constituintes da seqüência utilizada nos
diagramas multi-elementares apresentados no Capítulo 10 – Evolução Tectônica.
Porém verificaram-se diferenças marcantes entre os padrões de REE das duas unidades, fato
que num primeiro momento levaria a afirmar que ambas unidades se tratam de ocorrências com
petrogêneses distintas. Contudo, em ensaio realizado com dados inéditos de Andreatta (2007, em
finalização) que estudou área adjacente, mostrou que essas rochas apresentam padrões multielementares equivalentes, excetuando um enriquecimento anômalo mais pronunciado nos padrões
geoquímicos das amostras estudadas pelo autor.
148
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Dessa forma, sugere-se no presente trabalho que alguns dos complexos ultramáficos intrusivos
presentes no CSFM, de fato correspondam aos equivalentes vulcânicos das unidades ultramáficas
efusivas presentes no Supergrupo Rio das Velhas (e.g. ocorrência de Morro da Onça), possibilidade já
levantada por Carvalho Jr et al. (1998 a), ou ainda constituam um evento posterior, com características
litogeoquímicas similares.
Estendendo essa premissa para as unidades congêneres encontradas no Supergrupo Rio das
Velhas, questiona-se se parte dessas unidades não teriam um caráter autóctone, tendo sido gerado em
antigos arcos de ilha, ou ainda, em ambientes transicionais do tipo bacias marginais. Essa questão,
entretanto demandaria de trabalhos com abrangência regional, fugindo de certa forma ao intuito da
presente dissertação.
11.4 RELAÇÕES
PETROGENÉTICAS ENTRE
OS
METAMAFITOS
DO
SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS (UNIDADE METAMÁFICA) E
VARIEDADES CONGÊNERES ENCONTRADAS NO CSFM.
Algumas das comparações feitas entre os padrões multi-elementares das rochas metamáficas
atribuídas ao Supergrupo Rio das Velhas e aqueles obtidos em unidades semelhantes descritas em
literatura no CSFM, também indicaram estreita afinidade geoquímica. Nesse caso ressaltam-se as
variedades estudadas por Carneiro (1992), Zucchetti (1998) e Fernandes (2001).
Com relação aos resultados apresentados por Carneiro (1992), os padrões geoquímicos das
rochas estudadas por esse autor diferenciam-se das rochas da Unidade Metamáfica, quanto aos teores
anômalos de alguns elementos (e.g. Nb e P2O5), ressaltando-se, entretanto que as variedades
apresentadas pelo autor são claramente intrusivas.
Quanto às variedades estudadas por Zucchetti (1998), as populações III, IV e V são as que
apresentam padrões geoquímicos mais próximos das rochas estudadas, assemelhando-se, sobretudo
quanto aos padrões de REE. Essas rochas que compreendem tholeiítos de alto-Mg a basaltos
komatiíticos mostram que o magmatismo no CSFM apresentou fases ora mais ora menos enriquecidas
em Mg, podendo compreender suítes que variam de komatiíticas a tholeiíticas.
No que diz respeito às variedades estudadas por Fernandes (2001), os padrões geoquímicos
das variedades anfibolíticas A, B e C, assemelham-se sob vários aspectos, a Unidade Metamáfica
estudada no presente trabalho. Quanto a isso, destacam-se as semelhanças observadas entre a Unidade
Metamáfica e a Variedade A do autor supracitado, que ocorre sob a forma de encraves nos gnaisses.
Essa observação nos leva a aventar que durante o Arqueano, os processos tectônicos por longos
períodos, pouco teriam alterado a composição do manto, sendo possível que a fonte mantélica durante
a formação do protólito dos gnaisses que constituem a crosta siálica no CSFM tenha apresentado a
149
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
mesma composição existente que a fonte mantélica dos magmas genitores do protólito das variedades
B e C de Fernandes (2001) e das variedades metamáficas estudas, cuja gênese estaria associada à
evolução de primitivos arcos-magmáticos.
11.5 RELAÇÕES
PETROGENÉTICAS ENTRE
AS
FASES
MÁFICAS
E
ULTRAMÁFICAS NO CSFM
Baseado nos dados apresentados verificou-se indiretamente que as fases magmáticas máficas
(representadas pela Unidade Metamáfica) e ultramáficas (CAIRM) na região em estudo, não poderiam
ter sido originadas por fracionamento magmático de um magma primordial. Por outro lado, os
magmas genitores de ambas as unidades podem ser oriundos de regiões diferentes da mesma fonte
mantélica ou ainda terem sido gerados por diferentes graus de fusão parcial, em fases distintas de um
mesmo magmatismo.
Conforme verificado pelas relações de campo e sugerido pelas análises geoquímicas o
magmatismo máfico-ultramáfico compreenderia uma etapa tardia do Evento Tectonotermal Rio das
Velhas, dada sobre uma crosta continental já formada, ou ainda um evento posterior, pouco estudado.
Uma vez instalado em câmaras magmáticas, processos de diferenciação desses magmas
poderiam ser responsáveis pela geração de basaltos komatiíticos ou ainda tholeiítos de alto-mg,
conforme atesta os metamafitos presentes no CAIRM, quando plotados no diagrama de Jensen (1976).
É possível que os tholeiítos de alto-Mg e basaltos komatiíticos também possam ter sido
gerados entre os primeiros fundidos colocados na crosta. Essa é uma questão abordada no modelo
evolutivo proposto no presente trabalho, para a região, e que carece de uma amostragem mais ampla
na área em estudo além de dados geocronológicos que corroborem essa suposição.
11.6 EVOLUÇÃO TECTÔNICA
O CAIRM, assim como a Unidade Metamáfica, passou por um processo evolutivo associado a
etapas de formação de crosta continental a partir de primitivos arcos de ilha. Entre outros processos, é
possível que sua gênese tenha compreendido várias etapas de fusão de uma fonte mantélica a
profundidades e graus de fusão parciais distintos. Dessa forma, as primeiras manifestações
magmáticas, conseqüentemente mais superficiais, corresponderiam a fundidos tholeiíticos Fe-Mgenriquecidos que gradativamente migrariam a tholeiítos Fe-enriquecidos. Originados em uma fonte
relativamente superficial, esses magmas conteriam forte carga de contribuintes crustais, em parte
proveniente da crosta subductante, em parte proveniente das fusões do manto subcontinental.
