Família: Rhabdoviridae

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Rhabdoviridae
Cinthya F. Domingues
Departamento de Microbiologia e Parasitologia
Instituto Biomédico
Universidade Federal Fluminense
Classificação taxonômica da família
Rhabdoviridae
Eduardo Flores et al.,2012
Família: Rhabdoviridae
Gêneros:
Lyssavirus  12 genótipos
Vírus da Raiva (protótipo) - genótipo 1
Lyssavirus: causam encefalite fatal em humanos e outros
mamíferos
vírus rabies-like
Vesiculovirus  vírus da estomatite vesicular
- New Jersey
- Indiana
Filogrupo 1 : causam encefalite fatal em humanos e outros mamíferos
Flores, E. Virologia Veterinária, 2ª. Ed, 2012
Família: Rhabdoviridae
RNA genômico
Partícula Viral:
RNP
proteínas P, L
nucleproteína N
- Diâmetro: 70 nm
- Genoma: RNA ss linear (-)
Proteínas: P: fosfoproteína
L : RNA polimerase
associadas ao genoma
- Capsídeo: simetrial helicoidal
nucleoproteína N
- Envelope:
www.cdc.gov/
proteína Matriz (M)  face interna
Glicoproteína G
Família: Rhabdoviridae
Partícula viral:
 Sensível:
- detergentes e solventes lipídicos
- aquecimento a 56oC
- dessecamento, radiação solar, luz UV
- hipoclorito de sódio, soda cáustica 2%, formalina
 Estável a:
- 4oC
-20oC em solução tampão  anos
Estrutura viral dos Rhabdoviridae
Receptores de Acetilcolina
Ácidos siálicos dos gangliosídeos
Moléculas de adesão neural (NCAM)
livingparticle.blogspot.com
Replicação: citoplasma
Adsorção: glicoproteína G e receptor celular (1)
Penetração: Fusão dependente de pH (2-3)
Decapsidação (4)
Replicação:
RNA pol RNA dep
RNAm
subgenômicos
proteínas virais
N
P
M
G
L
Síntese das proteínas N, P, M e L: ribossomos livres (6 - 10)
Proteína G: síntese e glicosilação no RER e Complexo de Golgi  membrana
plasmática (7-8-9)
Replicação: citoplasma
Replicação do genoma: (5)
RNA (-)
RNA pol RNA dep
RNA (+)
Montagem: formação do complexo RNP: genoma se associa às
proteínas N, P e L e migra para a região da membrana onde as
glicoproteínas virais estão inseridas (11)
Proteína M: migra para a face interna da membrana
Liberação: brotamento da membrana plasmática (12)
Histórico:
 1804: Zinke  infecção natural através da saliva de cães raivosos
 1881: Pasteur  demonstrou o neurotropismo (criação da 1ª vacina
contra raiva)
 1885: Pasteur  vacina da raiva aplicada no menino Joseph Meister
 1903:Negri

descreveu
os
corpúsculos
intracitoplasmáticos característicos em neurônios
de
inclusão
Características gerais da Raiva

É uma zoonose causada por vírus
 Envolve o sistema nervoso central  óbito
 Todos os mamíferos são suscetíveis
 Imunidade pode ser adquirida pela vacinação
Distribuição da Raiva
Global distribution of mammalian rabies reservoirs and vectors.
http://www.who-rabies-bulletin.org/
Ciclos da Raiva
raiva em morcegos
raiva dos herbírvoros
(bovinos e equinos)
 vetor morcego
hematófago
espécies
silvestres
cães e gatos domésticos
www.raiva.com.br
 Reservatórios silvestres do vírus da raiva no Brasil
- Canidae (cães, raposas, “raccoon-dog”, cachorro do mato, “raposinhas”
etc.), Procyonidae (guaxinim); Mustelidae (gambá)
- Ordem Chiroptera : morcegos hematófagos (Desmodus rotundus) e
outras 35 sp
- Saguis (Callithris jacchus)
cachorro-do-mato ou
guaraxaim (Cerdocyon thous)
www.terradagente.com.br -
morcegosdobrasil.blogspot.com
www.biolib.cz
Brasil: 165 espécies de morcegos entre os insetívoros, frugívoros e hematófagos
 Transmissão do RabV
Contato com saliva de animal raivoso:
 mordeduras ou lambeduras de mucosa ou de pele lesada
 arranhaduras
Aerossóis
 caverna de morcegos
 Fonte de infecção:

