4.1.2 O Quadro Natural 4.1.2.1 Solos Os solos predominantes nos terrenos mais elevados dos maciços estão associados as ocorrências dominantes do Latossolo Vermelho Amarelo associado ao Cambissolo. O Latossolo Vermelho Amarelo apresenta-se com boa permeabilidade, bastante profundo e sua textura varia de argilosa a muito argilosa sendo, também, muito resistente à erosão. O Cambissolo é menos profundo, está relacionado às ocorrências de afloramentos da rocha-mãe, possui um horizonte B rico em minerais primários e boa drenagem mas é mais susceptível à erosão, (ver Mapa de solos – JAC-20-0003, em anexo). No maciço da Tijuca, nas áreas que margeiam os terrenos elevados dos maciços, o predomínio é do Podzólico Vermelho Amarelo; já nas áreas equivalentes do maciço da Pedra Branca a predominância é Podzólicos Vermelho Amarelo Eutrófico. Com texturas e estruturas bastante variadas, esses solos pouco profundos possuem um horizonte B arenoso, sendo muito susceptíveis à erosão. Na Baixada de Jacarepaguá, especialmente nas zonas de relevo mais rebaixado que ocorre entre os dois maciços, existem associações do Latossolo Vermelho Amarelo com o Podzólico Vermelho. Estes solos são muito profundos e intemperizados, não apresentando muitos vestígios de minerais primários. Mais próximo da linha de costa ocorrem o Podzol e os Solos ArenoQuartzosos profundos ocorrem nos cordões litorâneos. São muito porosos e extremamente permeáveis. Esses solos, no reverso do cordão mais recente e na frente e reverso do cordão mais antigo, encontram-se em posições topográficas mais baixas. No entanto, como estão muito próximos do nível das lagunas possuem algum teor de umidade, assim como um horizonte superficial mais espesso. Na região da Vargem Grande, mais precisamente nos campos inundáveis de Sernambetiba, ocorrem Solos Orgânicos Distróficos, mal drenados. Aqui ocorre a maior e mais espessa área de turfa da baixada. Na área de domínio das margens das Lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca ocorrem solos de Mangue e Salinos Thiomórficos. Mais em direção aos maciços e relacionados aos baixos cursos fluviais, aparecem os solos Gley Diastróficos e Aluviais Eutróficos e Distróficos. Entre os maciços, onde ocorrem relevos planos ou levemente ondulados, está presente o Planossolo, muito lixiviado e sem uma boa drenagem, estando relacionado à presença de depósitos sedimentares antigos. Assim como o clima exerce sua influencia na pedogênese local, seus efeitos podem ser sentidos no desenvolvimento das formações vegetais. As condições normais médias de temperatura e pluviosidade determinam a distribuição das grandes formações de vegetação. Em micro-escala, clima, relevo, solo e vegetação interrelacionam-se criando fisionomias próprias para cada paisagem natural. 4.1.2.2 As Chuvas e as Vazões dos Rios As chuvas são as principais responsáveis pelo crescimento das vazões dos rios que descem dos maciços como, também, pelo desencadeamento da ação de processos que levam ao deslocamento de carga em direção aos canais fluviais. Ocorrência, freqüência, tempo de duração 54 e intensidade da chuva, assim como sua distribuição em área, são elementos fundamentais para criar e condicionar os processos de escoamento e infiltração. No momento em que as chuvas ocorrem, encontram um ambiente previamente definido, um certo estado antecedente, para o qual também as condições climáticas contribuíram, em diversas escalas de intensidade e tempo. Um material intemperizado, passível de ser trabalhado por um processo erosivo é, antes de mais nada, um produto da alteração das rochas para qual o clima contribuiu de modo expressivo, ao longo do tempo, principalmente através da combinação de elevadas temperaturas e precipitações, no caso das áreas tropicais. A freqüência e a intensidade de chuvas, nessa região, estão muito relacionadas à atuação das frentes frias vindas do sul e à presença do relevo, pela sua altitude e posicionamento. Entre as características e comportamentos da precipitação pluvial no Sudeste Brasileiro destacam-se os trabalhos de Nimer (1971). A Região Sudeste é, conjuntamente com a Região Norte, uma das regiões brasileiras de mais elevada pluviometria anual. Entretanto diferem-se pela distribuição espacial e pela irregularidade no tempo. “... na Região Sudeste, a altura das precipitações, quando comparadas de um ano para outro, isto é, o desvio pluviométrico, é tão notável que torna os índices, baseados em normais climatológicas, uma mera caricatura da realidade..., verões são caracterizados não apenas por um elevado número de ocorrências diárias, mais ainda por intensos aguaceiros de notável concentração horária... e ...precipitações elevadas não são anomalias nem mesmo um acontecimento extraordinário.” A existência dessas características e comportamentos não são, entretanto, exclusivas dessa região brasileira. Elas enquadram-se nas condições gerais inerentes ao clima Tropical. Nesse sentido, Ayoade (1986) destaca o fato de que a variabilidade da precipitação pluvial é mais importante nos trópicos do que na região temperada, assim como sua intensidade é maior. No caso das tempestades, procura demonstrar que elas "tendem a produzir um padrão desigual de precipitação pluvial para qualquer determinado dia, ou, até mesmo, para um período tão longo quanto um mês”. Aborda também a questão da existência de variações sazonais e espaciais nas chuvas dos trópicos, chamando atenção para o padrão randômico da ocorrência de tempestades, dificultando a análise da distribuição espacial das médias de precipitação. Quanto às características das tempestades, demonstra que são fenômenos altamente localizados, levando em conta que seus diâmetros de ocorrência, geralmente, são inferiores a 25 Km com duração média menor a sessenta minutos. O comportamento da precipitação reflete-se na atuação dos processos geomorfológicos. Nesse sentido, Monteiro recomenda que "o conhecimento regional das circulações e do ritmo de sucessão característico do verão deverá preceder às análises dos episódios catastróficos nele ocorridos", referindo-se aos eventos de movimentos de massa que aconteceram em Caraguatatuba (SP), Serra das Araras e Município do Rio de Janeiro (RJ). Indicava, também, que para serem geográficas, as análises dos episódios deveriam ser correlacionadas a outros fenômenos, uma vez que a importância e freqüência dos eventos seriam fundamentais para a caracterização dos sistemas morfológicos vigentes. Contrastando com esses momentos de grande precipitação, ocorrem períodos mais quentes e mais secos. No trabalho de Ferraz (1939) este aspecto é estudado. São citados como anos secos, no período que vai de 1880 a 1938, os anos de 1924-1925. A partir de 1924, vários períodos secos antecederam épocas muito chuvosas, especialmente na década de 60. A definição mais detalhada de anos chuvosos ou secos, muitas vezes esbarra na forma de apresentação das informações disponíveis dos totais pluviométricos. O serviço nacional de meteorologia expressa suas estatísticas dentro de um ano civil, contabilizando os registros do período mais chuvoso, que vai de outubro a março, em dois anos distintos. Para as grandes 55 chuvas, entretanto, pelos transtornos que causam, as informações são precisas em suas datas, fazendo com que sejam, bem identificados, os verões mais chuvosos. Nos grandes centros, como o Rio de Janeiro, onde há muito existem observações meteorológicas, é possível reconstituir esses períodos e também obter informações sobre o registro de grandes tempestades. Tais temporais são mencionados em todas as crônicas da cidade. Causaram desmoronamentos tal qual hoje em dia. “Ulisses Alcântara que nos dá notícia de dois grandes nas encostas do Morro do Castelo. O primeiro, em abril de 1759, foi tão forte e tanto encheu a cidade que uma canoa com sete pessoas pode navegar desde o Valongo até a Sé”, atual Igreja do Rosário. Ocorreram ainda, segundo Amarante (1960), grandes temporais em fevereiro de 1811, outubro de 1864 e março de 1919, assim como chuvas com mais de 100 mm, em 24 horas, conforme demonstra o Quadro 4.1: Quadro 4.1 - Eventos de grandes temporais DATA 16/05/06 13/02/13 18/04/14 30/03/22 04/03/24 14/04/54 20/12/54 PRECIPITAÇÃO (mm) 126,7 102,4 112,3 105,8 171,8 102,2 124,3 Fonte: Marques, 1990. Nimer (1971) apresenta uma relação para as estações meteorológicas do Sudeste, no período de 1910 a 1933, com os valores de ocorrência de precipitação de totais elevados, em cada uma delas. Os maiores valores obtidos em todas não coincidem, necessariamente, com uma mesma ocasião de chuva em toda a região. No Rio de Janeiro, no estudo desenvolvido pela SURSAN (1965), é possível observar que até mesmo a freqüência de temporais, ao longo do ano, não é a mesma em todos os pontos do município, embora a grande maioria esteja concentrada entre os meses de dezembro a março. Alguma dúvida poderia existir, observando-se que esses resultados foram alcançados tomando períodos diferentes em cada estação, porém, Argento (1974) ao analisar e classificar as estações do Rio de Janeiro, com dados mensais do período de 1963 a 1972, quanto aos valores de precipitação e de temperatura, verificou quantitativamente a formação de grupos distintos entre elas, evidenciando portanto diferenças significativas. Os resultados deste trabalho apontam que o número de dias com chuva é grande, variando de 90 dias na Baixada de Jacarepaguá a 150 dias nas áreas mais elevadas dos maciços da Tijuca e Pedra Branca. Um aumento de 67 % para um raio inferior a dez quilômetros, que representa a distância média em linha reta entre as estações de Jacarepaguá e a do Alto da Boa Vista. Para o período de 1966 a 1975, Mattos (1976) apresenta, para a estação do Alto da Boa Vista, os seguintes valores de precipitação média, conforme o quadro 4.2, a seguir: 56 Quadro 4.2 - Precipitação (1966/75) - Alto da Boa Vista MÊS Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total Anual PRECIPITAÇÃO (mm) 261 231 257 250 141 108 152 141 164 206 269 243 2423 Fonte: Mattos (1976) Com um total de 2.431 mm para 153 dias de chuva, é possível estimar em 15,8 mm o valor de uma precipitação média para 24 horas. Comparando os valores apresentados anteriormente, o de chuvas intensas no Rio de Janeiro, com o valor de uma chuva média, pode-se afirmar que as grandes chuvas descarregam em um único dia o volume correspondente ao de uma semana de precipitações médias. No Alto da Boa Vista, os meses mais chuvosos vão de outubro a abril, com médias superiores a 200 mm. Na baixada os meses mais chuvosos concentram-se de novembro a março, com uma média de 168,7 mm e os meses menos chuvosos os totais médios são inferiores a 100 mm. O mês menos chuvoso, junho, tem 43,2 mm. No Maciço da Tijuca, o período mais seco possuem médias superiores a 100 mm, mesmo o menos chuvoso, junho, recebe 108 mm. Quando analisa-se um período muito curto nota-se que para as duas estações os desvios, em relação às médias, serão muito elevados. Os anos de 1985 e 1986 apresentaram muitas variações em relação às médias do período de 1931 a 1975. Em 1985, o mês de dezembro foi muito chuvoso com um total superior à média e, para 1986, dezembro praticamente teve o dobro da precipitação média, 303,70 mm. O período de julho a abril (1985/1986) foi seco, inclusive o mês de janeiro, com um valor muito baixo, menor inclusive que o valor mínimo médio do mês de junho, o menos chuvoso. Para o ano de 1987, várias diferenças, em relação à média, podem ser apontadas: um dos meses menos chuvosos foi o de novembro, com um valor inferior ao valor mínimo das médias mensais, que corresponde ao mês de junho; o mês mais chuvoso foi abril que, em média, é o de menor precipitação entre os meses da estação chuvosa; o mês de março apresentou um valor três vezes inferior à média desse mês; o total pluviométrico foi mais elevado do que o total anual médio, colaborando para isto os valores das precipitações de abril e junho, que historicamente correspondem com totais mais modestos. No quadro 4.3 são apresentados os valores diários para a precipitação, na Baixada de Jacarepaguá e para a Estação do Alto da Boa Vista, relativos ao período de 1985 a 1986, época que coincide com o período de amostragem e medição das vazões e sedimentos transportados pelos principais rios da bacia hidrográfica de Jacarepaguá por Marques (1988). Neste quadro observa-se que as precipitações têm valores mais elevados nos maciços. São diferenças bastante acentuadas nos totais de chuva, principalmente nos dias de precipitações 57 mais intensas, como exemplificam alguns casos selecionados, em média, para as chuvas abaixo listadas, encontramos valores de três a quatro vezes maiores para a estação do Alto da Boa Vista. Quadro 4.3 – Precipitação – 1988 PRECIPITAÇÃO (mm) DATA JACAREPAGUÁ (a) ALTO DA BOA VISTA (b) 11/07/85 04/11/85 05/11/85 04/12/85 05/12/85 08/03/86 16/04/86 07/07/86 22/07/86 12/11/86 20/12/86 3,2 15,7 30,7 52,5 20,0 30,4 67,3 33,0 18,2 18,4 12,3 28,4 42,4 74 68,9 41,8 90,9 132,8 96,0 102,6 72,1 51,4 RELAÇÃO (b)/(a) 8,9 2,7 2,4 1,3 2,1 3,0 2,0 2,9 5,6 3,9 4,2 Fonte: Marques (1990) Embora com pequena freqüência, também ocorrem, totais pluviométricos maiores na baixada do que no maciço. Em, dezembro de 1986, no dia 30, choveu 61,0 mm na baixada e 42,8 mm no maciço. Outro ponto a destacar, são as seqüências de dias chuvosos, onde, aparece, pelo menos, um dia com um valor excepcionalmente elevado em relação aos outros. Segundo cartograma elaborado pelo IplanRio, presente no anuário estatístico de 1996, o Maciço da Pedra Branca possui totais pluviométricos inferiores ao do Maciço da Tijuca. Como demonstrado, os totais elevados, a alta freqüência de dias de chuva e a alta intensidade delas, são características das áreas elevadas. Chove mais nas áreas elevadas dos maciços e menos nas áreas planas da baixada, isto é evidente quando observa-se a relação entre os totais proposta por Marques (1990), no quadro 4.3. 4.1.2.3 A Ação do Escoamento de Águas Pluviais A presença de sedimentos, como carga, nos canais fluviais decorre da erosão promovida pelo próprio fluxo da água e da contribuição trazida pelos processos que atuam nas vertentes dos vales. Abordando essa questão, Christofoletti (1981) afirma que o transporte de sedimentos depende de fatores hidrológicos controladores das características que são impostas ao regime fluvial. Os fatores hidrológicos mais importantes são a quantidade e a distribuição das precipitações. A estrutura geológica, as condições topográficas e a cobertura vegetal influenciam na formação do material intemperizado que pode ser transportado pelos rios. Atualmente, nos estudos hidrológicos, acrescenta-se a participação da ação antrópica, por exercer uma elevada interferência sobre os fatores hidrológicos, especialmente nas bacias hidrográficas fortemente urbanizadas, como a de Jacarepaguá. Os processos antrópicos acabam por contribuir com mais água e sedimentos para os rios, uma vez que o destino final dos efluentes são os corpos d’água. 58 O efeito de fortes chuvas e suas conseqüências são acontecimentos que já estão agregados a historia do Município do Rio de Janeiro. As inundações acabam por chamar muito mais a atenção do que o volume de detritos que são carreados por essas águas. A expansão contínua da cidade do Rio de Janeiro, se faz principalmente sobre as baixadas litorâneas, muitas vezes sob a forma de aterros artificiais. Esse fenômeno alonga o percurso dos rios ao mesmo tempo em que são diminuídos ainda mais a os gradientes dos baixos cursos, naturalmente excessivamente fracos. A estrutura geomorfológica do município, composta por maciços costeiros e baixadas litorâneas, proporciona a ruptura muito brusca no perfil longitudinal dos rios que, ao alcançarem a base dos maciços, espraiam-se e ganham volume para compensar a perda de velocidade. Quando ocorrem chuvas mais fortes é enorme o trabalho da sedimentação nas ruas situadas na base de encostas. As vezes, vêm-se reconstituir em pouco mais de uma hora as antigas lagunas e os antigos cursos d'água hoje desaparecidos da paisagem urbana. (Ruellan, 1953). 4.1.2.4 Escoamento de Águas e Erosão As águas pluviais ao chegarem ao solo percorrem dois caminhos em direção aos canais fluviais. O primeiro, mais lento, inicia-se pela infiltração das águas e o segundo, mais rápido, pelo escoamento superficial. A partir da infiltração, constitui-se um armazenamento de águas que exerce o papel de abastecedor contínuo do canal fluvial. Com o escoamento superficial, a resposta é mais imediata e o valor das vazões dos canais são acrescidos em função da área drenada, da declividade da bacia e da intensidade da chuva e da duração do processo. A urbanização faz com que as águas que seriam infiltradas para o solo sejam escoadas superficialmente. A definição por um dos caminhos de mobilização das águas passa, antes de tudo, pelo modo de como a precipitação pluvial ocorre. Nos Maciços da Pedra Branca e Tijuca as precipitações são freqüentes, ao longo do ano, porém, apresentam muitas variações quanto ao volume, a intensidade e as suas distribuições espaciais e temporais. As condições de umidade do solo, por sua vez, ao interagirem com as precipitações, promovem novos resultados, determinando uma intensidade maior ou menor para o processo de infiltração. Assim, quanto mais úmido estiver o solo, maior será a parcela disponível para o escoamento superficial. A capacidade de infiltração da água em um solo é controlada, principalmente, pela sua textura, pelo grau de cobertura da vegetação e pelo grau de saturação existente. Acrescenta-se que, as taxas de infiltração variam inversamente ao aumento da intensidade da chuva e da declividade do terreno, (Leopold, 1964). Nos dois maciços os solos mais expressivos, em área, ocupam posições altimétricas diferentes e refletem, por suas propriedades maior ou menor predisposição em absorver água. Nas áreas mais elevadas, encontram-se afloramentos rochosos, praticamente impermeáveis, geram grandes taxas de escoamento superficial. Os latossolos, geralmente profundos, com boa capacidade de infiltração e com boa resistência à erosão, desenvolvem-se sobre compartimentos menos movimentados. Nas áreas de colinas, junto ao pé dos maciços ocorrem os podzólicos, com horizonte A arenoso, mais susceptíveis à erosão e ao escoamento superficial. Ainda nos maciços, além das características do solo e dos declives, é necessário mencionar a existência de depósitos de colúvios nas encostas, que trazem variações nas condições de permeabilidade dos terrenos. Na baixada, os terrenos de origem marinha, mais altos e com grande permeabilidade, contrastam com os terrenos mais baixos, constantemente saturados de água, que circundam as lagoas mais interiores e compõem a área dos Campos de Sernambetiba. 59 Muitas são as características favoráveis ao aumento dos níveis de escoamento na área, tais como desmatamento, urbanização, queimadas, dentre outros. A presença da vegetação nos altos cursos dos rios é um elemento restritivo à aceleração desse processo. Vários são os trabalhos realizados que demonstram os efeitos do desmatamento sobre o escoamento superficial. Exemplificando esses efeitos, com dados relativos às bacias localizadas nos Montes Apalaches, nos Estados Unidos, que vêm sendo monitoradas desde a década de 30, a vazão de um rio principal registrou uma vazão equivalente a uma precipitação 20% maior que a observada, após um desmatamento ocorrido em 1940 (Drew, 1986). A floresta, pelo seu papel controlador da infiltração e do escoamento, funciona como reguladora dos excedentes hídricos, no momento em que armazena águas, via infiltração, e eleva as taxas de evapotranspiração. A sua ausência expõe o solo à erosão, favorecendo a ocorrência de desmoronamentos (Suguio & Bigarella, 1978). Em função da ocorrência de chuvas, de seu volume e intensidade, três cenários podem ser formulados: a) Chuvas fracas, de baixa intensidade e volume, são absorvidas via infiltração. Ampliam-se as reservas para o abastecimento contínuo dos canais fluviais. Os fluxos nos canais, muito pouco acrescidos pela chuva direta sobre eles, e não recebendo maiores contribuições do lençol freático, praticamente não promovem oscilação nas vazões. Não existem também contribuições externas de sedimentos. O nível de energia nos canais tende a manter-se baixo, crescendo em trechos em que atuam os gradientes mais elevados. O transporte de sedimentos restringe-se apenas ao material do leito. b) A chegada da estação das chuvas, faz aumentar o volume e a intensidade média das chuvas, criando condições favoráveis para o aparecimento do escoamento superficial. Dependendo da resistência dos materiais disponíveis para à erosão, chegam aos canais fluviais mais água e sedimentos, elevando suas vazões. O nível de energia no canal aumenta em função do novo volume, ganhando mais poder erosivo e de transporte. c) Com maior volume e intensidade das chuvas, observam-se enxurradas, em que o escoamento se processa em forma de lençol até que, concentrada, chega aos canais fluviais, (Ruellan, 1953). O lapso de reação entre o inicio do escoamento superficial e a chegada de novas contribuições de água e energia ao canal fluvial, tempo de concentração, tende a diminuir muito, trazendo respostas mais rápidas para o incremento da energia no canal, promovendo mais transporte de sedimentos e maior poder erosivo. Situações desse tipo fazem os rios assumirem picos de vazão com características torrenciais. Terminada essa chuva, o fluxo no canal retorna ao seu nível condicionado pelas contribuições do lençol freático. Um novo canal é construído nas fases de cheias torrenciais, a erosão do fundo e das margens do canal são reativadas e os sedimentos passíveis de serem transportados são deslocados rio abaixo, (Strahler, 1982). Normalmente, podem ser identificados sinais bem visíveis da ocorrência desses eventos torrenciais. Cargas excessivas de sedimentos são deixadas nos pontos de ruptura de declive e cicatrizes nas margens são indicativos da erosão fluvial (Pires Neto, 1988). As situações apresentadas, de uma chuva fraca a uma chuva forte, na verdade correspondem a pontos de referência no encadeamento dos processos. Essa normalidade só existiria se as características da chuva fossem assumidas como homogêneas em toda a área, se os componentes do ambiente não estivessem evoluindo e, consequentemente, estabelecendo novos 60 limites para a atuação dos processos; se não houvessem influências de um ambiente sobre outro, se não existisse a interferência humana e finalmente se a escala de observação fosse uma só. Existem variações espaciais na distribuição de chuvas sobre os maciços, em termos de freqüência, volume e intensidade. Isto ocorre não só em um determinado instante mas, também, ao longo do tempo, quer seja em relação a uma chuva, a uma seqüência de chuvas, a uma estação do ano ou a um largo espaço de tempo. O surgimento de ravinamentos e movimentos de massa, o ressecamento da vegetação durante um período mais seco e quente e o aprofundamento erosivo do canal fluvial, modificando os declives, são exemplos de fatos que alteram as condições preexistentes. Há encadeamentos entre processos, tornando o estado de equilíbrio de um ambiente dependente do que está ocorrendo em outro. A ampliação ou redução do processo erosivo, em uma área, pode gerar alterações no comportamento do processo deposicional em outra. As lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca encontram-se em situação de dependência quanto ao volume de águas e sedimentos que recebem dos maciços, via canais fluviais. Os resultados da ação antrópica tendem a ser expressos pelo aumento significativo do escoamento superficial. Os altos valores da densidade de drenagem em áreas urbanas, pela instalação de galerias pluviais e impermeabilização do solo, tornam mais rápido o escoamento das águas. A cidade de Harlow, na Inglaterra, construída em uma bacia de 21 Km2, sobre terrenos bastante impermeáveis, passou a produzir grandes variações no escoamento: o córrego Canon’s Brook, para uma chuva de 5 mm em uma hora aumentou em 460% sua vazão, teve o tempo de alcance do pico de vazão e da duração da cheia reduzidos para a metade (Drew, 1986). Aumentando o escoamento superficial, a infiltração é diminuída criando menor disponibilidade de água para abastecer os rios, fora do momento de chuva. Os canais efêmeros tendem a crescer, em extensão, para jusante. Na drenagem permanente, a redução do fluxo permite a expansão da vegetação no leito do canal, fato observado em muitos pontos da bacia hidrográfica de Jacarepaguá. O crescimento da vegetação é estimulado também pelo lançamento de entulho e águas servidas, que acabam por dificultar o escoamento das águas ao mesmo tempo em que são lançados nutrientes (Nitrogênio e Fósforo) favorecendo a proliferação de micro organismos, algas, insetos, anfíbios e roedores. Com o processo de expansão urbana na área, pode-se deduzir que chuvas de mesma intensidade serão responsáveis por vazões cada vez maiores, ao longo do tempo. Essa diferença representa uma inversão na lógica do processo. Ao mesmo tempo, os canais tendem a ficar cada vez mais estreitos, colmatados e assoreados. Ao estudar os processos erosivos, no maciço da Tijuca, destacam-se as chuvas entre 0,1 e 10,0 mm como a classe mais freqüente (24%) e as chuvas entre 10,1 e 70,0 mm como as responsáveis pelo maior volume precipitado (61%). Entretanto as grandes chuvas, superiores a 100,0 mm, possuem uma freqüência menor que 1% (Coelho Netto, 1979). Como foi colocado anteriormente, mesmo que as freqüências de chuvas, de determinado nível, não estejam aumentando, seus efeitos assumem valores maiores pela interferência humana. Assim é possível que, nos dias atuais, chuvas de menor intensidade produzam efeitos semelhante aos provocados por temporais no passado, intensificando o trânsito de águas e sedimentos para a baixada. A importância das possibilidades de repetições de eventos raros vem merecendo a atenção de inúmeros pesquisadores, (Hirschbueck, 1987). Os fluxos de água e sedimentos são levados do maciço para a Baixada de Jacarepaguá, não existem condições necessárias e suficientes de transferência dos pacotes sedimentares para o 61 mar. Em praticamente todos os níveis de fluxo o destino final dos sedimentos são as lagunas costeiras, especialmente a da Tijuca, que encontra-se num estágio avançado de assoreamento. 4.1.2.5 Movimentos de Massa Entre os processos responsáveis pelo fornecimento de carga para os canais fluviais estão os movimentos de massa. Ocorrem como conseqüência da ação da força de gravidade sobre os materiais existentes em encostas. Podem acontecer de diversos modos, com velocidades que variam de muito lentas a muito rápidas, atingindo, periodicamente, grandes proporções em área e em volume de massa deslocada. Nos relevos elevados da borda atlântica brasileira, vários eventos dessa natureza têm ocorrido e sido descritos, tomando-se conhecimento do modo como se manifestaram, da grandeza que atingiram e de suas conseqüências, entre eles destacam-se os eventos ocorridos no Vale do Paraíba, em dezembro de 1948, (Sternberg, 1949); na cidade de Santos, em março de 1956, (Pichler, 1957); na cidade do Rio de Janeiro, em janeiro de 1966 e fevereiro de 1967, (Meis & Silva, 1968); na Serra das Araras, em janeiro de 1967, (Domingues, 1971); na Serra de Caraguatatuba, em março de 1967 (Cruz, 1974); na cidade de Angra dos Reis, fevereiro de 1985, (Marques, 1988), nas cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis em fevereiro de 1988, (Barros, 1988) e mais recentemente os deslizamentos de Jacarepaguá, ocorridos em 1996. Todos esses eventos estão associados a períodos de grande volume e intensidade de chuvas, indicando ser a água um importante componente para ocorrência desse tipo de movimento. Dos fatores comumente apontados como capazes de predispor o ambiente para esse processo, estão presentes: a topografia com declives elevados; encostas com mantos espessos de material decomposto; blocos soltos em superfície ou embutidos em material fino; pouca coesão do material existente nas encostas; presença de fraturas, diques e contatos litológicos; ocorrência de planos de deslizamento no contato dos afloramentos com o regolito; sobrecargas nas encostas por acúmulo de água, edificações, construção de estradas e arruamentos; modificações na circulação de águas em superfície e subsuperfície; solapamento da base das encostas por erosão natural e cortes na base de tálus e colúvios. Nos movimentos de massa ocorridos no Rio de Janeiro, em 1966 e 1967, muitos desses fatores, com maior ou menor importância, estiveram presentes. Os movimentos eclodiram, principalmente, no Maciço da Tijuca durante um período de muitas chuvas, sendo algumas de excepcional intensidade. O evento ocorrido nas Furnas da Tijuca foi um dos maiores já ocorridos. Sua cicatriz teve cerca de 600 metros de eixo longitudinal por cerca de 40 metros de eixo transversal. Foram mobilizados materiais grosseiros, incluindo matacões de grande porte, embebidos numa matriz fina, composta por materiais de fração argilosa. O material desceu a encosta em duas corridas sucessivas num um intervalo de 15 horas. O material foi lançado no canal do Rio Cachoeira, represando-o temporariamente. O destino final dos materiais mais finos foi a Lagoa da Tijuca (Meis & Silva, 1968). 62 Em Furnas da Tijuca, Caraguatatuba e Serra das Araras, o material deslocado das encostas foi conduzido ao canal fluvial, produzindo represamentos temporários do fluxo de água. Após o rompimento da barragem ocorre uma onda de choque capaz de provocar um enorme desastre, geralmente acompanhado por perdas materiais e humanas (Marques, 1988). Trata-se, portanto, de contribuição de grande volume de carga para os rios. São ocorrências que podem ser únicas ou múltiplas dentro de uma bacia e que têm baixa freqüência. O nível de energia, nesses eventos é alto e eles podem acontecer, simultaneamente, com ações de escoamento torrencial. Ambos, pela energia que possuem, são capazes de mobilizar materiais de maior talhe do que aqueles normalmente levados pelo escoamento superficial, via de regra constituídos de areia fina, silte e argila. Os movimentos de massa desempenharam importante papel no desenvolvimento das vertentes do Brasil Sudeste e Meridional. Encontram-se especialmente ligados às condições climáticas úmidas, ao intemperismo químico profundo e a inclinação e altura das vertentes. Eles ocorrem freqüentemente nas áreas montanhosas e acidentadas, sendo característicos dos terrenos antropicamente degradados. Os depósitos de colúvio que recobrem, freqüentemente, as vertentes do sudeste brasileiro, constituem testemunhos de antigos movimentos de massa (Meis & Silva, 1968). No passado geológico os movimentos de massa tiveram um controle climático de caráter cíclico. A paisagem mostra uma seqüência de cicatrizes por movimentos de massa em épocas distintas. Sua recorrência está relacionada às mudanças climáticas, as quais alteram as condições de cobertura vegetal e hidrológicas do subsolo (Bigarella, 1978). O maciço da Tijuca está repleto de cicatrizes nas encostas que evidenciam as ações erosivas mais recentes. O mesmo ocorre no maciço da Pedra Branca, porém em menor escala. Hoje, a cada chuva no Rio de Janeiro, aumenta a expectativa da Defesa Civil e da população, quanto à ocorrência de inundações e de deslizamentos nas encostas. Isto decorre das conseqüências catastróficas presenciadas em eventos anteriores. Ao eleger a cicatriz do movimento de massa de Furnas da Tijuca para acompanhamento da sua evolução, pelas facilidades de ali retornar sucessivas vezes, foi possível observar comportamentos que continuaram promovendo o deslocamento de material rumo às calhas fluviais. A vegetação rapidamente colonizou toda a cicatriz. A área não se estabilizou: novos movimentos ocorreram nas posições mais a montante, seguindo várias linhas de cisalhamento. Os novos deslizamentos acompanhavam a forma côncava da calha e, na superfície do terreno, dispunham-se como degraus em arco. Antes que o processo fosse acelerado, novas obras foram realizadas. No fundo da calha havia ficado muito material de talhe heterogêneo, destacando-se os grandes matacões. Esse material passou a ser trabalhado pelo escoamento superficial de águas pluviais e pela ação de um riacho, que se instalou, após o movimento de massa, no centro da cicatriz. As águas do riacho, em alguns trechos, retiraram o material fino existente entre matacões e, em outros locais, penetram entre os blocos, aflorando mais adiante em superfície (Marques, 1990). Cabe ainda ressaltar que esses processos são capazes de construir novos depósitos sobre as planícies na baixada e assorear o fundo dos vales, mais a montante. Em Caraguatatuba, houve energia suficiente para carrear a maior parte do material liberado pelos movimentos de massa até o baixo curso do rio, tornando a planície mais alta, plana e com um declive mais acentuado de montante para jusante. O rio encaixou-se. Na Serra das Araras, sedimentos foram levados para o baixo curso, mas vales em forma de “V” passaram, com o entulhamento, a ter fundo plano. Lentamente o rio foi se encaixando, transformando os depósitos em pequenos terraços. 