Com o incremento de isotermas mantélicas associadas ou não a crosta subductante, fusões
150
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
parciais seriam originadas em regiões mantélicas mais profundas. Esses líquidos seriam Mgenriquecidos e apresentariam um empobrecimento acentuado em TiO2, FeOt, CaO, Al2O3, e REE,
correspondendo a magmas de afinidade komatiítica. A extrusão desses magmas fecharia um ciclo de
magmatismo plutônico-vulcânico com a instalação de suítes komatiíticas que no CSFM, até o
momento, foram atribuídas ao Supergrupo Rio das Velhas. Dessa forma, esse episódio ou
representaria uma fase tardia do Evento Tectonotermal Rio das Velhas ou estaria relacionado a um
evento ainda mais recente, de evolução tectônica ainda desconhecida no âmbito do CSFM.
Contudo, essas conclusões partem de relações de campo e algumas associações
litogeoquímicas, carecendo de dados consistentes de datação geocronológica para que o modelo
evolutivo proposto no presente trabalho venha a ser corroborado ou refutado, bem como a relação
entre essas rochas e o evento que as gerou venha finalmente a ser elucidado.
Complementando esse trabalho, novos dados litogeoquímicos apresentados por Andreatta
(2007 em preparação) a partir dos vulcanitos do Morro da Onça, deverão dar sustentação a algumas
informações aqui apresentadas, e dessa forma, em um futuro vindouro, modelos mais consistentes
possam vir a ser elaborados.
151
Goulart L. E. A. 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
152
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15 APÊNDICES
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Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Apêndice 1.1 – Relação de amostras com geoquímica e código de campo.
Amostra
Código da amostra em campo
Rocha
AG1
AG2
AG3
AG4
AG5
AG6
AG7
AG8
AG9
AG10
AG11
AG12
AG13
AG14
AG15
AG16
AG17
AG18
AG19
AG20
AG21
AG22
AG23
AG24
AG25
AG26
AG27
AG28
AG29
AG30
AG31
AG32
AG34
54FI01
54KH01B
54LG03A
54HF7-08
54HF10
54JF65
54JG02
54JG04
54LG01A
54JG01
54KG13
54LG04
54KG04B
54LG19
54LG01A
54FD02
54FE08
54EH11
54GF07
54FE01
54IG28
54FE05
54HG22
54FG17
54FE01B
54HG08
54FF06
54EG07
54JH08
54GG10
54EI11
54GI02
54GG20
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metamáfica (CAIRM)
metamáfica (CAIRM)
metamáfica
metamáfica
ultramáfica
metamáfica
AG36
AG38
AG42
AG44
AG46
AG47
AG49
AG53
AG56
AG57
AG58
AG59
AG61
AG62
AG63
AG65
54GH10
54HI34
54FG40
54IG36
54FH58
54HF40
54GH73
54HG49B
54GF49
54IG65
54HG64
54HG49B
54HG69
54GF49
54IG65
54GF52
ultramáfica
176
metamáfica
metamáfica
metamáfica
metamáfica
metamáfica
metamáfica
metamáfica
metamáfica
metamáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metaultramáfica
metamáfica
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Apêndice 2.1 - Análises litogeoquímicas de rocha total realizada nas amostras da Unidade Metamáfica. (Óxidos
em %, maiores e traços em ppm. FeO, FeOt e Fe2O3, calculado usando razão Fe2O3/FeO = 0,1. O Cr foi
calculado à partir do Cr2O3.
Grupo
MTBMg
MTAMg
Amostra
AG42
AG44
AG49
AG53
AG57
Média
AG30
AG31
AG34
AG38
AG46
AG47
AG56
AG65
Média
SiO2
46,47
48,63
47,57
48,53
48,11
47,86
48,00
47,59
48,72
48,59
49,22
50,62
48,93
48,70
48,80
Al2O3
14,46
13,56
14,02
12,81
16,81
14,33
14,48
13,69
14,83
14,49
12,65
13,82
14,44
14,69
14,14
TiO2
3,11
2,41
2,01
2,07
1,61
2,24
1,46
1,84
1,41
1,54
1,61
1,27
2,37
1,30
1,60
Fe2O3t
16,26
16,89
17,25
17,97
14,80
16,63
14,55
15,50
14,28
14,41
14,43
13,98
13,86
13,98
14,37
MgO
4,24
4,70
5,56
5,43
4,60
4,91
6,86
6,32
6,38
6,56
7,84
6,57
6,74
7,41
6,84
CaO
9,00
8,80
9,71
9,24
10,74
9,50
10,97
9,76
10,80
9,13
11,33
10,49
9,43
10,57
10,31
Na2O
2,66
2,63
2,72
2,52
2,55
2,62
2,22
2,25
2,18
2,17
2,13
2,39
2,91
2,33
2,32
K2O
P2O5
1,77
0,21
0,76
0,27
0,39
0,15
0,69
0,24
0,51
0,14
0,82
0,20
0,23
0,15
1,05
0,21
0,23
0,14
1,57
0,15
0,33
0,19
0,59
0,12
0,32
0,48
0,64
0,12
0,62
0,20
MnO
0,20
0,23
0,23
0,24
0,19
0,22
0,21
0,23
0,20
0,20
0,20
0,20
0,17
0,19
0,20
Cr2O3
0,01
0,01
