ww UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA ELOÍSA COSTA DE BRITTO ROCHAS EVAPORÍTICAS E SUA CARACTERIZAÇÃO ATRAVÉS DE PERFIS EM POÇOS DE PETRÓLEO Salvador 2013 II ELOÍSA COSTA DE BRITTO ROCHAS EVAPORÍTICAS E SUA CARACTERIZAÇÃO ATRAVÉS DE PERFIS EM POÇOS DE PETRÓLEO Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Prof. Msc. Roberto Rosa da Silva Salvador 2013 III TERMO DE APROVAÇÃO ELOÍSA COSTA DE BRITTO ROCHAS EVAPORÍTICAS E SUA CARACTERIZAÇÃO ATRAVÉS DE PERFIS EM POÇOS DE PETRÓLEO Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: ________________________________________________________________ 1° Examinador: Prof. M.Sc. Roberto Rosa da Silva - Orientador Instituto de Geociências, UFBA/Petrobras ________________________________________________________________ 2º Examinador: Prof. Dr. Carlson Matos Maia Leite Instituto de Geociências, UFBA/Petrobras ________________________________________________________________ 3º Examinador: M.Sc. Flávio Miranda de Oliveira Petrobras Salvador, 17 de Agosto de 2013. IV Dedico aos meus amados pais Jorge e Mara, meu irmão Leonardo, meu noivo Rafael e a minha avó Heloisa (in memoriam) V AGRADECIMENTOS À Deus em primeiro lugar pela força durante toda esta caminhada, sem dúvidas, minha fé foi fundamental para vencer as dificuldades encontradas. Obrigada meu Deus! À minha família, pela capacidade de acreditar em mim e por não medirem esforços para minha educação. Agradeço também pelo carinho, amor, paciência nos meus momentos de estresse, e principalmente, pelo incentivo para que este momento chegasse. Meus amores, esta vitória é nossa! Ao Rafael, pessoa com quem partilharei a vida. Obrigada por renovar as minhas energias, por ter dado forças para seguir em frente, pela compreensão nas minhas ausências e por todo carinho. À Sueli pelo amor e cuidados durante todos esses anos. A todos os professores do curso de Geologia, que de alguma forma foram importantes na minha vida acadêmica. Ao Professor Roberto Rosa pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão deste trabalho. Em especial agradeço ao Professor Osmário, quem foi o grande responsável para que nos primeiros dias de aula me apaixonasse pela Geologia e tivesse a certeza que estava no lugar certo. À família DIARMI - CPRM pelo acolhimento, ensinamentos durante o período de estágio, pela compreensão e ajuda dada nos meus momentos de dificuldade. Agradeço muito a vocês, em especial minha amada Madá, Nívia, Rogério, Davi, Jocilene, Leidi, Richard, Sizão e Marcelo pelo companheirismo e ambiente de trabalho do qual adorei fazer parte. A Petrobras e seus colaboradores pelo treinamento dado nesta fase final, em especial Márcio, Iara, Alessandra, Rodrigo, Edson, Lucinha, Dora, Carlson e meus companheiros de estágio Nelson, Marcela e Roberto pelo espírito de equipe. E por fim, com muita alegria, agradeço aos amigos de geologia pelas risadas, alegria durante esses anos, pelos conselhos dos mais experientes, pelo companheirismo nas horas difíceis e principalmente por terem me tornado uma pessoa mais segura e confiante do meu potencial. Obrigada Adriana, Bianca, Carol, Cipri, Diego, Enaldo, Gabriel, Giselaine, Jamile, Leidiane, Lucas, Marcus Vinicius, Natália, Nilson, Priscila, Ricardo e Vitor. VI “Aqueles que param esperando as coisas melhorarem acabam descobrindo mais tarde que aqueles que não pararam estão tão na frente que não podem ser alcançados.” Rui Barbosa VII RESUMO Foram realizados levantamentos bibliográficos para compreender e caracterizar os sais pertencentes a um grupo de rochas sedimentares chamadas de evaporitos, depositados por evaporação da água do mar, e formados em bacias fechadas sujeitas ao clima árido. Do ponto de vista exploratório, a presença dessas rochas nas bacias sedimentares aumenta as chances de sucesso, tendo o sal como importante significado econômico devido seu papel no trapeamento de petróleo. Em razão das propriedades físicas e químicas dos evaporitos, o comportamento dessas rochas são bem distintas das rochas siliciclásticas. Entretanto, grande variedade de tipos de sais formadores das rochas evaporíticas, mas devido a solubilidade, apenas alguns sais possuem suas camadas preservadas na bacia. Os principais evaporitos encontrados nas bacias são formados em ordem de precipitação pelos sais de gipsita, jianidrita, halita, carnalita, silvinita e traquidrita. Contudo, a identificação de tais sais através da recuperação de testemunhos e amostras de calha é muitas vezes inviabilizada devido às propriedades peculiares dessas rochas, sendo então as ferramentas de perfilagem as mais adequadas para caracterização dos evaporitos. São utilizados na caracterização de evaporitos principalmente os perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão, sônico e caliper. Palavras-chave: evaporitos; sais; caracterização; perfis. VIII ABSTRACT Literature review were conducted to understand and characterize the salts belonging to a group of sedimentary rocks called evaporites, deposited by evaporation of sea water, and formed in restricted basins with arid climate. From the exploratory point of view, the presence of these rocks in sedimentary basins increases the chances of success, with the salt as an important economic significance because of their role in oil accumulation. Because of the physical and chemical properties of evaporites, the behavior of these rocks are distinct from siliciclastic rocks. However, a great variety of different types of rocks forming salts evaporitic, but due to solubility, only a few have their salts preserved layers in the basin. The main evaporites found in basins are formed in order of precipitation by salts anhydrite, halite, carnallite, sylvite and traquidrite. However, the identification of such salts by undisturbed samples and samples is often unfeasible due to the peculiar properties of these rocks, being logging tools most suitable for the characterization of evaporites. Are used to characterize the well logs of evaporites mainly gamma rays, resistivity, density, neutron, sonic and caliper. Keywords: evaporate; salts; characterization; well logs. IX LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição espacial e no tempo dos grandes depósitos evaporíticos no mundo. ...................................................................................................................... 12 Figura 2- Rocha evaporítica com camadas de gipsita e anidrita da Formação Castelle no Novo México, EUA. ................................................................................ 15 Figura 3 – Exemplo de condições do ambiente para formação de evaporitos no Lago de Kara-Bogazseparado do Mar Cáspio, separados por uma barreira rochosa natural. ..................................................................................................................... 16 Figura 4 - Carbonato coletado a mais de 200 m nas águas do Mar Morto. Porção clara laminada composta por aragonita estrelada e laminado mais escuro composto por calcita dentrítica. ................................................................................................. 20 Figura 5 - Estrutura enterolítica da anidrita camada de anidrita nodular e calcário argiloso. ..................................................................................................................... 