63 Os aluviões e colúvios antigos, que constituem os depósitos que circundam o sopé dos maciços, na Baixada de Jacarepaguá, possuem rios encaixados sem evidências de construções de diques marginais. Há, portanto, razões para relacionar esses depósitos às antigas cicatrizes das encostas dos maciços e, consequentemente, a processos como os descritos, responsáveis pela deposição de grandes volumes de material. 4.1.2.6 Altitudes A área ocupada pelas bacias fluviais que compõem a Macrobacia de Jacarepaguá é de aproximadamente 300 km². Tomando-se como referência a curva de nível de 20m, pode-se deduzir que a área ocupada pelas bacias fluviais em terrenos elevados no Maciço da Tijuca representam cerca de 70% da área total da Macrobacia. Os demais 30% correspondem as áreas de baixada. Nos quadros 4.4 e 4.5 apresentados estão separadas, por classes, as altitudes existentes nas bacias analisadas, respectivamente, por valores absolutos, relativos e relativos acumulados. Delas derivam as observações apresentadas a seguir. As bacias do rio do Anil e do Arroio Fundo, além de serem as maiores em área, são as que possuem terrenos em maiores altitudes, acima dos 1.000 m; com exceção da bacia do Rio Piabas, com terrenos que atingem a faixa dos 400 a 500 m, todas as demais drenam terrenos com altitudes superiores a 600 m; as bacias dos Rios Pavuninha, Vargem Pequena, Piabas e Arroio Pavuna têm, relativamente, menor percentagem de terrenos elevados do que as demais; as bacias dos rios Cachoeira e Camorim possuem altitudes médias superiores a 400 m; 63% da bacia do rio Vargem Grande tem, altitudes superiores a 200 m; metade da área das bacias dos Rios da Barra, Anil e Branco, possuem altitudes superiores a 100 m; as bacias dos rios da Barra, Cachoeira, Anil, Arroio Fundo, Camorim e Vargem Grande apresentam mais de 80% de sua área ocupada por terrenos de altitudes superiores a 20 m. Esses dados mostram, de maneira expressiva, a grande amplitude de relevo existente em todas as bacias, considerando-se que as áreas totais de cada uma são relativamente pequenas, pois a maior delas, a do Arroio Fundo, tem apenas 55 Km2. Portanto, há o predomínio dos terrenos de altitude elevada, em quase todas as bacias. Os altos declives existentes nos dois maciços estão associados aos terrenos elevados e suas grandes amplitudes constituem elementos que favorecem os processos de escoamento de águas (Costa, 1986). Quanto aos terrenos baixos, com altitudes inferiores a 20 m, destacam-se em termos relativos, as Bacias dos Rios das Pedras (39%), Pavuninha (54%), Vargem Pequena (56%), Piabas (50%) e Arroio Pavuna (56%). Em termos absolutos, as bacias mais expressivas, em áreas de terrenos com altitudes baixas, são as do Rio Piabas, com 9 Km2, a do Arroio Fundo com 11 Km2 e a do Arroio Pavuna com 12 Km2. Desníveis acentuados ocorrem entre as cotas de 200 e 600 m de altitude na bacia do Rio da Cachoeira e o mesmo pode ser observado entre as cotas de 500 e 700 m para o Rio Camorim. As altitudes intermediárias entre esses valores representam conjuntos de área significativos, no total, correspondendo a 65% na Bacia do Rio Cachoeira e 46% na do Rio Camorim. Essas posições correspondem à presença de níveis de base locais, que ocorrem nos perfis longitudinais desses rios, correlacionados às formações lito-estruturais dos maciços. 64 Quadro 4.4 – Área das bacias, por classes de altitude (km2) CLASSES DE RIO DA RIO RIO DAS RIO DO ARROIO ARROIO RIO PAVU- RIO RIO VARGEM RIO RIO VARGEM RIO ALTITUDE (m) BARRA CACHOEIRA PEDRAS ANIL FUNDO PAVUNA NINHA CAMORIM PEQUENA BRANCO GRANDE PIABAS 0-20 0,900 1,350 4,600 5,425 11,350 12,650 5,800 1,075 9,320 2,475 1,475 10,100 20-100 1,275 1,125 2,250 7,200 22,130 3,650 2,175 0,475 2,650 1,375 2,175 3,450 100-200 1,175 1,225 1,750 4,025 6,870 2,350 1,075 0,575 2,480 1,475 2,325 3,400 200-300 0,450 2,200 1,225 3,600 4,700 1,325 0,725 0,700 1,250 1,100 2,775 1,925 300-400 0,275 3,725 0,700 2,725 2,675 1,075 0,350 0,475 0,700 1,025 2,500 1,125 400-500 0,325 3,525 0,400 1,725 2,225 0,725 0,250 1,375 0,230 0,700 1,925 0,150 500-600 0,250 3,550 0,325 1,225 2,600 0,425 0,175 1,900 0,170 0,450 1,225 0,000 600-700 0,100 1,675 0,200 0,975 1,975 0,050 0,075 0,500 0,050 0,375 0,625 0,000 700-800 0,050 1,000 0,100 0,525 0,850 0,025 0,000 0,025 0,000 0,200 0,575 0,000 800-900 0,025 0,300 0,050 0,375 0,525 0,000 0,000 0,000 0,000 0,025 0,525 0,000 900-1000 0,000 0,075 0,025 0,150 0,075 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,175 0,000 1000-1100 0,000 0,000 0,000 0,025 0,025 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Total 4,825 19,750 11,625 27,975 56,000 22,275 10,625 7,100 16,850 9,200 16,300 20,150 Fonte: Marques (1990) Quadro 4.5 – Distribuição percentual da área das bacias, por classes de altitude CLASSES DE RIO DA RIO RIO DAS RIO DO ARROIO ARROIO RIO PAVU- RIO RIO VARGEM RIO RIO VARGEM RIO ALTITUDE (m) BARRA CACHOEIRA PEDRAS ANIL FUNDO PAVUNA NINHA CAMORIM PEQUENA BRANCO GRANDE PIABAS 0-20 18,65 6,84 39,57 19,39 20,27 56,79 54,59 15,14 55,31 26,90 9,05 50,12 20-100 26,42 5,70 19,35 25,74 39,52 16,39 20,47 6,69 15,73 14,95 13,34 17,12 100-200 24,35 6,20 15,05 14,39 12,27 10,55 10,12 8,10 14,72 16,03 14,26 16,87 200-300 9,33 11,14 10,54 12,87 8,39 5,95 6,82 9,86 7,42 11,96 17,02 9,55 300-400 5,70 18,86 6,02 9,74 4,78 4,83 3,29 6,69 4,15 11,14 15,34 5,58 400-500 6,74 17,85 3,44 6,17 3,97 3,25 2,35 19,37 1,36 7,61 11,81 0,74 500-600 5,18 17,97 2,80 4,38 4,64 1,91 1,65 26,76 1,01 4,89 7,52 0,00 600-700 2,07 8,48 1,72 3,49 3,53 0,22 0,71 7,04 0,30 4,08 3,83 0,00 700-800 1,04 5,06 0,86 1,88 1,52 0,11 0,00 0,35 0,00 2,17 3,53 0,00 800-900 0,52 1,52 0,43 1,34 0,94 0,00 0,00 0,00 0,00 0,27 3,22 0,00 900-1000 0,00 0,38 0,22 0,54 0,13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,07 0,00 1000-1100 0,00 0,00 0,00 0,09 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Total Fonte: Marques (1990) 4.2.1.7 Drenagem Um dos primeiros passos para caracterizar e analisar a rede de drenagem é dado quando é realizada a sua restituição. Diferenças ocorrem nos resultados, dependendo entre outras causas da documentação utilizada e sua escala. Outro problema ocorre na restituição da rede de drenagem quando são mapeados canais permanentes, intermitentes e efêmeros, (Christofoletti, 1983) A restituição realizada, por (Marques, 1990), na escala de 1:50.000 para a Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá, incluiu os canais efêmeros, tendo o cuidado de mapeá-los somente quando existiam vertentes em seus flancos. Em bacias de pequena área as respostas às chuvas são muito rápidas e os canais efêmeros representam os caminhos preferenciais, de início de concentração de águas, não só superficiais como também subsuperficiais. A maior ordem hierárquica de canais fluviais corresponde a 6a ordem, identificadas para o Rio do Anil e Arroio Fundo; na 5a ordem estão incluídos os rios Cachoeira, das Pedras, Arroio Pavuna, Pavuninha, Vargem Pequena e Vargem Grande; na 4a ordem os Rios Camorim e Branco. O Rio da Barra é o de menor hierarquia, seu canal é de 2a ordem (Marques, 1990). Sobre os Maciços da Tijuca e Pedra Branca, os canais restituídos como de 1a ordem são todos efêmeros. Nas maiores bacias, há canais efêmeros que chegam a atingir a 3a ordem. Não existem diferenças acentuadas entre as áreas elevadas dos maciços da Tijuca e da Pedra Branca. As relações entre o número de canais de primeira e segunda ordem possuem coeficientes em torno de quatro. O Rio da Barra com o valor de 3,3 e o Piabas com o valor de 4,4 constituíram os casos mais extremos, (Marques, 1990) . O mesmo ocorreu com os respectivos comprimentos dos canais; os de 1a ordem têm um comprimento médio em torno de 200 m. O valor mais afastado foi encontrado para o rio Piabas com 286 m. Para os de 2a ordem, o comprimento médio ficou em torno de 300 m, tendo como situações mais extremas os valores encontrados para os rios das Pedras, com 490 m e do Anil, com 540 m. As relações de bifurcação entre a 2a e a 3a ordem variaram mais, ficando entre 3 e 5 (Marques, 1990). Esses dados demonstram que há similaridade nas características da malha mais fina de drenagem, em todas as bacias, conforme ilustra o mapa de sub-bacias em anexo, inclusive para os canais de 3a ordem, cujos comprimentos médios variam apenas entre 450 a 730 m, com exceção do Rio Pavuninha, com 1000 m. Em cada uma das bacias, a malha da drenagem tem muito maior comprimento nas áreas mais elevadas. A participação relativa do comprimento dos canais na área elevada é apresentada no quadro 4.6: 67 Quadro 4.6 – Participação relativa do comprimento dos canais em áreas elevadas NOME DO RIO PARTICIPAÇÃO EM ÁREAS ELEVADAS DOS CANAIS DE 1a ORDEM EM RELAÇÃO AO COMPRIMENTO TOTAL (%) Cachoeira 98 Camorim 98 Anil 97 Arroio Pavuna 97 Vargem Grande 97 Branco 95 Arroio Fundo 92 das Pedras 87 da Barra 80 Piabas 79 Pavuninha 72 Vargem Pequena 70 Fonte: Marques (1990) Nesses valores, calculados para as áreas com cotas superiores a 100 metros de altitude, observa-se que a drenagem na área elevada é mais expressiva. Portanto, as águas chegam na baixada de modo concentrado, uma vez que a densidade de drenagem nas áreas baixas é bastante pequena. A rede de drenagem existente nas bacias deve ser vista, também, em função de sua densidade. Na natureza dinâmica da bacia hidrográfica, a densidade de drenagem possui duas funções distintas: a) Responder aos controles exercidos pelo clima, vegetação, litologia e outras características da área drenada; b) Influenciar o escoamento e o transporte de sedimentos para a bacia de drenagem. Os valores obtidos para a densidade de drenagem das bacias apresentam-se no quadro 4.7, a seguir: 68 Quadro 4.7 – Densidade de drenagem NOME DO RIO D1 (total) D2 (área elevada) Arroio Pavuna Rio das Pedras Rio Vargem Grande Rio Branco Rio Cachoeira Rio Camorim Rio do Anil Rio Paraminho Rio Piabas Arroio Fundo Rio Vargem Pequena Rio da Barra 5,85 8,93 9,18 7,27 8,79 7,17 6,40 4,77 4,68 6,42 4,56 2,16 13,00 12,88 9,80 9,44 9,24 8,29 7,69 7,52 7,43 7,42 7,11 2,12 D2/D1 2,22 1,44 1,07 1,30 1,05 1,16 1,20 1,58 1,59 1,16 1,56 0,98 Fonte: Marques (1990) Nos valores obtidos para a densidade de drenagem, para o total das bacias, pode-se afirmar que as bacias dos Rios da Barra, Anil, Arroio Fundo, Arroio Pavuna, Rio Pavuninha, Vargem Pequena e Piabas possuem baixa densidade e as demais média densidade, segundo método proposto por Strahler (1982). Os resultados obtidos para a densidade, apenas para a área elevada, refletem melhor o desempenho da rede de drenagem, no sentido de explicar a sua importância na captação de águas do escoamento superficial e subsuperficial. Estes valores atribuem para as bacias do Rio das Pedras e do Arroio Pavuna, uma classificação de alta densidade e todos os demais, com exceção do Rio da Barra que tem densidade baixa, são classificadas como de média densidade. A alta freqüência de lineamentos estruturais e o alto grau de dissecação do relevo, fatos comuns as Bacias do Rio das Pedras e ao Arroio Pavuna, respondem como principais fatores na determinação do alto valor da densidade de drenagem nelas existentes. Ao comparar as densidades de drenagem do conjunto de bacias de um maciço com as do outro, verifica-se que não há o aparecimento de dois grupos distintos. Existem similaridades, inclusive quanto às diferenças internas encontradas nos dois maciços. 4.1.2.8 Perfis Longitudinais dos Rios O perfil longitudinal dos rios permite inferir, pelas suas características, as condições oferecidas ao transito das águas. O perfil longitudinal corresponde ao resultado da ação fluvial exercida sobre o terreno, ao longo do tempo. Os perfis longitudinais dos rios dos maciços da Tijuca e da Pedra Branca foram modelados sobre relevos que se originaram pela atuação de forças tectônicas. O modelado foi sendo esculpido sob condições climáticas diferentes, que sucederam-se do final do Terciário até o presente. De fato, "o perfil longitudinal de um rio mostra a sua declividade, ou gradiente, sendo a representação visual da relação entre a altimetria e o comprimento de determinado curso de água, para diversas localidades situadas entre a nascente e a foz" (Christofoletti, 1981). 69 Em todas as bacias, do Maciço da Tijuca e do Maciço da Pedra Branca, os gradientes possuem valores elevados, principalmente, nas áreas de maiores altitudes e valores bastante baixos na faixa de altitude inferior a 20 m. A partir disto podem ser realizadas algumas observações: a) Rio da Barra, o Rio do Anil e o Rio Vargem Pequena são os que apresentam os maiores gradientes em seus perfis, nos trechos mais elevados. Com gradientes fortes, porém menos elevados, no alto curso e com gradientes mais fracos no médio curso estão o Rio das Pedras, Arroio Fundo, Arroio Pavuna, Rio Pavuninha, Rio Branco e Rio Vargem Grande; b) Os perfis longitudinais dos Rios Cachoeira e Camorim evidenciam a presença de rupturas de declives tendo gradientes mais baixos; c) Rio Piabas tem, ao longo do seu perfil, gradientes que se aproximam de valores constantes, com exceção da área de sua cabeceira onde possuem valores mais expressivos, mesmo assim, possui o perfil mais suave de todos; d) Os gradientes dos perfis, nos baixos cursos, têm valores pequenos, inferiores a 1, com exceção do Rio Piabas; e) Rio do Anil e o Arroio Fundo são os que possuem trechos com os mais baixos gradientes, que aparecem na faixa de 20 a 100 m de altitude; f) Os canais fluviais, antes de atingirem os terrenos embrejados da baixada, possuem gradientes menores do que os dos terrenos sedimentares em que estão encaixados, indicando assim o condicionamento estrutural das drenagens. 4.1.2.9 Dados sobre Chuvas Observadas Existem diferenças nos valores de chuva entre os maciços e a baixada e às vezes nas datas de precipitação, indicando que pode chover na baixada e não chover nos maciços e vice-versa. Os dados de precipitação diária (coletados por Marques, 1990) para os postos de Jacarepaguá e Capela Mayrink indicam a ocorrência dos dias em que foram registradas precipitações. Os dados obtidos de precipitação totalizam a chuva diária, não permitindo sincronizar o momento das mensurações de vazão com a parcela da chuva naquele instante ou mesmo antes, conforme mostra o quadro 4.8. Observando os valores de precipitação apresentados no quadro 4.8 e, principalmente, os valores obtidos na relação (b)/(a), pode-se afirmar que os totais precipitados na Capela Mayrink são, via de regra, muito maiores que os observados em Jacarepaguá. 70 Quadro 4.8 – Chuvas observadas PRECIPITAÇÃO DIÁRIA (mm) DATA (b)/(a) JACAREPAGUÁ (a) CAPELA MAYRINK (b) 24/07/85 25/07/85 01/09/85 04/11/85 04/12/85 05/12/85 03/01/86 13/02/86 20/03/86 21/03/86 23/04/86 24/04/86 02/07/86 03/07/86 27/12/86 28/12/86 29/12/86 30/12/86 9,00 3,00 24,20 15,70 52,50 20,00 2,20 17,90 8,50 9,40 8,80 0,10 0,20 17,10 21,90 26,50 15,60 15,40 15,00 6,30 35,60 42,40 68,90 41,80 4,70 21,20 4,20 26,20 47,80 1,90 0,00 27,30 28,00 16,00 13,30 42,80 1,67 2,10 1,47 2,70 1,31 2,09 2,14 1,18 0,49 2,79 5,43 19,00 0,00 1,60 1,28 0,60 0,85 2,78 Fonte: Marques (1990) 4.1.2.10 Dados sobre Vazões e Transporte de Sedimentos Os dados relativos a vazão dos rios e canais e o transporte de sedimentos correspondem àqueles levantados por Marques (1990), de acordo com os procedimentos que se seguem: − definição das bacias fluviais que compreendem a Macrobacia de Jacarepaguá – rio da Barra, rio Cachoeira, rio da Pedras, rio do Anil, Arroio Fundo, Arroio Pavuna, rio Paraminho, rio Camorim, rio Vargem Pequena, rio Branco, rio Vargem Grande, rio Piabas, canal de Sernambetiba, canal da Barra, canal de Marapendi e canal de Camorim. − as medidas de vazão e o recolhimento de amostras seguiram o método preconizado por Marques & Argento (1988): n n n n − Levantamento do perfil topográfico transversal dos canais, Medição de velocidade de fluxo com a utilização de flutuadores, bóias e cronômetro, Recolhimento das amostras de água com sedimentos, Pipetagem para determinação dos valores de silte e argila presente nas amostras. Os trabalhos compreenderam coletas mensais no período de agosto de 1985 até julho de 1986, cobrindo uma rede de 16 pontos de coleta distribuidos pela Macrobacia de Jacarepaguá. Quanto ao débito de margem plena, definido "como o débito que preenche, na medida justa, o canal fluvial e acima do qual ocorrerá transbordamento para a planície de inundação", em se tratando de canais encaixados, que não apresentam uma planície de inundação, optou-se por 71 delimitá-lo na altura do nível que promove, no local mais próximo a foz de cada canal (Christofoletti, 1981). Para os canais das lagoas foi considerado, como nível de margem plena, a posição delimitada pela presença de vegetação, que marca o nível maior de oscilação do espelho d’água da lagoa. É necessário esclarecer, ainda, que poderá ser observada, nas seções dos canais, principalmente, de rios de menor porte, a presença de muros nas margens. Para o estabelecimento da vazão e da quantidade de sedimentos transportados estas construções não interferem nos cálculos, mas provocam alterações no regime dos canais, aumentando as velocidades e o conseqüente transporte de sedimentos para jusante. 4.1.2.11 Os Canais das Lagoas As observações relativas às lagoas, realizadas por Marques (1990) durante o período de julho 1985 a julho de 1986, buscavam mensurar as quantidades de água e sedimentos que eram lançados para o mar pelo Canal da Joatinga e Canal de Sernambetiba. Outras seções foram observadas, com o objetivo de estimar as trocas realizadas entre as lagoas de Marapendi e Tijuca que se dá através do Canal de Marapendi e, finalmente, mensurar a circulação existente entre a lagoa de Jacarepaguá com a da Tijuca, através da colmatada Lagoa do Camorim. Para as lagoas, as variações de nível representam os resultados da chegada de águas continentais e as ações das marés. Como para os canais fluviais, as amostras de água e sedimentos foram recolhidas a uma profundidade de 10 a 20 cm da superfície. Os resultados obtidos para os sedimentos incluem o peso da matéria orgânica e do sal. Este fato fica bem evidente, para o Canal da Barra, que possui uma abertura franca para o mar. Neste canal, o de maior presença de água salgada, os resultados foram extremamente elevados em relação aos demais por incluir o sal. Nos outros canais, embora o sal esteja presente em menores proporções, a ocorrência de matéria orgânica ganhou destaque (Marques, 1990). ♦ Canal de Sernambetiba A ligação do Canal de Sernambetiba, com o mar, sofreu várias interrupções durante o período de julho de 1985 a julho de 1986, em virtude de bancos arenosos que se formaram, diversas vezes, na saída do canal. Nessas ocasiões não havia fluxo e as águas ficavam estagnadas. A vazão máxima foi de 7,66 m3/s com uma largura de 34,95 m, uma profundidade de 1,50 m e uma velocidade de 0,38 m/s. A variação máxima entre o maior e o menor nível no canal foi de 0,95 m. O menor valor de carga obtido foi de 11,50 Kg/s e o maior de 201,98 kg/s. Em ambos os casos predominavam materiais de tamanho coloidal, equivalentes à fração argila, isto é, com diâmetros inferiores a 0,002 mm. ♦ Canal da Barra A vazão mínima observada foi de 25,52 m3/s para uma largura de 54,3 m, profundidade de 3,6 m 3 e velocidade de 0,24 m/s. A vazão máxima observada foi de 125,49 m /s, com uma largura de 54,3 m, profundidade de 3,6 m e velocidade de 1,18 m/s. Essa medida correspondeu a um fluxo, em direção ao mar, dando saída às águas acumuladas a partir de chuvas ocorridas. 72 A vazão máxima observada foi de 65,07 m3/s, para uma largura de 46,10 m, profundidade de 4,0 m e velocidade de 0,5 m/s. A carga mínima transportada foi de 98,21 Kg/s e a carga máxima, de 3017 Kg/s, predominando material "equivalente à fração argila", porém com valores elevados de material "equivalente à fração silte". A diferença do total de carga, desse dia para os demais, foi extremamente grande. A maior variação de nível das águas foi de 0,40 m. 4.1.2.12 Algumas Relações sobre a Geometria Hidráulica As medidas obtidas nos canais dos rios, foram trabalhadas, visando estabelecer uma primeira aproximação do papel que os rios desempenham, com os seus fluxos de água e de sedimentos, nos processos de sedimentação na Baixada de Jacarepaguá. Com os dados constantes das de vazões e sedimentos em suspensão foram feitas regressões simples, uma para cada canal. Os Coeficientes de Correlação (R) e os Coeficientes de Determinação (R2) calculados para cada regressão estabelecida, apresentaram valores elevados. Constata-se que as variações de vazão são absorvidas principalmente pela profundidade/largura e velocidade, isto é, quando a vazão aumenta tanto a profundidade quanto a largura aumentam, provocando o transporte de sedimentos depositados no leito do canal. No Rio das Pedras, no Rio do Anil, no Arroio Fundo e no Arroio Pavuna o valor mais sensível é o da profundidade, vindo a seguir o da velocidade, com exceção do Arroio Pavuna. Para o Rio Piabas, Vargem Grande, Branco, Vargem Pequena, Pavuninha, Camorim, Cachoeira e da Barra as alterações são, principalmente, na velocidade e, a seguir, na profundidade, com exceção do Rio Pavuninha. A explicação da variação da largura é função da posição do trecho do canal estar mais próximo do nível dos terrenos, embrejados. Quanto ao Arroio Pavuna, a sinuosidade é a provável causa para uma grande sensibilidade à variação de largura. Os trechos dos rios, onde foram feitas as observações, não apresentam variações de profundidade, decorrente de trabalho erosivo vertical. Portanto, as variações de profundidade referem-se, apenas, à altura do nível das águas. Para o transporte de sedimentos em função da vazão, os Coeficientes de Correlação (R) e os Coeficientes de Determinação (R2) calculados para cada regressão estabelecida, apresentaram valores elevados. Os valores menos significativos foram: argila/vazão para o Rio Piabas. A variação da quantidade de material transportado, em função das mudanças do valor da vazão, é grande. Os altos coeficientes angulares demonstram essa sensibilidade pela grande inclinação das retas. O coeficiente angular, das equações que relacionam vazão e sedimentos em suspensão, quando é superior a 1,0 indica que o aumento da carga ocorre em maior proporção do que as outras variáveis da geometria hidráulica, (Leopold & Maddock, 1953). O aumento da carga, além de estar relacionado ao aumento do volume do fluxo, tem uma estreita ligação com a velocidade da corrente. Nesse sentido, as concentrações maiores de sedimentos estão relacionados a velocidades mais altas que por sua vez estão dependem de uma vazão maior. Desta forma, a intensidade, duração e distribuição das chuvas, numa bacia de drenagem, são responsáveis pelos totais de sedimentos passíveis de serem transportados assim como pela velocidade do fluxo, (Christofoletti, 1981). O fato do fluxo de água conter sedimentos tem grande importância para o desenvolvimento do trabalho erosivo fluvial. A capacidade de erosão de um rio depende das partículas por ele transportadas. As águas que descem, dos maciços para a baixada, trazem consigo sedimentos extraídos das áreas das vertentes pelo escoamento das águas pluviais, assim como, sedimentos resultantes da ação erosiva do fluxo, no fundo e nas paredes dos canais fluviais. Os elevados gradientes dos canais principais aumentam o nível da energia potencial dos fluxos. Com isto, ganha-se capacidade erosiva. Grandes volumes de água deslocando-se a velocidades altas, 73 tendem a caracterizar o fluxo torrencial. Nessas condições, o alto nível de energia está disponível para produzir erosão, (Suguio & Bigarella, 1979). Na área em questão, a maior parte dos canais corre por vales encaixados, às vezes ladeados por depósitos de sedimentos antigos. Assim, quando ocorrem temporais, grandes volumes de água descem pelos canais a grandes velocidades e como não podem entalhar rapidamente o fundo do canal, repleto de lajes, blocos e matacões, acabam por erodir suas margens. Cicatrizes dessa ação aparecem ao longo dos canais. A magnitude alcançada pelo deslocamento de água e sedimentos nos canais fluviais, que chegam à baixada, alcança valores elevados, para o Rio da Barra, o menor de todos, em sua maior vazão observada, deslocou um fluxo de 59,82 m3/minuto com uma carga de 6,2 Kg/minuto. O Arroio Fundo, o maior rio, em sua maior vazão observada, deslocou um fluxo de 2.917,32 m3/minuto e 4.419,7 Kg/minuto de sedimentos. 4.1.2.13 Dinâmica Lagunar Aplicando para os canais das lagoas os mesmos procedimentos adotados para os canais fluviais, foram estabelecidas regressões relacionando vazão, velocidade, largura e profundidade do Canal, com a quantidade de sedimentos transportados. A vazão dos canais das lagoas é dependente dos desníveis existentes entre o nível do mar e o nível da lagoa. Quanto maior o desnível provocado pela maré, maior será o deslocamento de águas e sedimentos. A ocorrência de grandes vazões fluviais, no mesmo momento de subidas de marés altas, acumula a água no interior da lagoa, propiciando o surgimento de inundações nas porções mais a jusante dos rios. Nesses momentos, a saída de águas dependerá, somente, das condições de infiltração nos terrenos do cordão arenoso que separa as lagoas mais interiores da Lagoa de Marapendi. Níveis elevados ou baixos da lagoa podem corresponder a altas ou a baixas velocidades e vazões. Disto resulta uma relação mais indeterminada entre a vazão e as variáveis Largura e Profundidade (Marques, 1990). O Canal de Sernambetiba mesmo não estando ligado às lagoas, deveria apresentar um comportamento similar aos demais canais para a relação velocidade/vazão; porém a formação de bancos arenosos na sua foz, no mar, modificou seus fluxos e a relação não foi significativa. Como foram realizadas medidas de vazão no Canal da Barra e deste saem ou entram águas para a lagoa da Tijuca e a lagoa de Marapendi. Do total de água que passa pelo Canal da Barra, cerca de 3 a 16% entram ou saem da lagoa de Marapendi e cerca de 84 a 97% entram ou saem da lagoa da Tijuca. Essa proporção deve-se ao menor tamanho da seção do Canal de Marapendi e aos bloqueios induzidos pelo maior fluxo que se dirige ou sai da lagoa da Tijuca (Marques, 1990) Nas medidas de velocidade efetuadas, não foi levado em conta a distribuição vertical de densidade da água relativa a presença de cunhas salinas. Continuamente chegam águas e sedimentos à baixada. Nos períodos mais secos, o fluxo natural é pequeno, porém ele cresce com a chegada de esgotos, cada vez em maior volume. Quando as chuvas chegam esse volume aumenta chegando a valores muito elevados por ocasião de temporais. Anteriormente foram apresentados os resultados da contribuição fluvial de águas e sedimentos, de cada bacia, com os valores máximos que foram amostrados e calculados para situações críticas. A ordem de grandeza anual de transporte de águas para a baixada é de 593 milhões de metros cúbicos e o total de sedimentos alcançam a cifra de 636 milhões de toneladas. Evidentemente, esses valores são passíveis de alterações em função da intensidade, freqüência e duração das chuvas para um determinado ano. Esses valores, comparados com os de bacias maiores, podem ser considerados insignificantes, porém águas e sedimentos que chegam à 74 baixada não seguem diretamente para o mar ficando grande parte dos sedimentos retidos nas lagoas. Cada vez há menos área de terrenos embrejados e mais facilidade para que o fluxo seja conduzido para as lagoas e outros canais. O escoamento superficial tende a aumentar com a ocupação da área. O crescimento dos fluxos, elevando a sua quantidade de energia, nas áreas de baixada, tende a ampliar a erosão nas margens dos canais e a mobilização de sedimentos. Esse fato associado à expansão da mancha urbana acaba propiciando condições de inundações em posições cada vez mais a montante das áreas onde elas ocorriam naturalmente. Hoje, as águas das bacias dos Rios Piabas, Branco e Vargem Grande, são conduzidas para o Canal de Sernambetiba e através deste para o mar. Quando ocorrem chuvas mais intensas, suas águas se espraiam nos Campos de Sernambetiba, já tendo ocorrido inundações na área de confluência dos Rios Branco e Vargem Grande com o Canal de Sernambetiba. Os Rios da bacia da Vargem Pequena lançam suas águas no Canal do Portelo e por este para a Lagoa de Jacarepaguá. Em época de muita chuva, o Canal do Portelo, extravasa suas águas para os Campos de Sernambetiba. Os Rios da bacia do Pavuninha e o Rio Camorim projetam suas águas na porção oeste da lagoa de Jacarepaguá. A leste desta lagoa desemboca o Arroio Pavuna que possuí a maior vazão. Os Rios do Anil e do Arroio Fundo, ambos com grandes vazões, principalmente o segundo, desaguavam na lagoa do Camorim que, atualmente não passa de um canal, repleto de sedimentos e macrófitas aquáticas. As desembocaduras dos dois rios foram interligadas por um canal artificial, que projeta mais para leste a saída das águas. A antiga desembocadura dos dois rios estava provocando o rápido assoreamento da lagoa, no local, dificultando a saída das águas da lagoa de Jacarepaguá (Marques, 1990). O Rio das Pedras e o Rio Cachoeira tem suas saídas na lagoa da Tijuca. O Rio Cachoeira possui maior vazão, desembocando na porção mais a leste da lagoa, mais próximo ao Canal da Barra da Tijuca; as vezes, em função da direção do fluxo, suas águas podem ganhar diretamente, o mar. O Rio da Barra deságua no Canal da Barra da Tijuca. De acordo com Marques (1990), as Lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca têm, aproximadamente 8, 29 km2 de área. Em 60% das suas superfícies a profundidade média é inferior a 1 metro, profundidades superiores a 5 m estão presentes em apenas 10% das lagunas. Os trechos de maior profundidade correspondem a um sistema de depressões que se alinham, formando um canal descontinuo, em posição próxima e paralela a margem norte das lagunas costeiras. Por outro lado, essas considerações e exercícios são pouco úteis, quando sabemos que a deposição é feita preferencialmente nas proximidades dos pontos onde os canais fluviais deságuam. Assim, a área crítica de deposição compreende a foz do Arroio Fundo e do Rio do Anil no extremo noroeste da lagoa da Tijuca. Juntos transportam cerca de 400.000 toneladas de sedimentos por ano. A posição de lançamento dessa carga, que representa mais de 70 % do total de sedimentos mobilizados para a baixada, é muito delicada, pois é feita numa das regiões mais estreitas da lagoa da Tijuca e que serve de comunicação para as lagoas do Camorim e Jacarepaguá. Pelo fato de sair mais água do sistema continental para o mar do que entrar, no sentido inverso, parte dos sedimentos em suspensão são retirados das lagoas. Entretanto, a possibilidade de retenção de sedimentos é ampliada, por diversos obstáculos, como aterros, vegetação e bancos arenosos, abundantes na região crítica apontada acima. 