Animal contaminado com vírus rábico
Áreas urbanas: cães, gatos
Áreas rurais: morcegos, macacos, bovinos, equinos, suínos,
caprinos, ovinos
Animais silvestres  reservatórios
Patogenia da RabV
Infecção  Mordedura de um animal
(saliva)

vírus no músculo estriado e
tecido conectivo

vírus atinge nervos periféricos

Propaga-se através dos axônios
FORMA CENTRÍPETA

vírus no SNC

CÉREBRO
Fase de excitação
Fase paralítica

DISSEMINAÇÃO CENTRÍFUGA
SNC  nervos periféricos

GLÂNDULAS SALIVARES
Patogenia da RabV
dualibra.com
Patogenia da RabV
Período de incubação:
Homem: 14 dias a 12 semanas (média = 45 dias)
Cães e gatos: 21 dias a 2 meses
Período de transmissibilidade: (vírus na saliva)
__________ 0 __________
5 4 3 2 1
1 2 3 4 5
sinais clínicos
morte do animal
Manifestações Clínicas da Raiva
 Cães:
- Forma furiosa: inquietação (hiperexcitabilidade,agressividade),
fotofobia, salivação, insônia
- Forma paralítica: paralisia do maxilar inferior (dificuldade de
deglutição) e dos membros posteriores
 Herbívoros:
- Forma paralítica: paralisia progressiva, flácida, manifestada inicialmente nos membros
posteriores, comprometimento dos nervos lombares e sacrais
Manifestações Clínicas da Raiva
 Morcegos:
- Hematófagos: atividade alimentar diurna
hiperexcitabilidade e agressividade
incoordenação motora
tremores musculares
morcegosdobrasil.blogspot.com
paralisia e morte
- Não hematófagos: paralisia sem agressividade e excitabilidade
espécimes são encontrados em locais não habituais
Uma vez surgidos os sintomas, a morte ocorre em poucos dias
Período de incubação: variável (desde semanas até mais que 1 ano)
Manifestações Clínicas da Raiva
 Humanos:
- Fases: a) prodrômica, b) neurológica aguda, c) coma e d) morte.
- A raiva ocorre em 32 a 61% das pessoas expostas ao vírus
- Gerais: febre moderada, cefaleia, tontura, sensação de mal estar geral, com
dores
vagas
e/ou
generalizadas
pelo
corpo,
prurido
e/ou
parestesia
assimétrica, dor de garganta, disfagia, sialorreia, tosse, anorexia, náuseas,
vômitos, dor abdominal, constipação intestinal, diarreia, hemorragia digestiva
- Alterações relacionadas ao SNC: desorientação, diminuição auditiva ou
surdez,
diplopia
nervosismo,
(visão
insônia,
dupla),
apreensão,
visão
turva
agitação,
e
estrabismo.
agressividade
e
ansiedade,
depressão,
alterações do comportamento, exacerbação das características próprias da
personalidade.
- Coma e óbito
Diagnóstico Laboratorial
 em humanos: Ante-mortem
Detecção do vírus:
- Saliva: isolamento do vírus
RT-PCR
- Biópsias de pele: detecção de Ag
Detecção de Ac: soro
fluido espinhal
 em animais:
Post-mortem
Diagnóstico Laboratorial
 Animal suspeito: observar por 10 dias
 Após a morte:
Coleta de material:
- cabeça do animal ou encéfalo inteiro ou
fragmentos do tecido cerebral (córtex, cerebelo
e hipocampo)
- Equino: enviar também medula espinhal
- Animais silvestres: morcegos  encaminhar
inteiros para identificação da espécie
Conservação do material:
- até 24 horas: 4oC
- mais de 24 horas: -20oC
- Na falta de refrigeração: solução salina com
glicerina a 50%
http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%
20nacional%20dos%20herbivoros/Procedimento%20Vigilancia%
20Raiva%20e%20EEB.pdf
Testes laboratoriais:
- Histologia: esfregaços ou impressões do tecido nervoso:
Corpúsculos de Negri
Corpúsculos de Negri: células piramidais do corno de Amon,
células de Pukinje no cerebelo, células da medula, neurônios
das glândulas salivares
Testes confirmatórios:
-
Imunofluorescência (IFA)
Teste: Anticorpo para nucleoproteína do vírus
Replicação: citoplasma das células infectadas
Testes confirmatórios:
-
Teste biológico: inoculação intracerebral em camundongos
lactentes ou adultos
Diluição em MEM e
centrifugação
4 a 21 dias
Testes confirmatórios:
- RT-PCR: detecção do genoma viral
Braga et al., 2013.
