Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2016 LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DE ANGIOSPERMAS DURANTE VERÃO E OUTONO E CONSTRUÇÃO DE TRILHA PARADIDÁTICA VIVIANE P. PEREIRA1, ESTELA de S. ROSSETTO2 1 2 Discente do curso Técnico em Química, Bolsista PIBIFSP, IFSP, Campus Sertãozinho, [email protected]. Docente de Biologia, IFSP, Câmpus Sertãozinho, [email protected]. Área de conhecimento: Botânica – 2.01.00.00-0 Apresentado no 7° Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP 29 de novembro a 02 de dezembro de 2016 - Matão-SP, Brasil RESUMO: O presente trabalho, realizado no Campus de Sertãozinho do IFSP, trata da criação de uma trilha paradidática pelas áreas verdes da instituição, que ofereça aos seus usuários uma experiência prática sobre conceitos de botânica. A observação de campo, proposta pela trilha, oferece oportunidade para que possam ser estabelecidas relações entre teoria e prática, para melhor fixação de termos e conceitos. Registros fotográficos de espécies de Angiospermas presentes no Campus foram feitos, e após a identificação e organização do material, iniciou-se o planejamento da trilha, com a confecção de cartazes e placas. Para que a trilha proposta gere interesse e atenda os usuários do campus, foram realizadas visitas-piloto da trilha com acompanhamento de voluntários durante o trajeto, e em seguida, um teste referente ao interesse espontâneo. PALAVRAS-CHAVE: alternativas didáticas; ensino botânica; trilha paradidática. DETERMINATION OF ANGIOSPERMS SPECIES DURING SUMMER AND AUTUMN AND PARADIDACTIC TRAIL ELABORATION ABSTRACT: This work, carried out in Sertãozinho Campus, IFSP, is creating a paradidactic track by the green areas of the institution, which offers its users a practical experience on concepts of botany. The field observation proposed by the trail offers an opportunity for the establishment of relations between theory and practice, and better fixation of terms and concepts. Angiosperm species present in the campus were photographed, identified and analyzed in relation to the issues studied in Botany classes. A first track dealing with flowers and fruits began to be planned, with the production of posters and signs. In order to evaluate if the proposed track generate interest on the users of the campus, a group of volunteers were monitored along the way, and answered a test regarding the spontaneous interest and suggestions. KEYWORDS: teaching alternatives; botanical education; paradidactic track INTRODUÇÃO É vasta a quantidade de temas relacionados a botânica na disciplina de Biologia (GEWANDSZNAJDER; LINHARES, 2010), que se contrapõe ao limitado número de aulas, por isso, são priorizadas aulas expositivas em sala de aula. Isso resulta na dificuldade do aluno em relacionar conceitos teóricos com as observações cotidianas, justificando a busca de alternativas didáticas que ofereçam uma parte prática da disciplina, com o objetivo de facilitar a aprendizagem e revisão de conteúdos trabalhados previamente. No ensino de Biologia é indispensável que o professor se apoie em exemplos vivos que proporcionem a fixação de conteúdos importantes (RISSI; CAVASSAN, 2013), e as aulas práticas de botânica são apontadas como mais interessantes e motivadoras pelos alunos, já que incluem as interações biológicas envolvidas, além de proporcionar um aprofundamento menos abstrato dos conteúdos (SENICIATO; CAVASSAN, 2004). Como visitas externas demandam custos de deslocamento e outros, uma alternativa é a exploração das áreas verdes do Campus, que podem ser preparadas com uso de cartazes e placas, para destacar os recursos naturais por elas oferecidas. O objetivo do presente trabalho é organizar trajetos pelas áreas verdes, desenvolvendo trilhas paradidáticas dinâmicas, explorando recursos disponíveis em cada período e que estimule a comunidade do Campus a observar áreas verdes (jardins e canteiros), possibilitando que estabeleçam relações entre termos teóricos aprendidos