OS GENES DE JÚPITER Assistindo o recente filme “O Destino de Júpiter”, várias proposições me vieram à mente, mas uma em especial eu irei compartilhar com os leitores. O filme em si, embora ficcional, repete os velhos jargões: intriga, traição, morte, busca do poder e o ingrediente que nunca falta, o enlaçe entre a mocinha e o herói, este sempre incompreensível e sozinho em sua busca de si mesmo. Pois bem, o desenrolar do filme se processa em torno da tentativa dos três irmãos em eliminar uma mulher da Terra, que segundo as explicações exaradas, seria a mãe dos três. A grande questão é que, nesta explicação, a terráquea teria os genes da genitora falecida, dando início à corrida desenfreada para eliminá-la. Segundo esta mesma explicação, este processo seria conhecido como reencarnação. Vamos às considerações. Na antiguidade, Gens na Roma Antiga, era um grupo de pessoas ou clã que compartilhavam o mesmo nome de família. Os diferentes ramos do mesmo gens tinham um sobrenome comum. O conjunto de famílias que se encontravam ligadas politicamente a uma autoridade em comum, o pai da gente (Pater Gentis). Usavam um nome em comum por se julgar descendentes de um antepassado comum. A gens tinha seu equivalente na Grécia com o nome (genos), que se formava a partir de uma grande família consanguínea e com um antepassado em comum. A gens ou genos é a unidade. Várias gens constituem uma fratria e várias fratrias uma tribo. Além de tudo são pessoas que se juntam para um objetivo em comum. A palavra terá conotação moderna com o advento da segunda guerra mundial, mais precisamente no morticínio dos judeus. O ‘genocídio’ foi uma palavra criada para definir a tentativa de eliminação dos judeus (genos) pelos alemães. Atualmente, gene, segundo definição da genética clássica, é a unidade fundamental da hereditariedade. Cada gene é formado por uma sequência específica de ácidos nucleicos - as biomoléculas mais importantes do controle celular, pois contêm a informação genética. Existem dois tipos de ácidos nucléicos: ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA). O ser humano possuí aproximadamente nos seus 46 cromossomos entre 20 000 e 25 000 genes. Hoje, dentro da genética moderna, o gene é uma sequência de nucleotídeos do DNA que pode ser transcrita em uma versão de RNA. O termo gene foi criado por Wilhem Ludvig Johannsen. Desde então, muitas definições de gene foram propostas. O gene seria um segmento de um cromossomo a que corresponde um código distinto, uma informação para produzir uma determinada proteína ou controlar uma característica, por exemplo, a cor dos olhos. Com isso, o que nos é transmitido por hereditariedade, por nossos pais, são os genes físicos, os caracteres fisionômicos. Portanto, os filhos são parecidos com os pais, ou com avós, têm marcas características, biótipos próprios. Determinadas doenças passam a ter maiores possibilidades de probabilidade de que os filhos as herdem de seus pais. Um exemplo disso é a pressão alta, mas não herdamos o lado belicoso do pai, ou a angelitude da mãe. Cada um é único, com suas individualidades peculiares. Muito bem. Vamos entender o que as falas do filme quiseram passar. Segundo a noção de reencarnação passada na película, os genes da mãe ficaram incólumes e com este código genético, “reencarnou” na terráquea. Portanto, a noção de reencarnação não é espiritual e sim genética, ou seja, essencialmente material, passando de corpo a outro corpo simplesmente. Esta visão é totalmente errônea, pois quando ocorre à morte física, o corpo inicia o processo de entropia, ou seja, de desagregação molecular, levando a decomposição de todos os elementos materiais do corpo físico, inclusive os genes, ficando na realidade, somente o aspecto espiritual. Na ótica espírita, o que levamos da última encarnação, responsáveis pela personalidade, são os bens imateriais, e o que agregamos no todo se chama de individualidade. Com isso, a proposta de que os genes ficariam vagando até achar outro corpo é nos considerar somente como um amontoado de carne e moléculas, sem maiores considerações pelo espírito, real depositário das potencialidades divinas. O tema reencarnação ainda sucinta muitas dúvidas e leva a risos os incrédulos, mas a ideia é tão antiga quanto às primeiras religiões, vindo o espiritismo simplesmente resgatar tais proposições. O que posso dizer a respeito do assunto é que, sem as premissas trazidas pela ideia da reencarnação, todas as considerações das que acometem as sociedades do mundo, não poderiam ser entendidas e compreendidas pelo simples viés materialista. Bem, independente das opiniões de cada um, estas foram às ideias que quis compartilhar com os leitores.