Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Baixo curso do rio Capibaribe, Recife-PE: Avaliação da desestruturação ambiental do manguezal, em área urbana José Gustavo da Silva Melo¹,² Elisabeth Regina Alves Cavalcanti Silva¹ Patrícia Fernanda Passos de Oliveira¹ Hewerton Alves Silva¹ Cláudio Antônio Vieira da Silva¹ Maria Fernanda Abrantes Torres¹ ¹Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Avenida Professor Moraes Rego, 1235, Cidade Universitária, Recife, Pernambuco. CEP 50670-901. {josegustavo_melo, bellhannover, nanda_fox, he.was, cavs_1502, daetorres}@hotmail.com. ²Instituto Federal de Pernambuco - IFPE, Campus Recife Avenida Prof. Luiz Freire, 500, Cidade Universitária, Recife, Pernambuco. CEP: 50740540. Abstract. The mangrove ecosystem is a coastal, transitional between terrestrial and marine environments, characteristic of tropical and subtropical regions. It consists of woody plant species, called mangroves, which is associated with a characteristic flora, creating favorable conditions for food, protection and reproduction of many animal species. Soon, the mangroves that thrive in estuaries that are located in the Metropolitan Region of Recife are valuable ecosystems for the city of Recife, but are subjected to various types of stressors that come accelerating its degradation. The Capibaribe is one of the major rivers of Recife and the urban sprawl of recent decades has been responsible for the breakdown of their environmental resources, especially in areas consisting of mangroves, compromising the quality of life of coastal communities. In this context, this study aims to identify, quantify and assess the impacts of land use and occupation of the lower course of the river Capibaribe between the BR 101 and north of Tower Bridge, trying thus to understand the dynamics of the ecosystem and its environmental conditions. For a survey of human activities and their impacts were conducted on-site visits to applying checklists in seven selected sectors along the stretch considered. The level of degradation can be considered the mangrove high, since most of the sectors studied showed extreme rates (greater than -171). The data provide information for the development of actions aimed at monitoring and environmental conservation in the study area. Palavras-chave: Ecosystem, impacts, urban expansion, ecossistema, impacto, expansão urbana. 1 Introdução O Brasil possui 12% dos manguezais do mundo, totalizando 25.000km (HERZ, 1991). No litoral brasileiro ocupam uma fração significativa, cerca de 92% da linha de costa (±6.800 km), estendendo-se do extremo norte no Oiapoque, Estado do Amapá (4o30’N), até seu limite sul na Praia do Sonho, em Santa Catarina (28o53’S), apresentando seu desenvolvimento máximo estrutural nas proximidades da linha do Equador (LABOMAR UFC/ ISME-BR, 2005). O manguezal é um ecossistema de elevada importância ambiental, econômica e social, desempenhando papel fundamental na estabilidade dos sedimentos nas zonas costeiras, na conservação da biodiversidade e na manutenção de amplos recursos pesqueiros. Esse ecossistema possui uma importância vital, principalmente para as comunidades costeiras, por servirem de refúgio e proporcionarem alimentação à fauna marinha, que se reproduz em abundância triturando os materiais orgânicos do solo. Suas carapaças e seus esqueletos calcários também desempenham importante papel, para a estruturação e consolidação do solo, contribuindo, assim, para o equilíbrio ecológico (COELHO JR; NOVELLI, 2000). É um ambiente sujeito aos processos marinhos, estuarinos e lagunares, podendo ser alterado 3148 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE representativamente pela modificação de processos hidrológicos e hidrodinâmicos, interagentes de sedimentação e de "sistemas vizinhos" (SOARES, 1997). Sendo assim, os manguezais que se desenvolvem em áreas urbanas estão submetidos a vários tipos de pressões, não muito diferente da maioria dos ecossistemas brasileiros, que se tornaram alvos da desestruturação ambiental, decorrente dos processos de expansão urbana desordenada, dos desmatamentos, assoreamento, da erosão, aterramentos, deposição de resíduos sólidos, despejos de efluentes doméstico-industriais, entre outros (ALARCON; PANITZ, 1998). Em Pernambuco, esse ecossistema se estende desde o nível médio das marés até o nível médio das preamares, entre 1,0 e 2,0m de altitude sobre o nível médio do mar e a altitude de 1,0m das cartas terrestres, ocupando uma área de pouco mais de 17 mil hectares (COELHO et al., 2004). É composto principalmente pelo “mangue vermelho, verdadeiro