21 Figura 6 - Carnalita grosseira intercalada com halita finamente laminada com anidrita em testemunho ............................................................................................. 22 Figura 7 - Taquidrita pura em furo de sondagem. .................................................... 22 Figura 8 - Silvinita grosseira com lâminas de halita fina. .......................................... 23 Figura 9 - Sal no sistema petrolífero de uma bacia sedimentar................................ 24 Figura 10 - Resposta dos raios gamas para diferentes litologias. ............................ 27 Figura 11 - Ferramenta de densidade emitindo raios gama nas camadas do poço. 28 Figura 12 - Funcionamento da ferramenta neutrônica. ............................................. 29 Figura 13 - Esquema do funcionamento da ferramenta do perfil sônico. ................. 30 Figura 14 - Interpretação de ciclo evaporítico com ressecamento de bacia. ............ 33 Figura 15 - Perfil de raios gama, densidade e neutrão caracterizando camada de anidrita. ..................................................................................................................... 35 Figura 16 - Camada de anidrita caracterizada pelos perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e perfil sônico. ...................................................... 36 Figura 17 - Camada de silvinita caracterizada pelos perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e perfil sônico. ...................................................... 37 Figura 18 - Camada de halita caracterizada pelos perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e perfil sônico. ...................................................... 39 Figura 19 - Camada de carnalita caracterizada pelos perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e perfil sônico. ...................................................... 40 Figura 20 – Camada de taquidrita caracterizada pelos perfis raios gama, resistividade, densidade, neutrão e sônico................................................................42 Figura 21 - Esquema comparativo entre os sais em resposta aos principais perfís diagnósticos na caracterização de sais......................................................................44 X LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Composição química dos principais minerais evaporíticos. ..................... 16 Tabela 2 - Componentes genéticos das rochas de sal com sequência de precipitação. .............................................................................................................. 19 Tabela 3 - Caracterização do sal de gipsita em perfis. ............................................. 34 Tabela 4 - Caracterização da anidrita em perfis ....................................................... 36 Tabela 5 - Caracterização da silvinita em perfis. ...................................................... 38 Tabela 6 - Caracterização da halita em perfis........................................................... 38 Tabela 7 - Caracterização da carnalita em perfis...................................................... 41 Tabela 8 - Caracterização da Taquidrita em perfis. .................................................. 41 Tabela 9 - Caracterização dos principais sais através de perfis. .............................. 43 XI SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12 1.1 OBJETIVO ........................................................................................................ 13 1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 13 1.3 METODOLOGIA ............................................................................................... 14 2 ROCHAS EVAPORÍTICAS .................................................................................. 15 2.1 ORIGEM DAS ROCHAS EVAPORÍTICAS ....................................................... 15 2.2 ORDEM DE DEPOSIÇÃO DOS MINERAIS EVAPORÍTICOS .......................... 17 2.3 OS SAIS FORMADORES DAS ROCHAS EVAPORÍTICAS ............................. 19 2.3.1 Calcita, Aragonita e Dolomita ......................................................................... 19 2.3.2 Gipsita e Anidrita ............................................................................................ 20 2.3.3 Halita .............................................................................................................. 21 2.3.4 Carnalita ......................................................................................................... 21 2.3.5 Taquidrita ....................................................................................................... 22 2.3.6 Silvita ............................................................................................................. 23 2.4 O SAL NO SISTEMA PETROLÍFERO .............................................................. 23 3 PERFILAGEM...................................................................................................... 26 3.1 PERFIS DE RAIOS GAMA ............................................................................... 26 3.2 PERFIS DE RESISTIVIDADE ........................................................................... 27 3.3 PERFIS DE DENSIDADE ................................................................................. 28 3.4 PERFIS DE NEUTRÃO ..................................................................................... 29 3.5 PERFIS ACÚSTICOS (SÔNICO) ...................................................................... 30 3.6 PERFIS DE CALIPER ....................................................................................... 31 4 COMPORTAMENTO DOS MINERAIS EVAPORÍTICOS EM PERFIS ................ 32 4.1 APLICAÇÕES GEOLÓGICAS DAS INTERPRETAÇÕES ................................ 32 4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SAIS ....................................................................... 33 4.2.1 Gipsita ............................................................................................................ 34 4.2.2 Anidrita ........................................................................................................... 34 4.2.3 Silvinita ........................................................................................................... 36 4.2.4 Halita .............................................................................................................. 38 4.2.5 Carnalita ......................................................................................................... 39 4.2.6 Taquidrita ....................................................................................................... 41 5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 43 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………………45 12 1 INTRODUÇÃO As rochas evaporíticas são rochas sedimentares depositadas por evaporação da água do mar, formadas em bacias de circulação restrita, que foram sujeitas ao clima árido e com período de influxos de água marinha. O processo de evaporação da água salgada forma os minerais salinos que compõe tais rochas evaporíticas. Os evaporitos estão distribuídos por todos os continentes desde o Cambriano ao Recente, estando em mais da metade das bacias sedimentares com estratos marinhos como mostra na figura 1. Estas rochas evaporíticas tem se mostrado de grande importância para o sistema petrolífero, porém são observadas algumas dificuldades na perfuração de poços de petróleo com a presença desse tipo de rocha. Figura 1 - Distribuição espacial e no tempo dos grandes depósitos evaporíticos no mundo. Fonte: Warren, 2006. Existe uma grande variedade de minerais salinos, mas os principais formadores de rochas evaporíticas são em ordem de deposição: gipsita, anidrita, halita, carnalita, silvita e taquidrita. Tais minerais são caracterizados em poços de petróleo principalmente através de perfilagem, devido suas condições de solubilidade. 