GESTÃO DE PESSOAS

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RH ESTRATÉGICO
1
Sabe-se o enorme valor das pessoas para as
organizações e que os resultados dependem delas.
O RH é o setor que responde, ou deveria responder,
por elas.
A partir daí, podemos afirmar que o RH é a área
mais poderosa da empresa?
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Palestras Inteligentes
Contatos com o autor: [email protected]
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MARCELO DE ELIAS
Palestrante profissional, escritor, consultor e professor requisitado em todo
país. As empresas o tem reconhecido como uma das maiores revelações em
palestras da atualidade.
Graduado em Administração com MBAs em Gestão Empresarial
Estratégica pela USP e em Desenvolvimento e Gestão de Pessoas pela FGV,
possui MBA Executivo Internacional pela Universidade de Tampa na
Flórida/EUA, além de formação executiva pela Fundação Dom Cabral.
Especializado em Gestão Estratégica com intercâmbio técnico-profissional
em diversas empresas americanas, nos estados de New Mexico e Texas.
Experiência como Executivo de Recursos Humanos, professor de pós
graduação e MBAs em renomadas instituições em todo país.
Assina colunas especializadas em portais de internet e revistas. É coautor
do livro “Ser Mais em Gestão de Pessoas”, com artigo sobre RH estratégico,
tema pelo qual é reconhecido como um dos maiores especialistas do país.
Suas ideais sobre esse assunto tem sido difundidas em diversas escolas,
empresas e congressos no Brasil e exterior.
Consultor da Franklin Covey e diretor da consultoria Academia de
Empresas. É Green Belt em Seis Sigma e auditor de sistemas e processos de
gestão.
Saiba mais em: www.marcelodeelias.com.br
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Capítulo 1
O RH, as pessoas e a empresa.
É recorrente ouvirmos especialistas em negócios,
presidentes e diretores de empresas dizerem que o grande
diferencial estratégico está nas pessoas. Isso todo mundo já sabe,
até porque se vivemos a era do conhecimento, dos talentos e da
inovação, estamos falando, em outras palavras, que as pessoas nas
organizações constituem um grande capital humano e investir em
pessoas é investir em resultado.
Daí pode-se concluir: Se as pessoas e seus impactos nos
negócios estão sendo cada vez mais valorizadas nas empresas e se
gerir empresas é gerir pessoas, o RH é a área que detém o maior
“poder”?
A prática que observamos nos faz responder: Não. E qual é
o motivo disso? Falta de visão por parte dos diretores que não
valorizam o RH? Discurso diferente da prática? Falta de espaço e
oportunidades?
De uma forma geral, muitos RHs ainda não perceberam que
seu verdadeiro papel é de desenhar políticas, projetos,
procedimentos e processos alinhados com a estratégia da empresa
e que, ao mesmo tempo, sejam competitivos no mercado e
satisfaçam os anseios das pessoas. Entendemos que o RH deve
desenvolver seus métodos de trabalho, ferramentas e políticas, a
5
fim de alcançar o perfeito equilíbrio entre a estratégia do negócio e
a expectativa dos colaboradores.
Infelizmente é verdade quando afirmamos que muitos RHs
ainda têm pouca expressão em algumas empresas. O guru Tom
Peters, em seu livro “Reimagine” diz que “a grande maioria dos
planos estratégicos das grandes empresas não tem nenhum capítulo
dedicado à estratégia de RH”.
Muitos RHs ainda vêem que sua missão principal é trabalhar
operacionalmente, estando mais preocupados com os “o quês” do
que com os “por quês”. Enxergam que seus papéis se limitam a
fazer entrevistas, organizar treinamentos, cuidar da folha de
pagamento, coordenar os benefícios como planos de saúde e
aposentadorias. Tudo isso é muito importante, mas tratam-se de
atividades “meio” e não “fim”. É fácil perceber essa visão (ou falta
dela), quando se observa que os RHs conformam-se em trabalhar
sem medir os resultados, organizar belos treinamentos sem saber se
foram eficazes, administrar a “rotina” trabalhista sem pensar em
inovação e melhoria.
Sem agregar valor, os RHs são vistos como centros de custos
(quando o certo seria “centros de lucros”). Muitos ainda não
percebem a utilidade da área e até chegam a vê-la como um peso
morto, um setor burocrático e porque não dizer, uma barreira às
pessoas.
Keith Hammonds, repórter da revista Fast Company, em seu
artigo “Porque odiamos o RH”, publicado no Brasil pela revista HSM,
afirma que mesmo com o discurso esperançoso sobre sentar-se à
mesa de quem realmente manda na empresa, a maioria dos
profissionais de recursos humanos não chegou nem perto de estar
lá. A verdade nua e crua é que, segundo ele, as pessoas de RH, em
geral, não são nem líderes nem parceiros estratégicos em suas
empresas. Pega pesado quando proclama que a atividade de RH já
6
mostrou ser, na melhor das hipóteses, um mal necessário, e, na
pior, uma força burocrática obscura que faz valer regras sem
sentido, resiste à criatividade e impede a mudança construtiva.
Recentemente, em 2014, foi a vez do guru da gestão
empresarial Ram Charan, em seu artigo na Harvard Business
Review, juntar-se ao coro dos que defendem a extinção do
departamento de recursos humanos das empresas. A ideia é que o
RH clássico engessa a inovação e emperra os negócios com
processos ineficientes.
Para ele, os departamentos de RH são ocupados hoje por
funcionários generalistas que não contribuem com os objetivos
globais das empresas. As exceções são executivos que já ocuparam
cargos em outras áreas. Por isso, sua sugestão é eliminar a posição
de executivo de RH e criar duas vertentes: Uma de administração,
que cuidaria da gestão de salários e benefícios, subordinada ao
executivo financeiro. A outra vertente seria de organização e
liderança, que cuidaria de desenvolvimento de habilidades e se
reportaria diretamente ao executivo-chefe. Passariam por este
setor os melhores talentos de todas as áreas – o que transformaria
a atual instância burocrática em estágio de ascensão profissional.
Nosso objetivo aqui não é levantar uma bandeira em defesa
ao RH, até porque alguns profissionais da área merecem esta crítica.
Mas ainda assim persiste a questão: Se estamos na era dos talentos
e as pessoas são tão importantes, por que este setor, que é a área
que cuida de gente, tem eficácia questionada e ainda é pouco
valorizada?
Apesar de a resposta ser difícil, sabe-se qual é o perfil
daqueles que são elogiados e têm o devido valor: Ser estratégico,
olhar de fora para dentro, entender do negócio da empresa, atuar
proativamente, buscar ferramentas para atrair e reter talentos,
7
mostrar resultados e desenvolver os líderes são ações fundamentais
para o RH mostrar a sua cara.
Então para que serve um departamento de RH? Uns até
profetizam o fim da atividade. Já sabemos que com o passar do
tempo a quantidade de terceirização e automatização do RH será
ainda maior.
Algumas empresas, tentando fugir desse risco, procuram o
melhor título para este departamento. É comum encontrarmos
empresas que atribuem diversos nomes para o setor. Recursos
Humanos, Departamento Pessoal, Área de Desenvolvimento
Organizacional, Gestão de Pessoas, Setor de Gente, Divisão de
Gestão de Capital Humano, Administração de Pessoal.
Não entro no mérito do nome da área, apesar de
reconhecer que alguns são mais adequados do que outros. Mesmo
com nomes diferenciados, o que faz a verdadeira diferença é a
forma de atuação. Nas empresas mais competitivas, o RH é parceiro
efetivo na concepção e execução das estratégias, pró-ativo e muito
valorizado pela diretoria.
Um RH eficaz deve entender de alma e de negócios. O RH só
cumprirá efetivamente o seu papel se entender os objetivos e
metas da organização e se conseguir ter uma visão mais sistêmica e
menos operacional. Tudo isso sem esquecer que também deve
entender, e bastante, de gente.
8
Capítulo 2
O que se espera do RH
No passado o que se esperava era a eficiência nos processos
típicos de um departamento de pessoal, atuando com qualidade nas
atividades relativas a admissões, promoções, demissões, entre
outros. Depois, veio a necessidade de treinar e selecionar as
pessoas. Logo após, demandaram do RH que entendesse de
números e buscasse os resultados organizacionais. Agora o papel é
mais complexo e muito mais estratégico. Cabe ao RH projetar o
futuro e, a partir daí, combinar os esforços para aliar as pessoas ao
negócio.
