Revista Trágica: Estudos sobre Nietzsche – 1º semestre 2009 – Vol.2 – nº1 Nietzsche, Sócrates e a noção de “vontade” em O nascimento da tragédia Wander Andrade de Paula* Resumo: A figura de Sócrates é, como se sabe, alvo constante das reflexões de Nietzsche, em todos os convencionados períodos de sua produção. O filósofo grego é o protagonista da primeira publicação do autor, O nascimento da tragédia. Nesta Sócrates é descrito como aquele que, em ação combinada com Eurípides, subestima o valor da música grega antiga, substrato da tragédia, levando esta ao seu declínio. A junção entre as duas pulsões artísticas da natureza, o apolíneo e o dionisíaco, se vê dissolvida diante da aliança entre Eurípides e Sócrates. Esse fenômeno ocorre, segundo a visão nietzschiana, devido ao fato de que Sócrates desejava “corrigir a existência” por meio de uma divindade distinta daquelas formadoras da tragédia grega antiga, a saber, a razão. Tratase de um equívoco, no nosso ponto de vista, defender que Nietzsche mantenha apenas essa visão negativa acerca da figura de Sócrates, como aquela figura degenerativa da tragédia. Não acreditamos que ela seja incorreta, mas parcial, incompleta. Palavras-chave: Nietzsche; Sócrates; Socratismo. * Doutorando em Filosofia pelo programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sob orientação do professor Dr. Oswaldo Giacóia Júnior. Mestre também pela UNICAMP, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Revista Trágica: Estudos sobre Nietzsche – Vol.2 – nº1