ou sapateiro” Rhizophora mangle L. (Rhizophoracea), “mangue preto, canoé e siriúba ou síriba” (Avicennia schaueriana Stapf. & Leechmam e Avicennia germinans (L.) L. (Avicenniaceae), “mangue branco ou tinteiro” Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. (Combretaceae) e o “mangue de botão ou bolota” Conocarpus erectus L. (Combretaceae) (SCHAEFFER-NOVELLI; CINTRÓN, 1995). O padrão de distribuição nem sempre é regular, porém o mangue vermelho seria mais comum na parte mais próxima ao mar, o mangue de botão na margem externa ao manguezal, o mangue siriúba na porção média e o mangue branco na porção mais afastada do mar, rio acima. Essa distribuição pode ter sido modificada muitas vezes, ora por eventos naturais, ora por intervenção humana (COELHO et al., 2004). Em relação a Pernambuco, Coelho e Torres (1982) estimaram a área total ocupada por manguezal em 17.372hectares. O rio Capibaribe é um dos principais rios do Recife, que teve sua formação urbana historicamente associada a ele, servindo como via de interiorização e limitador natural para a ocupação do território. Portanto, foi o crescimento urbano desordenado das últimas décadas o responsável pela degradação dos recursos ambientais que circundavam o rio, principalmente os manguezais, comprometendo, assim, a qualidade de vida das populações ribeirinhas. Os manguezais que se desenvolvem nos estuários que desembocam na Região Metropolitana do Recife (RMR) constituem valiosos ecossistemas para a cidade do Recife, porém encontram-se submetidos a vários tipos de tensores que vêm acelerando sua degradação. Desta forma, a sua conservação promove um salto significativo para a manutenção das condições de vida dos habitantes da cidade, além da sua importância para a estabilização do meio ambiente. Neste contexto, o presente trabalho objetiva identificar e quantificar os impactos decorrentes do uso e ocupação da terra no manguezal do baixo curso do rio Capibaribe, fornecendo dados que possibilitem subsidiar ações de conservação e monitoramento da área, Figura 1. 2 Metodologia de Trabalho A cidade do Recife situa-se no litoral oriental da América do Sul, na costa do Nordeste brasileiro, tendo como limite norte, sul e oeste a mesorregião da Mata Pernambucana e a leste o Oceano Atlântico, Juntamente com 13 municípios (Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo, Camaragibe, Igarassu, Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos Gurarapes, Moreno, Olinda, Paulista e São Lourenço da Mata) formam a Região Metropolitana do Recife, sendo Recife o núcleo principal e onde se concentra a metade da população metropolitana (PCR, 2000). A cidade apresenta uma altitude de 4m, estando geologicamente localizada em uma base constituída por rochas cristalinas e sedimentares que podem ser subdivididas nos seguintes domínios: Domínio das Rochas Cristalinas de idade Pré-Cambriana; Domínio das Bacias Sedimentares da Margem Continental, de idade Cretácea; Domínio dos Sedimentos de 3149 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Coberturas. Da sua estrutura geológica resultam três tipos de solos: aluviais arenosos, latossolos e indiscriminados de mangues (PCR, 2000). Sua planície sedimentar corresponde a uma área de 99,9km² e a extensão total da cidade é de 218km², com localização entre a latitude de 08° 04’ 03’’S e a longitude de 34° 55’ 00’’ W no território do Estado de Pernambuco. Figura 1 - Delimitação da área de estudo no baixo curso do rio Capibaribe. Esta planície é rodeada por colinas formadas no período Terciário, as quais estão organizadas em forma de um semicírculo, a sua borda aflorando entre o Cabo de Santo Agostinho, ao sul, e a atual cidade de Olinda, ao norte (LEVANTAMENTO EXPLORATÓRIO, 1973). A baía em forma de semicírculo foi sendo desenvolvida durante milhões de anos, com entulhos a oeste de sedimentos fluviais e a leste pelos sedimentos de origem marinha (MAIA et al. 1998). A existência dessa planície e elevações comprova o acontecimento de mudanças climáticas que alternaram estações mais secas e outras mais úmidas (PCR, 2000). O Município pertence à Bacia Hidrográfica do rio Capibaribe e a vegetação está disposta em Tabuleiros Costeiros divididos em subzonas, como: praia, dunas restingas e os manguezais. O clima na cidade do Recife é tropical quente e úmido do tipo As’, segundo a classificação climática de Köppen, com precipitação média anual de 1.651mm e a temperatura média anual de 25°C (ANDRADE, 1977). Ainda de acordo com o autor, este clima classificase como pseudotropical da costa nordestina, pois na maioria das áreas que apresenta este tipo climático (Tropical Úmido) o regime de chuva é de primavera-verão, enquanto que no litoral pernambucano é de outono (antecipada) e inverno (concentrada). Aquelas são causadas pela Convergência Intertropical (CIT), que se dispõem no talvegue das baixas pressões equatoriais, onde concentram os alísios boreais e austrais na Zona de Doldruns. As chuvas de outono- 3150 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE inverno são causadas pelo domínio integral da Massa Equatorial Atlântica (mEa), marcadas pelos alísios do hemisfério sul que suportam reforço (PCR, 2000). A vegetação é constituída por Floresta Tropical (Mata Atlântica), Campos de Várzea, Restinga e Mangues, estes últimos assolados nas últimas décadas devido aos aterros, extração ilegal de madeira, expansão urbana e despejo de efluentes domésticos/industriais (CRUZ, 1999). A paisagem do Recife sofreu modificações ao longo do tempo com os inúmeros aterros empreendidos na área, os quais colaboraram para a concepção das ilhas dos bairros do Recife, São José, Santo Antônio e Boa Vista, além dos vários fatores geoambientais, a feição da planície recifense exibe peculiaridades das ações antrópicas, enfatizando-se os desmatamentos, os aterros e as construções que distorceram significativamente seu sítio, ampliando e estabilizando os solos, restringindo os espaços ocupados pela vegetação e solos (PCR, 2000). A área de estudo está localizada no baixo curso do rio Capibaribe, na região Metropolitana do Recife, entre as coordenadas de 8º01’13” e 8º02’25” S; 34º56’09” e 34º54’36” W, abrangendo os bairros de Apipucos, Monteiro, Iputinga, Poço da Panela, Santana e Torre, com uma extensão de 5km (Figura 1). Na Região Metropolitana do Recife destacam-se como principais obras causadoras de impactos ambientais a construção de portos em áreas estuarinas, além da especulação imobiliária, com muitos empreendimentos já implantados ou em fase de implantação em áreas de manguezais tais como rodovias e estradas, condomínios e loteamentos irregulares (NETA, 2005). O desenvolvimento urbano na cidade degradou grandes áreas de vegetação natural, que estão sob especulação imobiliária e também daqueles que não têm onde morar e edificam seus domicílios nestes locais impróprios. Para o levantamento das atividades antrópicas e seus impactos foram selecionados sete (7) setores localizados no entorno dos seguintes pontos: I - Associação de Apipucos (Apipucos), II - Comunidade do DETRAN (Iputinga), III - ponte da Salvação (Monteiro), IV - Poço da Panela, V - Santana, VI - riacho Parnamirim (Parnamirim), VII - ponte da Torre (Figura 2). Em cada um destes setores foram realizadas visitas para observação in loco e aplicação de checklists dos principais indicadores de impactos ambientais, bem como dos pontos de pressão antrópica, segundo a metodologia adaptada de Tommasi (1994). Associa-se a esta lista os recursos cartográficos, que apresentam variações espaçais, permitindo assim, uma avaliação mais precisa do estado de desestruturação da área, onde esta sendo realizada a pesquisa, com vista, a avaliar o grau de degradação a que está sujeito o ambiente, Figura 2. Na aplicação dos checklists foi preenchida uma tabela, onde os principais impactos ambientais são apresentados em colunas e os seus efeitos em linhas. Cada impacto pode apresentar peso 1 (pequeno), 3 (moderado) ou 5 (extremo), estabelecidos subjetivamente, de acordo com a sua importância em relação aos princípios de análise adotados. Foram considerados extremos os impactos que interferem de forma abrangente e extensa em cada ambiente, moderados todos aqueles que, mesmo sendo expressivos, tinham características mais pontuais e pequenos os que descaracterizam o ambiente, mas não o degrada. Os efeitos dos impactos também receberam valores, porém notas negativos (-1, -3, -5), dependendo de sua intensidade, ou com nota zero (0), quando ausentes. Os resultados da multiplicação dos pesos atribuídos aos impactos pelas notas de seus efeitos permitiram classificar cada impacto nas seguintes categorias: pequeno (valores de -1 a -3), moderado (valores -5 a -9) e extremo (valores -15 a -25). O somatório dos valores desta multiplicação fornece o índice geral de impacto no estuário estudado, sendo considerado pequeno (-1 a -100), moderado (-100 a 170) e extremo (-171 em diante). 