UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA INFECÇÃO PELO HPV E CORRELAÇÕES CITOPATOLÓGICAS EM AMOSTRAS CERVICAIS DE MULHERES ATENDIDAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA INTEGRADO À SAÚDE DA MULHER, EM MARABÁ, PARÁ MARINEIDE SOUSA BASTOS Belém - Pará 2014 MARINEIDE SOUSA BASTOS INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA INFECÇÃO PELO HPV E CORRELAÇÕES CITOPATOLÓGICAS EM AMOSTRAS CERCVICAIS DE MULHERES ATENDIDAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA INTEGRADO À SAÚDE DA MULHER, EM MARABÁ, PARÁ Dissertação de mestrado apresentada à banca examinadora do Programa de pós Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários da Universidade Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau de mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Prof. Dr. Juarez Antonio Simões Quaresma Belém-Pará 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS MARINEIDE SOUSA BASTOS INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA INFECÇÃO PELO HPV E CORRELAÇÕES CITOPATOLÓGICAS EM AMOSTRAS CERVICAIS DE MULHERES ATENDIDAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA INTEGRADO À SAÚDE DA MULHER, EM MARABÁ, PARÁ Dissertação de mestrado apresentada para obtenção do título de Mestre em Agentes Infecciosos e Parasitários. Aprovada em: Conceito: Banca Examinadora: _________________________________________________ Prof. Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma - Orientador Centro de Ciências Biológicas e da Saúde-CCBS/UEPA _________________________________________________ Prof.ª Dra. Antônia Margareth Moita Sá – Membro Titular Centro de Ciências Biológicas e da Saúde-CCBS/UEPA ______________________________________________ Prof.ª Dra. Tinara Leila de Sousa Aarão – Membro Titular Centro de Ciências Biológicas e da Saúde-CCBS/UEPA _________________________________________________ Prof.ª Dra. Denise da Silva Pinto – Membro Titular Instituo de Ciências da Saúde- ICS/UEPA _______________________________________________ Prof.ª Dra. Ana Cecília Ribeiro Rodrigues Cruz- Membro Suplente Instituto de Ciências da Saúde IEC/PA “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. (Marthin Luther King) DEDICATÓRIA Ao meu Deus que todos os dias, me abençoa, guia meus passos e opera maravilhas em minha vida. Às minhas queridas irmãs Luzia e Liane Gaby, pelos momentos de compreensão e descontração durante os períodos mais críticos desta jornada. Às minhas filhas Rafaela e Ana Carolina pelas palavras diárias de incentivo. Ao meu querido e incrível companheiro Manoel Almeida, pai das minhas maravilhosas filhas, dedico todo este trabalho. Obrigado pelos momentos de compreensão, carinho e envolvimento desde a concepção do projeto até a finalização do mesmo, pois suas contribuições e intervenções em Marabá verdadeiramente contribuíram para o alcance desta meta. AGRADECIMENTOS Ao Programa de Pós Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários da UFPA pela oportunidade a mim concedida para alcançar este ideal. Ao Professor Doutor Juarez Antônio Simões Quaresma, meu orientador, que mesmo sem me conhecer me confiou este projeto e me guiou ao incrível mundo da pesquisa científica e pacientemente me compreendeu nos meus difíceis momentos. Muito obrigado! À Secretaria Municipal de Saúde de Marabá, Pará, na pessoa do Dr. Nagib Mutran que de imediato deu a anuência para a realização deste projeto em seu município, disponibilizando parceria para a etapa da citologia. À Professora Doutora Hellen Thais Fuzii que me acolheu no Laboratório de Imunopatologia do NMT/UFPA e não mediu esforços para o sucesso da etapa dos testes moleculares sem os quais não seria possível a concretização deste projeto. À equipe do CRISMU nas pessoas da Citologista Maria Augusta Lacerda e demais profissionais da enfermagem, Ana Claudia, Neci, Valdiza, Zeudina e Rosilena que profissionalmente contribuíram para as coletas cervicais, recebendo de forma carinhosa as mulheres participantes desta pesquisa. À Fundação HEMOPA, em especial às equipes da unidade de Marabá e do Setor de Sorologia do HEMOPA Belém que compreenderam a importância da pesquisa e colaboraram para a logística do armazenamento e transporte das amostras até o NMT/UFPA. Às colegas de trabalho e profissão, Márcia Basílio, Renata Hermes, Carmen Cordero e Rita Xavier que acreditaram em mim e me incentivaram a realizar este mestrado. Ao admirável Professor Doutor Evonildo Costa que brilhantemente me ensinou Biologia Molecular e me estimulou a estudar cada vez mais sobre o tema. Às minhas colegas de curso de mestrado Edna e Cristiane pela amizade, conselhos, discussões científicas e momentos de descontração. Aos acadêmicos jovens talentos que harmoniosamente frequentam o Laboratório de Imunopatologia do NMT e com avidez e responsabilidade conduziram os testes moleculares desta pesquisa. Aos secretários do BAIP, Hosana e Mirna, pela atenção e assistência prestadas a mim. À bibliotecária Célia Ribeiro e ao estatístico Alex Santos, obrigado pela disponibilidade. A todas as mulheres participantes desta pesquisa, admiráveis guerreiras que silenciosamente contribuíram para o avanço dos conhecimentos sobre a epidemiologia da infecção pelo HPV na Região Norte. RESUMO A infecção pelo Papillomavírus humano (HPV) apresenta ampla distribuição mundial encontrando-se entre as mais frequentes doenças sexualmente transmissíveis (DST) no mundo com pico de incidência na população feminina jovem, sexualmente. Os HPVs de alto risco estão comprovadamente envolvidos na gênese de tumores diversos e são detectados em 92,9 a 99,7% dos casos de carcinoma cervical. Estimam-se para o Brasil, 15.590 novos casos de câncer do colo do útero onde a Região Norte destaca-se em primeiro lugar para este câncer. Alguns fatores como precocidade sexual, multiplicidade de parceiros, tabagismo e imunossupressão em coinfecções com outras DST estão reconhecidamente associados à infecção pelo HPV. As técnicas da biologia molecular são extremamente eficazes na detecção do HPV, entretanto encontra-se alta frequência de DNA do HPV em mulheres com citologia cervical sem atipias celulares. Objetivos: Este estudo, do tipo transversal analítico descritivo, analisou a prevalência da infecção genital pelo HPV, através das técnicas da PCR e citopatologia, em amostras cervicais de mulheres rastreadas para o câncer cervical em uma unidade de saúde pública na cidade de Marabá, Pará, coletadas num período de cinco meses, no ano de 2014. Investigou as possíveis associações entre a infecção e fatores sóciodemográficos, comportamentais, sexuais e reprodutivos; pretendeu ainda reforçar o conhecimento sobre os genótipos de HPV circulantes na população do estudo. Metodologia: Foram analisadas 191 amostras elegíveis para o estudo. A todas as participantes, após a assinatura de um TCLE, foi aplicado um questionário clínico-epidemiológico e colhidas amostras cervicais destinadas a citopatologia, extração de DNA e PCR para detecção do DNA do HPV. As participantes foram agrupadas em: mulheres com história de antecedentes de infecção pelo HPV, mulheres com citologia atual com atipias celulares, mulheres com DNA HPV (+). Para estes grupos foram investigados os fatores de risco associados à aquisição da infecção pelo HPV e ao desenvolvimento do câncer cervical. Resultados: Encontrou-se uma prevalência de 4,7% para a infecção pelo HPV pela técnica da PCR, com predomínio em mulheres entre 18 e 29 anos (55,6%) seguido da faixa de 30 a 39 (44,4%); pela citopatologia encontrou-se prevalência de 5,8% distribuída entre ASC-US com 66,6%, LSIL com 44,4% e ASC-H com 11,1%. A distribuição dos tipos de HPV foi de: HPV 6, 31, 35 e 58 em 33,3% das amostras DNA HPV (+) sendo 22,2% com infecção mista. Conclusões: A prevalência da infecção pelo HPV (4,7%) apresentou-se abaixo de outros estudos dessa natureza, entretanto foi fortemente influenciada pela alta frequência de mulheres previamente tratadas para a infecção. A infecção pelo HPV apresentou associação significante para a faixa etária entre 18 e 29 anos. A estabilidade conjugal apresentou-se tendenciosa para a aquisição desta infecção fator que remete a ações públicas de intervenção para esse grupo. Encontrou-se uma fraca associação entre a citologia e a PCR. Não foram detectados os HPV 16 e 18 nas amostras examinadas sugerindo a necessidade de realizar novos estudos abrangendo outros serviços de saúde neste município para um melhor detalhamento dos genótipos circulantes. Palavras chave: HPV, câncer cervical, epidemiologia, citopatologia, PCR. ABSTRACT Infection with human papillomavirus (HPV) has worldwide distribution and are among the most common sexually transmitted diseases (STD) in the world with a peak incidence in young females, sexually. The high-risk HPV are demonstrably involved in the genesis of many tumors and are detected in 92.9 to 99.7% of cases of cervical carcinoma. Are estimated for Brazil, 15,590 new cases of cervical cancer where the North stands out first for this cancer. Some factors such a sexual precocity, multiple partners, smoking and immunosuppression in co-infections with other STDs are known to be associated with HPV infection. The molecular biology techniques are extremely effective in detection of HPV, though there is high frequency of HPV DNA in women with cervical cytology without atypical cells. Objectives: This study, descriptive analytical cross-sectional examined the prevalence of genital HPV infection, through the techniques of PCR and cytology in cervical samples of women screened for cervical cancer in a public health unit in the city of Maraba, Para, collected a period of five months in 2014. Investigated the possible association between infection and sociodemographic factors, behavioral, sexual and reproductive rights; also sought to enhance knowledge on circulating HPV genotypes in the study population. Methodology: We analyzed 191 samples eligible for the study. To all the participants after the signing of an TCLE, we applied a clinical and epidemiological questionnaire and collected cervical samples for cytology, DNA extraction and PCR for detection of HPV DNA. Participants were grouped in women with a history of infection with HPV history, women with current cytology with atypical cells, women with HPV DNA (+). For these groups, we investigated the risk factors associated with the acquisition of HPV infection and the development of cervical cancer. Results: We found a prevalence of 4.7% for HPV infection by the PCR technique, predominantly in women between 18 and 29 years (55.6%) followed by the range 30-39 (44.4%); by cytopathology found a prevalence of 5.8% distributed between ASC-US with 66.6%, 44.4% with LSIL and ASC-H with 11.1%. The distribution of HPV types was: HPV 6, 31, 35 and 58 in 33.3% of the HPV DNA samples (+), 22.2% with a mixed infection. Conclusions: The prevalence of HPV infection (4.7%) is presented below other studies of this nature, however was strongly influenced by the high frequency of women previously treated for the infection. HPV infection was significantly associated to the age group between 18 and 29 years. Marital stability was presented biased to an individual's infection factor that refers to public actions of intervention for this group. We found a weak association between cytology and PCR. The HPV 16 and 18 in the examined samples were not detected suggesting the need for further studies covering other health services in this city for a more detailed circulating genotypes. Keywords: HPV, cervical cancer, epidemiology, cytopathology, PCR. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Representação do capsídeo viral do HPV. ................................................ 16 Figura 2: Estrutura gênica do HPV. Representação das três regiões do genoma: Região inicial Early (E), Região tardia Late (L) e Região de controle longa (LCR). .. 17 Figura 3: Alterações citomorfológicas do tipo coilocitose (A) e disceratose (B) associadas à infecção pelo HPV, em esfregaços cervicais corados pela técnica de Papanicolaou............................................................................................................. 21 Figura 4: Demonstração das formas de interação do DNA viral na célula hospedeira. .................................................................................................................................. 25 Figura 5: Esquema mostrando a expressão de proteínas do HPV em epitélio estratificado até a liberação de virions. ..................................................................... 26 Figura 6 - Prevalência da infecção pelo HPV* estimada em metanálise de 78 estudos envolvendo mulheres com citologia normal nos diferentes continentes.....................29 Figura 7: Prevalência da infecção pelo HPV em mulheres com citologia normal, de acordo com a idade....................................................................................................30 Figura 8: Prevalência dos tipos de HPV de alto risco entre mulheres com citologia normal. Demonstração dos cinco genótipos de HPV mais frequentes no mundo. .... 30 Figura 9: Sequencia temporal de eventos na história natural do câncer cervical. .... 32 Figura 10: Representação da taxa bruta de incidência por 100 mil mulheres para novos casos de câncer do colo do útero, estimada para o estado do Pará, para o ano de 2014. .................................................................................................................... 47 Figura 11: Distribuição de citologias anteriores alteradas e procedimento médicos sugerindo história antecedente de infecção pelo HPV (n=40), registrados em comparecimentos anteriores em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. ........... 62 Figura 12: Distribuição da classificação citomorfológica para os esfregaços cervicais com atipias celulares (n=11) em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA ............ 63 Figura 13: Distribuição quanto à história de antecedentes de infecção pelo HPV e persistência da infecção confirmada pelo PCR-DNA HPV (+) (2/40) em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. .......................................................................................... 69 Figura 14: Distribuição da classificação citomorfológica para os esfregaços cervicais com atipias celulares (n=11) em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA ............ 70 Quadro 1: Funções das proteínas expressas pelos genes do HPV ......................... 18 Quadro 2: Orientações para laudos citopatológicos cervicais em amostras adequadas para análise citológica ............................................................................................... 40 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Distribuição das variáveis sóciodemográficas em mulheres (n=191) rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA............................................................................................59 Tabela 2 - Distribuição das variáveis comportamentais em mulheres (n=191) rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA............................................................................................61 Tabela 3 - Distribuição das variáveis epidemiológicas quanto à citopatologia com atipias celulares (n=11) em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de MarabáPA...............................................................................................................................65 Tabela 4 - Associação entre a frequência de realização de PCCU e os resultados das citologias atuais coletadas em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de MarabáPA...............................................................................................................................66 Tabela 5 - Distribuição das variáveis epidemiológicas em mulheres com DNA HPV (+) e DNA HPV (-) mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA.................................................68 Tabela 6 - Concordância entre o resultado da Citologia e o resultado do PCR em amostras cervicais de mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA .................................70 LISTA DE ABREVIATURAS ASC-H- Atypical Squamous Cells of Undetermined Significance, Atipias celulares de significado indeterminado, não se podendo excluir lesão intraepitelial de alto grau. ASC-US-Atypical Squamous Cells of Undetermined Significance, Células escamosas atípicas de significado indeterminado. β-globina- Gene da globina CCU- Câncer de Colo uterino CDC/USA- Center for Diseases Control and Prevention-United States of America CH- Captura Híbrida CI- Carcinoma invasor CRISMU- Centro de Referência Integrado à Saúde da Mulher DNA- Ácido Desoxirribonucleico DP- Desvio padrão DST- Doença Sexualmente Transmissível E- Early Region (região precoce do genoma viral) EGF- Fator de crescimento epidermal FDA- Food and Drug Administration HIV - Human Immuno deficiency Vírus (Vírus da Imunodeficiência Humana) HPV - Papillomavirus humano HSIL- High grade Squamous intraepithelial lesion, Lesão intraepitelial escamosa de alto grau. IARC- International Agency for Research on Cancer IC 95% - Intervalo de Confiança de 95% ICO- Information Center on HPV and Cancer in World ICTV- International Committee on Taxonomy of Viruses (Comitê Internacional de Taxonomia de Virus) INCA- Instituto Nacional do Câncer JEC- Junção Escamo-Colunar L- Late Region (Região tardia do genoma viral) LCR- Long Control Region (região longa de controle) LSIL- Low grade Squamous intraepithelial lesion, Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau. MS- Ministério da Saúde NIC- Neoplasia Intra-Epitelial Cervical OMS - Organização Mundial da Saúde ORF - Open Reading Frames (região codificadora do genoma viral) ORp- Odds ratio (razão de chances) de prevalência p53- Proteína 53, Gene humano protetor a indução do câncer pb - Pares de base PBS- Solução salina tamponada com fosfato PCCU - Prevenção do Câncer de Colo do Útero (exame de preventivo) PCR- Polymerase Chain Reaction (Reação em Cadeia da Polimerase) PNI- Programa Nacional de Imunização pRb- Proteína do retinoblastoma USA- United States of America VLPs- Viral like particles WHO - World Health Organization (Organização Mundial da Saúde) ZT- Zona de transformação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................15 1.1 PAPILLOMAVÍRUS HUMANO (HPV) ..............................................................15 1.1.1 Classificação e estrutura genômica do HPV.................................................15 1.1.2 História natural da infecção pelo HPV...........................................................19 1.1.3 Classificação dos HPV quanto ao potencial oncogênico............................23 1.1.4 Ciclo fisiopatológico da infecção e a expressão gênica do HPV................24 1.2 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO PELO HPV ......................28 1.2.1 Distribuição epidemiológica das infecções pelo HPV..................................28 1.2.2 Epidemiologia do câncer cervical ..................................................................32 1.2.3 Fatores de risco associados à infecção pelo HPV e ao desenvolvimento do câncer cervical ..........................................................................................34 1.