geografia - Editora do Brasil

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Guia
Didático
9
GEOGRAFIA
Sumário
Apresentação ....................................................................................................3
Projeto Apoema .................................................................................................4
1. Ensino de Geografia ........................................................................................6
O papel do professor .........................................................................................................................................6
Geografia e Cartografia......................................................................................................................................8
Geografia e transversalidade .............................................................................................................................9
Novas tecnologias no ensino de Geografia....................................................................................................... 16
O uso de diferentes linguagens ....................................................................................................................... 17
2. Competências e habilidades ..........................................................................19
3. Organização do Projeto .................................................................................21
Atividades propostas ....................................................................................................................................... 22
Quadro-resumo dos conteúdos ........................................................................................................................ 23
4. Orientações deste volume .............................................................................27
Unidade 1 ........................................................................................................................................................ 27
Unidade 2 ........................................................................................................................................................ 35
Unidade 3 ........................................................................................................................................................ 41
Unidade 4 ........................................................................................................................................................ 46
5. Avaliação ....................................................................................................50
Sugestão de avaliação ..................................................................................................................................... 53
6. Bibliografia .................................................................................................59
Educação e ensino de Geografia ...................................................................................................................... 59
Periódicos ....................................................................................................................................................... 62
Sites ............................................................................................................................................................... 63
Apresentação
O mundo em que vivemos é bastante complexo e dinâmico. Compreender suas múltiplas
relações, sua dinâmica e diversidade é fundamental para a construção da cidadania. Como,
porém, ter acesso às informações mundiais? Como estabelecer relações entre as partes e o
todo, entre o que é local e o que é global? Como compreender a diversidade das culturas?
Certamente os meios de comunicação desempenham papel fundamental na obtenção
de informações, pois os fatos e as mudanças mundiais ocorrem de modo rápido e bastante
intenso, definindo novas práticas sociais. No entanto, não basta apenas receber e armazenar
essas informações, é necessário articulá-las, compreendê-las e organizá-las a fim de transformá-las em conhecimento.
E como a Geografia responde a essas questões?
A Geografia tem uma importante missão na construção do conhecimento humano e
científico, pois, por meio de seu estudo, compreendemos o lugar onde vivemos, suas características e funções, comparando-as com as de outras sociedades, em diferentes espaços e
tempos. A Geografia também propicia a reflexão crítica da realidade e do nosso papel como
sujeitos históricos, responsáveis por uma transformação social mais justa e consciente.
GUIA DIDÁTICO
Os autores
3
PROJETO APOEMA
BAGAGEM CULTURAL
gráficos
Recursos visuais e info
a
r
lora
exp
m
possibilita
interdisciplinaridade.
BAGAGEM CULTURAL
Krylovochka/Shutterstock
são
Os aparelhos celulares
partes:
compostos de diversas
placa do circuito interno,
e
painel de LCD, bateria
carcaça. Essas partes são
em
geralmente fabricadas
diferentes locais. A fábrica
responsável pela confecção
da carcaça costuma ser
os
também a que monta
aparelhos.
A fabricação dos diversos
componentes do celular
de
dependem da extração
matérias-primas. Um
aparelho é composto,
em geral, de metais
(40%), plástico (40%) e
Stoyanh/Shutterstock
As pessoas têm
permanecido cada vez
menos tempo com os
aparelhos celulares. Há
quem troque seu celular
a cada novo lançamento;
muitos aproveitam
descontos oferecidos pelas
operadoras e adquirem
diversos modelos. E onde
vão parar esses milhões
de aparelhos? O que fazer
com as baterias? Em alguns
.
países, as empresas precisam
reciclagem de seus aparelhos
em
se comprometer com a
desse material vai parar
No entanto, grande parte
aterros sanitários e lixões!
Mayamaya/Shutterstock
CONHEÇA OS
RECURSOS E AS
POSSIBILIDADES
DO PROJETO.
ter um telefone
Está cada dia mais fácil
de comunicação.
a esse importante meio
mais pessoas têm acesso
o do consumo de ceações com o aument
Há duas grandes preocup
desses
s-primas e o descarte
matéria
de
ão
lulares: a exploraç
várias
celular inclui essas e
do
vida
de
ciclo
O
aparelhos.
físicos.
impacto nos processos
outras etapas de grande
cerâmica.
Vida útil
Fernando Gonsales
lar
O ciclo de vida do celucelular,
por isso mais e
Embalagem e
transporte
Extração de
matérias-primas
Fabricação
Fim
da vida
Processamento
de materiais
Fonte: The life cycle of a cell phone.
Disponível em: <www.epa.gov/os
w/education/pdfs/life-cell.pdf>.
Acesso em: jun. 2013.
119
118
GEOGRAFIA E
CIDADANIA
GEOGRAFIA E CIDADANIA
Nós devemos estar atentos
aos prejuízos decorrentes
da exploração inadequa
naturais. É nosso dever denunciá
da de recursos
-la aos órgãos competentes
e exigir deles um dos direitos
dos pelo artigo 225 da Constitui
garantição Brasileira:
Todos têm direito ao meio
A prática e a formação
cidadãs são valorizada
s
por meio de textos
relacionados à
disciplina.
ambiente ecologicamente
equilibrado.
Fabio Colombini
Uma das exigências contidas
nas leis atuais é de que
a empresa que realizar a
um recurso que implique
exploração de
grandes transformações
nas paisagens, como a
construção de uma hidrelétri
extração mineral ou a
ca, apresente uma avaliação
dos impactos ambientais.
descritas as possíveis consequ
Nela, devem ser
ências da atividade na área
em que ocorrerá. Além disso,
por exemplo, é necessário
na mineração,
apresentar um plano de
recuperação para a área
degradad
Os projetos ficam sujeitos
a.
a análise e aprovação dos
órgãos competentes. Caso
a empresa não receberá
isso não ocorra,
autorização para funciona
r.
Vista aérea da represa
de Itupararanga e da mata
(SP, 2011).
com embaúbas, em área
de
proteção ambiental de
Ibiúna
1. No lugar onde você mora
existem agressões ambienta
is? Você conhece alguma
minimizar os danos ambienta
solução para
is decorrentes da exploraçã
o de recursos naturais?
2. Entreviste pessoas mais
velhas de sua família e peça-lhe
s que contem quais foram
ambientais pelas quais
as mudanças
o lugar onde você mora
passou. Desenhe, cole figuras
retratando essas mudança
ou fotografias
s e apresente o trabalho
aos colegas.
35
As correntes marítimas
Palavra-chave
Plâncton: ser, em sua
maioria, microscópico que
vive nas águas.
Sugestões de livros,
sites, filmes, vídeos,
jogos etc. para
explorar ao máximo
cada assunto.
Explorando
Perpetual Ocean
<http://youtu.be/
CCmTY0PKGDs>
Essa animação da Nasa mostra o
movimento das correntes marítimas
em vários trechos do globo.
AGORA É COM VOCÊ
As correntes marítimas (ou marinhas) são porções de águas oceânicas que se deslocam continuamente, na mesma direção e com
igual velocidade. São resultado da ação constante dos ventos e do
movimento de rotação do planeta. Por apresentar temperatura e salinidade diferentes das águas que estão à sua volta e grande concentração de plânctons, são locais favoráveis à existência de grandes
cardumes e, consequentemente, ao desenvolvimento de intensa atividade pesqueira.
1 A Terra reúne condições para a existência de vida. Justifique essa afirmação.
2 Explique o significado dos termos ecossistema e biosfera.
3 Cite situações que exemplifiquem modificações feitas pelos seres humanos nos ecossistemas que alteram as condições naturais.
4 Analise a sequência de imagens e escreva no caderno os motivos que deram origem às
alterações da cobertura vegetal.
Dependendo do local onde se originam, as correntes marítimas
podem ser quentes ou frias. As correntes marítimas quentes, por
exemplo, originam-se nas regiões equatoriais (latitudes baixas) e deslocam-se para latitudes mais altas, aquecendo as águas e amenizando os rigores climáticos de algumas áreas do planeta.
Luis Moura
EXPLORANDO
Floresta
INTERPRETANDO MAPAS
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agosto (°C)
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Área de pastagem
www.fabianocartunista.com
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Pacífi
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Área de cultivo
5 Qual a relação entre a mensagem expressa na tira e as transformações da biosfera?
Observe o mapa a seguir. Nele, temos dados relativos às temperaturas médias e à circulação marítima. Os fluxos marítimos estão indicados sob a forma de setas, que indicam movimentos no espaço.
na
SUPERANDO DESAFIOS
A
C. do tlântic o S ul
N
C. Antártica
0
2225
Correntes marítimas
Correntes quentes
Correntes frias
4450 km
1 : 222.500.000
1 (IFRS 2013) O Ministério do Meio Ambiente trabalha para transformar a Copa do
Mundo de 2014 em uma Copa Verde - a ideia é que as obras sejam sustentáveis e
não gerem impactos negativos ao meio ambiente. As alternativas abaixo exemplificam ações sustentáveis, EXCETO uma delas. Assinale-a.
a) Despoluição de lagoas.
b) Uso preferencial de máquinas e equipamentos que utilizem combustível fóssil.
c) Arborização de ruas.
d) Plano de manejo de resíduos sólidos.
e) Reaproveitamento de água da chuva.
Fonte: Elaborado com base em Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 58 e 60.
a) Que dado do mapa corresponde a um tipo de fluxo? Como o movimento foi representado no
mapa?
b) Diferencie as correntes quentes e frias quanto à região de origem. Cite exemplos.
c) Em relação à Corrente do Brasil:
sQual é a área de origem?
sQual é sua direção e percurso?
148
4
120
SUPERANDO
DESAFIOS
Questões de
avaliações oficiais,
vestibulares e do Enem
preparam os alunos
e os desafiam a ir
além.
Para não esquecer
PARA NÃO
ESQUECER
exosf
era
Resumo esquemático
dos conteúdos
desenvolvidos, que
facilita e organiza o
estudo.
iono
meso
sfera
estra
Formações vegetais
sfera
tundra
pradaria
tosfer
a
floresta tropical
tro
pos
floresta
temperada
fer
a
Tempo atmosférico:
condição da atmosfe de um
lugar em determinado ramomento
.
Clima:
definido após um longo período de
registros (mínimo de 30 anos).
vegetação
desértica
floresta
equatorial
floresta de
coníferas
savana
temperatura
Desmatamento
Ilustrações: Ronaldo Barata
ventos
Ilustrações: Ronaldo Barata
pressão
atmosférica
Elementos do
clima
umidade do ar
devastação da
vegetação
204
implantação
de atividades
agropecuárias
assentamentos
rurais
expansão urbana
205
75
45
°N
30
°N
15
85° O
115° O
Seção de atividades
de revisão no final de
cada unidade, que
possibilitam também
uma autoavaliação.
a) 0º; 85º O
b) 30º N; 145º O
c) 75º N; 115º O
d) 30º N; 85º O
Equador
100° O
tterstock
°O
175
160° O
130° O
145° O
Sayjahfarov Dohmudjan/Shu
°N
60
3 Vamos reduzir o tamanho
de um objeto em escala?
Observe a imagem a seguir.
@erics/Shutterstock
e faça o que se pede.
locais indicados a
t Localize no globo os
suas coordenadas
seguir de acordo com
geográficas.
°N
°N
Tafeya/Shutterstock
1 Observe o mapa a seguir
RESGATANDO
CONTEÚDOS
S se pede.
faça o que
seguir e EÚDO
RESGATANDO CONT
2 Observe a ilustração a
S
RESGATANDO CONTEÚDO
estacionamento
centraltelefônica
hospital
banco
restaurante
rodoviária
N
aeroporto
s
. Crie mais dois símbolo
cada item da legenda
s correspondentes a
posição no mapa.
a) Desenhe os símbolo
cidades e indique sua
muito procurados nas
seguindo o itipara representar lugares
o hospital. Faça o mesmo
o trajeto de sua casa até
b) Augusto traçou no mapa
nerário descrito a seguir.
te avenida.
logo verá uma importan
siga a esquerda; você
Pronto, você
Ao sair do estacionamento,
esquerda e na 1ª à direita.
ndo. Entre na 7ª rua à
Vire à direita e siga caminha
a da cidade.
chegou à central telefônic
.
lugares que estão a nordeste
ia o hospital, indique os
c) Tomando como referênc
( ) Aeroporto
com o tamanho
desenhe o grampeador
a) Com a ajuda da grade,
quantos quadrab) Na foto do grampeador,
à altura do objeto?
dinhos correspondem
dois:
os
Compare
E em seu desenho?
do objeto foi requantas vezes o tamanho
você já pode
duzido no desenho? Agora
desenho!
indicar a escala do seu
( ) Banco
( ) Central telefônica
( ) Estacionamento
reduzido.
109
108
Avaliação - Geografia
NOME:
AVALIAÇÕES
TURMA:
ESCOLA:
PROFESSOR:
Sugestões de
avaliação estão
disponíveis para o
Projeto.
DATA:
1. Sobre o conceito de paisagem assinale as afirmativas que considerar corretas.
a) É tudo o que podemos ver e perceber no espaço.
b) A paisagem pode ser natural ou cultural.
c) A paisagem natural é aquela que possui elementos criados pelos seres humanos, como
casas e ruas.
d) A paisagem pode ser transformada pelos seres humanos, por isso ela é dinâmica e não
estática.
e) A paisagem natural nunca será modificada, pois os seres humanos não conseguem
transformá-la.
2. Podemos afirmar que uma mesma paisagem pode apresentar diferentes percepções ao
serem observadas? Justifique sua resposta.
CONTEÚDO DIGITAL
3. Os elementos naturais e culturais compõem a paisagem.
GUIA DIDÁTICO
Coleção particular
a) Realize a leitura da paisagem
que foi retratada na tela a seguir e relacione quais são os
elementos naturais e culturais
observados.
Vista da cidade Maurícia e Recife (1657), de Frans Post.
43
Objetos educacionais digitais,
disponíveis no site do Projeto,
que exploram as potencialidades
das novas tecnologias.
www.editoradobrasil.com.br/
apoema
5
1. Ensino de Geografia
O espaço, objeto de estudo da Geografia, está em constante transformação, pois é
resultado da ação humana na superfície terrestre. Esse é um “espaço produzido pelo trabalho e, a um só tempo, resultado e agente
impulsor do desenvolvimento da história dos
homens” (MOREIRA, 1986).
Sob essa ótica deve-se entender o espaço
não apenas como um receptáculo da História,
no qual ocorrem os acontecimentos humanos, mas como a própria sociedade, pelo simples fato de que “é a história dos homens produzindo sua própria existência por intermédio
do processo do trabalho” (MOREIRA, 1986).
É o espaço que vivemos, trabalhamos,
produzimos e vivenciamos nossas relações familiares e cotidianas. Assim, o saber geográfico
deve ser entendido por uma visão de totalidade, na qual as relações entre sociedade e natureza formam um todo, constantemente em
transformação.
GUIA DIDÁTICO
Para conhecer o todo, é necessário analisar
as partes que o compõem reconhecendo seus
aspectos econômico, social, político, histórico
e natural, e como interagem entre si e com o
todo. O ser humano é o agente construtor
do espaço geográfico, imprimindo nele seus
valores e normas.
6
A Geografia deve possibilitar ao aluno conhecer, compreender e apropriar-se de novos
conhecimentos oferecendo referenciais para
que possam transformar a realidade de modo
consciente e solidário. Para isso, tem-se sempre como meta a construção de um espaço
no qual as relações entre os indivíduos e entre os indivíduos e a natureza sejam mais harmônicas. Assim, a Geografia resgata seu papel
fundamental na formação de nossos alunos:
educa para o exercício da cidadania, considerando-os sujeitos de seu tempo, responsáveis
e corresponsáveis pelo espaço em que vivem.
A educação geográfica ajuda o aluno
a compreender e explicar as relações no
mundo em que vive, enfocando as dinâmicas das transformações e compreendendo
os processos sociais, físicos e biológicos que
abrangem modos de produzir, de existir e de
perceber diferentes espaços.
Apreender o espaço geográfico, analisar
como ele foi construído e transformado de
modo contínuo; analisar sua produção em um
contexto histórico; observar como os elementos desse espaço estão relacionados; analisar
o espaço humano como obra do trabalho –
esses são os objetivos do ensino da Geografia.
As mudanças ocorridas no mundo no
decorrer do século XX proporcionaram uma
nova maneira de ver, sentir e agir na realidade social. Emerge uma nova leitura e uma
nova compreensão da relação do ser humano com o espaço.
O papel do professor
Para o encaminhamento do trabalho pedagógico, é necessária a presença de um professor que faça a mediação entre o saber do
aluno e o saber elaborado; para isso, ele deve
conhecer não apenas os conteúdos, mas também as metodologias capazes de desenvolver
nos alunos a capacidade intelectual e o pensamento autônomo e criativo. É preciso, assim,
um professor que valorize a vivência do aluno,
incentive debates na sala de aula e promova a
articulação dos conteúdos de Geografia com
os das outras áreas de conhecimento.
“A escola tem a tarefa de ensinar os alunos a
compartilharem o saber, os sentidos diferentes
das coisas, as emoções, a discutir, a trocar
pontos de vista. É na escola que desenvolvemos
o espírito crítico, a observação e o reconhecimento do outro em todas as suas dimensões.”
BRASIL. Ministério da Educação. Atendimento educacional
especializado para deficiência intelectual. Brasília: Seesp 2006, p. 7.
O professor deve criar situações de aprendizagem nas quais o aluno perceba que a
Geografia está presente em seu dia a dia. Por
meio da realização de diversas atividades,
como observação, leitura de imagens, analogias e tantas outras, o aluno compreende os
conhecimentos geográficos e percebe como
diferentes lugares interagem entre si.
Na realização de trabalhos em grupo, o
professor deve valorizar a participação de todos incentivando-os a decidir juntos o que
farão. O diálogo entre os alunos e deles com
o professor é condição fundamental nessa
prática pedagógica. Nos trabalhos de pesquisa, cabe ao professor incentivar os alunos a
transformar a investigação num importante
recurso de aprendizagem, e não em mera
cópia de textos enciclopédicos.
Valorizar sempre a participação do aluno,
manter uma postura aberta ao diálogo, mediar conhecimentos, indicar caminhos para
o aprofundamento dos conteúdos, transformar as avaliações em recursos nos quais
o objetivo não é apenas medir a aprendizagem, mas, sobretudo, buscar alternativas
para melhorar o trabalho, eis o papel do
professor, cuja função principal é ensinar o
aluno a aprender: aprender a ler, pensar e
escrever também em Geografia.
Não devemos nos esquecer de que a dúvida e a curiosidade são dois princípios fundamentais para aprender. Por isso, incentivar
os alunos a serem mais criativos, instigadores e curiosos dependerá, sobretudo, do movimento dialético entre fazer e pensar.
“[...] a ampliação desses conhecimentos,
a ultrapassagem dos limites do senso
comum, o confronto de diferentes tipos
de conhecimentos, o desenvolvimento de
capacidades operativas do pensamento
abstrato são processos que podem ser potencializados com práticas intencionais de
intervenção pedagógica.”
CAVALCANTI, Lana de S. Geografia, escola e construção
de conhecimento. Campinas: Papirus, 2007. p. 12.
Ensinar exige segurança,
competência profissional
e generosidade
“A segurança com que a autoridade docente
se move implica uma outra, a que se funda
na sua competência profissional. Nenhuma
autoridade docente se exerce ausente dessa
competência. O professor que não leve a sério a sua formação, que não estude, que não
se esforce para estar à altura de sua tarefa
não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe [...].
Outra qualidade indispensável à autoridade
em suas relações com as liberdades é a generosidade. [...]
[...] O clima de respeito que nasce de relações
justas, sérias, humildes, generosas, em que
a autoridade docente e as liberdades dos
alunos se assumem eticamente, autentica o
caráter formador do espaço pedagógico.
[...]
A autoridade coerentemente democrática [...]
jamais minimiza a liberdade. Pelo contrário,
aposta nela. Empenha-se em desafiá-la
sempre e sempre; jamais vê, na rebeldia da
liberdade, um sinal de deterioração da ordem.
A autoridade coerentemente democrática está
convicta de que a disciplina verdadeira não
existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na dúvida
que instiga, na esperança que desperta.
A autoridade coerentemente democrática,
mais ainda, que reconhece a eticidade de nossa presença, a das mulheres e dos homens,
no mundo, reconhece, também e necessariamente, que não se vive a eticidade sem
liberdade e não se tem liberdade sem risco.
O educando que exercita sua liberdade ficará
tão mais livre quanto mais eticamente vá assumindo a responsabilidade de suas ações.
Decidir é romper e, para isso, é preciso correr
o risco. [...]
[...]
GUIA DIDÁTICO
O ponto de partida para o desenvolvimento do conteúdo deve incluir a participação dos alunos – eles devem opinar, levantar hipóteses a respeito do assunto que será
aprofundado, enriquecido e reelaborado
num esforço conjunto de professor e aluno.
Desse modo, o aluno torna-se parceiro na
investigação e sujeito da produção do conhecimento geográfico.
Um esforço sempre presente na prática da autoridade coerentemente democrática é o que a
7
torna quase escrava de um sonho fundamental:
o de persuadir ou convencer a liberdade
de que se vá construindo consigo mesma,
em si mesma, com materiais que, embora
vindo de fora de si, sejam reelaborados por
ela, a sua autonomia. É com ela, a autonomia, penosamente construindo-se, que a
liberdade vai preenchendo o ‘espaço’ antes
‘habitado’ por sua dependência. Sua autonomia se funda na responsabilidade que vai
sendo assumida.
[...]
[...] Sou gente. Sei que ignoro e sei que sei.
Por isso, tanto posso saber o que ainda não
sei como posso saber melhor o que já sei. E
saberei tão melhor e mais autenticamente
quanto mais eficazmente construa minha
autonomia em respeito à dos outros.
Ensinar e, enquanto ensino, testemunhar
aos alunos o quanto me é fundamental
respeitá-los e respeitar-me são tarefas que
jamais dicotomizei. Nunca me foi possível
separar em dois momentos o ensino dos
conteúdos da formação ética dos educandos. [...] O ensino dos conteúdos implica o
testemunho ético do professor.
Este é outro saber indispensável à prática
docente. O saber da impossibilidade de desunir
o ensino dos conteúdos da formação ética dos
educandos. De separar prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito
ao professor de respeito aos alunos, ensinar de
aprender.”
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários
à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. p. 102-107.
GUIA DIDÁTICO
Geografia e Cartografia
8
A Geografia sempre utilizou a representação e a linguagem cartográfica. Mapas e
cartas traziam representações dos fenômenos antes mesmo de essa área ter se tornado acadêmica.
O conhecimento geográfico está impregnado da leitura, interpretação e produção de mapas. Por meio da linguagem
cartográfica, podemos produzir, expressar e
comunicar ideias e conhecimento. Utilizar
essa ferramenta básica da Geografia significa
desenvolver a capacidade de representar e
análisar o espaço geográfico.