A consultoria PriceWaterhouseCoopers realizou uma
pesquisa junto aos presidentes e gerentes de empresas. O
questionamento era relacionado às expectativas e percepções
quanto ao RH. O resultado alinha-se à opinião daqueles que criticam
sua eficácia.
A opinião dos CEOs:
 Eles concordam que o papel do executivo de RH é
fundamental para a estratégia de negócio e de pessoas;
 Identificam que eles são mais reativos do que deveriam,
não tendo a iniciativa nas ações que geram competitividade
aos negócios;
 Abordam a dificuldade que os RHs têm em defender a
necessidade de investimentos em seus processos;
9


Dizem que falta assertividade, aceitando o não muito
facilmente;
Alegam que constroem parcerias frágeis.
Os gerentes das empresas, que têm o RH como um fornecedor
interno, vêem:
 O RH é fundamental, mas a velocidade das respostas é
muito mais lenta do que a realidade da empresa;
 Não conseguem enxergar a relação entre os programas de
RH e o impacto nos resultados de seus negócios;
 Quando o RH se coloca no papel de um verdadeiro parceiro
do negócio, agrega um grande valor.
Dave Ulrich, autor do best seller Os campeões de recursos
humanos: inovando para obter os melhores resultados, é professor
de Administração da Universidade de Michigan. Ele foi eleito pela
revista Business Week um dos dez melhores professores do mundo
em disciplinas gerenciais e o melhor em Recursos Humanos. Como
um grande especialista da área, aponta os três maiores desafios do
RH:



Agregar valor. Ter a certeza de que todas as coisas feitas
pelo RH adicionam valor para os colaboradores, executivos,
clientes e acionistas;
Organizar a função de RH. Significa encontrar um modo de
fazer a administração do trabalho melhor, mais rápida e
mais barata através da tecnologia e da transformação do
trabalho, com pessoas de RH focadas e com centros de
expertise;
Ter a habilidade para a mudança, a liderança e o talento.
Segundo ele, estes são os três pontos mais importantes.
O mesmo professor reconhece que muitas pessoas criticam a
área porque grande parte dos RHs não está focada em agregar valor
para a empresa. Atribui isso a algumas prováveis causas, observadas
10
após colher a opinião de diversos funcionários de organizações
diversas ao longo de muitos anos de trabalho e pesquisa:




O foco operacional de alguns profissionais do ramo,
extremamente burocrático, com olhos somente nos
controles.
A não valorização da prática de RH, como por exemplo,
alguns sistemas de avaliação de desempenho que não
respondem às necessidades da empresa devido a sua
lentidão.
O descompasso da função de RH em relação aos desafios
atuais, como por exemplo, a falta de uma estratégia clara;
Os profissionais de RH não são adequados para atuar junto
aos colaboradores.
Ulrich explica a situação desses profissionais usando uma regra que
ele chama de 20-60-20:
 20% dos profissionais de RH não são competentes e não são
capazes de agregar valor. Independente de treinamentos e
oportunidades que surgirem, eles nunca conseguirão. A
maior parte das acusações ao RH está focada neste grupo,
enraizado no passado.
 20% são excepcionais. São verdadeiros realizadores e
parceiros da estratégia da empresa.
 60 % restantes são medianos. E esse é o desafio maior:
mover os 60% do meio. Estes são profissionais competentes
e comprometidos que, com treinamento, oportunidades e
alinhamento de foco, poderão se desenvolver e contribuir
fortemente com as organizações.
O consultor Marcos Piccini, da consultoria Hay Group, em
entrevista para a revista Você S/A, aponta as principais falhas do
RH:
11




Falta objetividade. A área ainda não sabe lidar com o dia-adia e está mais preocupada em implantar um novo
benefício do que acompanhar o clima da organização;
Falta clareza. Ainda impera a cultura paternalista. Em vez de
conhecer a real possibilidade de crescimento das pessoas, o
RH passa a mão na sua cabeça;
Falta assertividade ao dar retorno. É mais fácil dizer para
alguém as razões de sua promoção do que explicar para o
outro o motivo de ele estar estagnado em um cargo;
Falta visão de longo prazo. Os RHs apagam incêndio, em vez
de pensar como a empresa será daqui a dez anos.
No já comentado artigo “Porque odiamos o RH” escrito por
Keith Hammonds, quatro problemas são abordados:

As pessoas de RH normalmente são inteligentes, mas não
são da área de negócios. Alguns ingressam nessa área por
opção própria e com as melhores intenções, mas pelos
motivos errados: gostam exclusivamente de trabalhar com
gente e querem ajudar, mas esquecem que se trata de um
trabalho para quem também é capaz de gerir as pessoas no
intuito de aumentar o valor da empresa.

O RH busca eficiência em vez de valor. Provavelmente
porque é mais fácil de mensurar. Cabe aos profissionais de
RH entenderem que não são avaliados pelo que fazem, e
sim pelo resultado que oferecem. Não se refere apenas ao
valor proporcionado aos funcionários e aos gerentes, mas
também aos benefícios gerados para acionistas e clientes.

Existe uma tensão criada pelo papel de RH como protetor
de ativos empresariais que o obriga a garantir que não
sejam transgredidas as regras. Isso faz com que os
profissionais da área fiquem na posição de “mocinhosbandidos”. É preciso dar um passo para fora desse círculo
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vicioso, para ver as possibilidades mais amplas e assumir
uma abordagem mais aberta. Deve-se entender em que
pontos podem ser feitas exceções às políticas que englobam
tudo da mesma forma.

A pessoa que tem o escritório com a vista mais bonita não
entende o RH (e vice-versa). Ainda falta um pouco para os
presidentes de empresas enxergarem o RH como um
parceiro de fato.
13
Capítulo 3
Mas o que é o RH Estratégico?
Antes de escrever sobre o RH estratégico, é importante
entendermos os tipos de RHs que existem:
RH Operacional
É aquele típico RH burocrático, com visão umbilical e foco
apenas em seus próprios processos. O RH operacional não é, como
muitos pensam, somente o departamento pessoal que atua na
elaboração da folha de pagamento e cálculos trabalhistas. Mesmo
os RHs que possuem ações estruturadas de treinamento, seleção,
avaliação de desempenho e programas de gestão podem vir a ter
foco estritamente operacional, fechando-se para o restante da
empresa e preocupando-se exclusivamente com suas atividades,
sem importar-se com os impactos de suas ações nos resultados e
nos maiores objetivos da organização.
Infelizmente, grande parte dos RHs ainda é assim. Esse é o
típico departamento que vem correndo risco de extinção. Já não é
de hoje que a administração da folha de pagamento vem sendo
terceirizada e, em alguns casos, até extinta.
Softwares, interligados aos relógios de ponto e controle de
acesso, fazem os cálculos e avisam (on-line e em tempo real) a rede
14
bancária responsável pelo pagamento dos funcionários, que os
holerites devem ser confeccionados (pelo banco) e os valores
creditados. As exceções são administradas pelos próprios gerentes
das áreas onde os funcionários são lotados, já que esses são os
responsáveis por responder pelos resultados.
Consultorias de educação corporativa substituem os
analistas de treinamento. Empresas de Recrutamento, Seleção e
Headhunting entram e os entrevistadores e selecionadores saem. As
pessoas que exclusivamente cuidam da operacionalização das
avaliações de desempenho serão trocadas por empresas
especializadas em levantamento e desenvolvimento de talentos e
sucessores. O analista de cargos e salários deixará suas atribuições
para que empresas contratadas para essa finalidade avaliem o
mercado e a estrutura interna a fim de elaborar um plano eficaz que
possibilite a atração, retenção e desenvolvimento da carreira das
pessoas.
É a típica área de apoio das demais, sendo que deveria
tornar-se uma parceira estratégica dos gestores.
RH Pirotécnico
Apesar da nomenclatura nada técnica, não foi possível
encontrar palavra melhor para explicar o RH que tem a exclusiva
missão de organizar festas e eventos. Esse tipo de setor também
ama enveredar-se por projetos da moda, com nomes sofisticados,
implantando ferramentas modernas, porém, pouco aplicadas à
realidade da empresa. É muito barulho para pouco resultado. É
comum percebermos a vocação desse RH quando participamos de
um dos projetos organizados por ele.