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO HPV........................38 1.3.1 Diagnóstico citológico de lesões intraepiteliais cervicais ..........................38 1.3.2 Diagnóstico molecular da infecção pelo HPV ...............................................41 1.4 VACINA CONTRA HPV ...................................................................................44 2 JUSTIFICATIVAS DO ESTUDO ......................................................................47 3 OBJETIVOS ....................................................................................................49 3.1 OBJETIVOS GERAIS ......................................................................................49 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................49 4 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................50 4.1 TIPO DE ESTUDO............................................................................................50 4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO.............................................................................50 4.3 CÁLCULO DA AMOSTRA................................................................................50 4.4 INSTRUMENTO DA PESQUISA.......................................................................51 4.4.1 Critérios de inclusão .......................................................................................51 4.4.2 Critérios de exclusão ......................................................................................52 4.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO ................................................................................52 4.6 COLETA E ROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS ..........................................53 4.6.1 Coleta de amostras para citologia oncótica ..................................................53 4.6.2 Coleta de amostras para testes moleculares ...............................................54 4.6.3 Extração de DNA .............................................................................................54 4.6.4 Detecção do DNA do HPV pela PCR .............................................................55 5 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................57 6 VIABILIDADE E ASPÉCTOS ÉTICOS ............................................................58 7 RESULTADOS ..................................................................................................59 7.1 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS CATEGÓRICAS PARA TODO O GRUPO ESTUDADO....................................................................................59 7.2 DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS MULHERES COM HISTÓRIA DE ANTECEDENTRES DE INFECÇÃO PELO HPV.............................................62 7.3 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS CATEGÓRICAS PARA MULHERES QUE APRESENTARAM ATIPIAS CELULARES .......................................................63 7.4 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS CATEGÓRICAS PARA MULHERES QUE APRESENTARAM DNA HPV (+) .....................................................................67 7.5 ANÁLISE COMPARATIVA PARA A EFICIÊNCIA DO TESTE CITOPATO LÓGICO PCCU E O TESTE MOLECULAR PCR FRENTE AOS RESUL TADOS OBTIDOS NO DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HPV................69 7.6 DISTRIBUIÇÃO DOS GENÓTIOS DO HPV DE ALTO E BAIXO RISCO DETECTADOS EM AMOSTRAS DNA HPV (+) ..............................................70 8 DISCUSSÕES ...................................................................................................71 9 CONCLUSÕES .................................................................................................79 REFERÊNCIAS .................................................................................................80 APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ….93 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO .....................95 15 1 INTRODUÇÃO 1.1 PAPILLOMAVÍRUS HUMANO (HPV) 1.1.1 Classificação e estrutura genômica do HPV O Papillomavírus humano (HPV) é considerado o agente viral causal de tumores benignos como papilomas, verrugas comuns e condilomas. Com o avanço das técnicas de detecção molecular, o genoma do HPV tem sido identificado em células neoplásicas malignas passando desta forma a ser associado a cânceres, principalmente ao câncer cervical (SOUTO et al., 2005; PINHEIRO et al., 2013). As diversas espécies de papillomavirus atualmente identificadas são semelhantes em sua estrutura física e organização genômica. São vírus que infectam inúmeras espécies de vertebrados principalmente felinos, bovinos e humanos, entretanto apresentam DNA espécie-especifico (SCHEURER et al.,2005). Diferentes mamíferos abrigam estes vírus que infectam células do epitélio basal de peles e mucosas onde são locais específicos. Em humanos, alguns tipos causam apenas verrugas cutâneas e outros tipos lesam tecidos causando neoplasias especialmente na região ano genital (BERNARD, 2005). Inicialmente os papillomavirus e os poliomavírus foram agrupados na família Papovaviridae em decorrência de semelhanças estruturais como a ausência de envelope e apresentarem DNA circular e de dupla fita. Através da utilização da microscopia eletrônica e técnicas da biologia molecular para estudo do DNA evidenciaram-se diferenças no tamanho e organização de seus genomas e desta forma o International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV) os considerou pertencentes a famílias distintas: Papillomaviridae e Polyomaviridae respectivamente. A família Papillomaviridae é composta por 30 gêneros sendo que os HPV associados às lesões da mucosa genital encontram-se agrupados no gênero Alphapapillomavirus (DE VILLIERES et. al., 2004; BERNARD, 2005). Os HPVs caracterizam-se por serem vírus não envelopados, com aproximadamente 55nm; apresentam um capsídeo composto por 72 capsômeros dispostos em simetria icosaédrica (Figura 1). O genoma é caracterizado por uma dupla fita de DNA circular com aproximadamente 8.000 pares de base (pb) de nucleotídeos 16 (PASSOS et al., 2008; CHOW et al., 2010). Devido à ausência do envelope estes vírus parecem possuir a capacidade de manter-se viável em meio extracelular por até uma semana (DOORBAR, 2005). O genoma do HPV pode sofrer mutações pontuais, deleções e inserções, que podem se tornar permanentes numa população, se selecionadas positivamente (BERNARD et al., 2010). Figura 1: Representação do http://www.korona.ro/artcole.htm). capsídeo viral do HPV. (Fonte: O genoma do HPV apresenta uma organização simples constituída por aproximadamente oito sequencias de leitura aberta, Open Reading Frames (ORF) e uma região não codificadora Long Control Region (LCR) conforme a figura 2. A região ORF é composta de genes que se expressam precocemente (Early-E) e dentre eles destacam-se os genes E1, E2, E4, E5, E6, E7 com aproximadamente 4.000 pb além de dois genes que se expressam tardiamente (Late-L), sendo denominados respectivamente de L1 e L2, com cerca de 3000 pb e que codificam proteínas do capsídeo. A região reguladora LCR localiza-se entre as regiões L1 e E6, possui entre 400 a 1000 pb, contém a origem da replicação viral e o controle dos elementos para a transcrição e replicação do HPV (DOORBAR, 2006; BURK et al., 2009; FERRARO et al., 2011). 17 Figura 2: Estrutura gênica do HPV. Representação das três regiões do genoma: Região inicial Early (E), Região tardia Late (L) e Região de controle longa (LCR). (Fonte: Adaptado de Munõz et al.2006) Na região Early o gene E1 tem relação com a replicação viral e E2 com a transcrição e replicação. O gene E2 codifica proteínas relacionadas com a replicação epissomal do DNA viral e pode regular positiva ou negativamente a transcrição viral. A função da proteína E4 é predominantemente atuar sobre a maturação viral modulando alterações na matriz intracelular por interagir com a citoqueratina da célula infectada promovendo mudanças estruturais do citoplasma elevando à formação de coilócitos (SOUTO et al., 2005; CONCHA, 2007; NOMELINE et al., 2007; LIMA et al., 2013). A proteína E5 ainda não apresenta suas funções bem elucidadas, no entanto estudos demonstram que ela é expressa desde o início da infecção até a fase prémaligna de lesões em células escamosas. Contribui para as primeiras etapas de iniciação da lesão e formação do câncer desempenhando um papel importante durante o curso inicial da infecção pela ligação ao fator de crescimento epidermal (EGF), ao receptor beta (β). Entretanto, a sequência codificadora de E5 geralmente é deletada do DNA viral epissomal durante a integração ao genoma hospedeiro na progressão maligna. Desta forma, a expressão de E5 é perdida no carcinoma, não sendo, portanto, necessária para a manutenção do fenótipo transformado (TALBERTSLAGLE & DI MAIO, 2009; CHOW et al., 2010; MAUFORT et al.,2010). 18 As proteínas E6 e E7 estão envolvidas com a transformação celular e relacionadas com a oncogênese e progressão de malignidade principalmente em HPV de alto risco tornando-se desta forma as proteínas mais estudadas. Outra proteína, a E3, encontra-se presente em uma minoria dos papillomavirus e sua função ainda é desconhecida (SCHEURER, 2005; HOWLEY, 2006; GHITTONI et al., 2010, DOORBAR et al., 2012). A região tardia (Late) do genoma do HPV corresponde a 40% do genoma viral, situa-se após a região precoce, é constituída pelos genes L1 e L2 e são importantes na etapa final da replicação do vírus através da tradução das grandes e pequenas proteínas do capsídeo respectivamente. Cinco proteínas L1 juntas formam um pentâmero e, 72 pentâmeros lado a lado conformam o capsídeo viral, responsável pela resposta imune humoral e formação de anticorpos (WOODMAN et al., 2007; ROSA et al., 2009). Resumidamente as funções das proteínas expressas pelos principais genes do HPV encontram-se resumidas no quadro 1. Quadro1: Funções das proteínas expressas pelos genes do HPV. (Adaptado pela autora, 2014). GENES HPV PRECOCES FUNÇÃO DA PROTEINA E1 Replicação viral E2 Controle de transcrição E3 Função desconhecida, encontrada em minora dos HPV E4 Maturação do vírus e alteração da matriz celular E5 Ligação com fator de Crescimento EGF na fase epissomal, estímulo na proliferação, desaparece na oncogênese. E6, E7 TARDIOS Transformação celular, oncogênese. L1 Codifica proteína principal do capsídeo viral L2 Codifica proteína secundária do capsídeo viral 19 1.1.2 História natural da infecção pelo HPV Verrugas em humanos eram conhecidas pelos greco-romanos desde a antiguidade quando pela ocorrência frequente em áreas genitais foram denominadas de condilomas pelos médicos da época e agrupadas como doenças sexualmente transmissíveis juntamente com a sífilis e a gonorreia (WU et al., 2008). Somente em 1933 estudos publicados por Shope & Hurst publicaram a descoberta do HPV a partir de lesões em coelhos selvagens. Observaram que poderiam ser transmitidas a outros coelhos através de um extrato filtrado e sem nenhuma célula, deduzindo assim que a doença seria de origem viral. Já em 1940, Rous & Kidd demonstraram que este vírus tinha potencial para induzir a formação de cânceres cutâneos em pele de coelho previamente infectado. Em 1954, Barret e colaboradores, após estudarem soldados regressos da guerra da Coréia e que apresentavam verrugas penianas obtidas após contatos sexuais com mulheres coreanas, sugeriram a transmissão sexual da verruga genital (CAMARA et al., 2008). Em 1974, Hausen e colaboradores anunciaram a descoberta da presença do HPV em lesões de carcinoma de colo de útero apoiados pelas evidencias das técnicas da biologia molecular, disseminadas no meio científico à época. Ao final da década de 70, Hausen escreveu sobre o condiloma acuminado e o câncer genital e o possível papel dos papillomavirus humanos nos carcinomas escamosos. Em 1979 Syrjänen também discutiu a associação entre o condiloma e o carcinoma cervical e concluiu que as alterações celulares sugestivas de condiloma poderiam representar alterações precursoras de carcinoma cervical invasivo. Em 1983, Hausen foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina por evidenciar a presença do HPV16 e 18 em aproximadamente 70% das biopsias de pacientes com câncer cervical analisadas em seu estudo (ROSA et al., 2009). A transmissão do HPV ocorre pelo contato direto com órgãos genitais, na prática sexual e também em relações anais ou mesmo pelo sexo oral sendo assim qualificada como doença sexualmente transmissível (DST). A aquisição da infecção celular pelo HPV é o principal percursor de uma sequência de eventos que poderão levar ao desenvolvimento do câncer cervical, entretanto evidencia-se que a história 20 natural da infecção pelo HPV é a eliminação viral em aproximadamente 80% dos casos (TROTTIER et al., 2006; BOSCH et al., 2008; PASSOS et al., 2008). Em lesões celulares benignas e pré-malignas o DNA do HPV encontra-se comumente extra cromossômico. A integração do DNA do HPV ao genoma da célula hospedeira é usualmente observada em carcinomas cervicais invasivos e em linhagens celulares de outros carcinomas. Nestes casos o genoma viral mantido na forma epissomal passa em determinado momento a integrar o genoma celular do hospedeiro, alterando o ciclo celular e causando significantes alterações morfológicas (ROSA et al., 2009; PINHEIRO et al., 2013). O papillomavirus apresenta tropismo específico por células epiteliais escamosas e induz a formação de tumores epiteliais e fibroepitelias em seus hospedeiros naturais. As lesões causadas pelo HPV contêm características visuais e histológicas fundamentais. Nas infecções cutâneas queratinizadas observa-se o aumento da epiderme que se caracteriza pelo aspecto verrucoso e pela presença de papilomatose em decorrência da proliferação celular. Observam-se ainda grânulos de querato hialina comuns a epitélios queratinizados. Microscopicamente observam-se alterações celulares caracterizadas pela disceratose, presença de coilócitos, células estas caracterizadas por apresentarem halo perinuclear com bordo bem delimitado sendo frequentemente binucleadas, com núcleos hipercromáticos e de contorno irregular (Figura 3). Estas e outras importantes atipias celulares associadas a certos tipos de HPV principalmente aos de alto risco induzem a formação de carcinomas, entretanto o curso da doença pode demorar de 10 a 20 anos (FEHRMANN et al., 2005; LETO et al., 2011). 21 Figura 3: Alterações citomorfológicas do tipo coilocitose (A) e disceratose (B) associadas à infecção pelo HPV, em esfregaços cervicais corados pela técnica de Papanicolaou. (Fonte: http://antonini.med.br/geral/alteracoes_celulares_causadas_por_infeccao_viral.html) A infecção pelo HPV inicia-se com a penetração do vírus no epitélio, através de microtraumas, atingindo a camada basal seguindo-se de um período de incubação que varia de meses a anos. Nas células da epiderme de mãos e pés o período de incubação pode variar entre 6 e 18 meses enquanto que em células de órgão genitais este período varia entre 2 a 6 meses (SILVA et al., 2003). A infecção pode evoluir para uma infecção latente, sem multiplicação viral, na qual não se evidencia mesmo microscopicamente, ação do vírus. De outra forma pode evoluir para uma infecção subclínica ou clínica, com multiplicidade viral. Nesta forma ocorre discreta manifestação clínica instalada na cérvice uterina, geralmente detectada com auxílio da colposcopia. Pode ainda evoluir com lesões vegetantes facilmente observáveis, os condilomas, também conhecidos como verrugas (ROSA et al., 2009; BICCA et al., 2013). A infecção é considerada persistente quando há a detecção de um mesmo tipo de HPV em mais de duas ocasiões em certo período, porém ainda não há consenso para esse período. A persistência é um preditor para lesões pré-neoplásicas particularmente frente às infecções por HPV oncogênicos, e em especial o HPV 16 seguido do HPV18. A infecção pelo HPV 16 parece persistir por um período maior que a média dos outros tipos que é de 6 a 12 meses (ROSA et al., 2009; LUCENA et al., 2011). 22 Em qualquer das manifestações citadas pode haver regressão espontânea. A regressão da infecção, assim como o tempo de incubação do HPV nas células hospedeiras é variável em decorrência da competência imunológica do hospedeiro frente às respostas humorais e celulares e também da origem das células infectadas (MICHELIN et al., 2009). Um receptor para a entrada do HPV, nas células epiteliais não foi ainda funcionalmente identificado, no entanto uma proteína denominada integrina α-seis-ß-quatro tem sido sugerida como uma forte candidata a receptor para HPV. Esses proteoglicanos interagem com a porção carboxi-terminal da proteína L1 do HPV, porém apesar de serem largamente distribuídas na superfície de muitas células, podem não ser suficientes para permitir uma entrada eficiente do vírus (SELINKA et al., 2003; SOUTO et al., 2005). As taxas de regressão espontânea entre mulheres infectadas por HPV variam entre 50,4% a 56,7% nas Lesões Intraepiteliais de Baixo Grau (LSIL) e em média de 12,2% nas Lesões Intraepiteliais de Alto Grau (HSIL). A progressão para carcinoma invasivo em mulheres positivas para HPV é de 14,2% para as LSIL variando entre 22,4% a 64% nas HSIL (BRENNA & SYJRÄEN, 2003). Um estudo de coorte realizado com 1.425 mulheres na cidade de São Paulo, Brasil, demonstrou uma mediana de persistência de positividade do HPV de 4,8 meses para os não oncogênicos e de 8,1 para os oncogênicos. Neste estudo observou-se uma persistência maior em mulheres com menos de 35 anos (FRANCO et al., 1999). Em outro estudo de coorte, no Arizona (USA), envolvendo 331 mulheres, foi encontrada a mediana de tempo de regresso da infecção pelo HPV de 4,3 meses para os tipos não oncogênicos e 9,8 meses para os tipos oncogênicos (SCHLECHT, 2001; GIULIAN et al., 2002; FERENCZY& FRANCO, 2002). 