nas aulas e as observações cotidianas. MATERIAL E MÉTODOS Foi feito um levantamento de conceitos e termos relacionados à botânica contidos nos livros didáticos de biologia (GEWANDSZNAJDER; LINHARES, 2010), que pudessem ser trabalhados de forma prática nas áreas verdes do campus. Concomitantemente, foram feitas visitas e explorações pelo Campus. Como o período inicial do projeto coincidiu com a época de floração de muitas espécies, foram feitos registros fotográficos das flores encontradas, utilizando uma Câmera Digital Sony 20.1MP. Em seguida, fez-se a identificação e organização das espécies encontradas em tabelas de tipos de frutos e inflorescências, além de um mapeamento que posteriormente auxiliou na construção das trilhas. Com um número significativo de espécies que abordavam o mesmo tema, iniciou-se o planejamento da primeira trilha paradidática. Com base nas características de cada flor, começou a ser pensado a melhor forma (simples, clara e direta) de representá-las em cartazes individuais para cada espécie. A seguir, iniciou-se a fase de testes. Cinco pessoas foram convidadas a participar de uma caminhada-piloto guiada pela trilha, na qual foram apresentadas as quatro espécies, com auxílio de suas respectivas placas. Foi solicitado que respondessem um pequeno questionário sobre a experiência, destacando o que poderia ser melhorado. Além disso, foram colocadas três placas pelo Campus, com um espaço para que quem por lá passasse, pudesse fazer um registro, a fim de avaliar se as placas chamariam a atenção sem prévia divulgação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após buscas de assuntos e temas em livros didáticos, foi possível listar conhecimentos de botânica essenciais a um egresso do ensino médio, que eram observados durante as visitas pelo Campus: tipos de flores, inflorescências e frutos, morfologia das Angiospermas, aspectos da polinização e reprodução, e recursos florais oferecidos. O levantamento de temas restringiu-se às Angiospermas, pois foi notada a ausência de Pteridófitas e de Gimnospermas. O não aparecimento das Pteridófitas justifica uma posterior investigação, pela característica de bioindicador de poluição que este grupo possui. Por apresentar sensibilidade a alterações ambientais, a ausência de espécies insinua um elevado índice de poluição. (WINDISCH, 1990). A etapa de observação geral de flores se deu em dois tipos de áreas: uma de vegetação espontânea (composta principalmente de espécies nativas invasoras), e outra jardinada. Na primeira, após consulta a um livro específico sobre “plantas daninhas” (LORENZI, 2008), foram identificadas treze espécies de Angiospermas, e dentre elas, quatro tipos de inflorescências (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014): capítulo, cimosa, axilar e espiga. Na segunda área, foram registradas dezesseis espécies diferentes, sendo possível identificar cinco tipos de inflorescências: umbela simples, umbela composta, racemo, capítulo e espádice. Nas visitas pelo Campus foi notado que, por oferecer material nutritivo (néctar e pólen), a presença de flores de várias espécies atraía borboletas e abelhas, que participam da primeira etapa na formação do fruto. Pensando nisso, foi definido o tema da primeira trilha: flores e frutos. Dentre as espécies disponíveis, foram escolhidas três de “plantas daninhas”, por apresentarem grande incidência devido seu crescimento espontâneo, e forte atrativo a agentes polinizadores. São estas: Tridax procumbens, Canavalia sp, Ananas comosus, e a planta Kalanchoe laetivirens, que, além da reprodução sexuada, também realiza reprodução assexuada do tipo brotamento (GEWANDSZNAJDER; LINHARES, 2010). Após a escolha, cartazes individuais foram desenvolvidos e manufaturados. Em todos eles, colocou-se o nome de cada espécie e fotos de flor e fruto (Figura 1), e a cada flor, foi destacada uma característica particular: Tridax procumbens: inflorescência de tipo capítulo, ilustrada com esquema morfológico da