0,02
0,02
0,01
0,01
0,03
0,02
0,02
0,02
0,04
0,02
0,02
0,04
0,03
LOI
1,80
2,50
1,70
0,50
1,60
1,62
0,50
0,60
0,03
0,90
2,20
0,50
2,40
0,20
0,92
Total
100,19 101,39 101,33 100,26 101,67 100,96
99,66
99,06
99,22
99,73
102,17
100,57 102,07 100,17 100,35
MG#
23,81
25,09
28,08
26,81
27,50
26,26
36,30
32,85
35,07
35,42
39,84
36,46
37,16
39,27
Fe2O3
1,68
1,73
1,76
1,83
1,50
1,70
1,49
1,60
1,46
1,48
1,46
1,41
1,41
1,42
36,55
1,47
FeOt
14,63
15,20
15,52
16,17
13,32
14,97
13,09
13,95
12,85
12,97
12,98
12,58
12,47
12,58
12,93
FeO
13,57
14,03
14,24
14,82
12,13
13,76
12,04
12,92
11,81
11,96
11,84
11,45
11,40
11,46
11,86
Mo
0,60
0,20
0,20
0,40
0,40
0,36
0,20
0,20
2,30
0,40
0,20
0,30
0,50
0,30
0,55
Cu
261,30
41,30
37,80
44,70
73,20
91,66
113,00
35,80
0,30
135,00
98,10
70,80
49,70
100,80
75,44
109,47 164,21
225,79 150,52 134,00 123,16 273,68 143,68 157,37 273,68 185,24
Cr
47,89
61,58
54,74
87,58
Pb
1,30
0,80
1,00
0,70
0,70
0,90
0,60
2,30
0,70
2,00
0,80
1,10
1,00
1,70
1,28
Zn
110,00
45,00
26,00
29,00
24,00
46,80
27,00
26,00
34,00
28,00
28,00
23,00
24,00
26,00
27,00
As
3,00
0,50
0,50
0,50
0,50
1,00
0,50
0,50
0,50
0,80
1,00
2,80
0,50
0,50
0,89
Cd
0,20
0,10
0,10
0,10
0,10
0,12
0,10
0,10
0,20
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,11
Sb
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
Bi
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
Ag
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
Au
0,60
0,50
0,50
0,50
0,50
0,52
1,20
0,50
2,10
1,60
0,50
0,50
0,50
1,20
1,01
Hg
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,02
0,02
0,01
0,02
0,01
0,01
0,01
0,01
Tl
0,90
0,10
0,10
0,10
0,10
0,26
0,10
0,10
0,20
0,10
0,10
0,10
0,10
0,10
0,11
Se
0,70
0,50
0,50
0,70
0,50
0,58
0,50
0,50
0,50
0,50
0,50
0,50
0,50
0,50
0,50
134,00
57,00
252,00
130,00
69,00
46,00
104,90
106,86
Ba
548,00 281,00
69,20
266,20
77,90
248,46
62,00
Ni
67,00
58,00
51,00
72,00
64,00
62,40
103,00 108,00 104,00
88,00
136,00
78,00
112,00
110,00 104,88
Sc
33,00
40,00
39,00
41,00
31,00
36,80
40,00
43,00
37,00
37,00
37,00
40,00
32,00
37,00
37,88
Co
69,90
62,30
49,40
54,30
58,30
58,84
66,60
57,10
69,70
58,90
88,60
61,30
53,80
63,60
64,95
Cs
7,00
0,50
0,10
0,10
0,30
1,60
0,60
0,80
0,80
2,60
0,10
0,20
0,30
1,40
0,85
Ga
22,50
22,80
20,80
21,90
22,80
22,16
20,70
20,10
22,30
20,70
19,40
17,00
19,50
19,10
19,85
3,53
Hf
4,60
5,10
3,60
5,30
3,50
4,42
2,70
3,70
2,60
3,10
3,40
3,00
7,00
2,70
Nb
10,50
11,00
6,80
8,90
7,00
8,84
6,70
8,90
5,90
6,70
4,90
6,10
11,80
5,00
7,00
Rb
138,00
41,10
16,70
33,80
12,00
48,32
7,30
52,00
8,40
110,00
5,00
18,10
9,10
45,30
31,90
2,00
4,00
1,00
1,00
1,00
1,80
1,00
2,00
1,00
2,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,25
Sn
Sr
290,30 418,80 116,50 150,10 154,40 226,02 117,90 153,80 122,70 114,70
177
124,50 131,90 169,20 136,20 133,86
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Apêndice 2.2 - Análises litogeoquímicas de rocha total realizada nas amostras da Unidade Metamáfica.
(Elemenos maiores e traços em ppm).
Grupo
MTAMg
MTBMg
Amostra
AG42
AG44
AG49
AG53
AG57
Média
AG30
AG31
AG34
AG38
AG46
AG47
AG56
AG65
Média
Ta
0.70
0.90
0.60
0.80
0.70
0.74
0.50
0.60
0.50
0.40
0.50
0.60
1.00
0.40
0.56
Th
3.20
6.00
1.30
1.70
2.20
2.88
1.80
1.80
2.40
1.90
0.60
2.80
2.20
1.50
1.88
0.30
0.40
0.60
0.74
0.50
0.50
0.60
0.50
0.40
0.50
U
0.90
1.50
V
445.00
404.00
409.00 318.00 285.00 372.20 294.00
109.90
97.60
0.10
0.70
0.70
321.00 321.00 315.00
411.00
327.00
407.00
308.00 338.00
W
50.20
103.50
86.10
89.46
87.10
89.50
99.60
49.20
134.90
95.80
73.30
87.60
89.63
Zr
165.40
173.40
116.70 166.20 105.90 145.52
92.10
136.70
91.80
106.00
110.90
89.90
238.40
84.70
118.81
40.81
Y
38.00
44.50
40.80
56.80
36.60
43.34
33.40
58.50
33.80
37.10
34.60
34.60
62.00
32.50
La
20.60
22.60
8.60
13.40
9.90
15.02
9.10
17.20
9.40
10.40
6.90
10.70
16.70
8.50
11.11
Ce
42.90
45.00
22.40
31.70
22.80
32.96
21.00
29.00
20.40
24.00
17.30
23.20
41.00
19.00
24.36
Pr
5.70
5.80
3.32
4.75
3.25
4.56
2.94
4.62
2.83
3.13
2.67
3.18
5.96
2.68
3.50
Nd
22.90