23 1.1.3 Classificação dos HPVs quanto ao potencial oncogênico Os HPVs são um grupo heterogêneo de vírus nos quais o sequenciamento do DNA tem permitido identificar mais de 150 tipos; destes, 85 genótipos já foram totalmente caracterizados (LIMA JUNIOR, 2011). Aproximadamente 40 tipos infectam especificamente o epitélio anal e genital. Segundo Bernard e colaboradores (2005), considera-se um novo tipo de HPV quando as sequencias de nucleotídeos dos genes L1, E6 e E7 que correspondem a aproximadamente 30% do genoma viral, apresentem diferenças maiores que 10% com relação aos tipos conhecidos. Quando esse percentual cai para menos que 2%, o novo vírus isolado é designado como uma variante do mesmo tipo (DE VILLIERS et al., 2004; ZHENG & BAKER, 2006; DUNNE & MARKOWITZ, 2006). A classificação do HPV encontra-se ainda correlacionada ao seu tropismo tissular e seu potencial oncogênico. Na primeira categoria, de acordo com o tropismo são classificados como cutaneotrópicos, aqueles capazes de infectar a epiderme e como mucosotrópicos, aqueles capazes de infectar mucosas em geral. (GARCIAESPINOSA et al., 2009). Na segunda categoria, de acordo com o risco para o desenvolvimento de neoplasias encontram-se classificados como de baixo risco e de alto risco (MUNOZ et al., 2003). Os vírus considerados de baixo risco estão associados comumente a lesões benignas, como papilomas e verrugas simples principalmente os condilomas; os vírus classificados como de alto risco encontram-se associados a diferentes graus de lesões escamosas intraepiteliais e neoplasias (SILVA et al., 2003). Dentre os tipos de HPV de baixo risco, encontram-se principalmente os tipos 6, 11, 40, 42, 44, 54, 61,70, 72 e 81; dentre os de alto risco oncogênico, os tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82. Além destes, existe um grupo intermediário de HPV, os tipos 26, 53, 54 e 66, para os quais ainda não existe base epidemiológica que defina seu potencial oncogênico. Essa correlação entre tipos de HPV de alto risco, câncer cervical e suas lesões precursoras ficou mais evidente após os estudos nos quais se identificou DNA de HPV de alto risco em 84 a 99,7% dos cânceres cervicais (MUNOZ, et al., 2003; DE VILLIERE et al., 2004; TROTTIER et al., 2006; NORONHA, 2007). 24 Alguns HPV como os tipos 6 e 11 são na maioria das vezes detectados em verrugas genitais benignas e são considerados de baixo risco oncogênico uma vez que provocam malignidade das lesões em baixa frequência (DUNNE & MARKOWITZ, 2006). HPV de alto risco como os tipos 16, 18, 31,33 e 45 estão associados a uma alta frequência para o desenvolvimento de lesões malígnas sendo detectados em cerca de 80% dos carcinomas de células escamosas. Para os adenocarcinomas cervicais a espécie mais prevalente é o HPV18 com 55% dos casos no mundo todo, seguido do HPV16 com 32% e o HPV45 com 10% (CLIFFORD et al., 2003; BERNARD, 2005). 1.1.4 Ciclo fisiopatológico da infecção e a expressão gênica do HPV O HPV é um organismo exclusivamente intracelular que infecta células mitoticamente ativas do tecido epitelial e seu ciclo de vida se inicia após o alcance de células da camada basal do epitélio ou steam cells, do epitélio estratificado. Este comportamento explica porque tanto carcinomas escamosos como glandulares se originam na junção escamo colunar (JEC) e dentro da zona de transformação (ZT), local este de acesso imediato às células metaplásicas imaturas, basais e para-basais do epitélio cervical (MÜNGER et al., 2004; FEDRIZZI et al., 2008). Após a entrada do HPV na célula o genoma viral se estabiliza como elemento extra cromossômico, na forma epissomal, no núcleo e o número de cópias virais aumenta para aproximadamente 50 por célula. Ao se dividirem (Figura 4), essas células infectadas distribuem equitativamente o DNA viral entre as células filhas. Nas lesões malignas, o DNA viral encontra-se integrado aos cromossomos da célula hospedeira e não acontece a replicação viral (o que ocorre é a divisão celular que carrega o cromossoma integrado). Uma das células filhas migra da camada basal e inicia o programa de diferenciação celular. Nesta etapa há inativação da expressão da proteína E2, que funciona como regulador negativo da expressão dos oncogenes E6 e E7. Estes últimos promovem a imortalização celular ao inibirem as proteínas celulares p53 e pRb (proteína do retinoblastoma), reguladoras do ciclo celular e que são fundamentais para a supressão tumoral. As demais células filhas continuam dividindo-se na camada basal e servem de reservatório de DNA viral para as 25 posteriores divisões celulares. Sendo a produção do HPV restrita às células supra basais, as células na camada basal não são lisadas pela produção de novos vírus, continuando a proliferação (ZHENG & BAKER, 2006; FERRARO et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2012). Figura 4: Demonstração das formas de interação do DNA viral na célula hospedeira. (Fonte: adaptado de ALBERTS et al., 1994). De acordo com Passos e colaboradores (2008), poderá estabelecer-se tanto uma infecção produtiva do HPV quanto não produtiva. A forma de DNA epissomal do HPV é encontrada em verrugas genitais e lesões de menor gravidade e caracteriza a forma produtiva da infecção. Na infecção improdutiva não ocorrerá a produção de outras partículas virais embora haja a integração do genoma viral com o genoma do hospedeiro. Neste processo há o rompimento do gene E2, havendo dessa forma bloqueio na capacidade de sintetizar várias proteínas, inclusive as do capsídeo viral (SCHEURER et al., 2005; FERRARO et al., 2011). A progressão celular para a malignidade resulta da integração do DNA do HPV ao genoma celular seguido da expressão de alguns genes decorrente de alterações na relação entre o hospedeiro e o vírus. O DNA viral toma a forma linear e incorporase ao DNA da célula hospedeira. Os primeiros genes expressos nesse ciclo são E1 que tem ação de uma helicase e E2 que formam um complexo que se liga à origem da replicação do genoma viral e recrutam elementos necessários à replicação como as polimerases e outras proteínas acessórias; ocorre então a interrupção do controle 26 transcricional exercido por E2. O resultado da clivagem entre E1 e E2 é a perda da função destes dois genes, bloqueio na capacidade de sintetizar várias proteínas, inclusive as do capsídeo, acompanhada de desregulação dos genes E6 e E7, resultando em transformação da célula hospedeira. Quando o gene E2 é mantido funcional, existe a repressão das oncoproteinas do HPV (Mc CANCE, 2005; FERRARO et al., 2011; TRISTÃO et al., 2012). Seguindo-se à etapa da ruptura de E1 e E2 inicia-se a expressão das proteínas não estruturais E4 e estruturais L1 e L2 até a completa montagem e liberação dos virions (partícula viral completa fora da célula hospedeira) conforme esquema ilustrativo à figura 5. A proteína E4 promove o rompimento do citoesqueleto citoplasmático e nesta etapa há a migração de uma célula infectada para a camada celular superior do epitélio com a finalidade de acompanhar o programa de diferenciação dos queratinócitos, entretanto a célula filha infectada permanece na camada basal em estado de multiplicação, mantendo um reservatório de DNA viral (Mc CANCE, 2005; SIMONETTI et al., 2009; HEBNER & LAIMINS, 2006). Figura 5: Esquema mostrando a expressão de proteínas do HPV em epitélio estratificado até a liberação de virions. (Fonte: Modificado a partir de Simonetti et al., 2009). A carcinogênese pelo HPV resulta da expressão dos genes E6 e E7; nos HPV de alto risco, após a integração do DNA ao genoma celular, estes passam a codificar oncoproteinas E6 e E7 que promovem o processo maligno. A E6 atua inibindo a p53 e nos HPV de alto risco, como o HPV16, atua como uma proteína ligadora de DNA 27 que interage não apenas com a p53, mas com outros fatores celulares, resultando em bloqueio da apoptose, alterações na transcrição celular, distúrbios na sinalização intracelular e no aumento do ciclo de vida das células, o que pode contribuir para a transformação maligna. Nos HPVs de baixo risco a E6 liga-se com menor afinidade à proteína p53 e não causa sua degradação (ZHENG et al., 2004; MC CANCE, 2005; GARNETT& DUERKSEN-HUGHES,2006; GANGULY & PARIHAR, 2009; FRAGA et al., 2011). A oncoproteína E7 liga-se à proteína de pRb e esta associação causa perturbação no controle do ciclo celular resultando em um estímulo excessivo para a proliferação de células infectadas pelo HPV. Assim como a E6 dos vírus de baixo risco, a E7 desses vírus também se liga com menor afinidade à pRb quando comparada aos vírus de alto risco (SOUTO et al., 2005; ZHENG et al., 2006; PASSOS et al., 2008; GANGULY & PARIHAR et al., 2009; GHITTONI et al., 2010). O efeito combinado das oncoproteínas E6 e E7 resulta em fenótipo com mutação, no qual a célula perpetua-se ciclando e incorpora qualquer mutação espontânea que ocorra. Por razões ainda desconhecidas, as proteínas E6 e E7 dos HPVs de baixo grau não são capazes de transformar as células hospedeiras GHITTONI et al., 2010). Outro aspecto a ser considerado é a infecção múltipla, sendo que alguns dados sugerem que estas podem ter um efeito sinérgico na carcinogênese. Estudos científicos publicados entre 1999 e 2002, sobre a história natural da infecção, mostraram que mulheres já infectadas possuem um risco aumentado para a aquisição de novos tipos de HPV se comparadas com mulheres negativas para HPV. O tempo da infecção até a liberação das partículas virais ocorre em até três semanas, tempo este necessário para que ocorra a diferenciação e descamação de queratinócitos basais (STANLEY, 2006). O tempo entre a infecção e o aparecimento de papilomas pode estar na dependência da concentração e do tipo de vírus que infecta o tecido assim como o estado de latência é sugerido em decorrência de baixa concentração do vírus inoculado (BERNARD, 2005). Para atingir a malignidade o processo de transformação celular ocorre de forma contínua, parte do epitélio normal e progride com Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL) e Lesão intraepitelial de alto grau (HSIL) até tornar-se um carcinoma invasor (CI) (DOORBAR, 2005; OLIVEIRA et al., 2012; LUCENA et al., 2011; LIMA et al., 2013). 28 1.2 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO PELO HPV 1.2.1 Distribuição epidemiológica das infecções pelo HPV A infecção genital pelo HPV é considerada uma das mais frequentes e importantes DST em homens e mulheres, representando dessa forma um grande problema de saúde pública, em decorrência de sua elevada incidência e alta taxa de mortalidade no mundo todo. Estudos, nos últimos 20 anos, apontam alguns tipos de HPV como responsáveis pelo desenvolvimento de malignidade nas regiões que comumente infectam e que na mulher compreende o períneo, vulva, vagina, colo do útero e região anal e no homem, pênis, uretra, sacro escrotal e região anal (DE VUYST et al., 2009). Além das áreas citadas, o desenvolvimento de pesquisas demonstrou a presença de HPV de alto risco oncogênico em carcinomas de cabeça e pescoço principalmente nos sítios anatômicos da cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe (BRAGAGNOLO, 2010; LETO et al., 2011). O Center for Diseases Control and Prevention (CDC/USA) estima que pelo menos metade das pessoas sexualmente ativas em todo o mundo será infectada pelo HPV em algum momento de suas vidas. A estimativa mundial da prevalência das infecções por HPV entre mulheres de 15 a 75 anos varia de 1,4 a 25,6% (SANJOSÉ et al, 2007). Entretanto, segundo Steben e Duarte-Franco (2007), a prevalência geral em mulheres infectadas, porém assintomáticas, varia entre 2 a 44%. Estas variações são dependentes da região e população estudada e explicadas pelas diferentes faixas etárias analisadas considerando ainda a sensibilidade dos métodos de diagnóstico molecular utilizados na detecção do vírus (MUNÕZ et al., 2004; CLIFFORD et al., 2005; NAKAGAWA et al., 2010). Em 2005, o International Agency for Research on Cancer (IARC) publicou importante estudo de metanálise de pesquisas realizadas em 11 países nos quatro continentes do mundo envolvendo 15.613 mulheres rastreadas para câncer cervical e que apresentaram citologia sem alterações celulares importantes. Neste estudo a prevalência da infecção pelo HPV foi de 10,5%. Foi encontrada uma variação de até 20 vezes nesta taxa, entre os diferentes países envolvidos na pesquisa. A menor taxa de prevalência foi encontrada na Espanha com 1,4% e a mais alta na Nigéria com 29 25,6%. O continente europeu apresentou na totalidade uma taxa de 5,2%, sendo a menor. O continente asiático apresentou uma taxa de 8,7%. Na América do Sul, a taxa foi de 14,3% e na África, de 25,6%. Embora a Europa tenha apresentada baixa prevalência, esta apresentou a maior prevalência para o HPV16 enquanto que o HPV 18 teve distribuição homogênea. Neste grupo estudado a presença de vírus HPV de alto risco representou 66,3% contra 27,5% para os de baixo risco e 5,5% distribuídos entre outros tipos (CLIFFORD et al., 2005). Ajustando-se as taxas em decorrência do tempo do estudo, Fedrizzi (2011) apresentou-as de forma resumida em estudo publicado recentemente (Figura 6). Figura 6: Prevalência* da infecção pelo HPV estimada em metanálise de 78 estudos envolvendo mulheres com citologia normal nos diferentes continentes (Fonte: Adaptada de Fedrizzi, 2011). Local Nº de Estudos n 157.879 Prevalência Ajustada (%) 10,41 Global 78 África América Europa Ásia 08 24 27 19 95% IC 10,16-10,67 6.226 40.399 70.129 41.125 22,12 12,95 8,08 7,95 20,87-23,43 12,41-13,51 7,77-8,41 7,53-8,40 *Ajustada por região, tipo e desenho de estudo, ano de publicação, forma de coleta da amostra, meio de armazenamento celular, técnica para detecção de HPV, primer utilizado e idade para cada estudo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicados em 2009, a prevalência da infecção pelo HPV na América do Sul é de 13,2% enquanto que no Brasil é de 14,1% entre as mulheres com citologia dentro dos limites da normalidade. Conforme se observa na figura 7, adultos jovens sexualmente ativos, principalmente no início da vida sexual são os mais expostos ao risco de aquisição de HPV. A prevalência de infecção neste grupo é de 3-4 vezes maior do que em mulheres de 35 a 55 anos com uma tendência de declínio da curva em faixas etárias mais velhas. Esta mesma tendência é encontrada nos dados da OMS e em estudo de metanálise realizada por Sanjosé e colaboradores em 2007 (FEDRIZZI, 2011). 30 Figura 7: Prevalência da infecção pelo HPV em mulheres com citologia normal, de acordo com a idade (IC 95%%, em sombra cinza). Adaptado por Fedrizzi, 2011. Fonte: WHO/ICO – Information Center on HPV and Cancer in World. Cancers-Brazil, Summary Report 2009. Papillomavirus and Related A prevalência dos genótipos de HPV de alto risco mais frequentes no mundo, detectados em mulheres com citologia dentro dos limites da normalidade, varia de acordo com a região estudada e pode ser visualizada na figura 8. Figura 8: Prevalência dos tipos de HPV de alto risco entre mulheres com citologia normal. Demonstração dos cinco genótipos de HPV mais frequentes no mundo. (Fonte: modificado de www.int/hpvcentre, 2009). 31 Segundo estudo de Baseman e colaboradores (2005), a prevalência de infecções por HPV de alto risco em uma população dos Estados Unidos com idade de 25 anos foi de 27,4%. Em um estudo realizado também nos Estados Unidos entre os anos de 2003 e 2005, envolvendo 9.657 mulheres entre 14 e 65 anos rastreadas para o câncer cervical a prevalência para HPV de alto risco foi de 23% (DATTA et al., 2008). Entretanto, um recente estudo na Escócia com mulheres de 36 anos demonstrou prevalência de aproximadamente 17,7% para HPV de alto risco e 20,5% para todos os tipos (KULASINGAM et al, 2002). No Brasil, estudos nacionais registraram um perfil de prevalência da infecção por HPV de alto risco semelhante ao de países subdesenvolvidos: 17,8 a 27% com uma prevalência maior nas mulheres nas faixas etárias abaixo de 35 anos; a partir dos 35 até 65 anos, as taxas permanecem de 12 a 15% (RAMA et al., 2008). Em um estudo realizado na cidade de São Paulo, Brasil, com 2.300 amostras cervicais de mulheres na faixa etária de 15 a 65 anos encontrou-se uma prevalência de 17,8% para a infecção por HPV de alto risco com predomínio em mulheres com idade menor que 25 anos (RAMA et al.,2008). Em Porto Alegre, Brasil, em um estudo transversal envolvendo 975 mulheres rastreadas para o câncer cervical a prevalência do HPV foi de 27% (NONNENMACHER et al., 2002). No nordeste brasileiro, Soares e colaboradores (2003) observaram uma prevalência de 26% na infecção pelo HPV entre mulheres da zona rural em idade reprodutiva. No norte do Brasil em um estudo comparativo entre duas populações, urbana e rural, na Amazônia Oriental a prevalência encontrada para DNA de HPV nas amostras cervicais examinadas variou entre 15% para as amostras da zona urbana e 14,2% para as da zona rural numa população feminina na faixa etária entre 13 a 71 anos (PINTO et al., 2011). Em Belém, em um estudo transversal, realizado por Noronha (2005) envolvendo 433 mulheres na faixa de 30 a 45 anos, com citologia dentro da normalidade encontrou uma prevalência de 6,9% para o DNA do HPV. 32 1.2.2 Epidemiologia do câncer cervical O câncer cervical é o segundo câncer mais comum entre mulheres nos países em desenvolvimento e, por conseguinte maior causador de morte por câncer entre mulheres adultas. Constitui-se em uma doença de progressão lenta, podendo levar até 15 anos para atingir o estágio de câncer invasivo (Figura 9), e apresenta alta possibilidades de ser debelado se detectado precocemente. Os HPVs de alto risco encontram-se envolvidos na gênese desses tumores, sendo detectado em 99,7% dos casos de carcinoma cervical (TROTTIER & FRANCO, 2006; INCA, 2013). Figura 9: Sequencia temporal de eventos na história natural do câncer cervical. (Fonte: Brasil, 2006). A detecção precoce do câncer do colo do útero é realizada através do exame de Papanicolaou, procedimento este de baixo custo e de fácil execução e estabelecido em programas de prevenção em todo o mundo sendo recomendado para mulheres entre 25 e 65 anos. Um alto benefício é alcançado quando o exame é realizado em mulheres acima de 35 anos, priorizando-se, assim, o rastreamento na faixa etária entre 35 e 59 anos, faixas de idade onde detectam-se as mulheres mais acometidas pela doença. O câncer do colo do útero, mundialmente, apresenta incidência aproximada de 530 mil novos casos por ano podendo provocar cerca de 275 mil mortes anualmente. É considerado o quarto tipo de câncer mais comum entre as 33 mulheres ocupando o sétimo lugar geral para todos os tipos de câncer (GAMARRA et al., 2010; WHO, 2013; SILVA et al., 2014). De acordo com dados da IARC, as regiões Oriental e Ocidental da África apresentam taxa de incidência para o câncer cervical maior que 30 por 100 mil habitantes; a África do Sul com 26,8 por 100 mil; o Centro-Sul da Ásia com 24,6 por 100 mil; a América do Sul e África Central com 23,9 e 23,0 por 100 mil respectivamente. As taxas de menor incidência são Ásia Ocidental, América do Norte e Austrália /Nova Zelândia com menos de 6 por 100 mil. Verifica-se desta forma uma diferença significante na incidência deste tipo de câncer em países europeus e americanos, quando comparados com dados de países da América do Sul, da Ásia e da África. Assim sendo, mais de 80% da incidência e mortalidade relacionadas aos casos de câncer do colo do útero ocorrem em regiões que oferecem recursos limitados para a prevenção, intervenção e tratamento de mulheres acometidas por este agravo (PARKIN, 2006). O Brasil apresentava em 2012 uma população de mulheres com idade superior a 15 anos estimada em 78.18 milhões e que se encontravam em risco de desenvolver o câncer cervical (WHO, 2012). Estimativas do INCA para o Brasil em 2014 revelam que o câncer cervical ocupa atualmente o terceiro lugar geral sobre todos os tipos de canceres e o segundo sobre os cânceres feminino sendo o primeiro o câncer de mama (DA SILVA et al., 2014; BRASIL, 2014). Para o ano de 2014 são esperados, no Brasil, 15.590 novos casos de câncer do colo do útero, com um risco estimado de 15,33 casos a cada 100 mil mulheres. Apresenta a seguinte incidência estimada de novos casos de acordo com as regiões: Região Norte ocupa o primeiro lugar com 24/100.000 habitantes; Região CentroOeste, 22/100.000; Região Nordeste 19/100.000 sendo que esta ocupa a segunda posição geral; Região Sudeste, 10/100.000; Região Sul, 16/100.000 sendo esta quinta com maior incidência. Neste contexto o Brasil é considerado área de alta incidência para este câncer feminino com uma taxa variando em 17/100.000 habitantes/ano (BRASIL, 2014). 