Os treinamentos são sempre suntuosos, finamente
decorados com faixas e balões coloridos, equipes ricamente
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uniformizadas para receber os participantes, dinâmicas de grupo
que parecem ter saído do programa de TV “O Aprendiz” ou da prova
para selecionar o líder do programa “Big Brother”. Ao término,
todos os participantes se emocionam e aplaudem em pé a equipe
do RH por tanto carinho e atenção aos detalhes. Meses depois,
ninguém se preocupa em medir os resultados, e quando o faz,
descobre que quase deu em nada.
A sala do departamento de RH tem mobília e plantas
ornamentais estrategicamente alinhadas com as técnicas de fengshui para garantir um bom ambiente e clima saudável, mas, se o
clima organizacional está ruim, normalmente esse tipo de RH fica
perdido, sem saber o que fazer, recorrendo, na maioria das vezes, a
treinamentos motivacionais organizados como os do parágrafo
anterior.
As festas organizadas pelo RH são inesquecíveis, mas os
ganhos oriundos com esses investimentos nem sempre são
lembrados.
Existe uma grande verba orçamentária que é dedicada para
a compra de brindes e outros presentinhos, mas nem sempre sobra
dinheiro para desenvolver equipes.
Esse é o típico departamento eficiente, mas não eficaz.
Preocupa-se muito com a forma e pouco com os resultados.
O RH deve estar sempre em sintonia com o que acontece no
mercado e transferir conhecimentos e práticas para dentro da
empresa. Conhecer as novas ferramentas e práticas é uma forma de
agregar ainda mais valor ao negócio, mas cuidado para não se
tornar um departamento repleto de modismos e desalinhado com
as reais necessidades.
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RH Estratégico
Esse é o RH ideal. É articulado e conhecedor da estratégia
da empresa. Tem foco em resultados mensuráveis e consegue
agregar valor ao negócio e às pessoas. Tem assento nas mesas de
discussões estratégicas para traduzí-las aos funcionários e também
para o fluxo inverso, entendendo as necessidades deles e levando à
direção. Sua visão vai além das atividades e processos de Recursos
Humanos.
Deve ser elo entre a estratégia da empresa e das pessoas de
forma equilibrada. Sem o equilíbrio entre estratégia e pessoas,
corre-se o risco do RH focar somente as políticas da empresa e criar
regras para controlar as ações dos funcionários. Se aproximar da
estratégia e distanciar das pessoas perde o senso de realidade,
correndo o risco de implantar algo sem sentido, além de ser visto
como arrogante. Se aproximar das pessoas e distanciar da
estratégia, passa a ter boa receptividade delas, mas as ações
perdem em resultado.
O gráfico a seguir foi desenvolvido para facilitar o
entendimento:
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RHs orientados exclusivamente para as pessoas são
confundidos com obras assistenciais. Fazem de tudo para agradar
aos funcionários e quando não conseguem, geram revolta, já que os
mesmos atribuem a esse setor o papel de defensor dos “fracos e
oprimidos”.
Muitos especialistas explicam que tudo começa com o tipo
de profissional que se encaminha para os departamentos de
recursos humanos. São excelentes profissionais e sabem lidar com
pessoas como ninguém. O problema é que não foram treinados
para entender de negócios, não conhecem o mercado em que sua
empresa atua e muitas vezes nem sabem o que a equipe precisa
para produzir mais.
Certa vez, o diretor de uma empresa de headhunting
afirmou que conversa, em média, com dez profissionais de RH por
semana e, segundo ele, se dois sabem quanto sua empresa fatura, é
muito.
O problema não é exclusividade do Brasil. Pesquisa feita na
escola de negócios da Universidade de Michigan, nos Estados
Unidos, constatou que apenas 1,2% dos alunos de MBAs formados
em 2004 escolheram recursos humanos como carreira. Todos os
outros 98,8% foram trabalhar em marketing, finanças e outras
áreas.
Por outro lado, RHs orientados exclusivamente ao negócio
ficam distantes das pessoas e costumeiramente elaboram projetos
que não conseguem funcionar na prática. Como já explicamos, são
vistos como arrogantes e inimigos dos funcionários.
Os RHs que não tem orientação nem para as pessoas, nem
para o negócio deixarão de existir em breve, já que sua atuação é
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exclusivamente operacional e de baixo valor agregado. São repletos
de profissionais que não sabem como ir além do papel instrumental
e nem como traduzir e fazer descer a missão e a visão para todos os
colaboradores na instituição. São os RHs “umbilicais”, mais
preocupados consigo mesmos.
O RH estratégico é aquele que agrupa o melhor dos dois
focos e consegue manter o equilíbrio entre ação e resultado. Em
outras palavras, deve influenciar o negócio com o objetivo de
alcançar o sucesso da empresa, e isso passa, sem dúvidas, por
pessoas felizes, desenvolvidas e produtivas.
Porém essa história de RH estratégico não é nova. Há vários
anos, fala-se da necessidade do setor ajudar os departamentos a
atingirem as metas da empresa. Muitos defendem que para isso,
deveria deixar de lado a burocracia na administração de pessoal
como, por exemplo, processar a folha de pagamentos e gerir o
plano de saúde corporativo, terceirizando essas atividades. O
motivo era ter tempo e oportunidade de focar suas ações na
formulação de estratégias de gestão de pessoas, a fim de fomentar
o desenvolvimento dos talentos que garantiriam o futuro do
negócio. Esse novo jeito de pensar do RH foi discutido em exaustão,
mas, parece que ainda não funciona direito na maioria das
companhias.
Não existem fatores impeditivos para que o RH se torne
efetivamente estratégico, exceto quando se limita a olhar para a
organização apenas sob o foco do RH. Quando passa a olhar para a
estratégia do negócio é inevitável: a alta direção passa a enxergá-lo
com outros olhos, assimilando a importância de uma gestão de
pessoas estratégica.
Os RHs que são notadamente estratégicos apresentam
algumas características, que nos ajudam a percebê-los:
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Entendimento de negócio – Conhecem o mercado, cenário
econômico e processos da empresa.
Foco em resultado – São efetivos, ou seja, eficientes e
também eficazes.
Objetivos e Metas – Não atuam ao sabor dos ventos, mas
sim, sabem onde querem chegar.
Visão Sistêmica – Conhecem a empresa como um todo e
tomam decisões pensando nos impactos que podem ser gerados na
empresa.
Métricas de RH – Faz uma gestão baseada em fatos e usa
indicadores para diagnosticar oportunidades e avaliar resultados.
Cadeira ao lado do presidente – As grandes decisões não são
tomadas sem a participação do RH.
Projetos Proativos – Implantam projetos e programas que
surgem a partir de suas próprias percepções, sem precisar que
alguém peça.
Confiança das pessoas e dos gestores – As pessoas e os
gestores da empresa confiam nas ações do RH porque sabem que
proporcionam resultados positivos.
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Capítulo 4
Transformando o RH terceirizável em
um RH Estratégico
Para o RH agregar valor e ser reconhecido como estratégico,
é necessário que suas ações sejam orientadas para pessoas e para
os resultados organizacionais. A seguir, são apresentadas algumas
formas de atuação que poderão potencializar a performance do RH.
A proposta não é estruturar um manual definitivo sobre
“como criar um RH estratégico”, até porque cada empresa vive
realidades diferentes das outras e, o que pode ser estratégico para
uma pode ser algo corriqueiro para outra. Um exemplo disso é fazer
uma boa gestão de relacionamento com o sindicato da categoria.
Em uma empresa pode ser algo comum, enquanto que em outra
pode ser algo fortemente orientado para resultados a partir da
manutenção do bom clima organizacional.
A idéia é servir como uma reflexão de quais ações, orientadas
para pessoas e para negócios, fazem a diferença para o RH. Existem
sete atuações essenciais que fazem um RH ser estratégico. Essas
ações, praticadas diligentemente, apoiarão a área na busca de
agregação de valor. São como se fossem “Os 7 hábitos dos RHs
altamente eficazes”:


Alinhamento de foco estratégico;
Foco em processos e resultados mensuráveis;
21





Gestão de talentos;
Atuação proativa;
Desenvolvimento de gestores líderes;
Foco em projetos de consultoria interna;
Gestão do clima, cultura e processos de mudança.
22
Capítulo 5
E onde começam as mudanças?
