INJÚRIAS PROVOCADAS PELO USO DE URINA DE VACA COMO

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INJÚRIAS PROVOCADAS PELO USO DE URINA DE VACA COMO BIOFERTILIZANTES EM
FOLHAS DE MAMONEIRA (Ricinus communis L.)
Suenildo Jósemo Costa Oliveira1, Maria Aline de Oliveira Freire2, Joab Josemar Vitor Ribeiro do
Nascimento2, Maria José Vieira Tavares2 e Napoleão Esberard de Macedo Beltrão3
1Doutorando
CCA/UFPB, [email protected]; 2Estagiário da Embrapa Algodão, [email protected],
[email protected], [email protected]; 3Embrapa Algodão, [email protected].
RESUMO - A mamoneira (Ricinus communis L.) é sensível à acidez do solo e exigente em fertilidade,
sendo possível aumentar sua produtividade pelo adequado fornecimento de nutrientes por meio da
adubação via solo ou foliar. O nitrogênio é um macronutriente bastante exigido por esta planta, sendo a
urina de vaca uma possível fonte de adubação nitrogenada. Este trabalho objetivou avaliar a ocorrência
de injúrias (lesões ou “queima”) em folhas de mamoneira, cultivar BRS Energia após aplicação via
foliar, de seis concentrações de urina de vaca (1, 5, 10, 15, 20 e 100%). Os tratamentos foram
distribuídos em blocos ao acaso, com quatro repetições. As avaliações foram feitas 24, 48 e 72 hs após
a aplicação nos tratamentos e verificou-se que nas concentrações de 1, 5, 10, 15 e 20% não houve
folhas injuriadas. A aplicação com urina de vaca pura (100%) provocou injúria em 47,17% das folhas.
Palavras-chave: Adubação foliar, agroecologia, biofertilizante, Ricinus cummunis.
INTRODUÇÃO
Entre as espécies cultivadas economicamente no Brasil, a mamoneira é uma das oleaginosas
de maior rusticidade e adaptação a diversos climas, solos e manejos. Com o incentivo do Governo
Federal para a produção de biodiesel, a mamoneira vem se destacando por sua grande capacidade de
gerar um produto com muitas aplicações industriais por ser empregado como matéria prima em
diversas indústrias e apresenta grande potencial para fabricação de biodiesel.
A mamoneira pertence à classe Dicotiledoneae, série Geraniales, família Euforbiácea e
espécie (Ricinus communis L) (WEISS, 1983). Trata-se de uma xerófila de origem afro-asiática,
bastante tolerante à escassez de água, porém intolerante a excesso de umidade e exigente em calor e
luminosidade. Suas folhas são simples, grandes, com largura do limbo variando de 10 a 40 cm,
podendo chegar a 60 cm no comprimento maior, do tipo digitolobadas, denticuladas de pecíolos longos
com 20 a 50 cm de comprimento. As principais variações nas folhas da mamona são na cor, na
cerosidade, no número de nervuras principais, no comprimento do pecíolo e na profundidade dos
lóbulos. (SILVA, 2005).
Está disseminada no mundo inteiro, sendo cultivada principalmente na Índia, China e Brasil
(TÁVORA, 1982). Segundo Moura (2005), o Brasil desponta no cenário mundial com grande potencial
para promover grandes mudanças no setor de biocombustíveis, por apresentar extensas áreas
agricultáveis, propícias ao cultivo de plantas oleaginosas. Este fato é corroborado por Chierice e Claro
Neto (2001), que afirmam que, esta planta esta adaptada ao solo brasileiro podendo ser cultivada em
qualquer parte do País.
Para o semi-árido nordestino, Beltrão et al. (2002) e Moura (2005) relacionam a mamoneira
como uma espécie de fácil adaptação às condições climáticas desta região, bem como do cerrado.
Devido a esta facilidade de adaptação, está sendo considera uma alternativa em potencial para
geração de emprego e renda para agricultores familiares (PARENTE, 2003).
A cultivar BRS Energia é uma planta de ciclo curto (entre 120 dias) com produtividade média
de 1.800 kg ha-1 em condições de sequeiro e apresenta, em média, 48% de óleo em suas sementes. É
uma cultivar adaptada às condições de cultivo da região Nordeste (EMBRAPA, 2007).
A adubação da mamoneira ainda é pouco estudada no Brasil, principalmente nos estados do
Nordeste, principal região produtora, e no cerrado do Centro-Oeste, região onde a cultura é emergente
(BELTRÃO, 2003).