34 1.2.3 Fatores de risco associados à infecção pelo HPV e ao desenvolvimento do câncer cervical Considerando-se os conhecimentos atuais sobre a história natural da infecção pelo HPV, sabe-se que embora um grande número de mulheres encontre-se infectada pelo vírus do HPV apenas um percentual pequeno desenvolverá câncer cervical. Ainda não está bem estabelecido porque a infecção pelo HPV evolui com resolução em alguns indivíduos e resulta em lesões mais graves em outros. Para o fato de que a infecção por HPV oncogênico é causa necessária, porém não suficiente para desencadear o câncer cervical, admitem-se outros fatores que conjuntamente com o vírus modulam o risco de evolução da infecção cervical para a malignidade. A progressão tumoral em indivíduos infectados parece estar estimulada por fatores mutágenos químicos, físicos e infecciosos e vem sendo estudados nos últimos 20 anos (CASTELLSAGUE & MUNOZ, 2003; AU et al., 2007). Esses fatores interagem em maior ou menor intensidade com as oncoproteinas e outros elementos do HPV potencializando a ação do vírus na célula hospedeira facilitando o desenvolvimento dos processos da imortalização viral e da carcinogênese. Dentre eles os mais investigados são: uso de contraceptivos orais, tabagismo, fatores genéticos como o polimorfismo da proteína p53, infecção associada à síndrome da imunodeficiência adquirida, infecção concomitante com Chlamydia trachomatis e Herpes sp., (PELUZIO et. al., 2006; GARCÊS et al., 2013). A idade da sexarca, o número de parceiros sexuais, a multiparidade e história de DST estão ligados ao processo de aquisição da infecção pelo HPV, entretanto não são considerados cofatores para a progressão da infecção e o desenvolvimento de lesões cervicais. Fatores sociais como baixa renda e baixa escolaridade também têm sido abordados em estudos epidemiológicos (SILVA et al., 2006; ROSA, 2009; GARCÊS et al., 2013). Alguns sociólogos têm demonstrado repetidamente uma correlação linear entre a atividade sexual precoce e a posição social desfavorecida com relação à situação sócio econômica para o desenvolvimento do câncer cervical. Em populações de 35 condições sociais precárias, o início da vida sexual é mais precoce por diversas razões: vida comunitária de homens e mulheres, breve período de dependência familiar, ausência de guia familiar, amadurecimento forçado com idade precoce, ausência de perspectivas e consideração da sexualidade como substituto de outras atividades e valores, bem como forma de aceitação, proteção ou fonte de renda. Todas essas observações epidemiológicas destacam o papel dos carcinogênios sexualmente transmitidos na etiologia do câncer do colo uterino e seus precursores (ALBUQUERQUE et al., 2009; SANTOS et al., 2014). O início precoce das atividades sexuais aumenta o risco de meninas contraírem a infecção pelo HPV, entretanto a chance parece estar diretamente relacionada ao número de parceiros e também ao histórico sexual destes parceiros. O desenvolvimento de lesões que precedem o câncer cervical pode estar relacionado ao fato de o epitélio cervical de adolescentes encontrar-se mais vulnerável em decorrência da imaturidade biológica antes dos 18 anos (MOSCICKI, 2007; ROTELIMARTINS et al., 2007; RAMA et al., 2008). Para Baseman & Koutsky (2005) o número de parceiros sexuais, em qualquer das faixas etárias femininas é um fator de risco muito consistente a considerar em decorrência dos hábitos sexuais destes. Ho e colaboradores (1998) demonstraram em um estudo que mulheres que tiveram quatro ou mais parceiros, num período de seis meses, apresentaram um risco quatro vezes maior de adquirir HPV oncogênico quando comparadas com mulheres com três parceiros ou menos no mesmo período. Estudos relatam que parceiros sexuais de mulheres com câncer cervical apresentaram variadas infecções genitais inclusive câncer peniano com etiologia por HPV de alto risco (WATTLEWORTH, 2011). A idade parece ser um fator de risco e tem sido associada à persistência da infecção pelo HPV. A incidência aumentada em mulheres jovens, logo após o início das atividades sexuais, entre 18 e 28 anos tem se apresentado elevada. Na faixa etária seguinte, entre os 30 e 40 anos de idade, ocorre um declínio visível na incidência pela provável redução à exposição a novos parceiros e também ao desenvolvimento de imunidade a alguns tipos virais. Mulheres com mais de 40 anos e infectadas pelo HPV apresentam um risco 30 vezes maior de desenvolver câncer cervical do que mulheres mais jovens. Verificam-se, em alguns estudos, um aumento 36 da prevalência da infecção pelo HPV em mulheres menopausadas (BRASIL, 2006b). Em um estudo, Castle e colaboradores (2005) constataram que em mulheres acima de 65 anos a infecção apresentou-se persistente em mais de 50% das investigadas (CLIFFORD et al., 2005; ROTELI-MARTINS et al., 2007; SANJOSÉ et al., 2007; EDUARDO et al., 2012). Hormônios esteroides na forma de contraceptivos habitualmente usados na fase reprodutiva em mulheres jovens parecem aumentar a atividade transformadora das oncoproteinas do HPV e interferir desta forma na resolução das lesões cervicais causadas por este vírus. Uma das causas seria a interferência direta no metabolismo do ácido fólico ou ainda na interferência sobre a imunovigilância tumoral que estando deficiente promove a integração do DNA viral ao genoma do hospedeiro, estimulando a transcrição das oncoproteinas E6 e E7. Foi demonstrado através de estudos que mulheres que referem uso de contraceptivos hormonais por períodos superiores a cinco anos tem a chance para o desenvolvimento de LSIL e carcinoma cervical aumentada em até 2,8 vezes. No entanto, não há estudos com suficiência de evidencias que permitam comprovar esta correlação (UCHIMURA et al., 2005; ROSA et al., 2009; SKEGG,2012). Uma consistente associação entre o tabagismo e o câncer cervical tem sido relatada em diversos estudos. Carcinógenos químicos como a nicotina e o alcatrão, apresentam-se em alta concentração no muco cervical em mulheres tabagistas provocando efeito mitogênco e causando danos ao DNA. Estudos avaliam a influência direta da nicotina na diminuição das Células de Langherans estas importantes apresentadoras de antígenos e ativadoras de linfócitos T-CD4, na diminuição do número e atividade de linfócitos e de imunoglobulinas estes atuantes na imunidade celular, podendo assim interferir na resolução de infecções cervicais pelo HPV (VINEIS et al., 2004; UCHIMURA, 2004; TELES et al., 2013). A gestação pode influenciar o desenvolvimento de lesões cervicais de forma direta ou indireta. A ocorrência de partos antes dos 20 anos é um fator de risco consistente para desenvolvimento de lesões intraepiteliais em mulheres infectadas pelo HPV. O risco dobra em mulheres com mais de quatro partos quando comparadas com as que nunca pariram. Sugere-se que haja maior susceptibilidade a algumas infecções durante a gravidez. Uma das explicações para tal, além dos traumas na 37 cérvice promovidos pelos partos transpélvicos, é que as alterações imunes na gravidez tendem a manter normal a resposta humoral e suprimir a imunidade celular, favorecendo infecções por patógenos intracelulares (MAESTRI & FONSECA, 2009). Outros fatores sugeridos seriam as deficiências dietéticas do período gestacional e a participação dos hormônios femininos no aumento da replicação do HPV, entretanto estes fatores ainda não se encontram suficientemente comprovados (SILVEIRA et al., 2008; RAMA et al., 2008). As respostas imunológicas frente às infecções pelo HPV ainda são pouco conhecidas podendo estar relacionadas à ativação do sistema imunológico ou à própria composição genética do hospedeiro. Na maior parte dos indivíduos a infecção natural por HPV desencadeia fraca resposta local da imunidade celular, já que não ocorre citólise ou necrose, e consequentemente a resposta inflamatória está diminuída. Além disso, não ocorre viremia durante o ciclo de vida do HPV, ocorrendo apenas pequena exposição deste ao sistema imunológico. Os anticorpos anti-L1 produzidos em resposta à infecção natural aparecem tardiamente e têm concentrações baixas. Estima-se que em apenas 50% dos casos haja produção de anticorpos (STANLEY et al., 2006). Diversos estudos têm associado DST e carcinogênese cervical com foco na Chlamydia trachomatis, entretanto o papel destes ainda permanece pouco entendido. Não existem evidências de que o HPV sozinho induza um processo inflamatório, assim, células infectadas por Chlamydia trachomatis secretariam maior quantidade de citoquinas que resultariam na indução de um processo inflamatório mais acentuado na cérvice uterina levando-a a danos por metabólitos oxidativos (MARCOLINO et al., 2008; ROSA et al., 2009; GARCÊS et al., 2013). Alguns autores acreditam que o estado de imunocompetência do hospedeiro possa ter relação com a evolução de lesões cervicais. A capacidade de o vírus persistir no hospedeiro pode ser aumentada por fatores que levam à supressão ou abolição da imunidade celular, como o uso de drogas citotóxicas em transplantados, imunodeficiências inatas ou adquiridas como a causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Estudos mostraram que mulheres HIV positivas apresentam chance 13,3 vezes maior de desenvolver neoplasias malignas no colo uterino, e que infecções pelo HPV e HIV são mais frequentes em mulheres no auge 38 da capacidade produtiva e reprodutiva (CAMPOS et al., 2005; UCHIMURA et al., 2005; ENTIAUSPE et al., 2010). 1.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO HPV 1.3.1 Diagnóstico citológico de lesões intraepiteliais cervicais A associação existente entre a infecção pelo HPV e o câncer cervical é a principal razão para a realização da análise citomorfológica das células cervicais. O diagnóstico clínico de uma infecção pelo HPV pode ser estabelecido pela observação de verrugas genitais ou condilomas planos pigmentados ou não. A colposcopia identifica as lesões subclínicas nos diversos sítios humanos, diferencia as condições fisiológicas das patológicas, orienta a biópsia para esclarecer dúvidas na informação citológica e no diagnóstico diferencial (infecção viral, lesão intraepitelial de baixo ou alto grau, carcinoma invasor) através da histologia e delimita ainda a extensão da enfermidade (DERCHAIN et al, 2005). Historicamente a prevenção do câncer de colo do útero tem-se baseado no exame de Papanicolaou, colpocitologia oncótica ou preventiva do câncer do colo do útero (PCCU). Constitui-se em uma técnica desenvolvida na década de 30 por George Papanicolaou que avalia células cervicais, fixadas em lâmina de vidro e coradas de forma especial. Permite detectar, em análise microscópica, alterações morfológicas sugestivas de câncer ou de suas lesões precursoras tais como presença de coilócitos, disceratose e outras anomalias celulares compatíveis com a infecção pelo HPV, (DERCHAIN, 2005). Países que implementaram programas eficientes de prevenção para câncer cervical baseados no teste de Papanicolaou conseguiram reduzir acentuadamente a incidência e a mortalidade associada a esta doença. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) implantou em 1998, o programa “Viva Mulher” de rastreio do câncer do colo do útero e de mama, priorizando mulheres na faixa etária de 25 a 29 anos e desta forma promoveu em curto prazo uma redução de 50% da mortalidade para o câncer cervical. Entretanto apesar dos esforços dos subsequentes programas de governo a 39 manutenção de taxas desfavoráveis de incidência e mortalidade no Brasil revela que as medidas adotadas não conduziram aos resultados esperados (PINHO & FRANÇAJUNIOR, 2003; MARTINS et al., 2005). A realização do exame de Papanicolaou apresentou-se mais eficaz em países desenvolvidos como Itália e Inglaterra, onde estudos revelaram a prevalência de 53% de mulheres que realizaram o exame, pelo menos uma vez na vida entre italianas, e de 77% entre inglesas. Nos países latinos, a prevalências de mulheres que realizaram o Papanicolaou, pelo menos uma vez na vida, foi mais baixa, em torno de 30% (MARTINS et al., 2005). Estudos apontam que em torno de 40% da população feminina brasileira nunca foi submetida a esse teste e que apenas 7,7% das mulheres público alvo tem a cobertura efetiva de programas governamentais (MARTINS et al., 2005; ALBUQUERQUE et al, 2009). A classificação citomorfológica atualmente utilizada para descrever as observações feitas na citologia e na histologia encontra-se, desde 1991 apoiada no “Bethesda System” amplamente discutido pela classe científica durante a década de 80, na cidade de Bethesda. Em 1999, a Sociedade Brasileira de Patologia publicou um manual de padronização de laudos citológicos baseado no Sistema Bethesda. Foi incluída a terminologia “lesão escamosa intraepitelial cervical” em associação com o termo “neoplasia intraepitelial cervical” (CURY, 2011). A sensibilidade do exame citopatológico varia entre os diferentes trabalhos, mas pode ser considerada em torno de 70% e quando associado à colposcopia (visualização do colo do útero por um sistema ótico de aumento, após coloração das células por ácido acético e lugol), pode aumentar em até 80%, sendo a estratégia adotada pela maioria dos programas de rastreamento, ou seja, a utilização da colposcopia em casos selecionados pelo exame citopatológico. Apesar da importância do exame de Papanicolaou para a prevenção do câncer cervical, o mesmo apresentava limitações relacionadas principalmente à sua baixa sensibilidade decorrente da alta taxa de falsos negativos e a natureza subjetiva do teste pela falta de critérios morfológicos seguros para descrever micro invasão, pela ausência de amostragem da junção escamo-colunar ou mesmo pela escassez de células neoplásicas na amostra (DENNY & WRIGHT, 2005; CURY,2011). 40 Neste sentido, em 2003 o Ministério da Saúde (MS), através do Instituto Nacional do Câncer (INCA) lançou o livro Nomenclatura Brasileira para Laudos Citológicos Cervicais e Condutas Clínicas Preconizadas e que atualmente encontrase em sua 3ª versão - Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatológicos Cervicais, devendo ser utilizado pelos laboratórios vinculados à rede SUS e orienta para as terminologias conforme o quadro 2 (BRASIL, 2012). Quadro 2: Orientações para laudos citopatológicos cervicais em amostras adequadas para análise citológica. (Fonte: INCA, 2012. Adaptado pela autora). OBSERVADO DIAGNÓSTICO CITOLÓGICO DESCRITIVO Células completamente normais Dentro dos limites da normalidade, no material examinado. Alterações Celulares Benignas sugestivas de: Inflamação por agentes Específicos /Inespecíficos, Metaplasia Imatura, Reparação, Atrofia, Radiação. Atipias Celulares de significado indeterminado ASC-US- Atipias celulares de significado indeterminado, possivelmente não neoplásico. ASC-H- Atipias celulares de significado indeterminado, não se podendo excluir lesão intraepitelial de alto grau. Atipias Celulares LSIL - Lesão intraepitelial de baixo grau (efeito citopático pelo HPV e NIC I). HSIL - Lesão intraepitelial de alto grau (NIC II E NICIII). HSIL - Lesão Intraepitelial de alto grau, não podendo excluir microinvasão. Carcinoma Epidermóide Invasor. Há de se considerar ainda que a probabilidade de uma paciente com citologia anterior sem sinais de infecção pelo HPV vir a apresentar na citologia seguinte um diagnóstico LSIL é de 0,4%, diante disso Murta e colaboradores (1997) demonstraram em um trabalho que 5,3% das pacientes com sinais citológicos desta infecção evoluíram para LSIL. Igualmente, aproximadamente 60% dos casos de condiloma apresentam coilócitos óbvios no esfregaço, entretanto 30 % das infecções por HPV podem passar despercebidas se o diagnóstico for baseado apenas no encontro de células coilocíticas. Finalmente, a conduta protocolar frente a mulheres com diagnóstico citológico com ASC-US constitui-se em uma problemática, pois esse 41 diagnóstico pode significar que se está diante de uma alteração celular reativa ou frente a uma pré-neoplasia/neoplasia (NOMELINE et al., 2007). 