Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um conceito desenvolvido inicialmente pelo antropólogo Edward Burnett Tylor para designar o todo complexo e metabiológico criado pelo homem. São práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço. Se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e identifica uma sociedade. Explica e dá sentido a cosmologia social, é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período. Principais conceitos Diversos sentidos da palavra variam consoante a aplicação em determinado ramo do conhecimento humano. Ciências sociais - (latu sensu) é o aspecto da vida social que se relaciona com a produção do saber, arte, folclore, mitologia, costumes, etc., bem como à sua perpetuação pela transmissão de uma geração à outra. Sociologia - o conceito de cultura tem um sentido diferente do senso comum. Sintetizando simboliza tudo o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um determinado grupo e que confere uma identidade dentro do seu grupo que pertença. Na sociologia não existem culturas superiores, nem culturas inferiores pois a cultura é relativa, designando-se em sociologia por relativismo cultural, isto é, a cultura do Brasil não é igual à cultura portuguesa, por exemplo: diferem na maneira de se vestirem, na maneira de agirem, têm crenças, valores e normas diferentes... isto é, têm padrões culturais distintos. Filosofia - cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou comportamento natural. Por seu turno, em biologia uma cultura é normalmente uma criação especial de organismos (em geral microscópicos) para fins determinados (por exemplo: estudo de modos de vida bacterianos, estudos microecológicos, etc.). No dia-a-dia das sociedades civilizadas (especialmente a sociedade ocidental) e no vulgo costuma ser associada à aquisição de conhecimentos e práticas de vida reconhecidas como melhores, superiores, ou seja, erudição; este sentido normalmente se associa ao que é também descrito como “alta cultura”, e é empregado apenas no singular (não existem culturas, apenas uma cultura ideal, à qual os homens indistintamente devem se enquadrar). Dentro do contexto da filosofia, a cultura é um conjunto de respostas para melhor satisfazer as necessidades e os desejos humanos. Cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros. A cultura é o resultado dos modos como os diversos grupos humanos foram resolvendo os seus problemas ao longo da história. Cultura é criação. O homem não só recebe a cultura dos seus antepassados como também cria elementos que a renovam. A cultura é um fator de humanização. O homem só se torna homem porque vive no seio de um grupo cultural. A cultura é um sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à vida dos seres humanos. Antropologia - esta ciência entende a cultura como o totalidade de padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano. Segundo a definição pioneira de Edward Burnett Tylor, sob a etnologia (ciência relativa especificamente do estudo da cultura) a cultura seria “o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Portanto corresponde, neste último sentido, às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo. O uso de abstração é uma característica do que é cultura: os elementos culturais só existem na mente das pessoas, em seus símbolos tais como padrões artísticos e mitos. Entretanto fala-se também em cultura material (por analogia a cultura simbólica) quando do estudo de produtos culturais concretos (obras de arte, escritos, ferramentas, etc.). Essa forma de cultura (material) é preservada no tempo com mais facilidade, uma vez que a cultura simbólica é extremamente frágil. A principal característica da cultura é o chamado mecanismo adaptativo: a capacidade de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos, mais rápida do que uma possível evolução biológica. O homem não precisou, por exemplo, desenvolver longa pelagem e grossas camadas de gordura sob a pele para viver em ambientes mais frios – ele simplesmente adaptou-se com o uso de roupas, do fogo e de habitações. A evolução cultural é mais rápida do que a biológica. No entanto, ao rejeitar a evolução biológica, o homem torna-se dependente da cultura, pois esta age em substituição a