3151 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Figura 2 - Localização dos setores, na área de pesquisa. Para avaliação dos resultados foram levados em consideração os valores que atingiram a classe de impacto mais alta (-25), demonstrando, assim, que os pesos e efeitos atingiram o valor máximo. Para a construção dos mapas (Figuras 1 e 2), foram utilizadas 11 fotografias Pancromáticas colorida do ano de 2007, sendo esta a mais recente disponibilizada, o dia e mês da sua elaboração, não foi repassado pela proprietária dos referidos dados, Prefeitura da Cidade do Recife (PCR). As mesmas foram georreferenciadas para o Sistema de Projeção UTM – Datum SAD-69. Para registrar as imagens foi realizado campo exploratório, onde foram coletados pontos com o GPS eTrex Vista HCx, que posteriormente no Laboratório de Geoprocessamento foram registradas no software ArcGis 9.3. O software utilizado para a realização do mapeamento foi, o ArcMap 9.3 do pacote ArcGis 9.3, com licença do Laboratório de Geoprocessamento (SerGeo) do Departamento de Ciências Geográficas – DCG da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. 3 Resultados e Discussão O nível de degradação ambiental no manguezal do baixo curso do rio Capibaribe pode ser considerado elevado, o que pode ser constatado através dos índices gerais de impacto obtidos nos setores analisados, onde a maior parte apresentou índices extremos (maior que -171). Dentre os sete setores analisados, cinco apresentaram índices gerais de impacto considerados extremos (II, III, IV, VI e VII), um moderado (V) e um pequeno (I) (Tabela 1, Figura 2). Os principais tensores observados no trecho estudado foram: expansão urbana, assoreamento do leito do rio, erosão do solo nas margens, extração de areia, corte de madeira 3152 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE no manguezal, quantidade considerável de resíduos sólidos, tanto na água como nas margens, abertura artificial no estuário e lançamento de efluentes domésticos. Tabela 1 - Índice geral de impacto nos setores analisados no baixo curso do rio Capibaribe. SETORES ÍNDICE GERAL DE CLASSIFICAÇÃO IMPACTO I - Associação de Apipucos -97 Pequeno (Apipucos) II - Comunidade do DETRAN - 246 Extremo (Iputinga) III - Ponte da Salvação -229 Extremo (Monteiro) IV - Poço da Panela -270 Extremo V - Santana -170 Moderado VI - Riacho Parnamirim -219 Extremo VII - Ponte da Torre -274 Extremo Os processos geradores de impactos ambientais derivam das ações antrópicas ou do conjugado delas realizadas em um determinado ponto (SÁNCHEZ, 2006). Assim, Por estarem localizadas próximas a núcleos urbanos, as áreas dos manguezais do Recife vêm sendo utilizadas pelas comunidades para deposição de resíduos sólidos (lixo), despejo de efluentes domésticos e industriais, construção de edificações irregulares, aterros, bem como seus bosques para a retirada de madeira, o que vem causando a degradação dessas áreas. Com base na Resolução do CONAMA no 001/86, art. 1o, o termo "impacto ambiental" é definido como toda modificação das características físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, provocada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, o bem estar da população e a qualidade do ambiente (SÁNCHEZ, 2006). Medeiros (1995) enfatiza que as condições do ambiente devem ser avaliadas através de instrumentos que atuem de forma preventiva na avaliação de impactos no espaço que esteja sofrendo pressões e modificações, com vista a evitar a propagação destes processos geradores de degradação. Segundo Cunha (2000), muitas áreas de manguezal vêm sofrendo processos de desestrutução em diversos níveis, decorrentes da ação antrópica, não só em função da exploração indiscriminada de sua fauna e flora, como também pela contaminação de suas águas por efluentes sem tratamento, entulho, dentre outros. Atualmente pode se observar que a expansão urbana da cidade do Recife vem ocorrendo sobre os espaços naturais outrora ocupados pelo ecossistema manguezal. Para Muniz-Filho e Gomes (2004), essa ocupação ocorre, muitas vezes, sobre as margens dos rios e dos manguezais através de agentes que provocaram graves alterações na rede de drenagem, como o desaparecimento de alguns canais e a artificialização de outros, além dos cortes da vegetação do mangue para a construção de cercas. De acordo, com pesquisas feitas por Citties Alliance (2002), o ecossistema suporta inúmeros e intensos impactos, oriundos dos problemas comuns de boa parte das metrópoles brasileiras, como, a desigualdades sociais, concentração populacional nas áreas de morros e margens dos Rios, expansão urbana desordenada, além da degradação dos recursos naturais. Trabalhando no inventário dos diferentes tipos de impactos antropogênicos no estuário do rio Timbó/PE, Cabral, Sassi e Costa (2005) utilizaram um modelo de “checklist” adaptado para esse ecossistema visando relacionar os processos modificadores da