75 A própria circulação interna das águas e as oscilações induzidas pela maré acabam por facilitar a retenção de sedimentos nas reentrâncias existentes no contorno irregular das margens. A este fator pode ser acrescido o importante papel de entrada de matéria orgânica, fenômeno recente na região e que precisa ser melhor estudado. Sabe-se que a grande quantidade, cerca de 0,600 Kg/s, de matéria orgânica que entra no sistema em suspensão colabora para manter os sedimentos no interior das lagoas, servindo de núcleo aglutinador das partículas inorgânicas que, ao se adensarem, ganham maior condição de precipitação (Mota, 1988). Cerca de 10% das vazões, dos rios que atravessam a região, correspondem aos lançamentos de águas servidas e que cerca de 5 % da carga de sedimentos é de origem orgânica. Por possuírem uma densidade menor, os sedimentos orgânicos são depositados mais lentamente quando comparados com os sedimentos de origem inorgânica. Este fato é o responsável, dentre outros, pela formação dos lodos orgânicos presenciados em muitos pontos das lagunas costeiras, principalmente nas regiões mais abrigadas dos ventos e correntes. A Lagoa de Marapendi, só recebe sedimentos fluviais na medida em que as águas do Canal da Barra penetram pelo Canal de Marapendi, sendo que isto representa uma pequena parcela do que circula naquele canal. Ha ligações pelo lençol freático entre a Lagoa de Marapendi e as demais lagoas da baixada, o mesmo raciocínio se aplica às suas áreas já colmatadas, a oeste, por onde foi aberto o Canal das Taxas. A lagoa é rasa, mais de 50% de sua área tem profundidades inferiores a 1 metro. A maior profundidade registrada, cerca de 8 metros, está localizada em sua porção leste, numa depressão estreita. Não há nenhuma evidência topográfica da existência de um canal central. Em todas as lagoas, dragagens e aterros são realizados, alterando a circulação das águas e diminuindo os espaços naturais de expansão dos espelhos d'água em ocasiões de cheias. Na Lagoa de Marapendi, na sua porção oeste, até ilhas surgiram como resultado da deposição de refugos provenientes da exploração de conchíferos naturais. Nessa mesma lagoa, os aterros, na sua margem sul, são feitos com areias do fundo da lagoa e na margem norte, com a descaracterização das bordas do cordão litorâneo mais antigo. Nas Lagoas da Tijuca e Jacarepaguá aterros também são feitos com dragagens das lagoas, com material das encostas dos maciços ou através de depósitos de lixo urbano. As áreas embrejadas das margens da lagoa, além de aterradas, são também isoladas da lagoa com a construção de estradas, como exemplo pode ser mencionada a avenida Emb. Abelardo Bueno que liga o RIOCENTRO e o Autódromo à Avenida Ayrton Senna. A Lagoa de Marapendi tornou-se salobra após a abertura do Canal de Marapendi. Sua condição anterior indicava uma influência maior das águas da chuva e continentais, o fechamento de sua ligação com o mar deixaria sua evolução na dependência dos lançamentos de águas servidas e outras ações antrópicas. Deve ser citada, ainda, a presença de uma pequena lagoa, chamada Lagoinha, a oeste da Lagoa de Marapendi com a qual está interligada através do Canal das Taxas. Situada entre os cordões litorâneos, como um prolongamento da Lagoa de Marapendi, está em avançado estágio de eutroficação, sendo que grande parte de sua extensão é ocupada por tifas. Para as Lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca acrescenta-se a ação fluvial. O fechamento de sua ligação com o mar implicaria na subida de nível de suas águas mas, em contrapartida, a acumulação de todos os sedimentos trazidos pelos rios. Os Campos de Sernambetiba voltariam a ser embrejados, assim como áreas baixas às margens das lagoas. Os baixos cursos dos rios diminuiriam a velocidade de seus fluxos. A situação inversa, uma maior abertura para o mar, reduziria o nível de suas águas, permitindo uma saída maior de sedimentos e, ao mesmo tempo, 76 aumento da ação erosiva dos rios que teriam seus gradientes elevados em relação ao novo nível. Sem a implantação de uma rede coletora de esgotos a poluição orgânica seria sentida mais regularmente na Praia da Barra da Tijuca. A situação atual das lagoas mais internas é a de um alto nível de eutroficação, recebendo uma carga de sedimentos com volume considerável e com tendência a aumentar em função do crescimento populacional da região. 4.2 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA E HIDROSSEDIMENTOLÓGICA Este item está estruturado em três partes. Na primeira, Aspectos Climáticos da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá, busca-se analisar as distribuição, intensidade e freqüência das chuvas que ocorrem na região, pressuposto básico para a determinação das vazões máximas dos canais fluviais e cálculo do total de sedimentos transportados para as lagunas costeiras de Jacarepaguá e Tijuca. Na segunda parte apresenta-se uma classificação climática segundo os pressupostos teóricos propostos por Thornthwaite, quais sejam: índice global de umidade efetiva, variação sazonal da umidade efetiva, eficiência térmica média anual, identificação de tipos climáticos, distribuição dos tipos climáticos e indicadores de balanço hídrico. A terceira e última parte apresenta algumas observações sobre as condições naturais de dispersão atmosférica, identificando zonas com distintos graus de criticidade. 4.2.1 Aspectos Climáticos da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá Localizada ao sul do município do Rio de Janeiro, a área de estudo possui um microclima típico de região litorânea tropical, influenciada por fatores estáticos - latitude, proximidade do mar e topografia e outros de ordem dinâmica – penetração das frentes frias. A baixada de Jacarepaguá é delimitada pelo Maciços Litorâneos da Tijuca – a Leste, e da Pedra Branca – a Oeste. Formando um grande arco, os maciços acabam por condicionar toda a drenagem para as lagunas costeiras ou para áreas embrejadas como a Vargem Grande e Vargem Pequena, cortadas pelo canal de Sernambetiba, Rio Portela e Cortado. Esta região sofreu várias intervenções de macrodrenagem e muitos canais foram abertos, retificados e dragados, sobretudo ao longo dos anos 40. Barrando as lagunas ao Sul e alguns dos canais que cortam a baixada, a restinga arenosa estende-se por cerca de 21 km, desde a Barra de Guaratiba até a Ponta da Joatinga. Em virtude da orientação geral do relevo, que para o Estado do Rio de Janeiro assume o alinhamento Sudoeste - Nordeste, e particularmente, pela presença dos maciços litorâneos no município do Rio de Janeiro, que se elevam a mil metros de altitude a menos de 10 km da linha de costa, confinando entre os alvéolos intermontanos a ampla planície de Jacarepaguá, os ventos locais sofrem elevada turbulência, principalmente durante o verão. Correntes convectivas ou termais são freqüentemente formadas quando do ar entra em contato com as amplas superfícies rebaixadas e densamente urbanizadas. Com o superaquecimento grandes quantidades de vapor d’água são transferidas para a baixa atmosfera formando nuvens colunares que podem atingir mais de 10.000 metros de altitude. A ascensão forçada do ar também pode ser provocada pelo grande desnível altimétrico observado no território carioca, gerando células de instabilidade, por vezes acompanhada por pesados temporais. O relevo possui papel decisivo na distribuição das precipitações por conjugar ao mesmo tempo ganho de turbulência com perda de capacidade de suporte de vapor d’água. Pode-se demonstrar, partindo das equações propostas por Poisson, citado em Hufty (1984), a relação entre temperatura e pressão de uma partícula de ar que sofre transformações adiabáticas quando desloca-se verticalmente. Para o ar desprovido de umidade a temperatura cai cerca de 0,98 °C 77 para cada 100 metros de ascensão. Quando o ar está repleto de umidade e existe troca de calor entre o ar ascendente e o meio esta taxa cai para cerca de 0,65 °C. Desta forma, a diferença de temperatura média calculada para um ponto situado no centro da planície de Jacarepaguá e outra no Pico da Tijuca a 1021 metros de altitude estará situada na casa dos 8°C. Tomando estes dados como base de cálculo e utilizando a tábua de pressão de vapor e umidade absoluta máxima, proposta por Stralher (1963), é possível determinar a quantidade de água que se pode extrair da atmosfera para a condensação e precipitação. Em outras palavras, para uma temperatura média de 35°C na baixada existe cerca de 35 gramas de água em forma de vapor por metro cúbico de ar, já para uma altitude equivalente à do Pico da Tijuca a temperatura provável seria de 27°C e a quantidade máxima de vapor d’água suportado para cada metro cúbico seria de aproximadamente 25 gramas. Desta forma a perda de calor, motivada pela queda de pressão atmosférica e conseqüente expansão do ar disponibiliza para condensação cerca de 10 gramas de água para cada metro cúbico de ar resfriado. A circulação geral da baixa atmosfera apresenta, no Rio de Janeiro, como primeira predominância os ventos que sopram do Sul (S) e Sudoeste (SO), com cerca de 55% da freqüência. A segunda predominância está associada aos ventos de Norte (N) e Nordeste (NE), com 41% do total. Os primeiros, relativamente mais frescos e úmidos, estão associados às perturbações atmosféricas, geralmente acompanhadas por chuvas, proporcionadas pelo deslocamento das frentes frias sobre o território, já os ventos de N – NE partem do Anticiclone semi-fixo do Atlântico Sul, responsável por altas pressões atmosféricas e tempo bom, com ventos relativamente mais quentes e secos. Quanto à velocidade do vento, uma amostragem de 77.376 observações horárias registradas na estação meteorológica de superfície da Base Aérea de Santa Cruz, no período 1981/89, constatou que o percentual de calmaria regional é da ordem de 19,4% do tempo. As velocidades mais comuns dos ventos situam-se entre 1,5 a 5,0 m/s (67,7%). Em síntese, pode-se concluir que em 96% da freqüência dos ventos estará relacionada a um (S – SO) ou a outro (N – NE) sistema geral de circulação e durante 80% do tempo a região apresenta ventos fracos a moderados. Como a direção geral das correntes perturbadas provem do Sudoeste, é fácil perceber diante de uma carta topográfica regional na escala de 1:50.000 que as vertentes expostas a esta direção estão numa razão de 2:1 quando comparamos os alinhamentos do maciço da Tijuca, com os do maciço da Pedra Branca. Grosso modo, a barreira de barlavento do maciço da Tijuca é da ordem de 20 km de extensão, enquanto na Pedra Branca a linha atinge cerca de 10km. Este simples fato permite, em teoria, que as encostas do maciço da Tijuca recebam, ao longo de um ano, milhares de metros cúbicos a mais de água em relação às encostas do maciço da Pedra Branca uma vez que as áreas que os maciços ocupam dentro da bacia são relativamente da mesma ordem de grandeza. A falta de longas séries históricas de dados primários inviabiliza estudos estatísticos comparativos e confiáveis. Entretanto, os ganhos de precipitação, do maciço da Tijuca em relação ao maciço da Pedra Branca, motivados pela maior exposição de superfícies sujeitas à precipitação orográfica deve representar em média algo em torno de 125 a 250 mm por ano, conforme os dados apresentados no Anuário Estatístico do Município do Rio de Janeiro 93/94, IplanRio (1994). Quando são confrontados os dados das estações de Jacarepaguá com os dados da estação do Alto da Boa Vista, situada a cerca de 350 m acima do nível do mar é que se pode entender o espetacular ganho de pluviosidade com acréscimos de altitude. Chove cerca de 1000 mm a mais, em média, na estação do Alto da Boa Vista, que dista cerca de 10 km, em linha reta, da estação de Jacarepaguá. Os dados climáticos para a estação de Jacarepaguá são: a) Período de precipitação pluviométrica máxima vai de dezembro a março (verão) e o de precipitação mínima, de junho a agosto (inverno). O mês mais seco é julho, com uma 78 precipitação média mensal de 50 mm, e o mais chuvoso é janeiro, com média mensal de 300 mm; b) Média anual de nebulosidade é de 6/8 e os períodos de maior e menor nebulosidade são setembro - dezembro e maio - agosto, respectivamente; c) Insolação total anual média observada da ordem de 2.280 h, com valores mais elevados registrados no trimestre junho - agosto. Os valores mais baixos são encontrados no período setembro - dezembro; d) Temperatura média anual de 23,5ºC, sendo que a média das mínimas é de 19ºC e a média das máximas 29ºC; e) Evaporação, medida em tanque classe A do USWH (United States Weather Bureau), apresenta valores mais elevados de dezembro a março e menos elevados entre maio e julho, sendo de 700 mm a evaporação média anual; f) Umidade média relativa do ar atinge valor máximo (88%) no período de maior pluviosidade (dezembro - março) e valor mínimo (65%) entre maio e setembro. A umidade relativa média anual observada é de 80%; g) Pressão atmosférica apresenta uma média anual da ordem de 1.015 hPa (hectopascal). Os maiores valores de pressão são registrados nos meses de junho a agosto, enquanto que os mais baixos ocorrem entre dezembro e março. Revisando a bibliografia existente, sobretudo os trabalhos de Barry & Chorley (1984), Roth (1979) e Hufty (1984), foram empregados na determinação das chuvas e consequentemente das vazões dos principais rios das sub-bacias de drenagem de Jacarepaguá, métodos bastante práticos para estimar totais pluviométricos em áreas com relevo muito movimentado. Destacam-se ainda, no método de trabalho proposto por Barry & Chorley (1984), as curvas gerais que indicam a relação entre altura e a precipitação anual média, propostas para as encostas orientadas para o Oeste na América do Norte e Central. Tais curvas descrevem parábolas onde a precipitação cresce proporcionalmente com a altitude até aproximadamente os 1200 m, a partir desta cota os totais observados tendem a cair com ganhos de altitude. Esta curva foi bem ajustada para as terras altas da Guatemala, nas proximidades dos 14 graus de latitude Norte, numa região onde predomina o clima tropical. Outros ajustes propostos para as precipitações projetadas levam em conta a experiência alemã desenvolvida na estação de Hohenpeissenberg, na Alta Baviera. Os cálculos realizados nesta estação mostram que os pluviômetros correntes podem sobrestimar as chuvas, em 10% aproximadamente, nas encostas de sotavento e subestimá-las, em 14%, nas de barlavento. Só a introdução de uma correção dessa natureza para as leituras observadas no pluviômetro da estação do Alto da Boa Vista, elevaria em cerca de 7% os volumes das vazões máximas e em decorrência em 8 % os totais de sedimentos transportados para as lagunas costeiras de Jacarepaguá e Tijuca. 4.2.2 Classificação Climática e Balanço Hídrico A classificação do clima da região em que se situa a bacia hidrográfica de Jacarepaguá foi realizada segundo critérios de classificação de Köppen e Thornthwaite. A classificação de Köppen se baseia nos valores médios de temperatura do ar (média mensal e anual do mês mais frio) e de precipitações pluviométricas, porém sua sazonalidade não permite caracterizar os mecanismos, descritos anteriormente, de circulação geral, embora forneça uma descrição útil dos aspectos 79 climáticos. De acordo com Köppen, o clima da região pode ser classificado como tropical – temperatura média superior a 18°C em todos os meses, com totais de precipitação excedendo a evaporação. Nas áreas mais montanhosas há uma suavização das temperaturas médias, o que levou Bernardes (1953) a classificá-lo como Tropical de Altitude. Além das elevadas temperaturas o clima tropical apresenta duas estações relativamente bem demarcadas no tempo: a estação chuvosa, quando o sol está próximo do zênite, e a estação mais seca, quando o sol está mais baixo no céu. Invernos brandos e secos e verões quentes e chuvosos são as principais características do clima tropical. A classificação segundo Thornthwaite se baseia na aplicação de índices efetivos de precipitação, evaporação e temperatura que, na área de estudo, apresentam, ambos, valores na faixa de 64 a 128, o que caracteriza o clima como de floresta úmida mesotermal a megatermal. A maioria dos métodos de classificação climática leva em conta apenas elementos meteorológicos, principalmente temperatura e pluviosidade, realçando um ou outro elemento, ou buscando combinações entre eles. Alguns desses métodos utilizam, simplesmente, os dados médios dos elementos climatológicos, enquanto outros consistem na aplicação de modelos matemáticos, cujos índices expressam diferentes combinações dos mesmos. É nesta segunda alternativa que se insere a classificação climática proposta por Thornthwaite, adotada no presente documento. A classificação climática proposta por Thornthwaite fundamenta-se nos resultados obtidos através do balanço hídrico, identificando os seguintes índices: 4.2.2.1 Índice Global de Umidade Efetiva (IM) Com este índice pode-se determinar se o clima é úmido ou seco através dos valores de evapotranspiração potencial e das precipitações, bem como do excedente e da deficiência hídrica, calculados em polegadas ou em milímetros. O IM é calculado pela seguinte fórmula: IM = [(EXC x 100) - (DEF x 60)]/EP onde, EXC = Excedente Hídrico Anual; DEF = Deficiência Hídrica Anual; EP = Evapotranspiração Potencial Anual. Os resultados obtidos para cada unidade de observação possibilitam classificar o clima, quanto à umidade, de acordo com os seguintes parâmetro, apresentados no quadro 4.9: Quadro 4.9 – Índice global de umidade efetiva (IM) TIPOS CLIMÁTICOS Úmidos Secos ÍNDICE DE UMIDADE (IM) Superúmido Úmido Subúmido-úmido Subúmido-seco Semi-árido Árido 80 > 100 100 ---20 20 --- 0 0 --- (20) (20) --- (40) (40) --- (60) Fonte: SECPLAN (1978) 4.2.2.2 Variação Sazonal da Umidade Efetiva Este índice é calculado a partir de duas premissas: Quando o clima, através do primeiro critério, é classificado como úmido (Im>0), calcula-se o Índice de Aridez, segundo a seguinte fórmula: Ia = 100 x DEF/EP Onde: DEF = Deficiência Hídrica Anual; EP = Evapotranspiração Potencial Anual. Quando o clima, através do primeiro critério, é classificado como seco (IM<0), calcula-se o Índice de Umidade, segundo a seguinte fórmula: Ih = 100 EXC/EP Onde: EXC = Excedente Hídrico Anual EP = Evapotranspiração Potencial Anual. Através destes índices chega-se às subdivisões climáticas quanto à variação sazonal da umidade efetiva, definidas pela seguinte classificação, conforme o quadro 4.10: 81 Quadro 4.10 – Variação sazonal de umidade efetiva TIPOS CLIMÁTICOS SUBDIVISÕES Pouco ou nenhum déficit de água Moderada deficiência. de água no verão Moderada deficiência. de água no inverno Grande deficiência de água no verão Grande deficiência de água no inverno Pouco/nenhum excesso de água Moderado excesso de água no inverno Moderado excesso de água no verão Grande excesso de água no inverno Grande excesso de água no verão Úmidos Secos ÍNDICES ARIDEZ (Ia) e UMIDADE (Ih) 0 --- 16,7 16,7 --- 33,3 16,7 --- 33,3 > 33,3 > 33,3 0 --- 10 10 --- 20 10 --- 20 > 20 > 20 Fonte: SECPLAN (1978) 4.2.2.3 Eficiência Térmica Média Anual Partindo da concepção de que a evapotranspiração potencial é função da temperatura e da duração da radiação solar, Thornthwaite estabelece o índice de eficiência térmica, que é determinado através do valor da evapotranspiração potencial. Mediante os valores obtidos para evapotranspiração potencial, identificam-se os tipos climáticos, quanto à temperatura, pela seguinte classificação, apresentado no quadro 4.11: Quadro 4.11 – Eficiência térmica média anual EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL ANUAL (mm) TIPOS CLIMÁTICOS Megatérmico Mesotérmico Microtérmico Clima de Tundra Clima de Gelo > 1140 1140 --- 570 570 --- 285 285 --- 142 < 142 Fonte: SECPLAN (1978) 82 4.2.2.4 Concentração da Eficiência Térmica no Verão Este índice avalia a variação da temperatura no decorrer do ano, permitindo constatar se há concentração térmica no verão ou não. Ele é obtido através do valor da evapotranspiração potencial dos meses de verão (dezembro, janeiro e fevereiro) multiplicado por 100 e dividido pela evapotranspiração potencial anual. Quanto mais baixo é o seu valor, menor é a variação de temperatura no decorrer do ano. De acordo com este índice, o clima é classificado conforme o quadro 4.12: Quadro 4.12 – Concentração de eficiência térmica no verão TIPOS CLIMÁTICOS Megatérmico Mesotérmico Microtérmico Tundra CONCENTRAÇÃO NO VERÃO (%) < 48,0 48,0 --- 68,0 68,0 --- 88,0 > 88,0 4.2.2.5 Tipos Climáticos Identificados Calculando-se os índices para as estações meteorológicas consideradas, identifica-se a ocorrência dos seguintes tipos climáticos na Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá: − clima superúmido, com pouco ou nenhum déficit hídrico, mesotérmico, com calor bem distribuído durante o ano, para as regiões que estão acima da estação do Alto da Boa Vista; − clima úmido, com pouco ou nenhum déficit hídrico, megatérmico, com calor bem distribuído durante o ano, para as regiões de pé-de-serra, entre as cotas de 20 a 300 metros; − clima subúmido-úmido, com pouco ou nenhum déficit hídrico, megatérmico, com calor bem distribuído durante o ano para a baixada de Jacarepaguá. 4.2.2.6 Distribuição Espacial dos Tipos Climáticos Uma vez identificados os tipos climáticos das estações meteorológicas consideradas, realizou-se a delimitação das áreas correspondentes através de interpolação, adotando-se os seguintes critérios: − para climas com o mesmo tipo de umidade, a diferenciação foi estabelecida pelo índice de eficiência térmica média anual; − para a delimitação de áreas com tipos de umidade diferentes, adotou-se o índice global de umidade efetiva. A distribuição espacial dos diferentes tipos climáticos evidencia a predominância dos climas megatérmicos com pouco ou nenhum déficit hídrico e calor bem distribuído durante o ano. Essa predominância decorre, como foi observado na análise dos indicadores térmicos, da homogeneidade espacial e sazonal das temperaturas na região em questão. As variações mais significativas dos tipos climáticos são decorrentes da maior ou menor umidade. Os climas superúmidos aparecem, apenas, nas encostas mais elevadas e de maior exposição 83 aos ventos litorâneos, onde a maior umidade, ao lado das maiores altitudes, amenizam as temperaturas locais. Os climas úmidos, por sua vez, ocorrem no sopé dos Maciços Litorâneos, diferenciando-se daqueles sob ponto de vista térmico. Os trechos de pé-de-serra são mais quentes (megatérmicos) em função de sua localização no interior das baixadas, onde é menor a influência da circulação geral dos ventos em função do confinamento intermontano. Na baixada litorânea, aparece o clima subúmido-úmido, com temperaturas elevadas, características do tipo megatérmico. 4.2.2.7 Indicadores de Balanço Hídrico No estabelecimento das alternativas e limitações climáticas ao uso do solo, o conhecimento das disponibilidades de água constitui um dos mais importantes elementos a considerar. O cálculo do balanço hídrico permite estimar, com razoável exatidão, indicadores das disponibilidades hídricas, oferecendo condições de avaliar a compatibilização entre a água retida no solo e as diferentes formas de utilização do mesmo. Através desses indicadores pode-se classificar térmica e hidricamente uma região. Para o cálculo do balanço hídrico, adotou-se o método de Thornthwaite e Mather (1955) que se constitui em processo contábil no qual o solo funciona como “caixa ou reservatório” de água. Na estimativa do balanço hídrico não basta apenas os dados de pluviosidade, ou seja, a quantidade de água que o solo recebe normalmente da atmosfera. É necessário, também, levar em consideração as perdas de água, sendo de grande importância as que ocorrem por evaporação e transpiração vegetal (evapotranspiração). A evapotranspiração, segundo Thornthwaite, pode ser conceituada de duas formas: a evapotranspiração potencial (EP), que representa a quantidade máxima de água evaporada e transpirada pela vegetação em função da temperatura média mensal, da duração média do dia no mês e do número de dias do mês; e a evapotranspiração real (ER), que representa a quantidade de água efetivamente evaporada e transpirada pela vegetação. Quando a evapotranspiração real (ER) é igual à evapotranspiração potencial (EP), a quantidade de água disponível no solo é suficiente para manter a vegetação verde e turgescente. Quando as disponibilidades de água no solo superam a quantidade máxima evaporada (EP), ocorrem outras perdas, denominadas de excedente hídrico (EXC). Um terceiro elemento a definir é o armazenamento (ARM), que indica a quantidade de água retida no solo. Dentro deste sistema contábil, as entradas são a pluviosidade (P), as saídas a evapotranspiração (EP) e o excedente hídrico (EXC), enquanto os estoques constituem o armazenamento (ARM). Portanto, pode-se dizer que o armazenamento, num determinado período, é função do armazenamento anterior e das entradas e saídas de água no período considerado. Existe, no entanto, um limite máximo para o armazenamento, que é função do tipo de solo e das exigências hídricas específicas da vegetação. A este limite dá-se o nome de capacidade de campo. Quando os valores do armazenamento superam a capacidade de campo, ocorre excedente hídrico (EXC). Por outro lado, caso a pluviosidade seja inferior à evapotranspiração potencial (EP) e a quantidade de água efetivamente evapotranspirada (ER) inferior à evapotranspiração potencial (EP), ocorre deficiência hídrica (DEF=EP-ER). A quantidade de água efetivamente evapotranspirada (ER) é função da pluviosidade (P) e do nível de armazenamento de água no 84 solo (ARM). Assim, na ocorrência de deficiência hídrica (DEF), parte da água armazenada é perdida por evapotranspiração (ER (t)=P(t)-ARM(t-1)). A quantidade de água armazenada que o solo fornece à evapotranspiração num determinado período (A(t)=ARM(t)-ARM(t-1)) é função do nível de armazenamento no período anterior (ARM (t-1)) e da diferença entre o volume de água precipitada e a evapotranspiração potencial no período (P(t)-EP(t)). Assim, quanto menor ARM (t-1), menor é A(t), bem como, quanto maior, em valor absoluto, P(t)-EP(t), maior é A(t). Se num determinado período t a diferença P(t)-EP(t) é positiva, então ER(t)=EP(t) e esta diferença é adicionada ao armazenamento do período anterior, ocorrendo reposição de água no solo. A reposição hídrica ocorre toda vez que o nível de pluviosidade supera a evapotranspiração potencial (EP) e o armazenamento (ARM) é inferior a capacidade de campo (CAD), ou seja, ocorre reposição hídrica toda vez que P>EP e ARM<CAD. Esta reposição prossegue até que o armazenamento atinja a capacidade de campo, o que, quando se dá, propicia o surgimento de excedente hídrico (EXC(t)). Para o cálculo do balanço hídrico, segundo o método de Thornthwaite e Mather (1955), foi adotado o nível de 125 mm para definir a capacidade de campo. Os dados de entrada são as médias mensais de temperatura e pluviosidade para cada unidade de observação, no período padrão considerado (1931 a 1975). Foram utilizadas as médias estimadas de temperatura, obtidas através da reta de regressão entre temperatura e altitude calculadas pela Secretaria Estadual de Planejamento e Controle (1975), presentes na publicação indicadores climatológicos do Estado do Rio de Janeiro, para determinar a temperatura em função da altitude temos: T = -0,00581(ALT) + 23,125 onde: T = temperatura (°C); ALT = altitude (m). De posse dos dados de entrada, determinou-se, em primeiro lugar, a evapotranspiração potencial não ajustada, através da seguinte expressão: e(t) = 1,6 (10T(t)/I)a onde: I = St=1,12 (T(t)/5) 1,514; a = 0,000 000 675 I³ - 0,000 077 4 I² + 0,017 921 I + 0,49; T(t) = Temperatura do mês t; e(t) = evapotranspiração potencial não ajustada no mês t . A partir daí, fez-se o ajustamento de e(t) levando-se em consideração a duração média do dia no mês e o número de dias do mês, obtendo-se o valor da evapotranspiração potencial ajustada no mês t(EP(t)), o que, junto com o valor da pluviosidade (P(t)) no mês t, permitiu o cálculo de todos os demais valores resultantes do balanço hídrico: ER (t) = evapotranspiração real no mês t; ARM(t) = armazenamento no mês t; EXC(t) = excedente hídrico no mês t, e DEF(t) = deficiência hídrica no mês t. Para avaliar a influência da altitude no comportamento dos elementos do balanço hídrico, utilizouse o modelo de análise de regressão linear. A variável dependente considerada foi a evapotranspiração real (ER) e como variável independente a altitude. 85 O significativo coeficiente de correlação simples (R) encontrado entre evapotranspiração potencial (EP) e a altitude é explicado pelo fato da evapotranspiração potencial ser, por definição, função da temperatura, que, por sua vez, se mostra altamente correlacionada com a altitude. No que se refere à deficiência e ao excedente hídricos, sendo esses função da pluviosidade e da evapotranspiração potencial, os baixos valores encontrados para os coeficientes de correlação simples ocorrem em função da pequena correlação entre pluviosidade e a variável altitude. Para Jacarepaguá a evapotranspiração potencial anual é de 1187,2 mm, enquanto a precipitação média está em torno de 1243,0 mm. A diferença portanto é muito pequena, cerca de 55,8 mm, representando menos de 4,5% do total de precipitações. O período de junho a setembro representa o período mais seco do ano e o déficit de água no solo é absoluto. A recarga de água se faz, principalmente, de dezembro a março. Nesta época o solo encontra-se sempre muito próximo da capacidade de campo e após uma chuva de média intensidade pode-se mostrar saturado de água. Em março registra-se o maior valor de excedente hídrico, 39,4 mm e em setembro o maior déficit, 9,9 mm. Para a estação do Alto da Boa Vista a evapotranspiração potencial é da ordem de 999,4 mm e a precipitação média está em torno de 2160,4 mm, gerando uma coluna d’água para o escoamento superficial e infiltração de água no solo de 1161,0 mm, número equivalente ao total da precipitação que cai em Jacarepaguá. Um pequeno período mais seco ocorre de junho a setembro, provocando déficit de água muito pequeno, já de novembro a março ocorrem expressivos excedentes hídricos. 4.2.3 Análise das Condições Pluviométricas Para essa análise, foram utilizadas as informações mensais relativas à altura total das chuvas, no período 1931 a 1975, disponíveis em FIDERJ/SECPLAN (1978). Através da análise estatística, foram mensurados os valores médios da pluviosidade, bem como os respectivos desvio-padrão e coeficientes de variação. Verifica-se que os coeficientes de variação anual para a Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá apresenta pequena amplitude entre os valores máximos e mínimos, ao passo que os valores mensais possuem enormes variações, principalmente quando comparamos os dados das estações climatológicas do Alto da Boa Vista e de Jacarepaguá. Existe, de fato, uma irregularidade da distribuição mensal das chuvas. Os menores coeficientes ocorrem nos meses de dezembro e novembro (estação chuvosa), enquanto os maiores valores nos meses de junho, julho e agosto (estação seca). Constata-se, também, variações espaciais na distribuição da pluviosidade. Os maiores valores dos coeficiente de variação localizam-se, de modo geral, nas áreas mais interiorizadas, situadas entre os contrafortes dos Maciços Litorâneos, enquanto os menores são registrados nas áreas litorâneas, mais abertas e expostas à circulação atmosférica do Atlântico. A utilização de dados médios anuais e mensais possibilita a observação da distribuição temporal e espacial da pluviosidade, deixando de revelar, porém, o ritmo climático da área em estudo. Esse ritmo permite identificar a sucessão dos tipos de tempo, tornando-se indicador fundamental na investigação climática de determinado espaço geográfico. Como indicador do ritmo pluvial adotou-se o modelo de Schröder, que permite detectar os períodos mais chuvosos e mais secos. Estes pluviogramas evidenciam as variações percentuais 86 mensais das chuvas em relação aos totais anuais, revelando variações anuais e irregularidades rítmicas da pluviosidade. O exame do comportamento mensal e anual da pluviosidade para a estação selecionada (Alto da Boa Vista) permite corroborar as conclusões anteriores, obtidas através da análise estatística. Verifica-se que, normalmente, os maiores totais pluviométricos anuais ocorrem nas áreas litorâneas e expostas às influências da maritimidade, e, também, naquelas que, apesar de interiorizadas, localizam-se em áreas de relevo movimentado e expostas à circulação atmosférica geral. Por sua vez, as áreas interiorizadas e confinadas, menos expostas à circulação atmosférica regional, tendem a apresentar menores índices pluviométricos anuais. No que concerne ao ritmo pluvial, as irregularidade observadas nos totais mensais de chuvas estão relacionadas ao deslocamento das massa de ar (entrada de frentes frias) e exposição do relevo, a barlavento ou a sotavento das linhas de instabilidade. No entanto, não são observadas grandes irregularidades quanto à sazonalidade da distribuição pluviométrica. Verifica-se predominância de chuvas nos meses de primavera e verão (setembro a março) como os mais chuvosos, e os de outono e inverno (maio a setembro) como os mais secos. As variações da pluviosidade podem ser explicadas: a) Pela sua posição geográfica, com grandes porções da região expostas ao oceano e sujeitas aos efeitos da circulação atmosférica do Atlântico; b) Pela orientação e exposição do relevo, fatores fundamentais na distribuição espacial da pluviosidade, atuando como barreira aos sistemas de circulação atmosférica e, finalmente; c) Pelo afastamento do equador térmico no solstício de verão do Hemisfério Norte, facilitando a penetração de frentes frias, bem como a sua aproximação no solstício de verão do Hemisfério Sul, possibilitanto a ocorrência de chuvas de convecção. Da análise dos cartogramas climáticos existentes em FIDERJ/SECPLAN (1978) sobre a região, fica evidenciado que, em sua distribuição espacial, as isoietas apresentam um aumento gradativo de seus valores médios em função da orientação do relevo (SO/NE) e sua exposição aos ventos litorâneos. Constata-se assim que, na maior parte da Bacia, os índices pluviométricos médios anuais situamse entre 1.000 e 2.000 mm, ocorrendo a maior concentração da pluviosidade na porção oeste (nas proximidades do Pico da Tijuca), onde o relevo, que avança pela linha de costa em direção ao mar, atua como barreira às penetrações de massas de ar úmidas provenientes do litoral, ocasionando chuvas orográficas (chuvas de relevo). Por outro lado, nas áreas das baixadas mais distantes do mar registram-se médias inferiores à 1.200 mm anuais. As isoietas de janeiro, representativas dos meses de verão, registram valores elevados em toda a região, revelando forte concentração das chuvas nesse período do ano, caracterizadas, em sua maior parte, como de convecção. Em oposição, as isoietas de julho, representativas dos meses de inverno, apresentam os menores valores médios. Nesses meses, as chuvas são conseqüência da penetração das massas frias. As isoietas de abril e de outubro, características do outono e da primavera, respectivamente, correspondem a períodos intermediários na diminuição ou aumento dos índices médios de chuvas. A diminuição acentuada da pluviosidade em abril é decorrente da influência da 87 maritimidade, ocasionando os maiores índices nas áreas de relevo expostos às penetrações de massas de ar úmidas. As isoietas de outubro denotam aumento dos índices médios de pluviosidade, condicionados, entre outros fatores, pelo aumento das médias térmicas. Observa-se, também, comparativamente ao mês de abril, inversão da distribuição espacial da pluviosidade. Enquanto no outono as áreas expostas às influências da maritimidade apresentam índices maiores de pluviosidade que as áreas do reverso dos maciços litorâneos, na primavera constata-se uniformidade dos índices pluviométricos, exceto em áreas de altitudes mais elevadas. Isto é justificado, quanto ao outono, pela influência da maritimidade associada ao avanço das frentes frias devido ao afastamento do equador térmico em direção ao Hemisfério Norte. Na primavera, a aproximação do equador térmico provoca diminuição do avanço das frentes frias e predominância da Massa Tropical Atlântica, ocorrendo aumento relativo das precipitações em decorrência do aumento das temperaturas. A variação sazonal das temperaturas é pequena (cerca de 7 graus) , enquanto a distribuição da pluviosidade mostra variação sazonal bem definida (2/3 das chuvas ocorrem de setembro a março), com períodos mais chuvosos nos meses de verão e mais secos nos meses de inverno, comportamento característico dos regimes tropicais. 