O ensino da Geografia deve estar comprometido com a aprendizagem cartográfica,
em que um sistema de símbolos envolve
proporcionalidade, uso de signos ordenados
e técnicas de projeção.
Nossos alunos precisam representar o
espaço e codificá-lo, realizando a leitura das
informações nele expressas.
Nesse sentido, é importante que o trabalho com a Cartografia em sala de aula envolva
o aluno tanto como leitor crítico de mapas
como mapeador consciente. No primeiro
caso, utilizamos produtos já elaborados (mapas, cartas, plantas); no segundo, o aluno
confeccionará os mapas. Nessa perspectiva,
evita-se que as atividades com essa linguagem gráfica se limitem à “cópia de mapas”
ou mesmo que os mapas sejam entendidos
como meras ilustrações dos capítulos.
Estudo metodológico
e cognitivo do mapa
“O mapa sempre foi um instrumento usado
pelos homens para se orientarem, se localizarem, se informarem, enfim, para se
comunicarem. O mapa é usado pelo cientista e pelo leigo, tanto em atividades profissionais como sociais, culturais e turísticas.
O mapa é empregado pelo administrador,
pelo planejador, pelo viajante e pelo professor. Todos, de alguma maneira, em algum
momento, com maior ou menor frequência,
recorrem ao mapa para se expressarem
espacialmente.
Os geógrafos das mais diversas origens,
provavelmente são os responsáveis, desde
as mais recônditas épocas, pela criação,
produção e interpretação dos mapas. O mapa
ocupa um lugar de destaque na Geografia,
porque é ao mesmo tempo instrumento de
trabalho, registro e armazenamento de informação, além de um modo de expressão e
comunicação, uma linguagem gráfica.
O homem sempre desenvolveu uma atividade exploratória do espaço circundante e
sempre procurou representar esse espaço
para os mais diversos fins. Para movimentar-se no espaço terrestre, mesmo
em trajetos curtos, houve necessidade de
registrar os pontos de referência e armazenar o conhecimento adquirido da região. O
mapa surge, então, como uma forma de expressão e comunicação entre os homens.
Esse sistema de comunicação exigiu, desde
o início, uma ‘escrita’ e, consequentemente,
uma ‘leitura’ dos significantes expressos.
Entre o primeiro mapa de que temos conhecimento e os atuais, altamente sofisticados, há toda uma evolução de métodos,
técnicas, materiais e teorias, que estão
em acordo com o próprio desenvolvimento
e progresso da ciência e da tecnologia.
Apesar de ser uma forma de expressão primária, ou talvez por isso mesmo, e por ter
surgido há milênios, o mapa atingiu um desenvolvimento não alcançado pela própria
escrita. Esse nível, altamente sofisticado
exige um preparo do leitor para usufruir
desse meio de comunicação. […]
Basicamente, o mapa pode ser usado em
sala de aula para atingir os seguintes objetivos: localizar lugares e aspectos naturais
e culturais na superfície terrestre, tanto em
termos absolutos como relativos; mostrar
e comparar as localizações; mostrar tamanhos e formas de aspectos da Terra; encontrar distância e direções entre os lugares;
mostrar elevações e escarpas; visualizar
padrões e áreas de distribuição; permitir inferências dos dados representados; mostrar
fluxos, movimentos e difusões de pessoas,
mercadorias e informações; apresentar
distribuição dos eventos naturais e humanos
que ocorrem na Terra. Diante desses objetivos, conclui-se que o mapa não deverá ser
planejado para ser usado uma vez ou duas,
[…] mas para ser usado constantemente.”
OLIVEIRA, Lívia de. Estudo metodológico e cognitivo do mapa.
In: ALMEIDA, Rosângela Doin de (Org.). Cartografia escolar.
São Paulo: Contexto, 2010. p. 16 e 24.
Geografia e transversalidade
A transversalidade está relacionada aos
temas identificados como emergenciais para
a conquista da cidadania e que devem estar
incluídos no projeto de trabalho do professor.
São eles: Ética, Meio Ambiente, Cidadania,
Pluralidade Cultural, Orientação Sexual, Saúde,
Trabalho e Consumo.
Essa proposta tem o objetivo de trabalhar os temas transversais de forma contínua
e integrada nas diversas áreas do currículo
escolar, ou seja, não se pretende isolar ou
compartimentar a aprendizagem e os temas.
O professor de Geografia deverá mobilizar seus conteúdos em torno dos temas
transversais eleitos, de acordo com a sua realidade. Assim, ao trabalhar com seus alunos a
hidrografia do município, por exemplo, deverá estar atento às questões ambientais e debater o saneamento básico (Saúde), o direito
de todos a uma qualidade de vida (Ética) e a
forma como outras sociedades utilizam esse
recurso natural (Pluralidade Cultural), entre
outros aspectos possíveis.
As reflexões e as discussões acerca dos
temas transversais visam a atitudes concretas que vão além do trabalho com conceitos, dizem respeito a condutas e valores que
permeiam o trabalho do professor e todo o
projeto político-pedagógico da escola.
Geografia e ética
O estudo geográfico, ao valorizar os lugares como expressão da identidade de um
povo, desenvolve também a ética como tema
GUIA DIDÁTICO
O mapa é uma forma de linguagem mais
antiga que a própria escrita. Povos pré-históricos, que foram capazes de registrar os
acontecimentos em expressões escritas, o
fizeram em expressões gráficas, recorrendo ao mapa como modo de comunicação. O
mesmo acontece na atualidade com povos
primitivos que não contam com um sistema
de escrita, mas possuem mapas de suas
aldeias e vizinhanças.
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transversal. Ao estudarmos a cultura, as paisagens e as relações sociais de diversos povos, percebemos suas diferenças. Do mesmo
modo, ao conhecer e compreender essas
diferenças, passamos a respeitá-las, e, ao assumir uma postura de respeito a diferentes
culturas, desenvolvemos simultaneamente o
respeito na escola, encaminhando o trabalho
para a valorização do outro, tanto de suas opiniões e quanto de suas ideias.
Dessa forma, passamos a entender a troca
de experiências e o debate como formas de
aprendizagem.
Citando os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN):
“Em resumo, verifica-se que questões relacionadas à Ética permeiam todo o currículo.
Portanto, não há razão para que sejam tratadas
em paralelo, em horário específico de aula.
GUIA DIDÁTICO
Pelo contrário, passar ao lado de tais questões
seria, justamente, prestar um desserviço à
formação moral do aluno: induzi-lo a pensar
que ética é uma ‘especialidade’, quando, na
verdade, ela diz respeito a todas as atividades humanas.
10
A própria função da escola — transmissão
do saber — levanta questões éticas. Para
que e a quem servem o saber, os diversos
conhecimentos científicos, as várias tecnologias? É necessário refletir sobre essa
pergunta. Além do mais, sabe-se que um
conhecimento totalmente neutro não existe.
É portanto necessário pensar sobre sua produção e divulgação. O ato de estudar também
envolve questões valorativas. Afinal, para
que se estuda? Apenas na perspectiva de
se garantir certo nível material de vida? Tal
objetivo realmente existe, porém, estudar
também é exercício da cidadania: é por meio
dos diversos saberes que se participa do
mundo do trabalho, das variadas instituições,
da vida cotidiana, articulando-se o bem-estar
próprio com o bem-estar de todos.”
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos –
apresentação dos temas transversais. Brasília, 1998.
Entendemos que todas as discussões de
caráter geográfico, ao se analisarem as mais
diversas características do espaço e da constituição da sociedade contemporânea, devem ser perpassadas por questionamentos
que levem os alunos a se indagar sobre os
preceitos éticos que conduzem suas vidas.
A identidade e a consciência terrena
“[...] temos todos uma identidade genética,
cerebral, afetiva comum em nossas diversidades individuais, culturais e sociais. Somos
produto do desenvolvimento da vida da qual a
Terra foi matriz e nutriz. Enfim, todos os humanos, desde o século XX, vivem os mesmos
problemas fundamentais de vida e de morte
e estão unidos na mesma comunidade de
destino planetário.
Por isso, é necessário aprender a ‘estar aqui’
no planeta. Aprender a estar aqui significa:
aprender a viver, a dividir, a comunicar, a comungar; é o que se aprende somente nas – e
por meio de – culturas singulares. Precisamos
doravante aprender a ser, viver, dividir e comunicar como humanos do planeta Terra, não
mais somente pertencer a uma cultura, mas
também ser terrenos. Devemo-nos dedicar
não só a dominar, mas a condicionar, melhorar,
compreender. Devemos inscrever em nós:
t a consciência antropológica, que reconhece
a unidade na diversidade;
t a consciência ecológica, isto é, a consciência
de habitar, com todos os seres mortais, a
mesma esfera viva (biosfera): reconhecer
nossa união consubstancial com a biosfera
conduz ao abandono do sonho prometeico do
domínio do universo para nutrir a aspiração
de convivibilidade sobre a Terra;
t a consciência cívica terrena, isto é, da responsabilidade e da solidariedade para com
os filhos da Terra;
t a consciência espiritual da condição humana
que decorre do exercício complexo do pensamento e que nos permite, ao mesmo tempo,
criticar-nos mutuamente e autocriticar-nos
e compreendermo-nos mutuamente.”
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro.
São Paulo: Cortez, 2001. p. 76-77.
O grande desafio da escola é superar a discriminação e o preconceito e valorizar a diversidade étnico-cultural que compõe o patrimônio
sociocultural brasileiro e mundial. Para tanto, a
escola deve ser local de diálogo, aprendizagem
e convivência, respeitando as diferentes formas
de expressão cultural.
O desenvolvimento desse tema transversal
possibilita verificar as contribuições significativas de diferentes culturas em diferentes
momentos da História.
Os conteúdos devem levar à valorização
da diversidade cultural, que constitui a riqueza de qualquer nação, bem como atitudes
de respeito.
O Brasil, em toda a sua extensão, nas
mais diversas regiões, é um laboratório vivo
e pulsante que possibilita o desenvolvimento
desse tema transversal. A Geografia, ao analisar as diferentes características do território
nacional e seus contextos de formação socioterritoriais, fornece um rico mosaico cultural.
Sugere-se trabalhar com outras áreas do
conhecimento, como Língua Portuguesa, para
investigar as origens de palavras e expressões
utilizadas em nosso cotidiano.
fundamental que define o cidadão enquanto
tal, sem distinção de raça, religião, sexo e
cultura. A segunda, usando nominalmente
as expressões ‘populações indígenas’ e
‘segmentos étnicos nacionais’ reconhece
implicitamente a diversidade étnica da nação,
admitindo particularmente a especificidade
dos índios, aos quais consagra todo um capítulo. A terceira concepção confirma o pluralismo cultural visto como patrimônio comum
da nação e como tal devendo ser protegido.
Sem dúvida, não é aleatório o destaque dado
na Constituição à diversidade étnica e ao
pluralismo cultural. Ele responde à luta dos
índios, bem como às reivindicações do Movimento Negro de que seja reconhecida a igual
dignidade dos grupos negros e garantido o
respeito às culturas de origem africana.
Mas a questão da diversidade étnica não é
um debate novo, pois remete também ao
questionamento sobre a identidade nacional
brasileira que se desenvolverá, sob o comando de intelectuais, desde o fim do século XX
até a atualidade.”
D’ADESKY, Jacques. Pluralismo étnico e multiculturalismo: racismos e
antirracismos no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2009. p. 187-188.
Geografia e orientação sexual
Pluralismo étnico
e multiculturalismo
No encaminhamento de conteúdos sobre
dinâmica social, procuramos estabelecer relações com esse tema transversal.
“Por meio de diversas cláusulas, a Constituição de 1988 reconhece o país como uma nação
formada por diferentes etnias, confirmando o
pluralismo constitutivo da nação que o Estado
tem o dever de proteger. Isso demonstra que
não há oposição formal entre os conceitos de
etnia e de nação, havendo mesmo uma coexistência entre os dois.
Ao discutirmos com os alunos as práticas
de controle de natalidade adotadas por muitos
países ou o papel da mulher na sociedade e
sua contribuição na formação da população
economicamente ativa, criamos situações em
que o desenvolvimento do conteúdo volta-se
para a questão da transversalidade, que envolve
a orientação sexual.
É verdade que o texto da Constituição, extremamente longo, não entra no detalhe de
conceituar etnia nem o que seja pluralismo
cultural. No entanto, a análise mostra-nos
que o espírito da Constituição remete a
três concepções. A primeira, ao se referir à
pessoa humana, remete ao universalismo
Mulheres nos anos dourados
“Cresceu na década de [19]50 a participação
feminina no mercado de trabalho, especialmente no setor de serviços de consumo
coletivo, em escritórios, no comércio ou
em serviços públicos. Surgiram então mais
GUIA DIDÁTICO
Geografia e pluralidade cultural
11
oportunidades de emprego em profissões
como as de enfermeira, professora, funcionária burocrática, médica, assistente social,
vendedora etc., que exigiam das mulheres
uma certa qualificação e, em contrapartida,
tornaram-nas profissionais remuneradas.
Essa tendência demandou uma maior escolaridade feminina e provocou, sem dúvida,
mudanças no status social das mulheres.
Entretanto, eram nítidos os preconceitos que
cercavam o trabalho feminino nessa época.
Como as mulheres ainda eram vistas prioritariamente como donas de casa e mães, a
ideia da incompatibilidade entre casamento e
vida profissional tinha grande força no imaginário social. Um dos principais argumentos
dos que viam com ressalvas o trabalho feminino era o de que, trabalhando, a mulher
deixaria de lado seus afazeres domésticos e
suas atenções e cuidados para com o marido:
ameaças não só à organização doméstica
como também à estabilidade do matrimônio.
Outro perigo alegado era o da perda da feminilidade e dos privilégios do sexo feminino
– respeito, proteção e sustento garantidos
pelos homens –, praticamente fatal a partir do
momento em que a mulher entra no mundo
competitivo das ocupações antes destinadas
aos homens. As revistas femininas da época
fizeram eco a essas preocupações, aconselharam e apelaram para que as mulheres
que exerciam atividades fora do lar não
descuidassem da aparência ou da reputação
pessoal e soubessem manter-se femininas.”
GUIA DIDÁTICO
BASSANEZI, Carla. Mulheres nos anos dourados. In: Mary Del Priore
(Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2001. p. 624.
12
Geografia e meio ambiente
Esse tema abre um leque de muitas opções
a serem desenvolvidas no trabalho com a Geografia, como o aproveitamento dos recursos
naturais, a urbanização, a ocupação do solo, a
erosão, o desmatamento, a poluição, o desperdício dos recursos naturais e tantos outros.
Presente em todos os momentos do trabalho pedagógico, o estudo do meio ambiente
favorece a integração das áreas, gerando a
interdisciplinaridade e proporcionando ao
educando uma visão dos problemas ecológicos que afetam nosso planeta e nossa vida.
O objetivo é identificar esses problemas,
analisá-los e buscar alternativas para solucioná-los, assumindo posturas coerentes com
pensamento crítico e consciência ambiental.
Cidades saudáveis? O que é isso?
“Uma cidade só pode ser considerada saudável quando todos os fatores ambientais
que repercutem na saúde e no bem-estar do
cidadão estão equilibrados no local onde ele
vive, trabalha, circula, se locomove e tem o
seu lazer. Como cada um convive com milhares ou milhões de outros seres, só pode se
sentir seguro e satisfeito se todos os demais
desfrutarem de boas condições sanitárias
também. A saúde da cidade por inteiro é, por
isso, condição necessária e indispensável à
saúde de cada cidadão.
Sanear uma cidade implica uma série de políticas e serviços públicos que garantam uma
boa qualidade de vida para seus habitantes:
t coleta e tratamento de esgoto, dos detritos
industriais, das águas das chuvas, do lixo e
dos entulhos, em vez de apenas descarregá-los de forma agressiva e predatória em
algum ponto da natureza;
t combate à poluição das águas, do solo e
do ar; fornecimento de água potável para
todos os domicílios; preservação das áreas
verdes e manutenção das condições de
higiene dos meios de transporte, vias públicas, escolas, hospitais e espaços públicos
em geral;
t canalização e limpeza de rios e córregos;
desobstrução de bueiros e galerias pluviais para evitar enchentes; iluminação e
pavimentação das ruas; e conservação dos
calçamentos, garantindo a segurança e a
integridade física do cidadão;
t fiscalização da qualidade dos alimentos, remédios e combustíveis utilizados; controle de
mosquitos, moscas, ratos, baratas e outros
animais que podem transmitir moléstias;
Nos aglomerados urbanos, onde tudo e todos
se encontram ligados pela interdependência
e vizinhança, o que acontece a cada pessoa,
a cada pedaço da cidade e a qualquer um dos
fatores do meio ambiente acaba repercutindo
de alguma forma em outras parcelas do conjunto e até mesmo em seu todo.
A luta pelo seu saneamento acaba, assim, de
uma ou de outra maneira, identificando-se
com a defesa de toda a natureza – preservada
ou já modificada pela cultura –, não sendo
mais possível defender a saúde humana sem
que, paralelamente, se defenda a ecologia.”
ALVES, Júlia Falivene. Metrópoles: cidadania e qualidade de vida.
São Paulo: Moderna, 1997. p. 118.
Geografia e cidadania
A observação, a interpretação e a compreensão dos fenômenos socioespaciais são
essenciais para que o aluno possa refletir
sobre a sociedade em que vive, repensá-la,
repudiar as injustiças e exigir o cumprimento de seus direitos como cidadão. Em geral,
apresentamos um sentimento de pertencimento ao lugar em que vivemos, com o qual
estabelecemos uma ligação afetiva. Somos
responsáveis e corresponsáveis pelo que
nele acontece e devemos assumir nosso
compromisso para a construção de relações
sociais mais justas e humanitárias.
A cidadania deve estar voltada à garantia de igualdade, de direitos e oportunidades
iguais a todos.
A construção da cidadania pelo
ensino da geografia
“O ato de ensinar Geografia nos coloca diante
de duas discussões importantes: a primeira
refere-se à relação ensino e aprendizagem
enquanto tal, e a segunda diz respeito à própria Geografia, fonte e objeto de uma gama
muito particular de discussões, principalmente no que se refere a seus pressupostos
teórico-metodológicos.
No ensino de Geografia deve-se considerar
a realidade no seu conjunto: o espaço é dinâmico e sofre alterações em função da ação
do homem, e este é um sujeito que faz parte
do processo histórico. Portanto, o aluno deve
ser orientado no sentido de perceber-se como
elemento ativo do seu processo histórico.
A nossa ação enquanto educadores está relacionada com os nossos objetivos pedagógicos
e educacionais. Se quisermos uma educação que contribua para o desenvolvimento
da criança, devemos atuar no processo de
ensino e aprendizagem, na perspectiva da
construção do conhecimento, refletindo sobre a realidade vivida pelo aluno, respeitando
e considerando a sua história de vida e contribuindo para que o aluno entenda seu papel
na sociedade: o de cidadão.
Esta reflexão aponta-nos na direção da
articulação entre conteúdo específico e o
processo de ensino e aprendizagem, isto é, a
concepção que temos de Geografia deve estar
relacionada com a concepção de Educação.
E como isso deve ser feito? Podemos pensar
que a contribuição da Geografia para a formação do aluno está na compreensão que ele terá
da realidade. Ao estudar o espaço geográfico,
por exemplo, o aluno refletirá sobre a análise
da dinâmica social, a dinâmica da natureza e a
relação que existe entre os seres humanos e
a natureza. A compreensão da realidade está
vinculada à forma como a aprendizagem
está acontecendo.
Desta forma, o aluno analisará a interferência humana no espaço como fruto do
trabalho na organização espacial através
do tempo. E assim, se posicionará de forma
crítica diante dos acontecimentos ocorridos
na paisagem. A discussão sobre o ensino de
Geografia passa pela avaliação do conteúdo
e pela construção de conceitos e noções a
partir do espaço de vivência da criança, pois
é desde o momento em que nascemos que
construímos a noção de espaço.
Jean Piaget averiguou a formação das noções espaciais e temporais, das noções de
GUIA DIDÁTICO
t prevenção de doenças e acidentes; educação
sanitária e atendimento médico-hospitalar
suficiente e adequado para toda a população.
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número, de longitude, de quantidades físicas,
de praticamente de quase todas as categorias cognoscitivas, das mais simples até as
mais complexas e desde o nascimento até a
adolescência. Estes estudos permitem-nos
entender como o sujeito aprende e forma o
seu conhecimento.
No processo da construção da noção espacial,
o desenvolvimento da imagem que a criança
forma está relacionada com a representação
que ela tem do espaço em que vive.
A imagem e a percepção estão associadas à
educação visual que ela recebeu. Podemos
ter como exemplo a representação que uma
criança ou qualquer pessoa pode fazer do
trajeto casa-escola ou de um lugar qualquer
da cidade onde mora. Como será que essas
pessoas percebem o espaço vivido, ou como
será que as pessoas imaginam o espaço de
um lugar que elas não conhecem?
As crianças percebem que a cidade tem certa
complexidade na sua estrutura: é dinâmica,
possui velocidade e reestrutura-se em
função das necessidades dos seres humanos.
Percebem também um espaço de contradições, de transformações e de conflitos,
mas também é um espaço ao mesmo tempo
desorganizado e poético.
GUIA DIDÁTICO
Para ensinar Geografia com essas concepções,
precisamos avaliar os conteúdos desenvolvidos nas escolas, e isto significa refletir também sobre os currículos mínimos no Ensino
Fundamental e Médio. Finalmente, apesar da
individualidade que a ciência geográfica traz na
discussão sobre espaço, devemos ter presente a
importância de colocá-la na perspectiva de uma
discussão interdisciplinar.”
14
CAVALCANTE, Márcio Balbino. A construção da cidadania pelo ensino da
Geografia. Geógrafos sem fronteiras, 1 jun. 2009. Disponível em:
‹www.gsf.org.br/?q=node/20›. Acesso em: jul. 2013.
Geografia, trabalho e consumo
Pode-se discutir com os alunos esses temas transversais como forma de expressão
nas diferentes culturas e etnias, e também
como elemento gerador de diferentes relações
sociais. Devem ser abordadas questões relativas à exploração do trabalho nas diferentes
sociedades e ao trabalho como forma de sobrevivência e força produtora de mercadorias, gerando o consumo. Com base nisso,
discutem-se os direitos do consumidor, enfatizando que a luta por esses direitos é uma
forma de exercer cidadania.
A tecnologia e a modernização, advindas
do desenvolvimento de técnicas, geraram
situações conflitantes, pois propiciaram o
estabelecimento de relações desiguais em
sociedades consumistas.
A própria característica básica da sociedade de consumo, incentivada pela mídia,
conduz o cidadão a um patamar de alienação que é resultado direto da formação da
mentalidade consumidora. Ao tratar desse
tema, o objetivo é desenvolver nos alunos o
hábito da análise dessas situações. Com uma
postura crítica, o trabalho deverá ser encaminhado de modo que os alunos possam discutir formas de ficar atento às estratégias de
marketing e propaganda enganosa a que são
submetidos os consumidores.