1.3.2 Diagnóstico molecular da infecção pelo HPV Com o advento de técnicas de detecção de genomas virais, os métodos de análise citomorfológica revelaram-se de menor sensibilidade no diagnóstico da Infecção pelo HPV. Como o risco de câncer cervical invasivo na mulher está diretamente relacionado à presença de HPV de alto risco, a pesquisa desses tipos virais por meio de métodos moleculares tem sido extremamente útil para o acompanhamento de mulheres com alterações citológicas. Estudos diversos têm avaliado a eficácia da aplicação de testes moleculares de detecção do DNA do HPV no rastreamento primário do câncer cervical e, também em mulheres que apresentaram LSIL ou mesmo ASC-US. A mesma aplicação tem sido feita para o acompanhamento de mulheres que foram submetidas a tratamentos de HSIL (GIRIANELLI et al., 2004; DO CARMO & FIORINI, 2007; WOLSCHICK et al., 2007; NOMELINE et al., 2007; BRINGHENTI et al., 2010). A utilização de métodos da biologia molecular, em especial os testes da Polymerase Chain Reaction (PCR) ou Reação em Cadeia da Polimerase e Captura Híbrida (CH) tem sido relatada por vários pesquisadores como extremamente sensíveis na identificação do DNA viral (DO CARMO & FIORINI, 2007). As duas técnicas possuem especificidade semelhante, em torno de 95%, e quando associadas, a sensibilidade aproxima-se de 100% (LIMA JÚNIOR et. al., 2011; DRUMOND et al., 2011). Em um estudo realizado em Porto Alegre, Brasil, com 975 pacientes oriundas de um programa de rastreamento para o câncer cervical, foi encontrada uma prevalência de HPV de 15%, quando utilizada a técnica de CH, e de 16% quando utilizada a técnica de PCR. Quando combinadas as duas técnicas, a prevalência de HPV foi elevada a 27% (NONNENMACHER et al., 2002). A partir do ano de 2003, 42 alguns países passaram a utilizar técnicas moleculares para a pesquisa de genótipos oncogênico do HPV em mulheres acima de 30 anos para o rastreamento de neoplasias cervicais, em associação ao exame citológico alterado (MAYRAND et. al., 2007). A PCR constitui-se em uma técnica de amplificação de uma sequência específica do DNA viral, delimitada por um par de primers com a ajuda de uma enzima termoestável, a Taq DNA polimerase. Teoricamente pode produzir um milhão de cópias de uma única molécula de DNA fita dupla após 30 ciclos de amplificação em um equipamento termociclador, entretanto deve-se ter atenção à possibilidade de reações falso-positivas em decorrência de espécimes ou reagentes contaminados. Pode ser aplicado de forma genérica para detecção de ácido nucleico viral e também de forma específica com o objetivo de genotipar o vírus (DO CARMO& FIORINI, 2007). Os primers mais utilizados numa PCR genérica são os primers degenerados MY09/11 com protocolo descrito por Manos e colaboradores em 1989. Amplificam uma região altamente conservada dentro do gene L1 do HPV comum a 43 tipos de HPV e reproduzem amplicons de 450 pb sendo capazes de detectar mais de 25 genótipos de HPV. Utilizam-se também os primers de consenso GP05/06 e sua versão estendida GP05+/GP06+ descritos por Roda-Husman e colaboradores em 1995. A versão modificada destes, os pares PMGY09/11, umas misturas de 18 primers diferentes possuem a finalidade de eliminar degenerações e melhorar a sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade do teste (GIRIANELLI et al., 2004). A PCR específica, aplicada na tipificação viral, utiliza primers complementares específicos às regiões com variações nucleotídicas de um determinado genótipo sendo que para o HPV, os alvos são os genes E6 e E7 (MAGALHÃES et al, 2008). A sensibilidade e a especificidade do método PCR podem sofrer variações dependendo dos primers utilizados, do tamanho de produto da PCR, do desempenho da DNA polimerase termoestável utilizada na reação e da quantidade de DNA-HPV amplificado e capacidade de detecção de múltiplos tipos. Em um estudo brasileiro com 116 amostras cervicais, Magalhães e colaboradores (2008) encontraram maior sensibilidade e especificidade ao usar o par de primers PMGY09/11 (59,5% de positividade) frente ao par MY09/11 que apresentou 56% de positividade na detecção do HPV. 43 Em protocolos de pesquisa conta-se ainda com a versão “real time” da PCR ou PCR em Tempo Real para as tipificações de vírus. Para o DNA HPV utiliza-se um tipo específico de primer que combinado com sondas fluorescentes diante da qual se pode observar o aumento exponencial do produto amplificado ao longo de uma ou mais reações. Tem a vantagem de eliminar a etapa trabalhosa da pós-amplificação (eletroforese em gel de agarose) para a visualização do produto amplificado. Outra vantagem é a velocidade, reprodutibilidade e capacidade de quantificação do produto, porém requer alta habilidade técnica, pois a mistura de iniciadores para diferentes tipos de HPV em uma mesma reação pode dificultar a padronização da técnica em um laboratório (MOLIJN et al., 2005). A captura híbrida é um método mais recente e possui a vantagem de utilizar reagentes não radioativos, facilitando seu manuseio e diminuindo seu custo. Apresenta alta sensibilidade, reprodutibilidade e objetividade. O método é baseado na hibridização de DNA viral de único filamento e utiliza dois coquetéis de sondas de RNA, marcadas com fluorescentes, que reconhecem 13 tipos de HPV de alto risco e 5 de baixo risco que se hibridizam com o DNA do HPV presente na amostra. A seguir os híbridos são capturados por anticorpos presentes nas paredes da microplaca da reação e então são revelados por quimioluminescência (NOMELINE et al., 2007; RODRIGUES et al., 2009). Naucler e colaboradores (2007, 2009) consideram que a maior especificidade dos testes de DNA-HPV ocorra em mulheres com mais de 35 anos, pois embora a prevalência tenha seu pico nas mulheres em torno de 20 anos de idade, esta infecção é geralmente transitória neste período e o desenvolvimento da carcinogênese resulta da infecção HPV persistente com replicação viral sustentada no epitélio escamoso, apresentando um pico de incidência do câncer cervical por volta dos 40 anos de idade. Através de estudo realizado em 22 países, com 1.000 amostras de câncer cervical, constatou-se que em 93% dos casos havia a presença de DNA do HPV. Acredita-se que as amostras negativas, encontradas neste estudo, correspondam a tipos ainda não genotipados ou, a outros fatores causais ainda desconhecidos (BOSCH et al.,2002). 44 1.4 VACINAS CONTRA HPV As VLPs (viral like particles) são estruturas moleculares altamente imunogênicas e quando injetadas em coelhos induzem a produção de títulos elevados de anticorpos tipo-específicos. A descoberta de que a proteína L1 do HPV – expressa em diversos sistemas como células eucarióticas, leveduras e bactérias– é capaz de organizar-se em partículas de estrutura icosaédrica, semelhantes ao capsídeo viral, tornando-se assim uma VLP, porém sem o DNA do vírus, possibilitou o avanço do conhecimento sobre a imunogênese do HPV e a perspectiva de desenvolver vacinas profiláticas (CAMARA et al., 2008; ROSA et al., 2009). A escolha dos tipos de HPV a serem usados para a produção de VLPs para vacinas contra HPV depende fundamentalmente do conhecimento da prevalência dos diversos genótipos em diferentes populações sintomáticas e assintomáticas. Em 99% das neoplasias malignas cervicais encontram-se porções de DNA do HPV de alto risco oncogênico em seus cromossomos, sendo os principais o HPV 16, seguidos pelos tipos 18, 45 e 31. Diante desses dados, a prevenção primária do câncer do colo uterino é de fundamental importância (NADAL et al, 2006, 2008; LINHARES & VILLA, 2006; ZARDO, 2014). As duas vacinas profiláticas desenvolvidas através de tecnologia recombinante e aprovadas pelo Food and Drug Administration (FDA)- Gardasil® (Merck&Co) e Cervarix™ (GlaxoSmithKline), utilizam partículas de L1 viral especificas na produção de anticorpos contra genótipos do HPV, e podem impedir o desenvolvimento da infecção. A Cervarix® é uma vacina profilática bivalente e possui VLPs dos HPV 16 e 18; a Gardasil™, profilática quadrivalente, apresenta as VLP para os tipos de HPV 6,11,16 e 18; ambas contêm adjuvantes que incluem o hidróxido de alumínio. Adjuvantes baseados em sais de alumínio induzem respostas imunes prolongadas com menor dose de antigénio assim como promovem uma resposta imune 60-100 vezes superior à da infecção natural (BRAGA,2014). Para a produção das duas vacinas foi utilizada tecnologia de DNA recombinante na produção das partículas virais L1 em levedo de Saccharomyces cerevisae sendo, portanto, seguras, pois são constituídas por partículas não infecciosas (BAZAN, 2007). 45 Estas duas vacinas, utilizadas em vários países atualmente, têm demonstrado uma redução significativa na incidência de infecções persistentes pelo HPV, apresentando-se seguras, bem toleradas e altamente imunogênicas. Estudos apontam a vacina contra HPV como método profilático eficaz diante do câncer cervical, em virtude de a citologia oncótica possuir algumas limitações, como baixa sensibilidade, baixo valor preditivo positivo e baixa reprodutibilidade (ARAÚJO et al., 2013). As experiências realizadas em mulheres entre 16 e 26 anos de idade, em um período de 42 meses, comprovaram que a vacina quadrivalente apresenta alta eficácia profilática contra as lesões de baixo grau assim como no aparecimento de condilomas, sendo essa proteção mantida por até quatro anos. A vacina quadrivalente foi aprovada pelo FDA para mulheres entre 9 e 26 anos entretanto é recomendada para jovens entre 11 a 12 anos de idade, idealmente antes da iniciação sexual (NADAL, 2008). É aceitável em mulheres até 26 anos embora sua eficiência diminua com o aumento da idade; é necessário o uso de três doses para a adequada imunização (MASSAD et al., 2009). Frente à alta prevalência de infecções múltiplas pelo HPV, a vacinação antes da exposição sexual feminina poderá reduzir em até 70% a taxa de prevalência dessas infecções. Estudos longitudinais preveem que a imunização poderá também impactar em uma redução de até 17% sobre as anormalidades citológicas em todo o mundo incluindo as ASC-US (8%), LSIL (23%) e HSIL (45%) (SCHIFMAN et al., 2007; MASSAD et al., 2009). Em estudo recente foi evidenciado que a janela de eficácia da vacina é mais elevada antes do início da atividade sexual, por isso esse processo deve ser estabelecido através de ações educativas e do vínculo construído entre profissionais de saúde, pais e adolescentes. Um programa de vacinação contra o HPV tem grande valor principalmente em países em desenvolvimento, onde ocorrem cerca de 80% dos casos de câncer cervical. Atualmente, no Brasil, a prevenção do câncer de colo do útero que ficava no âmbito da prevenção secundária, com a introdução da vacinação em questão na rotina do Programa Nacional de Imunização (PNI), alcançou também o âmbito da prevenção primária e apresenta um calendário vacinal iniciado neste ano de 2014 (BRASIL, 2014). 46 Considerando a introdução dessa vacina na rotina do PNI, no Brasil, é importante analisar aspectos técnicos, operacionais e os recursos envolvidos para iniciar e manter o programa de imunização sem interrupção. Assim, sua incorporação requer a realização de estudos de avaliação de resultados obtidos com a sua adição e compará-los com os benefícios da estratégia da imprescindível prevenção secundária, que é o rastreamento de Lesões Intraepiteliais Escamosas (SIL) pelo exame citopatológicos. 47 2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO Considerando ser Brasil um país com elevada desigualdade social e econômica, o mesmo apresenta portanto, elevada incidência para o câncer cervical com destaque para as regiões Norte e Nordeste e, de acordo com manifestações do INCA, ainda não foi capaz de reduzir as taxas de mortalidade pelo câncer do colo do útero nestas regiões. Os tratamentos atuais oferecidos de imediato são mais direcionados a tratar lesões causadas por HPV na forma de verrugas e lesões em colo do útero do que propriamente para eliminar o vírus. O diagnóstico tardio ainda é frequente e possivelmente encontra-se relacionado às dificuldades da população feminina ao acesso aos serviços e programas de saúde, à baixa captação de recursos humanos envolvidos na atenção oncológica, à incapacidade do sistema de saúde para absorver a demanda populacional e a dificuldade de gestores municipais e estaduais em estabelecer um fluxo assistencial hierarquizado e contínuo nos diversos níveis de atenção (BRASIL, 2006b). Na Região Norte, o estado do Pará, localizado na porção oriental da Amazônia Brasileira, apresenta elevada incidência do câncer do colo do útero (Figura 10). Esta região apresenta, para o ano de 2014 uma estimativa de 830 novos casos e destes, 260 a ocorrer na capital do estado, Belém, e outros 570 a ocorrerem nos diversos municípios do estado (BRASIL, 2014). Figura 10: Representação da taxa bruta de incidência por 100 mil mulheres para novos casos de câncer do colo do útero, estimada para o estado do Pará, para o ano de 2014. Fonte: http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/mapa.asp?ID=5 48 Neste contexto este estudo foi elaborado com a intenção de determinar a prevalência da infecção pelo HPV em mulheres sexualmente ativas, na cidade de Marabá, no estado do Pará, assim como verificar a correlação desta infecção com os fatores de risco associados à aquisição da infecção pelo HPV e ao desenvolvimento do câncer do colo do útero. Espera-se que os achados possam contribuir para uma melhor compreensão e elaboração de políticas públicas voltadas à saúde das mulheres, principalmente na região amazônica do país, de maneira a promoverem a redução da morbimortalidade pelo câncer cervical considerando que esta neoplasia apresenta um elevado potencial de prevenção e cura se detectada precocemente. 49 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVOS GERAIS Descrever a ocorrência da infecção genital pelo HPV e os possíveis fatores de risco associados, em mulheres que, num período de cinco meses, compareceram ao Centro de Referência Integrado à Saúde da Mulher (CRISMU), para o rastreamento precoce do câncer do colo do útero, no ano de 2014, no município de Marabá, no estado do Pará. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Determinar a prevalência da infecção genital por meio da detecção do DNA do HPV pela técnica da PCR; Traçar o perfil epidemiológico para todo o grupo estudado; Verificar e analisar, para todo o grupo estudado, história de antecedentes de infecção pelo HPV; Determinar a frequência de citologias com atipias celulares em amostras cervicais colhidos durante a pesquisa; Correlacionar as variáveis clinicas e sócio comportamentais com os grupos DNA HPV (+) e citologia com atipias celulares; Determinar os genótipos de HPV incidentes na população do estudo. 50 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 TIPO DE ESTUDO Foi realizado um estudo observacional descritivo, analítico, do tipo transversal. Neste estudo, as amostras cervicais assim como os dados clínico-epidemiológicos foram obtidas em um único momento. 4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO A cidade de Marabá planeja tornar-se importante polo siderúrgico do aço e referência como porto hidroviário com a implantação da hidrovia do Tocantins. Localiza-se a 654 km de Belém, capital do estado do Pará e apresenta uma população estimada em 2013 em 251.885 mil habitantes e destas 115.457 mil somente para o sexo feminino (IDESP, 2013). A população do estudo foi composta de mulheres com situação domiciliar na zona urbana e rural deste município e que buscaram espontaneamente o serviço público de atenção à saúde da mulher com o objetivo de realizar o exame de prevenção de câncer do colo do útero (PCCU), oferecido pelo CRISMU, unidade da rede de saúde pública, na cidade de Marabá-Pa, Brasil, num período de cinco meses, no ano de 2014. 4.3 CÁLCULO DA AMOSTRA Para realizar este estudo foi coletada uma amostragem aleatória, entre a população de mulheres atendidas no CRISMU. No período da coleta houve um comparecimento de 370 mulheres que estavam completamente adequadas aos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos para este estudo. A partir daí foi utilizada a técnica amostral de Cochran (1977), considerando um grau de confiança de 95% sob o pressuposto de um erro amostral máximo 5% para uma população finita a qual resultou no tamanho amostral de n=191 mulheres. 51 4.4 INSTRUMENTOS DA PESQUISA A coleta das informações e amostras cervicais ocorreu apoiada no instrumento legal Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) conforme APENDICE A e em um questionário clínico-epidemiológico semiestruturado conforme APENDICE B, este adaptado pela pesquisadora baseado em modelos utilizados em estudos epidemiológicos diversos disponíveis em literatura científica sobre investigações epidemiológicas da infecção pelo HPV. As usuárias do serviço de saúde eram recebidas pela equipe de enfermagem, previamente treinada pela pesquisadora sobre a metodologia da pesquisa. Eram esclarecidas previamente sobre os objetivos da pesquisa ao mesmo tempo em que recebiam informações sobre prevenção do câncer do colo do útero e sua associação com a infecção pelo HPV e a seguir eram convidadas a participar como voluntárias. A elas era dada a oportunidade de realizar perguntas livres sobre o tema. Às mulheres voluntárias, e adequadas aos critérios de inclusão, era solicitada a leitura e assinatura do TCLE. A partir de então lhes era aplicado um questionário clínico-epidemiológico. O ambiente do atendimento ocorreu de forma a garantir tranquilidade e lhes propiciasse o sigilo das respostas. 4.4.1 Critérios de Inclusão Mulheres com idade entre 18 e 75 anos. Realizar a leitura, compreender, ser esclarecida nas dúvidas e assinar o TCLE. Se iletrada, deve ouvir a leitura e demonstrar compreensão sobre os termos lidos. Deve concordar em responder ao questionário proposto na pesquisa. Ter funções cognitivas preservadas no momento da coleta das informações contidas no questionário. Ter útero e/ou colo preservado. Ter vida sexual iniciada. Obtenção de laminas com esfregaço satisfatório para análise citológica. Obtenção de amostra cervical com viabilidade de DNA para testes moleculares. 52 4.4.2 Critérios de Exclusão Mulheres com idade inferior a 18 anos e superior a 75 anos. Recusa em assinar o TCLE. Recusa em responder ao questionário do estudo. Referir gravidez ou amamentação no período da coleta cervical. Apresentar deficiência mental ou déficit cognitivo. Relatar qualquer história de distúrbio neurológico ou convulsões. Esfregaço cervical inadequado para leitura citológica. Amostra cervical com inviabilidade de DNA para testes moleculares. 4.