I ENCONTO REGIONAL DE QUÍMICA: Ciência, Tecnologia e

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Governo do Estado do Rio Grande do Norte
Secretaria de Estado de Educação e Cultura – SEEC
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
Faculdade de Ciências Exatas e Naturais – FANAT
DEPARTAMENTO DE QUIMICA - DQ
I ENCONTO REGIONAL DE QUÍMICA:
Ciência, Tecnologia e Sociedade
Teatro científico: Uma ferramenta para despertar o interesse em
aprender Química.
Ronaldo Oliveira da Frota; Ravana Rany Marques Batalha; Tatiana Lucas de Oliveira;
Antônio Gautier Farias Falconieri; Anne Gabriella Dias Santos; Luiz Di Souza¹
¹Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Departamento de Química,
Mossoró/RN. [email protected]
Resumo
Sabe-se que a dificuldade de ensinar química é muito grande e quase sempre é
atribuída a falta de infra-estrutura. Há muitos anos que a pedagogia se serve do teatro e
existem trabalhos já realizados por estudantes universitários que buscam a melhoria do
ensino/aprendizagem de ciências usando esta ferramenta. Este trabalho é uma pesquisa
de caráter qualitativo que visa descobrir o que publico alvo da química que vê teatro
científico, usando questionários aplicados nas apresentações realizadas em Mossoró/RN
e em São Carlos/SP no ano de 2011. Os resultados mostram que é possível inserir o
teatro científico no cotidiano escolar dos alunos da rede básica de ensino no nosso país.
Abstract
It is known that the difficulty of teaching chemistry is very large and is
often attributed to lack of infrastructure. For many years, the pedagogy makes use of the
theater and there are work done by university students who seek to improve the teaching
/ learning of science using this tool. This work is a qualitative research study aimed
at finding
out
what the target
audience of
chemical
who
sees Science
Theater, using questionnaires on presentations made at Mossoró / RN and São Carlos
/ SP in 2011. The results show that you can enter the science theater in school life
students in the basic education in our country.
Palavras-Chave: Teatro científico; ensino de química e ensino alternativo.
Introdução
Há muito que a pedagogia se serve do teatro. No entanto sabe-se que ainda
existem nas escolas alunos que não têm interesse pelas disciplinas de química, física e
matemática, devido ao fato destas exigirem maior concentração, raciocínio lógico e
interesse dos alunos, além de infra-estrura adequada com laboratórios, o que na maioria
das vezes não existe.
Uma das alternativas para suprir estas dificuldades é a utilização do teatro
cientifico como ferramenta para auxiliar no ensino destas disciplinas. Dessa forma
surgiram idéias de grupos de estudantes universitários para mostrar que com o uso de
ferramentas adequadas, como o teatro cientifico, essas disciplinas não são “chatas”
quanto os estudantes imaginam.
A dificuldade de ensinar conteúdos de química é histórica e quase sempre
atribuída à falta de infra-estrutura que permita trabalhar os conteúdos de forma mais
atraente, sendo aceito que o ensino de química sem laboratório e difícil e tedioso
(Falconieri et al., 2008).
Na Universidade Federal do Ceará, a reflexão sobre a educação em ciências, fez
com que a demanda da sociedade por um museu de ciências interativo e dinâmico,
capaz de integrar ciência, arte e cultura tomasse forma em 2000, com a criação da Seara
da Ciência, órgão de extensão da UFC, cujo principal objetivo é a divulgação científica.
O teatro, por sua forma de "fazer coletivo", possibilita o desenvolvimento
pessoal não apenas no campo da educação não-formal, mas permite ampliar, entre
outras coisas, o senso crítico e o exercício da cidadania.
O grupo de teatro Ouroboros do departamento de química da Universidade
Federal de São Carlos, com o objetivo da divulgação científica, durante o ano de 2006
percorreu escolas da rede de ensino de São Carlos e região apresentando peças teatrais.
Demonstrando o desenvolvimento da química desde a alquimia à ciência moderna,
utilizando uma técnica não formal de ensino, o teatro.
O Grupo de Teatro Científico Ciência Cênica do ECC - Espaço de Ciência e
Cultura da Universidade do Vale de São Francisco partindo da idéia de que quando
combinada com a ciência, a arte torna-se uma importante estratégia pedagógica para a
educação científica, propôs, para ser realizada com professores e alunos da rede pública
de ensino da região, oficina de jogos teatrais para possibilitar a estes uma aproximação
de forma lúdica com a ciência.
Na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), na busca para
modificar o quadro da educação brasileira, tem-se desenvolvido uma metodologia na
qual alunos de licenciatura em química utilizam a ferramenta do teatro científico com
efeitos cênicos criados a partir de reações químicas, para transmitir conceitos químicos
à alunos e sociedade em geral, facilitando o ensino de química.
Essa ferramenta é o grupo de teatro científico FANATicos da Química, fundado
no início da década no departamento de química da UERN. Inicialmente, o grupo de
teatro científico do DQ/UERN, fundado em 2001, dedicou-se (e continua se dedicando)
a divulgação da química de forma lúdica, por meio de suas apresentações teatrais.