Prevenção e Controle
Áreas livres da doença:
- Quarentena
- Vacinação pós-exposição
Áreas com raiva silvestre:
- Vacinação de raposas com vacina oral
Áreas com casos de raiva urbana:
- Imunização de cães e gatos
- Captura de animais vadios
- Vigilância epidemiológica
Raiva em bovinos:
principal transmissão: morcegos hematófagos
Controle: pasta anticoagulante (vampiricida) no dorso dos
morcegos ou no local de mordedura nos herbívoros
Profilaxia em HUMANOS
 O uso da vacina e do soro são parte do programa de profilaxia da
raiva
 O esquema de profilaxia pode ser de 2 tipos: pré-exposição e pósexposição
 Vacinação preventiva (profilaxia pré-exposição):
 O esquema para primovacinação consiste em 3 doses da vacina nos
dias: D0, D7 e D28
- O reforço = título de anticorpos inferior à 0,5 U.I./ml, nível este
considerado protetor de acordo com a O.M.S (1-3 semanas após a última
dose)
 Para indivíduos não expostos ao risco, deve-se fazer 1 dose de reforço 1
ano após a primeira dose e depois um reforço a cada 3 anos!
http://www.vacinas.org.br/Pasteur01.htm
Exposição ao vírus da raiva:
- Lavar o ferimento com água e sabão e desinfecção com álcool ou soluções
iodadas imediatamente após a agressão
Natureza do ferimento:
- lambedura de pele lesada
- arranhadura por unha
- mordedura única e superficial em troncos e membros
- mordedura múltipla e/ou profunda
Exposição grave:
- agressões por morcegos
- mordidas com lacerações profundas
- mordidas em crianças
- mordida na cabeça, pescoço, membros superiores
Tratamento:
- Soroterapia - soro antirrábico (imunoglobulina antirrábica)
- Vacina
- Observação do animal: se permanecer sadio após 10 dias ou for considerado
negativo pelos testes laboratoriais: parar o tratamento
Profilaxia em HUMANOS
 Vacinação curativa (profilaxia
pós-exposição):
 Vacinação em indivíduos não imunizados contra a raiva:
- 5 injeções nos dias D0, D3, D7, D14, e D30
- Um reforço no D90 é opcional
 Vacinação em indivíduos imunizados:
- menos de 1 ano: 1 injeção (D0);
- mais de 1 ano e menos de 3 anos: 3 injeções (D0, D3 e D7);
- mais de 3 anos ou incompleta: Vacinação curativa completa com soroterapia
se for necessária
 Se for necessário, o tratamento será completado pela administração de
vacina antitetânica e antibióticos para evitar outras infecções
http://www.vacinas.org.br/Pasteur01.htm
Profilaxia em HUMANOS
 É gratuita (SUS)
 A vacina antirrábica humana utilizada é fabricada em cultivo
celular - mais potente, segura e menos risco de reações adversas
 A via de aplicação IM
A vacina NÃO tem contra-indicação!!!
http://www.who.int/rabies/Presence_dog_transmitted_human_Rabies_2014.png?ua=1
Situação da raiva humana no Brasil até 02/2017
Casos confirmados de raiva humana no Brasil de
1990-2016
05/11/2013
01/2014
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2014/01/vigilancia-em-saude-emite-alerta-sobre-transmissao-de-raiva-no-rs-4392626.html
07/03/2014
http://www.cidadedeitapira.com.br/portal/?p=newsShow&cod=20130
22/03/2014
15/03/2016
15/04/2016
19/05/2016
23/05/2016
20/05/2016
2004
2008
2014
27/07/2016
20/01/2017
11/03/2017
08/07/2017
Vírus da estomatite vesicular (VSV)
Família: Rhabdoviridae
Gênero: Vesiculovirus
2 tipos imunologicamente distintos:
- New Jersey (NJ)
- Indiana (Ind): Indiana I (amostra clássica)
Indiana II (Cocal e Argentina)
Indiana III (Alagoas)
 Vírus que causam doenças vesiculares:
Vírus da estomatite vesicular (VSV)
Epidemiologia – Distribuição geográfica no Brasil dos
sorotipos VSV
Brasil:
1964 Alagoas: Ind III
1966 Rancharia, SP: Ind II Salto
equinos
1979 Ribeirão Preto, SP: Ind II Cocal
1977 Minas Gerais: Ind III
bovinos
1984 Ceará : Ind III
1986 Vale do Paraíba: Ind III em equinos e bovinos
Vírus da estomatite vesicular (VSV)
 Doença
vesicular que acomete bovinos, equinos, suínos,
raramente caprinos, ovinos, e animais silvestres