4.2.4 Aspectos Hidrossedimentológicos 4.2.4.1 Influência Antrópica no Cálculo das Vazões e Transporte de Sedimentos Outro aspecto extremamente importante, na alteração hidrológica que sofre a bacia hidrográfica de Jacarepaguá, diz respeito ao elevado crescimento da população da bacia. Com cerca de 600 mil habitantes (1998) e dezenas de grandes indústrias, destacando-se a de bebidas, se faz necessário estimar a carga de contribuição de esgotos e sólidos em suspensão. Segundo Mota (1988) o valor de 54 gramas de sólidos em suspensão por habitante por dia tem sido largamente utilizado no dimensionamento de obras hidráulicas e, particularmente, de estações de tratamento de esgotos. Outro valor apresentado como referência é o de 180 litros de consumo de água por habitante por dia. Desta forma pode-se facilmente calcular a contribuição direta de água e sólidos em suspensão proveniente dos esgotos domésticos. Para a bacia hidrográfica os valores são da ordem de 1,25 m3/s de águas servidas e 0,375 Kg/s para sólidos em suspensão. Estes valores colocam a contribuição de esgotos domésticos, tanto em termos de vazão como em relação a carga de sólidos em suspensão a frente de diversos níveis médios estimados para cinco dos principais rios da região (Rio da Barra, Rio Cachoeira, Rio das Pedras, Rio Vargem Pequena e Rio Piabas). Para ajustar mais corretamente a contribuição de esgotos seria importante calcular os diferentes equivalentes populacionais gerados pelas principais indústrias da região, contabilizando também, o impacto gerando pelo setor terciário local. O crescimento expressivo da contribuição de águas servidas e sólidos em suspensão poderá ser observado quando são somadas as contribuições individuais de grandes empreendimentos locais, quais sejam: cervejaria, indústria farmacêutica, indústria química, centros comerciais, hipermercados, parques temáticos e complexos de escritórios. Desta forma, para adoção de número base, seria conveniente corrigir os números 3 apresentados acima para 2,100 m /s para as águas servidas e 0,630 Kg/s para sólidos em suspensão, sem a inclusão de estimativas de perdas. Finalmente, deve-se computar as cargas poluidoras proveniente das águas de escoamento superficial. Como em praticamente toda a região não existe um sistema de esgotamento sanitário 88 eficiente é possível estimar a partir do tamanho da mancha urbana a carga poluidora lançada aos rios através do escoamento superficial, Espanhol (1982). As contribuições médias da Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO, do Nitrogênio Total - NT e do Fósforo Total - PT. Assim, para uma área aproximada de 78 km2, segundo dados do mapeamento digital da Fundação CIDE (1996), teríamos: uma DBO de 1.762,8 kg, uma carga de 382,2 kg de NT e de 119,34 de PT . A elevada quantidade de DBO, associada às contribuições expressivas de Nitrogênio e Fósforo, contribui para a proliferação de macrófitas aquáticas (algas e aguapés) que fixam parte da carga poluidora, em muitos trechos foram observadas ocorrências de tifas e algumas espécies de gramíneas, fato que revela o processo de eutrofização das lagunas costeiras da Tijuca e Jacarepaguá. 4.2.4.2 Cálculo das Vazões Os estudos anteriores de vazão apresentados nos relatórios hidrológicos constantes dos Projetos Executivos das obras de Macrodrenagem, SMO/HIDROTERRA (1997) e SMO/STAEL (1997) trabalham com os dados de Jacarepaguá, estação que possui uma coluna de precipitação com cerca de 1200 mm. Já o presente relatório busca determinar que tipo de influência (sobre as vazões) ocorre quando são considerados os dados do Alto da Boa Vista. Aqui, os totais de chuva são da ordem de 2200 mm, com geração de grandes excedentes hídricos. Para a determinação das novas vazões máximas, manteve-se a mesma metodologia empregada nos estudos mencionados, isto é, o emprego do método de Ven Te Chow, largamente utilizado no dimensionamento de obras hidráulicas. O método Ven Te Chow é baseado na seguinte relação: Q= X .Y . Z . A 3,6 onde: Q = vazão máxima (m3/s) X = intensidade da chuva efetiva (mm/h) Y = fator climático da bacia em estudo (adimensional) Z = fator de redução de pico (adimensional) A = área de drenagem da bacia (km2) A correção aqui apresentada consistiu em determinar um valor diferenciado por sub-bacia para o fator climático Y, que representa a relação entre as chuvas nas diferentes sub-bacias e no posto de referência do estudo (Posto de Jacarepaguá) e considerado igual a 1 nos estudos da STAEL e da HIDROTERRA. Partindo-se da constatação de que a intensidade das chuvas nas diferentes sub-bacias não é igual a do posto de referência, mas influenciada pela sua altitude, estimou-se o fator Y a partir de informações dos postos de Jacarepaguá e do Alto da Boa Vista, em cuja área encontram-se as cabeceiras de vários rios da Bacia. Tendo em vista a disponibilidade dos dados, particularmente quanto a distribuição das áreas das sub-bacias segundo as classes de altitude, foram consideradas apenas as sub-bacias dos rios principais. As tabelas adiante, com dados obtidos por Marques (1990), apresentam as distribuições das áreas segundo as classes de altitude. A área de cada sub-bacia foi dividida, numa segunda 89 etapa, segundo a altitude, em duas classes: abaixo ou acima da cota de 300 m. Esta divisão leva em conta a altitude dos postos ou estações meteorológicas: a de Jacarepaguá, a 12,0 m de altitude e a do Alto da Boa Vista, a 347,1 m. Na metodologia de cálculo considerou-se que a área abaixo da cota de 300 m recebe as chuvas com intensidade igual a da estação de Jacarepaguá e a área acima da cota de 300 m recebe as chuvas com intensidade igual a da estação do Alto da Boa Vista. A chuva média de cada sub-bacia foi calculada como média ponderada das chuvas nas estações meteorológicas consideradas: C= CJ .b + CA. c 100 onde: C = média da chuva na sub-bacia (mm) CJ = média da chuva observada na estação de Jacarepaguá (mm) CA = média da chuva observada na estação do Alto da Boa Vista (mm) b = percentual da área da sub-bacia abaixo da cota de 300 m (%) c = percentual da área da sub-bacia acima da cota de 300 m (%) As médias das chuvas observadas nas estações de Jacarepaguá e Alto da Boa Vista correspondem às normais climatológicas de 1931/75, calculados pela SECPLAN (1978) e têm os seguintes valores: CJ = 1.243 mm CA = 2.250 mm O fator Y corrigido é, então, obtido a partir da comparação entre a média da chuva da sub-bacia e a média da chuva na estação de Jacarepaguá, mantida como referência, uma vez que as curvas de intensidade-freqüencia-duração foram calculadas para dados deste posto. O quadro 4.13 abaixo resume as informações utilizadas para este cálculo: Y= C CJ 90 Quadro 4.13 - Dados utilizados e fator Y corrigido, segundo as sub-bacias ABAIXO DE 300 m (%) RIOS Rio da Barra Rio Cachoeira Rio das Pedras Rio do Anil Arroio Fundo Arroio Pavuna Rio Pavuninha Rio Camorim Rio Vargem Pequena Rio Branco Rio Vargem Grande Rio Piabas ACIMA DE 300 m (%) 78,8 29,9 84,5 72,4 80,4 89,7 92,0 39,8 93,2 69,8 53,7 93,7 21,2 70,1 15,5 27,6 19,6 10,3 8,0 60,2 6,8 30,2 46,3 6,3 CHUVA ESTIMADA (mm) 1.456,9 1.949,2 1.398,9 1.521,1 1.439,9 1.347,0 1.323,6 1.849,3 1.311,7 1.546,7 1.709,4 1.306,7 Y CORRIGIDO 1,172 1,568 1,125 1,224 1,158 1,084 1,065 1,488 1,055 1,244 1,375 1,051 Com base nas informações acima, foram corrigidas as vazões máximas apresentadas nos estudos da SMO/STAEL (1997) e da SMO/HIDROTERRA (1997). O quadro 4.14 a seguir apresenta estas vazões bem como a taxa de correção e as novas vazões máximas calculadas. Quadro 4.14 - Taxa de correção e vazões de projeto calculadas 3 RIOS Rio da Barra Rio Cachoeira Rio das Pedras Rio do Anil Arroio Fundo Arroio Pavuna Rio Pavuninha Rio Camorim Rio Vargem Pequena Rio Branco Rio Vargem Grande Rio Piabas CORREÇÃO (%) 17,2 56,8 12,5 22,4 15,8 8,4 6,5 48,8 5,5 24,4 37,5 5,1 VAZÃO DE PROJETO (m /s) TR=10 anos 10,3 53,2 30,2 67,7 151,5 58,6 27,2 23,5 11,3 5,0 54,6 25,0 TR=20 anos 14,5 72,9 40,0 89,9 199,2 75,8 34,9 32,0 15,3 6,7 74,1 33,4 TR=50 anos 19,2 94,1 50,3 113,0 247,8 93,3 43,0 41,2 19,5 8,5 95,0 42,4 VAZÃO DE PROJETO CORRIGIDA 3 (m /s) TR=10 TR=20 TR=50 anos anos anos 12,1 83,4 34,0 82,8 175,5 63,5 29,0 35,0 11,9 6,2 75,1 26,3 17,0 114,3 45,0 110,0 230,8 82,1 37,2 47,6 16,1 8,3 101,9 35,1 22,5 147,6 56,6 138,3 287,1 101,1 45,8 61,3 20,6 10,6 130,6 44,6 O quadro 4.15 apresenta um resumo das informações das vazões máximas e das vazões máximas corrigidas referentes a toda a Bacia de Jacarepaguá: 91 Quadro 4.15 – Resumo das informações para a bacia de Jacarepaguá VAZÕES TR = 10 anos 3 Vazão máxima (m /s) 3 Vazão máxima corrigida (m /s) 3 Diferença (m /s) TR = 20 anos TR = 50 anos 518,1 688,7 867,3 634,8 845,5 1.066,6 116,7 156,8 199,3 22,5 22,8 23,0 Diferença relativa (%) 4.2.4.3 Cálculo do Transporte de Sedimentos O cálculo do volume de sedimentos transportados por cada um dos principais rios considerados utilizou as informações apresentadas por Marques (1990). Esse cálculo considera uma relação exponencial, proposta por Leopold & Maddock (1953), entre a vazão do rio e o volume de sedimentos transportados, da forma: L = pQg onde L = quantidade total de sedimentos transportados (kg/s) Q = vazão média do rio (m3/s) p e g são os parâmetros do modelo Para os rios principais da Bacia de Jacarepaguá, Marques (1990) estimou os valores para os parâmetros p e g. Com base nesses valores e nas suas observações, foram realizadas duas estimativas para a quantidade média de sedimentos transportados pelos rios. A primeira, mais conservadora, considera apenas os valores típicos das vazões dos rios, isto é, não foram incluídas as medidas observadas de vazões após as chuvas mais intensas. Para a seleção dos dados, excluiu-se todos os valores maiores que a média mais dois desvios-padrão, ou seja, consideraram-se típicos aqueles valores correspondentes a cerca de 95% das observações. A partir deles, calculou-se a vazão média de cada rio e, daí, o transporte médio de sedimentos. 92 Quadro 4.16 – Valores estimados de p e g, vazão média e transporte médio de sedimentos RIOS Total Rio da Barra Rio Cachoeira Rio das Pedras Rio do Anil Arroio Fundo Arroio Pavuna Rio Pavuninha Rio Camorim Rio Vargem Pequena Rio Branco Rio Vargem Grande Rio Piabas p g VAZÃO MÉDIA 3 (m /s) TRANSPORTE MÉDIO (kg/s) TRANSPORTE ANUAL (t) ... ... ... 9,480 298.965 0,408 0,528 0,760 0,664 0,503 0,862 0,646 0,650 0,458 0,468 0,537 0,329 0,971 0,997 1,542 1,506 1,550 1,049 1,071 1,551 0,943 1,108 1,013 1,036 0,131 0,414 0,440 1,618 4,070 1,164 0,572 1,095 0,134 0,689 1,219 0,143 0,057 0,219 0,214 1,370 4,427 1,011 0,355 0,748 0,069 0,310 0,657 0,044 2.736 9.903 6.750 96.818 359.845 54.575 23.898 40.206 3.512 16.507 20.712 1.388 Fonte: calculado com dados de Marques (1990) Quadro 4.17 - Contribuição de sedimentos fluviais para a laguna da Tijuca RIOS TRANSPORTE MÉDIO (kg/s) TRANSPORTE ANUAL (t) PERCENTUAL NA LAGOA PERCENTUAL NO TOTAL Total 6,287 198.265 100,0 66,3 Rio da Barra Rio Cachoeira Rio das Pedras Rio do Anil Arroio Fundo 0,057 0,219 0,214 1,370 4,427 1.785 6.902 6.750 43.215 139.613 0,9 3,5 3,4 21,8 70,4 0,6 2,3 2,3 14,5 46,7 Quadro 4.18 - Contribuição de sedimentos fluviais para o sistema lagunar de Jacarepaguá RIOS TRANSPORTE MÉDIO (kg/s) TRANSPORTE ANUAL (t) PERCENTUAL NA LAGOA PERCENTUAL NO TOTAL Total 2,114 66.656 100,0 22,3 Arroio Pavuna Rio Pavuninha Rio Camorim 1,011 0,355 0,748 31.876 11.194 23.586 47,8 16,8 35,4 10,7 3,7 7,9 93 Quadro 4.19 – Contribuição de sedimentos fluviais para a baixada de Jacarepaguá RIOS TRANSPORTE MÉDIO (kg/s) TRANSPORTE ANUAL (t) PERCENTUAL NA BAIXADA PERCENTUAL NO TOTAL Total 1,080 34.043 100,0 11,4 Rio Vargem Pequena 0,069 2.167 6,4 0,7 Rio Branco 0,310 9.776 28,7 3,3 Rio Vargem Grande 0,657 20.712 60,0 6,9 Rio Piabas 0,044 1.388 4,1 0,5 A segunda estimativa considera todos os valores observados das vazões dos rios, isto é, foram incluídas, também, as medidas observadas de vazões após a ocorrência de chuvas. A partir deles, calculou-se a vazão média de cada rio e, daí, o transporte médio de sedimentos da mesma forma como na primeira estimativa. Quadro 4.20 - Valores estimados de p e g, vazão média e transporte médio de sedimentos p g VAZÃO MÉDIA 3 (m /s) TRANSPORTE MÉDIO (kg/s) TRANSPORTE ANUAL (t) ... ... ... 20,194 636.850 Rio da Barra 0,408 0,971 0,203 0,087 2.736 Rio Cachoeira 0,528 0,997 0,594 0,314 9.903 Rio das Pedras 0,760 1,542 0,440 0,214 6.750 Rio do Anil 0,664 1,506 2,765 3,070 96.818 Arroio Fundo 0,503 1,550 7,497 11,411 359.845 Arroio Pavuna 0,862 1,049 1,944 1,731 54.575 Rio Pavuninha 0,646 1,071 1,161 0,758 23.898 Rio Camorim 0,650 1,551 1,544 1,275 40.206 Rio Vargem Pequena 0,458 0,943 0,223 0,111 3.512 Rio Branco 0,468 1,108 1,106 0,523 16.507 Rio Vargem Grande 0,537 1,013 1,219 0,657 20.712 Rio Piabas 0,329 1,036 0,143 0,044 1.388 RIOS Total Fonte: calculado com dados de Marques (1990) 94 Quadro 4.21 – Contribuição de sedimentos fluviais para a laguna da Tijuca TRANSPORTE MÉDIO (kg/s) RIOS TRANSPORTE ANUAL (t) PERCENTUAL NA LAGOA PERCENTUAL NO TOTAL Total 15,096 476.052 100,0 74,8 Rio da Barra Rio Cachoeira Rio das Pedras Rio do Anil Arroio Fundo 0,087 0,314 0,214 3,070 11,411 2.736 9.903 6.750 96.818 359.845 0,6 2,1 1,4 20,3 75,6 0,4 1,6 1,1 15,2 56,5 Quadro 4.22 - Contribuição de sedimentos fluviais para o sistema lagunar de Jacarepaguá TRANSPORTE MÉDIO (kg/s) RIOS TRANSPORTE ANUAL (t) PERCENTUAL NA LAGOA PERCENTUAL NO TOTAL Total 3,763 118.679 100,0 18,6 Arroio Pavuna Rio Pavuninha Rio Camorim 1,731 0,758 1,275 54.575 23.898 40.206 46,0 20,1 33,9 8,6 3,8 6,3 Quadro 4.23 – Contribuição de sedimentos fluviais para a baixada de Jacarepaguá RIOS TRANSPORTE MÉDIO (kg/s) TRANSPORTE ANUAL (t) PERCENTUAL NA BAIXADA PERCENTUAL NO TOTAL Total 1,336 42.119 100,0 6,6 Rio Vargem Pequena Rio Branco Rio Vargem Grande Rio Piabas 0,111 0,523 0,657 0,044 3.512 16.507 20.712 1.388 8,3 39,2 49,2 3,3 0,6 2,6 3,3 0,2 Com base nessas mesmas equações é possível calcular a quantidade de sedimentos transportados por ocasião das fortes chuvas, que determinarão as vazões máximas dos rios e, desta forma, estabelecer relações entre as quantidades médias e as máximas. Conforme demostrado no quadro 4.24, após uma única grande chuva, de recorrência estatística de 50 anos, a quantidade de sedimentos que entra no sistema equivale a de um período normal médio de um ano para alguns rios. Desta forma, os canais fluviais podem passar para um regime anastomosado (a carga de sedimentos em transporte supera a capacidade de transporte do rio em condições de regime normais) logo após uma grande chuva. Este fato foi observado nos trabalhos de campo e, em alguns trechos dos rios da Cachoeira, Anil e Paineiras, a carga de 95 sedimentos estava depositada no fundo dos leitos menores, comprovando o entulhamento calculado. Quadro 4.24 – Sedimentos transportados nas vazões máximas SEDIMENTOS NA VAZÃO MÁXIMA (kg/s) RIOS Rio da Barra Rio Cachoeira Rio das Pedras Rio do Anil Arroio Fundo Arroio Pavuna Rio Pavuninha Rio Camorim Rio Vargem Pequena Rio Branco Rio Vargem Grande Rio Piabas TR=10 anos TR=20 anos 4,6 43,5 174,5 513,9 1.513,0 67,1 23,8 161,0 4,7 3,5 42,7 9,7 6,4 59,5 269,2 787,7 2.312,5 87,8 31,0 260,0 6,3 4,9 58,2 13,1 TR=50 anos RELAÇÃO TR=50/VAZÃO MÉDIA 8,4 76,7 383,3 1.111,5 3.243,8 109,2 38,8 384,7 7,9 6,4 74,8 16,8 148 351 1791 811 733 108 109 514 115 21 114 382 4.2.5 Dispersão Atmosférica e Qualidade do Ar 4.2.5.1 Direção e Velocidade do Vento O deslocamento do ar, função dos graus variados de aquecimento da superfície, apresenta diferentes direções e velocidades em dado momento, originando áreas dispersoras e receptoras de ventos. Para análise dos indicadores de freqüência e velocidade média por direção dos ventos recorreuse ao uso das normais climatológicas, cujas médias, sempre superiores a 20 anos de observação, compreendem o período de 1931 a 1975. No que se refere à apresentação gráfica dos indicadores, foi selecionada a estação meteorológica da Base Aérea de Santa Cruz, cujos gráficos expressam: − a distribuição das freqüências de cada direção, através do percentual em relação à média do período; − a velocidade média relativa às direções; e − o percentual assumido pelas calmarias (ausência de ventos), ver anexo III. A distribuição espacial dos ventos permite constatar expressivas diferenciações entre os diversos compartimentos topográficos, podendo-se detectar a ocorrência de duas áreas nítidas. A primeira, registra menor freqüência de calmarias, englobando os trechos mais elevados dos Maciços Litorâneos, principalmente as áreas de cumeada (limites leste e oeste da área de estudo). Verificam-se, nessas áreas, ventos com velocidades bastante expressivas. O segundo compartimento, é representado pela baixada de Jacarepaguá, onde o percentual de calmarias passa a ser cada vez mais elevado em função da posição dos terrenos em relação às 96 grandes linhas de relevo. A pior dispersão atmosférica deste compartimento é encontrada no Vale do Rio Grande e a melhor ocorre ao longo da restinga arenosa cortada pela Avenida Sernambetiba. O percentual de calmarias tende a crescer da linha de costa para o Norte. Os indicadores mensais de velocidade média por direção dos ventos representam, de modo geral, médias mensais com variações pouco significativas em relação à média de todo o período considerado. Na atmosfera, os sistemas de escala climatológica interagem com os sistemas de meso-escala e estes, com os de micro-escala. Como a natureza da escala do estudo em foco é em micro-escala, torna-se importante conhecer alguns conceitos básicos. 4.2.5.2 Estabilidade Atmosférica (inversão térmica) O movimento vertical ascendente do ar é causado pela topografia, por deslocamentos de frentes frias ou quentes e por convecção nos centros de baixa pressão. O deslocamento descendente é típico dos centros de alta pressão. Na atmosfera existem, em geral, três tipos de inversão térmica, que caracterizam a estabilidade do ar: frontal, por subsidência e de radiação. A inversão térmica se caracteriza pelo aumento da temperatura com a altura. Para determinar a estabilidade e detectar a inversão térmica são utilizados os dados coletados por radiossondagem, que consiste em observações reais e in loco da atmosfera, WMO (1964 e 1975). Além disso, a WMO recomenda que a área de estudo esteja situada a uma distância de até 300 km da estação de observação do ar superior. Os dados do ar superior utilizados neste trabalho foram obtidos diariamente, no período janeiro-agosto/90, na estação meteorológica de altitude do aeroporto do Galeão, do qual a área de estudo dista em média 30 km. A partir da análise dos diagramas aerológicos, ficou constatada a baixa ocorrência de inversões térmicas em baixas altitudes. Os meses em que esse tipo inversão são mais freqüentes são os de inverno e os de menor ocorrência, os de verão. Via de regra as inversões são desfeitas entre 24 a 72 horas 4.2.5.3 Compartimentação Topoclimática Após análise sistemática da intensidade, duração e freqüência dos ventos reinantes na Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá, optou-se pela compartimentação do relevo segundo a orientação das vertentes em relação à rosa dos ventos. Tal processo justifica-se pela sua praticidade de visualização e entendimento do relevo enquanto obstáculo a circulação geral da atmosfera (ver mapa Topoclimático – JAC-20-0004, em anexo). Na região em questão, os ventos predominantes ou estão relacionados ao anticiclone semi-fixo do Atlântico Sul (N, NE e E) ou estão associados aos processos de correntes perturbadas provenientes das regiões polares (S, SO e O). Desta forma a freqüência dos ventos reinantes coincidem em 90% do tempo com as grandes linhas estruturais do relevo, também conhecida por Direção Geral Brasileira, que é SO/NE. Desta forma são apresentadas quatro classes principais de compartimentação topoclimática: as encostas de barlavento SO/ sotavento NE, encostas de sotavento SO/barlavento NE, vales litorâneos N/S , compartimento baixada e compartimentos e vales intermontanos. 97 Em relação às potencialidades de dispersão atmosférica o compartimento que apresenta as melhores condições é o das baixadas, seguidos pelos compartimentos de encostas orientadas transversalmente em relação aos ventos dominantes (sistema barlavento/sotavento) e por fim, com grau crítico de dispersão estão os vales intermontanos. Para efeitos de análise, constata-se que, de modo geral, o mês de janeiro caracteriza-se pelo predomínio do excedente hídrico devido à alta pluviosidade do período de verão. Verifica-se, mais uma vez, que os valores registrados pelo excedente hídrico aumentam em função do relevo. A deficiência hídrica é reduzida e ocorre pontualmente em alguns setores das baixadas. No outono, representado pelo mês de abril, reduzem-se as áreas de excedente hídrico, em relação ao período anterior. A diminuição da pluviosidade nesta época é responsável pela menor extensão das áreas de excedentes hídricos, bem como pelos menores valores registrados. Assim, os locais mais elevados, que no verão registram níveis de excedentes da ordem de 250 mm, pouco ultrapassam o nível de 100 mm no outono. A faixa de reposição hídrica estende-se pela baixada. O mês de julho caracteriza-se por menores médias pluviométricas, registrando as maiores áreas de deficiência hídrica. Estas aparecem, a grosso modo, no reverso dos maciços litorâneos do município do Rio de Janeiro. A área de reposição hídrica amplia-se, dominando a baixada litorânea, enquanto as áreas mais elevadas e mais expostas à entrada das massas de ar frio continuam com índices de excedentes hídricos. No mês de outubro, a faixa de reposição hídrica predomina, coincidindo com o início do período das chuvas. As áreas de excedente continuam vinculadas às maiores altitudes e as de deficiência são as de cotas mais reduzidas, limitando-se às baixadas com substratos do quaternário (sedimentos inconsolidados areno-argilosos). Este pressuposto teórico auxiliou a confecção da carta topoclimática, que acompanha este trabalho, e identificação dos compartimentos classificados em relação aos seus graus e condições de dispersão atmosférica. A metodologia desenvolvida para a confecção dos mapa topoclimático, como visto anteriormente, está apoiada na análise da intensidade, duração e freqüência dos ventos reinantes na baixada de Jacarepaguá, optando-se, assim, pela compartimentação do relevo segundo a orientação das vertentes em relação à rosa dos ventos. ♦ Compartimento: Maciços O primeiro compartimento é representado pelos maciços, mais precisamente pelo sistema de vales barlavento/sotavento. Os desníveis altimétricos são responsáveis pela abundância de precipitações e, por conseguinte, apresentam um elevado potencial de “lavagem” das poeiras e material particulado que possam ocorrer aí. Os grandes desníveis favorecem a ocorrência de ventos de vale e de montanha que podem intensificar as velocidades das brisas marinhas, reforçando, assim, às condições de dispersão atmosférica. A ocupação e uso do solo deste compartimento estão relacionadas a dois vetores principais: pequenos bairros e mais recentemente favelas intercalados com pequenas manchas de cultivo de banana. Em ambos os casos não existem fortes restrições sob o ponto-de-vista da dispersão atmosférica, uma vez que as condições naturais são altamente favoráveis à dispersão e estes usos geram pequenas quantidades de material particulado para a atmosfera. 98 ♦ Compartimento: Baixada O segundo compartimento identificado corresponde ao compartimento da Baixada de Jacarepaguá, formado por sedimentos areno-argilosos do quaternário. Este compartimento possui uma forma ligeiramente trapezoidal, com sua base maior voltada para o Oceano Atlântico e sua base menor para os alinhamentos de cristas dos morros do Valqueire e da Reunião. A Leste e a Oeste o compartimento é barrado pelas colinas e maciços costeiros. Trata-se de uma superfície ampla e muito uniforme do ponto-de-vista topográfico, não apresentando resistência à circulação atmosférica. Apesar deste compartimento apresentar boas condições de dispersão, durante boa parte do ano, podem ocorrer nevoeiros de contato e inversões térmicas, sobretudo no período de outono/inverno. A presença de importantes indústrias na região e grandes áreas urbanizadas reforçam a atenção que deve ser dispensada no monitoramento das condições atmosféricas do período crítico apontado acima, já que as más condições de dispersão podem provocar acidentes de trânsito (nevoeiros), fechar as operações do Aeroporto de Jacarepaguá e promover irritações oculares, bronquites e alergias nas populações que residem e trabalham na área. Neste compartimento podem ser gerados cones (plumas) de poluição urbana durante um período de estabilidade (ou seja, uma madrugada após uma noite clara). Cones de fumaça horizontalizados são indicativos de estabilidade vertical e condições críticas de dispersão atmosférica. Com a rápida ocupação deste compartimento, extensão natural da cidade do Rio de Janeiro, e substituição rápida das moradias unifamiliares por amplos conjuntos multifamiliares, a criticidade de dispersão deverá aumentar rapidamente em função também do aumento do tráfego de veículos automotores. A intensificação da circulação de veículos e instalação de novas unidades industriais, sobretudo na porção norte (mais precisamente no triângulo formado pelos bairros da Taquara, Pechincha e Tanque), realimentarão negativamente a qualidade do ar que deverá registrar estados críticos, principalmente no inverno. A porção sul deste compartimento possui boas condições naturais de dispersão, mas com a intensa ocupação urbana poderão ocorrer eventuais estados ruins de dispersão, principalmente nos eixos a sotavento das brisas marinhas. Pequenos bolsões poderão ser provocados pela intensa ocupação vertical e grande fluxo de veículos. Com o aumento da ocupação e instalação de novas unidades habitacionais a qualidade do ar ao longo do eixo da Avenida das Américas tenderá a cair, especialmente no inverno. A subsidência ocorre durante a época das altas pressões, quando o ar mais frio e denso encontrado em altitude flui para baixo, para as zonas de baixa pressão. Os ventos no nível do solo deslocam-se procurando as capas mais baixas e menos densas. O ar mais frio das zonas mais altas começa a descer, provocando um aumento gradativo de temperatura e diminuição da umidade relativa do ar, formando nuvens baixas e de pequenas dimensões. A forte radiação, comum nesta época do ano devido à baixa nebulosidade, conduz a formação de nuvens esponjosas e passageiras. Este fenômeno natural ganha contornos dramáticos em regiões intensamente ocupadas pois os poluentes são encapsulados próximos ao nível do solo. 99 ♦ Compartimento: Vales Intermontanos O terceiro compartimento identificado pelo trabalho refere-se às formações alveolares intermontanas com condições naturais baixas de dispersão. Tratam-se de compartimentos em via de ocupação por moradias. As principais manchas de criticidade de dispersão ocorrem no limite Noroeste da Bacia Hidrográfica, mais precisamente no Vale do Rio Grande. Com o processo de urbanização da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá existe a tendência de piorar a qualidade do ar. Calmarias associadas a geração de material particulado e aumento da concentração de poluentes oriundos da combustão de derivados de petróleo serão cada vez mais freqüentes. Reforçando ainda este quadro contribuem os arruamentos que não possuem calçamento adequado e o adensamento de indústrias e tráfego de veículos automotores. A mancha de maior criticidade ocorre ao longo da calha do Rio Grande, como dito anteriormente. Por analogia, tomando-se os dados relativos à Bacia de Sepetiba (SEMA/ETEP/ECOLOGUS/SM Group, 1997), para vales confinados, pode-se dizer que em uma região rebaixada e confinada por um relevo mais acidentado, as calmarias ocorrem em praticamente 90% do tempo ao passo que no compartimento baixada, descrito anteriormente, as calmarias ficam abaixo de 30%. A presença de instalações industriais nestas áreas tende a agravar os problemas relativos à qualidade do ar. Este compartimento é formado por um sistema de encostas transversais em relação aos ventos dominantes. Ocorre principalmente ao norte da Bacia Hidrográfica e outras pequenas manchas podem ser observadas nos limite Leste e Oeste. Via de regra, estas encostas não são utilizadas para a ocupação de moradias e em grande parte as capoeiras e os pastos reinam absolutos nestas vertentes. O alinhamento principal deste sistema de cristas e vales é Leste/Oeste e, desta forma, durante boa parte do ano estarão barrando os ventos quer venham do sistema Nordeste ou do sistema Sudoeste. Além desta característica, este sub-sistema pode provocar precipitações localizadas, quando os ventos sopram do Sul, e, quando sopram do Norte, podem intensificar o processo de encapsulamento dos poluentes nos compartimentos baixada e alvéolos intermontanos devido ao efeito de Föhn. Este fenômeno ocorre quando os ventos de transposição de obstáculos, no caso específico a Serra do Mar, deixam no planalto parte de sua umidade e, ao dirigirem-se de altitudes maiores para menores, sofrem aquecimento, sobretudo na área da baixada fluminense. No processo de transposição das colinas e maciços costeiros, acabam por comprimir e reforçar o encapsulamento de poluentes e material particulado em duas faixas, conhecidas como zona principal - carregada de poluentes e material particulado, que vai do solo até uma latitude de aproximadamente 250/300 m e uma zona secundária - menos carregada, que parte desta cota e vai até uns 500 m, aproximadamente. As condições naturais de dispersão ainda são relativamente boas e como o compartimento está pouco ocupado a qualidade do ar foi pouco alterada. Este compartimento também necessita de menos atenção que o compartimento baixada. 