Direitos básicos do consumidor
“Art. 6o – São direitos básicos do consumidor:
I – a proteção da vida, saúde e segurança
contra os riscos provocados por práticas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II – a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas
contratações;
III – a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem;
IV – a proteção contra a publicidade enganosa
e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento
de produtos e serviços;
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos
e difusos;
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada
a proteção jurídica, administrativa e técnica
aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos,
inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério
do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência;
IX – (Vetado)
X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Art. 7o – Os direitos previstos neste Código
não excluem outros decorrentes de tratados
ou convenções internacionais de que o Brasil
seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem
como dos que derivem dos princípios gerais
do direito, analogia, costumes e equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a
ofensa, todos responderão solidariamente
pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
BRASIL. Código de Proteção e de Defesa do Consumidor. C. III. Disponível
em: ‹www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm›.
Acesso em: mar. 2012.
Geografia e saúde
A formação do aluno para o exercício da
cidadania compreende a capacitação para o
autocuidado, assim como a compreensão da
saúde como direito e responsabilidade pessoal
e social. Envolve discussões sobre trabalho
insalubre, poluição, saneamento básico, qualidade de vida, entre outras.
A Geografia tem imenso potencial de contribuição ao abordar o endemismo de determinadas enfermidades, tanto no território
nacional, quanto em outras partes do mundo.
Em sala de aula é necessário abordar
doenças como aids, malária, febre amarela, esquistossomose, doença do sono, entre
outras, cartografando a incidência dessas
enfermidades, relacionando-as com as características do meio físico e socioeconômicas de onde elas ocorrem. Assim, o aluno
poderá perceber as relações entre saúde, meio
ambiente e sociedade.
Como podemos saber se uma
população possui bons níveis
de saúde?
“Para avaliar a saúde de uma população, [...]
existem números: os indicadores sociais.
O mais importante deles é a mortalidade
infantil, ou seja, o número de crianças que
morrem antes de completar um ano para
cada mil nascidos vivos. Esse indicador é importante, não apenas porque trata da saúde
mas também porque nos diz muito do perfil
socioeconômico da região: em geral, quanto
mais pobre a população, maior a taxa de
mortalidade infantil.
Há exceções, claro: Cuba é um país pobre, mas
tem uma taxa de mortalidade infantil relativamente baixa, semelhante à dos Estados Unidos.
Outro indicador é a expectativa de vida ao
nascer: quantos anos podemos esperar viver,
em média, ao nascer? Esse também é um
indicador muito influenciado pela conjuntura.
Um terceiro indicador: o coeficiente de
mortalidade materna, que é o número de
óbitos ligados à gestação, parto e puerpério
(período pós-parto) dividido pelo número de
nascidos vivos. Também nos interessa saber
que doenças causam mais mortes na população. Quando são más as condições de vida
e de saúde, é elevado o número de óbitos
por doenças transmissíveis: significa que a
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V – a modificação das cláusulas contratuais
que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que se tornem excessivamente
onerosas;
15
população não está sendo adequadamente
vacinada, que as condições de saneamento
são más, que as pessoas estão desnutridas,
portanto propensas a tais doenças.
sociais também invadiu a sala de aula; por
meio de tablets e aparelhos smartphones podemos ficar conectados em tempo real com
um mundo de conteúdos e de pessoas.
Em contrapartida, à medida que a situação de
saúde melhora e que as doenças transmissíveis vão sendo vencidas, a expectativa de vida
aumenta e, por conseguinte, aumentam as
doenças que acometem pessoas mais velhas
como as cardiopatias.”
Então, como o professor deve se posicionar diante dessa (inevitável) realidade de ter
que se relacionar com essas novas ferramentas
e, mais diretamente, como incorporá-las no
ensino de Geografia?
SCLIAR, Moacyr. Políticas de saúde pública no Brasil:
uma visão histórica. In: SCLIAR, Moacyr et al. Saúde pública:
histórias, política e revolta. São Paulo: Scipione, 2002. p. 61-62.
Novas tecnologias no
ensino de Geografia
“O aluno, hoje, é permanentemente estimulado pela tecnologia: TV, vídeo, games,
computador, internet. Estes chegam ditando
o ritmo, os padrões e valores da vida, as linguagens e leituras de mundo. Sendo assim,
o professor tem cada vez mais necessidade
de integrar essas inovações tecnológicas em
seu trabalho. Porque esse é o mundo dos
alunos, essa é a linguagem deles.”
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e práticas de ensino.
Goiânia: Alternativa, 2002. p. 87.
GUIA DIDÁTICO
Ao pensar no ensino de Geografia no
século XXI (bem como de outras disciplinas
escolares), a questão do uso das tecnologias
de informação e comunicação (TICs) é um
dos principais desafios a ser enfrentados pelo
professor.
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De um lado, temos todo um arsenal tecnológico em contínua transformação, fornecendo elementos de inovação em uma
velocidade cada vez mais avassaladora. Do
outro lado, temos os alunos (crianças e
adolescentes) que, muitas vezes, já crescem
imersos no universo desses aparelhos e de
seus códigos próprios.
Não é de hoje que blogs e páginas educacionais encontram-se disseminados na internet, o que propicia um diálogo mais próximo
e para além da sala de aula entre professor e
aluno. Recentemente, o fenômeno das redes
Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que as TICs podem ser grandes aliadas em
sala de aula quando o professor se apropria de
suas linguagens e propriedades. Trazer para a
turma discussões sobre Cartografia digital e o
papel das tecnologias de informação (satélites, internet, redes sem fio etc.), assim como
demonstrar como essas tecnologias se relacionam com processos sociais, são estratégias para a integração dessas tecnologias às
aulas de Geografia.
Portanto, o professor deve procurar estar sempre atualizado em relação às inovações digitais, estar atento às ferramentas e
aos instrumentos que os alunos utilizam,
a fim de potencializar o uso deles na escola (caso seja possível), fazendo com que
o conteúdo geográfico alie-se às práticas
cotidianas dos alunos.
Jogos eletrônicos, webquests, animações
em flash, vídeos obtidos em páginas como YouTube, edições de imagens (de satélites, extraídas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
Google Earth etc.) e vídeos elaborados pelos
próprios alunos sob a orientação do professor,
são ferramentas poderosas para a aprendizagem colaborativa e que propicie uma análise
do espaço geográfico em diversas dimensões.
O que são objetos de aprendizagem?
“Não existe, atualmente, um consenso entre
os pesquisadores sobre o que é o Objeto de
Aprendizagem – OA – (tradução literal do
inglês, Learning Objects), havendo, assim,
múltiplos conceitos, que variam de acordo
com as necessidades e ocasiões da pesquisa
trabalhada. O trabalho de Gomes (2005) faz
um interessante apanhado sobre várias defi-
Assim definido pelos autores, o OA restringe-se a um conteúdo digital, cuja finalidade
única é com fins educacionais. Entretanto,
conceituações mais amplas sobre o que seriam Objetos de Aprendizagem têm se mostrado muito presentes no meio acadêmico,
definindo-os também como recursos digitais
ou não digitais que sirvam como apoio ao
processo de ensino-aprendizagem. [...]
Educadores, independentemente de sua
localidade geográfica ou idioma podem encontrar com facilidade Objetos Educacionais
à sua disposição, bastando apenas algum
dispositivo tecnológico, com acesso a internet, que permita o download e visualização
do mesmo [sic].”
FAGUNDES, Patrícia Santos; TAQUARY, Ian Bruno Mendonça.
Objetos de aprendizagem: bases de aplicação nas aulas de Geografia.
Disponível em: ‹www.agb.org.br/XENPEG/artigos/GT/GT2/tc2%20(37).pdf›.
Acesso em: mar. 2012.
O uso de diferentes linguagens
“O objetivo principal da educação é criar homens capazes de realizar coisas novas, e não
simplesmente repetir o que fizeram as gerações anteriores – homens que sejam criativos,
inventivos e descobridores. O segundo objetivo da educação é formar mentes críticas, que
possam avaliar e não apenas aceitar tudo que
lhes seja oferecido. [...] Assim, precisamos de
alunos ativos, que aprendam a descobrir por
si mesmos. Em parte através de sua própria
atividade espontânea, e, em parte, através do
material que organizamos para eles.”
PULASKI, Mary Ann S. Compreendendo Piaget:
uma introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança.
Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983. p. 5.
Neste Projeto deu-se prioridade a atividades que envolvem múltiplas habilidades por
meio do conteúdo proposto. Inúmeras situações de trabalho levam o aluno a ler a paisagem, descrever, observar, explicar, estabelecer
analogias e representações. Exploram-se não
apenas os conhecimentos, mas também
as capacidades dos alunos. A curiosidade e
a investigação são motivadas por meio de
textos que utilizam diferentes linguagens e
propostas de trabalho diversas. As atividades
podem ser realizadas em situações individuais ou coletivas. O trabalho em grupo visa
desenvolver o espírito de colaboração, solidariedade e parceria, fundamentais para a vida
em sociedade.
Entendemos o aluno como um ser criativo, autônomo e articulador de ideias.
Consideramos essencial que ele leia, pense,
escreva e passe a olhar o mundo sob uma
ótica geográfica. Por isso, estão presentes atividades que utilizam a linguagem escrita para
representar e expressar a realidade e registrar
informações e conhecimentos. A oralidade
é estimulada por meio de debates e da expressão de ideias, pensamentos, opiniões e
vivências na apresentação de trabalhos de
forma individual e coletiva. Fotos com legendas, mapas, gráficos, infográficos, pinturas e
desenhos ilustrativos estão somados ao texto
verbal, auxiliando o aluno no entendimento
de conceitos e enriquecendo as possibilidades de “leitura”.
Quanto mais o professor puder enriquecer suas aulas com o uso de diferentes linguagens, maiores serão as possibilidades de
motivar os alunos. Para tanto são recursos
valiosos: poemas, charges, histórias em quadrinhos, músicas, literatura de cordel, lendas,
pinturas, gravuras, mapas, gráficos, filmes, fotografias e textos jornalísticos. A combinação
de todos esses elementos aproxima o ensino da Geografia de um universo mais amplo da comunicação humana auxiliando na
compreensão da produção do espaço, bem
como na crítica a ele.
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nições encontradas em artigos que buscam
especificar o tema estudado. Uma dessas
definições nos é dada por ele (GOMES, 2005,
p. 44), citando Sosteric & Hesemeier (2004)
que definem OA como ‘[...] um arquivo digital
(imagem, filme, etc.) que pretendem [sic] ser
utilizados para propósitos educacionais e
que inclui, internamente ou via associação,
sugestões sobre o contexto apropriado, no
qual devem ser utilizados’.
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Linguagem gráfica e pensamento
O cinema como um aliado
“O cidadão deve ter habilidades para adquirir
informações, através da leitura e compreensão de linguagens disponíveis:
“Os filmes jamais podem ser encarados como
uma distração ou má forma de preencher o
tempo e, assim como qualquer atividade
proposta em sala, as que envolvem o cinema
só dão certo se forem bem preparadas. […]
t escritas;
t faladas;
t não verbais.
Como escolher o filme
No ensino de Geografia, a linguagem gráfica
deve ser incluída ao lado de outras linguagens não verbais, no rol das ferramentas que
viabilizam as leituras do mundo. […]
Mais do que seu gosto pessoal ou o dos
alunos, é importante responder a essas
questões:
O cidadão caminha com autonomia quando
é informado e tem habilidades para assumir
investigações que o possibilitem melhorar
seu conhecimento, suas ações e decisões.
Como este filme pode ajudar a atingi-lo?
O gráfico possibilita uma leitura imediata:
ele é visual, mostra os dados organizados
de forma lógica, prendendo-se à essência.
É uma linguagem universal que permite ver
a informação.”
PASSINI, Elza Yasuko. Linguagem gráfica e pensamento.
In: ALMEIDA, Rosângela Doin de (Org.). Cartografia escolar.
São Paulo: Contexto, 2010. p. 173-174.
GUIA DIDÁTICO
A diversidade de imagens apresentadas
na coleção (obras de arte, fotografias e desenhos) ressalta a importância do trabalho com
a representação, pois ela é parte importante
da construção do conhecimento, não sendo,
portanto, um elemento meramente ilustrativo.
18
Qual o objetivo didático da atividade?
Ele é adequado à faixa etária e às características da turma?
As informações contidas estão de acordo
com o nível de conhecimento dos alunos?
A temática do filme é adequada ao ambiente
escolar? Tem cenas de sexo, violência e terror
ou trata de valores culturais, religiosos e morais com os quais as famílias podem discordar?
A quantidade de informação sobre o tema é
suficiente ou é necessário fazer uma complementação?
A abordagem do tema é atual? Existem
outros enfoques que vão ser explorados de
outras formas?
[...]
Outra linguagem atual que também pode
estar presente no ambiente escolar é a do
cinema. Filmes podem dar apoio pedagógico às disciplinas do currículo e auxiliar no
desenvolvimento do conteúdo estudado. As
imagens cinematográficas provocam forte
impacto na realidade. Além disso, o cinema
já é parte do lazer cotidiano dos alunos.
Como planejar a exibição
A vantagem da utilização dos filmes
como prática educativa é que, pelas imagens, os alunos podem não apenas visualizar
elementos do espaço geográfico, mas também experimentar narrativas bem elaboradas capazes de estimular diversas leituras de
mundo e concatenar ideias e experiências,
facilitando a compreensão dos conteúdos
abordados no dia a dia em sala de aula.
t Mesmo que já o tenha assistido, veja novamente para definir como irá trabalhar
a temática e decidir quais trechos exibirá.
O uso do cinema em sala requer um trabalho
prévio. Veja o que fazer antes da exibição.
t Consiga uma cópia do filme. Se não estiver disponível nas locadoras, você pode
consultar cinematecas ou solicitá-lo à
distribuidora.
t Faça um plano de aula, prevendo em que
momento o filme será exibido à turma e
inclua a atividade no planejamento.
t Verifique com antecedência se os equipamentos necessários para a exibição estão
funcionando. […]
MANO, Maíra Kubík. O cinema como um aliado. Nova Escola, Edição
Especial 50 Filmes, São Paulo, Abril, p. 8-10, jul. 2011.
A seguir, organizamos um roteiro de itens
que pode ser discutido ao trabalhar com um
filme – por exemplo, Tempos Modernos, de
Charles Chaplin. Esse filme faz uma crítica
ao processo de socialização e construção da
sociedade a partir da industrialização. Os seguintes itens podem ajudar nas discussões:
t aumento da produção;
t diminuição de gastos no processo
produtivo;
t importância da máquina no processo
produtivo;
t concorrência;
t mecanização;
t repetição – fragmentação/condicionamento humano;
t valorização da máquina X desvalorização
do trabalho humano;
t como a indústria reconfigurou a geografia das cidades.
Ao concluir a exibição, podem ser elaboradas questões sobre o filme, possibilitando
ao aluno expressar sua opinião e desenvolver
a capacidade crítica e o respeito pelas diferentes opiniões sobre o assunto.
Da mesma forma que diferentes linguagens são utilizadas, também o aluno é estimulado a produzir em diferentes linguagens
– cartazes, maquetes e representações, desenhos ou histórias em quadrinhos.
2. Competências
e habilidades
Uma reflexão sobre o ensino da Geografia
traz questões referentes a que Geografia queremos ensinar e como ensinar. Sabemos que
os pressupostos teóricos e as tendências dessa
área de conhecimento mudaram no decorrer
da História. Sabemos também que as mudanças na prática pedagógica não ocorrem rapidamente. Para o professor, significa estudo, reflexão, análise e autoavaliação de procedimentos,
instrumentos de ensino e prática avaliativa.
Os conteúdos da Geografia contribuem
para que os alunos possam compreender o
mundo em que vivem, aprender a pensar nesse mundo e sobre ele. Dessa forma, a educação geográfica deve levar à ampliação de suas
habilidades e capacidades de participação ativa em procedimentos metodológicos, como
a observação de paisagens, a representação
dos fenômenos socioespaciais, a interpretação e construção de gráficos, tabelas, infográficos e textos, o uso de recursos diversificados
por meio dos quais eles possam registrar seu
aprendizado e conhecimentos geográficos.
Construímos, continuamente, conhecimentos e desenvolvemos habilidades de que
necessitamos no decorrer da vida. Aprender
significa utilizar os conteúdos e conhecimentos adquiridos num dado contexto para
solucionar problemas em outros. Partindo
dessa premissa, devemos nos questionar: De
que maneira a minha prática educativa possibilita ao aluno adquirir essas habilidades e
capacidades?
Visando à formação integral do aluno e ao
desenvolvimento de inúmeras capacidades
cognitivas, afetivas e motoras, entendemos os
conteúdos como conceituais, procedimentais
e atitudinais.
A aprendizagem de conteúdos conceituais requer clareza quanto ao que deve ser
ensinado. Eles devem ser significativos, com a
possibilidade de ampliar e aprofundar conhecimentos já apreendidos, e ser trabalhados de
forma contextualizada, para que o aluno possa
GUIA DIDÁTICO
Os filmes escolhidos podem ser até mesmo
aqueles líderes de bilheteria e vindos de
Hollywood, desde que sejam adequados aos
propósitos da aula. […] É recomendável, no
entanto, ampliar os horizontes da turma.
‘Além da ficção, documentários e filmes
educativos podem e devem estar presentes
na escola para que a garotada os conheça e
discuta sempre que possível’ comenta Inês
[Teixeira, professora da Universidade Federal de Minas Gerais].”
19
estabelecer relações entre os conteúdos geográficos e destes com os de outras áreas do
conhecimento. É importante ressaltar que os
conceitos podem e devem ser construídos, e
que esse processo se opera, ao mesmo tempo,
com os conceitos do cotidiano e com os conceitos científicos. Assim, é tarefa escolar buscá-los e organizá-los a fim de haja superação do
senso comum.
“Por conteúdos conceituais entendemos aqueles que constituem o conjunto de conceitos e
de definições relacionados aos saberes socialmente construídos. Os conteúdos conceituais
são fundamentais no processo de construção
de representações significativas pelos alunos,
desde que sejam estudados, contextualizados
e sua relevância identificada tanto por quem
ensina como por quem aprende.”
MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo,
não um acerto de contas. Rio de Janeiro: DPG, 2002. p. 87.
O conceito adquirido e elaborado na escola não deve ser puramente memorizado,
mas compreendido e utilizado em interpretações ou no conhecimento de novas ideias.
GUIA DIDÁTICO
Trabalhar conteúdos procedimentais
significa incluir regras, técnicas, métodos,
habilidades e estratégias no desenvolvimento do processo pedagógico. Atividades de
leitura, observação, experimentação, representação, classificação, analogia e síntese
são exemplos de ações e práticas com conteúdos procedimentais.
20
“Os conteúdos procedimentais designam
conjuntos de ações, de modos de atuar com
a finalidade de alcançar metas. Trata-se de
conhecimentos aos quais nos referimos ao
saber fazer as coisas (com as coisas ou acerca das coisas, as pessoas, as informações, as
ideias, os números, a natureza, os símbolos,
os objetos etc.) e sua aprendizagem vai supor,
em última análise, que saberão usá-los e
aplicá-los em outras situações, para alcançar metas. Neles grupamos as habilidades
ou as capacidades básicas para atuar de
alguma maneira, estratégias que as pessoas aprendem para solucionar problemas
ou as técnicas e atividades sistematizadas
relacionadas com aprendizagens concretas.
É lógico pensar que os procedimentos fazem
parte do currículo porque com eles, uma
vez aprendidos de maneira significativa, os
alunos saberão fazer coisas. Saberão, por
exemplo, fazê-las funcionar, transformá-las ou produzi-las, medi-las, observá-las,
representá-las graficamente, organizá-las,
lê-las, elaborá-las etc.”
VALLS, Enric. Os procedimentos educacionais.
Porto Alegre: Artmed, 1996. p. 20.
Os conteúdos atitudinais referem-se ao
trabalho com valores, atitudes e normas. Visam resgatar e afirmar a formação do aluno como cidadão, ao propor situações de
aprendizagem que envolvam valores, como
princípios éticos de solidariedade, justiça, liberdade. É necessário que a escola promova
condições para o desenvolvimento de conteúdos atitudinais, com o objetivo de formar integralmente o ser humano. O sistema
de valores conduz nossas atitudes, nossas
ações, nossa predisposição para cooperar,
ajudar, respeitar, participar.
“A escola forma para a vida e para a vivência
plena da cidadania. Essa é uma sentença
constantemente pronunciada por educadores.
Nela está embutida a ideia da formação para
os valores, como o respeito, a solidariedade, a
responsabilidade, a honestidade etc. Nela está
também o conceito de formação das atitudes,
isto é, da predisposição do sujeito para atuar
de certa maneira. [...] Quando se fala em conteúdos atitudinais, não são conteúdos a serem
trabalhados isoladamente, mas no contexto
dos outros, vistos no processo de ensino.”
MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo, não
um acerto de contas. Rio de Janeiro: DPG, 2002. p. 90-91.
Entendemos que o encaminhamento metodológico deve dar prioridade a atividades
que envolvam múltiplas habilidades. Por meio
de um conteúdo proposto, o aluno poderá realizar diferentes produções. O ensino tornar-se-á mais dinâmico e tenderá a explorar não
só os conhecimentos prévios, mas também
as capacidades dos alunos.
3. Organização do Projeto
Os livros estão organizados em unidades,
que, por sua vez, estão divididas em capítulos.
Os conteúdos foram selecionados de forma a
explorar a diversidade de espaços ocupados
pelo ser humano. Seu encaminhamento, de
forma gradual, tem como objetivo desenvolver o entendimento geográfico, bem como a
capacidade de pensar sobre o espaço e buscar alternativas para um mundo melhor, com
base na ação consciente, transformadora e
crítica da realidade em que vive.
Ao longo dos conteúdos trabalhados
o educando é constantemente estimulado
a exercitar o ato de observar e pensar, por
meio de imagens propostas, a interpretar
mapas, gráficos e tabelas e é incentivado à
ação cidadã em seu cotidiano. Os livros também procuram assegurar que o conhecimento
geográfico seja alcançado por meio dos vários
tipos de linguagem.
O trabalho em equipe é incentivado por
entendermos que a socialização nas atividades desenvolve muitas habilidades que serão
imprescindíveis na futura vida acadêmica e
profissional do aluno e no seu convívio em
sociedade.
O incentivo à leitura pode ser encontrado
nos textos ao longo dos conteúdos, os quais
se mostram críticos, contextualizados e interessantes para o educando.
O material também pretende conscientizar o aluno de que o espaço geográfico
não está pronto e acabado, mas é dinâmico
e foi abordado de forma integrada. Há ênfa-
se na questão do meio ambiente, formas de
degradação e soluções para os problemas, e
na questão social, que se coloca desigual no
Brasil e no mundo, mas que pode e deve ser
melhorada, dependendo das ações individuais
e coletivas, com responsabilidades de governos e da sociedade em geral.