13 1.1 OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo geral contextualizar as rochas do tipo evaporitos, formadoras de bacias sedimentares com camadas de minerais salinos, mostrando a sua importância para o sistema petrolífero. De maneira especifica, este trabalho visa caracterizar as rochas evaporíticas através de ferramentas de perfilagem a poço aberto tomando como base os perfis de raios gama, resistividade, densidade, nêutrons e sônicos em poços de petróleo. 1.2 JUSTIFICATIVA “Os evaporitos são rochas sedimentares que apresentam camadas de minerais salinos, sendo a halita o principal sal, depositados diretamente de salmouras em condições de forte evaporação e precipitação de bacias de sedimentação restrita, quentes e subsidentes” (BOTELHO, 2008). Tais depósitos de sais tem uma grande contribuição para a formação de grandes acumulações de petróleo, aumentando o sucesso exploratório. Isto é decorrente do fato de que esses sedimentos podem se deformar, dissolverem, migrar, criar estruturas e trapas estratigráficas, gerando diversas estruturas propícias à acumulação de hidrocarbonetos. Além desses fatores, os sais se apresentam como selos quase perfeitos para formar acumulações abaixo dele, e sua presença em bacias sedimentares tem importante significado econômico. Ao mesmo tempo em que o sal contribui decisivamente para a formação das acumulações de petróleo, ele também impõem elevados custos e dificuldades à atividade exploratória no ponto de vista operacional. Isto é devido ao fato que as rochas evaporíticas apresentam características mecânicas distintas das rochas siliciclásticas e carbonáticas, estando associadas a um grande número de problemas relacionados à estabilidade de poços quando comparado com outras litologias no momento da perfuração. Quando submetidos a uma tensão diferencial constante, o sal pode apresentar uma considerável deformação, devido suas propriedades físicas, sendo esse comportamento o causador do fechamento de poços em curto prazo durante a perfuração. 14 Dificilmente é possível fazer a descrição de rochas do tipo evaporito através de amostras de calha durante a perfuração de poços. Isto ocorre devido ao fato de que no trajeto entre a broca e a peneira de coleta de cascalhos, os fragmentos de sais são dissolvidos, impossibilitando assim a sua recuperação e amostragem. Por este motivo, muitas vezes a identificação de zonas evaporíticas apenas é possível através de perfilagem. A condição de depósitos favoráveis à exploração, contrastando com as suas dificuldades mostradas acima, foi o que impulsionou a escolha do tema do trabalho em questão, destacando a importância da utilização de perfis de poços de petróleo para caracterizar os depósitos de rochas evaporíticas. 1.3 METODOLOGIA Os dados utilizados para o desenvolvimento desta Monografia foram obtidos através de levantamentos bibliográficos. As informações foram adquiridas em publicações através de pesquisa por teses, dissertações, artigos, livros e pesquisas na internet. De início foi necessário a realização de um estudo abordando as rochas evaporíticas de uma maneira ampla, desde as propriedades químicas e físicas dos evaporitos, até a formação de importantes bacias evaporíticas no cenário mundial. Com o fundamento teórico bastante enriquecido em relação às rochas evaporíticas, o foco do levantamento das bibliografias foram os perfis básicos que são utilizados em poços de petróleo: os Perfis de Raio Gama, Perfis Resistividade, de Densidade, de Nêutrons, Sônico e Caliper. Nesta fase foi importante conhecer o principio do funcionamento de cada perfil, a sua aplicação nos poços petrolíferos e as limitações. Por fim, com um bom conhecimento tanto no que diz respeito a rochas evaporíticas e à perfilagem nos poços de petróleo, foi abordado a caracterização destas rochas utilizando tais ferramentas. Essa caracterização foi baseada no comportamento das curvas dos perfis quando se está atravessando uma camada de rochas do tipo evaporitos a certa profundidade. Existiu a necessidade de pesquisar exemplos práticos do comportamento de tais perfis para ilustração e, consequentemente, melhorar o entendimento da aplicação caracterização das rochas evaporíticas em poços de petróleo. de perfis na 15 2 ROCHAS EVAPORÍTICAS As rochas evaporíticas são rochas sedimentares compostas por minerais salinos, que são depositados diretamente de salmouras em condições de forte evaporação e precipitação de bacias de sedimentação restrita. Na sua maioria, as rochas evaporíticas são oriundas de mares restritos que, quando isolados do sistema mundial de oceanos, em clima árido, ocorre a evaporação de grandes quantidades de água. Podendo atingir a 100 metros de espessura em apenas 1000 anos, os evaporitos apresentam elevadas taxas de deposição em um pequeno intervalo de tempo (SOUZA; BORGES, 2011) (figura 2). Figura 2- Rocha evaporítica com camadas de gipsita e anidrita da Formação Castelle no Novo México, EUA. Fonte: Helevy, 2013. Os evaporitos não são propriamente rochas, são solúveis, vieram de líquidos e a eles retornam assim que possível. São bem diferentes dos silicatos, nestes, uma vez que se estabelece a ligação ou junção química, fica difícil separar. Por tanto, os evaporitos são rochas temporárias ou móveis, que movimentam com muita facilidade, tanto quimicamente (em solução de água), como fisicamente (em fluxo sólido) (MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008). 2.1 ORIGEM DAS ROCHAS EVAPORÍTICAS Para a formação de evaporitos, como dito anteriormente, é necessário que a água hipersalina em bacias de circulação restrita seja evaporada, concentrando sais formando a salmoura (figura 3), que precipitam uma suíte de minerais dissolvidos em 16 ordem previsível. Na tabela 1 é mostrada a composição química dos principais minerais formadores de rochas evaporíticas, sendo que a origem dos íons que compõe esses minerais é frequentemente discutida entre os pesquisadores. Figura 3 – Exemplo de condições do ambiente para formação de evaporitos no Lago de Kara-Bogaz separado do Mar Cáspio, separados por uma barreira rochosa natural. Fonte: Google Earth, 2013. Tabela 1 - Composição química dos principais minerais evaporíticos. Mineral Calcita Magnesita Dolomita Trona Gipsita Anidrita Halita Kainita Kieserita Langbeinita Silvita Carnalita Taquidrita Bischofita Polihalita Composição CaCO3 MgCO3 Ca(Fe,Mg)(CO3)2 Na3H(CO3)2.2H2O CaSO4.2H2O CaSO4 NaCl KMg(SO4)Cl.3H2O MgSO4.H2O K2Mg2(SO4)3 KCl KMgCl3.6H2O CaMg2.Cl6.12H2O MgCl2.6H2O K2CaMg2(SO4)4.6H2O Fonte: Mohriak, Szatmari e Anjos, 2008. 