paisagem nas duas 3153 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE margens do estuário. Os principais indicadores de degradação foram: invasões de áreas públicas, cortes da vegetação do mangue e agricultura. Silva (2008) estabeleceu uma análise espaço temporal da expansão urbana no estuário do rio Jaboatão-PE, identificando os principais agentes causadores de impactos ambientais através da aplicação “checklist”. O estuário foi dividido em setores, nos quais os principais indicadores dos impactos foram: expansão urbana, processos erosivos, corte de madeira, deposição de resíduos sólidos (lixo), lançamento de efluentes domésticos/industriais, alteração na drenagem e no curso natural do rio, aterros, degradação da vegetação, morte do manguezal, estradas e rodovias, terraplanagem, pontes, caminhos nos manguezais, invasão de áreas públicas. Logo, os principais indicadores dos impactos ambientais observados nos setores verificados foram: expansão urbana, processos erosivos, corte de madeira, deposição de resíduos sólidos (lixo), lançamento de efluentes domésticos/industriais, alteração na drenagem e no curso natural do rio, aterros, degradação da vegetação, morte do manguezal, estradas e rodovias, terraplanagem, pontes, caminhos nos manguezais, invasão de áreas públicas. Corroborando com os vários estudos desenvolvidos, para identificar a presença e o grau de influência, degradação e modificação, que aqueles indicadores têm na desestruturação do ambiente. Por conseguinte, o enfrentamento do uso irresponsável dos recursos naturais passa pela necessidade de empregar técnicas eficazes para combater este problema. Desta maneira, podemos avaliar que há um acentuado desequilíbrio ecológico no manguezal do baixo curso do rio Capibaribe, área onde está inserido o trecho analisado, possivelmente provocado, pelas ações antropogênicas decorrentes do crescimento urbano desordenado e da falta de planejamento para minorar os impactos oriundos da limitação do homem, frente à crescente demanda por espaço, impulsionadas pelos processos de urbanização, mais especificamente àquelas localizadas em núcleos urbanos ou em suas proximidades. 4 Conclusões Os níveis de degradação ambiental no manguezal do baixo curso do rio Capibaribe são elevados, o que pode ser constatado através dos índices gerais de impacto obtidos nos setores analisados, onde a maior parte apresentou índices extremos, ou seja, maior que -171. Sendo assim, a aplicação de checklists possibilitou verificar as condições do trecho estudado, assim, pôde-se observar que os indicadores mais presentes na caracterização da área foram os seguintes: aterros nos manguezais, expansão urbana, assoreamento, cortes de madeira no manguezal, deposição de lixo, emissão de efluentes (domésticos ou industriais), além da abertura artificial do manguezal. Estes tensores observados, na área de estudo, são decorrentes de ações antrópicas, isto, comprova que a área vem sendo submetida a níveis constantes de impactos, acarretando uma redução na capacidade de resistência e resiliência do ecossistema predominante. Por fim, devesse destacar que o manguezal do baixo curso do rio Capibaribe, vem sendo, “dizimado”, pelas diversas alterações no seu ambiente, tais modificações dependem do nível de degradação causada ao manguezal, ou seja, da intensidade e abrangência das ações antrópicas, ao qual ele é submetido, desta forma, a necessidade de planejamento ambiental, além de uma análise prévia das áreas que sofreram intervenções, torna-se indispensável para tentar minimizar o grau de degradação que o ecossistema sofrera. Agradecimentos Ao CONDEPE/FIDEM e à Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), pela disponibilização das fotografias aéreas que foram utilizadas neste artigo, ao Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento (SERGEO), por permitir o uso da licença do ArcGis 9.3 e por 3154 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE fim ao Grupo de Estudos em Meio ambiente e Biogeografia (BIOMA), que forneceu o laboratório, para a aquisição dos dados na área de estudo. Referências Bibliográficas Alarcon, G. G.; Panitz, C. M. N. Estudo comparativo da percepção ambiental de dois manguezais submetidos a diferentes condições ambientais e de ocupação urbana. In: Simpósio Brasileiro de Etnobiologia E Etnoecologia, 2, 1998, São Carlos. Resumos... São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, p. 13,1998. Andrade, G. O. Alguns Aspectos do Quadro Natural do Nordeste. Recife, SUDENE, 75p. 1977. Cabral, A. L.; Sassi, R.; Costa, C. F. 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