elementos que constituiriam o ser humano; a falta de um destes elementos (por exemplo, a supressão de um aspecto da cultura) causaria o mesmo efeito de uma amputação ou defeito físico, talvez ainda pior. Além disso a cultura é também um mecanismo cumulativo. As modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, de modo que a cultura transforma-se perdendo e incorporando aspectos mais adequados à sobrevivência, reduzindo o esforço das novas gerações. Um exemplo de vantagem obtida através da cultura é o desenvolvimento do cultivo do solo, a agricultura. Com ela o homem pôde ter maior controle sobre o fornecimento de alimentos, minimizando os efeitos de escassez de caça ou coleta. Também pôde abandonar o nomadismo; daí a fixação em aldeamentos, cidades e estados. A agricultura também permitiu o crescimento populacional de maneira acentuada, que gerou novo problema: produzir alimento para uma população maior. Desenvolvimentos técnicos – facilitados pelo maior número de mentes pensantes – permitem que essa dificuldade seja superada, mas por sua vez induzem a um novo aumento da população; o aumento populacional é assim causa e conseqüência do avanço cultural . Mudança Cultural A cultura é dinâmica. Como mecanismo adaptativo e cumulativo, a cultura sofre mudanças. Traços se perdem, outros se adicionam, em velocidades distintas nas diferentes sociedades. Dois mecanismos básicos permitem a mudança cultural: a invenção ou introdução de novos conceitos, e a difusão de conceitos a partir de outras culturas. Há também a descoberta, que é um tipo de mudança cultural originado pela revelação de algo desconhecido pela própria sociedade e que ela decide adotar. A mudança acarreta normalmente em resistência. Visto que os aspectos da vida cultural estão ligados entre si, a alteração mínima de somente um deles pode ocasionar efeitos em todos os outros. Modificações na maneira de produzir podem, por exemplo, interferir na escolha de membros para o governo ou na aplicação de leis. A resistência à mudança representa uma vantagem, no sentido de que somente modificações realmente proveitosas, e que sejam por isso inevitáveis, serão adotadas evitando o esforço da sociedade em adotar, e depois rejeitar um novo conceito. O 'ambiente' exerce um papel fundamental sobre as mudanças culturais, embora não único: os homens mudam sua maneira de encarar o mundo tanto por contingências ambientais quanto por transformações da consciência social. Percepção e etnocentrismo O ser humano comum, imerso em sua própria cultura, tende a encarar seus padrões culturais como os mais racionais e mais ajustados a uma boa vida. Quando muito, percebe algo que é inadequado e que “poderia ser de outra forma.” O que permite uma percepção cultural mais intensa é o contato com outras culturas. Mas, uma vez que se dá este contato, a tendência é rejeitar a outra cultura como inferior, como inatural. É o chamado etnocentrismo, uma barreira que, a despeito de prejudicar o entendimento e relação com outras culturas, serve justamente para preservar a identidade de uma cultura frente à possível difusão de preceitos de outras culturas. Os estudiosos da cultura utilizam o chamado relativismo cultural contra o etnocentrismo: consideram cada aspecto cultural em relação à cultura estudada, e não em relação à sua própria cultura, enquanto sujeitos formados dentro de outro sistema de valores. Cultura em animais É possível, na opinião de alguns cientistas, identificar uma “espécie de cultura” em alguns animais superiores, especialmente mamíferos (e dentro destes, especialmente primatas). Toda esta “espécie de cultura” é muito diferente da que se identifica na espécie humana. Sendo ainda muito inferior à humana, é unicamente física, não englobando qualquer sinal comprovativo de aplicação racional, mas do entendimento. Enquanto os animais inferiores utilizam-se de adaptações físicas e biológicas para resistir aos perigos do meio (por exemplo, reprodução exagerada para manter a espécie - contorna as facilidades na extinção de indivíduos), grupos como os primatas utilizam-se do comportamento adaptável para sobreviver. Os primatas possuem como características fundamentadoras destas opiniões: o uso de instrumentos toscos (para quebrar cascas de