17 Segundo Mohriak, Szatmari e Anjos (2008), uma hipótese para a salinização de um mar primitivo se baseia em um planeta Terra formado por água doce, oriunda de chuvas, se acumulando na superfície terrestre. A salinização deste mar ocorreu posteriormente com a entrada de íons, sendo os principais formadores de minerais evaporíticos Cl, Na1+, K1+, S, e CO2. Parte destes íons veio de processos vulcânicos como no caso do cloro (Cl 2), gás altamente tóxico presente em erupções. Além do cloro, o enxofre (S) e o gás carbônico também tem como sua fonte o vulcanismo. Já os íons de sódio são provenientes do intemperismo de minerais formadores de rochas ígneas e metamórficas, assim como o potássio (K), ambos são oriundos principalmente do intemperismo dos feldspatos. Existem estudos de inclusões fluidas em rochas e minerais mostrando que já no Arqueno o teor de salinidade se apresentava próximo ao atual, significando que apesar de vários ciclos geológicos que a Terra passou, existe uma busca por equilíbrio. Tal equilíbrio faz com que bacias evaporíticas precipitem caso a salinidade suba, mas se a salinidade decai muito, o que ocorre quando há excesso de chuvas, os evaporitos dissolvem. Nas sucessões litológicas dentro de uma bacia evaporítica é obervado que ocorre variação de salinidade durante o tempo geológico. Essa sucessão marca um ciclo em que as fases de alta e baixa salinidade são resultantes da entrada de água dentro da bacia e a aridez do clima, formando então o ciclo evaporítico (WARREN, 1989). Com a evaporação, a salmoura se concentra progressivamente ocorrendo a saturação primeiramente dos compostos pouco solúveis e, posteriormente dos sais altamente solúveis. Ou seja, os compostos mais abundantes não necessariamente serão os primeiros a precipitar, porém a quantidade de cada composto disponível na água do mar juntamente com a solubilidade formam dois fatores que em conjunto determinam a ordem de deposição dos sais (MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008). 2.2 ORDEM DE DEPOSIÇÃO DOS MINERAIS EVAPORÍTICOS A precipitação dos evaporitos segue uma sequência bem definida, formando diferentes minerais em função das diferentes solubilidades seguindo leis químicas (RICHTER-BERNBURG, 1972; HARDIE, 1984; SONNENFELD, 1992, apud 18 MOHRIAK et al., 2008). Esta sequência é mostrada na tabela 2 com os principais componentes minerais das rochas evaporíticas, seguindo uma ordem do menos solúvel para o mais solúvel. Inicialmente, com a evaporação da água do mar, o que se precipita são os carbonatos que segundo Mohriak, Szatmari e Anjos (2008) não são exatamente evaporitos, porém, frequentemente se apresentam antecedendo e acompanhando a deposição dos evaporitos, como calcita (CaCO3), aragonita (CaCO3) e dolomita (Ca(Fe,Mg)(CO3)2. Comumente o primeiro mineral realmente evaporítico a se precipitar para formar os depósitos de evaporitos é a gipsita (CaSO 4.2H2O), um sulfato de cálcio que ao perder água cristalina forma anidrita (CaSO4). Esta transformação ocorre com o aumento da temperatura e da pressão, ocorrendo uma perda de cerca de 60% do volume, compactando a rocha. Quando ocorre o processo inverso, a anidrita aumenta em 60% seu volume. Quando a salmoura chega em torno de 27% de concentração começa a depositar a halita (NaCl), mineral evaporítico mais abundante, já que na água do mar atual os íons mais abundantes são o Cl- e Na+ que correspondem a 85,1 do total de íons presentes (HAY et. al., 2006). Caso as salmouras estejam altamente concentradas, na sequência, o que tende a ocorrer é precipitação da carnalita (KMgCl3.6H2O), sendo depositada singeneticamente. A partir da dissolução do cloreto de magnésio (MgCl2) da carnalita pode ser formado a silvita (KCl). Quando a salmoura tem apenas 0.5% do volume original começa a depositar a bischofita (MgCl2.6H2O). Ou seja, a ocorrência de cloretos de magnésio em sequências evaporíticas apenas ocorre com o ressecamento quase total do ambiente. Esta situação não ocorre nas bacias brasileiras, sendo substituído por cloreto de cálcio e magnésio conhecido como taquidrita (CaMg2Cl6.12H2O). 19 Zona Mineral Primário formador da rocha Minerais secundários e outros minerais associados (diagenéticos e epigenéticos) Bischofita Borato Eutônico Bischofita Sulfato de Magnésio Carnalita Halita Gipsita Boracita Kieserita Anidrita Carnalita Carnalita Sulfato de Magnésio Kainita Halita Silvita Sulfato de Magnésio Silvita Hexahidrita (sakita) Epsomita Polihalita Halita Epsomita Hexahidrita (sakita) Polihalita Halita Kieserita langbeinita Kainita Polihalita. Anidrita Kainita Langbeinita Kieserita Polihalita Leonita (?) SOLUBILIDADE Tabela 2- Componentes genéticos das rochas de sal com sequência de precipitação. Kieserita Polihalita Bloedita Halita Halita Gipsita Anidrita Polihalita (nas partes mais superiores da zona) GipsitaAnidrita Gipsita Anidrita Fonte: Mohriak, Szatmari e Anjos, 2008. 2.3 OS SAIS FORMADORES DAS ROCHAS EVAPORÍTICAS Com aumento progressivo e contínuo da salinidade, ocorrerá saturação dando condições para os sais formadores das rochas evaporíticas se precipitarem. “Os evaporitos incluem cloretos, sulfatos de sódio, de potássio, de cálcio, de magnésio, nitratos de sódio e de potássio” (GRAVINA, 1997, p.5). 2.3.1 Calcita, Aragonita e Dolomita Os minerais carbonáticos acompanham e antecedem a deposição de evaporitos, podendo ou não ser precipitados químicos. Quando precipitados quimicamente, segundo Warren (2006), os carbonatos são os primeiros minerais a se formarem partir de concentrações hipersalinas e são cada vez mais ricos em magnésio com aumento da salinidade. A dolomita é um carbonato de cálcio e 20 magnésio, então, a precipitação se inicia formando calcita e aragonita (figura 4) e à medida que o nível de salinidade aumenta vai dolomitizando. A inserção de magnésio na composição do calcáreo torna a estrutura da dolomita mais complexa, tendendo ao fraturamento, diferentemente dos calcáreos finos que possuem maior facilidade para se deformar. Então, com uma maior intensidade de fraturamento, os dolomitos podem chegar a formar reservatórios para acumulações de petróleo (MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008). Figura 4 - Carbonato coletado a mais de 200 m nas águas do Mar Morto. Porção clara laminada composta por aragonita estrelada e laminado mais escuro composto por calcita dentrítica. Aragonita Calcita Fonte: Warren, 2006. 2.3.2 Gipsita e Anidrita São sulfatos de cálcio formadores de evaporitos após a deposição das laminas de carbonatos, precipitando inicialmente a gipsita e se transformando em anidrita quando perde água na sua composição. Em subsuperfície, toda gipsita desidrata-se formando anidrita (MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008). O processo inverso também ocorre quando a anidrita é hidratada, resultando em uma expansão do seu volume, gerando assim estrutura enterolítica nas anidritas (figura 5). A gipsita além de ser a primeira a se formar, é a última a permanecer depois que a bacia evaporítica é afetada por incursões marinhas e dissoluções de sais mais solúveis. 21 Figura 5 - Estrutura enterolítica da anidrita camada de anidrita nodular e calcário argiloso. Carbonato com anidrita nodular Discordância Anidrita enterolítica Fonte: Mohriak, Szatmari e Anjos, 2008. 2.3.3 Halita A halita é o sal mais comum, consumido diariamente como sal de cozinha, sendo o mineral evaporítico mais abundante. Os principais elementos que compõe a halita são o sódio, cujo íon tem a carga +1, e o cloro, cujo íon a carga é -1. Estes íons se completam e, estando num meio líquido onde podem se movimentar, acabam por se juntar temporariamente numa ligação não muito estável formando o cloreto de sódio (SOUZA; BORGES, 2011). Os cristais de halita formam um retículo cristalino cúbico, com os íons de sódio e potássio arranjados nas quinas dos cubos. Às vezes se precipita quase que juntamente com a gipsita e a anidrita, que durante longo período de ressecamento, forma nódulos de carbonato e de halita e cristais grandes de gipsita com nódulos de anidrita. A cristalização dos três é dada dentro dos poros dos carbonatos pré-existentes. A halita é também utilizada pela indústria na fabricação de soda cáustica, conservantes, inseticidas e outros (GRAVINA, 1997). 