25.00
17.00
22.60
15.50
20.60
13.50
21.90
13.90
16.20
13.80
14.80
27.30
12.50
16.74
Sm
6.00
6.60
5.00
6.80
4.30
5.74
3.90
6.00
4.30
4.70
4.40
4.00
7.60
3.60
4.81
Eu
1.77
1.91
1.53
2.02
1.45
1.74
1.35
1.86
1.24
1.22
1.70
1.31
2.41
1.09
1.52
Gd
6.54
7.17
6.15
8.26
5.24
6.67
4.46
7.84
4.88
6.12
5.80
5.20
9.49
4.65
6.06
Tb
1.19
1.31
1.17
1.57
0.98
1.24
0.99
1.54
0.92
1.12
1.08
0.95
1.75
0.89
1.16
Dy
6.20
7.51
7.04
9.30
5.88
7.19
5.30
8.64
5.81
6.37
6.36
5.65
10.41
5.38
6.74
Ho
1.29
1.52
1.50
2.01
1.26
1.52
1.20
2.03
1.08
1.33
1.34
1.22
2.28
1.10
1.45
Er
3.69
4.37
4.35
5.69
3.66
4.35
3.29
5.36
3.29
3.69
3.59
3.56
6.45
3.18
4.05
Tm
0.54
0.63
0.64
0.82
0.55
0.64
0.50
0.77
0.48
0.55
0.54
0.52
0.97
0.49
0.60
Yb
3.64
4.13
3.92
5.00
3.43
4.02
3.24
5.00
3.29
3.50
3.07
3.12
6.07
3.09
3.80
Lu
0.54
0.70
0.64
0.82
0.53
0.65
0.49
0.75
0.52
0.58
0.48
0.54
0.94
0.46
0.60
178
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Mm
Mopx
Mowb
Mwb
Mlz
Moopx
Mhz
Apêndice 3.1. Concentrações de óxidos. Mhz – metaharzburgito; Mlz – metalherzolito; Moopx – meta-olivinaortopiroxenito; Mwb – metawebsterito; Mowb – meta-olivina-websterito; Mopx – metaortopiroxenito; Mm –
metamafito. FeOt, FeO e Fe2O3 calculado assumindo a razão Fe2O3/FeO = 0,1. Valores de óxidos em %.
Amostra
SiO2
Al2O3 TiO2 Fe2O3t
MgO
CaO
Na2O K2O P2O5 MnO Cr2O3
LOI
Total
Mg#
Fe2O3
AG03
42.96
8.98
0.35
AG07
42.58
5.46
0.19
AG08
45.71
4.58
AG11
39.68
AG13
AG15
FeOt
11.03
23.60
5.56
0.29
0.08
0.03
0.14
0.40
6.20
99.62
72.54
1.10
9.92
8.93
9.90
28.48
4.94
0.35
0.05
0.02
0.12
0.33
7.20
99.62
78.03
0.99
8.90
8.02
0.20
8.92
27.64
5.08
0.12
0.05
0.01
0.12
0.39
6.70
99.52
79.28
0.89
8.02
3.39
0.36
13.85
30.74
2.93
0.07
0.02
0.04
0.17
0.48
8.00
99.73
73.27
1.39
40.54
3.54
0.12
9.10
34.14
1.77
0.08
0.02
0.01
0.13
0.57
9.30
99.32
82.25
0.91
8.18
42.10
4.07
0.37
9.91
30.63
3.80
0.12
0.02
0.02
0.12
0.24
8.20
99.60
79.24
0.99
8.92
AG16
40.57
2.94
0.30
13.35
30.63
2.92
0.04
0.02
0.02
0.20
0.36
8.20
99.55
73.91
1.34
AG22
44.04
4.90
0.20
10.44
28.49
4.73
0.28
0.03
0.06
0.14
0.44
6.00
99.75
77.12
1.04
AG59
41.17
9.09
0.28
11.91
26.65
3.18
0.17
0.06
0.03
0.15
0.55
6.80
100.04
73.43
1.19
AG61
41.81
5.04
0.17
9.09
31.67
2.80
0.18
0.04
0.03
0.11
0.38
8.60
99.92
81.14
0.91
8.18
7.36
AG62
42.78
4.46
0.25
9.66
30.17
3.10
0.16
0.04
0.03
0.15
0.33
8.60
99.73
79.41
0.97
8.69
7.82
Média
42.18
5.13
0.25
10.65
29.35
3.71
0.17
0.04
0.03
0.14
0.41
7.62
99.68
77.24
1.07
9.58
8.63
AG23
43.34
4.27
0.15
10.08
31.51
2.87
0.09
0.03
0.02
0.14
0.83
6.40
99.73
79.42
1.01
9.07
8.16
AG25
43.49
2.96
0.11
7.22
33.68
2.81
0.09
0.02
0.03
0.13
0.31
8.80
99.65
85.21
0.72
6.50
5.85
Média
43.42
3.62
0.13
8.65
32.60
2.84
0.09
0.03
0.03
0.14
0.57
7.60
99.72
82.32
0.87
7.79
7.01
AG01
42.05
4.36
0.16
7.28
32.65
3.53
0.08
0.02
0.01
0.11
0.31
9.10
99.66
84.70
0.73
6.55
5.90
AG12
40.72
3.10
0.19
10.75
32.58
2.67
0.10
0.02
0.01
0.13
0.38
9.00
99.65
78.91
1.08
9.67
8.71
AG14
43.61
4.54
0.14
8.55
33.44
1.46
0.04
0.02
0.01
0.11
0.32
7.50
99.74
82.85
0.86
7.70
AG17
42.29
7.46
0.21
11.39
27.36
3.65
0.21
0.04
0.01
0.13
0.50
6.40
99.65
74.79
1.14
AG19
41.18
4.06
0.14
7.60
31.62
5.05
0.09
0.02
0.01
0.14
0.33
9.50
99.74
83.71
0.76
AG21
40.25
2.70
0.12
11.12
33.34
1.86
0.08
0.02
0.03
0.16
0.70
9.20
99.58
78.73
1.11
AG26
38.14
4.52
0.11
8.84
34.74
1.60
0.05
0.02
0.01
0.12
0.36
11.20
99.71
82.91
0.88
7.95
7.16
AG27
43.08
5.29
0.23
9.60
29.45
3.48
0.15
0.04
0.02
0.14
0.36
7.70
99.54
79.11
0.96
8.63
7.77
AG36
40.15
2.95
0.11
8.02
35.92
1.06
0.01
0.02
0.02
0.11
0.29
10.09
99.56
84.69
0.80
7.22
6.49
12.46
12.01
9.39
10.72
10.25
6.84
10.00
FeO
7.22
11.22
7.37
8.03
10.81
8.45
9.65
6.92
9.22
6.15
9.01
AG63
44.68
5.38
0.23
9.75
28.87
3.29
0.13
0.04
0.02
0.13
0.35
8.80
101.67
78.52
0.98
8.77
7.90
Média
41.62
4.44
0.16
9.29
32.00
2.77
0.09
0.03
0.02
0.13
0.34
8.85
99.74
80.89
0.93
8.36
7.52
AG02
48.32
5.19
0.12
7.68
27.85
3.58
0.37
0.06
0.02
0.11
0.30
5.90
99.50
81.74
0.77
6.91
6.22
AG04
39.64
3.98
0.13
8.43
34.55
1.94
0.05
0.02
0.01
0.11