A resposta é simples: Nos próprios profissionais de RH.
Provavelmente essa será a mudança mais difícil, pois
romper modelos mentais, muitas vezes erroneamente confortáveis,
é um grande desafio. Ainda existem inúmeros profissionais de RH
que sentem arrepio ao pensar na palavra estratégia, ao imaginar
que suas ações podem, e devem, proporcionar resultados
mensuráveis. Assustam-se também ao ouvirem dizer que devem
conhecer números, processos e negócios, além do amplo
conhecimento sobre o ser humano, suas necessidades e desejos.
Nenhuma mudança acontecerá sem que antes os
profissionais de RH entendam essa forma de atuar e seus
benefícios. A mudança nas ações só será possível após uma
mudança nos paradigmas, de acordo com o esquema abaixo:
MUDANÇA DE
PENSAMENTO
MUDANÇA DE
COMPORTAMENTO
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A palavra de ordem é ATITUDE, e isso, só depende da
vontade de cada um implementar a mudança.
Os profissionais de RH devem mudar sua atuação para um
cenário mais atualizado. Os aspectos burocráticos e administrativos
tenderão a ter cada vez menos relevância e serão eliminados,
terceirizados ou absorvidos por sistemas automatizados. Para fugir
disso, eles deverão assumir o papel de consultor estratégico para
alinhar desempenho individual e coletivo dos funcionários, além de
elaborar políticas e desenvolver cultura que permita a gerência
potencializar ao máximo os talentos dentro da organização.
É necessário ainda que algumas competências sejam
desenvolvidas como: capacidade de tomada de decisão, iniciativa,
negociação, foco em resultado, gestão de projetos, pensamento
analítico, raciocínio lógico, inteligência financeira entre outras. Os
profissionais de RH precisarão também migrar da natural
competência de relacionamento para a competência de articulação.
O interesse pelo mundo dos negócios é fator primordial.
Altas direções argumentam que o RH não conhece as estratégias da
empresa porque não pergunta. Chegou a hora de perguntar.
24
Capítulo 6
Alinhamento de Foco Estratégico
Parece um absurdo, mas muitos RH remam na direção
contrária dos propósitos da empresa. Ou são levados pelo sabor dos
ventos: Se a ordem é reduzir custo, passam a ser mais criteriosos na
hora de aprovar um treinamento, diminuem a quantidade de
páginas do jornal interno, entre outras coisas. Se a situação
financeira é favorável, aprovam treinamentos sem critério,
adquirem ferramentas e tecnologias de RH que jamais serão usadas,
etc. Nesse caso, tornam-se cumpridores de ordem, sem ao menos
entender o valor agregado de cada uma dessas ações.
O RH precisa ter vontade própria, mas essa vontade tem
que ser alinhada aos maiores objetivos da instituição.
Nesse caso, a regra é simples: Entender o que a empresa
está buscando e traduzir esses propósitos em ações de RH que
suportem o alcance dos objetivos. Em outras palavras, perceber
quais são os maiores desafios da empresa e estruturar sua proposta
de valor.
Para facilitar o entendimento, podemos explicar a empresa
como se fosse uma árvore. Os frutos representam o que as
empresas buscam: o lucro, que é o objetivo final das organizações.
Entretanto, esses frutos só são possíveis se suportados por galhos
fortes: os clientes. Para que os clientes estejam sempre satisfeitos e
leais à empresa, os processos internos (o tronco) devem ser
25
robustos. Por fim, os processos internos só serão eficientes se
forem suportados por pessoas capacitadas e dispostas (as raízes).
As quatro dimensões do Balanced Scorecard (BSC) também
chamam a atenção para a integração dessas quatro perspectivas:
financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento
(pessoas).
Cabe ao RH, focar suas ações na potencialização das pessoas
pois são elas garantem os processos internos da empresa,
fomentando os objetivos relacionados aos clientes que
impulsionarão os resultados financeiros.
Vale um exemplo: Vamos supor que o objetivo principal de
uma indústria é aumentar o lucro a partir da otimização dos custos.
O desdobramento disso, na perspectiva do cliente poderia ser a
manutenção dos preços de venda enquanto que os processos
produtivos precisarão reduzir seus custos de fabricação e eliminar
desperdícios. Assim, cabe ao RH, na perspectiva das pessoas, criar
ações que suportem esses propósitos, como por exemplo, treinar o
nível operacional para aumentar a capacitação frente às demandas
de uma manufatura enxuta e capacitar a equipe de compradores e
vendedores em habilidades de negociação, a fim de buscar a
diminuição de custos em suprimentos e matéria-prima, bem como,
não conceder descontos excessivos aos clientes, respectivamente.
Como se percebe, em um efeito cascata, os macro objetivos
da empresa devem ter desdobramentos internos que, se o RH tiver
o foco correto, gerará maior agregação de valor ao negócio.
Adaptando os conceitos de Ulrich, Huselid e Becker, o
alinhamento estratégico pode ser realizado seguindo algumas
etapas:
1) Defina com clareza a estratégia de negócios
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Busque entender quais são as metas e objetivos da empresa.
2) Crie um mapa estratégico
Projete um mapa estratégico considerando as dimensões
relativas às finanças, clientes, processos internos e pessoas.
3) Identifique as ações de RH dentro do mapa estratégico
Com base no mapa estratégico, avalie quais ações de RH
contribuem para os objetivos da empresa (veja figura a
seguir).
4) Alinhe a arquitetura de RH com as ações de RH
De acordo com as ações, desenvolva a cultura e proveja a
estrutura necessária dentro do RH.
5) Defina um sistema de mensuração
Projete um sistema e defina indicadores para a mensuração
da eficiência e eficácia das ações.
6) Implemente as ações e a mensuração
Coloque em prática as ações e o monitoramento dos
resultados.
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Exemplo de “Mapa Estratégico” com ações de RH:
ELABORAÇÃO DA METODOLOGIA: MARCELO DE ELIAS
28
Capítulo 7
Foco em Processos e Resultados
Mensuráveis
O RH deve aprimorar cada vez mais as ferramentas que
tenham grande impacto no desempenho dos negócios, por meio
dos funcionários, e que sejam capazes de medir o resultado final. É
imprescindível que se mostre o retorno dos projetos de gestão de
pessoas.
Apesar de não existir uma ordem de importância entre as
sete características estratégicas, vale insistir que essa deve ser a
fortemente trabalhada para abrir espaço para as demais. Quando o
RH põe o foco nos resultados mensuráveis e os apresenta, ganha a
confiança das pessoas e dos gestores da empresa, já que estará
fazendo-os enxergar que se trata de uma área profissional e que se
preocupa com cada centavo investido.
Mostrar resultados requer vontade e capacidade de buscar
os indicadores que demonstram que as ações foram eficazes. Isso
vai além de avaliar se os processos internos de RH são eficientes,
como medir a satisfação das pessoas com um treinamento ou com
um processo seletivo. Cabe à área avaliar, de preferência
numericamente (principalmente se forem relacionados aos
resultados monetários), o impacto de seus processos. Quem não
domina os números não domina a empresa.
29
Quando não mede resultados, os investimentos em pessoas
passam a ser vistos como despesas. Para isso a área deve habituarse a monitorar e medir os resultados de suas ações de
desenvolvimento, seleção, programas, projetos, etc. Se não se
preocupar em demonstrar o valor (resultados) de suas ações, não
pode reclamar de que ninguém dá valor ao RH.
Mas além de medir o resultado de suas ações, é necessário
também mensurar a eficiência de seus processos. O RH só será
capaz de entregar resultados se souber os motivos pelos quais seus
processos dão certos ou não. Monitorar, através da mensuração, é
essencial para o alcance dos objetivos.
Então podemos explicar que o RH deve basicamente
acompanhar alguns tipos de indicadores:
Indicadores de Eficácia: Avaliam se as ações, processos e
projetos do RH realmente proporcionam os resultados desejados e
se agregam o valor esperado. (Exemplos: Avaliação de mudança de
comportamento, indicador de eficácia de seleção e ROI de
treinamento).
Indicadores de Eficiência: Medem se as ações, processos e
projetos de RH são bem executados, se os prazos são adequados, se
o cliente interno é bem atendido, se os recursos são bem utilizados,
se as pessoas gostam dos treinamentos, etc. (Exemplos: Tempo
médio de seleção, avaliação de reação de treinamento e percentual
de utilização do orçamento).