2.3.4 Carnalita A carnalita é um cloreto de magnésio e potássio hidratado precipitado geralmente após os sais de halita. Este sal se apresenta de forma fina e grosseira, geralmente se apresentando com cristais grossos que crescem no fundo do mar formando cristais piramidais. Ambas as formas de carnalita se precipitam intercaladas com as lâminas de halita (figura 6). 22 Figura 6 - Carnalita grosseira intercalada com halita finamente laminada com anidrita em testemunho Carnalita grosseira Halita fina laminada Fonte: Mohriak, Szatmari e Anjos, 2008. . 2.3.5 Taquidrita A taquiditra é uma variedade da carnalita com o cálcio substituindo o potássio, ou seja, é um cloreto hidratado de magnésio e potássio. A presença de cálcio indica que houve enriquecimento desse íon durante a fase final de evaporação da salmoura, tendo em vista que geralmente todo o cálcio é consumido durante a precipitação de gipsita e anidrita (MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008). Este enriquecimento é provavelmente oriundo da ação das bactérias em gipsita, reduzindo-as. A taquidrita é cristalizada na fase final da evaporação, pois para a sua precipitação é necessário que a salmoura esteja fortemente concentrada, formando uma rocha maciça que se dissolve rapidamente em temperatura ambiente (figura 7). Figura 7 - Taquidrita pura em furo de sondagem. Fonte: Mohriak, Szatmari e Anjos, 2008. 23 2.3.6 Silvita A silvita é um cloreto de potássio (KCl) que forma juntamente com halita (NaCl) a associação conhecida como silvinita. Segundo Mohriak, Szatmari e Anjos (2008), esta rocha é de origem secundária formada pela lixiviação da carnalita por água do lençol freático, carreando o potássio e formando um intercrescimento de silvita e halita que pode ser observado em lâmina (figura 8). A silvinita tem grande importância industrial e segundo Carvalho (2010), é o principal minério de potássio, sendo responsável por 70% da produção mundial provenientes destes depósitos (informação verbal)1. O seu aproveitamento industrial é favorecido pela sua estrutura química de cloreto simples (FRIEDRICH, 1997 apud MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008). Figura 8 - Silvinita grosseira com lâminas de halita fina. Silvinita substituindo pirâmide de carnalita Halita fina Fonte: Mohriak, Szatmari e Anjos, 2008. 2.4 O SAL NO SISTEMA PETROLÍFERO Sistema petrolífero é um modelo que engloba todos os elementos e processos geológicos necessários à existência de acumulações de óleo e gás. Para que estas acumulações ocorram, se necessitam de rocha geradora, rocha reservatório, rocha selante e a sobrecarga. Além da presença destas rochas é essencial os processos de formação de trapas, e a geração, migração e acumulação de hidrocarbonetos (figura 9). _____________ 1 Palestra proferida por A. L. P. de Carvalho da empresa Vale no Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral, em Ouro Preto, em maio de 2010. 24 Figura 9 - Sal no sistema petrolífero de uma bacia sedimentar. Fonte: Spadini, 2009. O sal apresenta importante papel nesse sistema petrolífero, mais precisamente no processo de acumulação e retenção. Isto se deve ao fato de que depois da diagênese as camadas de sal logo se tornam impermeáveis, condicionando fortemente a migração e a acumulação de fluidos como o petróleo (WARREN, 1989). Segundo Mohriak, Szatmari e Anjos (2008), os sais são selos quase perfeitos para acumulações abaixo deles, tendo, importante significado econômico quando existente na bacia sedimentar. Porém, como os sais são minerais solúveis, eles se comportam geologicamente de maneira atípica, fluindo a baixas temperaturas e pressões em uma movimentação conhecida como halocinese. Essa característica do sal dificulta no ponto de vista operacional a estabilidade de poços durante a perfuração e após o revestimento, pois a sua fluência causa o fechamento do poço em período relativamente curto. A mobilidade do sal vai depender da sua solubilidade. Então, em perfurações de rochas mais solúveis como os sais que contém água (carnalita, taquidrita e silvinita) são grandes os problemas encontrados durante a perfuração, promovendo além do fechamento do poço, o aprisionamento da coluna de perfuração e o colapso 25 dos revestimentos. Toda essa problemática reflete nos altos custos necessários para aplicações de novas tecnologias. Uma das medidas para atenuar esta fluência do sal é a utilização de um fluído de perfuração a base de parafina com peso específico o mais elevado possível. Em sais menos solúveis com baixa mobilidade, a formação passa a ser ideal para a perfuração, como no caso da anidrita e os carbonatos que são essencialmente imóveis. No caso da halita, a sua mobilidade pode depender de condições de pressão e temperatura. Segundo Mohriak, Szatmari e Anjos (2008), no Golfo do México, 97% do sal perfurado é halita, sendo de natureza menos móvel. Já na Bacia de Campos, foi constatado que a halita apresentava movimentações consideráveis (COSTA et al., 1998, apud MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008). 26 3 PERFILAGEM ”O perfil de um poço é a imagem visual, em relação profundidade, de uma ou mais características ou propriedades das rochas perfuradas (resistividades elétrica, potencial eletroquímico natural, tempo de trânsito de ondas mecânicas, radioatividade natural ou induzida, etc.)” (THOMAS, 2001). Os métodos de perfilagem registram propriedades a partir de dados indiretos, que, quando analisados são utilizados na caracterização do potencial para a acumulação de hidrocarbonetos. As principais ferramentas utilizadas para a perfilagem precisam ser utilizadas em conjunto para melhor interpretação das formações que compõe o poço, sendo elas: Perfis de Raios Gama, Perfis de Resistividade, Perfis de Densidade, Perfis de Neutrão, Perfis Sônicos e Caliper que estão descritos a seguir. 3.1 PERFIS DE RAIOS GAMA O perfil de raios gama é uma ferramenta de uso indispensável durante o processo de perfilagem de poço, assumindo grande importância na distinção entre litologias com características para rocha reservatório ou não (figura 10). A sua aplicação está relacionada com a correlação geológica do poço, desde identificação litológica a identificação da existência ou não de discordâncias. O funcionamento deste perfil é baseado na captação de radioatividade que as formações geológicas são capazes de emitir espontaneamente, sendo a partir de elementos instáveis que emitem radioatividade através do seu decaimento. Tal medida é através de decaimento isotópico, determinando indiretamente o nível argiloso presente nas rochas sedimentares, tendo em vista que os elementos radioativos em geral tendem a se concentrar em argilas e folhelhos. Em rochas mais grossas, como no caso de arenitos, esse nível de radioatividade vai depender da sua composição principal. Por exemplo, em arenitos com composição principal quartzosa, o nível detectado de radioatividade será baixo. Em contrapartida, os arenitos feldspáticos possuem alto nível de atividade radioativa, pois é rico em potássio (elemento radioativo). A unidade de medida da ferramenta é o grau API. 27 Figura 10 - Resposta dos raios gamas para diferentes litologias. Fonte: Adaptado de Silva, 2012. 