BIOLOGIA E GEOLOGIA | 11º ANO ANO LECTIVO | 2012/2013 NOME DO ALUNO N.º _____ PROFESSORA: Isabel Dias Partenogénese no Dragão Komodo Nascimentos virgens de dragões espantam zoológicos A natividade numa versão mais invulgar está a acontecer em dois jardins zoológicos do Reino Unido. No zoo de Chester, um dragão do Komodo baptizado Flora aguarda o nascimento de 8 crias e outros 4 dragões já chocaram no zoo de Londres, todos o resultado de uma concepção virgem. Os nascimentos miraculosos, todos machos, podem ser o produto da manutenção desta espécie ameaçada em cativeiro, dizem os investigadores, e pode ter implicações na saúde continuada das populações dos zoos. A partenogénese é rara em vertebrados, ainda que alguns animais, incluindo vários tipos de lagartos, sejam capazes de o fazer. Já os dragões do Komodo nunca tinham sido observados a fazê-lo e agora, no espaço de 8 meses, dois dos 3 dragões do Reino Unido reproduziram-se partenogeneticamente. Os veterinários dos zoos sabiam que algo estranho se passava porque as fêmeas não tinham estado com machos no período em que engravidaram. Para confirmar a situação, uma equipa liderada por Phillip Watts da Universidade de Liverpool usou identificação genética. Os resultados mostram que os filhos dos dragões não são clones directos das suas mães mas que o seu DNA contém metade da variação da presente nos genes maternos, indicando que representam a duplicação de um conjunto de cromossomas maternos. Os resultados mostram que não houve mais nenhum animal envolvido na concepção. Os óvulos de uma mãe dragão do Komodo contêm metade da sua informação genética e a seu lado está um glóbulo polar, com uma cópia da mesma informação genética. Normalmente, o glóbulo polar degenera e o espermatozóide vai completar a informação genética necessária ao embrião mas na partenogénese o glóbulo polar é reabsorvido pelo óvulo. Nos dragões do Komodo, a fêmea tem cromossomas sexuais diferentes (ZW), enquanto os machos são homozigóticos ZZ. Como a combinação WW não é viável, todos os embriões sobreviventes criados pela duplicação dos cromossomas da fêmea têm que ser machos. Esta forma de reprodução implica que não haja mistura de informação genética de diferentes animais, como na reprodução sexuada. Isso leva a um aumento do risco de redução de aptidão física pois o efeito de genes defeituosos não é mascarado por cópias normais. "A consanguinidade não é algo positivo a longo prazo", diz Richard Gibson, da Zoological Society of London e co-autor do estudo. Então porque o fazem os animais? "Imagine que é um dragão do Komodo e está a viver num arquipélago de ilhas minúsculas e uma fêmea é levada por uma tempestade e acaba numa ilhota sem outros dragões. Após 2 ou 3 anos de espera sem reprodução, começa a reproduzir-se partenogeneticamente." O mesmo truque reprodutor já foi visto em espécies que ficam isoladas, como um grupo partenogenético de libélulas que vivia nos Açores, reproduzindo-se sem um único macho. Mas não tinha ocorrido a ninguém que o mesmo poderia acontecer aos dragões do Komodo, logo agora pensa-se que pode ser uma situação mais vulgar na natureza do que antes se sabia. A maioria dos zoos apenas mantém dragões fêmea, trazendo um macho ocasionalmente para acasalar. Talvez não seja suficiente para convencer as fêmeas que vão ter um parceiro eventualmente, desencadeando a alternativa sem machos. Isso é uma preocupação para os conservacionistas pois os zoos estão a tentar manter níveis elevados de heterozigotia nos seus animais para imitar as condições naturais, explica James Murphy, perito em dragões do Komodo. A partenogénese dificulta o processo. "Obriga-nos a olhar de forma diferente para a gestão genética dos nossos animais", diz Gibson. A equipa sugere que os zoos pensem em manter machos e fêmeas juntos para evitar a partenogénese e a redução da diversidade genética. in http://www.simbiotica.org/ (20 de Dezembro de 2006) 1