Fonte: O Globo 'Financiamento na sombra' no centro da crise de crédito da China Analistas temem excesso de empréstimos fora de bancos oficiais Impacto. Operador observa visor na Bolsa de Xangai: mercado teme crise Aly Song/Reuters /strong> A disparada nas taxas de juros dos empréstimos interbancários e o aumento do receio de uma crise de crédito na China deixam em evidência uma parcela pouco conhecida da economia chinesa: os financiamentos na sombra, que são as operações feitas fora do sistema oficial, sem supervisão das autoridades. Como não há números oficiais sobre o volume de recursos movimentado por esses bancos informais nem sobre a qualidade desses empréstimos, há suspeitas e temores de especialistas de um impacto ainda maior que o imaginado de uma possível crise no crédito. Estimativa da agência de classificação de risco Fitch Ratings é de que o crédito total no país asiático - incluindo os negócios fora dos balanços oficiais dos bancos tenha representado 198% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos num país) em 2012, ante 125% do PIB quatro anos antes. /strong> Empresas de seguros, de leasing , agiotas e outros financiadores informais sujeitos à supervisão limitada são os principais atores desse financiamento nas sombras. Essas instituições tomam recursos a taxas mais baixas de juros e emprestam a pequenos bancos ou diretamente a companhias, que então fazem empréstimos mais arriscados. Geralmente, quem recorre a essas fontes de financiamento são grupos que não conseguem recursos nos bancos formais, segundo analistas. Por outro lado, investidores em busca de remuneração maior que no sistema tradicional garantem a outra ponto do negócio. O Citic Trust Co. é uma dessas instituições, segundo o "Wall Street Journal". Num prédio de 52 andares, seus cerca de 400 negociadores conseguem empréstimos para projetos imobiliários e siderúrgicos, que foram recusados no sistema bancário oficial. Informais e sem regulação, há casos de fundos de investimentos de bancos na sombra para ativos como licor ou móveis de mogno, segundo o jornal americano. O Citic Trust Co. é uma dessas instituições, segundo o "Wall Street Journal". Num prédio de 52 andares, seus cerca de 400 negociadores conseguem empréstimos para projetos imobiliários e siderúrgicos, que foram recusados no sistema bancário oficial. Informais e sem regulação, há casos de fundos de investimentos de bancos na sombra para ativos como licor ou móveis de mogno, segundo o jornal americano. Em entrevista recente à BBC, o economista-chefe da IHS Global Insight para Ásia-Pacífico, Rajiv Biswas, disse que os bancos na sombra "podem ser a bomba-relógio da China". São exatamente essas instituições financeiras que o Banco do Povo da China (o banco central chinês) está mirando ao tentar o crédito fácil. "O governo sabe que alguns bancos estão fazendo coisas que não são prudentes. Alguns estão tomando dinheiro fácil e colocando em esquemas do tipo Ponzi. 'O governo está dizendo: não façam mais isso. E não contem com o governo para salvá-los'", disse Yukon Huang, do centro de estudos Carnegie Endowment for International Peace, de Washington. Apesar da abertura recente da economia chinesa, o sistema bancário e financeiro do país ainda é opaco e pouco transparente. Nos últimos anos, o governo chinês tem convivido com esses financiamentos à sombra. O sistema bancário chinês vive um período de falta de liquidez, mas o BC chinês vinha leiloando títulos para injetar recursos no mercado. Na semana passada, no entanto, a taxa dos empréstimos interbancários chegou ao nível recorde de 12,85%. A grande preocupação de analistas é que uma crise no crédito leve a uma desaceleração da economia chinesa, o que afetaria todo o mundo. Ontem, a Bolsa de Xangai fechou em queda de 0,27%. Fonte: O Globo