 Caráter zoonótico
 Período de incubação: 24 – 72 horas
 Lesões vesiculares na língua, gengiva, lábios, tetos e
coroa do casco
Animais acometidos: queda na produção de leite e carne
 Em bovinos e suínos, a doença é clinicamente
indistinguível da febre aftosa
 Transmissão:
 Contato direto:
- animais infectados com a doença clínica
- exposição a fômites contaminados com saliva ou fluído das vesículas
 Vetores:
Sandfly
Blackfly
edis.ifas.ufl.edu/
 EV tem incidência sazonal: verão em climas temperados e após as chuvas
nas regiões tropicais
 Vírus isolado de mosquitos do gênero Phlebotomus e Aedes
Ac em animais selvagens: porco selvagem, cervos, morcegos, rodedores,
primatas não humanos
Sinais clínicos: sialorreia seguido de febre, formação de vesículas
na língua, interior e exterior dos lábios, patas , tetos
Equinos: lesões na coroa do casco  dificuldade de locomoção
www.agr.state.ne.us
www.vetmed.ucdavis.edu
EV em humanos:
 No homem, a EV geralmente é restrita a pessoas que
mantiveram contato com animais doentes
 Período de incubação de 24 a 48 horas
 Na maioria dos casos, há letargia, mialgia, cefaleia,
fotofobia e sintomas de resfriado
 Recuperação clínica ocorre dentro de uma a duas
semanas
Vírus da estomatite vesicular (VSV)
Diagnóstico laboratorial: Detecção de vírus
Amostra clínica: secreções orofaríngeas
fluidos vesiculares
epitélios oral e podal
 IMPORTANTE: REALIZAR DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
DE FEBRE AFTOSA!
Vírus da estomatite vesicular (VSV)
Diagnóstico laboratorial: Detecção do vírus
- Isolamento em Cultura de células: Vero, BHK-21, IB-RS-2
Identificação:
Imunofluorescência
- Ensaio imunoenzimático
- Genoma viral: Reação de RT-PCR
virology-online.com
www.scielo.br/
Vírus da estomatite vesicular (VSV)
Diagnóstico laboratorial: Detecção de anticorpos
Amostra clínica: soro
Teste: ensaio imunoenzimático
Prevenção e Controle
- Doença de notificação obrigatória
- Quarentena
- Restrição no movimento de animais: 30 dias
- Desinfecção da área
Abstract. The current article describes outbreaks of vesicular stomatitis (VS) in horses and cattle in Paraiba
and Rio Grande do Norte states, northeastern Brazil, between June and August 2013. The reported cases
affected 15–20 horses and 6 cattle distributed over 6 small farms in 4 municipalities, but additional data
indicated the involvement of a large number of animals on several farms. The disease was characterized by
blisters; eruptive lesions in coronary bands, lips, mouth, and muzzle; salivation; claudication and loss of
condition. Swollen lower limbs and lips, and ulcerated and erosive areas in the lips and muzzle were
observed in some horses. A necrotizing vesiculopustular dermatitis and stomatitis was observed
histologically. Vesicular stomatitis virus was isolated from the vesicular fluid of a horse lesion and shown to
be serologically related to the VS Indiana serogroup (VSIV) by virus neutralization. Convalescent sera of
affected horses and cattle, and from healthy contacts, harbored high levels of neutralizing antibodies against
the isolated virus (named VSIV-3 2013SaoBento/ParaibaE). Genomic sequences of VSIV subtype 3 (Vesicular
stomatitis Alagoas virus) were amplified by reverse transcription polymerase chain reaction out of clinical
specimens from a cow and a horse from different farms. Nucleotide sequencing and phylogenetic analysis of
the phosphoprotein gene indicated that the 2 isolates were derived from the same virus and clustered them
in VSIV-3, along with VS viruses identified in southeastern and northeastern Brazil in the last decades. Thus,
the present report demonstrates the circulation of VSIV-3 in northeastern Brazil and urges for more effective
diagnosis and surveillance.
OBRIGADA!!!
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