3.2 PERFIS DE RESISTIVIDADE Os perfis de resistividade medem uma propriedade elétrica da formação geológica que é chamada de resistividade. Esta propriedade, ao contrário da condutividade, reduz a passagem de corrente elétrica das formações, tornando o material resistivo. A sua aplicação na área petrolífera, além de ser para determinação do grau de resistividade da formação, é também indispensável para encontrar áreas que sejam portadoras de hidrocarbonetos. Por exemplo, quando deparado com uma zona preenchida com óleo ou gás, os valores do perfil de resistividade se mostram altos. Em zona com presença de água doce, ou seja, nas profundidades mais rasas, a resistividade também é alta. Em contrapartida, devido à alta salinidade, as zonas com água salgada se apresentam com baixa resistividade. A unidade de medida da resistividade é ohm.m. Existem fatores conhecidos que controlam o nível de resistividade da formação, sendo a porosidade de uma rocha, a salinidade do fluido que preenche os poros e a temperatura, inversamente proporcionais a resistividade. Para determinação desta resistividade em uma formação existe uma série de ferramentas 28 que são utilizadas, porém é preciso conhecer as limitações que cada ferramenta apresenta para escolha da mais adequada. 3.3 PERFIS DE DENSIDADE O perfil de densidade é utilizado para medir a densidade eletrônica das rochas, permitindo o cálculo indireto da porosidade das rochas. O princípio da ferramenta é a emissão de raios gama de uma fonte radioativa colocada em um patim, onde é pressionado contra parede do poço (figura 11). A colisão dos raios gama emitidos com a formação vai espalhar elétrons, se dissipando e sendo detectados por um conjunto de detectores. O maior número de raios gama dissipados está associado à rocha mais densa, consequentemente menos porosa. Logo, quanto menor o número de raios gama dissipados, menor é a densidade, ou seja, a rocha será mais porosa. Existem alguns fatores que interferem nas leituras de densidade, como a argilosidade, o diâmetro do poço, formações com muitas fraturas, presença de reboco muito espesso e zonas de gás. Nestas zonas de gás, a densidade tende a diminuir, aumentando a porosidade lida e se fazendo necessárias correções de porosidade adequadas (Método de Gaymard). Figura 11 - Ferramenta de densidade emitindo raios gama nas camadas do poço. Fonte: Silva, 2012. 29 3.4 PERFIS NEUTRÃO O perfil de neutrão é utilizado para calcular a porosidade das formações baseado na quantidade de hidrogênio que existe nas camadas. O funcionamento da ferramenta consiste na emissão de nêutrons de alta energia através de uma fonte e em dois detectores colocados de forma que um fique mais próximo da fonte e o outro mais distante (figura 12). Os nêutrons emitidos se chocam com os núcleos dos átomos da formação e vão perdendo parte de sua energia a cada colisão. A quantidade de energia perdida será proporcional a massa do núcleo com o qual se choca e será maior quando o choque ocorrer com o átomo de hidrogênio, pois este possui uma massa atômica praticamente igual a do nêutron. Ou seja, a velocidade da perda de energia é proporcional a quantidade de hidrogênio da formação. Os perfis neutrônicos representam a quantidade de hidrogênio da formação, correspondente ao espaço poroso preenchido por óleo, água ou gás. O óleo e a água possuem uma quantidade aproximada de hidrogênio por unidade de volume, porém o gás possui baixo índice de hidrogênio, fornecendo ao perfil neutrão uma porosidade mais baixa do que a real. Assim como no perfil de densidade, nas zonas portadoras de gás é necessário fazer a correção de porosidade através do Método de Gaymard. Outro fator que influencia na leitura é a argilosidade, tendo em vista que folhelhos e argilas possuem muita água na sua estrutura. Figura 12 - Funcionamento da ferramenta neutrônica. Fonte: Silva, 2012. 30 3.5 PERFIS ACÚSTICOS (SÔNICO) O perfil sônico é também utilizado no cálculo de porosidade das formações, além de ser aplicado na identificação de fraturas, correlação com outros poços e detecção de presença de fluidos. O princípio do funcionamento da ferramenta é baseado na emissão de onda sonora que viaja através das camadas e é detectada pelos receptores. O que se mede é o tempo decorrido entre a emissão da onda e a detecção do primeiro sinal, que é denominado de tempo de trânsito (Δt). A ferramenta possui dois transmissores e quatro receptores que são agrupados em pares de forma que sejam dois receptores para cada transmissor (figura 13). A litologia, porosidade e argilosidade são fatores que influenciam diretamente o tempo de trânsito (Δt) das ondas emitidas. Quanto mais densa a matriz, menor será o Δt. No caso da porosidade, a relação é diretamente proporcional, quanto maior quantidade de poros, maior será o tempo de trânsito, tendo em vista que os poros se apresentam preenchidos por fluídos (altos Δt). A presença de argila nos poros da rochas também aumenta o tempo de transição das ondas, gerando uma porosidade calculada maior do que a real. Figura 13 - Esquema do funcionamento da ferramenta do perfil sônico. 31 3.6 PERFIS DE CALIPER O perfil Caliper é uma ferramenta auxiliar que se apresenta como um indicativo importante da qualidade da leitura dos perfis nos poços, por ser responsável pela leitura do diâmetro do poço, medindo ponto a ponto em toda a sua extensão. É de conhecimento que alguns perfis possuem suas características operacionais limitadas a determinados diâmetro de poço, sendo que diferentes perfis são afetados de forma diferenciada pelas variações observadas na ferramenta do caliper. Por exemplo, os perfis que correm centralizados no poço são, de forma geral, os mais afetados pelas variações no diâmetro dos poços. É possível através da medida do caliper, identificar zonas com cavernas que podem ser originadas pelo processo de desmoronamento da parede do poço ou pela dissolução da formação. Este processo de dissolver a camada e criar cavidades é comum em rochas evaporíticas, tornando o perfil caliper importante na sua caracterização. 32 4 COMPORTAMENTO DOS MINERAIS EVAPORÍTICOS EM PERFIS A identificação de minerais evaporíticos dentro das bacias sedimentares é feita em geral com base em testemunhos e amostras de calhas em sais menos solúveis (anidrita e halita). Quando deparado com sais mais solúveis, como exemplo a silvita, carnalita e taquidrita, existem grandes dificuldades na recuperação dessas amostras. Isto ocorre devido ao fato de que os fragmentos não conseguem chegar à superfície, sendo dissolvidos no caminho, seja do início do barrilete até a superfície em caso de testemunhagem, ou da broca até a peneira de coleta de cascalho em amostragem de calha. Com essas grandes dificuldades na recuperação de alguns sais para a sua identificação dentro das bacias, às ferramentas de perfilagem se mostram imprescindíveis na interpretação devido às propriedades físicas características dos sais (densidade, tempo de trânsito, radioatividade etc). 