RESPOSTA AO TRATAMENTO COM LED NA FOLICULITE QUELOIDIANA Bhertha M. Tamura (Assistente da Universidade de Santo Amaro, Colaboradora da Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) Paulo T. Tamura Relato de caso de Consultório particular INTRODUÇÃO: os LED (light emitting diodes) são diodos de semicondutores submetidos a uma corrente elétrica que emitem luz e é utilizada para fototerapia com comprimentos de onda que variam de 405nm (azul) a 940 nm (infravermelho). A fotobioestimulação ou fotomodulação decorrente dessa luz atuaria sobre a célula e a sua permeabilidade, sobre as mitocôndrias estimulando a síntese de ATP e, conseqüentemente, de proteínas, como o colágeno e a elastina. Contribui também com a divisão celular, inibição da produção de colagenase (metaloproteinases) e gelatinase. Age como um antimicrobiano e anti-inflamatório e por isso são indicados para o tratamento de diversas afecções inflamatórias1,2,3. A etiologia da foliculite queloidiana ainda é controversa, pode ser o resultado da oclusão folicular ou de uma disfunção da unidade pilosebácea; uma resposta imune exacerbada ao sistema pilosebáceo ou uma doença inflamatória. A fisiopatologia mais aceita seria a manifestação de uma foliculite bacteriana crônica neutrofílica. O exame histológico da foliculite mostra formação de abscessos, reação granulomatosa de corpo estranho, fragmentos de cabelos, fístulas e áreas cicatriciais. A foto 1 mostra um processo inflamatório perifolicular que sugere a foliculite. Os tratamentos incluem medicamentos tópicos (antibióticos, esfoliantes, sabonetes) e os medicamentos de uso oral (antibióticos, dapsona e até cortisona)6,7,8. Vamos relatar dois casos de foliculite tratadas no nosso consultório: Foto 1 Caso 1: masculino, pardo 27 anos. Desde há um ano apresentava foliculite na nuca, nega tratamentos anteriores e não desejava fazer uso de medicamentos alopáticos ou outro método invasivo. Foi tratado com luz emitida por diodos (LED) com comprimento de onda de 940nm contínuo/5mW/cm2 por 20 minutos e 630nm contínuo/11mW/cm2 por 20minutos uma vez por semana. Indicamos 2 sessões semanais porém o paciente não conseguiu vir ao consultório com essa freqüência. O paciente ficou satisfeito após a segunda sessão, sentindo melhora e involução das feridas e realizou 7 sessões regularmente. Desde há dois meses, faz uma sessão ao mês sem qualquer outro tratamento auxiliar. Como o quadro clínico era inicial, a foto panorâmica não consegue demonstrar claramente as lesões, bem como a evolução, além disso o paciente não autorizou a publicação das suas fotos. Foto 2 Foto 3 Caso 2: masculino, pardo, 24 anos. Desde há 4 anos apresenta foliculite na nuca e há 3 anos a afecção acomete todo o couro cabeludo (foto 2). Realizou diversos tratamentos tópicos (antibióticos) e sistêmicos (dapsona, antibióticos e antiinflamatórios), porém, sem resolução e sem qualquer melhora. Foi realizada biópsia (foto 1) e confirmado o diagnóstico da foliculite. As culturas apresentaram em diferentes momentos presença de S. aureus resistente à penicilina, cefalosporinas e fazia manutenção com DDS 100mg/dia porém sem remissão do quadro. Foi tratado com luz emitida por diodos (LED) com comprimento de onda de 940nm contínuo/5mW/cm2 por 20 minutos e 630nm contínuo/11mW/cm2 por 20minutos duas vezes por semana. Inicialmente tratamos a região parieto-temporal e após 3 sessões houve nítida diferença entre a área tratada e a área não tratada (foto 3). Após este resultado, tratamos toda a região acometida e na sétima sessão houve melhora global do quadro clínico (foto 4). É controlado há 3 meses com uma sessão de LED nos mesmos parâmetros citados a cada 15 dias como manutenção. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: Este é o relato de dois casos isolados tratados com LED. É uma tecnologia nova que não possui casos, dados ou artigos científicos fidedignos quanto à sua real aplicabilidade e resultados. Os efeitos terapêuticos atribuídos à emissão de LED no comprimento de onda de 830nm são a melhora da atividade e metabolismo celular, da mitose, da quimiotaxia dos neutrófilos, macrófagos e fibroblastos na área alvo e juntos, aceleram a degranulação dos mastócitos. Os efeitos do comprimento de onda de 633nm estimulam a transformação dos fibroblastos em miofibroblastos melhorando a cicatrização, a fibroplasia, tornando mais eficiente a síntese do colágeno, além de acelerar a transformação das células germinais para fibroblastos jovens ativos1-3. Ainda há necessidade de estudos profundos e que a casuística seja muito maior para que realmente possamos concluir quanto é o benefício do tratamento. BIBLIOGRAFIA: Foto 4 1.Abramovits W; Arrazola P, Gupta AK. Light-Emitting Diode-Based Therapy. Derm Clin Jan-Feb 2005:38-40. 2.Alam M, Dover JS. Treatment of photoaging with topical aminolevulinic acid and light. Dermatol Surg 2005 Jan;31(1):33-6. 3.Alexiades-Armenakas M. Laser-mediated photodynamic therapy. Clin Dermatol 2006 Jan-Feb;24(1):16-25. 4.Sampaio SAP, RivittiI EA. Dermatologia. 1a ed. São Paulo, Artes Médicas, 1998:45-66. 5.Azulay RD; Azulay DR. Dermatologia. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2ª ed 1997:5. 6.Ackerman AB. Histologic diagnosis of inflammatory skin diseases. Williams & Wilkins 2ªed Baltimore, 1997. 7.Paquet P, Pierar GE. Dapsone treatment of folliculitis decalvans. Ann Dermatol Venereol 2004 Feb:131(2):1957. 8.Hashimoto K, Ito M, Suzuki Y. Hair and Hair disease. Ed. By Organos CE, Happle–Springer-Verlag 1989;6:117128.