Certamente, os livros jamais esgotarão os
temas propostos, o que seria impossível para a
Geografia, ou qualquer outra disciplina, dado o
caráter dinâmico desta disciplina. Acreditamos
que a qualidade de ensino caminha muito além
da quantidade de conteúdos trabalhados.
No livro do 6º ano, damos início ao estudo
da realidade do aluno, em que são trabalhadas
as categorias paisagem, lugar e espaço geográfico. Para isso, procurou-se não só buscar
as experiências cotidianas dos alunos, mas
também, iniciá-los na prática da observação
da realidade, de estar atento a ela e de pensar
e propor sugestões a respeito do espaço geográfico, sob uma perspectiva global e histórica.
Ao longo desse volume são apresentados os
conceitos e temas relacionados à alfabetização
cartográfica e à natureza (relevo, hidrografia,
clima e vegetação).
No livro do 7º ano, após ter estudado
a linguagem cartográfica e a dinâmica que
envolve os elementos naturais e culturais
do espaço terrestre (conteúdos desenvolvidos no 6º ano), o aluno poderá expandir seu
conhecimento geográfico dedicando-se ao
estudo do espaço brasileiro. O livro enfoca a
pluralidade cultural, as diferentes paisagens e
as diversas formas de produção que se concretizam no espaço brasileiro. O conteúdo
se desenvolve com base na regionalização
em complexos regionais, possibilitando ao
aluno reconhecer as diversidades e as desigualdades regionais do país, enfatizando-se
os aspectos socioeconômicos.
No livro do 8º ano, o aluno inicia sua inserção no contexto da Geografia mundial,
sendo estimulado a ter uma postura crítica
diante do mundo que se apresenta cada vez
mais globalizado. Compreende diferentes formas de regionalização e inicia o estudo dos
GUIA DIDÁTICO
Optamos por desenvolver o trabalho partindo de uma visão já incorporada à Geografia,
presente no discurso tradicional, enfatizando,
no entanto, a experiência e introduzindo aspectos metodológicos de uma Geografia que
acreditamos ser renovada, capaz de valorizar
o conhecimento do aluno, sua capacidade
criativa e seu posicionamento crítico perante
as questões fundamentadas em sala de aula.
21
continentes, que se estende até o volume 9.
No oitavo ano, a aprendizagem se inicia pelos continentes americano e africano – esses
continentes estão interligados pelo passado
colonial e pela influência étnica, principalmente na população latino-americana.
No livro do 9º ano são desenvolvidos
conteúdos relacionados a Europa, Ásia, Oceania e Antártica. Nas unidades referentes à
Ásia, optamos por destacar alguns conjuntos
regionais: o Oriente Médio, a Índia, o Japão, a
China e os países denominados Tigres Asiáticos, por serem, atualmente, áreas de grande
destaque no continente e no mundo.
Com o desenvolvimento desses conteúdos, visamos possibilitar ao aluno construir
uma gama de conhecimentos geográficos
que sabemos não estarem acabados.
Atividades propostas
As atividades propostas nos volumes da
coleção envolvem reflexão, questionamento
e criatividade, podendo ser realizadas individualmente, em duplas, em grupos ou coletivamente, envolvendo toda a classe.
DIVERSIFICANDO LINGUAGENS
GUIA DIDÁTICO
Atividades que sugerem novas possibilidades de leitura, escrita e oralidade. Diferentes habilidades e capacidades são trabalhadas
em uma perspectiva criadora, com o uso de
textos de diferentes fontes, charges, gráficos,
fotografias etc.
22
GEOGRAFIA E CIDADANIA
Nessas atividades busca-se chamar a
atenção do aluno para aspectos que dizem
respeito a seu dia a dia em sociedade. O posicionamento tomado deverá se reverter em
atitudes que melhorem seu convívio com a
comunidade em que está inserido e com a
natureza. As atividades podem ser apresentadas sob a forma de problematização, em
que o aluno poderá expressar sua opinião e
seu conhecimento sobre o aspecto abordado, de forma oral ou escrita, desenvolvendo
a reflexão e o posicionamento perante as situações apresentadas.
INTERPRETANDO MAPAS
Essas atividades possibilitam ao aluno trabalhar com uma linguagem essencial para o
conhecimento geográfico: a linguagem cartográfica. Ao sintetizar informações, expressar
conhecimentos e estudar situações que envolvem a ideia de produção do espaço, o aluno
familiariza-se com os mapas e sua leitura.
TRABALHO EM EQUIPE
São sugeridas atividades práticas, que estimulam o trabalho em equipe, dando prioridade a um conjunto de atividades que o
aluno poderá realizar no ambiente escolar e
também fora dele.
AGORA É COM VOCÊ
Ao final de cada capítulo são apresentadas
questões de interpretação, reflexão e registro
sobre os temas trabalhados, que podem servir
como revisão dos conteúdos aprendidos.
Quadro-resumo dos conteúdos
6o ano
UNIDADE
CAPÍTULO
1 - PAISAGENS
Paisagem e lugar
Observação da paisagem
A ação humana e as mudanças na paisagem
Ação humana e desenvolvimento sustentável
Natureza e mudança
t
t
t
t
t
t
t
Orientação
Localização no espaço
Mapeando o espaço
Lendo as representações cartográficas
t Orientação: direções cardeais e colaterais com base em referências
preestabelecidas
t O Sol e a bússola como meios de orientação
t Paralelos e meridianos
t Coordenadas geográficas: latitude e longitude
t Sistema de posicionamento global
t Os registros e sua importância para o conhecimento das paisagens.
t Mapas e plantas
t Mapas: representação de elementos, estabelecimento de convenções
cartográficas
t Escalas e comparação de ordens de grandezas
t Leitura de mapas
t Tipos de mapas
t Projeções cartográficas
3 – LITOSFERA E HIDROSFERA
4 – ATMOSFERA
E FORMAÇÕES VEGETAIS
A biosfera
O relevo terrestre
As águas do planeta
As dinâmicas atmosféricas
Problemas ambientais atmosféricos
As formações vegetais e as alterações humanas
t
t
t
t
Paisagens terrestres, lugar e espaço geográfico
Registro e sua importância para o conhecimento das paisagens
A história presente nas paisagens
A percepção da paisagem
Tempo geológico e mudanças na paisagem
O trabalho humano e as mudanças na paisagem
Desenvolvimento sustentável
t
t
t
t
Ecossistemas
Diversidade de formas da superfície
Teoria da deriva continental e das placas tectônicas
Agentes internos e externos do relevo: tectonismo, vulcanismo, abalos sísmicos
e processos erosivos
Relevo oceânico
Águas oceânicas (tipos de mares; marés e correntes marítimas)
Águas continentais: elementos de uma bacia hidrográfica e águas subterrâneas
Poluição das águas
t
t
t
t
t
t
t
t
Tempo e clima
As mudanças nos estados atmosféricos
As zonas térmicas
Fatores e elementos do clima
Poluição do ar: aquecimento global e outros problemas atmosféricos
Os climas da Terra e suas formações vegetais
As alterações na cobertura vegetal
Exploração dos recursos vegetais e a degradação ambiental
GUIA DIDÁTICO
2 - LOCALIZANDO ESPAÇOS
CONTEÚDO
23
7o ano
UNIDADE
CAPÍTULO
CONTEÚDO
t Localização geográfica do Brasil, extensão territorial, pontos extremos e fusos horários
t Problemas sociais do Brasil
t A formação territorial brasileira: história da ocupação e configuração do território
t A regionalização brasileira de acordo com o IBGE (história e critérios)
1 - LOCALIZAÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO BRASILEIRO
Brasil: um imenso território
A formação do território brasileiro
Regionalização do Brasil
Quem vive no Brasil?
O espaço rural e o espaço urbano brasileiro
t A regionalização geoeconômica do Brasil
t A população brasileira: habitantes e crescimento populacional
t O povo brasileiro: origem e cultura
t Paisagens e contrastes do espaço rural
t Técnicas agrícolas. Sistemas agrícolas e de pecuária
t A questão agrária
t Histórico da industrialização brasileira
t Urbanização brasileira
t Grandes cidades e sua influência
t O início da colonização
t A cana-de-açúcar e o povoamento do litoral
2 - OS DIVERSOS NORDESTES
Localização e ocupação
A dinâmica populacional
Os elementos da natureza e a região nordestina
Uma região com diferentes espaços geográficos
t A população nordestina: distribuição, composição e qualidade de vida
t Manifestações culturais
t O relevo, a hidrografia, o clima e a vegetação do Nordeste
t As sub-regiões nordestinas: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte
t A descoberta do ouro e o povoamento do interior do país
t O café e as transformações na paisagem
t A presença dos imigrantes no Brasil
3 - O CENTRO-SUL
Centro-Sul: localização e história
Diferentes paisagens do Centro-Sul
O Centro-Sul e seus diferentes espaços
t A construção de Brasília
t Elementos naturais do Centro-Sul: relevo, hidrografia, clima e vegetação
t As alterações na cobertura vegetal
t Agricultura, pecuária, extrativismo e industrialização na região Centro-Sul
GUIA DIDÁTICO
4 - A AMAZÔNIA BRASILEIRA
24
Localização e reconhecimento da Amazônia
Os povos indígenas da Amazônia
Amazônia: ocupação dos espaços e exploração
dos recursos
A agropecuária e a indústria na Amazônia
t Localização geográfica da Amazônia
t A vegetação, o clima, o relevo e a hidrografia da Amazônia
t Os recursos vegetais e minerais e o extrativismo na Amazônia
t A questão da terra
t A indústria e a urbanização na Amazônia
8o ano
UNIDADE
CAPÍTULO
CONTEÚDO
t A regionalização do mundo em continentes
t A dinâmica terrestre e a teoria da deriva Continental
t Os tipos climáticos e vegetais da Terra
1 - O MUNDO DIVIDIDO
As áreas continentais
Domínios climáticos e as formações vegetais
O mundo bipolar
Globalização
Níveis de desenvolvimento
t A regionalização do mundo pelo critério histórico-cultural
t A divisão do mundo na Guerra Fria: a bipolaridade
t A crise do socialismo na URSS e no Leste Europeu
t O mundo multipolar
t Características e consequências da globalização da economia
t Os blocos econômicos: União Europeia, Mercosul, Nafta e outros
t O índice de desenvolvimento humano (IDH) dos países
t Regionalização geográfica e cultural do continente americano
2 - AMÉRICA LATINA
América: regionalização e colonização
Os povos pré-colombianos
População latino-americana
Natureza e sociedade
México, América Central e Guianas
Países andinos e platinos
t Processo de colonização da América Latina e os povos nativos
t A dinâmica populacional: concentração e crescimento
t Aspectos naturais da América Latina: o clima, a vegetação, os rios e as
formas do relevo
t As atividades econômicas dos países latino-americanos
t Questões geopolíticas dos países latino-americanos
t Colonização e formação territorial dos Estados Unidos da América
3 - A AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
Colonização e formação territorial
Dinâmica populacional
Natureza e sociedade
América Anglo-Saxônica: a potência de uma
economia
As relações internacionais
t A dinâmica populacional
t As causas e consequências da urbanização
t Aspectos naturais da América Anglo-Saxônica: relevo, hidrografia, clima e vegetação
t As atividades econômicas
t O expansionismo político e econômico dos Estados Unidos da América
t A influência cultural estadunidense no mundo
t Localização do continente africano
t Partilha da África e formação das fronteiras
t Descolonização e processo de independência dos países africanos
t A África do Sul pós-apartheid
t A dinâmica populacional
t Qualidade de vida da população africana
t As atividades econômicas e os recursos naturais
t O relevo e a hidrografia
t Paisagens climatobotânicas do continente africano
GUIA DIDÁTICO
4 - DIVERSIDADE NA ÁFRICA
A localização e a colonização do continente
Conhecendo os africanos
A economia no continente africano
A dinâmica natural
25
9o ano
UNIDADE
1 - EUROPA
CAPÍTULO
Localização e regionalização do continente
europeu
A história europeia
O socialismo no continente europeu
A população europeia
Um continente em busca da unidade
Conflitos no continente europeu
A natureza do espaço europeu
CONTEÚDO
t Localização do continente europeu
t A dinâmica populacional: concentração, composição, imigrantes e qualidade de vida
t A questão das minorias étnicas: guerras na ex-Iugoslávia, a ação do IRA e a
questão basca
t Aspectos naturais da Europa: o clima, a vegetação, os rios e as formas de relevo
t Aspectos naturais e degradação ambiental
t As atividades econômicas dos países europeus
t A União Europeia e a CEI
t Identificação e localização espacial do Oriente Médio e da Índia
t Paisagem natural e atividades econômicas
t A economia petrolífera do Oriente Médio
t Características populacionais
2 - ORIENTE MÉDIO E ÍNDIA
Localização do Oriente Médio
Oriente Médio: Economia
A população do Oriente Médio
Conflitos no Oriente Médio
Índia
t Os curdos e a luta pela formação de um Estado
t O islamismo
t Causas e consequências do conflito Israel × Palestina
t Fatores envolvidos na Guerra do Iraque
t Aspectos naturais da Índia
t O crescimento da economia na Índia
t A dinâmica populacional na Índia
t Importância das monções para a Índia
t O conflito da Caxemira entre Índia e Paquistão
t Os aspectos físicos do Japão
t Características humanas do Japão
3 – JAPÃO, CHINA E SUDESTE
ASIÁTICO
Japão
China: aspectos naturais e humanos
China: potência econômica
Tigres Asiáticos: focos de desenvolvimento
Sudeste Asiático
t Potencialidade econômica do Japão
t Os setores agrícola, extrativista e industrial do Japão
t Características físicas e populacionais da China
t Características atuais da economia chinesa
t As questões conflituosas entre Taiwan, China e Tibete
t O desenvolvimento econômico dos países Tigres Asiáticos
t Colonização e regionalização da Oceania
4 - OCEANIA E ANTÁRTICA
Oceania
Austrália
Antártica
t Nova Zelândia: características física, humana e econômica
t Austrália: aspectos naturais e exploração de riquezas
t Austrália: a dinâmica populacional e atividades econômicas
GUIA DIDÁTICO
t Localização e identificação do continente antártico
26
UNIDADE 1
O continente europeu
A Unidade 1 trata especificamente do
continente europeu: localização, configuração histórica, dinâmica populacional, conflitos étnicos e religiosos, disposição dos aspectos físicos e economia.
O Capítulo 1 trata da localização do continente europeu – limites, fronteiras e configuração política no cenário da Guerra Fria.
O Capítulo 2 analisa os acontecimentos
mais marcantes que ocorreram na Europa
e que influenciaram o mundo – como as
Grandes Navegações e a Revolução Industrial – e a influência desses fatores nas mudanças verificadas no espaço geográfico do
continente europeu e do mundo. A contextualização histórica permitirá ao aluno conhecer aspectos importantes que levaram ao
desenvolvimento industrial europeu.
O Capítulo 3 contempla as origens e o
desenvolvimento do socialismo e as mudanças que esse sistema de governo acarretou
no continente europeu. Nesse contexto, são
abordados o papel da ex-união Soviética, as
alianças políticas e a redefinição das fronteiras no continente.
O Capítulo 4 estuda a dinâmica populacional europeia, com destaque para a composição e as tendências demográficas do continente. Enfoca também o desenvolvimento
social e econômico, destacando a diferença
entre as partes ocidental e oriental da Europa.
O Capítulo 5 trata dos vários conflitos
étnicos e religiosos que ocorrem no continente europeu. O estudo de diferentes culturas vem consolidar o trabalho, enfatizando
a transversalidade dos conteúdos, além de
discutir as questões das minorias étnicas e
da pluralidade cultural.
O Capítulo 6 tem como foco o estudo
dos aspectos naturais do continente europeu: a ação humana, o trabalho e a construção dos espaços geográficos.
O Capítulo 7 aborda a União Europeia, sua
formação histórica, os países-membros e as
características desse bloco econômico, que
constitui uma união econômica e monetária.
O capítulo também inclui o estudo da Comunidade dos Estados Independentes (CEI),
sua formação histórica, os países-membros
e as características do bloco.
Conteúdos conceituais
t Localização do continente europeu.
t A dinâmica populacional: crescimento,
concentração, composição, imigrantes
e qualidade de vida.
t Aspectos naturais da Europa: o clima,
a vegetação, os rios e as formas de relevo.
t Aspectos naturais e degradação ambiental.
t As atividades econômicas dos países
europeus.
t A questão das minorias étnicas: os conflitos étnicos nos Bálcãs, a ação do Irish
Republican Army – Exército Republicano Irlandês (IRA) e a questão basca.
t A União Europeia e a CEI no contexto
da economia mundial.
Conteúdos procedimentais
t Observação, representação, leitura e
análise de textos e mapas, comparação
escrita e visual.
Conteúdos atitudinais
t Posicionar-se contra as ações predatórias ao meio ambiente.
t Adotar postura crítica diante da forma
de exploração dos recursos naturais.
t Valorizar e respeitar a diversidade cultural.
t Posicionar-se contra os comportamentos xenófobos.
GUIA DIDÁTICO
4. Orientações deste
volume
27
Sugestões de atividades
1. Corrida espacial
A conquista do espaço foi umas das marcas do período da Guerra Fria, quando Estados
Unidos da América e União Soviética disputavam a supremacia tecnológica e ideológica
mundial. Os soviéticos foram os primeiros a
enviar um homem ao espaço, em 12 de abril
de 1961, Yuri Gagarin.
Em 20 de julho de 1969, o astronauta
estadunidense Neil Armstrong tornou-se
o primeiro homem a pisar na superfície da
Lua. Esse feito colocou os Estados Unidos da
América à frente da União Soviética na corrida espacial.
t Solicite aos alunos que pesquisem, em
grupo, a corrida espacial no período da
Guerra Fria.
t Peça a cada grupo que relacione os
principais acontecimentos da corrida
espacial no período da Guerra Fria.
t Oriente os grupos a produzir um infográfico ou mural sobre a corrida espacial, com destaque para a rivalidade
tecnológica e ideológica entre Estados
Unidos da América e União Soviética.
GUIA DIDÁTICO
2. Visto europeu
28
Se, por um lado, muitos países europeus
dependem da participação dos imigrantes
em diversos setores da economia, por outro
há uma severa política contra a entrada de
trabalhadores ilegais na União Europeia. Há
muitos casos divulgados na imprensa sobre
brasileiros que nem sequer conseguem ingressar nos países do bloco europeu, tendo
que regressar ao Brasil.
A atividade visa identificar a participação
dos imigrantes ilegais nos países do bloco
europeu.
t Organize os alunos em grupos e peça-lhes que pesquisem em reportagens
notícias de brasileiros que não conseguiram ingressar nos países do bloco
europeu. Quais foram os motivos alegados? Que tipo de tratamento eles receberam das autoridades europeias?
t Depois de realizadas as pesquisas, divida
a turma em dois grupos. Um deles deve
analisar as informações do ponto de vista
dos migrantes; o outro deve proceder a
análise à luz do bloco econômico. Quais
são os argumentos a favor do livre trânsito de pessoas pelo mundo? Em contrapartida, por que as políticas de imigração
são supostamente necessárias? Oriente
a discussão dos grupos.
3. Proibição do véu islâmico em
países europeus
Diversos países da Europa discutem a
proibição do véu islâmico, o que tem aumentado a tensão entre as comunidades religiosas. Essa limitação da liberdade religiosa
ocorre sob a alegação da segurança, uma
vez que as vestes típicas poderiam facilitar a
atuação de grupos terroristas.
t Solicite aos alunos que pesquisem a
respeito da proposta de proibição das
vestes islâmicas em diversos países europeus, por exemplo, França, Bélgica,
Itália, Dinamarca, Suíça e Reino Unido.
Forme grupos e distribua essas nações
entre eles.
t Oriente os alunos a pesquisar também
a respeito da questão da proibição do
uso do véu islâmico. Quais são os argumentos dos diversos setores envolvidos
(religiosos, governamentais, direitos
humanos, comunidade internacional).
t Estimule uma discussão na sala de aula
sobre as questões: o véu islâmico deve
ser proibido nos países europeus? A expressão religiosa pode ser assimilada
com riscos para a segurança de um país?
4. Grupos separatistas
Ao mesmo tempo em que a Europa busca a unidade por meio da União Europeia,
t Organize a sala de aula em seis grupos
e peça que pesquisem os seguintes
conflitos separatistas:
– Bálcãs: separatismo na Iugoslávia
– A questão basca
– Bósnia
– A questão irlandesa
– Kosovo
– Cáucaso
t Com o resultado da pesquisa, oriente
os grupos para que seja elaborado um
blog sobre os movimentos separatistas
na Europa.
t Organize uma discussão com a turma
sobre a questão da unidade europeia
considerando esses conflitos étnicos e
políticos pesquisados. É possível estabelecer uma verdadeira união em um
cenário de intensas disputas e conflitos? Essa união privilegia, de alguma
forma, os aspectos econômicos e deixa
as questões sociais em segundo plano?
5. Debate
A crise que se abateu sobre o continente
europeu, a partir de 2008, especificamente
sobre os países da zona do euro, teve grande repercussão internacional, pois provocou
protestos em vários países da União Europeia. A população, acostumada com benefícios sociais concedidos pelo governo, viu-se
diante de uma situação que envolvia reformas no sistema previdenciário, demissões e
cortes nos salários.
a) Organize a classe em equipes e cada
uma ficará encarregada de pesquisar
sobre um destes países: Grécia, Itália,
Espanha, Irlanda e Portugal.
b) Solicite a cada equipe que pesquise, de
revistas, ou na internet, informações
sobre os rumos da crise europeia e as
consequências para a população e a
economia dos países citados.
c) Com as informações coletadas por
cada grupo, abra um espaço na sala
para iniciar um debate com as seguintes questões:
tOs fatores responsáveis pela crise foram iguais em todos os países?
tQuais foram as consequências da crise para cada um dos países?
tComo se encontra o processo de recuperação econômica dos países?
Para o debate, os alunos podem utilizar
os argumentos pesquisados e ter acesso a
outros meios, como a apresentação de slides
ou a utilização de vídeos e reportagens.
Leituras complementares
A seguir, você encontra textos que visam
auxiliar o trabalho do professor e possibilitam
a realização de outras atividades complementares ou avaliativas.
A Europa expulsora
“[…] A passagem do sistema de produção
feudal para o de produção capitalista seguiu
linhas básicas em todos os países que se
industrializaram; o que variou foi a época
em que isso aconteceu. Os pilares dessa
passagem foram: concentração da terra nas
mãos de poucos proprietários; altas taxas de
impostos sobre a propriedade, que impeliram
o pequeno proprietário a empréstimo e
consequente endividamento; ofer ta por
parte da grande propriedade de produtos a
preços inferiores no mercado, eliminando a
concorrência do pequeno agricultor; e, por
fim, a transformação do pequeno agricultor
em mão de obra para a indústria nascente.