flor, indicando suas partes. Canavalia sp: desenvolvimento de uma vagem: fruto seco deiscente de crescimento longitudinal. Ananas comosus: o abacaxi, fruto muito conhecido, é uma infrutescência, resultado de uma inflorescência do tipo espiga. Kalanchoe laetivirens: mecanismo de reprodução assexuada através de brotos produzidas pela própria planta nas laterais de suas folhas, que ao caírem na terra, se enraizarão e continuarão seu desenvolvimento (GEWANDSZNAJDER; LINHARES, 2010). FIGURA 1. Flor e fruto das espécies Tridax procumbens (duas primeiras fotos), Canavalia sp (terceira e quarta foto) e Ananas comosus (quinta e sexta foto). De forma unanime, as pessoas convidadas para o teste da trilha sugeriram que fosse alterada a explicação de formação do fruto, e considerando que este era o tema da trilha, essa sugestão foi acatada e isso foi um ponto bastante trabalhado. Como resultado, foi feita uma ilustração de todo o processo, e uma explicação mais simples e resumida foi desenvolvida. Devido ao final da floração das espécies indicadas, essa trilha foi descontinuada, mas todo o material produzido foi guardado para uma posterior oportunidade de uso. Foram computados um total de trinta registros feitos pelas pessoas que passaram pelas placas, espontaneamente, em um período de dois dias, além das pessoas que passavam pelas placas, mas não faziam o registro. Comentários positivos foram feitos a respeito de como o tema foi tratado, de forma ilustrada e lúdica, comprovando que a sugestão referente a ilustração do processo de formação de fruto tem grande peso no entendimento e compreensão do assunto. CONCLUSÕES Após dois meses de visitas e observações, foram registradas, por suas características de interesse, 29 espécies diferentes de Angiospermas no Campus. A partir dos testes já realizados, foi possível visualizar o perfil do público, que aprecia o uso de cartazes com linguagem simples e resumida, pelas áreas verdes da Instituição e demandam uma divulgação prévia da presença desses recursos didáticos. Dessa forma, essa necessidade continuará sendo trabalhada, com a exposição de mapas em locais de maior circulação, marcação de trajetos no chão, e outras medidas que convidem as pessoas para um passeio, até que se torne um hábito. Os recursos botânicos das próximas estações do ano serão explorados na criação de novas temporadas da trilha. AGRADECIMENTOS A família e amigos pelo imensurável apoio e incentivo, aos funcionários do Campus pelas colaborações nas diversas fases do projeto, a Instituição pela concessão de bolsa de Iniciação Científica ao discente, e principalmente a Deus, sem o qual nada disso seria possível. REFERÊNCIAS GEWANDSZNAJDER, Fernando; LINHARES, Sérgio. Biologia Hoje: Os seres vivos. 1ª ed. São Paulo: Editora Ática S.A., 2012. LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 4ª ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. MORE: Mecanismo online para referências, versão 2.0. Florianópolis: UFSC Rexlab, 2013. RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray Franklin; EICHHORN, Susan E.. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 906 p. RISSI, Mariana Ninno; CAVASSAN, Osmar. Uma proposta de material didático baseado nas espécies de Vochysiaceae existentes em uma trilha no cerrado de Bauru - SP. Biota Neotrop., Campinas , v. 13, n. 1, p. 27-41, mar. 2013 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167606032013000100003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 mai. 2016. SENICIATO, Tatiana; CAVASSAN, Osmar. Aulas de campo em ambientes naturais e aprendizagem em ciências: um estudo com alunos do ensino fundamental. Ciênc. educ. (Bauru), Bauru , v. 10, n. 1, p. 133-147, 2004 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151673132004000100010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 mai. 2016. WINDISCH, P. G. Pteridófitas da Região Norte-Ocidental do Estado de São Paulo: Guia para excursões. 2ª ed. Campus de São José do Rio Preto - SP: UNESP. 1990.