100 4.3 QUALIDADE DAS ÁGUAS E SEDIMENTOS DA BACIA A caracterização da qualidade das águas teve como base o último levantamento sistemático desenvolvido pela FEEMA, que realizou em 1989 levantamento de campo nas lagoas de Jacarepaguá para uma avaliação das condições dos ecossistemas lagunares. Em visita a área realizada em Fevereiro de 1998, já com vistas a elaboração deste EIA, foram também observados na bacia os mesmos problemas diagnosticados pelo órgão ambiental na época, que interferem na qualidade das águas: − degradação das áreas de proteção das lagoas, com áreas utilizadas para vazadouro de lixo; − assoreamento das lagoas, com o surgimento de espigões e ilhas que impedem a circulação de pequenas embarcações; − desnivelamento do leito das lagoas, determinado pela extração incorreta de areia, gerando pequenos bolsões com grandes profundidades, principalmente na lagoa de Jacarepaguá (grandes volumes foram retirados para os aterros de obras como Riocentro e Autódromo de Jacarepaguá, segundo informações locais); − represamento de rios poluídos, devido a presença de grande quantidade de vegetação aquática (macrófitas aquáticas), cuja presença favorece a proliferação de mosquitos e determina, ainda, através do seu processo de decomposição, um balanço negativo de oxigênio dissolvido na água; − desenvolvimento de condições anaeróbicas, em virtude da alta concentração de esgoto bruto e a presença de vegetação aquática em decomposição, com a consequente liberação de gases de odor desagradável; − acréscimo de carga orgânica e nutrientes, contribuindo para a eutroficação; − mortandade de peixes. Dados do Anuário Estatístico do Município do Rio de Janeiro (IPLANRIO 1993/94) contabilizam, com dados do Censo Populacional de 1991, 526.302 habitantes na bacia, distribuídos nas regiões de Jacarepaguá (428.073 hab) e Barra da Tijuca (98.229 hab). A situação atual de esgotamento sanitário da baixada de Jacarepaguá faz com que os rios e as lagoas da bacia sejam o destino final da grande maioria dos efluentes domésticos e industriais. Algumas indústrias possuem sistemas de tratamento de seus efluentes líquidos. Entretanto, sabe-se que os padrões de qualidade das águas tanto dos rios como das lagoas já se encontram excedidos para os usos preconizados. Como corpo receptor natural, portanto, o sistema lagunar de Jacarepaguá continuará a incorporar quantidades crescentes de poluentes com agravamento sério de seus já críticos problemas, se medidas mitigadoras não forem rapidamente implantadas. Deste modo, os projetos previstos neste Programa de Recuperação Ambiental da Baixada de Jacarepaguá, principalmente o projeto de esgotamento sanitário e o projeto de macrodrenagem devem proporcionar melhorias ao sistema lagunar como um todo. 101 4.3.1 Qualidade da Água dos Rios da Bacia A baixada de Jacarepaguá vem sofrendo um processo acelerado de ocupação do solo, seja pela implantação de indústrias na região de Jacarepaguá ou pelo crescimento das áreas urbanas. Este crescimento é o responsável pelo aumento da carga poluidora lançada nos corpos d’água da região, contribuindo, deste modo, para a degradação do ecossistema aquático e o comprometimento dos seus usos. Segundo as Diretrizes No. 109 (Diretriz de Classificação dos Corpos Receptores da Bacia Hidrográfica das Lagoas de Jacarepaguá) e No. 110 (Diretriz de Classificação das Lagoas de Jacarepaguá) da FEEMA, a maior parte dos rios da bacia pode ser utilizado para fins de preservação da fauna e flora e uso estético. Alguns rios pode ser utilizados para abastecimento público com ou sem desinfecção (rio da Cachoeira, rio Papagaio, rio Grande e rio Camorim nas suas nascentes) ou com filtração lenta e desinfecção (rio Sangrador na sua nascente). Os rios Grande, Tindiba e Covanca podem ainda ser utilizados para irrigação de hortaliças nas proximidades de suas nascentes. O enquadramento atual das lagoas de Jacarepaguá, Camorim, Tijuca e Marapendi considera os usos benéficos de recreação de contato secundário, preservação da fauna e flora e uso estético. Dados de qualidade da água publicados do período 1982/83 mostravam que diversos parâmetros de qualidade de água se encontram fora dos padrões estabelecidos para os usos de preservação de flora e fauna. O Quadro 4.25 apresenta alguns destes critérios, que foram considerados relevantes no problema de poluição das lagoas de Jacarepaguá. Quadro 4.25 - Padrões de qualidade de água para preservação de flora e fauna PARÂMETRO Materiais flutuantes Óleos e graxas Subst. que comuniquem gosto ou odor Coliformes totais Coliformes fecais PH Oxigênio Dissolvido (OD) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) + Nitrogênio Amoniacal (NH4 ) Fósforo Total (PT) Ferro Total (FeT) Clorofila “a” PADRÃO Virtualmente ausentes Virtualmente ausentes Virtualmente ausentes < 20.000 < 4.000 6,5 a 8,5 > 4,0 < 10,0 (*) < 0,4 (*) < 0,05 (*) < 0,3 < 10,0 (*) UNIDADE ------NMP/100ml NMP/100ml u.pH. mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l ug/l Fonte: Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA. (*) Padrões de acordo com normas internas da FEEMA, RJ; 1981. O Quadro 4.26 apresenta os dados médios obtidos para as diversas estações amostradas nos anos de 1982/1983. A localização das estações amostradas está apresentada na Figura 4.1. Compilações mais recentes (FEEMA, 1991 in CONSAG, 1995) apresentam resultados semelhantes quanto à qualidade dos corpos hídricos. 102 7467500 Ti nd iba PRA}A SECA 3 1 ueno Peq TANQUE GR-144 Rio 7465000 anca Cov Rio Sub-bacia do Rio Grande 2 Rio 4 TAQUARA Rio 9 DO 12 Ri o r Sto. 18 o Ri Limite de Bairros R. 1 BAIRROS 2 o Co'rreg ALTO DA BOA VISTA 3 Rio da Gavea a em z u M Pontos de Amostragem (FEEMA,1982/83) Pequena 4 Pontos de Amostragem (FEEMA,1989) Sub-bacia do Rio da Cachoeira ITANHANGA' Micro-bacia do Rio Muzema BARRA DA TIJUCA AME'RICAS A UC TIJ 7457500 LEGENDA CC-00 Esta{o~es de Amostragem nos Rios (FERNANDES,1993) 5 Esta{o~es de Amostragem nas Lagoas (FERNANDES,1989) Rio Jac are ' TJ-304 Barr a AVENIDA DAS Limite de sub-bacias 7460000 Rio Micro-bacia do Rio da Barra MR-370 MR-363 7455000 da Unidade Especial de Restinga L CANA Rio CANAL SERNAMBETIBA DO RECREIO DOS BANDEIRANTES R DO A LV SA E ND DA LE I L EN A AV R. o Ri 15 CM-320 Ta qua ra 16 Urubu ADO CORT Caveira S. Rio Anil do Ri o Pe d 10 BARRA DA TIJUCA XXIV-RA 17 It Ca ch anhan oe ga' ira NHO MARI s da da Ca lem ba ' Ri o Rio RIO 11 1 TIJUCA VIII-RA as 14 6 5 MR-362 LOCALIZA}A~O JOA' ANTES BANDEIR DE das 8 4 2 Reti ro Rio Cancela Rio do 7 6 LO RTE O P Ve lha 13 3 im JC-341 MN-240 RT-20 PV-180 AVENIDA AYRTON SENNA Rio Ri o Canudo Pequena Pasto Canal do Morto GRANDE ho al sc Ca Bo nit o ge m Rio Rio Branco Rio EM ARG DE V do Ri o Canal Ca mo r r Va DO L NA CA 5 do no C. rmi Fi Ca na l VARGEM PEQUENA Sub-bacia do Rio das Pedras Rio 1 Rio Lagoa Limite da macro bacia da baixada de Jacarepagua' de A{u Po rta ~o Ca{ambe 4 GARDE^NIA AZUL r. Rio JACAREPAGUA' Papagaio Rio o ndr Sub-bacia da Zona dos Canais ou PN-480 Via urbana Papagaio ea R. L ado Morg CAMORIM CM-220 Rio Ca ch oe oca ira da T Sub-bacia do Rio Camorim 7 NA VU A P Retiro Rio ou canal Rc h. Rio ANIL FN-100 Bom 'r Co Pa ine ir a s 3 da Rio i nho ar s Rio Rio Pa ss Rio 6 FUNDO 2 do s Rch. e itit Qu Rio AN-40 OIO ARR o Rio d VARGEM GRANDE Rio a res Rep morim Ca do Pa vun inh a c Sa ~o ara CURICICA JACAREPAGUA' ~ CONVENCOES , ha in at sc Ca Cabungui 1 CIDADE DE DEUS AR R O IO Mo inh o Sub-bacia do Rio dos Passarinhos co cis an Fr Rio Rio Sub-bacia do Rio Guerengue^ 7462500 da GR-141 Sub-bacia do Rio do Anil FREGUESIA Ba nc a Rio Rio 5 a ho o Ri Estiv da TAQU ARA Rio g en En GM-400 1 or ad r ng Sa s no ga Ci a Novo ^ UE E REN G GU is Div JACAREPAGUÁ XVI-RA RI O PECHINCHA do s Ar ea l RI O 1 Ri o An t o ^n io lo njo Mo a io ro ch Ar hin c Pe Piabas DAS RIO PRAIA HAS TAC A ETIB 22 47'30'' 43 03'45'' 22 52'30'' DOS 22 50'00'' 22 55'00'' 22 57'30'' Micro-bacia Joatinga 43 48'45'' 23 00'00'' 43 45'00'' B NAM SER 23 02'30'' 43 26'15'' 43 41'15'' Canal A NID AVE CANAL s ba Pia 43 22'30'' 43 18'45'' 43 15'00'' 43 11'15'' 43 07'30'' 23 05'00'' 43 37'30'' 43 33'45'' 43 30'00'' 7452500 OCEANO Rio ATLA^NTICO o Ri Micro-bacia da Prainha s da GRUMARI ~ PROJECAO , UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR ESCALA GRAFICA Al ma s Rio 1 0 1 2 3km do Sub-bacia de Grumari 0 un M Origem da quilometragem : Equador e Meridiano 45 W.Gr. acrescidas as constantes 10.000km e 500km, respectivamente 7450000 Datum vertical : maregrafo Imbituba, SC - d o - Datum horizontal : Corrego Alegre, MG FIG. 4.1 ESTA}O~ES DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS A'GUAS 7447500 647500 650000 652500 655000 657500 660000 662500 665000 667500 670000 672500 675000 677500 Sondotecnica Quadro 4.26 - Resultados mínimos e máximos de análise de parâmetros de qualidade da água para estações localizadas nos rios contribuintes às lagoas de Jacarepaguá Período: 1982 – 1983 PARÂMETRO CRITICO / PADRÃO DE QUALIDADE ESTAÇÕES DE MONITORAMENT VIOLAÇÃO DO NÚMERO DE FAIXA DE PADRÃO (%) DADOS VARIAÇÃO O Oxigênio Dissolvido (mg/l) GR 141 100 9 0,4 - 2,2 4,0 <mg/l <10,0 FN100 100 9 0,0 - 1,6 PV180 100 9 0,0 - 0,4 PN480 100 9 0,0 - 1,6 AN 40 85 9 0,4 - 4,8 GN400 75 9 0,4 - 5,6 MN240 75 9 0,4 - 11,2 CM220 50 9 6,4 - 16,6 RT 20 37 9 1,8 - 7,0 Demanda Bioquímica de AN 40 100 9 12 - 90 Oxigênio (mg/l) <10,0 mg/l GR141 100 9 20 - 60 PV180 100 9 12 - 83 Nitrogênio Amoniacal (mg/l) < 0,5mg/l Nitrogênio Orgânico (mg/l) < 1,0 mg/l PN480 100 9 18 - 60 MN240 100 9 12 - 68 FN100 88 9 8 - 24 GN400 88 9 7 - 44 CM220 63 9 1,2 - 60 RT 20 50 9 4,0 - 12,0 RT 20 100 9 0,9 - 6,8 AN 40 100 9 3,2 - 11,1 GR 141 100 9 3,5 - 8,2 FN 100 100 9 2,3 - 7,6 GN 400 100 9 2,3 - 12,3 PV 180 100 9 2,8 - 11,6 PN 480 100 9 2,6 - 12,2 MN 240 63 9 0,01 - 1,44 CM 220 25 9 0,00 - 1,11 GR 141 100 9 1,6 - 5,4 MN 240 100 9 2,0 - 7,9 GN 400 88 9 0,7 - 4,1 PN 480 88 9 0,8 - 4,6 FN 100 88 9 0,7 - 6,6 AN 40 75 9 0,7 - 8,1 RT 20 63 9 0,6 - 3,2 PV 180 63 9 0,1 - 4,1 CM 220 63 9 0,5 - 3,1 CC 00 25 9 0,8 - 1,7 (continua) 104 (continuação, quadro 4.26) PARÂMETRO CRITICO / PADRÃO DE QUALIDADE ESTAÇÕES DE MONITORAMENT VIOLAÇÃO DO NÚMERO DE FAIXA DE PADRÃO (%) DADOS VARIAÇÃO O Fósforo Total (mg/l) <0,1 mg/l Surfactantes Aniônicos (M.B.A.S) (mg/l) <0,5 mg/l Níquel (mg/l) < 0,025 mg/l Fenóis (mg/l) < 0,001 mg/l Cianetos (mg/l) < 0,02 mg/l DDT mg/l < 2 x 10 -6 DDT mg/l Dieldrin mg/l < 5 x 10 mg/l Coliformes fecais 3 (NMP/100 ml x 10 ) 3 < 4 NMP x 10 /100 ml -6 RT 20 100 9 0,3 - 1,1 AN 40 100 9 0,6 - 3,0 GR 144 100 9 0,1 - 0,26 GR 141 100 9 1,1 - 2,2 FN 100 100 9 0,6 - 1,6 GN 400 100 9 0,7 - 2,9 PV 180 100 9 0,6 - 3,1 PN 480 100 9 0,5 - 3,2 MN 240 100 9 0,1 - 1,6 CM 220 88 9 0,07 - 0,48 CC 00 87 9 0,09 - 0,31 GR 141 88 8 0,22 - 1,78 AN 40 63 9 0,20 - 1,75 FN 100 50 9 0,16 - 0,88 GN 400 50 9 0,08 - 1,52 PV 180 50 9 0,21 - 1,43 RT 20 37 8 0,11 - 1,05 AN 40 37 9 < 0,01 - 0,074 AN 40 100 8 0,002 - 0,018 FN 100 100 8 0,001 - 0,007 PV 180 100 8 0,001 - 0,010 PN 480 100 8 0,010 - 0,108 GR 141 86 8 < 0,001 - 0,016 GN 400 86 8 0,0 - 0,012 PV 180 43 8 0,0 - 0,025 PN 480 75 4 0,0 - 2 x 10 -4 PN 480 100 4 (4 - 16) x 10 -4 CC 00 50 4 0,0 - 2 x 10 -5 RT 20 50 4 0,0 - 2 x 10 -5 PN 480 50 4 0,0 - 6 x 10 -5 CC 00 RT 20 AN 40 FN 100 GR 141 GR 144 PV 180 GN 400 PN 480 MN 240 CM 220 100 100 100 100 100 100 100 100 100 87 50 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 49 - 1.000 24 - > 24.000 79 - > 24.000 130 - >24.000 330 - >24.000 23 - 1.700 130 - 16.000 130 - 24.000 35 - >24.000 < 2,3 - 49 <2,3 - 23 Estes dados apresentados mostram que já na década de 1980 muitos dos parâmetros amostrados apresentavam violação de padrão em diversas estações da bacia, demostrando o grau de comprometimento da qualidade da água para usos estabelecidos. 105 As estações localizadas no Rio Grande (GR-141), Arroio Fundo (FN-100), Pavuninha (PN-480) e Arroio Pavuna (PV-180) apresentaram em todas as amostras obtidas neste período valores de Oxigênio Dissolvido (O.D.) extremamente baixos, assim como elevados teores de D.B.O., nitrogênio e fósforo. Nessas estações também foram detectados altos índices de coliformes fecais, confirmando a forte contaminação desses rios por origem orgânica e doméstica. As estações AN-40 (rio Anil), FN-100 (arroio Fundo), PV-180 (arroio Pavuna) e PN-480 (rio Pavuninha) apresentaram também em todas as amostras tomadas valores acima do padrão para fenóis, caracterizando contaminação por origem industrial. A estação AN-40 apresentou também em algumas amostras teores de níquel acima do padrão. Todas as estações amostradas na bacia, a exceção apenas das estações MN-240 (rio Marinho) e CM-220 (rio Camorim), apresentaram elevados níveis de contaminação de origem fecal. Embora os dados acima apresentados não sejam atuais, pouca coisa foi alterada no quadro infraestrutural existente na bacia de Jacarepaguá desde a década de 1980. Considerando o crescimento populacional e industrial na bacia, a situação atual da qualidade das águas deve ser provavelmente mais crítica do que a apresentada no período de 1982/83. Em 1989 a FEEMA realizou uma avaliação limnológica preliminar da qualidade da água da bacia de Jacarepaguá. Nesta ocasião foram medidos parâmetros no campo (O.D., pH, condutividade elétrica e temperatura) e coletadas amostras para posterior análise de outros parâmetros. Foram amostrados os rios Camorim, Grande, Pequeno, Guerenguê, Cachoeira e Gávea e os arroios Pavuna e Fundo. Os dados disponíveis, relativos as medições realizadas no campo, mostram que os rios da região encontravam-se classificados como poluídos, a exceção das cabeceiras dos rios Grande e Cachoeira, e da maior parte do rio Camorim. Um resumo dos resultados obtidos neste levantamento estão apresentados no Quadro 4.27. Dados mais recentes, obtidos por Fernandes (1994) em análise de metais pesados em amostras de água tomadas próximo as áreas de descarga dos rios tributários às lagoas estão apresentados no Quadro 4.28. 106 Quadro 4.27 - Avaliação limnológica preliminar da qualidade da água da bacia de Jacarepaguá – Dados do período OUT/86 – JAN/88 RIO Cachoeira PONTO LOCALIZAÇÃO APROXIMADA 1 2 3 4 5 Cascatinha Taunay Montante Açude da Solidão Estrada Maracaí (mont. Polygram) Rua Itália Fausto Foz do rio 1 1 2 3 4 Indústria Polygram Montante reserv. CEDAE Ponte próx. Furnas (estação GR-144) Estrada do Curumau (GR-143) 5 6 7 Pequeno (estação GR-142) Rua André Rocha Fábrica Wella (GR-141) Montante de GR-144 Arroio Fundo (estação EN-110) PARÂMETROS ANALISADOS COND. ELÉT. O.D. (uS/cm) (mg/l) pH Guerenguê 1 2 Estrada do Outeiro Santo Próx. Industria Mane Arroio Pavuna 1 2 3 Próx. fábrica Le Petit Próx. Ind. Schering Próx. ponte Via 5 Camorim 1 2 3 4 5 6 Montante Represa Camorim Montante Represa Camorim Jusante do reservatório Estrada do Camorim Próx. colonia férias Cronus Eng. Próx. Riocentro CLASSE poluído pouco contaminado poluído fortemente poluído poluído III I III IV III condições tóxicas não contaminado mod. contaminado poluído extremamente poluído VI I II III V extremamente poluído extremamente poluído extremamente poluído fortemente poluído V V V IV biota pobre; vegetação marginal; redução no sedimento extremamente poluído V areia escura; redução lodo negro; redução extremamente poluído fortemente poluído V IV extremamente poluído extremamente poluído extremamente poluído V V V não contaminado não contaminado não contaminado mod. contaminado poluído poluído I I I II III III 83-112 25 77-110 90-110 118 9,5-5,6 > 9,4 9,6 7,8-9,6 6,2 6,5-6,7 6,8 6,8 7,6 7,0 79-128 71 108 72-140 130-209 6,0-9,4 até 10,0 6,6-9,0 6,4-8,7 3,6-6,0 6,2 6,6-7,2 6,7-7,3 6,6-7,1 6,6-7,5 117-279 (caracteristicas semelhantes ao ponto 4) (caracteristicas semelhantes ao ponto 4) (caracteristicas semelhantes ao ponto 4) 3,6-7,5 6,6-7,5 lixo; águas cor marron Gávea Grande CLASSIFICAÇÃO FEEMA (DILAB-4) ASPECTOS 307 0,9 7,0 192-458 114-221 0,0-2,4 2,0-5,8 6,3-6,9 6,7-6,9 660 lixo, DBO lixo e óleo lixo e detritos vegetação marginal favelas a montante Óleo águas claras, sem poluição lixo nas margens lixo no leito e margens lixo no leito e margens; águas cor marron 0,1 6,9 sedimento negro; óleo na água (caracteristicas semelhantes ao ponto 1) (caracteristicas semelhantes ao ponto 1) 43 alto 6,0 baixa 60 108 saturado 8,6 alto 7,2 6,0 7,5 6,6 água limpa água limpa água limpa águas claras extração de areia águas cor marron Quadro 4.28 – Concentração de metais pesados na água dos rios CONCENTRAÇÃO METAL (n = 8) Zn Cu Pb Mn MÉDIA (ug/l) DESVIO (ug/l) 9,63 0,94 0,61 12,7 3,59 0,45 0,43 8,00 MINIMO (ug/l) MÁXIMO (ug/l) 5,88 0,37 0,18 1,40 17,12 1,58 1,21 26,00 (Amostras coletadas nas áreas de descarga dos rios tributários a Lagoa de Jacarepaguá) Fonte: Adaptado de Fernandes, H.M. et al., 1993 4.3.2 Fontes de Poluição 4.3.2.1 Industrial Conforme mencionado anteriormente, a baixada de Jacarepaguá vem sofrendo um processo acelerado de ocupação do solo, tanto pela implantação de indústrias como pela ocupação residencial. A ausência de estruturas adequadas de saneamento geram o lançamento de uma elevada carga poluidora nos corpos d’água da região, que por sua vez têm nas lagoas seu destino final. Foram contabilizadas na década de 1980 (Medeiros, 1982) cerca de 186 indústrias na bacia, sendo que destas apenas 7 de grande porte, 28 de médio porte, e as restantes de pequeno porte. Predominam na bacia os ramos de atividade Minerais não Metálicos e Químico/ Farmacêutico/Perfumaria. O Quadro 4.29 apresenta a distribuição das indústrias por ramo de atividade e porte industrial. Essas duas atividades industriais predominantes contribuem principalmente com carga orgânica e fenóis, além de cromo, cádmio e cianetos provenientes das indústrias de material elétrico e das indústrias do ramo gráfico, têxtil e metalúrgico existentes. A região conta também com indústrias do setor de alimentos e bebidas, que em geral contribuem com grande carga orgânica. Quadro 4.29 - Classificação das atividades RAMO DE ATIVIDADE Minerais não metálicos Metalúrgicas Mecânicas Mat. Elétrico e de Comunicação Papel e Papelão Borracha Química/Farmacêutica/Perfumaria Material Plástico Têxteis Alimentícias/Bebidas Abatedouros Gráfica Diversas TOTAL NÚMERO DE EMPRESAS PORTE PEQUENO MÉDIO GRANDE 35 23 07 09 05 02 30 08 04 07 11 06 39 31 21 05 03 04 01 24 08 02 05 11 04 32 03 02 02 05 01 01 03 02 01 01 07 01 01 03 01 01 - 186 151 28 07 Fonte: Medeiros, 1982 Vale mencionar também que algumas unidades industriais possuem estações de tratamento de efluentes. A operação dessas estações gera a formação de lodos, que contém resíduos de 108 metais pesados. Esses resíduos são acondicionados em tambores, no próprio local, podendo constituir fonte potencial de poluição, em caso de acidentes. O Quadro 4.30 apresenta uma estimativa da carga poluidora oriunda das indústrias da Bacia de Jacarepaguá, estimada em termos de quilogramas por dia, com base nas informações referentes aos efluentes industriais (período de 1977/80). Quadro 4.30 - Carga poluidora industrial CARGA INDUSTRIAL (kg/dia) (*) PARÂMETRO Resíduos não filtráveis totais DBO Fósforo total Nitrogênio total Fenóis Cianeto Cádmio Cromo Ferro 5.300,00 3.619,00 9,10 48,60 1,60 0,30 0,09 0,34 0,59 Fonte: Medeiros, 1982 O Quadro 4.31 apresenta as principais indústrias poluidoras existentes na região e a composição provável dos seus efluentes líquidos e resíduos sólidos, bem como a situação dos equipamentos de controle ambiental existentes. Em recente levantamento realizado junto a FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro - foi obtida uma listagem com informações cadastrais de 80 indústrias existentes na bacia de Jacarepaguá, apresentada em Anexo. Conforme observado nos resultados apresentados para a qualidade da água dos rios, as indústrias são responsáveis por sérios problemas de contaminação dos principais rios da bacia, principalmente nos arroios Pavuna e Fundo, e nos rios Grande e Gávea. 4.3.2.2 Doméstico Na região da baixada de Jacarepaguá, a existência de favelas sem esgotamento sanitário e de rede de esgotos ainda precária em alguns pontos da bacia, vem a ser os fatos causadores da grande carga orgânica diariamente lançada nos rios e consequentemente nas lagoas de Jacarepaguá. Soma-se a isso a situação de operação e instalação das estações de tratamento de esgotos (ETEs) existentes nos condomínios da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, que deveriam estar operando e desta forma contribuindo para a redução da carga orgânica nas lagoas. Em 1990, data do levantamento apresentado no Quadro 4.32, dos 132 condomínios fiscalizados, apenas 72 possuiam ETEs (55%), sendo que dentre estas, cerca de 26% ainda não estavam funcionando. 109 De acordo com dados mais recentes obtidos junto à SMAC (1997), dos 130 condomínios levantados nas proximidades da lagoa de Marapendi, entre a Av. Sernambetiba e Avenida das Américas, no Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca, 15% apresentavam tratamento secundário, 30% apresentavam tratamento primário e os restantes 55% não possuiam tratamento. Quadro 4.31 - Principais poluentes gerados pelas industrias localizadas na bacia de Jacarepaguá CORPO RECEPTOR RIO ANIL NOME DA INDÚSTRIA HELIO BARKI S/A Ind. e Com. Ind. Bebidas ANTÁRCTICA ARROIO PAVUNA PRINCIPAIS POLUENTES GENERO EFLUENTES LÍQUIDOS TEXTIL BEBIDAS Lanifício LESLIE TEXTIL Fábrica de Papel TIJUCA PAPEL RESÍDUOS SÓLIDOS Zn, Cr, CN, Fenóis Resíduos contendo metais pesados. SITUAÇÃO DE CONTROLE RESÍDUOS ATMOSFÉRICOS Partículas, SOx, Tratamento em NO2, CO, HC. operação. Resíduos entamborados. DBO, Plot, Ntot DBO, pH, cor, Zn, Cr (relocação) Granja ANGOLA ALIMENTÍCIO DBO Coop. Avicultores e Criadores de Jacarepaguá ALIMENTÍCIO DBO Abatedouro Flor de Jacarepaguá ALIMENTÍCIO DBO QUIMISSINTESA Prod. Químicos QUÍMICA DBO,DQO, Plot, Ntot ESSEX Química Ind. Com. Ltda. QUÍMICA DBO, DQO, Ptot, Ntot Lodo orgânico da ETDI; embalagens em geral. Partículas, SOx, Tratamento em NOx, CO, HC. operação. Lodo orgânico disposto em área da empresa. Equipamento de poluição do ar em operação. FARMACÊUTIC DBO, DQO, Ptot, A Ntot Lodo orgânico da ETDI; embalagens em geral. Partículas, SOx, Tratamento de NOx, CO, HC. efluentes em operação. Lodo orgânico disposto em área da empresa. DBO, DQO, Fenóis, Lodo orgânico da Ptot, Ntot, O & G ETDI; embalagens em geral. acetona, odores Tratamento em diversos. operação; equipamentos de controle do ar operando; lodo orgânico enviado para COMLURB. Ind. Farmacêuticas SCHERING Cia. de Ceras JOHNSON QUÍMICA Partículas, SOx, Tratamento em NOx, CO, HC. operação. (continua) 110 (continuação, quadro 4.31) CORPO RECEPTOR RIO GRANDE NOME DA INDÚSTRIA MERCK S/A Ind. Química BELFAM Ind. Cosméticos EFLUENTES LÍQUIDOS Granja e Abatedouro CALDELAS ALIMENTÍCIO DBO Farmacêutica DBO,DQO,SE, Ntot TELETRA do Brasil Telecom. Ltda. MATERIAL ELÉTRICO Cr, Cd, CN AGGS Indústrias Gráficas GRÁFICA Fenóis, CN, Ag Granja Avícola do XOKO Partículas, SOx, Sem tratamento. NOx, CO, HC. Equalização vapores ácidos, HC, vapores alcalinos, partículas. Tratamento desativado. Partículas, SOx, Sem tratamento. NOx, CO, HC. METALURGICA Cu, CN, Hg, Zn ALIMENTÍCIO Tratamento de efluentes em operação Lodo químico contendo metais pesados; resíduos de cabine de pintura; resíduos sólidos provenientes do filtro de areia que recebe os efluentes de lavagens ácidas e alcalinas. aparas de latão; lodo Partículas, Tratamento em contendo metais fumos metálicos, operação. Resíduos pesados. vapores entamborados. alcalinos. Tratamento Físicoquímico Bijuteria METALURGICA Cu, Ni, CN, pH GRANSMUCK Ltda. ARROIO FUNDO RESÍDUOS ATMOSFÉRICOS QUÍMICA ALIMENTÍCIO DBO Metalúrgica BRISTOL RESÍDUOS SÓLIDOS QUÍMICA/FARM DBO,DQO, Fenóis ACÊUTICA SOAVES RIO Laboratório GERENGUÊ DELANDE SITUAÇÃO DE CONTROLE PRINCIPAIS POLUENTES GENERO DBO Fonte: adaptado de FEEMA, 1985. Quadro 4.32 – Situação de controle das estações de tratamento de esgotos sanitários (1990) BAIRRO CONDOMÍNIOS SOB FISCALIZAÇÃO POSSUEM ETE ETE OPERANDO ETE PARALISADA Barra/Recreio 108 56 49 7 Jacarepaguá 24 16 4 12 24a.+16a.RA 132 72 53 19 Fonte: FEEMA, 1991 111 A partir dos dados do monitoramento executado pela CEDAE nas ETEs particulares existentes na região da Barra da Tijuca, está apresentado no Quadro 4.33 a estimativa de carga orgânica de origem doméstica lançada diariamente nas lagoas da bacia. No Quadro 4.34, estão estimadas as cargas orgânicas de origem doméstica provenientes da baixada de Jacarepaguá, considerando-se que os efluentes sanitários das populações não atendidas por rede de esgotamento, são lançados diretamente nos corpos hídricos da região. 4.3.3 Dados das Análises de Sedimentos Devido à presença de expressivo número de indústrias na bacia de Jacarepaguá que lançam ou lançaram efluentes líquidos tóxicos nos rios da região, é importante verificar a qualidade dos sedimentos, principalmente no que se refere a sua contaminação por metais pesados. Uma vez que as lagoas encontram-se bastante assoreadas, e que para que a circulação de água seja restabelecida, será necessário executar serviços de dragagem não apenas dos rios e canais, mas também das lagoas, torna-se mais relevante conhecer a situação atual de contaminação dos seus sedimentos. Fernandes et al. (1994) realizaram amostragem de sedimentos em diversos rios contribuintes às lagoas. A amostragem cobriu basicamente as áreas sob influência direta das descargas domésticas e industriais. Foram considerados os 10 cm da camada superficial do sedimento como sendo a fração que representa o conteúdo de metais de origem antropogênica. Os resultados deste levantamento mostraram que os Arroio Pavuna (Cd, Cu, Zn e Pb), Arroio Fundo (Pb, Cu e Zn) e o rio Anil (Pb, Cu e Zn) são as principais fontes potenciais de metais para as lagoas. O rio Camorim apresentou-se relativamente bem preservado de descargas domésticas e industriais. As áreas mais contaminadas das lagoas correspondem aquelas próximas as desembocaduras dos arroios Pavuna e Fundo, provavelmente devido a pouca circulação de água nas lagoas. Os resultados obtidos para os metais pesados Zn, Cu, Pb e Mn em sedimento nas lagoas não caracterizam as águas das lagoas como severamente poluídas, se comparados aos resultados obtidos para outras áreas como a Baía de Guanabara. Os resultados obtidos para as análises de metais pesados em sedimentos dos rios tributários e das lagoas estão apresentados nos Quadros 4.35 e 4.36. 112 Quadro 4.33 - Carga orgânica de origem doméstica lançada nas lagoas da bacia de Jacarepaguá LAGOAS CONDOMÍNIOS LAGOA DE JACAREPAGUÁ Superm. Paes Mendonça Casa Shopping Superm. Carrefour Superm. Freeway Makro Atacadista Barra Shopping DBO AFLUENTE DBO EFLUENTE 702 471 898 632 409 822 567 75 135 296 116 283 REDUÇÃO % 19,2 84,1 85,0 53,2 71,6 65,6 VAZÃO ESTIMADA (l/s) 3,2 2,3 3,4 2,3 2,5 5,2 DBO LANÇADA (kg/dia) DBO TOTAL (kg/dia) 157 15 40 59 26 127 423 LAGOA DE MARAPENDI Alfa Barra 1 Alfa Barra 2 Alfa Barra 3 Nova Ipanema Pedra de Itaúna Malibu Barra Sul Pontões da Barra Mandala Novo Leblon 1 Novo Leblon 2 236 271 214 258 148 508 288 402 237 462 272 40 81 43 108 89 508 288 337 160 220 145 83,1 70,1 79,9 58,1 39,9 0,0 0,0 16,2 32,5 52,4 46,7 15,0 11,6 6,9 26,0 1,0 1,0 25,0 17,4 8,7 1,0 1,0 52 81 26 243 8 44 622 507 120 20 13 1.735 CANAL DE MARAPENDI Rio Hotel Residências Mirante Cruzeiro do Sul Los Angeles Beverly Hills Barra Golden Barra Palace Barra Beach As Terrazzas Golden Coast Winbledon Park Blue Chip Summer Place Rosa do Sol Jardim Europa Vila di Genova Aldeia do Mar Atlântico Sul Resid. Praia da Barra Barramares Barra Bella Riviera dei Fiori 5 Riviera dei Fiori 3 Rosa dos Mares Rosa Viva Barra D'Oro Liberty Place Varanda das Rosas Rosa Maior Rosa da Praia Rosa da Barra Rosa dos Ventos Akxe Sport Side 386 204 134 430 242 390 312 210 408 218 324 115 318 241 224 308 220 230 314 348 222 158 285 270 214 272 276 408 264 155 354 147 140 63 198 102 73 128 72 248 37 209 78 95 165 99 71 132 112 188 348 117 85 156 77 210 135 83 73 65 76 299 61,9 31,4 53,0 54,0 57,9 81,3 59,0 65,7 39,2 83,0 35,5 32,2 70,1 31,5 55,8 76,9 40,0 51,3 40,1 0,0 47,3 46,2 45,3 71,5 1,9 50,4 69,9 82,1 75,4 51,0 15,5 3,9 11,6 4,5 3,0 3,9 0,8 1,5 3,9 1,0 1,7 2,0 3,5 2,3 3,0 3,0 6,2 4,6 17,4 11,0 6,7 6,7 3,6 3,2 3,0 4,5 3,6 2,6 2,9 3,7 4,0 1,0 50 140 25 51 34 50 16 24 21 5 36 23 19 43 26 38 52 168 179 200 67 26 43 20 96 42 19 18 21 26 26 1.606 LAGOA DA TIJUCA Marina Barra Clube Itanhangá Hills 438 314 266 113 39,3 64,0 2,5 2,4 57 23 81 TOTAL 3.845 Fonte: CONSAG, 1995. 113 Quadro 4.34 - Estimativa de carga orgânica de origem doméstica SUB-BACIAS Rio Cachoeira e Itanhangá POPULAÇÃO ESTIMADA (1991) ESGOTAMENTO SANITÁRIO (% atendimento médio) ESTIMATIVA DE CARGA ORGÂNICA* (kg DBO/dia) 9.466 26,3% 377 98 0,0% 5 13.968 8,5% 690 230.925 81,7% 2.282 Rio Camorim 11.061 2,4% 583 Rio Guerenguê 53.991 62,3% 1.099 Rio dos Passarinhos/Pavuninha 11.940 62,3% 243 Rio Anil 61.410 73,0% 895 Rio das Pedras 26.377 64,80% 501 Rio Muzema 1.930 26,30% 77 Rio da Barra 2.776 23,30% 115 73.493 60,20% 1.580 497.435 - 8.447 Rio Grumari Zona dos Canais Rio Grande/arroio Fundo Unidade Especial de Restinga TOTAL TOTAL SEM ABATIMENTO 26.861 * Considerando o índice de 54g DBO/hab-dia Fonte: IPLAN, para os dados populacionais e atendimento médio. 114 Quadro 4.35 – Concentração de metais pesados em sedimentos dos tributários a lagoa de Jacarepaguá (concentração média na fase móvel dos sedimentos) CONCENTRAÇÃO CURSOS D'AGUA o N AMOSTRAS Cd (ug/g) Pb (ug/g) Cu (ug/g) Zn (ug/g) Ni (ug/g) Cr (ug/g) Mn (ug/g) Fe (%) Arroio Fundo 12 0,52 (1,42) 81 (1,5) 73 (1,4) 291 (1,4) 5,6 (1,2) 8,0 (1,3) 141 (2,1) 1,18 (1,45) Arroio Pavuna 17 2,25 (6,12) 52 (1,5) 97 (3,2) 254 (1,7) 26 (5,6) 16 (2,9) 185 (1,7) 1,50 (1,44) Rio Anil 10 0,61 (2,06) 94 (3,0) 63 (3,1) 189 (2,5) 14 (4,7) 11 (2,2) 166 (3,3) 0,87 (1,54) Rio Cacambe 8 0,35 (3,06) 23 (1,8) 163 (6,8) 92 (2,2) 2,9 (1,6) 5,5 (1,3) 114 (1,8) 1,00 (1,18) Rio Pavuninha 7 0,22 (1,50) 30 (1,4) 22 (1,4) 147 (2,1) 2,8 (1,5) 6,4 (1,4) 148 (3,8) 0,73 (1,89) Rio Camorim 4 0,15 (1,62) 17 (1,1) 9,8 (1,3) 56 (1,1) 1,8 (1,3) 4,0 (1,2) 285 (3,5) 1,10 (1,34) Rio Marinho 5 0,26 (1,49) 35 (2,0) 17 (2,7) 136 (1,8) 3,5 (1,6) 4,0 (1,4) 69 (1,4) 0,59 (2,0) Adaptado de Fernandes, H.M. et al., 1993 Obs: resultados entre parêntesis correspondem aos desvios. Quadro 4.36 – Concentração de metais pesados em sedimentos das lagoas de Jacarepaguá e Camorim (concentração média na fase móvel dos sedimentos - < 63um) CONCENTRAÇÃO ESTAÇÃO Pb (ug/g) Cu (ug/g) Zn (ug/g) Ni (ug/g) Cr (ug/g) Mn (ug/g) Fe (%) 1 18 7,2 107 11 5,6 64 0,26 2 18 5,3 75 9,2 6,5 122 0,73 3 12 4,0 64 9,3 6,0 28 0,25 4 13 9,4 62 10 6,1 124 0,59 5 21 4,8 113 12 6,8 50 0,50 6 21 18 114 14 8,2 89 0,88 7 49 133 291 14 15 55 0,97 8 39 56 189 13 11 19 0,51 10 14 7,8 82 11 10 68 0,30 11 11 4,3 85 10 8,3 163 0,64 12 14 6,5 101 13 3,2 264 0,68 13 21 13 105 14 4,7 42 0,31 14 37 29 161 11 6,3 39 0,61 15 22 3,8 94 33 6,1 64 0,64 16 48 42 470 16 7,9 78 0,81 17 64 56 200 15 4,5 173 1,10 18 61 63 271 271 12 63 1,77 Adaptado de Fernandes, H.M. et al., 1993 116 4.4 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS A área de estudo compreende dois grandes sistemas geológico-geomorfológicos: os maciços costeiros e a baixadas sedimentares. Formados por rochas de idade pré-cambriana e apresentando litologias de gnaisses, granitos e intrusivas alcalinas, estas relacionadas a intensa reativação ocorrida no terciário, os maciços costeiros da Pedra Branca e da Tijuca são os responsáveis pela emolduração da bacia hidrográfica de Jacarepaguá. Os maciços são bastante diferenciados do ponto-de-vista geológico uma vez que o da Tijuca é formado principalmente por rochas gnáissicas e migmatíticas, com algumas intrusões graníticas, ao passo que o da Pedra Branca é formado por rochas alcalinas. Dispostos um a oeste e outro a leste, os maciços costeiros descrevem um amplo arco montanhoso conectados por uma restinga, que partindo da Serra de Grumari, a oeste, avança até tocar a ponta da Joatinga, a leste. A ampla planície sedimentar estende-se desde os contatos com os maciços, até a face interna da restinga, formando uma baixada de aproximadamente 120 km2. Com sedimentos de idades pós-cambrianas, principalmente sedimentos areno-argilosos do terciário e quaternário, estes depósitos assumem muitas feições na região, dentre as principais destacam-se: as restingas, os alagadiços, pequenos manguezais e aluviões. A segunda parte têm como objetivo estabelecer um disgnóstico geotécnico das principais feições e formações encontradas nos grandes compartimentos regionais subdivididos em: restingas, alagadiços, aluviões, tálus/colúvio, morros com substrato gnaíssico, morros com substrato granítico e alcalino, montanhas e escarpas. Durante as descrições são sugeridas providências e recomendações no sentido de diminuir os riscos relacionados à ocupação destes compartimentos. Ao longo do trabalho são apresentadas as metodologias de trabalho de identificação e mapeamento dos compartimentos. 