4.1 APLICAÇÕES GEOLÓGICAS DAS INTERPRETAÇÕES A identificação dos diversos sais através da interpretação das curvas obtidas durante perfilagem de poços apresenta importantes aplicações geológicas indiretamente. É possível com estas interpretações fazer correlação de marcos estratigráficos, determinar sequências progradantes e regressivas, estimar taxas de deposição e a distribuição das camadas sedimentares. Como exemplo de interpretação de um ciclo evaporítico com sais de crescentes solubilidades, a figura 14 ilustra bem o que ocorre em diversas bacias brasileiras através de curvas de perfil. Observa-se uma sequência espessa de carbonatos e folhelhos marinhos a transicionais no poço P2, logo abaixo da camada de halita, enquanto que no poço P1 ocorre apenas uma sequencia residual da anidrita e arenito. A variação de fácies de sedimentos marinhos a transicionais para um ambiente carbonático de água rasa, seguida por sedimentos evaporíticos no topo, representa uma sequência característica de ressecamento de bacia (TAYLOR, 1985; WARREN, 1989, apud MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008). 33 Figura 14 - Interpretação de ciclo evaporítico com ressecamento de bacia. Fonte: Mohriak, Szatmari e Anjos, 2008 (adaptada). 4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SAIS A partir das propriedades físicas e química dos diversos sais, rochas evaporíticas são caracterizadas e identificadas em perfis. Esta caracterização é sempre dada pelo conjunto de respostas dos diversos perfis. Alguns perfis não apresentam grandes diferenças nas suas respostas de um sal para o outro. Exemplo disso são os perfis de resistividade que são sempre superiores a 2.000 ohm.m, e os perfis de densidade. Em relação à densidade, o sal apresenta maiores valores que as rochas clásticas e carbonáticas à época da deposição, não mudando com a profundidade, pois o sal não se compacta com a diagênese (MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS, 2008) Existem dezenas de minerais evaporíticos, mas apenas alguns são frequentemente encontrados nas bacias sedimentares. Isto é decorrente da alta 34 solubilidade dos outros sais, não sendo possível a sua preservação nas sequências sedimentares. O comportamento das curvas dos perfis desses sais encontrados nas bacias está descrito a seguir. 4.2.1 Gipsita O mineral de gipsita é um sulfato de cálcio hidratado (CaSO 4.2H2O) que segundo Mohriak, Szatmari e Anjos (2008), raramente é encontrado em profundidades superiores a 600 metros, sendo desidratada e se transformando em anidrita. Em relação ao comportamento em perfis, as curvas de raios gama obtém uma resposta baixa quando atravessa uma camada de gipsita, fato referente à baixa radioatividade natural nessas formações. Como em todos os sais, quando a ferramenta de resistividade passa por camadas de gipsita o que se lê é uma resistividade alta, sendo maior do que 2.000 ohm.m. Isto é decorrente da estrutura maciça dos sais, bastante compactada, fechada, não havendo espaço para fluidos condutores ou não de corrente elétrica. A densidade lida mostra que a gipsita possui uma densidade em torno de 2,3 g/c3. Em relação ao perfil de neutrão a gipsita, se destaca pelos altos valores devido à presença de água na sua estrutura, dando condições de maiores choques entre o hidrogênio e o nêutron de alta energia emitido pela ferramenta. O tempo de trânsito de uma onda dentro das camadas de gipsita se mostra relativamente baixo. Na tabela 3 mostra a caracterização da gipsita através dos diversos perfis. Tabela 3 - Caracterização do sal de gipsita em perfis. SAL Raios Gama Resistividade PERFIL (api) (ohm.m) GIPSITA Baixo > 2000 Densidade Porosidade Neutrão Sônico (μs/pe (g/cc) (pu) ) 2,35 Alto > 45 52,5 4.2.2 Anidrita O mineral de anidrita é um sulfato de cálcio desidratado (CaSO4) que formam as rochas evaporíticas mais comuns. O seu comportamento em resposta aos diferentes perfis estão na tabela 4. 35 No perfil de raios gama, quando se atravessa camadas de anidrita, as curvas mostram valores baixos, em torno de 5 gapi (figura 15). Esse comportamento é referente a radioatividade natural da formação ser praticamente inexistente. No perfil de resistividade, a anidrita se mostra como os outros sais, com valores de resistividade maiores que 2.000 ohm.m. A sua densidade, quando comprada com os outros sais, apresenta o maior valor, com curvas da ferramenta lendo aproximadamente 3 (g/c3). Esta densidade mais elevada que o sal de gipsita, por exemplo, é explicado segundo Mohriak, Szatmari e Anjos (2008), pela redução de cerca de 60% do volume ao soterrar a gipsita, desidratando e formando sal de anidrita. Como a anidrita é um sal desidratado e evidentemente sem porosidade, as curvas do perfil neutrão quando passa por essa formação vai apresentar valores baixos, sendo lidos valores entre -2 e -3 (pu). Em relação ao tempo de trânsito de uma onda dentro das camadas de anidrita, esta se comporta de maneira similar às camadas de gipsita, sendo lido valores próximos de 52 μs/pe (figura 16). Figura 15 - Perfil de raios gama, densidade e neutrão caracterizando camada de anidrita. Fonte: Silva, 2012. 36 Figura 16 - Camada de anidrita caracterizada pelos perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e perfil sônico. Fonte: Rodrigues, 2010. Tabela 4 - Caracterização da anidrita em perfis SAL Raios Gama Resistividade PERFIL (api) (ohm.m) ANIDRITA Baixo ~ 5/10 > 2000 Densidade Porosidade Neutrão Sônico (g/cc) (pu) (μs/ft) 2,98 -2 a -3 52 4.2.3 Silvinita A silvinita é o cloreto de sódio e potássio proveniente da combinação de silvita (KCl) e halita (NaCl). Quando a ferramenta de raios gama atravessa camadas com presença de silvinita, altos valores são lidos pelo equipamento. Isto decorre da composição química do mineral de silvinita que contém o elemento radioativo potássio. Quando o perfil de resistividade atravessa uma rocha evaporítica formada por este sal, o comportamento das curvas que fazem a leitura será o mesmo que 37 quando atravessa os demais sais, apresentando valores maiores que 2.000 ohm.m. Nos perfis de densidade quando atravessada camadas de silvinita são lidos valores próximos de 1,9 (g/c3). Em perfis de porosidade neutrão, os valores lidos nas camadas de silvinita são próximos aos de todos os sais desidratados, tendo variações de -3 a -2 (pu). Em perfis sônicos o tempo de trânsito (∆t) da onda dentro de camadas formadas por sais de silvinita, desde a sua emissão até a detecção pelos receptores, é levemente mais alta que os outros sais, exceto a taquidrita. Os valores lidos pela ferramenta são próximos de 72 μs/pe. O comportamento da silvinita em resposta aos perfis citados acima está caracterizada na figura 17. O resumo da caracterização deste sal em tais perfis é demonstrado na tabela 5. Figura 17 - Camada de silvinita caracterizada pelos perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e perfil sônico. Fonte: Rodrigues, 2010. 