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO Para a obtenção de informações clínicas e epidemiológicas sobre cada participante aplicou-se um questionário (APENDICE B) este, baseado em modelos utilizados em estudos epidemiológicos diversos disponíveis em literatura científica sobre investigações epidemiológicas da infecção pelo HPV. Obtiveram-se então dados sobre as seguintes condições: Sóciodemográficas. Comportamental sexual. História de uso de Contraceptivo Hormonal. História de Gravidezes e paridades. Tabagismo. Frequência da realização de PCCU. Informações sobre citologias anteriores alteradas e não alteradas. Antecedentes ginecológicos envolvendo ou não intervenções médicas sobre patologias na genitália externa e cérvice uterina. História de realização sorológica para doenças infectantes virais, em especial para HIV. 53 4.6 COLETA E PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS 4.6.1 Coleta de amostras para citologia oncótica Num período de cinco meses, no ano de 2014 foram coletadas 191 amostras cervicais de mulheres que compareceram voluntariamente para realizar o exame preventivo do câncer do colo do útero, no serviço de saúde CRISMU, na cidade de Marabá, no estado do Pará. As coletas cervicais foram realizadas sob controle visual, após colocação de um espéculo vaginal estéril, com esfoliação da ectocérvice utilizando-se uma espátula de madeira do tipo Espátula de Ayre num movimento giratório de 360º em torno do orifício cervical. O material era rapidamente distendido horizontalmente em até um terço do espaço livre de uma lâmina de microscopia. A seguir era utilizada uma escovinha com cerdas de nylon (citobrush) estéril, introduzida delicadamente no canal endocervical realizando-se movimentos de rotação completa a fim de captar células da JEC, ricas em células proliferativas de transição. A citobrush era então rolada sobre os dois terços restantes da lamina a fim de depositar as células obtidas. As coletas ocorreram de forma extremamente cuidadosa, conforme procedimento operacional padronizado em treinamento considerando ser esta uma importante etapa para a obtenção de amostragem celular de qualidade. As lâminas, fixadas em álcool etílico a 95 % eram encaminhadas ao laboratório de citologia do CRISMU juntamente com formulários próprios do serviço e destinavam-se à coloração pela técnica de Papanicolaou seguida de leitura citológica por profissional habilitado e qualificado disponível no serviço de saúde municipal. Foi realizada análise de adequabilidade de cada amostra e os resultados citológicos foram expressos na forma descritiva, adotando-se a nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos cervicais. 54 4.6.2 Coleta de amostras para testes moleculares Para a coleta de amostra cervical destinada ao fornecimento de DNA para os testes biomoleculares, após a realização do esfregaço celular para exame citológico, a escova cervical (citobrush) contendo ainda grande quantidade de material celular, era submersa em um microtubo estéril, contendo 1 ml de tampão PBS (solução salina tamponada com fosfato), a seguir era agitado suavemente a fim de provocar desprendimento das células aderidas às cerdas da escova. Após esse procedimento os microtubos, dispostos em estantes, eram armazenados em freezer a -20ºC. Para a logística do transporte foi estabelecida uma parceria entre a pesquisadora e os profissionais responsáveis pelo transporte terrestre e aéreo de amostras biológicas do Hemocentro Coordenador de Marabá, no qual foi seguido um rigoroso protocolo para o transporte das amostras, via aérea, em containers de parede resistente contendo gelo reciclável. Após a chegada em Belém, as mesmas eram imediatamente encaminhadas ao Laboratório de Imunopatologia do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (NMT/UFPA), juntamente com o TCLE e o questionário clínico-epidemiológico, para o processamento e extração de material genômico que permitisse a realização de testes biomoleculares. 4.6.3 Extração de DNA Todas as amostras obtidas do escovado cervical e mantidas congeladas a 20ºC em tampão PBS foram submetidas à extração de DNA conforme protocolo estabelecido pelo Laboratório de Imunopatologia do NMT/UFPA. Neste protocolo as etapas de lise celular e digestão de proteínas são realizadas conforme se segue: em um microtubo de 1,5ml contendo 200µl de esfoliado celular adiciona-se 20µl de Proteinase K e 20µl de RNase A, realiza agitação em vortex por 15” e repousa a suspensão a TA por 2’; adiciona-se 200µl de Tampão de Lise, homogeneíza e incuba em BM a 55ºC por 10’; adiciona-se 200µl de etanol absoluto, leva para agitação em vortex para completar a lise celular, transfere o volume para uma coluna de filtragem contendo filtro de sílica e centrifuga, repetindo o processo. Prossegue com a lavagem 55 do extrato retido na coluna de filtragem com adição de tampão de lavagem 1 e 2 em concentrações diferentes. Finalizando, o extrato retido em filtro é eluído com água Milli-Q ultrapura. Obtém-se então alíquotas de DNA purificado porém inespecífico, para cada amostra inicial sendo estas armazenadas a -20ºC para os testes moleculares seguintes. Como controle da extração do DNA foi realizado para cada amostra, uma reação de amplificação em cadeia da polimerase, a PCR, utilizando-se um par de oligonucleotídeos iniciadores que amplificam o gene da globina (β-globina) que se encontra presente normalmente em células humanas. Ao final da reação, a presença de amplicons da globina em segmentos de DNA de 269 pb, visualizada em eletroforese em gel de agarose, monitora e confirma a amplificação in vitro do DNA, atestando sua qualidade e suficiência, condições que viabilizam a eficácia dos testes moleculares (NONNENMACHER et al., 2002). 4.6.4 Detecção do DNA do HPV pela PCR Após a constatação da suficiência do DNA extraído prosseguiu-se com a testagem biomolecular realizando-se uma PCR ou PCR 1, para detecção do DNA do HPV conforme protocolo estabelecido no laboratório de Imunopatologia, utilizando os oligonucleotídeos degenerados: MY09: 5’ ... CGTCCMAARGGAWACTGATC... 3’ e MY11: 5’ ...GCMCAGGGWCATAAYAATGG... 3’ descritos por Manos et al.(1989). Estes primers, MY09/MY11, amplificam um fragmento de 450 pb da região de transcrição tardia, a L1, a qual constitui-se na região mais conservada e comum do genoma viral do HPV e que codifica proteínas do capsídeo. Na realização da PCR1, para um volume final de 25ul submeteu-se cada extrato de DNA ao seguinte protocolo: para 2ul de DNA adiciona-se 23µl de um mix produzido comercialmente (12,5µl de Go Taq® Green + 1 µl de primer MY 09/11+ 9,5µl de H²0 Ultra Pura). Esse mix contem além do primer, a Taq-polimerase, dNTPs e MgCl² em concentrações ideais para a amplificação dos moldes de DNA. 56 As reações ocorreram em um termociclador Mastercycler da Eppendorf onde eram submetidas à seguinte ciclagem: ciclo de desnaturação inicial a 94ºC durante 5’; a seguir, 35 ciclos de amplificação (etapa de hibridação dos primers e extensão da Taq-polimerase) sendo que cada um destes consistiu de 30” a 94ºC, 30” a 52ºC e 30 segundos a 72ºC; a extensão final do DNA amplificado ocorreu por 5 minutos a 72ºC e a reação estabilizou-se a 4ºC. Juntamente a cada conjunto de amostras submetidas à PCR foram ensaiadas amostras controle positivo de reações que apresentam fragmento de 450pb; como controle negativo utilizou-se substancia isenta de DNA, como controle positivo amostra DNA HPV (+) do banco de amostras do laboratório. Seguindo-se à PCR 1, o produto amplificado foi disposto em gel de agarose a 1,5%, utilizando-se tampão TAE 1x (TAE 50x solução de estoque: Tris Base 1,6M, Acetato de Na 0,8M e EDTA-Na² 40mM/100ml de água deionizada) preparado com adição de corante brometo de etídio. As bandas de DNA migraram na extensão do gel, numa cuba de eletroforese e foram visualizadas mediante a utilização do Geliance 200 (Gel Imaging System), um transiluminador com fonte de luz ultravioleta, e capturadas por fotografia através do software GeneSnap. Observam-se nessa etapa bandas moleculares que, comparadas com bandas de peso molecular conhecido atestam a positividade do teste comprovando-se assim a presença de DNA do HPV, de forma inespecífica. A baixa positividade para DNA do HPV resultante da PCR 1 pode ser explicada por falhas de amplificação, por ineficiência de primers ou decorrente de um erro de extração de DNA o que resulta em falso- negativos. Para algumas amostras realizou-se nova extração de DNA. Nesta pesquisa teria sido conveniente a realização da técnica Nested-PCR que é realizada a partir do produto da PCR 1 e aumenta o grau de especificidade da técnica. Nela utilizam-se os primers GP5+/GP6+ que amplificam 140 a 150 pb da L1, atingindo a região mais interna do genoma viral do HPV, nas amostras que apresentam resultados negativos frente aos primers de consenso MY09/MY11 (RODA HUSMAN et al., 1995). Aos produtos das PCR que se apresentaram DNA HPV (+) foi aplicado uma segunda PCR ou PCR 2, realizada pela PCR em Tempo Real onde foram utilizados sequencias iniciadoras específicas ou sondas para amplificar regiões específicas dos genes E6 e E7 para cada subtipo pesquisado: HPV 6 e11 de baixo risco oncogênicos 57 e HPV16,18,31,33,35,52 e 58, classificados como de alto risco oncogênicos. Assim foram determinados os tipos existentes nestas amostras, entretanto encontrou-se uma frequência de amostras DNA HPV (+) que não amplificaram sequencias específicas frente a estes oligonucleotídeos e, portanto na análise estatística foram agrupadas como positivas para outros tipos não testados. 5 PROCESSAMENTO E ANÁLISES DE RESULTADOS Foi criado um banco de dados no software Access 2010 para inserir as informações clínicas e epidemiológicas obtidas com a aplicação do questionário (APENDICE B). Após, o conjunto das informações foi transferido para uma planilha do software Excel 2010 para análise e geração de tabelas e gráficos. Nesta etapa foi realizada análise bivariada das frequências absolutas e relativas das informações compiladas utilizando-se o software Bio Estat 5.0. Também foram realizados cálculos das razões de prevalência (ORp) com intervalo de confiança (IC) de 95%. As significâncias estatísticas foram verificadas pelo teste do Qui-quadrado ou exato de Fischer com um nível de concordância alfa de 0,05 além do teste de Kappa para análise de concordâncias (AYRES et al., 2007). Para uma investigação mais detalhada dos resultados da pesquisa as participantes foram agrupadas em: mulheres com história de antecedentes de infecção pelo HPV, mulheres com citologia atual sem atipias celulares, mulheres com citologia atual com atipias celulares, mulheres com DNA HPV (+) e mulheres com DNA HPV (-), além do grupo geral. As variáveis epidemiológicas mais exploradas para estes grupos foram: idade, idade da sexarca, multiplicidade de parceiros sexuais, multiparidade, frequência de PCCU, uso de preservativo, uso de contraceptivo hormonal oral e tabagismo. 58 6 VIABILIDADE E ASPECTOS ÉTICOS Este projeto de pesquisa apresentou condições favoráveis para seu desenvolvimento em decorrência da parceria obtida junto a Prefeitura Municipal de Marabá / Secretaria Municipal de Saúde para a coleta das amostras no serviço de atenção à saúde da mulher, pela disponibilização dos materiais e profissionais para a efetivação da coleta e dos testes de citologia. Da mesma forma houve a parceria com o Laboratório de Imunopatologia do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará através de seus professores pesquisadores que disponibilizaram equipamentos e reagentes para a realização dos testes moleculares para o agente infeccioso foco desta pesquisa, pois este se integra a outros projetos para investigação epidemiológica da infecção pelo HPV na região amazônica do Brasil conduzidos por este centro de pesquisa. A logística envolvida na coleta e transporte de amostras ocorreu de responsabilidade da pesquisadora titular do projeto. Em observância à Resolução CNS/MS nº 466, de 12 de dezembro de 2012, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos, o presente projeto esteve inserido no sistema Plataforma Brasil sob nº 18287213.0.0000.5172 e foi submetido à avaliação pelos membros do Comitê de Ética em Pesquisa do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará tendo sido aprovado em 14 de Fevereiro de 2014. Como parte da documentação prevista nesta legislação, elaborou-se um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE (APENDICE A) em linguagem simples a fim de orientar os pacientes sobre os procedimentos da coleta de amostra cervical e desconforto que poderiam sentir assim como os riscos e os benefícios em participar da pesquisa. Foi esclarecido às participantes sobre a garantia do anonimato e respeito à participação ou não nesta pesquisa. A anuências das mesmas foi obtida através da assinatura do TCLE. Somente após o cumprimento destas legalidades, realizava-se a entrevista com o preenchimento de um questionário clínico-epidemiológico (APENDICE B) seguido da coleta das amostras cervicais. 59 7 RESULTADOS 7.1 ANÁLISES DESCRITIVAS DAS VARIÁVEIS CATEGÓRICAS PARA TODO O GRUPO ESTUDADO O presente estudo avaliou dados de 191 mulheres. A média da idade das participantes da pesquisa foi de 34,2± 9,6 para uma a idade mínima de 18 e máxima de 61 anos. Ao se analisar o perfil sócio demográfico das participantes em geral, obteve-se as seguintes informações: 25,1% (48/191) eram solteiras enquanto que 68,6% (131/191) eram casadas ou possuíam união estável; 94,3% (180/191) possuíam o ensino médio ou fundamental e apenas 5,2% (10/191) possuíam o ensino superior. A maioria (62%) declarou-se com renda mensal de um salário mínimo (119/191); duas (1,0%) com renda superior a 6 salários mínimos (Tabela 1). Tabela 1- Distribuição das variáveis sóciodemográficas em mulheres (n=191) rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de MarabáPA. Variáveis Sóciodemográficas Grupo geral n % Idade 18 a 29 anos 63 33,0 30 a 39 anos 74 38,7 40 a 49 anos 37 19,4 ≥ 50 anos 17 8,9 Estado Civil Solteira 48 25,1 Casada/ União Estável 131 68,6 Separada/Divorciada/Viúva 12 6,3 Escolaridade Iletrada 1 0,5 Fundamental/Médio 180 94,3 Superior 10 5,2 Renda Mensal Sem renda 1 0,5 1 SM 119 62,4 2 a 3 SM 60 31,4 3 a 4 SM 9 4,7 >6 SM 2 1,0 Situação Domiciliar Marabá Zona Rural 10 5,2 Marabá Zona Urbana 178 93,2 Outra Cidade 3 1,6 *p-valor <0,0001, tendência pelo teste do Qui-quadrado de aderência. Tendência p-valor <0,0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001* 60 Em continuidade à análise da tabela 1, quanto à situação domiciliar, 93,5 % (178 /191) residiam na zona urbana de Marabá, 5,2% (10/191) na zona rural e 1,6% (3/191) estavam de passagem pela cidade. Em relação ao local de habitação, os resultados evidenciaram uma tendência altamente significante para residência habitual na zona urbana de Marabá (93,2%). Quanto às variáveis comportamentais distribuídas na tabela 2, a média de idade para o início da vida sexual foi de 16,4±2,8 com uma mediana de 16 anos. Um quantitativo de 171 mulheres (89,3%) relatou possuir vida sexual ativa enquanto que 20 mulheres declararam relacionar-se sexualmente de forma esporádica. Quanto à estabilidade do parceiro sexual, houve uma tendência ao parceiro fixo onde 83,3% (159/191) informaram possuir um único parceiro, 9,4% (18/191) declararam uma variação de 2 a 3 parceiros e apenas 2,1% (4/191) relataram possuir mais de 4 parceiros. Em relação à quantidade de novos parceiros nos últimos doze meses, também 2,1% (4/191) sinalizaram positivamente. A média da idade gestacional foi de 18,9±4,2 com uma mediana de 18 anos. A tabela 3 demonstra que 42,5% (81/191) engravidaram de 2 a 3 vezes e 25,1% (48/191) tiveram mais de 4 gestações. A quantidade de partos transpélvicos predominou em 67,5% (129/191) das participantes com uma variação de 1 a 4 partos. A ocorrência de abortos foi observada em 30,9% (59/191) das mulheres dentre estas 7,9% (15/191) relataram ter tido entre 2 a 3 abortos enquanto que 3 participantes (1,6%) tiveram mais 4 abortos. Quanto ao uso de contraceptivo hormonal na forma oral 46,6% (89/191) relataram uso por tempo longo, porém não quantificado na pesquisa. Com relação ao tabagismo 23% (44/191) relataram que abandonaram o hábito de fumar enquanto que 7,9% (15/191) fumam atualmente em torno de uma carteira ao dia. Houve um predomínio de mulheres não fumantes (69,1%). 61 Tabela 2 - Distribuição das variáveis comportamentais em mulheres (n=191) rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-Pa. Variáveis Comportamentais Grupo geral n % Idade do início da vida sexual 10 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 21 anos 22 a 30 anos Vida sexual ativa Não Sim Nº de Parceiros sexuais na vida Nenhum Somente 1 2a3 ≥4 Novos parceiros em 12 meses Nenhum Somente 1 2a3 ≥4 Idade da 1ª Gestação 10 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 21 anos 22 a 37 anos Não teve gestação Nº de Gestações Sem gestação Somente 1 2a3 ≥4 Nº de Abortos Nenhum Somente 1 2a3 ≥4 Nº de Partos Transpélvicos Nenhum Somente 1 2a3 ≥4 Nº de Partos Cesáreos Nenhum Somente 1 2a3 Uso prolongado de Contraceptivo oral Sim Não Tabagismo Fumou no passado Fuma menos 1 carteira Fuma 1 carteira ou mais Nunca fumou *Qui-quadrado de aderência. Tendência p-valor <0,0001* 46 92 45 8 24,1 48,2 23,5 4,2 20 171 10,5 89,5 10 159 18 4 5,2 83,3 9,4 2,1 165 7 15 4 84,3 3,7 7,9 2,1 16 51 59 38 27 8,4 26,7 30,9 19,9 14,1 27 35 81 48 14,1 18,3 42,5 25,1 132 41 15 3 69,1 21,4 7,9 1,6 62 39 64 26 32,5 20,4 33,5 13,6 139 30 22 72,8 15,7 11,5 89 102 46,6 53,4 <0,0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001* 0,3852 <0,0001* 44 11 4 132 23,0 5,8 2,1 69,1 62 Dando um melhor direcionamento aos resultados laboratoriais obtidos assim como correlacioná-los com as variáveis epidemiológicas investigadas as participantes do estudo foram agrupadas conforme se segue: mulheres com história de antecedentes de infecção pelo HPV (n=40), mulheres com citologia atual sem atipias celulares (n=180), mulheres com citologia atual com atipias celulares (n=11), mulheres com DNA HPV (+) (n=9) e mulheres com DNA HPV (-) (n=182). 7.2 DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS MULHERES COM HISTÓRIA DE ANTECEDENTES DE INFECÇÃO PELO HPV Para o grupo total estudado evidenciou-se que 20,9% (40/191) mulheres apresentavam registros em seus prontuários de antecedentes de infecção pelo HPV. Estas informações foram estratificadas e demonstradas na figura 11: 15% (6/40) com citologia anterior com LSIL com sinal citopático do HPV, 5% (2/40) com antecedente de ASC-US; 40% das participantes (16/40) possuíam registros de procedimentos de cauterização de verrugas externas e/ou de colo uterino assim como 37,5% (15/40) haviam realizado biopsia de lesão pré-neoplásica; apenas 2,5% (1/40) com registro de procedimento de conização (CAF). Estas observações apontam para 40 pacientes que se encontravam em seguimento conforme protocolo clínico do serviço. Figura 11: Distribuição de citologias anteriores alteradas e procedimento médicos sugerindo história antecedente de infecção pelo HPV (n=40), registrados em comparecimentos anteriores em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. 63 Objetivando investigar situações de coinfecção entre o HIV e o HPV foi solicitado às entrevistadas informações sobre realização de teste sorológico para HIV verificando-se que 58,6% (112/191) o haviam realizado pelo menos uma vez em suas vidas não tendo sido relatado positividade em nenhum deles. Embora para a pesquisa esta informação não apresente significância estatística, pela forma da abordagem pode ter promovido reflexões nas participantes sobre outras doenças virais sexualmente transmissíveis. 