À medida que se implantava tal processo,
foi liberando um excedente de mão de obra
que a industrialização tardia de países como
a Itália e a Alemanha, por exemplo, não
GUIA DIDÁTICO
diversos conflitos nacionalistas ocorrem no
continente. Esses movimentos separatistas
juntam-se aos que ocorreram no centro e
no leste da Europa, relacionados ao fim dos
governos socialistas e à fragmentação dos
países alinhados à União Soviética.
29
GUIA DIDÁTICO
30
tinha condições de absorver. Isso, aliado a
um crescimento demográfico nunca visto,
como o ocorrido no século XIX, quando a
população da Europa aumentou em duas
vezes e meia, ao avanço da tecnologia que
permitiu que tarefas antes executadas
pelo homem pudessem ser realizadas por
máquinas e à melhoria sem precedentes dos
transportes, pôs à disposição do mercado
verdadeiras hordas de camponeses sem
terra e desocupados.
Foi exímia a habilidade do capital em gerar
um exército de trabalhadores, condição sine
qua non para sua multiplicação incessante.
Mas quando o número de desempregados,
impossível de ser absorvido no novo sistema,
começou a constituir ameaça, foi preciso
tomar providências imediatas. A fome,
associada à miséria e ao desespero, poderia
com certeza desencadear revoltas populares
em escala incontrolável, o que os donos de
indústrias queriam evitar a qualquer custo.
Emigrar foi a solução ideal encontrada, uma
vez que esse panorama geral harmonizava-se
perfeitamente com as necessidades dos novos
países – Estados Unidos, Argentina e Brasil –,
que por motivos variados iniciaram um grande
movimento de atração de imigrantes para
suas terras.
Mais de 50 milhões de europeus [...] deixaram
o continente entre 1830 e 1930. Grande parte
teve como destino a América do Norte, [...]
mas 11 milhões (ou seja, 22% do total) foram
para a América Latina, dos quais 38% eram
italianos, 28% espanhóis, 11% portugueses e
3% da França e Alemanha.
Desses 11 milhões que foram para a América
Latina, 46% foram para a Argentina, 33%
para o Brasil, 14% para Cuba e o restante
dividiu-se entre Uruguai, México e Chile.
Esse foi o panorama expulsor em linhas
ger ais. No entanto, a dificuldade está
em compr eender como um pr oce s s o
dessa dimensão mudou a vida de seus
protagonistas, sobretudo no âmbito do
privado. Afinal, não estamos falando de um
único grupo, mas de alemães, italianos,
espanhóis, portugueses, poloneses, enfim,
de uma gama de nacionalidades cujo modo
de vida, hábitos e costumes foram pautados
por uma história diversa.
Sem prescindir do fato de que tais diferenças
devem ser levadas em conta em análises
de inserção do Novo Mundo, é preciso
um esforço para buscar o similar, o que
transformou o pacato homem do campo,
independentemente da sua nacionalidade,
em um emigrante. [...]”
ALVIM, Zuleika. Imigrantes: a vida privada dos pobres do campo.
In: ARIÈS, Philippe; CHARTIER, Roger (Org.). História da vida privada
no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. 3. p. 219-222.
Mediterrâneo: um mar entre
três continentes
“O Mediterrâneo é um mar quase fechado
que banha o litoral meridional da Europa,
o ocidental da Ásia e a faixa costeira da
África do Norte. Possui uma ligação natural
com o Oceano Atlântico através do estreito
de Gibraltar e, outra artificial com o Mar
Vermelho e Oceano Índico conectados pelo
canal de Suez. Os estreitos de Bósforo e
Dardanelos o colocam em contato com o
Mar Negro.
O Mediter r âneo apresenta gr andes
profundidades e é quase totalmente rodeado
por áreas com ocorrências de montanhas
de formação geológica recente, como o
Pireneus (entre Espanha e França), Alpes
(sudeste da França), Apeninos (Itália) e
cadeia do Atlas (noroeste da África). A
existência de inúmeras penínsulas (Ibérica,
Itálica, Balcânica, do Peloponeso) tornam
a costa mediterrânea bastante recortada,
fato que historicamente foi aproveitado para
instalação de portos bastante movimentados
como o de Barcelona (Espanha), Marselha
(França), Gênova (Itália) e Pireu (Grécia).
De maneira geral, podem ser distinguidas
duas áreas distintas do Mediterrâneo; a bacia
oriental e a ocidental, que se comunicam
através do canal da Sicília. Essa divisão é,
no entanto, fragmentada pela existência de
mares menores como é o caso do Tirreno (na
bacia oriental) e Jônico, Adriático e Egeu (na
bacia ocidental).
Mediterrâneo, assim como quase todas as
áreas do mundo, encaixou-se imediatamente
nos esquemas do jogo de influências e
alianças engendrados pela Guerra Fria.
Com a criação da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan), os EUA substituíram
gradativamente os britânicos como potência
dominante do Mediterrâneo.
Todavia, os processos conflituosos de
independência de uma série de colônias
europeias situadas especialmente no norte
da África, a pressão exercida pela crescente
expansão da marinha soviética, os vários
conflitos entre países árabes e Israel e as
tradicionais rivalidades entre países da
região, transformaram o Mediterrâneo numa
área de frequentes tensões geopolíticas.
O fim da Guerra Fria se, de um lado eliminou
ou amainou algumas velhas tensões, por
outro ensejou o surgimento de inúmeros
novos desafios para os Estados da região.
S ão dezoito os E stados que possuem
terras banhadas pelo Mediterrâneo. Eles
apresentam grandes diferenças no que se
refere ao tamanho, à evolução histórico-cultural e ao nível de desenvolvimento.
Por exemplo, há países como a Espanha, a
Itália e a Grécia que são membros da União
Europeia; Estados que fazem parte da Otan,
como a Turquia e a França; são também
‘mediterrâneos’ países árabes-muçulmanos
como a Síria, Líbano, Egito, Líbia, Marrocos,
Argélia e Tunísia, assim como aqueles que
até o início da década de 1990 adotavam o
sistema socialista como a Albânia e a Croácia
e a ‘nova’ Iugoslávia. Existem ainda Malta e
Chipre, países insulares que só conseguiram
suas independências na década de 1960
e, por fim, Israel, um ‘corpo estranho’ em
meio ao ‘mar’ árabe-muçulmano que é o
Mediterrâneo Oriental.
Praticamente todos os países que margeiam o
Mediterrâneo apresentam, ou apresentaram
num passado recente, tensões e conflitos
internos ou problemas no relacionamento
com nações vizinhas.”
GUIA DIDÁTICO
Contatos e confrontos
Desde a Antiguidade, o Mar Mediterrâneo
foi uma zona pr ivilegiada de contatos
culturais, intensas relações comerciais e
de constantes enfrentamentos políticos.
Às margens do Mediterrâneo floresceram,
d e s en v o lv er am - s e e d e s ap ar e cer am
importantes civilizações, como a egeia, a
egípcia, a fenícia, a grega, a romana e a
bizantina.
Um dos fatos marcantes da história da região
aconteceu em 1453 quando os otomanos
tomaram a cidade de Constantinopla (atual
cidade turca de Istambul) e fecharam o
Mediterrâneo oriental à penetração europeia. Esta teria sido uma das razões que
teria impelido portugueses e espanhóis se
aventu ra rem pelo Atlântico em busca do
caminho das Índias.
Na segunda metade do século XVIII, a Inglater ra e a França foram ampliando suas
influências sobre a região, aproveitando a
gradativa decadência otomana e, ao mesmo
tempo, tentando impedir a expansão da
Rússia. A Inglaterra que foi afirmando-se
cada vez mais como grande potência marí tima, estabeleceu-se em alguns pontos
estratégicos (Gibraltar e nas ilhas de Malta
e Chipre), que se transformariam em importantes bases navais.
Em 18 69, com a aber tur a do canal de
Suez, obra construída por um consórcio
franco-britânico, o Mediterrâneo Oriental
passou a integrar as grandes rotas do
comércio internacional, passando a ter um
papel relevante nas relações políticas e
comerciais das potências europeias.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial
(1914/19), cristalizou-se a supremacia britânica, num momento em que o Mediterrâneo se transformava numa artéria vital
para a Europa em função de estabelecer
uma ligação mais rápida e econômica entre
as áreas consumidoras e produtoras de
petróleo, estas últimas situadas no Oriente
Médio.
Algumas décadas depois, ao findar-se
o segundo conflito mundial em 1945, o
OLIC, Nelson Bacic. Disponível em: <www.clubemundo.com.br/
revistapangea/show_news.asp?n=112&ed=4>. Acesso em: fev. 2012.
31
GUIA DIDÁTICO
Heranças da Guerra Fria
32
“‘Europa’ é uma ideia bastante recente, do
ponto de vista histórico. Embora o termo
seja muito antigo, só a partir do século XVII
ele passa a ser mais empregado e o seu uso
generaliza-se apenas no século seguinte.
Antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918),
os europeus estavam pouco interessados na
Europa como entidade política.
A história da evolução política do continente
corresponde a uma sucessão de heranças
superpostas que foram deixando marcas,
algumas delas presentes, de uma forma
ou de outra, até os dias atuais. Uma das
heranças mais remotas pode ser identificada
com o Império Romano, herdeiro ele mesmo
da tradição cultural grega o primeiro a
conferir certa unidade política ao espaço
europeu. Durante seis séculos, de 46 a. C. a
476 d. C., os romanos, por meio de campanhas
militares, conquistaram e mantiveram um
amplo domínio sobre a Europa mediterrânea
e ocidental, até terem o império destruído
pelos povos que eles chamavam ‘bárbaros’ –
ou seja, os não romanos.
A exemplo dos romanos, a união continental
foi perseguida, pela via da conquista militar,
durante a época de Carlos Magno. Com
duração inferior a um século (786 a 843),
o Império Carolíngio também conseguiu
conferir alguma unidade geopolítica às
regiões da Europa centro-oriental.
Bem mais tarde, no início do século XIX, coube
à França napoleônica perseguir a unificação
europeia. O Império Napoleônico durou
menos de vinte anos, mas em seu apogeu
subordinou amplas áreas do continente.
As guerras contra o domínio napoleônico
ensejaram sucessivas coligações de Estados
sob a lider ança da Gr ã-Bretanha, que
desempenharia no século XIX o papel de
mediadora do equilíbrio geopolítico dos
países do continente.
O Congresso de Viena (1814-1815) reconfigurou
as fronteiras políticas do continente e estabilizou
o sistema político-diplomático da Europa pósnapoleônica. Esse sistema caracterizava-se
por um equilíbrio multipolar envolvendo as
cinco mais importantes potências europeias da
época – Grã-Bretanha, França, Prússia (depois
Alemanha), Áustria-Hungria e Rússia.
O equilíbrio europeu começou a ser rompido
com a unificação alemã. O crescimento do
poderio econômico e militar da Alemanha,
que acabaria transformando-a na primeira
potência europeia na virada do século,
associado às tensões e disputas entre
alemães e franceses e entre alemães e
russos culminaram na Primeira Guerra
Mundial. O conflito destruiu o sistema erguido
um século antes em Viena e, politicamente,
inaugurou o século XX.
A última tentativa de unificação geopolítica da
Europa por meio da força militar aconteceu
durante a Segunda Guerra Mundial (1939194 5). Em 1942, auge da expansão da
Alemanha nazista, apenas Grã-Bretanha
e União Soviética resistiam à máquina de
guerra criada por Hitler. Todo o restante
do continente encontrava-se sob ocupação
militar ou, de uma forma ou de outra,
aceitava a liderança alemã.
A ideia da união continental por intermédio
da integração econômica e política nasceu
dos escombros da Segunda Guerra Mundial.
No contexto bipolar da Guerra Fria, definido
pela participação do continente nas esferas
de influência dos Estados Unidos e da URSS,
a unificação teria de permanecer limitada
à Europa Ocidental. O Tratado de Roma,
de 1957, que criou a Comunidade Europeia,
deflagrou esse projeto.”
MAGNOLI, Demétrio. O grande jogo: política, cultura e ideias
em tempo de barbárie. São Paulo: Ediouro, 2006. p. 15-17.
Caracterização geográfica
e política da Rússia
“A Federação Russa é o maior país do mundo,
com uma superfície de aproximadamente 17
milhões de quilômetros quadrados e uma
população de 142 milhões de habitantes,
composta por mais de 160 etnias que falam mais
de cem línguas diferentes. Geograficamente,
historicamente e culturalmente é um país
tanto europeu quanto asiático, pois ocupa
40% da superfície do continente europeu e se
com o maior centro administr ativo da
região, chega a ser comum que recebam
a designação de ‘krai’ ou ‘oblast’ para
diferenciá-las da cidade principal. Neste
contexto, existe ainda um oblast autônomo
do povo judeu* e quatro okrugs autônomos*.
Finalmente o país possui duas áreas
metropolitanas, chamadas cidades federais.
Estas cidades, as maiores da Rússia, Moscou
e São Petersburgo desfrutam de status de
entidade federal, mas elas não possuem o
mesmo nível de autonomia como a maioria
das outras regiões. Elas são rodeadas por um
oblast, mas não fazem tecnicamente parte
do mesmo. É importante ressaltar que todas
as entidades federais, resguardando o seu
nível de autonomia, são consideradas parte
inerente da Federação Russa e, de acordo com
a Constituição, seu status não pode mudar sem
o consentimento do governo russo. [...]
* Krais: é como são chamados os clássicos territórios de
fronteira.
* Oblasts: oblasts podem ser traduzidos como províncias.
* Oblast autônomo do povo judeu: foi estabelecido em 1943
como o lar secular dos judeus e centro da cultura iídiche na
União Soviética, criado pelas políticas nacionais de Stálin.
Ironicamente, os judeus residentes nesta região constituem
hoje pouco mais de 1,2% de sua população total.
* Okrugs autônomos: são os distritos que abrigam grupos
étnicos específicos.”
BERG, Tiago José. Uma viagem geográfica pelas bandeiras
da Rússia. Geografia – Conhecimento prático,
São Paulo: Escala Educacional, 2012. p. 43-44. 41. ed.
Um chute na União Europeia
“A criação do euro, em 1999, foi um evento
sem similares. Pela primeira vez, uma
moeda não nasceu como expressão da
identidade financeira de uma nação. Fez
parte do projeto de integração de um bloco
com peso econômico e geopolítico suficiente
para contrabalançar a afluência dos Estados
Unidos. Colocar tantos e tão díspares povos
sob uma única moeda significou, desde o
início, uma tarefa hercúlea. Tanto que alguns
países da União Europeia, como a Inglaterra
e a Dinamarca, optaram por permanecer
fora do euro. A moeda única circula hoje em
dezessete países. Compõem a eurolândia
a potência Alemanha e a austera Holanda,
GUIA DIDÁTICO
expande longitudinalmente por todo o norte
da Ásia, em uma vasta e clássica hinterlândia.
Essa imposição do meio físico sempre foi uma
constante no processo de transformação do
espaço geográfico na Rússia e ex-União
Soviética. Ao passo que o país se caracteriza
por uma rede de cidades médias e alguns
pontos de extração de recursos, ligados por
uma tênue rede de transportes e energia,
o que faz da Rússia, hoje, segundo alguns
geógrafos, um verdadeiro ‘arquipélago’ no
sentido urbano e econômico.
As longas distâncias, os obstáculos ambientais e a falta de infraestrutura impedem que
as áreas metropolitanas expandam sua rede
socioeconômica além de uma pequena fração
de regiões da Rússia e seus habitantes. […]
Para entender como esse conjunto de entidades é formado, temos de fazer uma revisão
de sua geografia política.
Em 1993, quando a constituição da Federação
Russa foi adotada, o país era formado por
89 subdivisões, chamadas de ‘entidades
federais’. Com o passar do tempo, esta
subdivisão foi reduzida, chegando a um total
de 83 entidades em 2008. Entretanto, em
tal configuração, existem diferentes tipos
de entidades federais que possuem níveis
distintos de autonomia.
As entidades com maior nível de autonomia
na Rússia são as repúblicas. De acordo
com a Constituição do país, cada uma das
21 repúblicas pode adotar sua própria
constituição e estabelecer uma língua
nacional (usada em adição à língua russa).
Elas também podem eleger um presidente e
um parlamento e, geralmente se constituem
de um grupo étnico específico, chamado de
‘nacionalidade titular’, embora esse grupo
nem sempre constitua a maior parte da
população em cada uma delas.
Existem também 9 krais* e 46 oblasts* na
Federação Russa. Estas subdivisões são
basicamente as mesmas em termos de
autonomia, cada uma nomeia seu governo e
elege seu parlamento local.
Deve-se notar que, como muitas destas
entidades federais são nomeadas de acordo
33
GUIA DIDÁTICO
mas também países mais atrasados, como
Portugal e Estônia. O exemplo mais acabado
dos desequilíbrios dentro do bloco é a Grécia.
A crise financeira mundial explicitou as
fragilidades nas contas públicas do país.
Sem condições de financiarem o seu déficit
orçamentário, os gregos foram socorridos, no
ano passado, com um pacote de 110 bilhões
de euros, bancado pelas nações mais ricas
da União Europeia e pelo Fundo Monetário
Internacional, o FMI. A ajuda não foi suficiente.
Na semana passada, líderes europeus chegaram aos termos para um novo empréstimo, de
outros 110 bilhões de euros. Para receberem
o dinheiro, os gregos terão de aprofundar os
cortes nas despesas do governo, reduzindo
benefícios sociais e demitindo funcionários
públicos. Aprovar tais medidas será um teste
duro para o Parlamento, que convive com
protestos diários e crescentes nas ruas de
Atenas. O presente aos gregos também testará
a paciência dos contribuintes dos países mais
ricos da eurolândia, principalmente os alemães,
que já se viram obrigados a custear pacotes de
salvamento financeiro à Irlanda e Portugal. [...]
Uma s aída que tem sido analis ada é
34
(eufemisticamente) chamada ‘renegociação
voluntária’ da dívida, um tipo de ‘devo,
não nego, pago quando puder’. Haveria
um reescalonamento nos vencimentos,
estendendo-se os prazos a fim de que o país
ganhasse tempo para respirar e reorganizar
a sua economia. Existem os que defendem o
abandono do euro pelos gregos, que voltariam
a utilizar o dracma. Mas substituir valores em
euro, moeda forte e aceita globalmente, pela
dracma seria também uma espécie de calote.
Por fim, abandonar os gregos à própria sorte
seria uma traição aos princípios mínimos do
bloco europeu e sinal de que outros países
em crise poderiam ter destino semelhante.
Em outras palavras, significaria o primeiro
passo para a dissolução do sonho da União
Europeia, uma derrota sobretudo para
a Alemanha e para a França. A resposta
definitiva para a crise, dizem os analistas,
seria o caminho contrário. Isto é, aprofundar
a integração dos países do euro, para que eles
partilhem de instituições e padrões de vida
menos desiguais.”
BARRUCHO, Luís Guilherme. Veja, São Paulo:
Abril, ed. 2223, ano 44, n. 26, p. 80-81. jun. 2011.
Oriente Médio e Índia
t Os curdos e a luta pela formação de
um Estado.
t Islamismo: características e princípios.
A Unidade 2 trata do tema Oriente Médio,
uma região que tem se destacado na geopolítica mundial – principalmente por seus aspectos humanos e econômicos –, e discute também a Índia, país cuja singularidade se mostra,
sobretudo, na sua complexidade cultural.
t Causas e consequências do conflito
Israel x Palestina.
O Capítulo 8 estuda a localização, os limites e as fronteiras do Oriente Médio, os
países que integram a região, seus aspectos
físicos e a diversidade de paisagens.
t Crescimento da economia na Índia.
O Capítulo 9 analisa a economia do
Oriente Médio, com destaque para as atividades relacionadas ao petróleo e à agricultura.
t Conflito pela ocupação entre Índia e
Paquistão da Caxemira.
O Capítulo 10 enfoca a população do
Oriente Médio, a riqueza cultural e o papel
da religião no comportamento e na configuração das diferentes sociedades que habitam
a região, destacando o povo curdo, suas dificuldades para se manter como uma nação e
o desejo de formação de um Estado.
O Capítulo 11 aborda os conflitos no
Oriente Médio, principalmente entre judeus
e palestinos, resgatando os antecedentes
históricos da formação dos Estados, as divergências e perspectivas, além de analisar causas e consequências dos conflitos recentes
na região, como a ocupação militar estadunidense do Afeganistão e Iraque.
O Capítulo 12 estuda particularmente
a Índia, abordando seus aspectos físicos, a
dinâmica populacional, o papel da religião na
configuração da sociedade, suas potencialidades econômicas e a questão do separatismo da Caxemira.
Conteúdos conceituais
t Identificação e localização espacial do
Oriente Médio e da Índia.
t Paisagem natural e atividades econômicas.
t A economia petrolífera do Oriente Médio.
t Características populacionais do Oriente
Médio e da Índia.
t Fatores envolvidos na ocupação militar
dos Estados Unidos no Afeganistão e
no Iraque.
t Aspectos naturais da Índia.
t A dinâmica populacional na Índia.
t Importância das monções para a Índia.
Conteúdos procedimentais
t Observação, representação, leitura e
análise de textos e mapas, comparação
escrita e visual.
Conteúdos atitudinais
t Valorizar a história e cultura das civilizações que se desenvolveram no
oriente Médio e na Índia.
t Sensibilizar-se com o interesse das minorias étnicas de formar o próprio Estado no Oriente Médio e na Índia.
t Encarar os conflitos e as guerras pelo
mundo com senso crítico, adotando a
postura do pacifismo em qualquer circunstância.
t Respeitar as crenças religiosas dos povos
e repudiar comportamentos xenófobos.
Sugestões de atividades
1. Dessalinização da água
As características dos sistemas naturais e a
baixa disponibilidade de recursos hídricos no
Oriente Médio demandam técnicas mais avançadas de obtenção de água para o consumo
humano na região. A dessalinização é uma
tecnologia que está vinculada à localização e
às características físicas do território, uma vez
GUIA DIDÁTICO
UNIDADE 2
35
que responde às necessidades impostas pela
natureza à sociedade.
t Peça aos alunos que pesquisem o funcionamento da tecnologia da dessalinização e elaborem um infográfico sobre esse processo.
t Solicite aos alunos que relacionem a
necessidade dessa tecnologia com
as características dos sistemas naturais que configuram o Oriente Médio. Como o clima e a hidrografia, por
exemplo, determinam essa necessidade técnica? A localização do continente interfere nessas características?
Essas são questões problematizadoras
que podem orientar a atividade.
2. Vida sem petróleo
O Oriente Médio abriga o maior estoque
mundial de petróleo a ser explorado, motivo
pelo qual é considerado estratégico para a
economia global. Conhecer as diversas aplicações do petróleo na indústria é uma forma
de ilustrar não apenas a importância econômica do recurso energético em si, mas, sobretudo, de ilustrar a geopolítica do Oriente
Médio no contexto mundial.
t Organize os alunos em grupos e peça
que pesquisem os produtos que utilizam petróleo em sua composição.