A urina é um substituto natural aos agrotóxicos e adubos químicos utilizados na agricultura,
pois é composta por substâncias que, reunidas, melhoram a saúde das plantas, tornando-as mais
resistentes às pragas e doenças. É rica em potássio e em priocatecol, um aminoácido que fortalece os
vegetais. Em sua composição também são encontrados cloro, enxofre, nitrogênio, sódio, fenóis e ácido
indolacético. (BOEMEKE, 2002; PESAGRO, 2001). Também por ser um produto natural composto de
diversas substâncias que melhoram a saúde da planta, diminuindo a dependência dos agrotóxicos,
pode se constituir num excelente biofertilizante (FERREIRA, 1995).
O biofertilizante bovino na forma líquida proporciona melhoria das condições edáficas,
resultando em maior produtividade agrícola (GALBIATTI et al., 1991), além de apresentar na sua
composição microrganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, produção de sais e
adição de compostos orgânicos e inorgânicos que atuarão não só na planta, mas também sobre a
atividade microbiana (BETTIOL et al., 1998). A urina de vaca já está sendo usada em plantas
hortícolas, frutíferas, e ornamentais, com resultados satisfatórios, por produtores rurais do Rio de
Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais (PESAGRO, 2001), no entanto, existe carência de
informações e de estudos sobre o seu emprego como biofertilizante para as espécies oleaginosas.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o melhor percentual de urina de vaca a ser aplicado
em folhas de mamoneira cultivar BRS Energia sem ocasionar injúrias (lesões ou 'queima').
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na Embrapa Algodão, Campina Grande,
PB. Produziram-se 50 mudas de mamoneira da cultivar BRS Energia, em vasos plásticos e aos 60 dias
foram selecionadas as 24 plantas mais vigorosas e uniformes.
O preparo da urina de vaca foi baseado na metodologia proposta pela Pesagro (2001). O
delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com 6 tratamentos e 4 repetições por
tratamento, onde cada planta representou uma repetição. As dosagens de urina de vaca utilizadas no
experimento foram: 1, 5, 10, 15, 20 e 100%.
A urina foi coletada em vacas leiteiras mestiças, criadas em sistema de semi-confinamento e
alimentadas com capim elefante, farelo de soja, mandioca (parte aérea e raiz) e torta de algodão. Antes
da aplicação, a urina passou por um período de repouso durante três dias em recipiente plástico com
tampa, conforme metodologia proposta por Ematerce (2000).
A pulverização da urina de vaca nas plantas foi feita no período da manhã com pulverizador
manual com capacidade para 2 litros.
As plantas foram avaliadas 24, 48 e 72 horas, após a aplicação contando-se o número de
folhas queimadas e o total de folhas da planta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aplicação da urina de vaca nas concentrações de 1%, 5%, 10%, 15% e 20% não
provocaram qualquer injúria nas folhas (Figura 1).
No tratamento que recebeu a urina de vaca pura, as folhas sofreram injúria (aspecto de
queimada). Os dados de cada planta que compunha inicialmente este tratamento são: planta 1 com 28
folhas; planta 2 com 20 folhas; planta 3 com 24 folhas e planta 4 com 20 folhas cada. No período de 24
horas não foram verificadas injurias nas folhas deste tratamento. No período de 48 horas observou-se:
planta 1 com 6 folhas injuriadas; planta 2 com 3 folhas injuriadas; planta 3 com 9 folhas injuriadas e
planta 4 com 9 folhas injuriadas. No período final da observação (72 horas), a planta 1 estava com
42,85% de folhas injuriadas (12 folhas); planta 2 com 50% de injuria (10 folhas); planta 3 com 45,83%
de folhas injuriadas (11 folhas) e planta 4 com 50% de injurias (10 folhas), tendo-se uma média de
47,17% de folhas injuriadas no tratamento que recebeu a urina de vaca pura.
CONCLUSÃO
A aplicação de urina de vaca nas concentrações de 1%, 5%, 10%, 15% e 20% não
ocasionaram injúrias nas folhas da mamoneira cultivar BRS Energia, mas a urina pura provocou
queimaduras em 47,17% das folhas.
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WEISS, E. A. Oil seed crops. London: Longman, 1983. 659 p.
Figura 1. Percentual de folhas injuriadas pelo uso de diferentes concentrações de urina de vaca.
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