alimentos, para se defender), a transmissão para os filhotes de conhecimento. Ciência da Cultura Ciência da Cultura é a ciência que estuda a Cultura como forma de organização e expressão das sociedades mundiais. É um ramo de estudo e análise das Ciências Sociais e por ser de certa forma complexa também faz parte do que comumente chamamos de Ciências Históricas. Isto ocorre basicamento pelo fato de a Ciência da Cultura encontrar na Sociologia, na Antropologia e na História uma finalidade comum que é estudar a sociedade tentado explicar a realidade, através das evidências culturais. A Ciência da Cultura é de enorme importância para os historiadores, pois ela auxilia-os a achar algumas evidências de acontecimentos do passado da humanidade e, desta forma, de estruturas grupais de um determinado tempo remoto, de uma determinada época. Assim, os historiadores conseguem analisar os traços culturais de um povo, buscando as causas de muitas crenças, hábitos, fabricação de objetos, evolução tecnológica e monumentos históricos, que são basicamente patrimônios culturais. Estes, portanto, devem ser protegidos de vandalismos e dos problemas ambientais das sociedades depredatórias de hoje. O estudo da Ciência da cultura normalmente é divido para facilitar seu objeto de análise: Antropologia cultural Estuda o homem como ser cultural. Investiga as culturas humanas no tempo e no espaço; traçando suas origens e desenvolvimento social, suas semelhanças e diferenças, além de uma busca de tentativas de, a partir do homem de antigamente, reconstituir sua história e compreender o homem de hoje, que, por sua vez, sempre manteve sua cultura dinâmica, sempre com seus traços particulares e sociais mutativos, o que faz a Ciência da Cultura apresentar os mesmos tipos de problemas de completa compreensão da sociedade com as outras de Ciências Sociais. A Antropologia cultural muitas vezes é associada a sociologia, tendo alguns sub-ramos, que são: A arqueologia - estuda os traços das culturas das sociedades do passado, através de vestígios arqueológicos. A etnografia - estuda as sociedades ágrafas; aquelas que não tem nenhuma forma de escrita. A etnologia - estuda a análise comparativa entre as diversas culturas. Linguística - estuda a diversidade de línguas como meio de comunicação e instrumento pensante. Determinologia Cultural - estuda a cultura como uma mescla de fatores biológicos e geográficos através do Determinismo, que é a corrente de pensamento científico-cultural que fala da localização e da condição genética como influentes. Dentro da Determinologia Cutural temos o Determinismo Biológico e o Geográfico. Determinismo Biológico Algumas das caracteríticas culturais de povos são influenciadas pelos comportamentos genéticos, sabendo-se que existe a cultura individual e a coletiva. Já outras características são influenciadas ou pelo desenvolvimento tecnológico, como uso do raciocínio, ou por alguns dos comportamentos psicológicos. Mesmo assim, existem tanto comportamentos genéticos quanto psicológicos que não influenciam na cultura, pois o que mais influencia é o aprendizado. O melhor exemplo é de uma xinguana que vai morar numa família de elite, citada em um livro de Roque Laraia chamdo " Cultura: Um conceito antropológico?", em Ipanema no RJ. neste caso ela mudará seus hábitos desde que inserida na nova família antes dos sete anos. Determinismo Geográfico Um ambiente natural pode influenciar no modo de vida de um povo, porém a diversidade cultural não é condicionada pelas características do ambiente em que vivem. Temos como exemplo disso os é que a localização de um povo é condicionada pelos traços culturais. Relativismo Cultural Considerando a extrema diversidade cultural da humanidade, pode-se compreender cada grupo humano; seus valores definidos, suas exclusivas normas de conduta e suas próprias reações psicológicas aos fenômenos do cotidiano, e também suas convenções relativas ao bem e mal, do moral e imoral, ao belo e feio, ao certo e errado ao justo e injusto. A relatividade cultural ensina que uma cultura deve ser compreendida e avaliada dentro de seus próprios moldes e padrões, mesmo que estes pareçam estranhos e exóticos. Os grupos humanos têm direito de possuir e fazer desenvolver a própria