GUIA DIDÁTICO
t Solicite que organizem a pesquisa na
forma de um blog ou mural, com fotos
dos objetos.
36
t Por fim, desafie os alunos a pensar
como seria viver sem utilizar nenhum
produto feito à base de petróleo. Isso
não quer dizer que os produtos deixariam de existir. Muitos teriam de utilizar
outros materiais, como a madeira, por
exemplo. Como seriam esses objetos?
3. Islamismo
O islamismo geralmente é associado ao
Oriente Médio, aos árabes e ao fundamentalismo, o que representa ideias imprecisas
sobre essa religião, que é a que mais cres-
ce em todo o mundo. Há, como sabemos,
países de outros continentes onde a religião
islâmica é muito difundida, não se restringindo ao mundo árabe. O fundamentalismo
atribuído aos muçulmanos é uma ideia equivocada, pois há diversas correntes na religião
islâmica.
t Solicite aos alunos que pesquisem em
reportagens a forma como o islamismo é abordado e quais são as palavras
associadas a essa religião. É comum,
por exemplo, o uso de termos como
“fundamentalismo” e “terrorismo” nas
reportagens.
t Discuta essa abordagem com o alunos
e, em grupos, estimule-os a produzir
um cartaz explicativo sobre o islamismo, de modo a romper com os preconceitos que geralmente estão atrelados a essa religião.
4. Lemon Tree
t Lemon Tree. Direção: Eran Riklis. Israel,
2008, 106 min. Classificação indicativa:
livre.
O filme Lemon Tree trata de uma plantação de limões, de propriedade de uma
palestina, que de repente se vê na fronteira
entre duas nações. A construção da casa do
ministro da defesa de Israel, logo ao lado da
plantação, coloca em questão a disputa por
territórios entre Israel e Palestina. O longa-metragem retrata a difícil relação entre os
dois povos, com medidas drásticas na defesa
dos interesses de Israel.
Após assistir ao filme com os alunos,
proponha uma discussão das medidas tomadas por Israel na disputa pelo território
do limoeiro, tido como de interesse para a
segurança nacional. As ações adotadas pelo
Estado israelense foram corretas e proporcionais? Por que esses conflitos ocorrem
naquela região?
O filme e a atividade podem ser utilizados
como um elemento disparador para a abordagem do conteúdo do livro.
Os hábitos alimentares são elementos
da cultura e das condições físicas dos lugares. Por meio da alimentação temos contato
com os recursos ambientais e econômicos
de uma população.
As receitas indianas, em especial, têm
como carcaterística o uso de produtos agrícolas e os condimentos cultivados no país
relacionados aos hábitos alimentares e culturais que marcam este povo.
t Oriente os alunos a procurar receitas
de pratos típicos indianos na internet
ou em livros de culinária regional.
t Verifique se os alunos conhecem todos
os ingredientes utilizados nos pratos.
t Quais são os alimentos básicos mais
presentes nos pratos pesquisados?
Oriente-os a observar essa questão e a
relacionar os hábitos alimentares com
a agricultura, a cultura e os sistemas
naturais que caracterizam o lugar.
Leituras complementares
A seguir você encontra textos que visam
auxiliar o trabalho do professor e possibilitam
a realização de outras atividades complementares ou avaliativas.
A questão palestina
“A chamada Questão Palestina tem se
constituído no mais persistente foco de
tensão no Oriente Médio. De forma bastante
sintética, ela refere-se à luta de dois povos, o
judeu e o árabe-palestino, pela posse de uma
área, a Palestina, sobre a qual ambos julgam
ter direitos históricos ou adquiridos.
Por estar localizada numa espécie de
encruzilhada entre as civilizações árabeislâmica e ocidental, a região passou por
vários domínios. Um dos mais longos foi
aquele exercido pelos turcos otomanos, que
durou de 1516 até o final da Primeira Guerra
Mundial. Durante este conflito, os britânicos
encorajaram a rebelião árabe contra os
otomanos e, vencendo-os, ocuparam a
Palestina.
Pelos acordos firmados no final do conflito,
a Sociedade das Nações, uma espécie de
antecessora da ONU, confiou os destinos
da Palestina à Grã-Bretanha. Os britânicos
mantiveram controle da região até 1947,
quando, incapazes de evitar os confrontos
entre a majoritária população árabe e a
crescente comunidade judaica, passaram o
problema para a ONU.
Esta propôs um plano de partilha da Palestina
em dois Estados, um judeu e um árabe.
Essa proposta, aprovada pela Assembleia
Geral da organização, foi rejeitada pelos
árabes da Palestina e países árabes vizinhos.
O conflito que se seguiu entre os árabes e
o recém-criado Estado judeu (Israel) teve
os últimos como vitoriosos. Se, de um lado,
Israel concretizou o sonho acalentado pelos
judeus, que desde o início da era cristã
almejavam um lar nacional; de outro, marcou
o início de um drama de um outro povo, os
árabes da Palestina. Desde então, eles, que
passaram a ser conhecidos simplesmente
por palestinos, vêm lutando pela criação de
um Estado nacional.”
OLIC, Nelson Bacic; CANEPA, Beatriz.
Oriente Médio e a Questão Palestina.
São Paulo: Moderna, 2003. p. 82-83.
Um novo estado no papel
“Jerusalém: uma capital de dois estados?
Jerusalém é uma cidade sagrada para
judeus, muçulmanos e cristãos. Segundo o
Antigo Testamento, no local Davi fundou, por
volta de 1000 a.C., o reino dos judeus. Seu
filho, Salomão, mandou construir um templo
na cidade. Para o islamismo, Jerusalém é o
terceiro local mais sagrado, atrás da cidade
de Meca e Medina, na Arábia Saudita. A
mesquita do Domo da Rocha fica no local de
onde o profeta Maomé teria ascendido aos
céus no ano 620. A importância histórica
explica por que israelenses e palestinos
reivindicam o direito de ter Jerusalém
como sua capital. Na par tilha proposta
GUIA DIDÁTICO
5. Culinária indiana
37
GUIA DIDÁTICO
pela ONU em 1947, a cidade ficaria sob
administração internacional, mas a guerra
de independência de Israel levou a uma
divisão: aos judeus ficou grande parte a oeste
de Jerusalém, e Jordânia ficou com a parte
leste – incluindo a Cidade Velha. Na Guerra
dos Seis Dias, Israel tomou Jerusalém
Oriental e, desde então, considera a cidade
sua capital indivisível. Na proposta a ser
entregue à ONU, a ANP reivindica Jerusalém
Oriental como sua capital.
A ssentamentos: qual é o destino dos
israelenses na Cisjordânia?
O Estado palestino como quer Abbas não teria
um único colono judeu vivendo na Cisjordânia
ou em Jerusalém Oriental. Hoje, há mais de
meio milhão de israelenses instalados em
cerca de 200 assentamentos nessas duas
áreas. São comunidades civis estabelecidas
nos territórios ocupados por Israel a partir da
vitória na Guerra dos Seis Dias. A construção
de assentamentos se tornou uma política
de gover no, manobr a par a gar antir a
maioria judaica em pontos estratégicos da
Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e da Faixa
de Gaza – de onde Israel se retirou em 2005.
No caso de um emergente Estado palestino,
seria preciso definir o que acontecerá com
os colonos, os mais de 10 mil soldados
israelenses e os postos de controle na região.
À luz do Direito Internacional, em tese todos
teriam de sair, pois os assentamentos são
considerados ilegais. ‘A solução precisa
ser negociada. Caso contrário, um banho
de sangue é certo, dada a quantidade de
colonos’, diz Arnon Soffer, professor de
demografia e geoestratégia da Universidade
de Haifa. Alguns assentamentos, como o de
Ariel, são verdadeiras cidades, com quase
20 mil pessoas. Extirpá-los já é, na prática,
impossível. Mas Soffer diz que a política
de expansão de assentamentos, congelada
por dez meses por Benjamin Netanyahu e
depois retomada, tem de acabar. ‘O fim dessa
estratégia é uma poção mágica para o Estado
de Israel sobreviver’”.
MACHADO, Juliano; TURRER, Rodrigo. Época,
Rio de Janeiro: Globo, n. 696, p. 97. set. 2011.
38
Um mar em busca de água
“Os turistas que chegam ao Mar Morto,
localizado entre Israel e a Jordânia, deparam
com uma paisagem que não se encontra em
outra praia. A areia é salpicada de crateras
que chegam a 40 metros de diâmetro e 25
metros de profundidade. Elas são formadas
pelo rebaixamento do nível do mar, que ocorre
hoje ao incrível ritmo de 1,2 metro por ano.
Dos anos 30 até hoje, o nível do Mar Morto já
baixou 34 metros e a faixa de praia avançou 1
quilômetro. Tecnicamente, esse reservatório
de água encravado no meio do deserto é
um lago, com 16 quilômetros de largura
e extensão equivalente à de seis pontes
Rio-Niterói. Sua única fonte de renovação de
água é o Rio Jordão. Pelas características
do solo onde repousa, sua salinidade é dez
vezes a dos oceanos. O sumiço da água
do Mar Morto, inicialmente, ocorria pela
evaporação. A partir dos anos 70, dois outros
fatores se juntaram a ela. Primeiro, a drástica
diminuição do volume de água do Jordão que
chega a ele. O rio perdeu 90% de sua vazão em
consequência do crescente uso de suas águas
para abastecer as populações e a agricultura
de Israel e Jordânia. O segundo motivo para
a redução do Mar Morto é o represamento
de suas águas para exploração de minérios
por meio de evaporação, num processo
semelhante ao da produção de sal marinho.
A diminuição do Mar Morto já suscitou vários
projetos para salvá-lo. O mais recente deles,
desenvolvido por uma firma de engenharia
americana, prevê a construção de um canal
que o ligaria ao Mar Vermelho. Como o Mar
Morto se encontra a 420 metros abaixo do
nível do mar, as águas do Mar Vermelho
teriam impulso natural para chegar até
ele. No caminho, seriam instaladas usinas
de dessalinização. Com essas usinas, não
apenas se evitaria que o Mar Mor to se
tornasse ainda mais salgado como se poderia
usar parte da água, às margens do canal,
para a formação de lagos que serviriam
para agricultura e o uso doméstico. Além
dessas vantagens, o canal traria um benefício
econômico adicional: a força da água serviria
contou a Veja o geólogo israelense Eli Raz, da
Geology & Environmental Consultation, que há
anos estuda a região.”
MELO, Carolina. Veja, São Paulo: Abril, ed. 2215,
ano 44, n. 18, p. 144-145. 4 maio 2011.
Índia – O passado do futuro
“Virumandi é um pequeno agricultor de 30
anos que vive com sua família nas montanhas
de Tamil Nadu, no sul da Índia. Como todos
de seu povoado, ele se casou com uma prima
de primeiro grau, repetindo um rito milenar.
Mal sabia que, graças a essa tradição, estava
ajudando a preservar um dos mais valiosos e
antigos patrimônios genéticos de que se tem
notícia. No ano passado, pesquisadores da
Universidade de Madurai detectaram no DNA
de Virumandi rastros dos primeiros migrantes
da humanidade. Ou seja, de pessoas que
viveram há incríveis 70 mil anos e que estavam
entre os primeiros Homo sapiens, anteriores
mesmo ao surgimento da linguagem, que só
apareceu há cerca de 15 mil anos. É fascinante
imaginar que milênios depois, apesar de
todas as migrações, invasões, guerras e
colonizações, traços de um passado tão
remoto ainda se encontrem na Índia. […]
Além do hábito dos moradores de Tamil Nadu
de se casarem com seus primos, o país tem
uma fortíssima tradição oral e um sentimento
extremo de religiosidade. Esses dois aspectos
se refletem numa mitologia incontida, que
se multiplica constantemente em deuses e
cerimônias diferentes e é responsável por
manter o passado tão vivo. Os novos não
destroem os antigos, mas se acumulam e se
misturam. Alguns ritos continuam idênticos
ao que sempre foram, geração após geração.
Um exemplo são os cânticos religiosos (ou
mantras), sons milenares, semelhantes aos
dos pássaros, entoados até hoje da mesma
maneira como o faziam os homens antes de
saberem falar. Isso tudo em um país que se
tornou um dos gigantes da modernidade, polo
tecnológico, com uma economia que cresce
mais de 8% ao ano. […]”.
GUIA DIDÁTICO
para a construção de hidrelétricas, gerando
energia para a região.
Desde o fim do século XIX se imagina um
canal até o Mar Morto para gerar eletricidade.
Agora, com a possibilidade de também salvar
o Mar Morto, o projeto se torna duplamente
atrativo. Uma alternativa possível seria a
construção de um canal entre o Mediterrâneo
e o Mar Morto, projeto que já existe desde
o fim dos anos 70. No ano passado, porém,
ficou claro que a solução do Mar Vermelho é a
que provavelmente vai vingar. Os governos de
Israel, da Jordânia, e a Autoridade Palestina
fecharam uma parceria para o desenvolvimento
de um estudo de viabilidade do canal que seria
patrocinado pelo Banco Mundial a um custo
estimado em 10 bilhões de euros. O projeto
naturalmente preocupa os ambientalistas.
Um temor é que a mistura com as águas do
Mar Vermelho provoque no Mar Morto uma
proliferação de algas que poderia se tornar
incontrolável. O Mar Morto tem esse nome
porque nenhuma espécie aquática consegue
viver em suas águas, extremamente salgadas.
Em contrapartida, ele serve de abrigo para
dezenas de microrganismos encontrados pelos
cientistas, que o consideram um laboratório
para o estudo da evolução.
O declínio das águas do Mar Morto não impede
que o turismo floresça em muitos trechos de
seu litoral. Nos últimos anos, os hotéis tem se
multiplicado. O mesmo ocorre com os spas, que
oferecem como grande atração os banhos de
lama medicinal. Conta uma lenda, aliás, que as
propriedades terapêuticas e rejuvenescedoras
da lama do Mar Morto já eram conhecidas
da rainha Cleópatra. Ela teria pedido a Júlio
César para ocupar a região, garantindo
assim o seu estoque de lama. Banhar-se nas
praias do Mar Morto é também uma atração à
parte – devido à sua salinidade, a água é mais
densa, o que possibilita aos banhistas boiar
com muito mais facilidade do que em outras
praias. As próprias crateras formadas pelo
recuo constante das águas se tornaram uma
atração turística. ‘Os buracos nas margens do
Mar Morto já somam 3 000, e a curiosidade
em torno deles atrai cada vez mais turistas’,
SGARIONI, Mariana. Aventuras na História,
São Paulo: Abril, n. 66, p. 31-32. jan. 2009.
39
De quem Israel compra petróleo?
“Como você faria para comprar pão se o
padeiro da esquina não fosse com a sua
cara? O caso de Israel é parecido: seus
vizinhos árabes são os maiores exportadores
mundiais de petróleo, mas não reconhecem
seu direito de existir.
Produzindo só 2,6% do óleo que consome, o
jeito é recorrer a fornecedores alternativos,
como a ex-URS S e o mercado aber to
de compra e venda de petróleo (na gíria
financeira, spot market), como o do Porto
de Roterdã, na Holanda – uma espécie de
sacolão de commodities.
Desde o início desta década, Israel compra
petróleo da Rússia e Ucrânia. A quantidade
impor tada, no entanto, é as sunto de
segurança nacional. O restante é adquirido
por Israel no mercado spot holandês. Lá
compradores e vendedores negociam sem
que ocorra a identificação das partes. ‘Os
países árabes acabam vendendo a Israel
no mercado aberto. É uma forma indireta
de venda, já que o petróleo nesse mercado
não vem com selo’, afirma Alexandre Szklo,
professor de planejamento energético da
UFRJ.
Um dos fornecedores no spot market seria
o próprio Irã, inimigo declarado de Israel.
‘Mas o Irã desmente isso, porque os árabes não poderiam dizer, aber tamente,
que o seu petróleo abastece Israel’, diz
Williams Gonçalves, professor de Relações
Internacionais da UFF”.
CASTRO, Fabrício de. Superinteressante,
São Paulo: Abril, n. 261. p. 42. jan. 2009.
GUIA DIDÁTICO
Caminho da Índia
40
“Diz o Hinduísmo que do corpo da divindade
Purusha surgiram as castas, segmentos
sociais com funções exclusivas e hereditárias
– nelas ninguém entra, delas ninguém sai.
Conheça a novela por trás desse sistema
sagrado e ilegal que ainda afeta a vida de 1
bilhão de indianos.
Sábios da Boca – Os br âmanes são a
casta mais alta, formada por sacerdotes e
intelectuais religiosos. Lutam pela permanência do sistema.
Lei dos Deuses – É dos Vedas, a ‘Bíblia do
Hinduísmo’, que vem o sistema de castas.
Há 2.600 anos ele dita com quem os indianos
podem casar e quais profissões devem
exercer, um destino ligado ao conceito de
carma e aceito pela maioria.
Guerreiro dos Braços – Os xátrias eram
clãs de guerreiros e nobres, governantes
dos reinos que hoje correspondem à Índia
e seus vizinhos. Ainda estão próximos ao
poder, exercendo funções militares, políticas
e administrativas.
Comerciantes das Coxas – A casta dos
vaixás comanda a produção: agricultores,
pecuaristas, pequenos e médios empresários,
importadores e exportadores. São os que
mais enriqueceram com o boom econômico
indiano.
Povão dos Pés – Os sudras são o grosso
da população: operários, camponeses,
artesãos, mineiros, empregados domésticos.
Desde os anos 50, podem ouvir ensinamentos
sagrados, o que contribuiu para queda do
analfabetismo entre eles.
Pessoal de Fora – Existem mais de 100 milhões
de jatis, pessoas que vivem fora do sistema
de castas. Costumam ser profissionais
liberais, como médicos advogados e artistas.
Párias da Poeira – Os Vedas não mencionam
os dalits, mas a tradição diz que eles vêm
da poeira sob os pés de Purusha. São
‘intocáveis’ no pior sentido: impuros, não
se encosta neles. Pegam os empregos
considerados indignos, como coveiro, lixeiro,
limpador de esgoto. Não por acaso, são os
que mais pressionam por reformas”.
URBIN, Emiliano. Superinteressante,
São Paulo: Abril, n. 263, p. 36-37. mar. 2009.
Extremo Oriente e
Sudeste Asiático
A Unidade 3 apresenta como tema o Extremo Oriente e o Sudeste asiático destacando os aspectos humanos, físicos e econômicos do Japão, da China, dos Tigres asiáticos e
países do sudeste do continente.
O Capítulo 13 aborda a dinâmica natural,
humana e econômica do Japão, país de grande
projeção no continente asiático e no mundo.
O Capítulo 14 enfoca a dinâmica natural e
humana da China, país que, nas últimas décadas, vem se destacando no cenário asiático
e mundial.
O Capítulo 15 analisa os aspectos econômicos da China, as causas e consequências
do crescimento do país e as perspectivas futuras. O capítulo também aborda as questões
políticas e étnicas do país.
O Capítulo 16 trata das características econômicas dos países conhecidos como Tigres
asiáticos, seu desenvolvimento e sua política
de crescimento.
Conteúdos conceituais
t Os aspectos físicos do Japão.
t Características humanas do Japão.
t Potencialidade econômica do Japão.
t Os setores agrícola, extrativista e industrial do Japão.
t Aspectos físicos e características humanas da China.
t O dinamismo econômico da China.
t As questões conflituosas da China com
Taiwan e Tibete.
t Desenvolvimento econômico dos países chamados Tigres asiáticos.
t Dinâmica populacional do Sudeste
Asiático.
Conteúdos procedimentais
t Observação, representação, leitura e
análise de textos e de mapas; comparação escrita e visual.
Conteúdos atitudinais
t Reconhecer a importância das civilizações que se desenvolveram no Extremo Oriente e no Sudeste Asiático.
t Reconhecer o direito à liberdade e à
autonomia dos povos, como foi o caso
dos timorenses.
t Respeito às crenças religiosas e às manifestações culturais dos povos.
t Tratar as pessoas com respeito, observando os princípios dos direitos humanos.
t Reconhecer a importância dos imigrantes japoneses, chineses e de outros povos instalados em nosso país.
Sugestões de atividades
1. Moradias japonesas
O Japão é caracterizado como um país
não apenas populoso mas também muito
povoado, dada sua alta densidade demográfica. Esse fato faz que os japoneses tenham
de otimizar o uso do território, em diversas
escalas. Nas cidades, onde está a maior parte da população do país, as residências são
pensadas para ocupar o menor espaço possível, de modo a possibilitar a moradia de
mais pessoas em determinado território.
t Oriente os alunos a pesquisar na internet, em revistas ou jornais, informações
sobre as moradias nas cidades japonesas. Peça que procurem adaptações
pensadas para otimizar o espaço nos
pequenos apartamentos, por exemplo,
o uso do futon, uma espécie de colchão dobrável, que pode ser guardado durante o dia, ficando estendido no
chão apenas na hora de dormir.
t Depois de feita a pesquisa sobre os
apartamentos japoneses, peça que os
alunos comparem o uso do espaço nas
GUIA DIDÁTICO
UNIDADE 3
41
casas do Japão com as casas brasileiras. As preocupações são as mesmas?
t Como os brasileiros utilizam o espaço
residencial (móveis, eletrodomésticos
etc.)? Por que os japoneses têm de
pensar em todas essas adaptações para
otimizar o espaço de suas casas?
t Solicite aos alunos para elaborar um infográfico usando recortes de revistas e
ilustrações para demonstrar como é um
apartamento no Japão e sua relação
com a densidade demográfica do país.
2. Produtos de origem chinesa
No Brasil, temos contato com diversos
produtos que trazem na etiqueta e no rótulo a frase “Fabricado na China”, “Fabricado
em Cingapura” etc. Muitos, inclusive, mesmo
após cruzar o oceano, conseguem entrar no
mercado brasileiro a preços mais baixos que
os produtos nacionais, causando um efeito
nocivo à economia do país e justificando a
tomada de medidas protecionistas.
O objetivo desta atividade é estimular a
percepção dos alunos em relação à presença
dos produtos da China e dos chamados Tigres asiáticos no mercado brasileiro, e como
isso é capaz de representar a economia desses países.
GUIA DIDÁTICO
t Peça aos alunos que verifiquem, entre
seus pertences, se há algum produto
originário da China, de Cingapura, da
Coreia do Sul, de Taiwan ou de Hong
Kong. Essa informação consta nas etiquetas e nos rótulos dos objetos.