0.29
10.50
99.65
83.50
0.84
7.58
6.83
AG05
49.35
5.30
0.15
8.87
28.82
4.36
0.21
0.05
0.01
0.11
0.33
2.10
99.66
80.05
0.89
7.98
7.18
AG10
39.33
5.15
0.17
9.42
32.63
3.05
0.10
0.02
0.01
0.14
0.33
9.40
99.75
81.05
0.94
8.47
7.63
Média
44.16
4.91
0.14
8.60
30.96
3.23
0.18
0.04
0.01
0.12
0.31
6.98
99.64
81.59
0.86
7.74
6.97
AG09
48.28
5.36
0.12
7.66
27.82
3.46
0.36
0.06
0.04
0.11
0.31
6.00
99.58
81.77
0.77
6.89
6.20
AG24
41.36
4.46
0.22
10.01
30.46
3.75
0.14
0.02
0.02
0.14
0.39
8.60
99.57
78.98
1.00
9.01
8.11
AG58
46.91
4.32
0.25
9.38
28.09
4.96
0.32
0.06
0.03
0.13
0.36
5.20
100.01
78.71
0.94
8.44
7.59
Média
45.52
4.71
0.20
9.02
28.79
4.06
0.27
0.05
0.03
0.13
0.35
6.60
99.73
79.82
0.90
8.11
7.30
AG18
41.28
5.62
0.18
9.12
31.71
2.81
0.08
0.02
0.03
0.12
0.33
8.40
99.70
81.11
0.91
8.21
7.39
AG20
42.51
3.70
0.15
7.98
33.06
2.42
0.03
0.02
0.02
0.12
0.34
9.50
99.85
83.65
0.80
7.18
6.50
AG32
46.65
6.21
0.19
10.34
28.08
3.40
0.16
0.02
0.06
0.18
0.41
4.10
99.80
77.03
1.03
9.30
8.37
Média
43.48
5.18
0.17
9.15
30.95
2.88
0.09
0.02
0.04
0.14
0.36
7.33
99.79
80.60
0.91
AG28
48.56
14.07
1.14
13.53
7.10
10.32
3.19
0.82
0.12
0.20
0.02
0.70
99.77
38.82
1.38
12.17
11.19
AG29
51.00
13.38
1.59
14.63
5.81
9.56
2.47
0.42
0.15
0.23
0.01
0.50
99.75
32.46
1.49
13.16
12.09
Média
49.78
13.73
1.37
14.08
6.46
9.94
2.83
0.62
0.14
0.22
0.01
0.60
99.78
35.64
1.44
12.67
11.64
8.23
7.42
Apêndice 3.2. Concentrações de elementos maiores e traços em metaultramafitos. Mhz – metaharzburgito; Mlz
179
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
Mm
Mopx
Mowb
Mwb
Mlz
Moopx
Mhz
– metalherzolito; Moopx – meta-olivina-ortopiroxenito; Mwb – metawebsterito; Mowb – meta-olivinawebsterito; Mopx – metaortopiroxenito; Mm – metamafito. Cr calculado à partir do Cr2O3. Concentrações em
ppm com exceção de Au que é fornecido em ppb.
Amostra
Mo
Cu
Cr
Au
Hg
Ga
Hf
AG03
0.10
4.00
2757.33 1.70 17.00
1.60
AG07
0.10
2.30
2223.65 0.50 11.00
2.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
17.00
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
25.00
1036.00 29.00 101.40 1.70
7.90
1.00 1.20
1131.00 16.00 109.80 1.30
4.40
AG08
0.10
6.10
2661.54 5.60 11.00
0.50
0.30 0.10 0.20 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
0.50 1.30
38.00
2870.00 18.00 107.60 2.30
4.70
AG11
0.10
0.70
3277.32 0.40 24.00
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.50 0.60
0.01 0.10 0.50
23.00
1765.00 12.00 156.10 0.40
5.30
AG13
0.10
2.20
3893.10 1.50 13.00
8.10
0.10 0.10 0.30 0.10
0.60
0.80 2.40
0.01 0.10 0.50
7.00
1994.00 14.00 121.80 2.60
3.80
0.50 0.50
AG15
0.10
1.90
AG16
1635.24 0.50 16.00
2.20
0.10 0.10 0.20 0.10 26.80 0.01 0.10 0.50
0.10 158.80 2456.28 4.00 27.00
0.80
0.10 0.10 0.20 0.20
0.50
0.01 0.10 0.50
6.00
1990.00 12.00 155.70 0.90
5.00
0.80 1.40
4.50
AG22
0.10
8.00
2989.95 0.20 10.00
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
15.00
0.60 1.60
1325.00 21.00 110.00 0.60
6.40
AG59
0.10
2.40
3728.89 0.50 11.00
1.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
0.50 0.50
5.70
903.00
29.00
98.20
2.30
8.20
AG61
0.10
2.00
2613.64 0.40 16.00
25.20
0.10 0.10 0.30 0.10
0.50
0.50 0.50
0.01 0.10 0.50
0.70
1998.00 16.00
96.00
2.80
4.30
AG62
0.40
2.40
2278.39 0.80 20.00
4.90
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50 0.70
0.50
0.01 0.10 0.50
5.10
1797.00 16.00
92.80
2.20
4.40
0.50 0.80
Média
0.13
17.35
2774.12 1.46 16.00
4.39
AG23
0.10
1.70
5678.86 0.60 17.00
7.90
0.12 0.10 0.16 0.11
2.90
0.01 0.10 0.50
15.32
1691.36 18.00 114.68 1.62
5.35
0.61 1.05
0.10 0.10 0.10 0.10
1.90
0.01 0.10 0.50
13.00
1410.00 16.00 119.30 2.60
5.20
AG25
0.10
7.50
2134.70 0.70
7.00
8.50
0.50 0.50
0.10 0.10 0.30 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
8.00
2289.00 13.00 103.80 0.60
3.10
Média
0.10
4.60
3906.78 0.65 12.00
0.50 0.50
8.20
0.10 0.10 0.20 0.10
1.20
0.01 0.10 0.50
10.50
1849.50 14.50 111.55 1.60
4.15
0.50 0.50
AG01
0.10
4.40
AG12
0.10
22.40
2121.02 0.60 16.00
0.50
0.10 0.10 0.40 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