4.4.1 Caracterização Geológica A região da bacia hidrográfica de Jacarepaguá está localizada no Escudo Atlântico da Plataforma Sul-Americana e é constituída de rochas de composição granito-gnáissica de idade précambriana, rochas intrusivas alcalinas e básicas mesozóicas e sedimentos coluviais, marinhos e fluviais de idade cenozóica ( ver Mapa Geológico – JAC-20-0002, em anexo). Ao norte, leste e oeste da Baixada de Jacarepaguá aparecem os contrafortes dos maciços costeiros, relacionados ao Cinturão Móvel Atlântico (RADAMBRASIL, 1983). Trata-se do compartimento que emoldura a Baixada. Suas rochas, em geral gnaisses bandados e migmatitos, remontam ao Arqueozóico, tendo sido submetidas, tanto nesta era quanto no Proterozóico, a metamorfismos diversos, em função de sucessivos ciclos orogênicos e, talvez, de colisão de placas continentais. Tais eventos, além de produzirem a intrusão de novos corpos graníticos e a metamorfização de rochas preexistentes, foram responsáveis por falhamentos e dobramentos, gerando unidades geológicas diferenciadas. Os dobramentos, ocorridos tanto em litologias do embasamento quanto em rochas supracrustais, colocoram lado a lado rochas de idades diversas, gerando um grande paralelismo entre elas e tornando, muitas vezes, impossível separá-las, o que dificulta a determinação radiométrica das mesmas. O cinturão Móvel Atlântico subdivide-se, estruturalmente, em setores distintos, identificando-se áreas graníticas com feições diversas e apresentando estruturas orientadas na direção NE-SO. Falhas de grande extensão e de alto ângulo ocorrem por todo este compartimento. Nestes setores fortemente tectonizados ocorrem basculamentos e rebaixamentos de blocos falhados, 117 desta forma, pode-se observar a formação de pequenos “horsts” e “grabens” na região, isto é, contrafortes associados a vales estreitos e encaixados, o vale do Rio Grande é um bom exemplo. Além do Complexo Paraíba do Sul, que, conforme mencionado anteriormente, constitui o embasamento do Cinturão Móvel Atlântico, identificam-se neste compartimento tectônico unidades supracrustais, de idades mais novas, maciços de rochas alcalinas e, também corpos graníticos intrusivos. As rochas alcalinas remontam ao Cretáceo Superior/Terciário Inferior. Apresentam-se em forma de diques e brechas e abrangem áreas de dimensões diversas, destacando-se as ocorrências do Complexo da Pedra Branca. Dentre os corpos graníticos intrusivos destacam-se alguns presentes nas colinas e maciços costeiros e em algumas porções do maciço da Tijuca. Suas rochas graníticas teriam sido geradas em ambiente geossinclinal ou seriam fruto de uma granitogênese resultante de um choque de placas tectônicas - placa americana com a africana, no Proterozóico Superior. Os granito-gnaisses que ocorrem em grande parte na região pertencem a unidade litoestratigráfica denominada de Supergrupo Paraíba do Sul. Estas rochas apresentam bandamento marcante, com alternância de leitos claros e escuros contínuos e de espessuras variáveis, atingindo dimensões milimétricas nos casos dos níveis biotíticos e anfibolíticos, subordinados aos leitos claros, quartzo-feldspáticos, mais espessos. Os níveis máficos geralmente compõem-se de biotita e anfibólio, mas com algum quartzo e feldspato. Os leitos claros são constituídos de quartzo e feldspato em quantidades variáveis, exibindo geralmente uma cor esbranquiçada. A granulometria varia de média a fina. As rochas pré-cambrianas apresentam foliação metamórfica em grau mais ou menos acentuado, em grande parte são acompanhadas do bandamento formado por migmatização. A lineação mineral de origem metamórfica é freqüente e está associada a vários ciclos de deformação. As rochas ígneas intrusivas ocorrem na forma de veios ou diques de dimensões variadas e são formadas principalmente de sienitos e fonolitos. Esses diques seguem direções preferenciais N/E e N/NW possivelmente associados a lineamentos pré-cambrianos, reativados durante o cenozóico. Quanto às áreas de rochas pós-cambrianas, são as mesmas formadas por sedimentos de idade quaternária. Os sedimentos quaternários marinhos, representados predominantemente por areias quartzosas, são encontrados, de modo mais expressivo, ao longo da Baixada de Jacarepaguá, onde formam praias, cordões litorâneos e até mesmo dunas que podem ser observadas em alguns pontos da Avenida das Américas. Os sedimentos quaternários aluvionares, constituídos por cascalhos, areias, siltes e argilas inconsolidados compreendem depósitos fluviais, fluviomarinhos e fluviolacustres. Os sedimentos coluviais, marinhos e flúvio-marinhos da baixada de Jacarepaguá, ocorrem muitas vezes superpostos em consequência das diversas etapas climáticas e eustáticas que atingiram o litoral fluminense a partir do Pleistoceno. São formados basicamente por areias quartzosas, de cores esbranquiçadas e amareladas, de granulação fina a grossa, com certo seleção, podendo também ser mal selecionadas. Seus grãos variam de subangulares a arredondados, sendo encontrados grãos de feldspatos e minerais máficos, principalmente biotita e mais raramente minerais pesados. Os depósitos coluviais encontram-se normalmente mais próximos às encostas, como os depósitos expressivos da Vargem Pequena e Vargem Grande, resultado do transporte de material 118 de alteração dessas vertentes, em períodos mais secos, quando era menos densa a distribuição da cobertura vegetal e ocorria a atuação mais efetiva de chuvas torrenciais. A estes depósitos seguem-se os de origens marinha, principalmente nas partes mais baixas da topografia. Os modelados de origem flúvio-marinha estão relacionados ao retrabalhamento de depósitos de origem marinha, fluvial ou mesmo coluvial anteriormente localizados nos fundos das enseadas que ocorriam em Jacarepaguá. Os sedimentos marinhos e flúvio-marinhos mais recentes correspondem às praias atuais e às áreas sob influência das marés. 4.4.2 Caracterização Geomorfológica A baixada de Jacarepaguá é um compartimento ou bloco rebaixado e afogado por sedimentos de origem continental e marinha com cerca de 120 km², limitada ao sul pela Praia de Sernambetiba (Barra da Tijuca e Recreio são hoje em dia denominações mais usuais), ao norte, a leste e a oeste pelos maciços costeiros. As diversas formas de relevo que cobrem a Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá resultam, principalmente, da sua história geológica, da litologia e de fatores paleoclimáticos. Os eventos geológicos causadores de amplos arranjos estruturais e de expressivas ocorrências litológicas, geraram grandes conjuntos de formas de relevo, que constituem, na taxonomia adotada aqui, os Domínios Morfoestruturais. Estes por sua vez, compartimentam-se regionalmente, em função não mais de causas geológicas, mas sim de fatores de ordem essencialmente climática, sejam eles atuais ou passados, e de determinadas condições fitoecológicas e pedológicas. Tais compartimentos compreendem as Regiões Geomorfológicas, que, em decorrência de processos morfogenéticos mais localizados, relacionados principalmente às características da rede de drenagem, subdividem-se em Unidades Geomorfológicas. São dois os Domínios Morfoestruturais que ocorrem na Região: Depósitos Sedimentares e Faixa de Dobramentos Remobilizados. Os primeiros localizam-se, na faixa litorânea, estendendo-se desde o oceano até as vertentes das Colinas e Maciços Costeiros. Os depósitos sedimentares que ocorrem na região têm origem a partir do Terciário Superior, estando relacionados à epirogênese positiva que, aliada às condições paleoclimáticas, propiciou a deposição de sedimentos através da ação das águas continentais - rios e enxurradas transportando grandes quantidades de aluviões e, das vagas marinhas - redistribuindo o material. A região geomorfológica das planícies costeiras compreendem superfícies planas e de baixas altitudes. Estendem-se desde a linha de costa até as encostas das Colinas e Maciços, além de acompanhar os vales que penetram alguns quilômetros para o interior dos corpos dos maciços costeiros, como no vale do Rio Grande. Conhecidas pelo nome genérico de baixada, são constituídas por sedimentos quaternários, cuja origem está relacionada a fatores diversos, dentre os quais se destacam as oscilações do nível do mar (no Pleistoceno e no Holoceno) e as mudanças climáticas, além da influência da tectônica regional. Estes sedimentos são de vários tipos - coluviais, aluviais, fluviomarinhos, fluviolacustres e marinhos - e identificam-se com diversas formas de modelado: 119 a) cordões litorâneos, constituídos por sedimentos arenosos quaternários (origem marinha) que se sucedem paralelamente entre si, formando, muitas vezes, feixes de restingas e que testemunham o progressivo recuo do mar. Tais cordões respondem pela retilinidade do litoral da Barra da Tijuca; b) áreas embrejadas, paralelas aos cordões de praias, situadas nas depressões existentes entre os cordões litorâneos, sofrem um processo de colmatação e constituindo grandes corpos de áreas pantanosas, principalmente ao longo dos Canais do Cortado e Sernambetiba; c) lagunas, cuja origem está relacionada à formação dos cordões litorâneos, acima mencionados, que represaram ou confinaram porções de água do mar, fechando ou barrando parcialmente antigas enseadas. As lagunas de Jacarepaguá e Tijuca contactam-se com o oceano através do canal natural da Barra. Posteriormente foram abertos os canais de Marapendi e de Sernambetiba, conectando as águas da laguna de Marapendi às da Tijuca e Jacarepaguá. As lagunas costeiras, e principalmente a da Tijuca, passam por uma fase de intensa colmatação e assoreamento generalizado devido ao grande aporte natural de sedimentos de origem continental e mais recentemente servindo de destino final de grande parte dos esgotos domésticos de uma população de cerca de 450.000 habitantes. Às suas margens, depositaram-se sedimentos argilosos, resultantes da ação dos cursos d’água oriundos das colinas e maciços próximos; d) vales fluviais, constituídos por sedimentos aluviais e coluviais. Apresentam-se estreitos nos seus médios vales, mas formam a ampla planície de Jacarepaguá, estendendo-se desde o Largo do Tanque até a estrada dos Bandeirantes e o bairro da Gardênia Azul. A planície apresenta um perfil horizontalizado e registrando cotas pouco superiores ao do nível do mar, fazendo com que os cursos d’água atinjam o nível de base regional a centenas de metros, ou até mesmo quilômetros, antes de se lançarem ao mar, o que dá origem a grandes extensões pantanosas ao longo da borda litorânea. Estas planícies embrejadas foram e têm sido submetidas a obras de drenagem, com a retificação de rios e a construção de canais artificiais; e) dunas, compreendendo depósitos arenosos, ocorrem sobre os cordões litorâneos e estão particularmente desenvolvidas ao longo da Avenida das Américas, algumas ainda estabilizadas por vegetação endêmica das praias. À retaguarda das Planícies Costeiras, localiza-se o Domínio Geomorfológico das Faixas de Dobramentos Remobilizados, compreendendo tipos de modelados diversos, mas com uma origem comum - terrenos cristalinos que remontam ao Arqueozóico e Proterozóico, períodos caracterizados por ciclos orogênicos responsáveis por dobramentos e falhamentos de grande amplitude e que, após a ação dos agentes erosivos, atuando ao longo das eras geológicas que se seguiram, foram, no terciário, novamente submetidos a eventos tectônicos, daí resultando extensas linhas de falha, escarpas de grande altitude e relevos alinhados em função dos antigos dobramentos e falhamentos mais recentes. Tais características respondem pela preponderância do controle estrutural sobre outros fatores, como o climático, por exemplo, na evolução das formas de relevo. Aí, identifica-se a região Geomorfológica que agrupa as Colinas e Maciços Costeiros. As Colinas e Maciços Costeiros localizam-se, grosso modo, entre as Planícies Costeiras , de um lado, e os terrenos correspondentes à Serra do Mar, de outro. Comumente intercalam-se com as Planícies, chegando por vezes, a atingir a costa, formando pontões, tais como o da Joatinga. As colinas têm forma arredondada, como meias-laranjas, e possuem altitudes muito inferiores às dos Maciços. Estão concentradas nas bordas interiores do arco formado pelas linhas de cristas dos 120 maciços costeiros. Os Maciços Costeiros chegam a atingir 1000 metros e constituem-se de blocos falhados e ligeiramente basculados para o Norte, segundo Ruellan (1944). 4.4.3 Condicionantes Físico-Ambientais A compartimentação dos terrenos contida no Mapa dos Condicionantes Físico-Ambientais correspondente à Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá, foi elaborada de acordo com a sua suscetibilidade natural ou induzida ao desenvolvimento de processos geomorfológicos no meio físico. Significa uma primeira sistematização dos dados disponíveis, que permitem delimitar áreas com maior probabilidade de ocorrência de problemas relativos ao uso do solo (principalmente quanto às inundações e deslizamentos), de interesse para as áreas de planejamento e gestão do território estudado (ver Mapa de Condicionantes Físico-Ambientais, JAC-20-0005, em anexo). Investigações detalhadas, necessárias para a concepção e implantação de projetos específicos de ocupação do solo, devem encontrar orientações neste mapa, aumentando a eficácia e objetividade de tais trabalhos. Sua concepção e elaboração informatizada facilitam complementações futuras, conferindo caráter dinâmico ao conjunto de dados aqui organizados. 4.4.3.1 Aspectos Metodológicos e Trabalhos Realizados A seqüência dos trabalhos para a geração do Mapa dos Condicionantes Físico-Ambientais baseou-se na metodologia de elaboração de cartas geotécnicas (IPT, 1994) enquanto que os arquivos digitais encontram-se na mapoteca da Fundação CIDE, órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Controle do Estado do Rio de Janeiro. Sumariamente, esta metodologia parte da identificação dos problemas significativos existentes no território e tem como eixo principal o estudo das características do meio físico e de sua ocupação, condicionantes destes problemas. A partir de um levantamento preliminar, baseado no estudo e análise da bibliografia compilada, foram realizados trabalhos de investigação dirigida, que permitiram melhor identificação das unidades físico-ambientais. Para a delimitação das unidades foram utilizados mapas geológicos do Projeto Carta Geólogica do Rio de Janeiro, executado pelo Departamento de Recursos Minerais - DRM/RJ, na escala 1:50.000, e compatibilizados pela Integração das Folhas Geológicas do DRM-RJ/Petrobrás, nas escalas 1:50.000, 1:250.000 e 1:500.000. Outras informações relativas ao relevo foram obtidas a partir das Cartas Topográficas do IBGE, na escala 1:50.000, da carta de declividade gerada e imagens de satélite do Sistema Landsat 5, banda 4, na escala 1:100.000. A delimitação cartográfica das características do meio físico e dos condicionantes dos problemas ambientais (identificados em campo) permitiram definir unidades singulares de terreno com comportamento geral diferenciado ante a seu uso. Desta maneira, faz-se necessária a adoção de práticas distintas na forma de ocupação de cada unidade. A análise do desenvolvimento dos processos considerados, que potencializam a ocorrência de problemas, permitiu, também, o estabelecimento de medidas e procedimentos voltados para sua prevenção ou a correção dos problemas já deflagrados. As recomendações para ocupação de cada unidade, normalmente baseadas em práticas correntes no meio técnico, serão apresentadas assim como a metodologia utilizada para a confecção do mapa Geológico-Geomorfológico. 121 4.4.3.2 Metodologia para a Confecção do Mapa Geológico-Geomorfológico O mapa geológico-geomorfológico, na escala de 1:50.000, apresentado neste relatório está baseado no mapeamento digital elaborado pelo GEROE - Grupo Executivo para Obras Emergenciais, atualmente sob a guarda da Fundação CIDE. É importante frisar que esta carta apoia-se na metodologia consagrada e utilizada pelo IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológias, vinculado à Universidade de São Paulo - USP. A metodologia do IPT está fortemente relacionada à origem dos materiais. Desta forma os compartimentos são subdivididos em ocorrências primárias e derivadas. As ocorrências primárias são: morros graníticos associados à xistos, morros gnáissicos, afloramentos de migmatitos e rochas alcalinas. Já as formações secundárias ou derivadas são: as areias de restinga, solos argilosos, mangues, solos aluvionares indiferenciados (isto é, não apresentando a estrutura tradicional dos horizontes pedológicos A, B e C), colúvios e solos aluvionares arenosos. Ocorrências intermediarias, geralmente evidenciado superfícies arrasadas, rebaixadas e via de regra entulhadas por sedimentos, estão relacionas às duas classes principais e são apresentadas como uma classe de transição no mapeamento, Os representantes desta classe são os compartimentos dos morrotes e solos residuais do cristalino, tálus e colúvios que podem ser indiferenciados ou não. Como pode ser percebido pela própria análise da legenda, o mapa possui forte orientação geotécnica, relacionando de uma lado compartimentos “duros” e de outro os compartimentos considerados “moles” entre estes estão os compartimentos intermediários ou de transição. Este tipo de abordagem é interessante pois os processos geomorfológicos relacionam-se diretamente com o tipo de substrato a ser trabalhado. Desta forma, ravinamentos, voçorocamentos, desbarrancamentos e deslizamentos são processos freqüentes nos compartimentos primários e de transição, já os processos de assoreamento, colmatação, inundações e enchentes são freqüentes na classe secundária ou derivada. 4.4.3.3 Unidades Físico-Ambientais Foram delimitadas oito grandes unidades geotécnicas, com algumas subdivisões, cujas características físicas determinam comportamentos distintos, segundo o desenvolvimento de diferentes tipologias de processos e/ou magnitudes variadas pela intensidade ou freqüência de ocorrência: a) Restingas; b) Alagadiços; c) Aluviões; d) Colinas e Morrotes com Substrato Cristalino; e) Tálus/Colúvio; f) Morros com Substrato de Migmatitos e Gnaisses; g) Morros com Substrato Granítico e Alcalino; h) Montanhas e Escarpas. 122 A ocupação de forma inadequada dos terrenos destas unidades geralmente acelera a ocorrência de problemas associados a processos de erosão, assoreamento de drenagens, inundação, escorregamento, recalque na fundação de edificações e pavimentos viários. Em certas situações, estes problemas podem assumir proporções catastróficas, como os eventos das chuvas de 1996. Na descrição das unidades são apresentadas as principais características de interesse do meio físico, os aspectos do uso do solo e os processos existentes e/ou potenciais. ♦ Restingas O principal cordão de restinga presente está sob a Avenida Sernambetiba, porém outros paleocordões podem ser identificados em sub-superfície ou até mesmo na mais interiorizada, após as lagunas costeiras de Jacarepaguá e Tijuca, o que prova as diversas flutuações climáticas que a região sofreu. Cordões de restinga são em realidade longos depósitos arenosos formados em parte pelo trabalho das correntes marinhas e por outro pelo movimento de oscilação do nível médio do mar. Os cordões de restinga estão geralmente ancorados em maciços cristalinos e ilhas, que servem de obstáculos às correntes marinhas, que perdem velocidade nas imediações destas formações e, desta forma, competência para transportar sedimentos. Os sedimentos são depositados no reverso dos obstáculos, regiões de remanso e abrigadas das vagas oceânicas. As restingas podem possuir dezenas a centenas de quilômetros de extensão e via de regra são formadas por terrenos de baixa declividade, compostos por dunas e bancos arenosos, suas faces externas formam praias, constituídas por areias marinhas, pobres em argila, com intercalações eventuais de solos argilosos de dimensão variável. As restingas estão associadas a solos muito pobres, francamente arenosos e via de regra salinos. As formações pioneiras, agrupamentos vegetais que colonizam as praias e restingas são altamente especializadas, suportando a salinidade elevada, a falta de água, excesso de iluminação e evaporação. Os tradicionais horizontes pedológicos dificilmente são encontrados em tal ambiente e geralmente o horizonte A é pouco espesso ou ausente e o B pode apresentar acumulação de óxido de ferro e/ou matéria orgânica. As restingas possuem o lençol freático muito próximo da superfície em função do elevado nível hidrostático provocado pelo mar. Os aqüíferos são abundantes porém existe uma forte presença de água salobra, devido principalmente à intrusão da cunha salina em subsuperfície. A Restinga de Sernambetiba, apesar da intensa especulação imobiliária que está sofrendo, ainda possui algumas manchas relativamente preservadas, sobretudo ao longo da porção mais ocidental da laguna de Marapendi. Existem neste trecho poucas obras civis e podem ser observadas manchas de mata de restinga. Problemas eventuais de fundação ligados principalmente a recalques podem ocorrer em alguns terrenos isolados em toda a formação, principalmente quando ocorrem lentes argilosas intercaladas por pacotes arenosos. Este tipo de ocorrência é muito freqüente nas proximidades dos corpos lagunares. Existem evidências de modificação na dinâmica de sedimentação/erosão costeira em todo o litoral do Estado do Rio de Janeiro e, foi particularmente notável o ataque que a face externa da restinga de Sernambetiba sofreu durante as ressacas de inverno de 1997. Alguns postos de observação do agrupamento de salvamar foram duramente atingidos, ameaçando as fundações em pelo menos dois postos. A erosão da face externa pode provocar elevados custos ambientais e materiais e a recuperação do cordão seria muito complexa do ponto-de-vista geomorfológico. 123 ♦ Alagadiços Ocorrem nas cotas mais baixas da planície litorânea da Baixada de Jacarepaguá, próximo aos rios e canais artificiais de drenagem. Geomorfologicamente, os alagadiços são compostos por solos hidromórficos. São solos de origem flúvio-lagunar, apresentando capas de argila, com espessura normalmente inferior a 3 m, sobrepostas a camadas arenosas de origem marinha. Os solos encontrados nos alagadiços são muito compressíveis, com alta plasticidade. Nos baixos cursos dos canais fluviais estas manchas podem sofrer efeitos da ação das marés. O nível do lençol d'água é bastante elevado, aflorante em muitos pontos, formando brejos e pântanos. Como os terrenos possuem declividade muito baixa, apresentam má drenabilidade, o que favorece o aparecimento de solos turfosos e orgânicos. Toda a porção litorânea no reverso da restinga de Sernambetiba, desde a Vargem Grande até o setor mais ocidental da laguna de Marapendi apresenta solos embrejados. Outras manchas importantes ocorrem nos baixos cursos dos rios: Arroio Fundo, do Anil, das Pedras, Cachoeira e da Barra. Viajantes do século XVIII, referem-se aos campos alagados dos sertões de Jacarepaguá, Santa Cruz e Sepetiba como áreas de criação de extensiva de gado. Vários canais de drenagem foram abertos, principalmente na década de 40, na tentativa de regularizar as freqüentes inundações que ocorriam na região e, ao mesmo tempo, buscava-se uma melhoria na drenabilidade dos solos, transformando charcos em pastos mais secos, liberando áreas inclusive para a agricultura. Hoje, grande parte destes terrenos apresentam-se cobertos por pastagens, e como eles estão localizados na periferia de bairros já bastante ocupados, passarão a sofrer num futuro próximo os efeitos da ocupação urbana. As inundações e alagamentos são freqüentes durante os verões mais chuvosos, devido às dificuldades de escoamento das águas superficiais associadas ao intenso assoreamento dos canais que cortam a região. Como os canais também servem como vazadouros de lixo, durante as fortes chuvas, muitas obstruções do fluxo das águas ocorrem sobre pontes. Desta forma, os vãos das pontes passam a funcionar como um verdadeiro funil, promovendo o barramento das águas e agravando a vocação natural desta unidade para sofrer alagamentos. Em muitos pontos da região foram observados processos irregulares de ocupação das margens dos canais de drenagem, quer sejam promovidos por favelas e sub-moradias, quer por instalações comerciais. A ocupação inadequada destas regiões alagadiças, promove o recalque em fundações, aterros, infra-estrutura subterrânea e pavimentos viários, por adensamento dos pacotes argilosos. A má utilização do solo em grandes parcelas da região reforçam os processos naturais de assoreamento do sistema de drenagem, acentuando as condições de inundação e comprometendo a qualidade de praias adjacentes, uma vez que a contaminação do lençol freático é processada pela inexistência de um sistema eficiente de tratamento de águas servidas. 124 ♦ Aluviões Terrenos localizados ao longo das drenagens, nos trechos com declividades menores que 10%. São pouco significativos nos vales encaixados, e ocorrem em pequenos trechos junto aos baixos cursos das drenagens que cortam a região, sobretudo aquelas que descem das formações alcalinas do maciço da Pedra Branca. Os aluviões são pacotes sedimentares com matéria orgânica e textura que varia de argilosa a arenosa, eventualmente com cascalheiras, construídos predominantemente por solos hidromórficos, glei húmicos e pouco húmicos. Existe, aqui, a possibilidade de ocorrência de turfeiras já que o nível d'água é aflorante ou próximo da superfície. Nos pacotes aluvionares chegou-se a plantar culturas perenes como a da laranja e algumas outras temporárias como a da mandioca. Em alguns sítios mais arenosos a prática de extração de areias para a construção civil também foi muito freqüente. Hoje em dia as manchas de aluvião estão servindo de palco para o avanço da expansão urbana não planejada, baseada na autoconstrução acompanhada de sistemas precários de aterros e infra-estrutura. A rigor, os aluviões são solos periodicamente inundados e saturados de água, ocorrem nos leitos maiores dos rios e o processo genético destes solos está associado ao período de cheia das drenagens, quando estas depositam novos sedimentos sobre os pacotes anteriormente depositados. Como pode ser observado ao longo de toda a bacia, os alagamentos e inundações estão sendo amplificados já que em muitos pontos as calhas dos rios são ocupadas por moradias, instalações comerciais e industriais. Dificuldades crescentes ao escoamento das águas de chuva são impostos pela ocupação urbana desordenada. A construção de avenidas ao longo das margens dos canais serviria para evitar o avanço da degradação das calhas dos rios. O solapamento das margens e assoreamento do canal foram observados em praticamente todos os rios e córregos que atravessam zonas urbanizadas, com o agravante de contaminação das águas subterrâneas e de superfície, por lançamento de esgoto doméstico e industrial. ♦ Colinas e morrotes com substrato cristalino Esta unidade é composta por relevos residuais de rochas cristalinas, em geral apresentam-se bastante degradados em termos ambientais e encontram-se intensamente ocupados por construções. Prevalecem, aqui, declividades inferiores a 20%, e ocorrem preferencialmente nas franjas dos maciços costeiros e escarpas de blocos falhados. Trata-se de um compartimento rebaixado, semi-confinado a norte, leste e oeste, podendo ocorrer também de forma dispersa já que podem estar afogados e separados pela intensa acumulação sedimentar das planícies. O substrato do compartimento de colinas e morrotes é geralmente gnáissico e migmatítico, eventualmente granítico nas fraldas do maciço da Tijuca. Nas imediações do maciço da Pedra Branca o substrato dominante é composto por intrusivas alcalinas. Desta forma os solos relacionados são muito antigos, altamente desenvolvidos, com espessura média acima de 10 m, em geral de textura siltosa, eventualmente pode ocorrer a presença de micas e, via de regra, são altamente suscetíveis à erosão quando expostos. São regiões de ocupação urbana e viária antiga e intensa, não existindo mais nenhuma mancha expressiva de cobertura vegetal natural nos terrenos desta unidade. Nas colinas mais isoladas e interiorizadas, ao longo de estradas secundárias podem ser observados vários pontos de áreas antigas de mineração (saibro) que são abandonadas à medida que a urbanização avança e se consolida. 125 Nos contrafortes do maciço da Pedra Branca a ocupação rural se faz, principalmente, com pastagem, reflorestamentos isolados e vegetação de mata secundária ocorrem com alguma freqüência. Eventualmente, algumas atividades agrícolas de pouca representatividade tanto em termos de área como do valor da produção podem ocorrer. Várias formas de processos erosivos podem ser geradas nesta unidade, dentre as quais destacam-se os sulcos e ravinas no solo de alteração, devido a sua exposição por longos períodos, erosão pouco significativa nos solos superficiais (horizontes A e B) lateríticos e erosão acelerada por sulcos e ravinas, desenvolvidas a partir da concentração das águas do escoamento superficial. O assoreamento é generalizado tanto nos canais de drenagem naturais e artificiais em conseqüência da erosão das áreas de montante. ♦ Tálus/colúvio Os colúvios e tálus são formações de relevo derivadas onde acumula-se o material detrítico proveniente de superfícies de montante. Rampas de colúvio (predomínio de material fino) e depósitos de tálus (predomínio de material grosseiro) ocorrem junto à base e à meia encosta de morros, montanhas e serras. Em razão da escala, só são representativas algumas ocorrências. Estas formações são constituídas por material de espessura, extensão e granulometria variada, que envolve desde argila até blocos de rocha e matações e substrato de rochas cristalinas. Os depósitos de tálus são de composição bastante heterogênea e apresentam-se normalmente com muitos vazios no interior do depósito. Tal situação permite o acúmulo e a circulação intensa e desordenada da água, cujos fluxos variam ao longo do processo de acomodação destas camadas. O caráter inconsolidado e heterogêneo deste tipo de material propicia alta suscetibilidade à erosão por sulcos e ravinas caracterizando a frágil capacidade de suporte dos terrenos. Na região de estudo a ocupação predominante é a urbana que avança sobre os terrenos mais declivosos. Ao longo do rio da Cachoeira este fenômeno pode ser bem observado. Com a expansão das manchas as matas naturais e secundárias vão sendo substituídas, facilitando a ocorrência de movimentos de massa. A erosão por sulcos e ravinas, natural nestas formações, pode provocar a reativação das cabeceiras de drenagem devido à alta suscetibilidade desses terrenos ao processo erosivo. Foram observados nos trabalhos de campo muitas cicatrizes de escoregamentos e deslizamentos, até mesmo em áreas coberta por florestas. Rastejos e possibilidade de escorregamentos em consequência de terraplenagens e mudanças no regime de circulação d'água são comumente observadas ao longo das principais estradas e, em alguns trechos, observa-se certa dificuldade nas escavações e implantação de infra-estruturas subterrâneas, quando o material detrítico é formado por blocos de rochas e matações. Nos canais de drenagem que vertem diretamente para a baixada foram observados lançamentos de águas servidas e, invariavelmente, também servem como vazadouros de lixo doméstico. Estas áreas, com declividade superior a 20%, deveriam ser utilizadas como áreas de reflorestamento, admitindo-se a presença de pastagens e culturas perenes desde que praticadas com o objetivo de conservação das propriedades físicas e químicas do solo. A ocorrência de matações e blocos de rocha compromete a agricultura mecanizada. Por outro lado são 126 recomendadas medidas com o objetivo de proteger as cabeceiras de drenagem através de sistema adequado de drenagem, para evitar reativações do processo erosivo. ♦ Morros com substrato de migmatitos e gnaisses Esta unidade é composta principalmente por morros, com declividades predominantes que variam de 20 a 58%, podendo ocorrer também morros isolados e outras formas de relevo de amplitude variada com substrato de gnaisses e migmatitos. A ocupação predominante nessa unidade é formada por pastagens e, eventualmente, por matas secundárias. Algumas manchas urbanas ocupam terrenos dessa unidade, inicialmente nas faixas de menor declividade, com início de expansão em terrenos mais abruptos e inclinados. Ocorrem aqui alguns pontos abandonados de áreas de mineração de saibro, principalmente junto às zonas de avanço da urbanização. Os solos que ocorrrem sobre migmatitos apresentam horizonte C (solo de alteração) de composição granulométrica heterogênea e alto grau de erodibilidade. Devese notar que existe a possibilidade de ocorrência de corpos de tálus/colúvio, às vezes não representativos na escala cartográfica de 1:50.000. Processos erosivos generalizados podem ser observados nesta unidade de mapeamento. Sulcos, ravinas e voçorocas são frequentes. A reativação de cabeceiras de drenagem, principalmente nos fundos de vale e nas partes mais declivosas do relevo também são comuns, muitas cicatrizes foram formadas após as chuvas de 1996, principalmente nas áreas onde não existem proteção superficial do solo e sistemas adequados de drenagem. Assoreamento dos corpos d'água são frequentes outros processos induzidos pela ocupação, como queda de blocos, escorregamentos de taludes de corte/aterro e vazadouros de lixo contribuem para aumentar a sobrecarga de sedimentos, impossível de ser transportada nas vazões médias observadas pelos pequenos rios e córregos desta unidade. Várias formas de escorregamento estão presentes e associadas ao relevo de morros gnáissicos e migmatíticos, dentre as principais que podem ser observadas destacamos: a) Escorregamentos planares de solo, geralmente no contato solo/rocha, nos trechos de declividades maiores que 40%; b) Escorregamentos circulares restritos a trechos de solo espesso e sapropelito muito fraturado, geralmente induzidos por escavações na base de taludes; c) Rastejamentos associados a depósitos detríticos (tálus/colúvio), principalmente nos setores localizados abaixo das zonas de maior declividade e, finalmente; d) Escorregamentos associados à presença de estruturas de alteração (rochas decompostas associadas à foliação, xistosidade e fraturas) muito próximas da superfície do solo. Terrenos que se situam nas franjas desta unidade devem ser considerados como possíveis áreas de espera de material de escorregamento, desta forma, é necessário disciplinar as intervenções que resultam em modificações drásticas na geometria e dinâmica das águas nas encostas. Devese dispensar muita atenção às reformas e recuperação de sistemas viários que realizem terraplenagens ou cortes e aterros em geral. O mesmo raciocínio pode ser aplicado nos trechos onde podem ocorrer escorregamentos estruturados. A presença de formações geológicas, com orientações desfavoráveis à estabilidade, obriga a realização de maiores cuidados na execução de cortes, inclusive a realização de obras de contenção. 