7.3 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS CATEGÓRICAS PARA AS MULHERES QUE APRESENTARAM ATIPIAS CELULARES Sobre a análise citomorfológica para o rastreamento de lesões intraepiteliais pré-neoplásicas, do total examinado 94,24% (180/191) foram classificadas como dentro dos limites da normalidade onde se incluem alterações benignas reativas ou reparativas para o conjunto de laminas normais e Inflamatórias. Encontrou-se uma prevalência de 5,8% (11/191) de esfregaços cervicais que apresentaram atipias celulares. Observou-se neste grupo uma tendência para o ASC-US com 66,6% (6/11), seguida de 44,4% (4/11) como LSIL e 11,1% (1/11) como ASC-H conforme detalhado na figura 12. Do total das amostras analisadas nenhum esfregaço cervical apresentouse inadequada para a citologia. Figura 12: Distribuição da classificação citomorfológica para os esfregaços cervicais com atipias celulares (n=11) em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. 64 Dentre as mulheres agrupadas com ausência de atipias celulares (N=180) as variáveis epidemiológicas foram detalhadas na tabela 3 onde se observou que a maioria (70,6%) encontrava-se em idade reprodutiva, correspondendo ao intervalo de 18 a 29 anos; 93,9% eram casadas ou possuíam união estável (169/180) e somente 5% (9/180) declarou possuir o ensino superior. No que se refere às variáveis comportamentais, verificou-se que 71,1% iniciaram a vida sexual entre 10 e 17 anos; todas se declararam sexualmente ativas, entretanto 19,4% informaram não possuir parceiros fixos e 63,9 % (115/180) declararam que não utilizam preservativo no ato sexual assim como 12,8% (23/181) referiram novos parceiros nos últimos doze meses. O uso de contraceptivo foi relatado por quase metade das mulheres (45,6%). A realização de PCCU com frequência habitual está disseminada na maioria do grupo onde 88,90% (160/180) declararam ter realizado duas ou mais vezes em suas vidas. Sobre as mulheres que apresentaram citologia com atipias celulares (ASCUUS, ASC-H, LSIL), detalhadas ainda na tabela 3 observou-se uma forte tendência para a faixa etária de 18 a 29 anos (90,9%) e também para o início precoce das atividades sexuais com 81,8% (9/11) com sexarca entre os 10 e 17 anos. Com relação situação conjugal 90,9% (10/11) possuíam união estável ou eram casadas sendo que estas informações apresentaram significância estatística para o risco de desenvolver lesões pré-neoplásicas; 4 mulheres (36.4%) declaram-se possuir mais de um parceiros e 3 (27,3%) declaram novos parceiros nos últimos doze meses ; 63,6% (7/11) não utilizam preservativos no ato sexual. Com relação ao uso de contraceptivos hormonais por tempo prolongado 63,6% (7/11) referiram uso, o tabagismo não apresentou nenhuma significância estatística, pois 90,9% (10/11) declararam-se não fumantes. Como informação relevante, porém também sem significância estatística, 81,8% (9/11) havia realizado mais de 4 exames preventivo de colo de útero em suas vidas. Após aplicação do teste do Qui- quadrado e teste exato de Fisher, o p-valor destas variáveis não foi significante, logo, essas variáveis, à exceção da situação conjugal, não apresentaram real correlação com a presença de atipias celulares. 65 Tabela 3 - Distribuição das variáveis epidemiológicas quanto à citopatologia com atipias celulares (n=11) em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. Citologia x Atipias Celulares VARIÁVEIS EPIDEMIOLÓGICAS Presentes Ausentes n % n % 18 a 29 anos 8 27,3 127 70,6 30 anos ou mais 3 72,2 53 29,9 Idade Estado Civil Solteira/Separada/Divorciada/Viúva 3 27,3 11 6,1 Casada/União Estável 8 72,7 169 93,9 Escolaridade Fundamental/Médio 10 90,9 171 94,4 Superior 1 9,1 09 5,0 Partos Normais 2 ou mais 8 72,7 121 67,2 Um ou nenhum Uso prolongado de Contraceptivo oral 3 27,3 59 32,8 Sim 7 63,6 82 45,6 Não 4 36,4 98 54,4 Tabagismo Sim 1 9,1 14 7,8 Não 10 90,9 166 92,2 Idade início vida sexual 10 a 17 anos 9 81,8 128 71,1 18 anos ou mais 2 18,2 52 28,9 Sim (somente um) 7 63,6 145 80,6 Não 4 36,4 35 19,4 Parceiro sexual fixo Novos parceiros em 12 meses Sim 3 27,3 23 12,8 Não (nenhum) 8 72,7 157 87,2 Usa preservativo Sim 4 36,4 65 36,1 Não 7 63,6 115 63,9 Nº de realização de PCCU Este é o primeiro 2 18,2 20 OR¹ IC95%² p-valor³ 1,1 0,28 a 4,35 0,8514 5,76 1,33 a 24,7 0,0435* 1,48 0,16 a 12,14 0,8162 1,39 0,33 a 5,08 0,9626 2,09 0,59 a 7,39 0,3922 1,18 0,14 a 9,95 0,6744 1,82 0,38 a 8,74 0,6740 0,42 0,11 a 1,52 0,3340 2,55 0,63 a 10,3 0,3638 1,01 0,28 a 3,58 0,7593 1,77 0,35 a 8,81 0,8257 11,1 2 vezes ou mais 9 81,8 160 88,9 ¹ ORp=Razão de Chances de Prevalência, ² IC 95%=Intervalo de confiança a 95%,³ Teste do Qui-quadrado ou exato de Fisher (nível de significância=0,050). 66 Durante a análise das informações observou-se uma tendência para a realização de modo frequente dos testes de detecção precoce do câncer do colo do útero (PCCU) onde 58,3% (105/191) já o realizaram entre 4 a 10 ou mais vezes na vida conforme se observa na tabela 4, entretanto, após aplicação do teste de aderência estes dados não apresentaram significância frente ao risco de infecção pelo HPV e desenvolvimento de câncer cervical. Tabela 4 - Associação entre a frequência de realização de PCCU e os resultados das citologias atuais coletadas em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. Frequência da realização do PCCU durante a vida Este é o primeiro Realizou 2 a 3 vezes Realizou 4 a 5 vezes Realizou 6 a 10 vezes Realizou Mais de 10 vezes Total Citologia sem Atipias celulares n % 20 55 45 31 29 180 90,9 96,5 93,8 93,9 93,5 94,2 Citologia ASC-US n % Citologia LSIL n % 2 0 2 2 1 7 0 2 1 0 1 4 Obs.: Qui-quadrado de independência p-valor = 0,6061 9,1 0 4,2 6,1 3,2 3,7 0 3,5 2,1 0 3,2 2,1 Total 22 57 48 33 31 191 67 7.4 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS CATEGÓRICAS PARA AS MULHERES QUE APRESENTARAM DNA HPV (+) Para todas as participantes, independente dos resultados das citologias, as amostras com DNA viável foram submetidas a PCR, a fim de amplificar um segmento da ORF L1 (450 pb) do HPV. A visualização do produto da PCR revelou que das 191 amostras testadas nove amplificaram o segmento alvo, confirmando positivamente presença de DNA específico do HPV, correspondendo a uma prevalência de 4,7% para o grupo estudado. No grupo DNA HPV (+), as variáveis estratificadas na tabela 5 demonstram que a média da idade foi de 34.1±9.9 anos e não foi um fator diferenciador, pois neste grupo houve tendência para idade 31.3±8.2 anos e no grupo DNA HPV (-) houve tendência para a idade 34.7±9.8 anos, a diferença entre as idades foi avaliada pelo teste t de Student e verificou-se que o p-valor =0.1097 não foi significante. Observou-se que 66,7% eram casadas ou possuíam união estável, situação esta a qual apresentou alta significância estatística para a aquisição da infecção pelo HPV com p=0.0228 e Odds ratio igual a 7,08; 77,8% (7/9) tiveram o início da vida sexual com idade entre 10 e 17 anos, 66,7% (6/9) mulheres declaramse possuir parceiros fixos, 22,2 % (2/9) referiram novos parceiros nos últimos 12 meses; 55,6% tiveram 2 ou mais partos transpélvicos. Com relação ao uso prolongado de anticoncepcional oral 77,8% (7/9) referiram uso, porém com tempo não quantificado na pesquisa. Na mesma proporção (77,8%) realizam com frequência o exame preventivo do colo de útero. Somente uma participante deste grupo declarou-se tabagista, portanto observa-se predomínio de não fumantes (89,9%). 68 Tabela 5 - Distribuição das variáveis epidemiológicas em mulheres com DNA HPV (+) e DNA HPV (-) mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. Teste molecular - PCR VARIÁVEIS EPIDEMIOLÓGICAS DNA HPV (+) n % DNA HPV (-) n % Idade 18 a 29 anos 5 55,6 129 70,9 30 anos ou mais 4 44,4 53 29,1 Estado Civil Solteira/Separada/Divorciada/Viúv a 3 33,3 12 6,6 Casada/União Estável 6 66,7 170 93,4 Fundamental/Médio 9 100, 0 170 94,5 Superior 0 0,0 10 5,4 2 ou mais 5 55,6 124 68,1 Um ou nenhum Uso prolongado de Contraceptivo oral 4 44,4 58 31,9 Sim 7 77,8 82 45,1 Não 2 22,2 100 54,9 Sim 1 11,1 14 7,7 Não 8 88,9 168 92,3 Escolaridade Partos Normais Tabagismo Idade início vida sexual 10 a 17 anos 7 77,8 130 71,4 18 anos ou mais 2 22,2 52 28,6 Parceiro sexual fixo Sim (somente um) 6 66,7 146 80,2 Não 3 33,3 36 19,8 Novos parceiros em 12 meses Sim 2 22,2 24 13,2 Não (nenhum) 7 77,8 158 86,8 Sim 3 33,3 66 36,3 Não 7 66,7 116 63,7 Usa preservativo Nº de realização de PCCU Este é o primeiro 2 22,2 20 11,0 2 vezes ou mais 7 77,8 162 89,0 OR¹ IC95%² p-valor³ 0,51 0,13 a 1,98 0,5435 7,08 1,57 a 31,8 0,0228* --- --- --- 0,58 0,15 a 2,25 0,6731 4,26 0,86 a 21,1 0,1144 1,51 0,17 a 12,86 0,7929 1,40 0,28 a 6,69 0,9731 0,49 0,11 a 2,06 0,5748 1,88 0,36 a 9,59 0,7843 0,87 0,21 a 3,63 0,8597 2,3 0,44 a 11,91 0,6202 ¹ ORp=Razão de Chances de Prevalência, ² IC95%=Intervalo de confiança a 95%,³ Teste do Qui-quadrado ou exato de Fisher (nível de significância=0,05). 69 Reporta-se como importante informação, conforme figura 13, que dentre as mulheres em seguimento encontrou-se persistência viral em 5% (2/40) confirmadas nesta pesquisa pela detecção de DNA HPV em PCR, não tendo sido possível identificar para estas amostras o tipo de HPV infectante. Figura 13: Distribuição quanto à história de antecedentes de infecção pelo HPV e persistência da infecção confirmada pelo PCR-DNA HPV (+) (2/40) em mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. 7.5 ANÁLISE COMPARATIVA PARA A EFICIÊNCIA DO TESTE CITOPATÓGICO PCCU E DO TESTE MOLECULAR PCR FRENTE AOS RESULTADOS OBTIDOS NO DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HPV No que se refere à associação entre os resultados das análises citomorfológicas (PCCU) com os resultados da PCR a frequência da concordância entre as duas metodologias é demonstrada na tabela 6. Observa-se que somente uma amostra (11,1%) apresentou concordância sendo esta avaliada pela aplicação do teste Kappa, que resultou em p-valor = 0.2704, o qual não é significante, indicando que existe apenas uma fraca concordância entre os dois métodos. 70 Tabela 6 - Concordância entre o resultado da Citologia e o resultado do PCR em amostras cervicais de mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. PCR CITOLOGIAS DNA HPV (+) n % DNA HPV (-) n % Total Com Atipias 1 11,1 10 5,5 11 Sem Atipias 8 88,9 172 94,5 180 Total 9 100,0 *Teste de Kappa p-valor = 0.2704 182 100,0 191 7.6 DISTRIBUIÇÃO DOS GENÓTIPOS DO HPV DE ALTO E BAIXO RISCO DETECTADOS EM AMOSTRAS DNA HPV (+) Para o grupo DNA HPV (+), conforme demonstrado na figura 14, a infecção mista pelo HPV foi encontrada em duas amostras (22,2%) sendo uma com HPV de baixo e alto risco (HPV 6 e 35) e a outra com HPV de alto risco (HPV 31 e 58). Outra amostra teve identificado o HPV 58, ao restante (6/9) a positividade deu-se para tipos de HPV não investigados na PCR. Figura 14: Distribuição das espécies de HPV detectadas no grupo D de amostras DNA-HPV (+), em amostras cervicais de mulheres rastreadas para o câncer cervical no CRISMU, no período de Janeiro a Maio de 2014, na cidade de Marabá-PA. 71 8 DISCUSSÕES O INCA estimou para o Brasil, no ano de 2014 a ocorrência de 15.590 novos casos de câncer do colo do útero estando a Região Norte em primeiro lugar para este tipo de câncer com uma estimativa de surgimento de 830 novos casos a ocorrer somente no estado do Pará (Brasil, 2013). Desta forma o Ministério da Saúde por intermédio do INCA tem desenvolvido ações que promovam a diminuição das altas taxas de incidência e mortalidade por este tipo de câncer. Estas ações contam com tecnologias para o diagnóstico e tratamento de lesões precursoras que promovam a cura em 100% dos casos diagnosticados na fase inicial da doença. Envolvem a detecção precoce de lesões pré- neoplásicas por meio de exames citopatológicos, em mulheres entre 25 e 59 anos, e a garantia do tratamento adequado da doença e de suas lesões precursoras (BURD, 2003). Os HPV de alto risco encontram-se envolvidos na gênese de tumores cervicais, sendo detectados em 92,9 a 99,7% dos casos de carcinoma cervical (RAMA et al.,2008). As técnicas da biologia molecular são mais eficazes na detecção do HPV, porém não se pode prescindir do exame citológico em decorrência deste descrever informações que vão além da evidencia da presença do HPV. Conforme demonstrado por diversos pesquisadores, no mundo todo, a frequência de DNA HPV (+) encontrase alta entre mulheres com citologias normais, situação esta que não direciona tratamento o que pode negligenciar a progressão para a malignidade. Este estudo foi elaborado com a finalidade de investigar a infecção genital pelo HPV através do diagnóstico molecular e da citopatologia e correlacionar os achados aos fatores sóciodemográficos, comportamentais, sexuais e reprodutivos em mulheres rastreadas para o câncer cervical em uma unidade de saúde na cidade de Marabá, Pará e para tanto foram coletadas amostras cervicais e aplicado um questionário clínico epidemiológico para cada participante da pesquisa. As informações obtidas com a história de antecedente de infecção pelo HPV possibilitaram analisar a variação no ciclo da infecção pelo HPV quanto ao clearance ou progressão da infecção. Sobre estas intenções, para as análises estatísticas, as 72 participantes foram agrupadas em: mulheres com história de antecedentes de infecção pelo HPV, mulheres com citologia atual sem atipias celulares, mulheres com citologia atual com atipias celulares, mulheres com DNA HPV (+), mulheres com DNA HPV (-). Para todos os grupos foram investigados os fatores de risco associados à aquisição da infecção pelo HPV ou ao desenvolvimento do câncer cervical. Pretendeuse ainda reforçar o conhecimento sobre os genótipos de HPV circulantes na população do estudo. A prevalência para a infecção pelo HPV entre mulheres no mundo todo varia entre 2% a 44% sendo esta variação explicada pela média das idades da população do estudo e sensibilidade do método de detecção do HPV (CASTELLSAGUÉ et al., 2002). O presente estudo avaliou amostras cervicais de 191 mulheres com idade entre 18 e 61 anos e encontrou uma prevalência de infecção pelo HPV de 4,7% para todo o grupo estudado sendo que esta encontra-se abaixo do perfil encontrada em estudos realizados em diversas regiões do país. Estudos internacionais tem demonstrado uma prevalência variando entre 16,6% (Polonia) a 64% (população indígena na Argentina). Em estudo de coorte realizado por Molano e colaboradores (2005), na Colombia utilizando o diagnóstico por PCR foi verificada uma prevalência de 14,9% em mulheres colombianas entre 13 a 85 anos. Estudos primários realizados no Brasil por Franco e colaboradores (1999) apontaram uma prevalência inicial de HPV de 13,8% para mulheres entre 18 e 60 anos e de 25% acumulada ao final do seguimento do seu estudo; Trottier e colaboradores (2008) apontaram uma freqüência de 10,6% de HPV em mulheres na mesma faixa de idade. Em uma revisão sistemática da literatura realizada por Ayres e colaboradores (2013) , a prevalência da infecção no Brasil variou entre 13,7 e 57,3%. A colpocitologia como exame de rastreabilidade para o câncer cervical apresenta sensibilidade moderada porém alta especificidade, informação esta confirmada em vários estudos (BURD, 2003). Dentre as amostras cervicais analisadas encontrou-se um percentual de 94,24% dentro dos limites da normalidade e 5,8% de citologias alteradas distribuídas entre ASC-US com 66,6% (6/11), seguida de 44,4% como LSIL e 11,1% como ASC-H. Essa prevalência a princípio pode ser considerada baixa, entretanto corrobora com achados de Bringhente e colaboradores (2010) que 73 encontraram uma prevalência de 5,77 % ao analisarem 3.000 pacientes no Rio Grande do Sul, entre os anos de 2009 e 2010; mostrou-se superior ao achado por Augusto e colaboradores (2014) que analisando 351 mulheres em um programa de saúde da família, em Niterói, Rio de Janeiro, encontraram uma prevalência de 3,7%. No estado do Acre, ao se investigar 2.226 mulheres encontrou-se uma prevalência de 5,4% (Von Zuben et al., 2007). No Pará, Pinto e colaboradores em um estudo em 2011 encontraram uma prevalência de 2,8% entre esfregaços com atipias celulares ao analisarem 431 amostras cervicais de mulheres, colhidas em Belém e Tucuruí, assim como Prazeres (2010) ao analisar 144 amostras de mulheres residentes na cidade de Tomé Açú, Pará, encontrou uma prevalência de 6,9%. Estes dados reforçam a condição da boa qualidade dos escrutinadores dos laboratorios de citologia utilizados nestas pesquisas e estão de acordo com as recomendações do Manual de Gestão da Qualidade para Laboratório de Citopatologia publicado pelo INCA em 2012. Com relação aos resultados citológicos de ASC-US o percental de 3,14% encontrado nesta pesquisa atende ao estabelecido em consenso americano de que não deve ultrapassar 5% dos resultados com taxa média de 2,8%, sobre todas as amostras assim como a proporção de ASC-US e LSIL corrobora com outras pesquisas (LIMA et al, 2002). Estudos que incluem mulheres captadas em unidades especializadas em saúde da mulher ou serviços de avaliação ginecológica rotineira tendem a estimar prevalências intermediárias ou baixas. As participantes desta pesquisa, realizada no CRISMU, em Marabá, Pará, demonstraram em sua maioria serem usuárias frequentes deste serviço fato observado pelo percentual (20,9%) de mulheres em acompanhamento e também de mulheres que realizaram PCCU mais de 6 vezes na vida (31,4%). Sobre prevalência do DNA HPV em citologias dentro dos limites da normalidade nosso estudo aproxima-se ao realizado por Noronha em 2002 quando esta encontrou uma prevalência de 6,9% de DNA HPV (+) em mulheres com citologia dentro dos limites da normalidade. Noss resultados obtidos em nosso estudo, o percental encontrado foi de 4,4% de mulheres comprovadamente DNA HPV(+) e que apresentaram citologia normal. Ayres e Silva (2010) mostraram em um estudo de revisão sistemática no Brasil, uma variação da prevalência de infecção por HPV entre 74 10,4% e 24,5% entre mulheres com citologia normal no exame de Papanicolaou. Considerando que a infecção por HPV encontra-se diretamente associada a resultados anormais da citologia este estudo identificou apenas uma fraca concordância entre a citologia com atipias celulares e o DNA HPV(+) detectado pela PCR, em amostras colhidas em um mesmo momento. Foi encontrado , em nosso estudo um percentual de 90,9% (10/11) de mulheres com atipias celulares (ASC-US, LSIL e ASC-H) e que apresentaram-se DNA HPV (-). Reconhecemos com de extrema importância o acompanhamento clínico e laboratorial