Eletromagnetismo: imãs, bobinas e campo magnético 22 Eletromagn etismo: imãs, bobinas e cam po m agn ético Linhas do campo magnético O mapeamento do campo magnético produzido por um imã, pode ser feito com o auxílio de uma bússola. Desenhando as diversas orientações que a bússola adquire ao redor de um imã em barra, você consegue montar uma espécie de ―mapa‖. Esse ―mapa‖ consiste em uma série de linhas imaginárias ao redor do imã, denominadas linhas do campo magnético, as quais permitem “visualizar” o comportamento do campo do imã. As linhas do campo magnético são orientadas: elas ―nascem‖ (emergem) no pólo norte magnético do imã, e ―morrem‖ (convergem) no pólo sul magnético do imã. Assim, em cada ponto ao redor do imã, a direção e sentido do campo magnético (e a orientação de uma bússola colocada ali) são determinados pela linha de campo magnético que passa por esse ponto. No entanto, não são apenas imãs que criam um campo magnético ao seu redor. Um fio metálico com corrente elétrica também cria ao seu redor um campo magnético. Quando o fio é enrolado em torno de um núcleo qualquer (as vezes não precisa do núcleo), constitui o que chamamos de bobina. Existindo corrente elétrica na bobina, esta gera um campo magnético que tem um mapeamento semelhante ao de um imã em forma de barra. A descoberta do eletromagnetismo Foi o cientista dinamarquês Hans Christian Oersted (1777-1851) quem primeiro comprovou experimentalmente o efeito magnético produzido por uma corrente elétrica. Em um experimento realizado em 1820, Oersted verificou que a posição da agulha de uma bússola podia ser alterada quando colocada próximo a um fio condutor, percorrido por uma corrente elétrica. Posicionando o fio paralelamente à agulha da bússola, Oersted verificou que a agulha mantinha sua orientação natural quando o fio não era atravessado por uma corrente elétrica. Ao fechar o circuito (e permitir a passagem de corrente elétrica), a agulha girava até ficar praticamente perpendicular ao fio. In vertendo o sentido da corrente elétrica no fio, a orientação da agulha também se invertia, mantendo-se ainda perpendicular ao fio. Como a agulha da bússola funciona como um “detector” de campos magnéticos, o movimento da agulha indicava a presença de um outro campo magnético na região, mais forte que o campo magnético da Terra (responsável pela orientação natural da bússola). O fenômeno observado por Oersted permitiu estabelecer uma relação entre a eletricidade (a corrente elétrica no interior do fio) e o magnetismo (o campo magnético criado ao redor do fio). Este trabalho deu impulso a inúmeros outros. Um deles foi realizado pelo físico francês Dominique Arago (1786-1853), que tornou possível a construção do eletro-imã. Arago demonstrou que um fio enrolado em um pedaço de ferro tornava-se um imã quando era atravessado por uma corrente elétrica. O efeito existe apenas enquanto houver corrente elétrica no fio. Desse modo, o imã poderia ser “ligado” e “desligado”. O eletro-imã é ainda hoje muito utilizado em vários instrumentos de pesquisa e tecnologia, em diversos ramos da ciência. A origem do magnetismo dos imãs Se no caso de fios e bobinas está claro que a origem do campo magnético é atribuída à corrente elétrica, como se explica a origem do campo magnético nos imãs? Na verdade, o campo magnético criado pelos imãs, ainda que possa parecer estranho, também deve-se às correntes elétricas, só que à nível atômico. Essas correntes são associadas aos movimentos dos elétrons no interior dos átomos, Observe que na região lateral externa do imã (ou e principalmente a uma propriedade exótica dos elétrons, bobina), as linhas de campo (e a agulha da bússola) apon- conhecida como spin. Trata-se de uma espécie de “ giro” do tam para o pólo sul magnético. Por outro lado, colocando elétron, e este movimento cria um campo magnético intrínuma bússola no interior da bobina, vemos que a agulha da seco. bússola aponta para o pólo norte magnético da bobina. Isto Na maioria dos materiais os spins dos elétrons se acontece porque a agulha da bússola indica o sentido das distribuem aleatoriamente, de modo que o efeito magnético linhas do campo magnético, e uma característica dessas global se anula. Por outro lado, nos materiais magnetizados linhas, é que elas descrevem trajetórias fechadas. Na parte (imãs naturais ou artificiais) ocorre o alinhamento dos externa da bobina ou do imã elas se orientam do norte para spins dos elétrons, de modo que seus campos magnéticos se o sul magnético, e no interior se orientam no sentido opos- somam, e o material como um todo apresenta um campo to, isto é, do sul para o norte magnético. magnético resultante não nulo. 23 Eletromagnetismo: forças magnéticas R= m⋅v q⋅B 25 Eletromagnetismo: forças magnéticas 26 Exercícios 1. Determine a força magnética que age sobre uma pequena esfera eletrizada com carga elétrica de 3 C e velocidade de 1.104 m/s, que penetra perpendicularmente em um campo magnético de intensidade igual a 3.10-5 teslas. 2. Para que a esfera do problema 1 descreve uma trajetória circular de raio 50 cm, qual deve ser a intensidade do campo magnético? 3. Calcule a força magnética que age sobre um fio de 50 cm de comprimento, que se encontra em um campo magnético com intensidade de 5.10-3 teslas, sabendo que o fio é perpendicular ao campo, e é atravessado por uma corrente elétrica de 0,2 ampères. 4. Em um fio condutor de 2,5 m de comprimento há uma corrente elétrica de 1,5 amperès, e atua uma força magnética de 2.10-5 N. Supondo que o fio é perpendicular ao campo, determine a intensidade deste campo. 5. Qual o valor da corrente elétrica que existe em um fio de 1,5 m de comprimento que atravessa obliquamente um campo magnético de 1.10-3 teslas, formando um ângulo de 30° e sofrendo a ação de uma força de 1.10-2 N. 6. (UFC-CE) Uma carga positiva percorre uma trajetória circular no sentido anti-horário, sob a ação de um campo magné tico uniforme (figura ao lado). A direção do campo magnético: A) Tangencia a trajetória, no sentido horário. B) Tangencia a trajetória no sentido anti-horário. C) É radial, apontando para o ponto O. D) É perpendicular ao plano da página, e aponta para fora dela. E) É perpendicular ao plano da página,e aponta para dentro dela. 7. No problema 6, se a intensidade do campo magnético duplicar, o raio da trajetória: A) vai duplicar; B) vai quadruplicar; C) se reduz á metade; D) fica quatro vezes menor; 8. No problema 6, se intensidade do campo duplicar e valor da carga também, o raio da trajetória: A) vai duplicar; B) vai quadruplicar; C) se reduz á metade D) fica quatro vezes menor; 9. Unidade de medida do campo magnético O intensidade do campo magnético (símbolo B) depende da forma do condutor (fio, espira ou bobina) percorrido pela corrente elétrica. A unidade de medida do campo magnético (no S.I) chama-se tesla, em homenagem ao físico croata Nikola Tesla (1857-1943). A) B) C) D) E) Agora considere que na situação do problema 6, a intensidade do campo duplica, e a velocidade da carga também (mas o valor da carga elétrica permanece o mesmo). Nesse caso o raio da trajetória: vai duplicar; vai quadruplicar; se reduz à metade; fica quatro vezes menor; permanece inalterado; Eletromagnetismo: geração de energia elétrica 27 Eletromagnetismo: geração de energia elétrica 28