Assim a peça teatral é uma aula de química diferente das tradicionais aulas oferecidas
na maioria das escolas. O sucesso e o interesse despertado mostram que o trabalho vem
obtendo sucesso, tanto com os licenciandos que preparam a peça (aula), como com o
público em geral.
O propósito deste trabalho é descobrir o quanto o público considera a química
interessante, se o teatro científico é uma forma interessante de ajudar a aprender e se
gostariam de peças desse tipo feitas nas escolas.
Metodologia
Este trabalho foi realizado em 2011 por meio de questionários aplicados em duas
apresentações do grupo nos teatros Dix-uit Rosado em Mossoró/RN e no teatro
municipal de São Carlos no estado de São Paulo, respectivamente. O questionário usado
é reproduzido no quadro I e foi aplicado nos dois casos após a apresentação da peça “O
Cabaré Químico”, escrita e montada pelo próprio grupo. A pesquisa foi de caráter
qualitativo, pegando-se uma amostra de noventa e nove aplicados e respondidos, de
modo a contribuir com as expectativas dos objetivos.
Quadro I: Perguntas do questionário.
Questionário:
1) Considera a química
( ) Muito interessante
( ) Pouco interessante
( ) Interessante
( ) Nada interessante
2) Acha que o teatro científico (como essa peça, por exemplo) é uma forma
interessante de ajudar a aprender?
( ) Muito
( ) Pouco
( ) Bastante
( ) Nada
3) Gostaria que existissem peças deste tipo, feitas na sua escola?
( ) Sim
( ) Não
As perguntas foram feitas para professores, alunos e pais de alunos da rede de
ensino básico de Mossoró e em São Carlos as perguntas foram direcionadas para
estudantes e professores universitários que estavam presentes no evento Ciência em
Cena.
Posteriormente, procedeu-se a tabulação e interpretação dos dados.
Resultados e Discussão
O quadro II mostra os resultados obtidos a partir dos questionários aplicados ao
público.
Quadro II: Respostas do publico (%)
Questionário:
1) Considera a química
(80%) Muito interessante
(0%) Pouco interessante
(20%) Interessante
(0%) Nada interessante
2) Acha que o teatro científico (como essa peça, por exemplo) é uma forma
interessante de ajudar a aprender?
(60%) Muito
(0%) Pouco
(40%) Bastante
(0%) Nada
3) Gostaria que existissem peças deste tipo, feitas na sua escola?
(100%) Sim
(0%) Não
Os resultados indicam que é possível inserir o teatro científico no cotidiano
escolar dos alunos da rede básica de ensino no nosso país, visto que a receptividade do
publico alvo é bastante considerável. Uma prova disso é o ultimo dado da Tabela II,
onde 100 % dos entrevistados responderam positivamente e gostariam que existissem
peças desse tipo em suas escolas (ou nas escolas de seus filhos), ou seja, a divulgação
científica de forma lúdica está sendo bem aceita pela sociedade.
“[...] O teatro pode ser usado como uma ferramenta útil para motivar os
alunos das escolas de nível básico a gostarem de química, tendo-se
comprovado que trabalhar com artes cênicas propicia resultados
satisfatórios quando se deseja levar novidades e fazer do inesperado, algo
com que se possa contar de diversos modos, visando complementar o
ensino tradicional de química.” (Silva et al., 2008)
Outro resultado interessante é que, contrariando o tradicional dito que a química
é chata e tediosa, 100 % dos entrevistados responderam que a química é muito
interessante ou interessante, mostrando que a forma com que a mesma é apresentada
influencia no interesse do aluno em estudar a mesma.
De acordo com Santos (Santos et al., 2011) o uso de novas metodologias de
ensino que levam ao aluno o conhecimento de forma lúdica tem facilitado o processo de
ensino/aprendizagem e despertado maior interesse pela matéria. Isto foi comprovado
neste estudo, sendo óbvio que não se pode tirar uma conclusão científica apurada dos
dados acima, haja vista que o público da peça era diversificado, pois a classificação
indicativa da peça é 10 anos e havia desde crianças até adultos. Porém pode-se afirmar
que, a partir das respectivas respostas as questões 1 e 2, a química é interessante e o
teatro científico é uma forma muito cativante de ajudar a aprender química.
Conclusões
Dos resultados pode-se concluir que de acordo com as pessoas entrevistadas em
Mossoró e em São Carlos, a química é interessante e o teatro científico é um método
não-formal e descontraído de ajudar as pessoas a aprender sobre química.
Independente do local foi unânime a vontade das pessoas de terem peças desse
tipo nas escolas.
Agradecimentos
Ao CNPq pelo financiamento do projeto: Teatro Químico: Ensino alternativo de
química de forma lúdica, aprovado no edital 48/2010, processo número 402034/2010-4.
Ao orientador e ao coordenador do grupo, a UERN e a pro-reitoria de extensão
pelo incentivo e colaboração.
Ao público que prestigiou as duas apresentações do grupo FANÁTicos da
química e respondendo aos questionários ajudou de forma direta na produção deste
trabalho.
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