Indicadores gerais da empresa que impactam no RH: São
indicadores que devem ser disciplinadamente acompanhados pois
podem sinalizar as oportunidades de projetos e ações proativas de
Recursos Humanos. (Exemplos: Índices de acidentes, turnover,
absenteísmo, lucratividade e nível de estoque).
30
Existem pelo menos três bons motivos para a mensuração:
1) Levantar informações precisas para diagnosticar os
problemas e oportunidades;
2) Avaliar objetivamente os resultados das ações de RH;
3) Fazer o marketing do RH, apresentando a agregação
de valor de suas principais atividades.
Mas nem todo número dá ao RH a mesma condição de
sucesso. Para os executivos da empresa, a linguagem mais fácil de
entender é a financeira. Por exemplo, em vez de mostrar a um
gerente que o número de absenteísmo de seu departamento é de
3%, por que não converter esse número em dinheiro? Será mais
impactante, e mais facilmente entendido, deixar claro que em um
determinado período aquele departamento perdeu R$ 5.000,00
com funcionários que faltaram ao trabalho. O mesmo se dá se
trocarmos os tradicionais indicadores de RH como turnover e índice
de acidentes por valores monetários.
O problema seria a falta de uma metodologia capaz de
mensurar os benefícios da boa gestão de pessoas para as empresas?
É um erro acreditar que a boa gestão de recursos humanos é de
mensuração quase impossível. Sabe-se que é trabalhoso e requer
bastante envolvimento, mas não é tão difícil a ponto de justificar a
sua não utilização.
Vale a pena medir o impacto das ações de RH ao negócio.
Um bom exemplo desse impacto na rentabilidade das companhias
em que a área de recursos humanos tem cumprido o seu papel
pode ser observado na pesquisa do guia das revistas Exame e VOCÊ
S/A, ambas da editora Abril, junto às 150 melhores empresas do
Brasil para trabalhar. Nelas, para cada 100 reais aplicados pelo
31
acionista, obtém-se 18 de retorno, em média. Já entre as 500
Melhores e Maiores, o retorno médio é de 11 reais.
Outra pesquisa, da consultoria Hay Group, feita com 185
empresas a alguns anos atrás, mostra que as 35 com melhores
resultados de clima organizacional tiveram margem líquida 38%
superior às demais e rentabilidade sobre patrimônio líquido 25%
maior. Em outras palavras, o bom ambiente de trabalho reflete
diretamente no balanço financeiro das empresas.
Ainda não é tão comum, mas se pode usar a metodologia de
mensuração estratégica das empresas, o Balanced Scorecard (BSC),
no RH. É uma boa forma de avaliar a satisfação e o impacto de suas
ações junto a seus clientes internos, a eficiência de seus processos
(seleção, treinamento, comunicação, etc), o nível de aprendizado e
crescimento da equipe de RH e os resultados financeiros de seus
principais projetos, processos e programas.
Não estamos falando do BSC geral da empresa em que o RH
também faz parte, mas de um BSC específico de Recursos Humanos,
onde o departamento avalia e questiona as quatro dimensões
diretamente aplicáveis à sua proposta de valor (vide figura abaixo)
32
ELABORAÇÃO DA METODOLOGIA: MARCELO DE ELIAS (adaptado de Kaplan e Norton)
Da mesma forma que no BSC da empresa, o BSC de RH nos
faz planejar os objetivos, metas, ações e principalmente os
indicadores para cada uma das quatro dimensões.
E por que muitos profissionais da área resistem à medição?
Provavelmente em primeiro lugar pela falta de formação. A
maioria das pessoas de RH é oriunda de cursos fortemente ligados
às ciências humanas e pouco orientados para a avaliação de
resultados. A falta de valorização à medição também é um forte
motivo, já que poucos entenderam essa necessidade. A escassa
visão sistêmica e o pouco entendimento da estratégia da empresa
também são fatores que podem explicar esse distanciamento.
33
Sabemos então que um dos maiores desafios para o RH é a
mensuração dos resultados obtidos através de suas ações.
Além do fato dessa competência não ser um dos grandes
pontos fortes da maioria dos profissionais de RH, a mensuração de
resultados em gestão de pessoas é um tanto quanto trabalhosa,
pois necessita de uma visão mais prática e menos subjetiva.
Mas nem por isso deixa de ser importante: A mensuração
de resultados aumenta a percepção de valor, desde que seja
consistente, confiável e cuidadosa.
Em muitas empresas é a boa mensuração de resultados que
tem garantido o orçamento dos projetos de RH, justificando
melhorias e investimentos em gestão de pessoas.
Mas, antes de fazer qualquer mensuração, é necessário
identificar exatamente o que se busca com esta ação. O
treinamento é para melhorar a qualidade do produto? O novo
benefício concedido é para deixar as pessoas mais motivadas? A
nova metodologia de seleção é para proporcionar maior retenção
de talentos? A universidade corporativa é para aumentar a
competência dos gestores?
Perceba que nos exemplos acima os objetivos são
diferentes. A boa mensuração começa com a exata definição do
objetivo da ação de RH: Aumentar as vendas? Eliminar custos de
retrabalho? Gerar conhecimentos? Agregar nova informação?
Diminuir acidentes?
A definição do objetivo proporcionará a identificação da
metodologia de mensuração a ser utilizada.
34
Apesar da linguagem universal do mundo dos negócios ser a
financeira e mesmo sabendo que todas as ações de RH impactam
nos resultados monetários, a mensuração deve identificar
exatamente se os propósitos foram alcançados. Por exemplo, se um
treinamento foi organizado para agregar conhecimentos de novas
tecnologias, a mensuração ideal é a avaliação de aprendizado
(através de prova, por exemplo). Um programa de RH para
aumentar as vendas, por sua vez, justifica avaliar os ganhos
financeiros frente os custos deste projeto (ROI de treinamento).
E não podemos esquecer que a identificação do propósito
deve ter o envolvimento e validação das principais partes
interessadas, a fim de evitar o erro de alvo.
Em resumo: A boa mensuração só é possível se o objetivo
estiver claramente definido. Como saberemos se chegamos lá se
não sabemos onde queremos chegar?
35
Capítulo 8
Atuação Proativa
O RH só funciona bem e cumpre seu verdadeiro papel
antecipando as necessidades dos clientes internos. Para isso, não
pode esperar as demais áreas pedirem o que desejam, e sim,
pautada em uma boa e fundamentada iniciativa, oferecer soluções
para problemas ou potencializar os resultados focando em
oportunidades que nem sempre os gestores enxergam.
Gosto muito da metáfora do garçon e do sommelier. Como
todos sabem o garçon é encarregado de servir os pratos e as
bebidas solicitadas pelo cliente. O sommelier é diferente. É o
especialista em vinhos. É ele quem pode lhe sugerir o tipo de vinho
ideal para acompanhar seu jantar, ou ainda, lhe dar maiores
informações sobre a uva, a safra, o tempo de envelhecimento e
tudo mais.
O RH estratégico precisa ser um RH mais sommelier e
menos garçon.
Não se deve esperar apenas a manifestação da gerência.
Não existe mais espaço para aqueles que ficam aguardando os
pedidos para começarem a trabalhar. É necessário que se busque
descobrir quais são as questões importantes da empresa,
assumindo a responsabilidade, sem esperar que os gestores, os
principais clientes internos do RH, venham bater à porta.
36
Um famoso consultor de carreira, certa vez alertou em um
artigo de sua autoria que “se você é um profissional que deseja
crescer na carreira e que espera contar com o RH, seja proativo”.
Segundo ele, “essa é a única alternativa, já que não se pode esperar
ser chamado ou que alguém pergunte sobre as suas necessidades. E
dá a dica final: Cuidado! Use o RH como aliado para que, mais tarde,
ele não o coloque na geladeira”.
É triste ler uma dica como esta, principalmente porque ela
retrata algo que ainda é verdadeiro para algumas empresas. Uma
recente pesquisa com presidentes de empresas mostrou que a
maior parte afirmava que os RHs são mais reativos do que
deveriam.
Ter a iniciativa de oferecer alternativas faz com que o setor
ganhe mais respeito e agregue mais valor.
Para ser proativo, podemos sugerir alguns caminhos:
Ter um bom sistema de mapeamento e gestão de
Competências: Com isso o RH é capaz de perceber as oportunidades
de seleção e treinamento.