destas mulheres. Outrossim corroboramos com as considerações de Nomeline e colaboradores (2007) que reafirmam que um teste positivo para DNA HPV não implica em que a mulher tenha SIL ou mesmo câncer, porém apresenta o risco para vir a desenvolver estas lesões. Demonstra-se desta forma que o rastreio citológico para a infecção pelo HPV pode apresentar falhas fato que envida atenção redobrada para o controle de qualidade de laboratórios de citologia, quando no Brasil estima-se que 20% das mulheres sexualmente ativas estejam infectadas pelo HPV, o que corresponde a 10 a 12 milhões de mulheres ( BRASIL, 2014). Este estudo identificou também um percentual significante (20,9%) de mulheres com história de antecedentes de infecção pelo HPV. Neste grupo, uma mulher persistiu com lesão pré neoplásica na forma de LSIL e DNA HPV (+) assim outra apresentou-se DNA HPV(+) com citologia sem atipias o que corrobora novamente com a comprovação de infecção DNA HPV (+) e ausência de atipias celulares à citologia são fatores em permanente análise investigativa em populações femininas (BRIGHENTI et al, 2010). Ao se analisar o grupo de mulheres DNA HPV (+) no que concerne aos determinantes que influenciam a aquisição da infecção pelo HPV não foi encontrada associação entre o número de parceiros pois a maioria das infectadas apresentou constancia de parceiro sexual em um período de 12 meses fator que diminui o risco. Outros parâmetros comportamentais tais como idade da iniciação sexual e quantidade de parceiros ao longo da vida também não apresentaram significância. A maior frequencia de infecção pelo HPV, ao se analisar mulheres DNA HPV (+) esteve entre as mulheres com idade entre 18 e 29 anos (55,6%) seguida da faixa de 30 a 39 (44,4%) , encontrou-se apenas uma com idade igual a 50 anos. Desta 75 forma nosso estudo realizado na cidade de Marabá, corrobora com estudos epidemiológicos que demonstram um pico da infecção pelo HPV entre adultos jovens sexualmente ativos com uma leve estabilização da curva em mulheres de 35 a 55 anos com uma tendência ao declínio da curva em faixas etárias mais velhas ( FEDRIZZI, 2011). Fatores sóciodemográficos e comportamentais são classicamente descritos como fatores de risco para o desenvolvimento do câncer cervical. Diversos autores apresentam risco aumentado em mulheres com menor escolaridade entretanto neste estudo foi encontrada uma prevalência maior da infecção entre mulheres com escolaridade completa (100%). As diferenças nesses achados demonstram que fatores como escolaridade e nível sócio econômico são parâmetros de difícil avaliação. Estudos apontam que o fator de risco mais consistente para a infecção pelo HPV é a variedade de parceiros sexuais na vida sendo constatado em diversos estudos. Ho e colaboradores (1998) demonstraram que mulheres que tiveram quatro parceiros ou mais em um período de 6 a 12 meses elevaram o risco para a aquisição do HPV em até quatro vezes quando comparadas com mulheres com três parceiros ou menos. Em nosso estudo foi encontrada um tendencia a manutenção do mesmo parceiro entre as mulheres DNA HPV (+) (66,6%) assim como somente 22,2% declararam novos parceiros nos últimos 12 meses, desta forma não foi encontrada significância estatística para a associação. De acordo com Murta e colaboradores (2001) mulheres que apresentam precocidade sexual comumente têm um maior número de parceiros na vida o que contribui para a exposição ao HPV; acredita-se que grande parte destas mulheres que vieram a desenvolveram neoplasia cervical tenham iniciado suas atividades sexuais antes dos 18 anos. Estudo realizado por Roteli-Martins e colaboradores (2007) envolvendo mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em várias cidades brasileiras encontraram significante associação entre a idade da iniciação sexual e a aquisição do HPV. Em nosso estudo, realizada no município de Marabá, a prevalência entre as infectadas pelo HPV, foi de 77,8% para as que a iniciaram entre os 10 e 17 anos o que corrobora com as infomações citadas. 76 A multiparidade encontra-se relacionada , em vários estudos, ao risco para a aquisição do HPV e também ao desenvolvimento de câncer cervical (RASMUSSEN, 2006). Estudos diversos demonstraram que mulheres com três ou mais gestações foram consideradas de risco para a infecção pelo HPV . Quanto ao risco para o desenvolvimento do câncer cervical, Castellsagué & Muñoz (2003) observaram um aumento elevado de risco em mulheres com maior número de partos transpélvicos porém considerou para estas a idade ao início da atividade sexual e o envolvimento com vários parceiros sexuais. Os dados obtidos neste estudo, para as mulheres DNA HPV (+) não apresentaram significância estatística pois foi observada uma baixa tendência à multiparidade onde 44,4% relataram uma ou nenhuma gestação completa. Castellsagué & Muñoz (2003) descreveram um risco aumentado para o desenvolvimento do câncer cervical realacionado ao uso de anticoncepcional oral em mulheres que fazem uso por mais de dez anos. Para esta relação entretanto ainda há muita controversias entre pesquisadores. Estudos questionam o fato de que mulheres que fazem uso de contraceptivos orais deixam de usar o preservativo que atua como barreira contra diversos microorganismos promotores de DST inclusive o HPV. Em nosso estudo não encontrou-se associação estisticamente significante entre o uso de anticoncepcional hormonal por período rolongado e a infecção pelo HPV no grupo das mulheres infectadas pelo HPV (p=0,11) e nem no grupo de mulheres com citologia alterada (P=0,39). No que tange ao uso de preservativos, Soares e colaboradores (2003) em um estudo com mulheres brasileiras, evidenciou baixo uso de preservativos tendo sido relatado por apenas 3,2% das participantes, e no estudo de Lopes e colaboradores (2004), apenas 2,5% das entrevistadas fazia uso consistente de preservativo. Neste estudo o mesmo foi relatado como de uso pouco frequente ou nunca utilizado por mais da metade das mulheres tanto no grupo da citologia alterada como no grupo DNA HPV (+) sendo esta informação foi similar em ambos os grupos (63,6 e 66,7%). Devemos considerar que para ambos os grupos, citologia com atipias e DNA HPV (+), a variável estado civil foi considerada significante para casada /união estável após análise de significância pelo teste de Fisher. Podemos supor que mulheres em situação conjugal estável prescindam do uso de preservativos, pois a manutenção do 77 parceiro sexual de alguma forma as faz sentirem-se protegidas quanto ao risco de aquisição de DST. Assim como a variedade de parceiros sexuais impacta na elevação do risco para a aquisição da infecção, o tabagismo também é considerado um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento do câncer cervical em decorrência do depósito de carcinógenos em células cervicais e tambèm pela imunosupressão induzida pela redução das células de Langhehans. Em nosso estudo, realizado com mulheres na cidade de Marabá, observou-se que as mulheres com atipias celulares em sua maioria (90,9%) não eram fumantes, situação similar entre as mulheres DNA HPV (+) onde apenas 11,1% eram fumantes. De acordo com Naud e colaboradores (2006) uma carga mínima de 100 cigarros na vida pode ser considerado forte preditor para a infecção pelo HPV. Em um estudo brasileiro Uchimura (2004) analisou 22 mulheres fumantes infectadas pelo HPV, através da quantificação das células de Langhehans e comparando com um grupo de infectadas não fumantes não encontrou significância estatistica na redução destas células, Estudos epidemiológicos nos últimos 30 anos revelaram que HPV de alto risco é detectado em 99% dos casos de carcinoma cervical e os tipos mais frequentes são o HPV 16, seguido dos tipos 18, 58,33, 45, 31, 52, 35, 59, 39,51 e 56 dispostos na ordem de aparecimento segundo revisão literária realizada por Pinheiro e colaboradores (2013). De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil os tipos mais comuns, de alto e baixo risco, encontrados em amostras com citologia normal são o HPV 16, seguidos dos tipos 31, 18, 6, 35, 58, 33, 11, 54 e 68. Na maioria dos casos de câncer cervical, no mundo todo, em cerca de 90% é detectado um único tipo de HPV o que não se observa na África, onde múltiplas infecções são detectadas em 19% dos casos (SANJOSÉ, 2010). A detecção de HPV de baixo risco não se relaciona diretamente ao desenvolvimento de câncer cervical, entretanto em nosso estudo o HPV 6 foi encontrado concomitante com o HPV 35 este de alto risco o que sugere o monitoramento dessa paciente a despeito de apresentar citologia sem atipias celulares. Estudos moleculares envolvendo HPV de alto risco comprovam que a persistência da infecção por este grupo oncogênico e o câncer cervical estão diretamente relacionados, deste modo a ocorrência de testes negativos para a 78 presença de viral de HPV de alto risco confere alto valor preditivo negativo para o desenvolvimento desta doença. A reação de genotipagem pela PCR neste estudo foi direcionada para a identificação dos tipos de HPV 6 e 11 de baixo risco e 16,18,31,33,35,52 e 58 de alto risco. Como resultados, identificaram-se os tipos de HPV 6, 31, 35 e 58 em 33,3% das amostras positivas para DNA HPV, sendo 22,2% com infecção mista (dois tipos de HPV concomitantes). No grupo total DNA HPV (+) 66,6% não tiveram os tipos identificados em decorrência de limitações do estudo. O tipo HPV 16 é o mais prevalente em infecções genitais seguido dos tipos HPV 18, 45 e 31 que em conjunto correspondem a aproximadamente 80% dos casos de carcinoma cervical (MUNÕZ et al, 2004; 2010) porém estes não foram identificados nesta pesquisa. Este estudo apresentou limitações a começar pela exclusão de mulheres om idade inferior a 18 anos, considerando que estudos epidemiológicos evidenciaram serem extremamente suscetíveis à aquisição do HPV. Outro limitante ocorreu por conta do tamanho amostral e local da coleta, pois foi evidenciada no estudo uma alta prevalência de mulheres já tratadas para a infecção e também uma quantidade significante de participantes com frequência superior a 10 vezes para a realização de PCCU durante a vida. Uma amostragem ideal envolveria outras unidades de saúde implantadas na cidade. Ao final da análise observou-se que o desenho do estudo, e as limitações do questionário dificultaram a análise e distinção entre mulheres com clearance, infecção transitória e infecção persistente para o HPV. Por fim, recomendamos, para pesquisas futuras, a utilização dos primers de consenso GP05+/GP06+, ou mesmo a versão modificada, os pares PMGY09/11, para a PCR genérica com a finalidade de eliminar degenerações e melhorar a sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade dos testes biológicos como estratégia laboratorial que poderá o valor de prevalência da infecção pelo HPV em pesquisas epidemiológicas. 79 9 CONCLUSÕES A prevalência de infecção pelo HPV na população estudada foi de 4,7%. Encontrou-se uma prevalência de 5% de infecção pelo HPV entre mulheres com história de antecedentes de infecção pelo HPV fato que sugere persistência viral, entretanto a genótipos de baixa frequência. Encontrou-se uma prevalência de 95% de mulheres negativas para o DNA do HPV e com história de antecedentes de infecção pelo HPV fato que sugere regressão da doença e podem estar relacionadas à resposta imunológica destas mulheres ou mesmo a tratamentos médicos bem sucedidos. A frequência de 94,2% do total de mulheres DNA HPV (+) e que apresentaram citologias sem atipias celulares reforça a ideia de que a infecção pelo HPV não provoca de imediatas alterações celulares detectáveis pelo PCCU. Encontrou-se associação significante entre os fatores idade e precocidade sexual e o risco para a aquisição da infecção pelo HPV. Não se encontrou associação entre a infecção e fatores como: uso de métodos contraceptivos, tabagismo, multiparidade e parceiros sexuais (quantidade na vida e novos no último ano). Não se encontrou concordância significante entre a citologia e o teste molecular PCR. Verificou-se a ocorrência dos tipos HPV 31 e 58, de alto risco e baixa frequência e que não recebem cobertura pela vacina quadrivalente Gardasil™, desta forma a população continuará susceptível a estes tipos. 80 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Kamila Matos de, et al. Cobertura do teste de Papanicolaou e fatores associados à não-realização: um olhar sobre o Programa de Prevenção do Câncer do Colo do Útero em Pernambuco, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, supl. 2, p. 301-309, 2009. ARAUJO, Silvia Cristina Fonseca et al. Eficácia das vacinas comercialmente disponíveis contra a infecção pelo papilomavírus em mulheres: revisão sistemática e metanálise. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, suplemento. 1, p. 32-44, 2013. AU, William W. et al. Environmental risk factors for prevention and molecular intervention of cervical cancer. International journal of hygiene and environmental health, v. 210, n. 6, p. 671-678, 2007. AUGUSTO, E. 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Este projeto é submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo seres Humanos, do Núcleo de Medicina Tropical, à Av. Generalíssimo Deodoro, nº92, CEP66005-240 Umarizal, Fone 91- 32016857. • O objetivo da pesquisa é determinar a prevalência do HPV em coinfecções de colo de útero na população feminina estudada, na cidade de Marabá-Pa. • Essa pesquisa oferece riscos biológicos minimizados, pois as coletas de amostra são práticas da rotina, realizadas por profissionais qualificados e os materiais são esterilizados e descartáveis, entretanto posso sentir algum desconforto ou mesmo sangramento. • Estou ciente de que uma pequena quantidade de secreção cervical será coletada e posteriormente estocada a -20°C no Laboratório de Imunopatologia do NMT/UFPA para ser utilizado exclusivamente em testes de biologia molecular pertinente a esta pesquisa. • Minha participação é absolutamente voluntária e estou permitindo a realização de testes biológicos necessários para a efetivação desta pesquisa assim como estou ciente de que poderei deixar a pesquisa no momento que quiser, pois não haverá prejuízo pessoal por esta causa. • Estou ciente de que esta pesquisa não oferece qualquer possibilidade de ajuda financeira para mim. 94 • Estou ciente de que o resultado deste trabalho será convertido em benefício para cada uma das participantes mediante a realização de testes biológicos que auxiliam no diagnóstico precoce e tratamento da infecção pelo HPV caso ele venha a ser detectado. • Minha participação nesta pesquisa é sigilosa, isto significa que, somente os pesquisadores ficarão sabendo de minha participação assim como os dados laboratoriais e epidemiológicos obtidos terão uso exclusivo neste trabalho. CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Li as informações acima sobre a pesquisa e declaro que me sinto perfeitamente esclarecido acerca do conteúdo da mesma, assim como seus riscos e objetivos. Declaro ainda que, por minha livre vontade, aceito participar da pesquisa cooperando com a coleta de material para exames laboratoriais. Marabá (PA), ____/____/____. _______________________ Assinatura da participante _________________________________ Prof. Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma CRM/PA nº 5655 Núcleo de Medicina Tropical / UFPA Av. Generalíssimo Deodoro, nº92, CEP-66005-240, Bairro - Umarizal Fone de Contato no Trabalho: (91) -3241-4681 _____________________ Marineide Sousa Bastos CRF/PA 758 Farmacêutica-Bioquímica Mestranda em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários Pós Graduação – BAIP - UFPA Fone de Contato (91) 8219-5134 Prontuário:____________________ Protocolo:____________________ 95 APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO CLÍNICO- EPIDEMIOLÓGICO Identificação da Unidade de Saúde Municipal: LÂMINA: ______________ EPPENDORFF: __________ DATA: ___/____/____ Nome: Data de Nascimento: Idade:________ Endereço: Bairro: Fone de Contato: ( ) Reside na Cidade de Marabá ( ) Outra Procedência............................................ Estado Civil: ( ) Solteira ( )Casada ( ) União Estável ( ) Divorciada/Separada ( ) Viúva Profissão / Ocupação: Nível de Escolaridade: Não Alfabetizada ( ) 1º Grau ( ) Completo ( ) Incompleto 2º Grau ( ) Completo ( ) Incompleto Curso Profissionalizante após 2º Grau ( ) Grau Universitário ( ) Renda Familiar: ( ) 1 salário mínimo ( ) 3 a 4 salários mínimos ( ) acima de 6 salários mínimos ( ) 2 a 3 salários Mínimos ( ) 5 a 6 salários mínimos Quantas vezes você já realizou PCCU:____________ ANAMNESE Idade da Primeira menstruação (menarca):_______ Data da última menstruação: _______/________/_______ ( ) Não sabe Informar ( ) Não menstrua mais há ________anos Idade da 1ª gestação: __________ Nº de Filhos: _________ Nº de abortos: _____ Nº de partos normais: ____ Nº de partos cesáreos: ______ Fez uso de anticoncepcional oral ou injetável nos últimos 10 anos? ( ) Sim ( ) oral ( ) Injetável ( ) Não ( ) Outro método________ Usa medicamento para tratar menopausa: ( ) Sim ( ) Não Consegue dizer qual è ? :_____________ 96 Qual das seguintes situações descreve seu hábito de fumar? ( ) Eu nunca fumei ( ) Eu fumei no passado ,mas não fumo mais ( ) Eu geralmente fumo menos de uma carteira ao dia ( ) Eu geralmente fumo em torno de uma careteira ou mais ao dia Idade da 1ª relação Sexual: _______ Tem vida sexualmente ativa:_________ Data da última relação sexual:______ ( ) Parceiro sexual Fixo ( ) Mais de um Parceiro sexual Nº de parceiros sexuais nos últimos 12 meses: _________ Nº de novos parceiros nos últimos 12 meses: __________ Tipo de parceiros: ( ) Homem ( )Mulher ( ) Homens e Mulheres ( ) Parceiro de outro Estado ( ) Parceiro de outro País Apresenta sangramento vaginal uterino anormal nos últimos 12 meses? ( ) Sim ( ) Não Faz uso de preservativo durante a relação sexual? ( ) Sim ( ) Não Apresenta sangramento durante relação Sexual fora do período da menstruação? ( ) Sim ( ) Não Já apresentou verruga na região anal genital anteriormente? ( ) Sim ( ) Não ( ) Acho que sim Você recebeu o resultado do seu último PCCU? ( ) Sim ( ) Não Lembra o que deu no resultado ?__________ Você já teve seu útero removido (histerectomia)? ( ) Sim ( ) Não Já realizou algum procedimento vaginal / cervical / uterino? ( ) Cauterização ( ) Biópsia ( ) Radioterapia ( ) Quimioterapia ( ) Não sabe informar Já realizou pesquisa sorológica para: ( ) Hepatite B ( ) Hepatite C ( ) HIV Algum resultado Positivo? : ____ ( ) Nunca realizou estes exames Observação adicional: ________________________________________ Profissional que coletou as Informações (nome legível) _________________________________