17.00
1522.00 14.00 104.80 1.70
3.90
0.50 1.20
2599.96 1.30 17.00
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.70
0.01 0.10 0.50
9.00
1873.00 13.00 121.20 1.10
2.90
AG14
0.10
9.90
0.50 0.50
2203.12 0.90 12.00
30.50
0.10 0.10 0.10 0.10
3.30
0.01 0.10 0.50
37.00
1864.00 16.00 109.70 3.80
4.20
AG17
0.10
11.70
0.50 0.70
4.00
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
21.00
1233.00 25.00 118.40 3.10
8.10
AG19
0.10
0.50 0.50
9.40
2285.23 0.20 15.00
1.00
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
11.00
1340.00 15.00
0.90
3.60
0.50 0.50
AG21
AG26
0.10
0.20
4768.87 2.10
8.00
2.10
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
15.00
1306.00 15.00 122.60 5.00
3.20
0.50 0.50
0.10
0.70
2442.59 0.20 14.00
18.50
0.10 0.10 0.10 0.10
2.80
0.01 0.10 0.50
9.00
1802.00 13.00 102.90 0.70
4.60
0.50 0.60
AG27
0.10
4.00
2456.28 0.70 14.00
43.50
0.10 0.10 0.40 0.10
9.20
0.01 0.10 0.50
62.00
1576.00 20.00 105.40 1.30
6.20
0.50 0.70
AG36
0.10
0.70
1970.50 0.10 16.00
0.70
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
9.00
2029.00 12.00 114.10 0.40
3.30
0.50 0.50
AG63
0.10
0.90
2381.02 0.40 11.00
0.80
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
0.90
1615.00 16.00
3.40
5.50
0.50 0.80
34.21
Pb
0.50
Zn
As
Cd
Sb
Bi
Ag
Tl
Se
Ba
26.00
Ni
Sc
Co
Cs
1796.00 15.00 112.10 0.70
97.70
87.80
Nb
Média
0.10
6.43
2326.28 0.70 12.70
9.86
0.10 0.10 0.16 0.10
1.90
0.01 0.10 0.50
19.09
1616.00 15.90 108.46 2.14
4.55
0.50 0.65
AG02
0.30
39.80
2045.76 0.80 20.00
0.50
0.10 0.10 0.60 0.10
0.50
0.01 0.20 0.50
10.00
1112.00 17.00
0.80
6.10
0.50 0.60
AG04
0.10
0.40
1956.81 0.20 12.00
4.70
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
14.00
1624.00 12.00 117.10 0.50
4.10
0.50 0.70
AG05
0.10
0.30
2257.86 0.50
2.00
3.30
0.10 0.10 0.10 0.10
0.70
0.01 0.10 0.50
5.00
1295.00 14.00 109.00 1.40
7.60
0.50 0.90
AG10
0.10
4.50
2257.86 1.10 22.00
26.30
0.10 0.10 0.10 0.10
0.70
0.01 0.10 0.50
9.00
1635.00 16.00 115.10 1.60
5.30
0.50 1.00
93.40
Média
0.15
11.25
2129.57 0.65 14.00
8.70
0.10 0.10 0.23 0.10
0.60
0.01 0.13 0.50
9.50
1416.50 14.75 108.65 1.08
5.78
0.50 0.80
AG09
0.20
35.30
2148.39 2.00 23.00
0.60
0.10 0.10 0.50 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
21.00
1189.00 17.00
6.40
0.50 0.80
AG24
0.10
1.80
2634.17 0.70 18.00 139.50 0.10 0.20 0.40 0.10 32.00 0.01 0.10 0.50 125.00 2298.00 17.00 117.80 0.70
5.30
0.50 0.70
AG58
0.20
11.20
2490.49 0.30 15.00
3.30
4.80
0.70 1.40
Média
0.17
16.10
2424.35 1.00 18.67
47.80
0.10 0.13 0.37 0.10 11.00 0.01 0.10 0.50
5.50
0.57 0.97
AG18
0.10
8.40
2244.18 0.60 14.00
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
11.00
1680.00 18.00 108.50 3.10
5.80
0.50 0.70
AG20
0.10
2.50
2333.12 0.50
9.00
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
16.00
1774.00 16.00 105.30 0.70
3.50
0.50 0.50
AG32
0.10
58.30
2777.85 0.10
5.00
0.70
0.10 0.10 0.10 0.10
0.70
0.01 0.10 0.50
5.00
1348.00 22.00 109.10 1.20
7.30
0.50 0.50
5.53
0.50 0.57
0.10 0.10 0.20 0.10
0.50
0.01 0.10 0.50
19.60
55.20
1728.00 15.00
97.30
94.70
0.90
2.10
1738.33 16.33 103.27 1.23
Média
0.10
23.07
2451.72 0.40
9.33
0.57
0.10 0.10 0.10 0.10
0.57
0.01 0.10 0.50
10.67
1600.67 18.67 107.63 1.67
AG28
0.10
25.90
157.37
0.50 19.00
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.60
0.01 0.10 0.50
58.00
100.00
45.00
65.80
0.40 16.60 1.80 3.70
AG29
0.20
79.20
47.89
0.70 20.00
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.60
0.05 0.10 0.50 102.00
55.00
48.00
79.60
0.70 20.00 2.40 7.10
Média
0.15
52.55
102.63
0.60 19.50
0.50
0.10 0.10 0.10 0.10
0.60
0.03 0.10 0.50
77.50
46.50
72.70
0.55 18.30 2.10 5.40
180
80.00
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
Apêndice 3.3. Concentrações de Th, U, V, W, Zr,, Y e elementos terras raras em metaultramafitos. Mhz –
metaharzburgito; Mlz – metalherzolito; Moopx – meta-olivina-ortopiroxenito; Mwb – metawebsterito; Mowb –
meta-olivina-websterito; Mopx – metaortopiroxenito; Mm – metamafito. Concentrações dos elementos em ppm.