Ter uma boa metodologia de avaliação de desempenho:
Para que o RH consiga identificar as ações de desenvolvimento e
retenção de talentos.
Analisar Indicadores: Sejam específicos de Recursos
Humanos ou sejam eles gerais da empresa, com base em
indicadores pode-se sugerir projetos e ações estratégicas.
Buscar Informações da Empresa e Informações Externas:
Vale a pena pesquisar o que ocorre dentro e fora da empresa.
Assim, o RH será capaz de manter-se sintonizado com a realidade da
37
organização e do mercado e tomar decisões, além de propor
inovações, orientadas às necessidades do momento.
Estar em sintonia com o cliente interno: Nada melhor do
que estar em contato direto com os clientes internos, pois, assim,
antes mesmo deles pedirem, o RH será capaz de indicar caminhos e
propor ações.
38
Capítulo 9
Gestão de Talentos
Gestão de talentos e plano de sucessão são ações
estratégicas de RH. Sabemos que todas as pessoas nas empresas
são importantes e que devem receber a atenção adequada da
gestão, mas, olhando para os resultados, cabe ao RH identificar os
principais talentos para um acompanhamento mais próximo.
Desenvolver líderes e gestores internos também é uma
forma de reter talentos. Nos próximos anos, mais gente estará
saindo do que entrando no mercado de trabalho, por isso a
retenção de talentos será ainda mais importante.
Trate bem os talentos e eles tratarão bem o negócio.
Tem outro motivo interessante para o RH atuar fortemente
junto a essas pessoas-chave. Grande parte delas tornar-se-ão os
próximos gestores e, ser parceiro delas desde já, pode significar a
conquista antecipada de maior confiança no futuro.
Um erro ainda persiste em inúmeras empresas: usamos as
melhores pessoas nos maiores problemas e nem sempre nas
melhores oportunidades. O RH às vezes também conjuga do mesmo
pensamento, em especial quando foca suas ações de
desenvolvimento nos pontos fracos das pessoas, ignorando seus
pontos fortes, que são os verdadeiros diferenciais.
39
Cabe ao Recursos Humanos não concentrar-se
exclusivamente ao desenvolvimento dos chamados “Gaps de
Competências” (a lacuna entre as competências apresentadas pelas
pessoas e aquelas que a empresa precisa desenvolver). O RH
também precisa ter foco nos “Potenciais” das pessoas.
Visar o desenvolvimento exclusivo das competências
inexistentes ou de grau menor que o desejado faz com que o RH
esteja sempre um passo atrás, buscando compensar aquilo que já é
demanda.
É claro que isso é necessário!
Mas os profissionais de Recursos Humanos devem também
focar na identificação dos potenciais e investir neles, preparando as
pessoas para o futuro. A excelência se dá com o desenvolvimento
dos pontos fortes e não apenas com a minimização dos pontos
fracos. Isso é investir em talentos.
Também não podemos esquecer quais são as ações que
fazem os talentos terem vontade de permanecer na empresa:











Desafios, liberdade para atuar, criar e decidir;
Imagem da empresa;
Autonomia;
Fazer o que gosta;
Reconhecimento;
Bom ambiente de trabalho;
Possibilidade de crescimento;
Promessas cumpridas;
Apoio da chefia;
Ser tratado como indivíduo;
Trabalho com significado.
40
Subprocessos bem geridos como atração de talentos, plano
de carreira, gestão de benefícios, desenvolvimento de sucessores e
avaliações de desempenho e de competências, também são alguns
dos caminhos que levam aos bons resultados.
41
Capítulo 10
Gestão do Clima, Cultura e Processos de
Mudança
O RH deve assumir o papel de quem dissemina, monitora e
intervém no ambiente de trabalho em direção à cultura desejada,
assumindo uma atuação ativa na busca da consolidação da prática
de valores.
Os valores “reais” da empresa (aqueles que não apenas para
o cliente ver, mas sim aqueles que são praticados de verdade na
empresa) são o alicerce para uma séria de demandas de gestão de
pessoas. E não é por menos. A cultura organizacional se baseia nos
valores que são praticados pelas pessoas e gestores.
Boa parte da motivação no trabalho e do clima
organizacional depende da congruência entre os valores da
empresa e das pessoas. Quando o funcionário possui valores
pessoais que são consonantes com os valores reais da organização,
muita coisa irá fluir mais facilmente. Mas o contrário também é
verdadeiro.
O RH precisa fomentar uma cultura de valores alinhados
com a estratégia da empresa e, se possível, selecionar as pessoas
com os mesmos valores.
42
Ações de endomarketing (marketing interno) contribuem
para a disseminação de valores e a formação de uma cultura
favorável aos bons resultados. Disseminar uma cultura de
cooperação interna, ao invés da competição interpessoal e
interdepartamental, promove o trabalho em equipe e a sinergia. O
RH deve rever sua postura frente a projetos e programas de sua
responsabilidade para que esses possam sempre integrar as
pessoas.
Em uma pesquisa da consultoria Hay Group junto a 35
presidentes de empresas de grande porte de segmentos
econômicos variados, oitenta e dois por cento consideraram que a
função recursos humanos exerce alto impacto na estratégia de seus
negócios. Solicitado a esses presidentes que indicassem três
aspectos em que a função de RH agrega mais valor, a resposta mais
citada foi: Ajudando na melhoria contínua do clima de trabalho,
com foco em resultados e que propicie a mudança e a inovação.
Como se vê, gerenciar, medir e monitorar o clima
organizacional e, principalmente, atuar sobre esses indicadores, faz
com que se aprimorem as relações e o ambiente de trabalho,
possibilitando maior produtividade, qualidade, retenção de
talentos, inovação, etc.
O esquema que melhor explica o assunto é esse:
43
Somente com um clima favorável, é possível desenvolver
uma cultura de mudança. Nesse caso, cabe ao RH preparar as
pessoas para as transformações na empresa. Para isso, deve atuar
como um verdadeiro agente da mudança e não vítima dela.
Interessar-se em conhecer também o que acontece dentro da
empresa, seus planos e suas metas, faz o setor estar preparado, e
possibilita antecipar-se às evoluções necessárias.
44
Capítulo 11
Desenvolvimento de Gestores Líderes
Será que é o RH quem faz a gestão de pessoas? Não. Os
gestores de pessoas são os gerentes das áreas. Assim, cabe ao RH
instrumentalizar e capacitar líderes para assumir essa gestão.
Cada vez mais o RH é solicitado a falar a língua dos negócios
e os gestores da empresa são solicitados a tratar de pessoas. Muitos
gestores esperam fórmulas mágicas. Precisamos mostrar que a
gestão de pessoas ocorre em todos os departamentos.
O especialista em gestão de pessoas, Dave Ulrich, acredita
que os profissionais de RH têm uma dupla responsabilidade com a
liderança: primeira, eles devem ser arquitetos e designers de uma
“marca da liderança”. Eles devem ajudar a identificar qual a marca
que a liderança deve ter e avaliar as pessoas com base nisto. Em um
segundo papel, o RH deve ter um modelo de comportamento e
resultado que os outros líderes devem seguir.
Cada vez mais o RH precisa deixar de lado o papel de
coitadinho, do paternalista, para assumir o de influenciador de
lideranças.
E como conseguir espaço junto aos gestores para ser ouvido
por eles? É necessário ganhar a confiança, e a melhor forma de
fazer isso, é mostrando os resultados e a agregação de valor das
ações realizadas pelo RH.
45
De que adiantam excelentes programas motivacionais,
arrojadas políticas de cargos e salários e grandes investimentos em
treinamentos se os líderes castram as pessoas, promovem um clima
inadequado à motivação, praticam o assédio moral e não valorizam
as boas iniciativas? Cabe ao RH ser parceiro dos gestores para que
esses possam ser os verdadeiros catalisadores do potencial das
pessoas.
Então, em resumo, cabe ao RH atuar basicamente em três
ações de liderança:
1) Permear valores da liderança
Apresentar ao líderes quais são as premissas de liderança
que a empresa valoriza. Mas só apresentar não basta. Esses
valores precisam ser reforçados frequentemente, seja
através da divulgação constante ou através de reforços
positivos às boas condutas de liderança. Mas não se
esqueça que o primeiro passo é buscar um forte
alinhamento com a alta administração. É nesse nível que
tudo começa.