cultura sem interferências externas (Direito e autonomia tribal). Ex: Aborígines que ainda não foram atingidos pela civilização. As formas de pensar e agir de grupos diferentes devem merecer o maior respeito possível e por isso, seria injusto a introdução deliberada de mudanças no interior dessas culturas (valores culturais). Os costumes que diferem muito dos da sociedade civilizada devem ser considerados e avaliados dentro da configuração a que pertencem. Ex: a prática da antropofagia entre antigos aborígines Tupis que ocupavam o litoral do Brasil. Deve-se considerar que existem modos de vida bons para um grupo e que jamais serviram para outro. Os estudos dos grupos humanos vem demonstrando que embora existam expressivas diferenças culturais,"outras culturas" não são necessariamente inferiores. Mesmo assim, as sociedades "primitivas" são vistas como pertencentes a um estado inferior de desenvolvimento cultural, sendo consideradas selvagens, bárbaras e de mentalidade atrasada. É uma atitude etnocêntrica, condenada pela antropologia, que defende o princípio de que as culturas não são superiores ou inferiores, mas diferentes, com maiores ou menors recursos, com tecnologia mais ou menos desenvolvida. Cultura visual Cultura visual é um campo de estudo que geralmente inclui alguma combinação de estudos culturais, história da arte e antropologia, enfocando aspectos da cultura que se apóiem em imagens visuais. Entre os teóricos dos estudos culturais que trabalham com a cultura contemporânea, isto freqüentemente se sobrepõe à filmologia e aos estudos sobre televisão, embora também possa incluir o estudo de vídeo-games, HQs, mídia artística tradicional, publicidade, a internet e qualquer outro meio que possua um componente visual crucial. Cultura de massa Chama-se cultura de massa toda cultura produzida para a população em geral — a despeito de heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas — e veiculada pelos meios de comunicação de massa. Cultura de massa é toda manifestação cultural produzida para o conjunto das camadas mais numerosas da população; o povo, o grande público. Cultura de Massa e Cultura Popular Como conseqüência das tecnologias de comunicação surgidas no século XX, e das circunstâncias configuradas na mesma época, a cultura de massa desenvolveu-se a ponto de ofuscar os outros tipos de cultura anteriores e alternativos a ela. Antes de haver cinema, rádio e TV, falava-se em cultura popular, em oposição à cultura erudita das classes aristocráticas; em cultura nacional, componente da identidade de um povo; em cultura, conjunto historicamente definido de valores estéticos e morais; e num número tal de culturas que, juntas e interagindo, formavam identidades diferenciadas das populações. A chegada da cultura de massa, porém, acaba submetendo as demais “culturas” a um projeto comum e homogêneo — ou pelo menos pretende essa submissão. Por ser produto de uma indústria de porte internacional (e, mais tarde, global), a cultura elaborada pelos vários veículos então surgentes esteve sempre ligada intrinsecamente ao poder econômico do capital industrial e financeiro. A massificação cultural, para melhor servir esse capital, requereu a repressão às demais formas de cultura — de forma que os valores apreciados passassem a ser apenas os compartilhados pela massa. A cultura popular, produzida fora de contextos institucionalizados ou mercantis, teve de ser um dos objetos dessa repressão imperiosa. Justamente por ser anterior, o popular era também alternativo à cultura de massa, que por sua vez pressupunha — originalmente — ser hegemônica como condição essencial de existência. O que a indústria cultural percebeu mais tarde (e Adorno constatou, pessimista), é que ela possuía a capacidade de absorver em si os antagonismos e propostas críticas, em vez de combatê-lo. Desta forma, sim, a cultura de massa alcançaria a hegemonia: elevando ao seu próprio nível de difusão e exaustão qualquer manifestação cultural, e assim tornando-a efemêra e desvalorizada. A “censura”, que antes era externa ao processo de produção dos bens culturais, passa agora a estar no berço dessa produção. A cultura popular, em vez de ser recriminada por ser “de mau gosto” ou “de baixa qualidade”, é hoje deixada