Mm
Mopx
Mowb
Mwb
Mlz
Moopx
Mhz
Amostra Rb
Sn
Sr
Ta
Th
U
V
W
Zr
AG03
8.30
1.00
17.60 0.10 0.70 0.10 186.00
33.10
25.20
AG07
2.50
2.00
26.80 0.10 0.30 0.20 135.00
22.00
AG08
5.40
2.00
62.80 0.10 0.20 0.10 106.00
20.80
AG11
2.30
1.00
18.00 0.20 0.70 0.20
89.00
13.60
AG13
3.60
2.00
12.30 0.10 0.20 0.10
92.00
AG15
0.50
2.00
21.70 0.10 0.40 0.20
95.00
AG16
1.00
1.00
22.50 0.10 0.70 0.10
Y
La
Ce
Pr
Nd
Sm
Eu
Gd
Tb
Dy
Ho
Er
Tm
Yb
Lu
30.30
7.70
14.30 2.04
9.20
2.70 0.59 3.10 0.79 5.22 1.15 3.51 0.64 4.36 0.65
10.10
9.30
3.20
4.00
0.62
2.70
0.80 0.26 0.86 0.17 1.38 0.30 0.73 0.12 0.82 0.11
6.00
18.70
4.90
2.20
0.97
5.40
1.20 0.51 1.60 0.27 1.70 0.39 1.10 0.17 0.86 0.14
32.10
34.70
20.80
7.50
4.06 17.10 3.70 1.13 3.82 0.71 4.23 0.86 2.35 0.29 1.63 0.24
29.10
7.00
15.90
20.40
1.60
2.41
22.20
31.50
9.60
3.00
5.90
0.83
3.70
1.00 0.52 1.19 0.26 1.47 0.32 0.85 0.12 0.80 0.11
75.00
29.10
25.50
6.10
2.50
5.80
0.78
4.20
0.80 0.38 1.05 0.19 1.03 0.19 0.64 0.09 0.60 0.08
AG22
1.90 29.00 20.70 0.10 0.20 0.10 159.00
25.70
9.80
2.80
1.70
0.40
2.10
0.40 0.19 0.68 0.14 0.92 0.18 0.53 0.09 0.45 0.08
AG59
3.90
1.00
32.50 0.10 0.10 0.10 181.00
9.80
15.40
6.70
0.60
0.90
0.16
0.80
0.30 0.12 0.58 0.13 0.83 0.24 0.66 0.11 0.61 0.11
AG61
2.10
1.00
28.50 0.10 0.30 0.10
91.00
11.90
14.90
6.10
1.40
3.10
0.42
1.90
0.50 0.14 0.72 0.14 0.85 0.21 0.64 0.09 0.60 0.10
AG62
3.30
2.00
23.80 0.10 0.10 0.10
92.00
9.70
16.20
5.70
1.10
2.80
0.42
2.00
0.60 0.21 0.84 0.15 0.94 0.22 0.58 0.09 0.53 0.09
Média
3.16
4.00
26.11 0.11 0.35 0.13 118.27
20.64
17.61
13.84
6.22
4.53
1.19
5.31
1.22 0.39 1.48 0.30 1.86 0.41 1.16 0.18 1.09 0.17
AG23
3.00
2.00
52.00 0.10 0.30 0.10
96.00
37.20
10.20
4.40
0.90
1.70
0.22
1.40
0.30 0.10 0.39 0.10 0.73 0.16 0.44 0.06 0.45 0.08
AG25
1.00
2.00
28.10 0.10 0.10 0.10
84.00
26.90
6.80
6.50
2.60
1.00
0.19
0.80
0.30 0.20 0.44 0.10 0.64 0.14 0.39 0.06 0.50 0.06
Média
2.00
2.00
40.05 0.10 0.20 0.10
90.00
32.05
8.50
5.45
1.75
1.35
0.21
1.10
0.30 0.15 0.42 0.10 0.69 0.15 0.42 0.06 0.48 0.07
AG01
1.30
1.00
4.20
0.10 0.30 0.10
89.00
34.80
14.90
2.50
3.70
0.60
3.00
0.80 0.24 1.05 0.15 1.12 0.24 0.77 0.12 0.75 0.10
AG12
0.80
1.00
41.40 0.10 0.10 0.10
79.00
11.90
5.60
3.30
0.80
0.15
0.90
0.40 0.21 0.32 0.07 0.47 0.11 0.31 0.05 0.29 0.04
AG14
2.50
3.00
19.30 0.10 0.20 0.10
82.00
25.70
10.90
32.40
23.40
AG17
3.30
2.00
17.80 0.10 0.10 0.10 131.00
35.90
11.20
6.90
1.50
0.80
0.17
0.70
0.30 0.14 0.66 0.12 0.85 0.21 0.56 0.09 0.65 0.08
AG19
1.60
5.00
25.40 0.10 0.10 0.10
77.00
14.90
5.10
1.40
2.80
0.38
2.00
0.60 0.23 0.84 0.18 0.99 0.20 0.60 0.11 0.50 0.07
AG21
4.50 15.00
4.30
0.10 0.20 0.10
78.00
31.00
10.10
2.50
2.80
0.49
2.20
0.50 0.16 0.73 0.12 0.95 0.22 0.60 0.09 0.57 0.09
AG26
1.00
1.00
18.60 0.10 0.20 0.10
64.00
10.10
11.20
3.40
0.27
1.00
0.30 0.09 0.38 0.07 0.57 0.11 0.37 0.06 0.37 0.06
AG27
4.50
1.00
28.80 0.10 0.20 0.10 110.00
25.90
14.30
126.60
32.60
AG36
0.60
1.00
7.90
0.10 0.10 0.10
65.00
6.10
8.10
3.40
0.80
0.90
0.16
0.80
0.30 0.06 0.41 0.09 0.57 0.11 0.37 0.05 0.30 0.06
AG63
2.90
1.00
29.00 0.10 0.30 0.10
99.00
7.60
17.50
5.80
1.60
3.70
0.48
1.90