2) Instrumentalizar os líderes
O RH deve ser uma fonte de apoio e parceria na
implantação de soluções necessárias aos líderes. Assim,
cabe ao Recursos Humanos apresentar as ferramentas,
metodologias e projetos que apoiem os gestores em suas
atividades de gestão de pessoas. Quando o líder pede apoio
ao RH, este deve usar dessa abertura para conquistar a
confiança apresentando os instrumentos eficazes. Mas não
se esqueça de ser proativo e não espere ser solicitado.
Ofereça!
46
3) Desenvolver a liderança
Talvez um dos maiores desafios do RH pois, como se sabe,
nem todos os gestores e futuros gestores possuem interesse
nisso. Mas desenvolvimento da liderança é um
compromisso contínuo da empresa e o RH não pode deixar
de fazer. Além disso, mesmo os mais resistentes podem
perceber a necessidade de alguma mudanças quando
falamos a linguagem correta que chega até o coração e
mente. E os futuros líderes? Esses precisam ainda mais, para
que sejam lapidados para seguirem uma conduta de
liderança mais eficiente e eficaz, não deixando-se levar
apenas pelos exemplos internos, que, muitas vezes, não são
os mais adequados.
Não se pode esquecer, entretanto, que para cada nível de
liderança é necessário um tipo de desenvolvimento, considerando,
em especial, os temas, abrangência e profundidade de cada
assunto.
Além de considerar a sua própria realidade empresarial,
uma boa referência para ser analisada é a teoria do Pipeline de
Liderança, desenvolvida pelo escritor indiano Ram Charan, autor de
diversos best-sellers. Ele deu este nome à sua teoria por usar a
metáfora do “pipeline”, um cano que se curva em seis pontos. Cada
um destes pontos representariam as seis principais transições na
carreira profissional de um líder, e, consequentemente os
diferentes desafios a serem enfrentados em cada uma dessas
etapas.
Ele diz que existem seis transições possíveis na carreira de
um líder:
1) De gerenciar a si mesmo a gerenciar outros;
2) De gerenciar outros a gerenciar gestores;
3) De gerenciar gestores a gerente funcional;
4) De gerente funcional a gerente de negócios;
47
5) De gerente de negócios a gerente de grupo;
6) De gerente de grupo a gestor corporativo;
Cada uma das passagens visa que o profissional entenda as
exigências da liderança dentro da empresa, e em cada etapa passar
por diferentes experiências, que exigem novas habilidades e
competências, formas de pensar e agir, tomar decisões, buscando
novos espaços na busca da liderança efetiva.
48
Capítulo 12
Foco em Projetos de Consultoria Interna
Nos anos 90, uma das principais mudanças em gestão foi a
introdução e intensificação do conceito de consultoria interna de
RH, plantando a idéia do setor como prestador de serviços.
Sabemos, por outro lado, que o RH exclusivamente prestador de
serviços é perigoso, por que pode ser caracterizado somente como
solucionador de problemas ou um RH reativo.
Então o que deve ser feito? Cabe aos profissionais de RH
enxergarem os demais departamentos da empresa como clientes
internos que têm oportunidades de melhoria, nem sempre
observadas pelos seus próprios gestores. Deve-se ainda fugir da
operacionalização exclusiva de ações burocráticas de RH e atuar
com foco em projetos, como uma verdadeira empresa de
consultoria em gestão pessoas. O profissional de RH deve ser um
parceiro do negócio.
A boa consultoria interna de RH é aquela que trabalha com
um profissional de RH descentralizado, atuando de forma sistêmica,
buscando integrar as ações estratégicas da empresa com todos os
funcionários, facilitando o fluxo de informações. A consultoria
também visa atender as necessidades específicas dos clientes
internos. Com isso, a área tenderá a deixar de ser vista como uma
mera área de apoio e ganhará o status de parceiro estratégico nos
negócios.
49
Para ter sucesso, o RH deve utilizar de forma adequada as
informações recebidas e percebidas. Com uma atuação junto ao
cliente interno, a área acaba antecipando as suas necessidades, já
que tem a oportunidade de vivenciar o dia-a-dia deste.
O consultor interno deve atuar como um facilitador de
processos, que diagnostica, busca alternativas, esclarece dúvidas
sobre aplicações de políticas, mas isso não basta. Deve ser um
coaching para o cliente, assessorando-o na busca de suas metas,
apoiando-o no gerenciamento de pessoas e fortalecendo o seu
papel como gestor.
Os principais papéis de um consultor interno de RH são:
1) Facilitador do processos de RH – Ser um parceiro dentro do
cliente interno para a aplicação dos processos de RH;
2) “Coaching” dos líderes – Ser um apoio confiável para os
líderes, ajudando no desenvolvimento de cada um deles;
3) Gestor de projetos de gestão de pessoas – Oferecer,
conduzir e medir resultados de projetos de gestão de
pessoas que sejam aplicáveis às necessidades do cliente
interno.
Então, ser um facilitador de projetos proativos de gestão de
pessoas é uma ação altamente importante para o RH Estratégico.
Cada empresa tem sua própria realidade e, portanto, om
profissional de RH que atua como consultor interno deve identificar
quais as maiores demandas para projetos, entretanto, os temas a
seguir tem se demonstrado como muito importantes para as
empresas e reputação do RH:
50
• Incômodos diversos dos gestores e da empresa (como o
índice de acidentes, desperdício, retrabalho e volume de vendas);
• Oportunidades estratégicas do negócio (como as aquisições,
lançamento de novos produtos e aumento da competitividade);
• Gestão de Talentos, visando retenção, desenvolvimento e
identificação de potenciais;
• Gestão de Clima, Cultura e Processos de Mudança, com o
objetivo de aculturar os valores necessários, desenvolver o clima
organizacional e facilitar as inovações e transformações;
• Desenvolvimento de Gestores Líderes (como a gestão do
processo sucessório e capacitação de novos gestores)
Os projetos de consultoria interna devem seguir esse esquema:
51
Capítulo 13
O Planejamento Estratégico de RH
Construir um Planejamento Estratégico de RH, revisá-lo
periodicamente, utilizá-lo rotineiramente e sensibilizar toda equipe
para a sua real importância, são ações decisivas para a criação de
uma nova cultura no departamento. Essas ações ajudam a alinhar
todos os esforços em propósitos compartilhados e direcionam as
iniciativas do grupo em um único foco.
Observada a vontade de toda a equipe de RH em viabilizar a
postura estratégica, vale a pena preparar um planejamento
estratégico que norteará as ações do departamento. Se for possível
construir o planejamento junto com todos os membros do time, os
resultados serão ainda melhores.
O fruto desse trabalho é um documento, que servirá de
diretriz para todas as ações de RH. É interessante que, depois de
elaborado, o planejamento seja revisto anualmente ou toda vez que
se fizer necessário.
Para elaborar o planejamento estratégico de RH, a sugestão
de roteiro abaixo pode ser seguida:
1) Definir a “Missão” do RH - Qual é o objetivo do RH. Para
que ele serve?
52
2) Definir a “Visão” do RH - Qual é a principal, ou
principais, metas do RH?
3) Definir os “Valores” do RH - Quais princípios e diretrizes
maiores o RH deve seguir? Não esqueça que esses
valores devem estar alinhados com os principais valores
da empresa.
4) Avaliar quais são os Fatores Críticos de Sucesso (FCSs) Quais
fatores
precisarão
ser
observados
constantemente, sob o risco de comprometer os
resultados caso não sejam seguidos?
5) Definir o Escopo do RH - Qual é a arquitetura
organizacional e estrutura que o RH deve manter para
atingir os objetivos?
6) Fazer a Análise SWOT (Potencialidades, Fraquezas,
Ameaças e Oportunidades) - Quais fatores podem
influenciar diretamente o resultado esperado pelo RH?
7) Definir os “Objetivos Estratégicos” do RH - Para o
período proposto, quais são as metas crucialmente
importantes para o RH? A sugestão é que estabeleça as
metas anuais. Ex: Nesse ano nossos principais objetivos
são: desenvolvimento de líderes, melhoria do clima
organizacional e apoio em redução de custos. Não
esquecer que devem estar alinhados com os objetivos
estratégicos da organização.
8) Estabelecer ou Relembrar as Políticas de RH - Quais são
as principais políticas e procedimentos que devem
nortear as ações de RH? Talvez a empresa até já tenha
isso estabelecido, mas vale a pena relembrar e revisar,
53
se for o caso, quais as “regras” que não podem ser
esquecidas.