127 ♦ Morros com substrato granítico e alcalino Esta unidade é composta principalmente por um sistema de relevo onde destacam-se os morros, com declividades predominantes que variam de 20 a 58%, podendo ocorrer, de forma subordinada, morros isolados e outras formas de relevo de amplitude variada. O substrato dominante é composto por rochas graníticas e alcalinas, apresentando solos com horizonte C (solo de alteração) de composição granulométrica heterogênea e alto grau de erodibilidade. A ocupação predominante nessa unidade é formada por campos e, eventualmente, por matas naturais e secundárias. Áreas urbanas estão, atualmente, expandindo sua ocupação sobre terrenos dessa unidade. Corpos de tálus/colúvio são encontrados entre os morros e, por vezes, não são representativos na escala deste trabalho. Erosão por sulcos, ravinas e voçorocas são formadas por reativação de cabeceiras de drenagem, principalmente nos fundos de vale e nas partes mais declivosas do relevo. Valem as recomendações realizadas na unidade anteriormente descrita, incluindo aquelas específicas para os principais movimentos de massa (quedas e rolamentos de blocos de rocha por descalçamento). Nesta situação, torna-se necessário proceder à drenagem específica, à contenção e ao desmonte dos blocos de rocha instáveis dos taludes. O assoreamento dos corpos d'água por sedimentos provenientes do processo erosivo encontram reforços nas áreas ocupadas por moradias. Rastejos e escorregamentos associados a depósitos detríticos (tálus/colúvio) principalmente nos setores localizados abaixo das zonas de maior declividade são encontrados e quedas e rolamentos de blocos por erosão e descalçamento podem ocorrer. Escorregamentos naturais, inclusive em áreas florestadas, ocorrem nas regiões de contato entre solo e pacotes de rocha alterada, comuns nesta unidade. ♦ Montanhas e escarpas Encostas com declividade predominante superior a 58%, em sistemas de relevo constituídos pelos colinas e maciços costeiros. Montanhas isolados podem ocorrer embutidas em compartimentos mais rebaixados e entulhados por sedimentos. O embasamento é composto por rochas cristalinas, com solos, em geral, pouco espessos, predominantemente litólicos, cambissolos e afloramentos de rocha, ocupados em grande parte por mata natural. No sopé dos maciços existem pequenas áreas de pastagem e faixas urbanizadas de dimensões limitadas começam a galgar os principais vales que cortam esta região. Os principais processos geomorfológicos que ocorrem nesta unidade são os movimentos gravitacionais de massa, condicionados pela declividade acentuada dos terrenos e deflagrados por condições de alta pluviosidade. De fato, as bacias hidrográficas desta unidade possuem um elevado potencial de geração de corridas de massa, fato observado nos maciços da Pedra Branca e Tijuca. Atualmente, ocorrem processos naturais em razão da ocupação ainda incipiente, porém o incremento desta ocupação pode provocar acidentes de maiores proporções e freqüência, dentre os quais destacam-se: a) Escorregamentos em solos, com geometria predominantemente planar; b) Quedas de blocos de rocha e desplacamento nos trechos de encosta com afloramentos rochosos; 128 c) Rastejos e escorregamentos condicionados por estruturas da rocha. 4.4.4 Solos e Geotecnia Este item aborda os aspectos relativos aos solos sob os pontos de vista pedológico e geotécnico conforme descrito a seguir. 4.4.4.1 Aspectos Pedológicos Os dados utilizados para a classificação de solos foram extraídos do Levantamento Semidetalhado e Aptidão Agrícola dos Solos do Município do Rio de Janeiro (EMBRAPA, 1980), em escala 1:50.000, e complementado por informações do Mapa Exploratório de Solos 1:1.000.000, do Projeto RADAMBRASIL (1983). A abordagem adotada na caracterização dos solos fundamentou-se nas relações entre os processos pedogenéticos e a atuação, por vezes determinante, de um ou mais dos fatores de formação dos solos. ♦ Classes mapeadas A área da bacia hidrográfica da Baixada de Jacarepaguá constitui-se de variados tipos de ambientes, compondo paisagens específicas: baixada, restingas, manguezais, serras e colinas. Identifica-se, de uma maneira geral, as baixadas e os morros e serras como os dois grandes domínios geomorfológicos na área da bacia. A influência das formas de relevo são marcantes na configuração e na distribuição dos diversos tipos de solos que constituem esses ambientes e que podem ser divididos como solos das baixadas e solos das encostas. Os terrenos planos e as depressões da baixada, apresentam geralmente condições de drenagem imperfeita formando quase sempre ambientes hidromórficos, com grande influência do lençol freático, que nessa área aparece muito próximo à superfície. Constituem-se basicamente de sedimentos quaternários que foram retrabalhados por diversos agentes (vento, ondas, correntes e etc.), associados ao desenvolvimento de restingas e dunas (depósitos arenosos), mangues (depósitos argilosos, argilo-siltosos e mistura de sedimentos arenosos e materiais orgânicos) e ainda aos alagadiços e aluviões nas áreas planas e represadas junto à costa (depósitos aluvionares). As classes de solos relacionadas a essas zonas de baixada são: Areias Quartzosas Marinhas, solos Gley, Podzol, Planossolos, solos Aluviais e solos Orgânicos (EMBRAPA, 1980). O aumento da declividade em direção às serras reflete-se na presença de solos associados às variações de gradientes das encostas e à maior exposição à erosão, originários da intemperização de rochas e sedimentos mais antigos. Nesse contexto, solos Podzólicos Vermelho-Amarelo associados à solos Litólicos e afloramentos rochosos, Latossolos VermelhoAmarelo, Cambissolos e Brunizem Avermelhado, ocorrem nas áreas que apresentam um relevo ondulado a fortemente ondulado, sendo os solos Podzólicos Vermelho-Amarelo característicos das colinas e morrotes isolados nas baixadas. 129 ♦ Areias Quartzosas Marinhas As Areias Quartzosas Marinhas constituem solos essencialmente quartzosos, podendo apresentar fragmentos de conchas, excessivamente drenados, geralmente profundos, de textura arenosa (-de 15% de argila), com horizonte A pouco espesso ou ausente (via de regra moderado), horizonte B inexistente ou muito pouco desenvolvido, configurando uma sequência típica A, C1, C2, C3, etc., com horizonte C de grande espessura e com textura das classes areia ou areia franca (RADAMBRASIL,1983). São solos bastante permeáveis, apresentando problemas de retenção de água, possuem baixa capacidade de troca de cátions e poucos nutrientes. Por outro lado, não apresentam problemas para o desenvolvimento de vegetação específica. Apresentam grande susceptibilidade à erosão e problemas para a atividade mecanizada (atolamento), em virtude da fraca coerência do substrato arenoso. Pelas características apresentadas, estes solos devem ser mantidos com cobertura permanente, prestando-se mais à conservação de flora e fauna do que a atividades extrativas. Nesta área são encontradas areias quartzosas marinhas distróficas (pouco férteis, baixo teor de nutrientes). Em algumas áreas estas areias ocorrem contíguas aos solos Podzóis Hidromórficos que são solos com horizonte B Podzol, também muito profundos e que se desenvolvem sobre os sedimentos arenoquartzosos de origem marinha. Esses solos apresentam horizontes bem nítidos, numa sequência de horizontes A1, A2 seguidos de Bhir ou Bh ou Bir e C e sua textura é arenosa. O horizonte B apresenta uma espessura variável e se caracteriza por acumulação iluvial de matéria orgânica (h)e/ou sesquióxidos livres, especialmente ferro (ir). Esses podem funcionar como agentes cimentantes, conferindo dureza de graus diversos a este horizonte, além de uma coloração específica amarronzada ou café. Se desenvolvem em áreas mal drenadas, com excesso de água permanente ou temporária. São solos ácidos, de baixa fertilidade natural, e apresentam uma dominância da vegetação natural em suas áreas (EMBRAPA, 1980). Pela sua textura arenosa, especialmente no horizonte A, apresenta susceptibilidade à erosão moderada. ♦ Solos Gley Os solos predominantemente hidromórficos do tipo Gley caracterizam-se pela presença de um horizonte subsuperficial (g), de coloração cinzenta e/ ou mosqueada, evidenciando a sua formação por reações de oxi-redução. Apresentam seqüências de horizontes A e Cg ou A (B)g e Cg. A grande presença de matéria orgânica no horizonte A, evidencia, junto com o horizonte gley, a má drenagem do terreno e a condição de hidromorfogenia. Os solos gley são, em geral, pouco profundos, com o horizonte superficial espesso pelo acúmulo de matéria orgânica, de coloração escura (preta ou cinza-escura) e os horizontes subsuperficiais (g) de cores cinzentas e neutras, de textura argilosa ou muito argilosa e estrutura maciça. Ocorrem comumente nas várzeas dos rios. Os sedimentos constituintes desses solos em geral são de origem flúvio-lagunar. Podem ser identificados duas classes de solos Gley: Gley Húmico, Gley Pouco Húmico. Os solos Gley Húmico e Gley Pouco Húmico diferenciam-se basicamente pelo teor de matéria orgânica no horizonte A, que é maior no primeiro do que no segundo. Na Baixada de Jacarepaguá, ocorrem os vários tipos de solos gley, predominando os gleys húmicos de argila de atividade alta, álicos, em altitudes que variam de 10 a 20 m, sob campos de várzeas. Por ocuparem terrenos em relevo plano, os solos gley praticamente não são susceptíveis à erosão. Quanto à sua utilização para agricultura, apresentam limitações referentes ao excesso de água, já que o lençol freático encontra-se normalmente alto. Com medidas de drenagem adequada, os gley húmicos e pouco húmicos podem se prestar para a agricultura, principalmente com culturas de arroz e hortícolas. Os solos álicos e distróficos, necessitam de correção da acidez e de adubação para sua perfeita utilização. além de drenagem. Já os que 130 apresentam caráter sódico não despertam interesse para a agricultura, sendo mais indicados para pastagens (RADAMBRASIL, 1983). ♦ Manguezal Como ambiente de transição entre o continente e o mar, os manguezais recebem grande carga de sedimentos provenientes de transporte fluvial. Constituem-se de material que variam de textura arenosa a muito argilosa e grande produção de matéria orgânica com restos de conchas e vegetais, com intercalação de areias finas, formando vastas lamas. A coloração típica desses sedimentos é a acinzentada, evidenciando as condições redutoras desse ambiente. A sua vegetação típica, o mangue propriamente dito, possui um fundamental papel na deposição e fixação desses sedimentos. Pelas características desse ambiente, a vegetação assenta-se sobre solos compatíveis com os solos do tipo gley salinos tiomórficos e a associação complexa de solos gley salinos e solos gley salino tiomórficos ambos indiscriminados. Também podem ser encontrados associados aos solos orgânicos salinos tiomórficos. Os gley salinos tiomórficos apresentam sequência típica de horizontes do tipo A sobre C, com cores escuras no horizonte A e cinzento-esverdeada escura no horizonte C. Possuem alta condutividade elétrica, altos teores de sais solúveis e de enxofre. São solos extremamente ácidos, e quando drenados artificialmente, apresentam torrões de enxofre secos próximos às escavações, por isso não se prestam ao uso agrícola (EMBRAPA, 1980). ♦ Solos Aluviais Os solos aluviais são solos pouco desenvolvidos, de sequência de horizontes A e C, com um horizonte A diferenciado sobre um C de camadas estratificadas, não consolidadas e em geral gleyzadas. Em alguns casos podem aparecer um horizonte B incipiente e pouco espesso. Ocorrem nas várzeas dos rios, em relevo plano, e podem variar em relação à textura, coloração, consistência e estrutura de acordo com a natureza dos sedimentos depositados (RADAMBRASIL, 1983). Também variam quanto à saturação de bases, atividade da argila, tipo de horizonte A e tipo de vegetação. A sua profundidade depende da altura do lençol freático, mas esse fator não limita o desenvolvimento de raízes, apesar do risco de inundações (EMBRAPA, 1980). ♦ Solos Orgânicos Os solos Orgânicos são solos hidromórficos, pouco evoluídos por não apresentarem horizonte B ou com B pouco desenvolvido. Sua composição orgânica, em graus de decomposição variável, provém da acumulação de restos vegetais em ambiente palustre. São solos muito ácidos, com teores elevados de carbono e de hidrogênio(H+), de coloração escura (preta), textura orgânica e com estrutura ausente ou fraca angular. Estão situados principalmente em áreas de bacias, onde a matéria orgânica se acumula sobre sedimentos fluvio-lacustres. Em áreas de permanente influência das marés, os altos teores de sais solúveis e compostos de enxofre, caracterizam os solos orgânicos salinos tiomórficos. Com drenagem artificial, os solos orgânicos podem ser utilizados para culturas como o arroz e hortícolas (EMBRAPA, 1983). São solos com boas condições para utilização agrícola, apresentando limitações somente relacionadas com a fertilidade. Podem aparecer associados aos Cambissolos eutróficos e distróficos, de argila de atividade baixa, compostos de sedimentos provenientes de rios e materiais carreados das partes mais elevadas e depositados nas partes mais baixas. São solos 131 pouco desenvolvidos e apresentam um horizonte Ap sobre um horizonte B incipiente, seguido de camadas estratificadas gleyzadas. ♦ Planossolo Os Planossolos são solos com horizonte B textural, ou seja, uma mudança textural abrupta entre os horizontes A (menos argila) e B (mais argila) e características de hidromorfismo, como cores cinzentas e mosqueado nos horizontes subsuperficiais. Em geral, apresentam uma sequência do tipo A1, A2, B2tg, B3tg e Cg. O acúmulo de argila no horizonte B diminui sensivelmente a permeabilidade desses solos. Elas podem ser de atividade alta (Ta) ou baixa (Tb). Esses solos variam ainda devido a textura, estrutura e consistência no horizonte B. Este solo sofre um excesso de umidade no período de chuvas e um grande ressecamento nos períodos secos. Devido ao regime hídrico, apresenta problemas para o desenvolvimento radicular e às vezes, perigo de acúmulo de sais, dificultando um pouco a sua utilização para a agricultura. Ocorrem em relevo praticamente plano e a sua susceptibilidade à erosão é praticamente nula. ♦ Podzólico Vermelho-Amarelo Os solos podzólicos vermelho-amarelo são solos minerais, bem a moderadamente drenados, em geral profundos, com sequência de horizontes A, Bt e C, sendo a principal característica a presença do horizonte B textural. O horizonte A é um horizonte mineral com matéria orgânica, moderadamente desenvolvido, de colorações muito escuras, podendo ocorrer ou não horizonte A2 de coloração mais clara. A textura varia de franco arenoso a franco argilo-arenoso, podendo ocorrer cascalhos, predominando estrutura do tipo granular. Possuem poros pequenos a grandes, médios e grandes; consistência ligeiramente dura (seco), muito friável a friável (úmido) e plástico e pegajoso (molhado). O horizonte B textural (Bt), é iluvial, com acúmulo de material lavado da parte superior, de textura argilosa ou muito argilosa. Possui uma coloração vermelho-amarelada, com teores de ferro significativos, podendo ocorrer em alguns perfis mosqueados provenientes do material de origem. Apresentam estrutura do tipo em blocos subangulares e/ou angulares de pequena a média fortemente desenvolvidas, cerosidade abundante, porosidade comum, consistência dura a muito dura (seco), friável (úmido) e plástica e pegajosa (molhado). O horizonte C apresenta menos argila do que o Bt, maior relação silte/argila dentro do perfil e a coloração mais freqüente é a variegada. (EMBRAPA, 1980). Esses solos normalmente apresentam argilas de atividade baixa, o que lhe confere pouca capacidade de retenção de bases, sendo desfavorável para a utilização agrícola em face da necessidade de um maior número de adubações. Se o solo é álico ou distrófico, necessita de maiores quantidades de insumos para adubação no caso de argilas de atividade alta. As argilas expansivas em que a atividade seja muito alta, também são desfavoráveis para o uso agrícola além de reunir situações desfavoráveis ao uso da engenharia em virtude da forte expansão e contração que gera fendilhamentos no solo. As condições físicas desse tipo de solo dependem da profundidade, das condições de drenagem e de outras características modificadoras, além da atividade da argila. Essas condições físicas apresentadas pelo solo influirão na sua capacidade de desenvolvimento radicular (EMBRAPA, 1980). 132 Em geral, a descontinuidade textural abrupta entre os horizontes A e B, os tornam solos susceptíveis à erosão. A existência de argila dispersível em água e o tipo de estrutura, entre outros fatores, contribuem também para aumentar esta susceptibilidade. Dentro dos graus de limitação do uso do solo, a susceptibilidade desses solos à erosão vai de moderada a muito forte, dependendo da declividade e da classe de textura do horizonte B. No caso do relevo suave ondulado, a susceptibilidade dos podzólicos vermelho-amarelo enquadra-se no grau moderado. Quando não adotadas práticas conservacionistas, poderão ocorrer dificuldades para a exploração agrícola, além da perda rápida desses solos. Nas colinas e morrotes ocorrem os tipos podzólicos vermelho-amarelo distróficos associados ao álico latossólico; distrófico associado ao eutrófico e, os distróficos planossólicos. Todos de argila de atividade baixa. A característica distrófica dos solos refere-se à saturação de bases baixa que reflete o baixo nível de nutrientes no solo e portanto, sua pouca fertilidade natural. O caráter álico significa que além de distrófico, o solo possui um alto teor de alumínio trocável (Al +++ ) no horizonte B, num nível tóxico para as plantas. O caráter eutrófico significa uma alta saturação de bases, grande reserva de nutrientes e portanto, maior fertilidade. No município do Rio de Janeiro, os podzólico vermelho-amarelo, de argila de atividade baixa (Tb) álicos, normalmente com horizonte A moderado e textura média/argilosa são encontrados em associação com os podzólicos vermelho-amarelo Tb eutróficos e solos litólicos indiscriminados, podendo também ser associados à afloramentos de rocha (no relevo forte ondulado), em geral em substrato de rochas gnáissicas. Os solos podzólicos vermelho-amarelo eutróficos com horizonte A moderado e textura média/argilosa, ocasionalmente rasos (podzólicos com menor profundidade) podem ser encontrados em associação com os podzólicos vermelho-amarelo eutróficos com A chernozêmico, e também com solos litólicos indiscriminados e afloramentos de rocha. Quando rasos, podem ocasionar limitações para o uso agrícola ou pela dificuldade de armazenamento de água ou pela pouca espessura para o desenvolvimento de raízes (dependendo de seu substrato fraturado ou não). Ocorrem ainda o eutrófico com horizonte A chernozêmico, textura argilosa/muito argilosa associada a brunizem avermelhado e, em menor proporção os podzólicos vermelho-amarelo distróficos associados ao podzólicos vermelho-amarelo eutróficos. ♦ Latossolo Vermelho-Amarelo A classe dos latossolos vermelho-amarelos compreende solos minerais, não hidromórficos, com sequência de horizontes A, B, C, apresentando estágio avançado de intemperismo, sendo normalmente muito profundos ou profundos O horizonte B é latossólico, o que significa um horizonte subsuperficial com pouca quantidade de minerais primários de fácil intemperização, com concentração de argila, tipo 1:1 (caulinita) e sesquióxidos livres e conseqüentemente baixa capacidade de troca de cátions (valor T). São solos de textura muito argilosa e argilosa, sendo que o contraste textural não é muito nítido. O limite do B latossólico com o horizonte A suprajacente, escurecido pela matéria orgânica, é normalmente claro ou gradual. Com o horizonte C subjacente, é normalmente difuso (RADAMBRASIL, 1983). Em relação à estrutura, o contraste é mais nítido, sendo do tipo granular no horizonte A e nos horizontes B e C de aspecto maciça pouco coesa in situ. São solos friáveis, fofos, muito porosos, bem drenados e com boa aeração. O tipo de horizonte A predominante é o moderado, ocorrendo também o húmico e o proeminente. O horizonte B apresenta cores que variam de bruno-forte, vermelho-amarelada e vermelha. De um modo geral, ocorrem em área de relevo forte ondulado e montanhoso, ocasionalmente em relevo ondulado e até suave. Sendo muito porosos, propiciam maior resistência à erosão. Apesar do relevo movimentado, esses solos são bastante utilizados para pastagens, culturas de café e 133 milho, pois não apresentam problemas físicos para o desenvolvimento radicular, embora sejam de baixa fertilidade natural (RADAMBRASIL, 1983) ♦ Afloramentos de Rocha Os afloramentos de rocha que aparecem em associação nos relevos fortemente ondulados, referem-se à exposição de rochas nuas ou com reduzidas porções de materiais detríticos grosseiros, largas porções de fragmentos provenientes da desagregação das rochas locais com algum material terroso (RADAMBRASIL, 1983). ♦ Brunizem O Brunizem Avermelhado é uma classe de solos que ocorre predominantemente em relevo forte ondulado, e suas características são a alta atividade da argila (Ta) , pouco profundos, com espessura entre o horizonte A e o B entre 1 m e 1,5 m, com horizonte A chernozêmico e horizonte B iluvial de acumulação de argila (Bt). A transição do A para o Bt é gradual e do B para o C, o percentual de argila decresce acentuadamente. São solos bem estruturados, do tipo granular (estrutura forte) no horizonte A e do tipo blocos angulares e sub-angulares com cerosidade forte abundante no Bt. Possui altos valores de base trocável ao longo do perfil. Tem origem na decomposição de granodioritos e gnaisses da série inferior, com intrusões de rochas básicas e intermediárias do pré-cambriano. O horizonte A possui cores que variam do bruno escura a bruno acizentada muito escura.(EMBRAPA, 1980). São solos naturalmente férteis e com boas condições físicas, não limitando o desenvolvimento radicular, porém pelas altas declividades, apresenta uma muito forte susceptibilidade à erosão. Podem ainda apresentar problemas ligados à falta d’água. ♦ Podzol É constituido por solos com horizonte B podzol, muito profundos, arenosos, ácidos a moderadamente ácidos, com saturação de bases baixa e saturação com alumínio trocável alta. São desenvolvidos sobre sedimentos arenoquartzosos de origem marinha, referidos ao Holoceno, em relevo plano e suave ondulado da Baixada de Jacarepaguá. (EMBRAPA, 1980) 4.4.4.2 Aspectos Geotécnicos Do ponto de vista geotécnico, os solos da bacia de Jacarepaguá podem ser classificados e descritos conforme a seguir. ♦ Afloramentos rochosos Decorrentes dos processos de degradação do relevo, enormes massas de granito e gnaisses afloram em toda a área de maciços, tanto sob a forma de imensos monólitos esculpidos pelos agentes de intemperismo ou como patamares escarpados e isolados pelos padrões de fraturamento locais. Os afloramentos rochosos concentram-se principalmente nas cotas mais altas dos maciços que envolvem a baixada pelos flancos leste, norte e oeste. Os granitos afloram a noroeste da área de estudo, constituindo a grande intrusão do maciço da Pedra Branca e corpos de formas bastante irregulares que penetram discordantemente nos gnaisses. As intrusões graníticas são amplamente distribuídas cortando a xistosidade dos 134 gnaisses, apresentando-se também sob a forma de pegmatitos, com grandes quantidades de quartzo e feldspatos, e em alguns casos concentrações de biotita, indicando uma fase de intrusão posterior. Os afloramentos de gnaisses encontrados nesta área distinguem-se em: leucocráticos (microclina-gnaisses), melanocráticos (microclina e/ou plagioclásio-gnaisses), gnaisses quartzíticos e gnaisses-graníticos da Série Inferior. À exceção desse último, ocorrem no Maciço da Tijuca, a norte e nordeste da baixada. ♦ Solos de Encostas Os solos residuais provenientes da decomposição de granitos aparecem a noroeste e a nordeste da área, recobrindo o Maciço da Pedra Branca e as bossas graníticas dos topos do Maciço da Tijuca. Esses solos, tanto dos tipos com textura equigranular quanto os da textura porfiróide, são predominantemente arenosos, caracterizando melhores desenvolvimentos do horizonte C. Os solos residuais provenientes de gnaisses localizam-se a norte, nordeste e sudoeste da área de estudo, em unidades isoladas, distinguindo-se em microclina-gnaisses, microclina/ plagioclásio-gnaisses e biotita-gnaisses. Ainda foram encontrados solos resultantes da alteração de diques de diabásio. Comparando-se esses dois solos, os solos residuais de gnaisses são mais heterogêneos do que os solos residuais de granito. As variações granulométricas são mais bruscas nos solos residuais de gnaisses devido às variações de textura e composição mineralógica da rocha de origem, assim como dos seus índices de plasticidades. Os primeiros horizontes de formação dos solos residuais de ganisses apresentam concentrações sílticas e/ou argilosas em uma massa predominantemente arenosa. Quando existem essas concentrações argilosas, são as responsáveis pela plasticidade encontrada nesses horizontes. As concentrações sílticas e argilosas são herdadas, respectivamente, das concentrações de biotita e feldspatos da rocha de origem. Os horizontes superiores (B) que não conservem qualquer vestígio textural ou estrutural da rocha de origem, podem estar influenciados pelas concentrações citadas, mas suas características granulométricas resultam, também, dos processos de iluviação que neles se desenvolvem. Os solos coluviais são classificados, principalmente, como areias mal graduadas, areias siltosas, areias argilosas, siltes ou areias finas micáceas. É difícil estabelecer as relações entre as características físicas e a gênese desses solos, pois os elementos que neles participam podem ser extremamente aleatórios, ainda podendo ser resultado de processos de acumulação característicos de cada local de ocorrência. ♦ Solos da Baixada Há uma variabilidade das distribuições granulométricas dos solos aluviais da baixada. “A própria gênese dos solos aluviais e, consequentemente, devido as suas proximidades aos maciços rochosos, faz com que tenham características distintas de todos os outros tipos de solos da baixada.”(Cabral, 1979, p. 123) Estes solos possuem aspectos arenosos em superfície, passando a areno-siltosos ou areno-argilosos a poucos centímetros de profundidade, sendo que, em alguns casos, camadas francamente siltosas ou argilosas podem ser encontradas. Essas variações de características granulométricas devem ser resultantes de variações do regime de fluxo do agente transportador, no caso a água de escoamento superficial e os rios que drenam as regiões mais 135 altas, às diversas épocas em que se processa a remoção de materiais, e das próprias características dos locais de recepção e acumulação desses materiais. Nos solos arenosos foram reconhecidos por Cabral os seguintes tipos principais de areias: areias de praia, areias de fundo de enseada e areias de restinga. Associadas a estas, foram identificadas ainda: areias resultantes de remoção e retrabalhamento por correntes de circulação da laguna formada pela restinga interna e areias originadas pelo rompimento dessa restinga por correntes marinhas. Por suas próprias origens, essas areias apresentam-se com texturas de fina a média1, e via de regra, bem graduadas. As areias resultantes do rompimento da restinga interna, granulometricamente, são semelhantes às areias da praia. Com a exceção de algumas amostras de areia proveniente do retrabalhamento da restinga, todas foram classificadas como areias bem graduadas com pouco ou nenhum fino. “As semelhanças de suas características de graduação e uniformidade, leva a admitir, apesar das origens diversas, que estiveram sujeitas a ambientes cujas dinâmicas de trabalhamento dos grãos foram aproximadamente equivalentes”. (Cabral, 1979, p.128) Os solos orgânicos apresentam-se como camadas argilo-siltosas e silto-argilosas de espessuras variáveis, muito compressíveis, intercaladas com camadas ou lentes de areia. Este material localiza-se nas antigas lagunas da enseada de Jacarepaguá ou nos atuais mangues nas margens da Lagoa da Tijuca. Esses solos oferecem péssimas condições para a construção civil, exigindo fundações profundas em estaca ou tubulões devido a sua alta compressibilidade. Com relação a aterros em geral e aterros para estradas de rodagem, estes solos exigem análises especiais de estabilidade e controle de recalques que podem estar associados ao fenômeno de ruptura hidráulica (piping), pois nestes solos o lençol freático freqüentemente está próximo à superfície. ♦ Geotecnia da Baixada de Jacarepaguá A área da baixada é representada por sedimentos marinhos, lagunares e paludiais, cujas formações foram decorrentes de um período transgressivo iniciado no Holoceno e, também, por sedimentos aluviais Pleistocênicos depositados em bacias de acumulação interiores e na periferia dos maciços circunvizinhos. Mas esses sedimentos somente podem ser diferenciados do ponto de vista geotécnico nas seguintes classes: areias (as marinhas e lagunares), argilas moles, (as paludiais) e areias argilosas ou siltosas (as aluviais). Os terrenos arenosos, normalmente, possuem boa capacidade de suporte para fundações de aterros e obras civis. Sempre revelaram compacidade crescente com a profundidade, mas há a possibilidade da existência de camadas argilosas orgânicas, a profundidade variáveis, mesmo sob as areias da restinga interna ou sob as areias resultantes do retrabalhamento dessa restinga. Segundo Cabral (1979), é possível admitir a presença desse material em profundidade em função da própria história evolutiva da baixada. Houve um sincronismo de formação entre a laguna e a barreira arenosa que lhe originou, isto é, no interior desenvolveram-se condições salobras propícias à deposição de clásticos finos e de biodetritos, e houve também a interdigitação das areias da restinga com esses sedimentos paludiais. Na superfície da restinga mais externa, não foi verificada a existência desses sedimentos orgânicos, já que a carga de finos trazida pelos rios que desembocam na baixada ficou restrita à primeira laguna formada e, além disso, esse bloqueio impediu a diminuição de salinidade no interior da segunda laguna formada posteriormente. 