0.60 0.15 0.83 0.15 1.04 0.20 0.60 0.08 0.60 0.09
Média
2.30
3.10
19.67 0.10 0.18 0.10
87.40
20.39
10.89
20.47
6.79
2.23
1.02
4.34
0.90 0.29 1.40 0.23 1.42 0.33 0.93 0.12 0.62 0.10
AG02
2.80
1.00
9.00
0.10 0.10 0.30
92.00
25.10
5.30
4.70
0.50
AG04
0.50
1.00
31.60 0.10 0.30 0.10
82.00
22.30
11.40
26.90
12.10
AG05
1.40
1.00
33.70 0.10 0.20 0.10
93.00
56.20
14.60
5.30
1.50
2.50
0.37
2.20
0.50 0.15 0.69 0.12 0.77 0.18 0.51 0.09 0.56 0.09
AG10
1.00
2.00
51.60 0.10 0.40 0.10
90.00
9.00
14.10
7.10
2.90
3.20
0.50
2.00
0.60 0.19 0.74 0.14 1.04 0.23 0.61 0.10 0.61 0.10
Média
1.43
1.25
31.48 0.10 0.25 0.15
89.25
28.15
11.35
11.00
4.25
2.18
0.60
2.98
0.60 0.20 0.94 0.15 1.02 0.24 0.68 0.11 0.60 0.09
AG09
2.90
2.00
10.20 0.10 0.10 0.30
95.00
9.60
6.40
5.00
0.60
0.09
0.70
0.20 0.08 0.38 0.07 0.60 0.17 0.44 0.07 0.54 0.07
AG24
0.80
3.00
35.20 0.10 0.10 0.10
95.00
16.00
13.10
68.70
22.60
9.10
7.70
6.50
8.70
0.80
1.10
1.80
1.80
2.90
0.60
2.40
0.80
3.00
9.30
1.40 0.27 1.85 0.34 1.88 0.43 1.22 0.15 0.76 0.13
3.70 15.40 2.30 0.69 2.97 0.49 2.85 0.62 1.73 0.20 0.90 0.17
3.75 15.50 2.90 0.90 5.85 0.83 4.75 1.32 3.43 0.37 1.29 0.21
0.08
1.45
0.40
7.30
0.20 0.07 0.40 0.06 0.54 0.14 0.49 0.08 0.52 0.08
1.10 0.40 1.91 0.29 1.73 0.41 1.11 0.15 0.69 0.09
2.61 12.30 2.10 0.64 4.24 0.49 3.04 0.77 1.94 0.22 1.01 0.14
AG58
3.30
1.00
61.50 0.10 0.60 0.10
97.00
32.40
24.60
9.90
3.40
6.70
0.98
3.90
1.00 0.41 1.35 0.22 1.41 0.30 0.85 0.12 0.81 0.11
Média
2.33
2.00
35.63 0.10 0.27 0.17
95.67
19.33
14.70
27.87
8.87
3.50
1.23
5.63
1.10 0.38 1.99 0.26 1.68 0.41 1.08 0.14 0.79 0.11
AG18
3.70
2.00
9.30
0.10 0.50 0.10
96.00
19.70
12.40
10.20
3.20
3.50
0.57
2.60
0.70 0.17 0.81 0.17 1.00 0.22 0.73 0.12 0.70 0.10
AG20
1.30
1.00
8.10
0.10 0.10 0.10
58.00
18.40
6.90
4.70
0.70
1.00
0.17
0.90
0.30 0.17 0.53 0.10 0.66 0.16 0.46 0.05 0.40 0.07
AG32
1.30
1.00
33.20 0.10 0.10 0.10 140.00
26.90
13.50
6.00
0.70
1.30
0.22
1.20
0.40 0.11 0.54 0.14 1.05 0.25 0.63 0.09 0.65 0.11
Média
2.10
1.33
16.87 0.10 0.23 0.10
21.67
10.93
6.97
1.53
1.93
0.32
1.57
0.47 0.15 0.63 0.14 0.90 0.21 0.61 0.09 0.58 0.09
57.10
31.70
6.20
10.20 1.80
8.40
2.70 1.04 3.48 0.68 4.70 1.01 2.87 0.44 2.85 0.45
98.00
AG28 16.80 1.00
174.9 0.30 0.30 0.10 267.00
76.70
AG29 16.30 1.00
144.7 0.60 0.90 0.50 342.00
172.60 100.50
51.50
Média 16.55 1.00 159.80 0.45 0.60 0.30 304.50
124.65 78.80
41.60
11.40 21.90 3.45 16.20 4.70 1.74 6.09 1.16 6.70 1.52 4.51 0.67 3.82 0.59
8.80
181
16.05 2.63 12.30 3.70 1.39 4.79 0.92 5.70 1.27 3.69 0.56 3.34 0.52
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
16
17
18
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20
21
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23
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30
31
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33
34
35
182
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
36 ANEXOS
183
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
184
Contribuições às Ciências da Terra – Série M, Vol. 37, 186p.
185
Goulart L. E. A., 2006, O Complexo Acamadado Itaguara-Rio Manso, MG.
186
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