9) Definir as Iniciativas, Ações e Projetos - Quais são os
principais projetos e ações que deverão ser
operacionalizadas no período proposto? Ex: Implantar
universidade corporativa, treinar equipe de vendas em
negociação, etc. Não se esqueça que elas devem estar
diretamente ligadas aos “Objetivos Estratégicos” do RH.
10) Estabelecer os Indicadores e Metas - Quais métricas
deverão ser acompanhadas periodicamente para
concluir se os objetivos estão sendo alcançados?
11) Estruturar os Planos de Ação - Quem coordenará, como
será feito, onde será aplicado, porque será realizada e
quando acontecerá cada uma das ações e projetos
previstos.
54
Capítulo 14
As Competências da Equipe de RH
Estratégico
A equipe de RH precisará de duas coisas muito importantes
para ser realmente estratégica: Capacitação e disposição.
A disposição ou vontade será a mola propulsora desse
processo. Certamente muitas dificuldades surgirão e a superação
dos desafios farão parte da rotina das pessoas.
Como foi exposto no capítulo 5 (Onde começam as
mudanças?) tudo dependerá do grau iniciativa da equipe e, sem
dúvidas, se ainda não houver um forte comprometimento com essa
transformação, o líder do RH deve dedicar mais tempo nessa etapa.
Mas não é só a disposição que garantirá o sucesso. A equipe
precisa der capaz de suportar a nova realidade.
Assim, além das tradicionais competências de Recursos
Humanos algumas merecem destaque:






Iniciativa;
Antecipação de necessidades;
Habilidade em mensuração;
Negociação;
Capacidade de ouvir e compreender;
Relacionamento interpessoal e capacidade de
articulação;
55







Gestão de projetos;
Coaching;
Gestão estratégica;
Gestão financeira e econômica;
Capacidade de tomada de decisão;
Foco em resultado;
Pensamento analítico e raciocínio lógico.
Mas onde encontrar um profissional tão completo? Não se
assuste. Estamos falando de competências importantes para a
“equipe” de RH. Cada um pode contribuir com aquilo que tem de
melhor.
E se a equipe for muito reduzida? Identifique as prioridades
e busque se desenvolver naquelas que farão a diferença.
56
Capítulo 15
O Modelo de Implantação do RH
Estratégico
Nossa sugestão é que algumas etapas sejam seguidas, pela
ordem:
1) Verifique a disposição e capacitação da equipe de RH
- Avalie se a equipe de RH está disposta e se possui
competências necessárias para atuar estrategicamente (ver capítulo
anterior);
57
- Capacite a equipe em assuntos estratégicos, porém específicos
de RH como mensuração em Recursos Humanos, desenvolvimento
de lideranças, consultoria interna, gestão de competências, etc.;
- Sensibilize a equipe para a necessidade da mudança. Faça
reuniões, mostre benchmarkings, ouça as opiniões, etc.;
- Envolva a equipe de RH no desenho das estratégias de RH.
Todos devem participar com ideias e na elaboração das estratégias
e planos de ação.
2) Busque o alinhamento estratégico
- Defina com clareza a estratégia de negócios. Busque
entender quais são as metas e objetivos da empresa;
- Entenda o mapa estratégico da sua empresa ou, se não
houver, esboce um mapa estratégico. Pesquise o mapa estratégico
de sua empresa ou, caso não possua, projete um mapa estratégico
considerando as dimensões relativas às finanças, clientes, processos
internos e pessoas. Para isso é necessário perguntar a alguns
gestores;
- Identifique as ações de RH dentro do mapa estratégico.
Com base no mapa estratégico, avalie quais ações de RH
contribuem para os objetivos da empresa, conforme falado no
capítulo 6 (Alinhamento de Foco Estratégico).
3) Elabore o planejamento estratégico do RH
Elabore o planejamento estratégico de RH. Se precisar de
ideias, siga a sugestão do capítulo 13 (O Planejamento Estratégico
de RH).
58
4) Dê atenção aos processos e aos resultados mensuráveis
- Escolhas os projetos (treinamentos, avaliações, programas,
etc.) com forte apelo estratégico e desenvolva metodologia capaz
de medir os resultados. Sugere-se a metodologia de Donald
Kirkpatrick ou a de Jack Phillips;
- Crie um placar com os principais indicadores de RH e
acompanhe, junto com a equipe de RH, periodicamente;
- Dê prioridade, caso a empresa possua, aos indicadores
utilizados no BSC como explicado no veja capítulo 7 (Foco em
Processos e Resultados Mensuráveis).
5) Atue proativamente através de projetos de consultoria
interna de RH
- Com base nas ações devidamente identificadas como
prioritárias, o RH deve oferecer projetos para a melhoria dos
resultados. Os bons temas a serem trabalhados costumam ser:
Incômodos diversos dos gestores e da empresa, oportunidades
estratégicas do negócio, gestão de talentos, gestão de clima, cultura
e processos de mudança e desenvolvimento de gestores líderes.
- Para estes projetos, estruture metodologias de
mensuração dos resultados. Isso ajudará o RH a perceber a eficácia
de suas ações além de ter mais condições de mostrar a seus clientes
internos os impactos dessas iniciativas. Use como referência o
modelo apresentado no capítulo 12 (Foco em Projetos de
Consultoria Interna).
59
6) Revise sua atuação e continue o desenvolvimento da
equipe de RH.
- Para a melhoria contínua do RH, este deverá
periodicamente avaliar sua forma de atuação, seu planejamento
estratégico e os impactos no negócio. Isso deve ser um processo
contínuo;
- Reúna a equipe, no mínimo trimestralmente, e faça a
análise crítica do RH. Avalie se as ações estão sendo bem
executadas e se estão atingindo os resultados desejados. Reveja os
planos e as metodologias de mensuração;
- Revise as competências necessárias para a equipe e
continue o processo de desenvolvimento dos profissionais de RH.
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Capítulo 16
Mãos à Obra! Fazendo acontecer.
Não, não será fácil... Mesmo os RH mais avançados
precisarão rever alguns paradigmas e encarar desafios. Mas vai
valer a pena!
Entenda que todo o processo de transformação do RH
terceirizável em um RH estratégico trará dificuldades mas também
muitas oportunidades de crescimento profissional e até mesmo
pessoal.
Nada ensina mais que desafios. Precisamos nos desafiar e
sair um pouco da zona de conforto para experimentar o novo e,
com ele, o sucesso.
Alguns conselhos valem a pena:
- Reveja seus paradigmas e aprenda a desaprender. Esteja
aberto para o novo;
- Identifique as principais oportunidades dentro da sua
organização e mergulhe nelas;
- Vá aos poucos. Teste algo novo em pequena escala e
depois implemente em uma dimensão maior;
- Avalie cada resultado e aprenda com os erros e acertos;
- Se der algo errado seja resiliente! Melhore o que for
preciso e tente de novo;
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- Celebre as conquistas e aproveite para divulgar as boas
ideias;
- E quando tudo estiver consolidado e RH Estratégico estiver
bem robusto esteja pronto para se reinventar mais algumas vezes.
Não se acomode! O processo de mudança é algo contínuo e cada
vez mais veloz.
Não se esqueça: Em um mundo competitivo, inovador e
repleto de mudanças, a decisão de tentar o novo é menos arriscada
do que a decisão de permanecer no mesmo lugar.
Boa sorte!
Marcelo de Elias
www.marcelodeelias.com.br
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APOIO:
Treinamentos em Gestão e Liderança
Cursos para líderes em quaisquer níveis da estrutura da empresa.
Treinamentos para equipes
Desenvolvimento comportamental para equipes.
Treinamentos em Recursos Humanos
Treinamentos específicos para profissionais de RH.
Personalização e Alinhamento: Essa é a premissa básica de
trabalho da Academia de Empresas, que elabora seus treinamentos
com base nas demandas de cada cliente.
Assim, cada programa é totalmente criado e customizado
para a necessidade do contratante, aumentando consideravelmente
os retornos esperados.
Os cursos são construídos após um briefing detalhado com
o cliente que valida, e ajuda a construir, a proposta técnica.
Conheça as soluções personalizadas em treinamentos
através do site: www.academiadeempresas.com.br
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