38 Tabela 5 - Caracterização da silvinita em perfis. SAL Raios Gama Resistividade PERFIL (api) (ohm.m) HALITA Baixo ~ 5/11 > 2000 Densidade Porosidade Neutrão Sônico (g/cc) (pu) (μs/ft) 2,05 -3 67 4.2.4 Halita A halita é um cloreto de sódio (NaCl) cuja caracterização em perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e sônico está sendo resumida na tabela 6 e a figura 18 mostra a caracterização deste sal em perfis. A ferramenta de raios gama ao atravessar as camadas de halita dentro do poço apresenta, em resposta à baixa radioatividade natural da rocha, valores variando aproximadamente entre 5 e 11 gapi. No perfil de resistividade a resposta da ferramenta quando atravessa sais de halita mostra valores acima de 2.000 ohm.m, como os outros sais em decorrência da baixa porosidade desse tipo de rocha, não havendo espaço para fluidos. Em perfil de densidade a halita é caracterizada por curvas mostrando uma densidade próxima de 2,05 g/c3, sendo resultante da baixa porosidade observada em rochas salinas. O perfil neutrão nas camadas de halita mostra curvas com baixos valores, aproximadamente – 3 pu. Isto porque, além de ser desidratada, a rocha apresenta como os outros sais uma porosidade quase nula, não havendo espaço poroso para preenchimento de fluido. Quando o perfil sônico passa pelas camadas composta de halita, o tempo que a onda sonora leva para percorrer a rocha é 67 μs/pe, ou seja, valor relativamente baixo como na maioria das rochas salinas. Isto ocorre na maioria dos evaporitos devido a sua baixa porosidade, facilitando a propagação da onda dentro da formação. Tabela 6 - Caracterização da halita em perfis. SAL Raios Gama Resistividade PERFIL (api) (ohm.m) HALITA Baixo ~ 5/11 > 2000 Densidade Porosidade Neutrão Sônico (g/cc) (pu) (μs/ft) 2,05 -3 67 39 Figura 18 - Camada de halita caracterizada pelos perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e perfil sônico. Fonte: Rodrigues, 2010. 4.2.5 Carnalita A carnalita é um cloreto de magnésio e potássio hidratado, que, quando o perfil de raios gama atravessa a suas camadas, a ferramenta registra curvas com valores muito altos em resposta a sua radioatividade natural. Assim, como ocorre no sal de silvinita, tal radioatividade vem da presença na composição química do elemento radioativo potássio. Como mencionado anteriormente, o perfil de resistividade se apresenta com valores acima de 2.000 ohm.m em todas as rochas evaporíticas devido suas características físicas. 40 A carnalita é um mineral evaporítico menos denso, que, quando atravessada pela ferramenta de perfil de densidade, as suas curvas apresentam valores próximos de 1.6 g/c3. Ao atravessar as camadas com sais de carnalita, o perfil neutrão registra valores maiores que 30 pu. Este comportamento das curvas com altos valores caracteriza a carnalita por possuir água na sua composição química, ou seja, grandes quantidades de hidrogênio. Em perfil sônico, as camadas de carnalita se caracterizam pelo tempo de propagação da onda relativamente baixo, com valores próximos de 52 μs/pe devido sua porosidade quase nula. A figura 19 mostra como a rocha evaporítica formada por minerais de carnalita se comporta em resposta aos perfis e a tabela 7 resume a caracterização deste sal, destacando o perfil de raios gama e porosidade neutrão. Figura 19 - Camada de carnalita caracterizada pelos perfis de raios gama, resistividade, densidade, neutrão e perfil sônico. Fonte: Rodrigues, 2010. 41 Tabela 7 - Caracterização da carnalita em perfis. SAL PERFIL CARNALITA Raios Gama Resistividade (api) (ohm.m) Muito Alto Densidade Porosidade Neutrão Sônico (g/cc) (pu) (μs/pe) > 2000 1,6 Alto > 30 52 4.2.6 Taquidrita A taquidrita é um cloreto hidratado de cálcio e magnésio que se dissolve rapidamente em condições encontradas na superfície. As rochas evaporíticas compostas por minerais de taquidrita, quando são atravessadas por perfil de raios gama, apresentam curvas com valores baixos próximos de 20 gapi, mostrando a sua baixa radioatividade natural. A resistividade registrada nos sais de taquidrita reforça a condição dos sais serem caracterizados por altíssimas resistividades (> 2.000 ohm.m), devido suas características físicas como a baixa porosidade resultando na falta de fluidos preenchendo espaços. Quando a ferramenta do perfil de densidade atravessa as camadas de taquidrita, assim como os sais de carnalita, as curvas de densidade leem valores próximos de 1,6 g/c3. Como os sais de taquidrita possuem composição hidratada, o perfil de porosidade neutrão ao atravessar estas camadas, apresenta curvas com valores altos, sendo acima de 45 pu. Em relação ao tempo de trânsito da onda sonora dentro das camadas de taquidrita, o perfil registra curvas com os maiores valores para rochas do tipo evaporíticas, atingindo ∆t próximo de 92 μs/pe. A caracterização das rochas evaporíticas compostas por minerais de taquidrita através de perfilagem está resumida na tabela 8 e o comportamento das curvas dos perfis ao atravessar as camadas de taquidrita está ilustrado nas figuras 19 e 20. Tabela 8 - Caracterização da Taquidrita em perfis. SAL PERFIL TAQUIDRITA Raios Gama Resistividade (api) (ohm.m) Baixo > 2000 Densidade (g/cc) 1,6 Porosidade Neutrão (pu) Alto > 45 Sônico (μs/pe) 92 42 Figura 20 – Camada de taquidrita caracterizada pelos perfis raios gama, resistividade, densidade, neutrão e sônico. Fonte: Rodrigues, 2010. 43 5 CONCLUSÃO Existem dezenas de tipos de sais formadores de rochas evaporíticas, mas apenas poucos são comumente encontrados dentro das bacias sedimentares devido a solubilidade dos minerais salinos. Entretanto, alguns sais que são comumente encontrados nas bacias se apresentam solúveis em condições encontradas na superfície. Este fato dificulta a identificação de alguns sais durante a perfuração de poços de petróleo, tendo em vista que a recuperação de amostras de calhas ou até mesmo de amostras de testemunhos fica impossibilitada. Todavia, o processo de perfilagem dentro dos poços de petróleo se mostra como método alternativo na identificação dos diferentes minerais salinos, com as propriedades físicas e químicas de cada sal refletindo no comportamento das curvas geradas por cada tipo de perfil utilizado. Porém, a caracterização dos sais através de perfís se apresenta com limitações, tendo em vista que alguns sais não apresentam respostas diagnósticas nas curvas dos perfis. A figura 21 mostra uma comparação entre os sais em respostas aos principais perfís diagnósticos (Raios Gama, Densidade e Neutrão). Conclui-se então que o conjunto de respostas das curvas obtidas em cada perfil é capaz de caracterizar e identificar o tipo de sal que compõe as camadas de formações evaporíticas. A tabela 9 caracteriza os principais minerais salinos, mostrando como cada perfil se comporta quando a ferramenta registra as camadas de sais. Esta caracterização gera uma espécie de conjunto de respostas que são esperadas durante a perfilagem para cada sal, tendo em vista que apenas um perfil não se mostra capaz de caracterizar e diferenciar as diferentes rochas evaporíticas. Tabela 9 - Caracterização dos principais sais através de perfis. SAL Raios Gama Resistividade Densidade Porosidade Neutrão Sônico PERFIL (api) (ohm.m) (g/cc) (pu) (μs/pe GIPSITA Baixo > 2000 2,35 Alto > 45 52,5 ANIDRITA Baixo ~ 5/10 > 2000 2,98 -2 a -3 52 SILVITA Muito Alto > 2000 1,86 -4 72 HALITA Baixo ~ 5/11 > 2000 2,05 -3 67 CARNALITA Muito Alto > 2000 1,6 Alto > 30 52 TAQUIDRITA Baixo > 2000 1,6 Alto > 45 92 44 Figura 21 – Esquema comparativo entre os sais em resposta aos principais perfís diagnósticos na caracterização de sais. Em vermelho são comportamentos que se destacam. 45 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, L. L. Os evaporitos de Sergipe (Geologia, Exploração e Industrialização). Seminário apresentado ao Departamento de Química da PUC/RJ, 1980. BOTELHO, F. Análise numérica do comportamento mecânico do sal em poços de petróleo. 2008. Dissertação. (Mestrado em Engenharia Civil) - Pontifícia Universidade Católica do Rio, Rio de Janeiro, 2008. COSTA, A. M.; MEDEIROS, F. A. S.; FONSECA, C. F. H. 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