de lado quando usado o argumento mercadológico do “isto não vende mais” — depois de ser repetida até exaurir-se de qualquer significado ideológico ou político. No contexto da indústria cultural — da qual a mídia é o maior porta-voz — são totalmente distintos e independentes os conceitos de “popular” e “popularizado”, já que o grau de difusão de um bem cultural não depende mais de sua classe de origem para ser aceito por outra. A grande alteração da cultura de massa foi transformar todos em consumidores que, dentro da lógica iluminista, são iguais e livres para consumir os produtos que desejarem. Dessa forma, pode haver o “popular” (i.e., produto de expressão genuína da cultura popular) que não seja popularizado (“que não venda bem”, na indústria cultural) e o “popularizado” que não seja popular (vende bem, mas é de origem elitista).]] Questões sobre a Cultura Popular Quem ou o que determina a cultura popular e qual a sua origem? Ela surge do próprio povo como expressão autônoma de seus interesses e de suas experiências, ou é imposta por aqueles que detêm o poder, como forma de controle social? E ainda: emerge das “classes inferiores” ou vem “de cima” – das elites -, ou será mais apropriadamente uma questão de interação entre as duas? Será que o surgimento da cultura na forma de mercadoria prioriza os critérios de rentabilidade e de negociação em detrimento da qualidade, do talento artístico, da integridade e do desafio intelectual? Ou será que a expansão do mercado assegura seu caráter genuinamente popular porque tornou acessíveis mercadorias que o povo realmente deseja? Ou ainda, o que prevalece quando a cultura popular é manufaturada industrialmente e comercializada de acordo com os critérios de mercado? A cultura popular serve para doutrinar o povo? Para induzi-lo a aceitar e a aderir a idéias e valores que assegurem a continuidade da dominação daqueles que exercem o poder? Ou representa revolta e oposição a ordem social predominante? Será que expressa, de alguma maneira, uma imperceptível, sutil e incipiente resistência ao poder e a subversão das formar dominantes de pensamento e ação? Essas questões ainda estão muito presentes no estudo da cultura popular, mas assim como outras, receberam uma atenção sistemática e considerável nas discussões sobre cultura de massa que começaram a crescer a partir dos anos 1920. As décadas de 1920 e 1930 foram decisivas para o estudo e a avaliação da cultura popular. O advento do cinema e do radio, a produção e o consumo de massa, a ascensão do fascismo e o amadurecimento das democracias liberais em certos países ocidentais contribuíram para definir os rumos dos debates sobre cultura de massa. Produtos culturais como filmes de cinema não são produzidos em larga escala como automóveis, já que relativamente poucas cópias são necessárias para se atingir uma grande audiência. A existência de meios muito eficientes para atingir um grande número de pessoas em sociedades com regimes políticos totalitários foi considerada por muitos uma maneira a mais – juntamente com a coerção de fortalecer tais regimes e de suprimir alternativas democráticas. Os meios de comunicação como o radio e o cinema transmitiam a ideologia oficial do regime fascista porque permitiam o controle centralizado e alcançavam um público enorme. Cultura popular Cultura popular, cultura de massa ou cultura pop é a cultura vernacular - isto é, do povo - que existe numa sociedade moderna. O conteúdo da cultura popular é determinado em grande parte pelas indústrias que disseminam o material cultural, como por exemplo as indústrias do cinema, televisão, música e editorais, bem como os veículos de divulgação de notícias. No entanto, a cultura popular não pode ser descrita como o produto conjunto dessas indústrias; pelo contrário, é o resultado de uma interação contínua entre aquelas e as pessoas pertencentes à sociedade que consome os seus produtos. Características A cultura popular está constantemente mudando e é específica quanto ao local e ao tempo. Dentro da cultura popular, formam-se correntes, na medida em que um pequeno grupo de indivíduos terá maior interesse numa área da qual a cultura popular mais generalizada se apercebe apenas parcialmente a existencia. Os ícones da