42
t Elabore uma lista de todos os pertences presentes na sala de aula que são
oriundos desses países.
t Oriente os alunos a pesquisar reportagens que abordem a presença de produtos vindos desses países no mercado brasileiro. Peça que selecionem trechos das reportagens e elaborem um
mural de notícias.
t Direcione a seguinte questão problematizadora para a turma: Como os
produtos chineses e dos Tigres asiáticos, mesmo após percorrerem uma
grande distância, por meio de navios, conseguem entrar no mercado
brasileiro a preços competitivos em
relação aos produtos fabricados em
nosso país?
t Peça a eles para formarem grupos e
elaborarem um mural com possíveis
respostas a essa questão. Oriente-os a
levar em conta a oferta de mão de obra
nesses países, a qualidade dos produtos e as condições de trabalho às quais
são expostos muitos trabalhadores.
t Essas informações estão disponíveis
em diversas reportagens e artigos de
revistas, jornais e na internet.
t Por fim, discuta com os alunos as hipóteses levantadas por eles, contextualizando como a entrada indiscriminada
de produtos provenientes da China e
dos Tigres asiáticos no mercado interno a preços baixos pode afetar nossa
economia.
3. Balzac e a costureirinha chinesa
t Balzac e a costureirinha chinesa. Direção: Sijei Dai. China, 2001. Classificação indicativa: inadequado para menores de 12 anos.
O filme Balzac e a costureirinha chinesa aborda a China na década de 1970, comandada por Mao Tsé-Tung, durante a Revolução Cultural chinesa, empreendida pelo
Partido Comunista. Dois adolescentes chineses são enviados a um “campo de reeducação”, em uma vila isolada do Tibete, onde
não devem entrar em contato com livros,
músicas e nenhum outro tipo de material
que não seja recomendado pelo Partido
Comunista. No entanto, os adolescentes
conhecem uma jovem, que lhes apresenta
livros do Ocidente, proibidos na China. Os
rapazes passam, então, a entrar em contato
com um mundo desconhecido e novo, por
meio da leitura e da música.
t Quais são os sites que os alunos mais
acessam? Se esses sites fossem proibidos no Brasil, qual seria o resultado
dessa atitude para a liberdade de expressão individual e a democracia? Essas perguntas podem direcionar o debate da sala de aula.
t Em seguida, peça-lhes elaborem uma
redação sobre o tema “Liberdade de
expressão na internet”.
4. Timor Leste
O Timor Leste, país localizado no Sudeste asiático, é um dos oito países falantes da
língua portuguesa, herança da colonização
portuguesa, que se estendeu até 1975. Por
conta da invasão da Indonésia logo após a
descolonização por Portugal, a língua portuguesa chegou a ser proibida no país, fato que
reduziu o número de falantes, embora, atualmente, o português seja uma das línguas
oficiais do país, ao lado do tétum.
t Solicite aos alunos pesquisem sobre o
Timor Leste, especialmente seus aspectos históricos e geográficos.
t Os alunos podem elaborar blogs, cartazes, murais e jornais para fazer a apresentação, utilizando fotos e reportagens.
Leituras complementares
A seguir, você encontra textos que visam
auxiliar o trabalho do professor e possibilitam
a realização de outras atividades complementares ou avaliativas.
Império instantâneo
“[...] A China não para: é, de longe, o país que
mais cresceu desde 1980. Uma média de
9,6% por ano neste quarto de século. Significa
dizer, por exemplo, que nos últimos três anos
acrescentou quase um Brasil inteiro ao seu
PIB. No primeiro semestre de 2006, sua
economia manteve-se como a mais vigorosa
entre todas. Cresceu mais 10,9%.
Cresceu também em qualidade. Esqueça a
China como o país apenas das baratíssimas
camisetas de 5 centavos de dólar e das
quinquilharias. Em 2005, o país fabricou (ou
montou) 400 bilhões de dólares em produtos
de alta tecnologia. Por exemplo, sete em
cada dez aparelhos de DVD vendidos no
mundo vêm de lá. Preste atenção no seguinte
fenômeno: o país ainda será por décadas
o das camisetas a preço de banana, mas
será cada vez mais um superfabricante de
produtos de alta tecnologia e um criador
de marcas mundiais – simultaneamente.
Para segurar a base da pirâmide, não falta
mão de obra barata chegando todos os dias
do empobrecido campo para abastecer o
mercado de trabalho. Somente a região de
Xangai recebe diariamente 28 000 novos
trabalhadores ávidos por encarar jornadas de
seis a sete dias por semana, doze horas por
dia, recebendo algo entre 100 e 200 dólares
por mês. Para sustentar as partes do meio e o
topo dessa pirâmide, é formado por ano cerca
de meio milhão de cientistas e engenheiros.
Ao ritmo de hoje, o Brasil levaria cerca de 45
anos para formar tanta gente nessas áreas.
O país é uma máquina de produzir como
nunca se viu outra igual. Uma máquina que
mistura características do comunismo e do
capitalismo. Mistura, portanto, baixos salários,
partido único, ausência de direitos civis e de
reivindicação com a busca pela produtividade,
meritocracia, capital abundante, atração
de estrangeiros e investimento em capital
humano. É uma máquina bafejada pelas
circunstâncias de ter a seu dispor o maior
mercado interno do mundo e o maior mercado
externo do mundo – os Estados Unidos. Uma
máquina de produzir riquezas que estabeleceu
com os EUA um pacto de morte, em que uma
precisa que o outro esteja saudável para que
ele próprio permaneça crescendo. [...]”
GUIA DIDÁTICO
t Após assistir ao filme com os alunos,
peça-lhes que reflitam sobre o papel
da democracia e tentem imaginar um
mundo onde o acesso à internet é controlado pelo governo, como na China.
JARDIM, Lauro. Veja, São Paulo: Abril, ed. 1968, 2006. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/090806/p_146.html>. Acesso em: abr. 2012.
43
O sonho chinês
GUIA DIDÁTICO
“O futuro da humanidade já começou na
internet chinesa: o horizonte flameja, o céu
está abrasado, nuvens negro-azuladas se
acumulam sobre o portal de pedra, fogos, os
tambores rufam – o poderio chinês revida.
Uma nave espacial flutua sobre uma suave
paisagem de colinas ondulantes, a música
ecoa em um crescendo, corais cantam e uma
voz grave masculina conjura o que o mundo
está para ver.
O ano é 2060, a China lidera a lista de nações
como o ‘país mais desenvolvido’. E a voz de
homem anuncia: ‘Um drama fantástico, no qual
o povo chinês destrói as potências ocidentais,
teve início’. Aquelas potências que conferiram
numerosas derrotas ao antigo e respeitável
Reino do Meio desde os tempos imperiais.
Na internet, um jogo brinca com o patriotismo
dos chineses e os diverte: o Giant Online. Mas
a China já não vive apenas virtualmente o seu
sonho de ser um gigante mundial, tão forte
e poderoso que é capaz de desfazer todas as
humilhações passadas.
A superpotência asiática, com uma população
quatro vezes superior à dos Estados Unidos,
com duas vezes e meia mais pessoas que
a União Europeia, está se preparando para
desafiar o Ocidente também na vida real. Após
30 anos de convulsivas modernizações, a
metade desse caminho já foi percorrida. Uma
das consequências é que somente 1,3 bilhão de
chineses, cerca de 50%, ainda vive no campo.
[...]
44
Crescente fábrica mundial
Em 2011 a República Popular apresentou-se
tão autoconfiante como nunca: atualmente, o
país produz 75% de todos os aparelhos de DVD
e TV e mais de 60% de todas as copiadoras,
sapatos, brinquedos e fornos de micro-ondas
do mundo. Além disso, mais de 50% de todos
os celulares e produtos têxteis.
Em um dos maiores pacotes conjunturais
da história, o governo está investindo mais
de R$ 900 bilhões (400 bilhões de euros)
na construção de novas estradas, pontes e
aeroportos.
E este ano ainda, o presidente e secretário
geral do PC Hu Jintao, de 68 anos, encabeçará
uma economia que deverá crescer 9% – talvez
até mais de 10%.
No início de 2011, a ‘fábrica mundial’ tinha
acumulado as maiores reservas de divisas
do mundo – mais de R$ 5 trilhões (2,2
trilhões de euros) – era a maior credora dos
Estados Unidos. Em fevereiro de 2011 ela
substituiu o Japão como segunda nação mais
industrializada do mundo, antes mesmo que o
tsunami devastasse o país nipônico em março
e mergulhasse em nova crise econômica.
Além disso, a China conquistou mais um título:
há pouco tempo, o país tornou-se o maior
consumidor de energia elétrica do planeta – à
frente dos Estados Unidos. [...]”
WAGNER, Wieland; PUHL, Jan; SHULZ, Sandra. Geo,
São Paulo: Escala, n. 25, p. 22-23. 2011.
Terremoto... tsunami... e choque
“O Japão está sempre à espera de uma tragédia.
Equilibrado sobre uma falha geológica que
registra a mais intensa atividade vulcânica e
a maior frequência de terremotos do planeta
– o chamado Anel de Fogo do Pacífico –, o
arquipélago há muito se habituou a conviver
com as intempéries. Além dos abalos sísmicos
e das explosões, vive fustigado por tufões,
furacões, tempestades. Nunca, porém, os
japoneses haviam presenciado um desastre
natural de tamanha intensidade como o da
madrugada de sexta-feira. Às 2h46, de um
ponto a 32 quilômetros de profundidade no
oceano Pacífico, a 400 quilômetros de Tóquio,
irrompeu um tremor de magnitude de 8,9 na
escala Richter. Ao interromper o equilíbrio das
águas, o deslocamento das placas tectônicas
deu origem a ondas gigantes, de até 10 metros
de altura e velocidade de 800 quilômetros por
hora. Numa das cenas mais impressionantes
registradas pelas TVs, um vagalhão colossal,
enegrecido pelos destroços que já carregava,
avançou sobre a cidade de Sendai, a mais
próxima do epicentro do terremoto, arrastando
o que estava à sua frente. Carros, casas,
barcos e prédios desprenderam-se do solo em
CABRAL, Otávio. Veja, São Paulo: Abril, ed. 2208,
ano 44, n. 11, p. 85 e 88. 16 mar. 2011.
Paquistão: o país onde nasceu
o Talibã
“Com cerca de 800 mil km² de extensão,
pouco menor que a Região Sudeste do Brasil e
aproximadamente 140 milhões de habitantes,
o Paquistão tem um papel importantíssimo no
contexto geopolítico do subcontinente indiano
e das áreas adjacentes (Oriente Médio e Ásia
Central). Isto decorre não só por conta de
seu envolvimento em problemas de países
vizinhos, especialmente em relação à Índia e ao
Afeganistão, mas também por causa de suas
tensões étnicas e religiosas internas.
O Paquistão surgiu como país independente
em agosto de 1947, como resultado da
bipartição da colônia britânica da Índia. A
ideia de se criar o Paquistão esteve ligada à
oposição dos muçulmanos do subcontinente
indiano em passarem a integrar uma Índia
plurirreligiosa e laica.
A própria palavr a que designa o país
é relativamente recente e foi ‘inventada’
por jovens intelectuais muçulmanos que
estudavam na Grã-Bretanha durante a década
de 1930. O termo Paquistão, cujo significado é
‘o país dos puros’, tem uma origem singular.
Cada letra que compõe o nome do país –
Pakistan, em inglês – tem um significado
geográfico: cada uma delas refere-se a uma
das regiões que integram o país. Assim, a
letra P é de Punjab, o A é de Afegânia, o K é
de Kachemira, o S é de Sind e as três últimas
letras (TAN) referem-se à área meridional do
país, conhecida como Baluquistan.
Desde o início, os jovens líderes muçulmanos
fizeram questão de fazer valer a ideia de que
a colônia britânica da Índia era composta
por duas entidades políticas distintas: o
Paquistão e a Índia. Afirmavam eles que
o Paquistão era uma nação com cultura,
língua, literatura, leis, códigos, costumes
e calendário próprios. No final das contas,
o aspecto que acabou prevalecendo foi o
religioso: o Paquistão, diferentemente da Índia
pluriétnica e plurirreligiosa, fez do islamismo o
fundamento de sua identidade nacional.
Isso, contudo, não evitou que o Paquistão, no
momento da independência, acabasse formado
por dois territórios distintos separados por
mais de 2 000 km: o Paquistão Ocidental
(atual República Islâmica do Paquistão) e o
Paquistão Oriental (que, em 1971, se separaria
de seu ‘irmão ocidental’ dando origem a um
novo país, Bangladesh). Também não evitou
que permanecesse em território da Índia uma
numerosa minoria muçulmana que, embora
perfaça aproximadamente 11% do efetivo total
do país, representa atualmente em números
absolutos mais de 100 milhões de indivíduos.
[...] Desde há muito tempo, o Paquistão vem
se defrontando com múltiplos problemas
internos. […]”
GUIA DIDÁTICO
frações de segundo para rodopiar no turbilhão
das águas como se fossem de brinquedo. Foi
o maior terremoto da história do Japão e o
sétimo mais violento do mundo. Sua força foi
tamanha que deslocou em 10 centímetros o
eixo de rotação da Terra. [...]
A cidade de Sendai, com 1 milhão de habitantes,
por ser a mais próxima do epicentro do tremor,
foi a mais devastada. Quando as ondas gigantes
do tsunami começaram a refluir, devolveram
às suas praias mais de 200 corpos. Dezenas de
edifícios foram incendiados, a energia elétrica
foi cortada e o aeroporto ficou fechado depois
de ter as pistas invadidas por carros arrastados
pelas ondas. A água carregou casas e carros
para o mar e levou barcos e navios para a terra.
Um navio que levava 100 pessoas foi tragado
pelo tsunami [...].
Na mesma região, uma refinaria de petróleo
e uma siderúrgica pegaram fogo. As chamas
atingiram mais de 30 metros de altura. Um
dique se rompeu em Fukushima, destruindo
1 800 casas. Quatro usinas nucleares da região
atingida pelo terremoto foram desligadas por
precaução. Uma delas, a de Fukushima, teve
problemas no sistema de resfriamento, o que
levou o governo a retirar os moradores num
raio de 10 quilômetros por causa do risco de
acidente nuclear. [...]”
OLIC, Nelson Basic. Disponível em: ‹www.clubemundo.com.br/
revistapangea/show_news.asp?n=74&ed=4›. Acesso em: mar. 2012.
45
UNIDADE 4
Oceania e Antártica
A Unidade 4 completa o estudo dos continentes, iniciado no 8º ano deste Projeto,
com a Oceania e a Antártica.
O Capítulo 18, além de abordar a Oceania e seus milhares de ilhas, destaca a Nova
Zelândia, país de natureza exuberante que
apresenta expressivo desenvolvimento econômico.
O Capítulo 19 trata especificamente da
Austrália, que exerce grande influência sobre
a Oceania, abordando os aspectos naturais,
econômicos e sociais deste que é o 6o maior
país do mundo em extensão territorial.
O Capítulo 20 se dedica ao estudo da Antártica, sua localização e características naturais, além de enfocar a presença brasileira no
continente.
Conteúdos conceituais
t Colonização e regionalização da
Oceania.
t Nova Zelândia: características físicas,
humanas e econômicas.
t Austrália: aspectos naturais e exploração de riquezas.
t Austrália: dinâmica populacional e atividades econômicas.
t Localização e identificação do continente antártico.
GUIA DIDÁTICO
Conteúdos procedimentais
46
t Observação, representação, leitura e
análise de textos e mapas; comparação
escrita e visual.
Conteúdos atitudinais
t Valorizar os povos nativos da Oceania, abandonando comportamentos de
preconceito e discriminação.
t Combater as ações predatórias ao
meio ambiente.
t Adotar postura crítica ante a forma de
exploração dos recursos naturais.
t Valorizar e respeitar a diversidade cultural.
Sugestões de atividades
1. Aborígines
Os aborígines são a população nativa da
Austrália e foram os primeiros povos a habitar a região. Com a chegada dos colonizadores ingleses, foram massacrados. Hoje,
correspondem a aproximadamente 1,5% da
população australiana.
t Solicite aos alunos que pesquisem informações sobre os povos aborígines
na internet, em livros e revistas.
t Peça, então, que construam uma espécie de perfil de um aborígine, criando um personagem e idealizando uma
história de vida, com base no que foi
pesquisado sobre esses povos.
t Os alunos devem levar em conta as características dos aborígines e as dificuldades enfrentadas por eles como, por
exemplo, o preconceito e a exclusão
social.
t Oriente os alunos a produzir um blog,
com os personagens aborígines criados por eles.
2. Guia de turismo da Antártica
A Antártica caracteriza-se por possuir
condições muito diferentes dos outros continentes da Terra, especialmente por conta
das baixas temperaturas, do gelo permanente
e da incidência de luz solar inferior às outras
regiões do planeta durante a maior parte do
ano. Por isso, a ocupação humana tem particularidades que também diferenciam a Antártica de outras áreas, e representa um desafio.
a) Organize os alunos em grupos, de
modo que possam pesquisar características do meio físico e biológico no
continente.
c) Os alunos podem utilizar guias de turismo existentes para se basearem na
elaboração de um novo modelo.
d) Oriente cada grupo a elaborar o conteúdo do guia, dividindo-o por assunto. Entre as sugestões, a organização
dos tópicos pode ter os itens:
t melhores períodos para viagem, considerando as condições climáticas;
t flora e fauna;
t meios de transporte que podem ser
utilizados;
t paisagens naturais a serem visitadas
(glaciares, montanhas, lagos, geleiras
etc.);
t precauções para a viagem e cuidados
para a conservação dos lugares visitados.
e) Reúna as pesquisas dos diferentes
grupos para a elaboração de um guia
final, que poderá ser concluído na sala
de aula, em conjunto.
3. Aquecimento global
O continente antártico é um dos primeiros a sofrer os efeitos de um suposto aquecimento global. O derretimento do estoque
de água congelada pode causar diversos impactos, por exemplo, a subida do nível dos
mares, originando efeitos desastrosos para as
sociedades do mundo inteiro.
t Solicite aos alunos a elaboração de hipóteses, com base em pesquisas realizadas em livros e na internet, sobre os
efeitos de um suposto aquecimento
global no ambiente antártico.
t Com base nessa pesquisa, oriente-os
a produzir uma campanha publicitária
contra o aquecimento global.
t Os argumentos da campanha devem
ser fundamentados nos dados pesqui-
sados. Além disso, a campanha deve
sugerir práticas cotidianas que podem
ser adotadas pelas pessoas para contribuir com a redução da emissão de CO2
na atmosfera.
t A campanha pode ser realizada em
formato de vídeo ou texto (panfletos).
Se possível, disponibilize o material na
internet.
t Por fim, converse com os alunos sobre
quais atitudes podem ser tomadas no
espaço escolar para contribuir com as
metas de redução da emissão de gases
de efeito estufa na atmosfera.
Leituras complementares
A seguir, você encontra textos que visam
auxiliar o trabalho do professor e possibilitam
a realização de outras atividades complementares ou avaliativas.
Viajando para um novo país
“Com exceção dos aborígines, todos os
australianos são imigrantes ou descendentes
de imigrantes que chegaram ao país nos
últimos dois séculos. [...]
Na década de 1940, 98% dos 7,5 milhões de
australianos eram de origem britânica e
irlandesa. Mas a Grã-Bretanha já não fornecia
imigrantes em número suficiente, e por isso
começou a chegar gente de outros países
da Europa. Muitas dessas pessoas haviam
perdido seus lares durante a Segunda Guerra
e queriam começar vida nova. Algumas podiam
pagar a passagem, mas outras foram ajudadas
pelo governo australiano. Em troca, esses
novos imigrantes ‘assistidos’ concordavam em
trabalhar dois anos para o governo.
Entre 1947 e 1971, quase três milhões de
pessoas vieram da Grã-Bretanha, Irlanda,
Holanda, Alemanha, Itália, Grécia, Oriente
Médio e outros lugares. Em 1973, a Política
da Austrália Branca foi substituída por uma
legislação que não discriminava racialmente
os imigrantes. A quantidade de pessoas que
imigravam do Sudeste Asiático aumentou
GUIA DIDÁTICO
b) Além de textos, estimule-os a pesquisar imagens, tabelas, mapas e outros
elementos que tragam informações
úteis para a elaboração do guia.
47
dramaticamente nos anos 70, com refugiados
que chegavam do Camboja, Laos e Vietnã.
Em barcos pequenos e frágeis, milhares
de refugiados vietnamitas, os boat people,
viajavam mais de 11 mil quilômetros até o
litoral norte da Austrália. Hoje, cerca de um
quarto dos australianos nasceu no além-mar, vindo de mais de cem países. Mas,
embora continuem chegando imigrantes, seu
número agora é severamente controlado.
Uma sociedade multicultural
De início, esperava-se que os imigrantes
não britânicos se encaixassem na sociedade
australiana.
Eram desencorajados a falar seus idiomas
ou conservar seus costumes. Também eram
considerados mão de obra barata, para
desempenhar tarefas que os australianos
não queriam fazer. Logo, porém, essas
comunidades imigrantes estabeleceram
suas próprias associações, escolas e jornais
começaram a exigir serviços especiais do
governo. Durante a década de 1970, o país
introduziu uma política de muticulturalismo.
Hoje, reconhece e apoia diferentes culturas,
em lugar de forçar todo mundo a se comportar
do mesmo modo. A Austrália moderna é uma
empolgante mistura cultural em que pessoas
de muitas origens diferentes convivem sem
muita tensão.”
SMITH, Kate Darian. Explorando a Austrália.
São Paulo: Ática, 1998. p. 42-43.
Nova Zelândia e Austrália: visões estratégicas
GUIA DIDÁTICO
Nova Zelândia e Austrália; visões estratégicas
48
“Os destinos da Nova Zelândia quase sempre
foram confundidos com os da Austrália.
Contudo, a evolução geopolítica neozelandesa
foi diferente em relação a seu grande vizinho,
talvez desde o momento em que recusou se
associar à Comunidade de Estados que deu
origem à Austrália em 1901.
Embora tenha participado ativamente das duas
guerras mundiais ao lado da Grã-Bretanha e
durante a Guerra Fria tenha se associado aos
EUA e Austrália num pacto político-militar,
conhecido pela sigla ANZUS (Austrália, Nova
Zelândia e Estados Unidos), que objetivava
impedir a expansão do socialismo na região da
Oceania, os neozelandeses têm ideias próprias
sobre o papel que deve ser desempenhado
pelo país no contexto político-regional.
A s sim, a No v a Zel ândia pr etende s e
transformar num importante interlocutor
junto ao mundo polinésio em virtude não só
de sua proximidade geográfica, mas também
dos laços existentes entre a cultura maori (as
populações autóctones do país) e a de seus
vizinhos. Nessa perspectiva, a Nova Zelândia
defronta com os obstáculos, representados
pelos EUA e pela França.
Em relação aos EUA existem algumas ilhas
cuja soberania os neozelandeses contestam.
Além disso, a Nova Zelândia por vários anos
impediu a utilização de seus portos por navios
norte-americanos que carregassem armas
nucleares. Com a França, as divergências são
mais profundas e se referem essencialmente
à oposição ferrenha da Nova Zelândia aos
testes nucleares realizados pela França no
atol de Mururoa, na Polinésia Francesa. Sendo
um país de reduzida dimensão territorial,
com pequeno efetivo populacional e com uma
localização geográfica excêntrica, as ambições
geopolíticas neozelandesas estão dirigidas
para sua presença na vizinha Antártida.