cultura popular tipicamente atraem uma maior quantidade e variedade de público; ocasionalmente, têm um cunho esotérico, como no caso da maçonaria. Existem duas razões porque os itens que atraem as massas dominam a cultura popular. Por um lado, as companhias que produzem e vendem os seus itens de cultura popular tentam maximizar os seus lucros, enfatizando itens que agradem a todos. Por outro lado, aparentemente, a cultura popular é governada pelo efeito meme de Richard Dawkins, o qual é uma forma de selecção natural - os itens da cultura popular com maior probabilidade de sobreviver são aqueles que atraem maior quantidade e variedade de público, propagando-se mais eficazmente. Uma opinião amplamente sustentada é a de que a cultura popular tende a ser superficial. Os itens culturais que requerem grande experiência, treino ou reflexão para serem apreciados, dificilmente se tornam itens da cultura popular. Fontes A cultura de massa tem múltiplas origens. É alimentada principalmente à custa das indústrias que têm lucros a inventar e promover material cultural. Entre elas, encontram-se a indústria da música popular, cinema, televisão, rádio, bem como editoras de livros e jogos de computador. Uma segunda fonte da Cultura Popular, muito diferente da primeira, é o elemento folclórico. Inclusivamente, no mundo pré-industrial, a cultura de massa como hoje é entendida não existia, existindo, no entanto, uma cultura folclórica. Esta camada anterior de cultura ainda persiste na nossa sociedade, seja, por exemplo, em forma de anedotas ou de calão, as quais se espalham pela população de boca em boca, tal como sempre aconteceu. Apesar de ser repetidamente mortificado pelos abastecedores de cultura comercial, o público tem os seus próprios gostos e nem sempre são previsíveis quais os itens culturais a ele vendidos que obterão sucesso. Este ponto forma outro ingrediente da cultura de massa. Por outro lado, as crenças e opiniões acerca dos produtos da cultura comercial são espalhados de boca em boca, sendo modificadas no processo, tal e qual como o folclore. Uma fonte diferente de cultura popular são as comunidades profissionais que providenciam fatos ao público, frequentemente acompanhados por interpretação. Estas incluem os media de notícias, bem como as comunidades científicas e académicas. O trabalho de cientistas e académicos é usualmente minado pelos media de notícias e é transmitido ao público com ênfase em pseudo-factos com poder para impressionar ou outros itens com atração inerente. Tanto os factos académicos como as histórias das notícias são modificadas por transmissão folclórica, sendo por vezes transformadas em perfeitas falsidades, conhecidas por mitos urbanos. Por outro lado, muitos dos mitos urbanos não têm nenhuma origem factual e foram simplesmente inventados por diversão. Feedback Os trabalhadores criativos na música, cinema e televisão comercial - por exemplo, escritores de guiões - são, obviamente, eles próprios membros de uma sociedade cultural; na realidade, são, usualmente, membros totalmente inseridos naquela. Esse facto gera frequentemente um feedback, na medida em que a porção folclórica da cultura popular serve como uma alimentação da porção comercial. Por exemplo, os estereotipos sobre os homossexuais presentes na cultura popular podem ter uma influência importante nos filmes com personagens homossexuais. Por sua vez, isto pode originar um feedback, propagando os estereotipos, eventualmente de forma exagerada. Um exemplo mais inocente será o dos escritores dos guiões da série de desenhos animados Os Simpsons terem tido conhecimento da banda de música Kraftwerk pela boca de amigos e conhecidos - leia-se, folcloricamente e ao mencionar a banda num dos episódios da série propagaram a fama deste grupo para milhões de outros indivíduos. Estudos Embora a cultura popular não seja particularmente prestigiosa, levanta uma série de questões importantes e interessantes, tais como o modo como se dissemina ou que características são necessárias para que um item em particular se torne parte da cultura popular. Os estudos de cultura popular são uma disciplina académica que estuda a cultura popular. É geralmente considerada como uma combinação de estudos de comunicação com estudos culturais. As discussões académicas sobre a cultura popular iniciaram-se mal se formou a sociedade de massas contemporânea e os trabalhos inicalmente desevolvidos sobre cultura popular ainda influenciam os contemporâneos. A sociedade de massas A sociedade de massas formou-se durante o processo da industrialização do século XIX, através da especialização em tarefas, a organização industrial em larga escala, a concentração de populações urbanas, a centralização crescente do poder de decisão, o desenvolvimento de um complexo sistema de comunicação internacional e o crescimento dos movimentos políticos das massas. Alan Swingewood escreveu em O Mito da Cultura de Massa (1977) que a teoria aristocrática da sociedade de massas está ligada à crise moral causada pelo enfraquecimento dos centros tradicionais de autoridade, como a família e a religião. A sociedade prevista por Ortega y Gasset, T. S. Eliot e outros autores é uma dominada por massas filistinas, sem centros ou hierarquias de autoridade moral ou cultural. Nesse tipo de sociedade, a arte só consegue sobreviver se conseguir cortar as suas ligações com as massas, refugiando-se nos valores ameaçados. Ao longo do século XX, este tipo de teoria foi utilizada para distinguir a arte autónoma, pura e desinteressada da cultura de massa comercializada. A indústria da cultura À primeira vista, diametralmente oposta à teoria aristocrática, a teoria da indústria da cultura foi desenvolvida pelos teóricos da Escola de Frankfurt, tais como Theodor W. Adorno, Max Horkheimer e Herbert Marcuse. Segundo estes autores, as massas são dominadas por uma indústria de cultura que obedece somente à lógica do capitalismo. A evolução progressiva Uma terceira teoria acerca da cultura popular, influenciada pela ideologia liberal pluralista, é denominada frequentemente por evolucionismo progressivo e é mais optismista. Encara a economia capitalista como a criação de oportunidades para que qualquer indivíduo possa participar numa cultura completamente democratizada pela educação em massa, expansão do tempo de lazer e álbuns de música e livros baratos. Nesta visão, a cultura popular não ameaça a alta cultura, sendo uma expressão autêntica das necessidades do povo. Como escreve Swingewood (1977), neste caso não existe a questão da dominação da cultura. Estudos contemporâneos Vestígios da teoria da indústria da cultura Surge com a chegada da burguesia ao poder em alguns países capitalistas, como foi o caso dos EUA e Inglaterra. O modelo capitalista de cultura procurou meios para lucrar com uma cultura que ultrapassasse as fronteiras e atingisse o mundo, isso com a ajuda da tecnologia em franco desenvolvimento (imprensa, rádio, televisão, cinema), impondo assim uma cultura massificada para diversos povos com culturas distintas. A cultura popular e a Wikipedia A Wikipedia, escrita por editores amadores em regime de voluntariado, inclui na quase totalidade das suas versões linguísticas, uma enorme quantidade de informação específica acerca da cultura popular contemporânea, com artigos sobre trabalhos individuais de cultura popular, os seus criadores, a sua tecnologia e os seus personagens de ficção. Tal ilustra que os participantes numa cultura popular - da qual fazem parte também os editores da Wikipedia -, retêm mentalmente uma grande quantidade de factos e julgamentos estéticos acerca da cultura popular a que foram expostos. Ilustra também um dos valores da Wikipedia, uma vez que as enciclopédias tradicionais não contêm este tipo de informação, apesar da sua relevância indiscutível para compreender o estado contemporâneo da humanidade. Cultura erudita Cultura erudita é a produção acadêmica centrada no sistema educacional, sobretudo na universidade. Trata-se de uma cultura produzida por uma minoria de intelectuais das mais diversas especialidades, e geralmente saídos dos segmentos superiores da classe média e da classe alta. A cultura erudita está ligada à elite, ou seja, está subordinada ao capital pelo fato de este fator viabilizar esta cultura. Esta exige estudo, pesquisa para se obter o conhecimento, portanto não é viavel a uma maioria, e sim a uma classe social que por sua vez possui condições para investir nesses aspectos e em fim obter o conhecimento.