No que se refere à Austrália, as percepções
geopolíticas em relação às ameaças que
pairavam sobre o país modificaram-se
bastante em pouco mais de um século.
Assim, de 1890 a 1914, as preocupações
geopolíticas da Austrália estavam ligadas à
expansão naval alemã e o império colonial
que os germânicos tentavam consolidar
ao norte do território australiano. De certa
forma, foi essa ameaça que acelerou,
em 1901, a formação da Comunidade dos
Estados Australianos.
Após o final da Primeira Guerra, a ameaça
maior passou a ser o expansionismo do
Japão e sua política imperialista que já
vinha sendo desenvolvida desde a segunda
metade do século XIX, mas que se acelerou
no período entre as duas guerras mundiais.
Durante a Segunda Guerra, os japoneses se
OLIC, Nelson Bacic. Disponível em: <www.clubemundo.com.br/
revistapangea/show_news.asp?n=143&ed=4>. Acesso em: mar. 2012.
Cariocas do gelo não desanimam
com o incêndio
“O incêndio que arrasou 70% da Estação
Antártica Comandante Ferraz [...] não derreteu
o sonho de dezenas de pesquisadores do Rio,
que já trocaram o calor da Cidade Maravilhosa
pelo frio que beira os 40 graus negativos no
Continente Gelado. Embora abalados com
a tragédia — que acabou matando dois
militares — os cientistas pretendem voltar
para a Antártica em breve e lembram com
carinho do ambiente de Ferraz. [...]
Pesquisadores do Rio eram envolvidos em
diversos tipos de pesquisas no Continente
Gelado, várias delas impor tantes para
entender as mudanças climáticas. [...]
Inaugurada em 1984, a estação era um
complexo de 2,6 mil metros quadrados,
formado por módulos que abrigavam cerca
de 60 militares e pesquisadores. Quem já
esteve lá descreve rotina onde não há tempo
a perder: dias de trabalho intenso e noites de
algum descanso e confraternização.
Todos passam tempo integral envolvidos em
várias atividades. ‘À noite, havia estrutura
para descanso, com possibilidade de usar
a Internet para falar com a família, por
exemplo’, lembra o físico Heitor Evangelista.
Muitas vezes, os cientistas precisam coletar
amostras no gelo e até no mar antártico.
Todas as noites, pesquisadores e militares
se reuniam para definir a logística do dia
seguinte, e as questões de segurança de
quem ia para a área externa.
As acomodações — a maioria delas destruída
semana passada — incluíam laboratórios,
oficinas, heliponto, praça de máquinas com
geradores, cozinha industrial, padaria,
biblioteca, lavanderia, academia, enfermaria,
entre outras.”
GONÇALVES, João Ricardo. Disponível em: <http://odia.ig.com.br/
portal/mundo/cariocas-do-gelo-n%C3%a3o-desanimam-com-oinc%C3%aandio-1.415017>. Acesso em: mar. 2012.
GUIA DIDÁTICO
aproximaram perigosamente da Austrália,
chegando a ocupar a vizinha ilha da Nova Guiné
e efetuando alguns ataques aéreos ao norte
do território australiano. A derrota nipônica
em 1945 fez essa ameaça desaparecer.
Com o advento da Guerra Fria, a nova ameaça
passou a ser a progressiva expansão de
regimes comunistas em vários países
asiáticos, mais ou menos próximos à Austrália,
como os da China, Coreia do Norte e do antigo
Vietnã do Norte. Em face dessa ameaça a
Austrália, que em outras épocas sempre
esteve alinhada à Grã-Bretanha, alargou
essa aliança incorporando-se aos esquemas
políticos-militares capitaneados pelos EUA. É
dentro deste contexto que se deve entender a
participação da Austrália, juntamente com a
Nova Zelândia, no pacto ANZUS, que entrou
em vigor no início dos anos 50. Durante
as décadas de 1960 e 1970, a Austrália
apoiou a intervenção norte-americana no
Vietnã, enviando inclusive para o conflito um
contingente simbólico de soldados.
Na atualidade, a Austrália tem reavaliado seu
papel no contexto regional especialmente em
função do estreitamento dos laços econômicos
com os países do leste e sudeste asiáticos,
abrindo uma nova perspectiva em suas relações
internacionais. Comprovando essa nova
estratégia, a Austrália tem como alguns de seus
mais importantes parceiros comerciais o Japão,
a Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan e China.”
49
5. Avaliação
“A avaliação, muitas vezes, é usada como
‘arma’ contra o aluno. Quando isso acontece,
o aluno passa a ter medo da avaliação, medo
de fazer perguntas e de mostrar que não
sabe. [...] A distância entre professor e aluno
vai ficando cada vez maior.”
MELCHIOR, M. C. Avaliação para qualificar a prática docente:
espaço para a ação supervisora. Porto Alegre: Premier, 2004. p. 30.
Com esse questionamento, Melchior
aborda um assunto que tem preocupado os
educadores e que faz (re)pensar nossas práticas avaliativas e questionar se elas realmente
expressam o conhecimento dos educandos.
GUIA DIDÁTICO
Não temos a pretensão de estabelecer
aqui um tratado sobre avaliação. Queremos
apenas levantar alguns tópicos que possam
levá-lo à reflexão sobre o que é avaliar, como
avaliar e como mensurar o conhecimento
do aluno.
50
A avaliação precisa acompanhar as discussões e as transformações que vêm acontecendo com a educação. Se modificamos
nossa maneira de entender como o aluno
aprende e acreditamos que essa aprendizagem não acontece por sobreposição de
informações descontextualizadas e sem significado, precisamos rever a prática avaliativa. Considerando a avaliação o espelho da
concepção do trabalho do professor, é necessário redirecionar sua prática, que deve
estar vinculada à postura progressista – uma
avaliação contínua, diagnóstica, transparente. Contínua, porque é parte de todo o
processo educativo, ou seja, não deve ocorrer somente ao final, como um ato isolado.
Diagnóstica, porque identifica os avanços e
as dificuldades encontrados e redireciona a
prática do professor e do aluno. E, por fim,
transparente, porque revela uma tomada de
decisão, orienta o trabalho pedagógico.
Para tanto, o processo avaliativo terá
de passar necessariamente pelo diálogo.
Professor e alunos analisam criticamente a situação de aprendizagem e, juntos,
buscam a resolução dos problemas. Aí reside seu caráter democrático.
Outro aspecto que deve ser ressaltado na
prática avaliativa é a importância da autoavaliação, para que o educando possa refletir e
se conscientizar de seu desempenho. Considerando que receber informações não basta para o desenvolvimento do aluno, sendo
mais importantes a formação e o desenvolvimento de suas habilidades de compreender,
analisar, sintetizar e aplicar, cabe ao professor
valorizar todo trabalho criativo e de produção
do aluno, seus avanços na aprendizagem, sua
participação ativa. Assim, a avaliação é formativa e integral. São avaliados não apenas seus
conhecimentos adquiridos, mas também as
atitudes e as habilidades desenvolvidas.
“O valor da avaliação não está no instrumento
em si, mas no uso que se faça dele. Mais que
o instrumento, importa o tipo de conhecimento que põe à prova, o tipo de perguntas
que se formula, o tipo de qualidade (mental
ou prática) que se exige e as respostas que se
espera obter conforme o conteúdo das perguntas ou problemas que são formulados.”
MÉNDEZ, Juan Manoel Álvarez. Avaliar para conhecer,
examinar para excluir. Porto Alegre: ArtMed, 2001. p. 98.
Diante dessa perspectiva, a avaliação
deixa de ser descontínua, fragmentada e
comparativa. Perde seu caráter classificatório e passa a ser atuante no processo, parte
da aprendizagem. Cabe destacar o papel do
professor na avaliação e perante seus alunos.
“[...] ensiná-los a pensar, mais do que somente a memorizar; ensiná-los a questionar
o mundo, mais do que a aceitá-lo passivamente; ensiná-los a criticar a ciência, mais
do que somente sabê-la de cor; ensiná-los a
fazer ciência, mais do que recebê-la pronta.’
RONCA, Paulo Afonso Caruso; GONÇALVES, Carlos Luiz.
A clara e a gema: o viver na escola e a formação de valores.
São Paulo: Edesplan, 1998. p. 51.
Como avaliar?
t Utilizo um método de avaliação que não
valoriza apenas a aquisição de conteúdos?
Para que a avaliação se integre de maneira
eficiente e adequada ao processo de ensino-aprendizagem, as atividades devem envolver:
t pesquisa, com recursos de imagens e
documentos diversos;
t leitura de imagens, dados, documentos
e diferentes fontes de informação;
t leitura e interpretação de mapas, gráficos
e tabelas;
t produção de textos;
t debates que demandem posicionamento crítico;
t questionamento, reflexão e argumentação;
t dramatizações e exposições orais;
t trabalho em equipe, em ambiente cooperativo, com prioridade para desempenhos
coletivos e buscando a coavaliação.
Para mensurar a aprendizagem do aluno,
o professor pode utilizar nota, conceito ou
parecer descritivo, mas é necessário que o resultado dessa avaliação expresse o processo
de aquisição do conhecimento pelo aluno.
É imprescindível interagir com os alunos,
partilhando a análise de suas produções e
transformando eventuais erros em situações
de aprendizagem, orientando-os para reconhecer seus avanços e dificuldades. Errar faz
parte da aprendizagem. O erro, portanto, é
um excelente material de análise, pois expressa uma hipótese de construção de raciocínio
do aluno e revela como ele articula seu pensamento. É pela interação com o professor
e com os demais colegas que o educando
encontrará meios de superar suas hipóteses,
atingindo outros patamares de conhecimento.
Ao compreender que a diversidade é inerente ao ser humano, o professor deve ter em
mente que muitos serão os recursos didáticos a
explorar durante o processo da aprendizagem e
da avaliação. Com isso, deve considerar alguns
questionamentos ao formular sua avaliação:
t Em que medida as situações de avaliação favorecem a aprendizagem de
atitudes desejadas?
t Os instrumentos de avaliação são adequados para atender à diversidade dos
alunos?
O portfólio pode muito mais
do que uma prova
“Em qualquer situação de nossas vidas, ser
avaliado ou avaliar desperta inquietações.
Na escola, especialmente, o período de
avaliação deixa as pessoas mais desacomodadas e tanto alunos quanto professores,
tensionados. Não é sem razão, pois que avaliar pessoas e seus desempenhos implica,
sempre, julgamento.
[...]
Se pensarmos em um julgamento, o que vai
definir o destino de um réu são as provas,
contra ou a favor. Os elementos que puderem
ser reunidos para caracterizar a participação
do réu no possível evento a ser apreciado são
decisivos. Todas as decisões tornam-se mais
justas e seguras na proporção dos elementos
que possuímos para tomá-las.
Atualmente, muitas escolas ainda utilizam,
como critério prioritário para avaliar seus
alunos, a sistemática de provas. Esta, em
geral, é um conjunto de atividades realizadas
individualmente, de preferência ao final das
unidades trabalhadas. [...]
Além disso, é preciso que se considere o
aluno em todos os momentos nos quais interage com diferentes pessoas e situações
escolares. Dessa forma teremos a chance
de compor uma ‘avaliação’ mais consistente.
[...] É importante prepararmos os alunos
para enfrentar situações de testagem sim,
mas a escola deve preocupar-se em enfatizar outras situações, nas quais eles possam
manter um real diálogo com o conhecimento.
GUIA DIDÁTICO
Geralmente, uma prova representa o olhar
do professor sobre o conteúdo estudado.
Não contempla os múltiplos caminhos que um
aluno pode percorrer para realizar suas aprendizagens. [...]
51
Nossa experiência tem demonstrado a importância de valorizarmos todas as aulas em
todos os seus momentos. O recurso do portfólio tem se mostrado excelente para isso.
[...]
No portfólio valorizam-se todas as etapas,
mesmo inacabadas, dos processos de busca e
investigação que os alunos realizam, do mesmo
modo que as impressões, opiniões e sentimentos despertados pelo assunto em pauta ou até
pela forma de trabalho, questionamento aos
encaminhamentos dados, e assim por diante.
[...]
GUIA DIDÁTICO
É importante deixar claro que o uso do portfólio não elimina a necessidade de propor
52
aos alunos momentos em que são chamados
a fazer sínteses de suas aprendizagens, a
confecção de relatórios das investigações que
vêm realizando. Entretanto, a existência de
um registro de processo oferece mais segurança no momento de realizar a avaliação do
desempenho do aluno e do professor.”
PERNIGOTTI, J. et al. Pátio: Revista Pedagógica,
Porto Alegre: Artmed, ano 4, n. 12, fevereiro 2000.
A sugestão de avaliação a seguir refere-se ao 1º bimestre. Quanto aos bimestres
seguintes, as sugestões de avaliação estão
disponíveis para download no Portal Projeto
Apoema.
Avaliação - Geografia
NOME:
TURMA:
ESCOLA:
PROFESSOR:
DATA:
60°L
© DAE/Sonia Vaz
1. Observe o mapa da Europa e faça o que se pede.
N
0
377 km
1 : 37.700.000km
Fonte: Atlas geográfico escolar: Ensino fundamental 6o ao 9o ano. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. p.89
a) Escreva nos retângulos os nomes dos mares e oceanos que banham o continente europeu;
b) Escreva no mapa o número 1 para identificar Portugal, 2 para Itália e 3 para Reino Unido;
d) Escreva a definição de península.
GUIA DIDÁTICO
c) Escreva o nome de duas penínsulas europeias e as marque no mapa com um x.
e) Indique no mapa os nomes dos hemisférios em que o continente europeu está localizado.
53
2. Entender as relações entre os elementos da natureza é fundamental para analisar a variedade
de paisagens do planeta Terra. O clima de uma região é um dos principais fatores que definem
as características das vegetações que nela se desenvolvem. Sobre essa temática, responda.
a) As características climáticas do continente europeu são muito diferenciadas e influenciadas
por diversos fatores. Explique de que forma a latitude influencia no clima desse continente.
b) Cite os tipos de formações vegetais característicos da Europa encontrados nos climas:
t frio;
t polar.
3. Vários fatores influenciam o clima do continente europeu: latitude, altitude, correntes marítimas e maritimidade. Observe o mapa.
OCEANO
PACÍFICO
0
N
812 km
1:81.200.000
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
© DAE/Alessandro Passos da Costa
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Corrente marítima
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Fonte: Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 58.
a) Escreva o nome do fator representado no mapa.
b) Explique de que forma o fator representado no mapa exerce influência no clima da Europa.
GUIA DIDÁTICO
4. A Europa é atualmente o continente que possui maior número de países integrando um
bloco econômico, a União Europeia.
a) Cite duas vantagens da criação de blocos econômicos para os países integrantes.
54
b) Escreva uma característica que diferencia a União Europeia de outros acordos de integração regional.
5. A Europa é o continente mais densamente povoado, mas sua população possui estrutura
e distribuição desigual. Sabendo disso analise as pirâmides etárias a seguir e responda à
questão:
Mulheres
20.000.000
Homens
Mulheres
80 +
80 +
75-79
75-79
70-74
70-74
65-69
65-69
60-64
60-64
55-59
55-59
50-54
50-54
45-49
45-49
40-44
40-44
35-39
35-39
30-34
30-34
25-29
25-29
20-24
20-24
15-19
15-19
10-14
10-14
5-9
5-9
0-4
0-4
0
20.000.000
População
20.000.000
Fonte: Population Reference Bureau / ONU.
Ilustrações: Paula Radi
Homens
0
20.000.000
População
Fonte: Population Reference Bureau / ONU.
t De acordo com a projeção da população europeia para 2050, quais as mudanças mais
evidentes na demografia do continente?
6. Leia o trecho da notícia a seguir e responda ao que se pede.
Muitos imigrantes ilegais colocam a vida em risco para chegar à Europa. Quando conseguem
aportar no Velho Mundo, encontram, com frequência, um cenário distante do paraíso imaginado.
El Ejido é uma cidade espanhola com 75 mil habitantes sem qualquer atração turística, localizada no centro da maior região produtora de legumes do mundo. Está situada a 30 quilômetros
de Almeria, em meio a uma imensidão de estufas, onde são cultivados tomates, pimentões e
alfaces sob tetos de plástico.
A mão de obra utilizada na produção de 1,5 milhão de toneladas de verduras, voltada basicamente para a exportação, é formada por muitos imigrantes “sem papéis”. Segundo o senegalês
Mustafá, de 27 anos, os imigrantes esperam “até cinco horas” para conseguir um lugar no
trabalho diário da colheita.
Os “ilegais de plantão” à espera do próximo agricultor disposto a oferecer trabalho não vêem
com bons olhos a presença de jornalistas. Afinal, quem é que vai querer parar para dar trabalho a um ilegal, na presença de uma câmera ou de um microfone? Mesmo saindo muitas
vezes de mãos vazias, imigrantes como Mustafá retornam todos os dias às estradas da região,
na esperança de serem “recolhidos” para o trabalho na lavoura.
Steffen Leidel. Disponível em: <http://www.dw.de/imigra%C3%A7%C3%A3o-ilegal-sustentaprodu%C3%A7%C3%A3o-agr%C3%ADcola-no-sul-da-espanha/a-2441732>. Acesso em: jul. 2013
a) Explique a razão do problema apresentado no texto.
GUIA DIDÁTICO
Imigração ilegal sustenta produção agrícola no sul da Espanha
55
b) As situações mencionadas sobre a ilegalidade nos países pode explicar as possíveis
razões da xenofobia na Europa? Justifique sua resposta.
7. Cite os seguintes aspectos da União Europeia:
a) número de países que fazem parte atualmente do bloco;
b) moeda adotada por 17 países do bloco.
8. A Segunda Revolução Industrial foi marcada pelo desenvolvimento da indústria pesada e da
energia elétrica. Marque com X os itens que também foram características desse período.
a) ( ) A descoberta do carvão mineral como importante motor da economia.
b) ( ) O uso do petróleo e de seus derivados, que contribuíram para o desenvolvimento
da indústria petrolífera.
c) ( ) Grandes investimentos bancários.
d) ( ) Desenvolvimento da eletrônica e das tecnologias da informação.
e) ( ) Expansão da indústria nos Estados Unidos e Japão.
GUIA DIDÁTICO
PISMESTROVIC/CartoonArts International/The New York Times Syndicate
9. A que conflito ocorrido no continente europeu a charge faz referência?
a) ( ) Desintegração da Tchecoslováquia.
b) ( ) Desintegração da Iugoslávia.
c) ( ) Questão Basca.
d) ( ) Atuação do Exército Republicano Irlandês (IRA).
e) ( ) Fim do socialismo na URSS.
56
Resolução da sugestão de avaliação
60°L
Oceano Glacial Ártico
© DAE/Sonia Vaz
1. a) e b)
X
Oceano Atlântico
X
Oriental
3
Ocidental
2
Mar Negro
X
1
X
Norte
N
0
X
377 km
1 : 37.700.000km
Mar Mediterrâneo
Fonte: Atlas geográfico escolar: Ensino fundamental 6o ao 9o ano. Rio de Janeiro: FBSE, 2010. p.89
d) Estreito de terra que avança para o
mar cercado de água por quase todos
os lados exceto por um ligado ao
continente.
2. a) As áreas de maior latitude apresentam
médias térmicas menores, principalmente as que estão próximas ao Circulo Polar Ártico.
b) Frio: taiga (floresta de coníferas);
polar: tundra.
3. a) Corrente marítima.
b) Essa corrente (Corrente do Golfo) que
banha a costa atlântica do continente, de Portugal até a Noruega, exerce
papel moderador das temperaturas
nas faixas de terras próximas à costa e
no interior. Ameniza o inverno no noroeste da Europa, provocando aumento das médias térmicas.
GUIA DIDÁTICO
c) Professor, o aluno poderá escolher
entre as penínsulas Ibérica, Itálica, Balcânica, Escandinava e Jutlândia.
57
4. a) Entre as vantagens da criação de blocos econômicos estão: a expansão
das trocas comerciais entre os países
integrantes; a redução ou isenção de
taxas alfandegárias para determinados
produtos; o estímulo à estruturação de
cadeias produtivas intrablocos; a transferência de tecnologia; a criação de
um fórum de discussões entre países
membros para tratar de assuntos não
apenas econômicos; o fortalecimento
dos países membros em negociações
internacionais extrabloco.
b) A principal característica diferenciadora
da União Europeia é a criação de uma
unidade política supranacional materializada na criação do Parlamento Europeu e do estatuto de cidadão europeu.
GUIA DIDÁTICO
5. As mudanças estão nos índices de natalidade e na expectativa de vida, ou seja, há
um aumento do topo do gráfico enquanto, na base do gráfico há diminuição.
58
6. a) Em razão das desigualdades no desenvolvimento entre países há contínuos
fluxos humanos. Pessoas buscam melhores condições de vida, particularmente para os países membros da União
Europeia. Muitos vivem na ilegalidade.
b) Sim, as principais razões para o aumento da xenofobia são medo do desemprego, insegurança em relação ao
futuro e mal-estar generalizado sobre
as condições sociais e as políticas dos
governos.
7. a) 28 países;
b) euro.
8. A, C, E.
9. B.
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da Educação, com vídeos, textos, conteúdos multimídias, entre outros materiais de
apoio pedagógico.
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legislação, produtos agropecuários e informações diárias sobre o tema.
t www.cptec.inpe.br
Site do Centro de Previsão do Tempo e
Estudos Climáticos. Contém imagens de
satélites e materiais educacionais sobre
tempo e clima no Brasil e no mundo.
t www.ctnbio.gov.br
Site da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança cuja finalidade é prestar apoio
técnico consultivo e assessoramento ao
governo federal na formulação, atualização
e implementação da Política Nacional de
Biossegurança.
t www.funbio.org.br
Site do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade. Apresenta temas relacionados ao
meio ambiente e traz, também, indicações
de reportagens publicadas na mídia sobre
ecossistemas brasileiros e biodiversidade.
t www.ibge.gov.br
Site do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Traz dados sociais e
econômicos do Brasil, perfil dos municípios,
além de mapas diversos.
t www.icmbio.gov.br/portal/
Site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Autarquia do governo
federal destinada a implementar e fiscalizar
as ações do Sistema Nacional de Unidades
de Conservação.
t www.inmet.gov.br
Site do Instituto Nacional de Meteorologia.
Traz informações sobre o clima no país,
imagens de satélite e apoio à agricultura.
t www.inpe.br
Site do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais. Contém dados sobre tecnologia
espacial, monitoramento de florestas e
biblioteca digital.
t www.pnud.org.br/home/
Site do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento. Contém todos os relatórios
de Desenvolvimento Humano no Brasil e no
mundo dos últimos anos.
t www.socioambiental.org
Site do Instituto Socioambiental. Traz informações sobre os povos indígenas no Brasil
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sobre a origem do mundo, contato com o
branco etc.
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Site da Fundação Mata Atlântica. Promove
campanhas para a preservação e a conservação de animais e vegetais da Mata
Atlântica.
GUIA DIDÁTICO
Sites
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Download