1 De acordo com a escala granulométrica da ABNT. 136 Os solos orgânicos, isto é, as argilas e os siltes orgânicos são dominantes nas porções oeste e nordeste da baixada. No primeiro caso, no local denominado "Campos de Sernambetiba", aparece a diversas profundidades em intercalações com lentes e camadas arenosas, e no segundo caso ocorrem desde a margem setentrional da atual Lagoa da Tijuca até o encontro dos solos aluviais da borda dos maciços. Essa segunda ocorrência e imediatamente reconhecida no campo porque constitui-se no prolongamento natural dos manguezais ainda existentes nesta área. Em profundidade constituem camadas contínuas com espessuras, máximas variando de 10 a 15 m. Fundações diretas de obras civis em solos orgânicos são inexequíveis, sempre obrigando ao uso de estacas ou tubulões, e as fundações de aterros, em função de suas estabilidades e métodos de execução, são também problemáticas. As deformações nos aterros de estradas da baixada, especialmente naquelas que estão sujeitas a um tráfego pesado, têm dado origem a problemas sérios de conservação. Observa-se que camadas turfosas ocorrem sobre as areias retrabalhadas da restinga e sobre os solos orgânicos. As que se sobrepõem às areias não têm qualquer expressão em espessura, variam de poucos centímetros até um máximo de 0, 50 m, e são responsáveis pela impermeabilização superficial verificada nessas areias. As que recobrem os solos orgânicos, ao contrário, alcançam espessuras maiores, atingindo até 3,70 m. Os solos aluviais, têm como característica usual uma compacidade de média a rija, mas, localmente, podem apresentar camadas com consistência variando de média a mole. Esta variação resulta da presença de cama das de argilas cinza escuras, ou misturas de argila e areia, sobpostas e areias de densidades a espessuras variáveis. Esses solos são classificados de intermediários a bons em termos de qualificação de condições para fundações. Os terrenos sedimentares, a exceção das restingas interna e externa, que possuem as cotas mais altas da baixada (médias aproximadas de 7,0 e 4,0 m), necessitam de nivelamento e suporte. ♦ Geotecnia dos Maciços Os maciços são representados por afloramentos de rochas, localizados normalmente nas cotas mais altas, e por solos residuais (oriundos da decomposição de granitos e gnaisses) e solos transportados (tálus e/ou colúvio). Os solos residuais de gnaisses são mais desenvolvidos do que os de granito, em especial aqueles que mostram variações texturais e mineralógicas acentuadas, tais como os gnaisses com texturas migmatítica e os gnaisses com intercalações de quartzitos. Por este motivo esses solos apresentam-se mais heterogêneos e com mantos de intemperismo mais espessos. Os depósitos de tálus e colúvios são amplamente distribuídos nas vertentes dos maciços, formando concentrações contínuas de material rochoso e/ou terroso, na base ou a meia encosta. Esses depósitos são distinguíveis pela presença de blocos de dimensões variáveis nos primeiros e pela forma de capeamentos provenientes da mobilização e transporte, a curtas distâncias, de solos preexistentes sobre os mantos de intemperismos nos segundos. 137 O potencial de uso desses solos em jazidas de empréstimo para aterros é regida por suas características geotécnicas. Quando os solos de granito e os coluviais contêm fragmentos grosseiros, revelam-se com boas características de compactação e altos valores de CBR. Já as jazidas de solos de gnaisses, mesmo apresentando bons resultados de CBR, são mais dependentes de variações ou concentrações mineralógicas que existiam na rocha de origem. A observação de cicatrizes antigas e a frequência de obras de contenção em áreas de solos residuais de gnaisses e de depósitos de tálus induz a possibilidade desses materiais serem mais falíveis a escorregamentos. Os mecanismos de deslizamento podem ser identificados pelas próprias superfícies de movimentação, onde predomina a ruptura ao longo do contato tálus-solo residual e ao longo de planos peferenciais da rocha de origem preservados nos solos residuais imaturos. Os escorregamentos com superfícies circulares ocorrem , em menor escala, mas somente em solos de gnaisses. Os deslizamentos e desplacamentos de rochas também ocorreram nas encostas rochosas dos maciços. Estes iniciaram-se e desenvolveram-se às expensas das estruturas locais das rochas independentemente dos tipos litológicos a que estão associados. Em virtude da progressiva ocupação das encostas com tálus, são mais inquietantes as possibilidades de instabilidade de blocos de rocha que participam desses depósitos por processos naturais de erosão do solo que os envolve. Normalmente obras preventivas de contenção devem ser realizadas quando a freqüência ou as dimensões dos matacões impedem suas remoções. 4.4.5 Risco A análise de risco pressupõe que sejam estabelecidos limites bem determinados para a sua execução. Risco é a probabilidade dos danos à vida, propriedade e/ou meio ambiente que poderão ocorrer em caso de acidente. No presente relatório a análise de risco está condicionada pelos acidentes naturais que as grandes precipitações provocam: escorregamentos e inundações. Na matriz de análise de risco proposta nesta seção, três vetores são considerados: escorregamentos, inundações e áreas urbanas. Por definição uma sub-bacia de alto risco será aquela que apresentar alta presença de sítios de escorregamento, manchas apreciáveis de solos hidromórficos, leques aluviais, turfeiras e feições geo-pedológicas correlatas e expressiva ocupação urbana. 4.4.5.1 Risco de Escorregamento O mapa de risco é um instrumento técnico-científico capaz de assinalar os sítios mais sujeitos ou susceptíveis aos processos de movimento de massa (ver Mapa de Risco – JAC-20-0001, em anexo). Não deve ser encarado como um mapa de determinação da estabilidade dos taludes mas sim como um indicativo de probabilidade maior de escorregamento. O método de confecção do mapa de risco de escorregamento levou em consideração as características das áreas afetadas por deslizamentos no passado e a avaliação em campo do grau de estabilidade de algumas encostas previamente selecionadas. O mapa de risco, na escala de 1:50.000, é uma adaptação do mapa preparado pela Sensora Aerolevantamentos S. A., em 1991, sob encomenda da GEORIO, utilizando o sistema de matrizes indicativas propostas por Graff & Romesburg, 1984. A este trabalho, o presente relatório incorpora as considerações metodológicas e a experiência obtida através da observação de inúmeros movimentos de massa, ocorridos em 1968, por Meis & 138 Silva, (1968). Posteriormente foi incorporada a tese desenvolvida por Marques, que relaciona a presença de canais de drenagem de primeira ordem com movimentos de massa catastróficos. Utilizou-se, para este fim, a argumentação de Marques (1990) e o trabalho de reconstituição da rede de drenagem elaborado no mapeamento da Prefeitura do Rio de Janeiro. O procedimento metodológico adotado para a confecção do item risco de deslizamento consistiu na interseção de dois níveis de informação principais: − manchas de alto risco de deslizamentos (assinaladas no mapa da GEORIO), o mapa da GEORIO já inclui, para a determinação de risco de deslizamento, vários níveis de informação, dentre eles destacam-se: o tipo de solo, o uso atual do solo, o grau de declividade e o substrato geológico; − rede de drenagem de primeira ordem (obtida através da utilização da base cartográfica da Prefeitura do Rio de Janeiro na escala de 1:10.000). A existência de canais de drenagem é a condição fundamental que orientou a geração do mapa de deslizamentos apresentado neste relatório. A circulação hídrica é a responsável pela mobilização e transporte de sedimentos do sistema compreendido pelos maciços costeiros para o sistema das baixadas litorâneas. Durante as grandes chuvas, os canais fluviais crescem rapidamente em volume e velocidade, aumentando exponencialmente a sua capacidade erosiva e de transporte de sedimentos. Como visto anteriormente, a densidade de drenagem é dez vezes maior nos maciços do que nas baixadas e a participação do comprimento dos canais dos maciços em relação ao total é enorme, situando-se na faixa de 80 a 90 %. Uma rede densa de drenagem espelha o grau de energia potencial e condição de realização de trabalho de uma determinada unidade de mapeamento. A capacidade potencial de realização de erosão e de geração de transporte dependem também do tamanho e superfície da vertente, sua orientação em relação aos ventos úmidos, declividade média, posição e desnível altimétrico. Como a rede de drenagem dos maciços costeiros são encaixados, o crescimento das vazões promoverá a erosão lateral dos depósitos de colúvio situados nas vertentes das margens, já que não existe a possibilidade de transbordamento e inundação dos terrenos situados nas margens dos canais, em regiões montanhosas. Caso o nível do rio atinja a base de pacotes coluviais e depósitos de tálus a encosta ficará descalçada e, assim, haverá a geração de movimentos de massa (Meis & Silva, 1968). A rede de drenagem, na região dos maciços está encaixada nas linhas estruturais do relevo e a presença de flancos e vertentes fortemente inclinadas ao longo dos canais acaba por promover contribuições expressivas de água em espaços de tempo relativamente muito curtos. As vertentes inclinadas permitem a geração de escoamento superficial e a formação de canais de drenagem efêmeros que surgem e desaparecem durante as chuvas. Estes canais foram mapeados por Marques (1990) no trabalho de restituição da rede de drenagem de primeira ordem. Quando estes canais efêmeros são formados o regime de escoamento tende a ser torrencial, arrastando sedimentos de granulometria pouco selecionada vertente abaixo. A formação dos canais efêmeros está relacionada ao tipo de solo que ocorre ao longo dos flancos dos canais. Solos rasos, presença de textura arenosa, minerais primários e fragmentos de rocha na matriz do solo são indicativos que estão relacionados a uma forte percolação, boa porosidade e rápida passagem das águas. A concentração das águas subsuperficiais crescerá encosta abaixo ao mesmo tempo em que a concavidade das vertentes permitirá a geração de pontos de aumento de tensão e geração de escoamento superficial, acompanhados pela mobilização e transporte de sedimentos. 139 A força de arrasto de um canal efêmero depende da intensidade, frequência e duração das chuvas torrenciais. Assim, uma chuva forte, concentrada no tempo e no espaço, tão característica da região promoverá a formação dos canais efêmeros e a geração de movimentos de massa encosta abaixo, mesmo que os solos estejam cobertos por florestas, conforme pode ser observado nas fotografias aéreas do IPLAN/RIO, na escala de 1:20.000, tomadas em 1996, logo após as grandes chuvas que caíram sobre a cidade. Nitidamente, os deslizamentos ocorreram em conformidade com as linhas estruturais do relevo e consequentemente com a drenagem dos maciços em zonas de ambiente florestal, sem ocupação urbana. A presença de lentes argilosas em alguns solos podzólicos promovem também a geração de descontinuidades de percolação e porosidade favorecendo o escoamento sub-superficial laminar. As lentes argilosas quando hidratadas sofrem deformações plásticas, perdem resistência, aumentando as chances da ocorrência de movimentos de massa. Por outro lado, solos profundos, bem drenados e cobertos por vegetação nativa ou secundária possuiriam uma capacidade maior de resistir à formação de canais efêmeros. Em encostas ocupadas por cultivos, pasto ou utilizada por moradias o grau de criticidade aumenta por razões muito conhecidas: impermeabilização, aumento de carga sobre os solos, realização de cortes e aterros, lançamento de lixo e a geração de águas servidas. A densidade de ocupação foi considerada na geração de instabilidade dos solos. Afloramentos de rocha e a ocorrência de blocos e matacões em superfície e subsuperfície promovem também descontinuidades hídricas. Desta forma, a combinação considerada crítica para escorregamentos e assinalada no mapa combina o grau de declividade entre 20 e 35 graus, substrato de rochas ígneas, áreas de ocupação urbana, ocorrência de depósitos de tálus e presença de canais efêmeros e perenes de drenagem. Fazendo o cruzamento acima descrito foram encontrados os resultados, relacionados no Quadro 4.37 abaixo e apresentados no Mapa de Risco (Desenho nº JAC-20-0001): 140 Quadro 4.37 – Zonas de alto risco para escorregamentos na bacia de Jacarepaguá NOME DA SUB-BACIA NÚMERO DE ZONAS DE ALTO RISCO Total Rio Cachoeira Rio Vargem Grande Rio do Anil Arroio Fundo Rio das Pedras Arroio Pavuna Rio Vargem Pequena Rio Camorim Rio da Barra Rio Pavuninha PERCENTUAL 151 100.0 45 32 25 20 11 6 5 4 2 1 29.8 21.2 16.6 13.2 7.3 4.0 3.3 2.6 1.3 0.7 PERCENTUAL ACUMULADO 29.8 51.0 67.6 80.8 88.1 92.1 95.4 98.0 99.3 100 PERCENTUAL DA BACIA ACIMA DE 20 m 93,2 80,6 79,7 60,4 43,2 44,7 84,9 81,4 46,4 A análise dos dados apresentados no quadro 4.33 indica que as duas primeiras sub-bacias (Rio Cachoeira e Rio Vargem Grande) concentram metade das ocorrências de risco de deslizamento. Caso sejam incluídas as ocorrências do Rio do Anil e Arroio Fundo ao primeiro grupo chega-se a conclusão que 80% de zonas de alto risco estão concentradas em apenas quatro sub-bacias, todas com mais de 80% de suas superfícies acima de 20m. É particularmente preocupante encontrar as sub-bacias do Rio do Anil e Arroio Fundo neste grupo pois além de estarem no momento atravessando um rápido processo de ocupação urbana, estas sub-bacias aparecem no mapa de risco de inundações e descritas no ítem 4.4.5.2, a seguir, como áreas de alto risco. Desta forma, a análise da matriz de risco de perdas materiais aponta a sub-bacia do Rio do Anil como a mais vulnerável pois os três vetores estão combinados e presentes: zonas de alto risco de escorregamentos, grandes áreas urbanas e áreas de alto risco de inundação. Do ponto-de-vista da probabilidade de escorregamentos a sub-bacia do Rio da Cachoeira destaca-se das demais com cerca de 30% das ocorrências e com mais de 90% da sua área acima da cota de 20m. O Rio da Gávea Pequena, com 13 ocorrências, e o Rio do Açude, com 6, formam calhas de elevado grau de criticidade. A bacia do Rio Vargem Grande, com 32 ocorrências, destaca-se o Rio das Paineiras com 10 pontos críticos. Outras bacias com muitos pontos críticos são as do Anil, Arroio Fundo e das Pedras. Os rios Camorim e da Barra possuem elevada participação de áreas acima de 20m, como pode ser observado no quadro 4.37, entretanto como o povoamento destas bacias é relativamente baixo o risco de deslizamento torna-se muito pequeno. Caso o povoamento nos próximos anos seja dirigido para estas sub-bacias elas passarão a ter um comportamento muito semelhante as dos rios do Anil, das Pedras e Cachoeira. 4.4.5.2 Risco de Inundação Entende-se por inundação o fenômeno de transbordamento dos rios, isto ocorre quando a descarga do rio não pode acomodar-se dentro das margens que definem o seu leito normal. Assim, quando a descarga supera a capacidade de vazão do canal, a água verte sobre os terrenos circundantes outrora cobertos por turfeiras, solos aluviais, areias de fundo de enseada, solos orgânicos, planossolos, solos tipo gley, enfim, verte sobre os solos típicos de baixadas 141 sedimentares costeiras. O fenômeno da inundação é natural na região e muitas evidências podem ser encontradas na literatura, Ruellan (1944) e Marques (1990). Metodologicamente, para a elaboração do Mapa de Risco – JAC-20-0001, em anexo, foram utilizadas informações disponíveis no corpo do relatório. Elas foram separadas em duas grandes categorias, a primeira está relacionada às informações do substrato (geologia, solos e condicionantes físicos-ambientais e a segunda às informações levantadas na seção de determinação de descargas e transporte de sedimentos. A estas duas classes de informação foram sobrepostas as informações de uso do solo com o objetivo de identificar a área urbana assentada em regiões com algum risco significativo de inundação. Após estas fases foram plotados os limites das inundações que atingiram a região em 1996. O traçado foi definido pela Prefeitura do Rio de Janeiro e numa análise preliminar do conjunto dos poligonos de inundação pode-se afirmar que existem muitos controladores/desencadeadores locais de inundação tais como pequenas construções, favelas, pontes, vazadouros de lixo e vegetação. O risco de inundação tende a crescer em função da combinação de uma série de fatores, dentre os quais destacam-se: − a ordem do rio, − a descarga do canal, − a densidade de ocupação urbana da sub-bacia, − grau de impermeabilização do solo da sub-bacia, − a presença de descontinuidades e/ou rupturas de declive, − a presença de pontos de estrangulamento nas seções transversais, − gradiente do canal, − a presença nas margens dos canais de sedimentos finos (silte e argila), − a existência na sua foz dos rios e canais de corpos reguladores do nível de base local e regional (lagunas, lagoas e.o próprio mar). As inundações na região tendem a se agravar, uma vez que o processo de urbanização incorpora, rapidamente, terrenos inadequados à edificação ao tecido urbano e por outro lado, muitos canais são transformados em verdadeiros vazadouros de lixo. Em nível local, qualquer ponte cujos pilares estejam fincados no leito dos rios pode funcionar como um ponto de estrangulamento da seção transversal do canal. Áreas faveladas comumente ocorrem dentro dos canais de drenagem, mais especificamente em seus leitos maiores. No presente mapa de inundações foram sobrepostas as classes de solo sujeitas à inundação anual periódica e solos que se desenvolvem em relevos planos, tais como: − solos aluviais, − solos orgânicos, − planossolos e − solos do tipo gley. 142 A estes agrupamentos foram acrescidas algumas classes do mapeamento geológico que indicam feições relacionadas a corpos d’água ou que possuam descontinuidades hídricas importantes quando observadas do ponto de vista da percolação, desta forma foram selecionadas as seguintes classes: − turfas, − leques aluviais, − camadas de areia preta e − areias de fundo de enseada. Para a confirmação das áreas sujeitas à inundação foi utilizado o mapa de condicionantes físicoambientais elaborado originalmente pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, vinculado à Universidade de São Paulo – USP. Duas classes principais foram consideradas: − alagadiços e − colúvios. Como existe uma proporcionalidade entre o tamanho da bacia, a ordem do rio principal, a descarga e a população que habita a bacia, pode-se afirmar que no nível de análise regional e para o presente caso, que quanto maior a bacia maiores serão os prejuízos materiais uma vez que estas variáveis estão fortemente correlacionadas, conforme pode ser observado no quadro 4.38. É importante afirmar que a grande maioria das feições escolhidas ocorrem abaixo de 20m de altitude, assim, o risco de inundação é função ainda da cota altimétrica. Quadro 4.38 - População, vazões de projeto calculadas e risco de inundação RIOS Arroio Fundo Rio Pavuninha Rio do Anil Rio das Pedras Rio Cachoeira Rio Camorim Rio da Barra POPULAÇÃO DA SUB-BACIA (1991) 230.925 11.940 61.410 26.377 9.466 11.061 2.776 RISCO DE INUNDAÇÃO (Área abaixo de 20m de altitude em km²) 11,4 5,8 5,4 4,6 1,4 1,1 0,9 VAZÃO DE PROJETO (m3/s) TR=50 anos 287,1 45,8 138,3 56,6 147,6 61,3 22,5 A análise do Quadro 4.38 permite afirmar que cerca de 300 mil habitantes estão concentrados em pouco mais de 25 km² (ver Quadros 4.4 e 4.5). A sub-bacia do Arroio Fundo destaca-se das demais pela sua magnitude, seja do ponto-de-vista da população, da área abaixo de 20m ou da vazão de projeto. A área mais crítica é ocupada pela Cidade de Deus. A sub-bacia do Rio Pavuninha encontra-se em processo de ocupação e desta forma o risco de perdas materiais é relativamente baixo quando comparado ao do Arroio Fundo. Já o Rio do Anil apresenta uma elevada descarga e consequentemente um elevado poder erosivo/destrutivo quando entra na Baixada de Jacarepaguá, nas imediações do Largo do Anil, quando as águas do Rio Sangrador encontram as águas do Rio Papagaio forma-se um ponto crítico desta sub-bacia, numa região já bastante urbanizada. O Rio das Pedras apresenta problemas de inundação na altura da favela que leva o seu nome. 143 4.4.5.3 Matriz de Risco A matriz de risco (Quadro 4.39) indica que duas sub-bacias destacam-se das demais: Arroio Fundo e Rio do Anil. Ambas são muito populosas quando comparadas com as demais, possuem áreas relativamente amplas para a ocorrência de inundações e números expressivos de zonas de alto risco de deslizamentos. Esta conjugação é extremamente nociva no rio do Anil que possui uma elevada descarga e/ou poder erosivo. Esta sub-bacia está assim colocada numa posição de elevada criticidade onde estão conjugados riscos de movimentos catastróficos de massa acompanhados de elevada descarga e grande contingente populacional. Quadro 4.39 - Matriz de risco RIOS POPULAÇÃO DA SUB-BACIA (1991) Arroio Fundo Rio do Anil Rio das Pedras Rio Cachoeira Rio Pavuninha Rio Camorim Rio da Barra 230.925 61.410 26.377 9.466 11.940 11.061 2.776 RISCO DE NÚMERO DE INUNDAÇÃO ZONAS DE RISCO (Área abaixo de 20m DE DESLIZAMENTO de altitude em km²) 11,4 20 5,4 25 4,6 11 1,4 45 5,8 1 1,1 4 0,9 2 O comportamento da sub-bacia do Rio das Pedras é semelhante ao do Rio do Anil com o agravante de possuir extensa região favelada no seu baixo curso, por outro lado os valores encontrados para população residente, número de áreas de alto risco e descarga são bem inferiores, às vezes não chegam à metade dos valores encontrados na sub-bacia do Rio do Anil. A sub-bacia do Rio Cachoeira destaca-se pelo lado do potencial de ocorrência de movimentos de massa uma vez que a área abaixo de 20m é relativamente pequena. As perdas materiais e vítimas fatais foram amplamente descritas por Meis e Silva (1968). Esta sub-bacia destaca-se pelo elevado contingente populacional nas proximidades das áreas de risco de escorregamento. As demais sub-bacias possuem baixos valores de criticidade. 4.5 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Desde o início da ocupação da bacia de Jacarepaguá não existiam, na região, os serviços públicos de distribuição de água e coletor de esgotos, o que provocou a adoção de soluções mais simples e individuais, como a captação de água em poços rasos e o lançamento de esgotos em fossas. Mais recentemente, com o crescimento rápido e acentuado de algumas áreas da bacia, processo semelhante ocorreu, existindo grandes loteamentos que foram iniciados sem que os equipamentos de infra-estrutura básica estivessem devidamente instalados. Também o setor industrial buscou alternativas as suas necessidades de grandes vazões de água buscando a mesma em poços profundos escavados nos seus próprios terrenos. Cabral (1979), estudando a geologia da região de Jacarepaguá, apresentou dados de qualidade e quantidade das águas subterrâneas utilizadas pelo setor industrial, comercial e residencial na bacia. Embora não expressivos, em termos quantitativos, os dados levantados apresentam uma 144 visão da qualidade das águas subterrâneas da bacia de Jacarepaguá, sendo a seguir comentados. Os poços foram perfurados em terrenos arenosos e aluviais existentes tanto na área de Jacarepaguá como na região da Barra da Tijuca. Os poços perfurados em terrenos aluviais foram a profundidades maiores, provavelmente devido a necessidade de maiores vazões. Apesar da grande profundidade, alguns deles apresentaram águas salobras e salinas, com altos teores de cloretos. Na maior parte dos poços amostrados as águas apresentaram-se entre ácidas a neutras, com baixos teores de cálcio, magnésio e sulfatos. Algumas amostras apresentaram elevados teores de ferro. Não foram realizados exames bacteriológicos das águas. Considerando-se que estas águas não sejam usadas para consumo humano, e sim para usos industriais e diversos tais como limpeza, etc., a qualidade apresentada é bastante compatível com esses usos. No caso dessas águas virem a ser utilizadas para consumo humano, as mesmas deverão sofrer tratamento. Uma seleção dos resultados levantados é apresentada no Quadro 4.40 a seguir, juntamente com as concentrações máximas permitidas para os parâmetros analisados segundo a Organização Mundial da Saúde (O.M.S.). 4.6 RECURSOS MINERAIS Para a caracterização da exploração mineral na Macrobacia de Jacarepaguá, além do mapeamento das áreas de exploração apresentadas no Mapa de Uso do Solo, da Cobertura Vegetal e Espaços Territoriais Protegidos - JAC-70-0007 anexo ao Relatório JAC-70-0003 RE, foram consultados os arquivos do DNPM, onde foram identificados aproximadamente 70 processos, conforme apresentado no Anexo I. Foram consultados ainda os arquivos disponibilizados pela SMAC para avaliação da situação atual das mesmas. Dos processos verificados junto ao DNPM identificou-se que apenas 11 possuem concessão de lavra, embora 44 apresentem o status “ativo”. A maior parte dos processos referem-se a atividade de extração de granito, com 58%, conforme ilustra a Figura 4.2. Em segundo lugar aparece a exploração de águas minerais, com 9%. As demais atividades de extração apresentam menor expressão. Para a atividade de exploração do granito, dos 25 processos com status de ativos, apenas 11 possuem concessão de lavra. Dos processos levantados junto à SMAC, apenas um relativo a extração de brita, apresentava-se operando no bairro da Taquara, o que mostra uma certa desatualização ou carência de informações mais precisas sobre a área. Com relação as saibreiras a SMAC relata um total de 3 regulares e 8 irregulares na área. 145 Quadro 4.40 – Águas subterrâneas ANÁLISES FISICO-QUÍMICAS POÇO AMOSTRADO PROF. (m) VAZÃO (m3/h) TIPO DE SOLO TURBIDEZ (UNT) SOL. TOT. (ppm) DUREZA (ppm) Fe (ppm) Na + K (ppm) Ca (ppm) Mg (ppm) SO4 (ppm) HCO3 (ppm) 7,0 - - - - - - 6,5 - - - - - ausente - - 30 - 4,8 pH Cl (ppm) FÁBRICA DE PAPEL Estrada Três Rios 70,0 7,2 aluviais - 190 ANTÁRCTICA Estrada Engenho D'Água 75,0 17,0 aluviais - 787 ANTÁRCTICA Estrada Engenho D'Água 80,0 4,4 aluviais - 225 210 7,3 SCHERING IND. QUIM. Estrada dos Bandeirantes 100,0 18,0 aluviais 15 435 186 6,7 3 88,6 38 20,9 38 43 ECISA S.A. Estrada dos Bandeirantes 128,0 1,4 aluviais 10 1346 770 7,0 3,8 203 200 65 38 269 CARVALHO HOSKEN ENG. Av. Américas km 2.5 21,0 9,0 areia 10 38 20 6,0 0,05 4,6 2 3,6 7 6 12 COND. NOVO LEBLON Av. Américas km 10.5 27,0 6,0 areia 30 100 35 5,9 1,3 20 6 5 1 6 53 CARREFOUR SUPERM. Av. Américas km 8 33,6 3,0 areia 150 1550 400 4,6 30 400 48 68 70 0 25 1500 500 6,5 a 9,2 1 200 150 400 CONCENTRAÇÕES MÁXIMAS PERMITIDAS SEGUNDO O.M.S. (1971) 28,6 - - 21,2 - - OBSERVAÇÕES 362 água salobra - 0 670 água salgada 890 água salgada 600 Figura 4.2 - Quadro da Extração Mineral por Material Explotado segundo DNPM Granito Granodiorito/Diorito Gnaisse Migmatito 9% 3% 8% 3% 2% Água Mineral Areia Argila/Saibro 6% 58% 11% 147 Conchas Calcárias 5. BIBLIOGRAFIA AMARANTE, A.P. Problemas da Erosão e do Escoamento das Águas na Cidade do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geografia - Rio de Janeiro, 22 (4):637-665, 1960. ARGENTO, M.S.F. Análise da Variabilidade da Temperatura e Pluviosidade em 10 Estações Meteorológicas da Guanabara. III Encontro Nacional de Geógrafos, Anais Vol.1, P. 21, Belém, 1974 BARRY, R & CHORLEY, R.J. Atmósfera, tiempo y clima. Ediciones Omega, Barcelona, 1985. BERNARDES, L.M.C. Tipos de Climas do Estado do Rio de Janeiro. IBGE, separata da Revista Brasileira de Geografia, 14(1), 24p.Rio de janeiro, 1953. BERNARDES, N. Notas Sobre as Características Fisiográficas do Estado da Guanabara. 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E COM.DE PAPEIS LTDA INSULA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ETROS INDUSTRIA DE CONFECCOES LTDA PLASTICOS NIPPON LTDA 2210 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 2447 INDUSTRIA E COMERCIO MUTANTE LTDA IBRATA MINERACAO LTDA JOLESSA CONFECCOES LTDA FIX LAJE COMERCIO E INDUSTRIA DE MAT DE CONSTR LTDA EBID - EDITORA PAGINAS AMARELAS LTDA 2510 1011 2510 1060 R G TEXTIL LTDA MAGATEC SERVICOS TECNICOS LTDA 2499 RUA EDGARD WERNECK, 481 1290 AV. TEN CEL MUNIZ DE ARAGAO, 895 ICS INDUSTRIA COMERCIO E SERVICOS LTDA 1116 EST DOS BANDEIRANTES, 10639 PLESTIN INDUSTRIAS QUIMICAS LTDA 2110 ESTRADA DO CALMETE, PAOTEM INDUSTRIA E COMERCIO LTDA 2680 EST DO TINDIBA INDUSTRIA GERAL DE APARELHOS E LENTES LTDA 3023 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 2871 2510 EST DOS BANDEIRANTES, 4852 2320 RUA ANDRE ROCHA, 1536 GALPAO EST DOS BANDEIRANTES, 5541 EST. DOS BANDEIRANTES, 13840 PARTE EST DOS BANDEIRANTES, 3936 ESTR. DOS BANDEIRANTES 2355 2999 EST. DOS BANDEIRANTES, 1700 18 381 LOJAS G E H 17 FAB.DE PREPARADO P/ LIMPEZA,POLIMENTO E INSETICIDA 44 EXECUCAO DE SERVICOS GRAFICOS NAO ESPECIFICADOS 73 CONSTRUCAO E MONTAGEM DE AERONAVES 21 RECONDICIONAMENTO DE MOTORES P/ VEICULOS 45 FABRICACAO DE PAPEL, PAPELAO, CARTOLINA E CARTAO 20 FABRICACAO DE PRODUTOS DE PERFUMARIA 33 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS 21 FAB. ART. DE MATERIAL PLASTICO PARA USO INDUSTRIAL 14 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS 83 BRITAMENTO DE PEDRAS 15 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS 23 FABRIC. DE PECAS DE CIMENTO, GESSO E AMIANTO 100 EXECUCAO DE SERVICOS GRAFICOS NAO ESPECIFICADOS 94 FAB. ARTEFATOS TEXTEIS NAO ESPECIFICADOS 25 FAB DE MAQ., APAR. OU EQUIP. NAO ESPECIFICADOS 12 PROD DE FIOS E ARAMES DE METAIS E LIGAS DE METAIS 49 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 25 FABRICACAO DE MASSAS ALIMENTICIAS E BISCOITOS 49 FABRICACAO DE INSTRUMENTOS E DE MATERIAL OTICOS ANEXO I (Continuação) Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN) RAZAO ATIVIDADE ENDERECO BIOLAB DIAGNOSTICA S/A 2110 ESTRADA MAPUA, 491-PARTE PANOTTICA IMP. EXP. E COMERCIO LTDA. 3023 ESTRADA DO TINDIBA, 350 - PARTE TORRES RIO IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA TROIA INDUSTRIA E COMERCIO LTDA PRODUTOS ROCHE QUIMICOS E FARMACEUTICOS S/A BELFAM INDUSTRIA COSMETICA LTDA 2999 RUA TIROL, 536 2230 RUA CONEGO FELIPE, 285 2110 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 2020 FABRICA DE PAPEL TIJUCA S/A 2210 EST.MAL.MIGUEL SALAZAR M. DE MORAES, 747 1720 EST DOS TRES RIOS, 2386 HELIO BARKI S/A IND E COM LABORATORIO CANONNE LTDA 2510 EST. DO ENGENHO DAGUA, 1330 2110 AV. CANAL DO ANIL, 1263 COBRA SUB S/A EQUIPAMENTOS SUBMARINOS TAMOIO S/A COMERCIO INDUSTRIA DE AGREGADOS IND QUIMICA E FARMAC SCHERING PLOUGH LTDA MERCK S/A INDUSTRIAS QUIMICAS 3080 EST ENGENHO DAGUA 1200 MOTORTEC INDUSTRIA AERONAUTICA S/A CONFEITARIA BARAO DE JACAREPAGUA LTDA 1471 AV. AYRTON SENNA, 2541 2670 RUA MARANGA, 912 LOJAS A e B LINIFICIO LESLIE S/A CELLOPRESS EMBALAGENS INDUSTRIAIS LTDA DFL IND E COM LTDA 2420 ESTRADA ENGENHO D'AGUA, 1401 2350 EST DO RIO GRANDE, 3559 E 3567 CERAS JOHNSON LTDA 2060 EST. COMANDANTE GUARANYS, 599 1011 EST. DA LIGACAO , 1397 - TAQUARA 2110 ESTRADA BANDEIRANTES, 3091 2110 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 1099 3012 ESTRADA DO GUERENGUE, 2059 QTD_EMP DESCRICAO 93 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 57 FABRICACAO DE INSTRUMENTOS E DE MATERIAL OTICOS 30 EXECUCAO DE SERVICOS GRAFICOS NAO ESPECIFICADOS 10 FABRICACAO DE VELAS 560 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 212 FABRICACAO DE PRODUTOS DE PERFUMARIA 160 FABRICACAO DE PAPEL, PAPELAO, CARTOLINA E CARTAO 36 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS 82 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 123 FAB ART. CACA, PESCA, ESPORTES E JOGOS RECREATIVOS 84 BRITAMENTO DE PEDRAS 949 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 793 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 29 CONSTRUCAO E MONTAGEM DE AERONAVES 24 FAB.DE PROD. DE PADARIA, CONFEITARIA E PASTELARIA 321 FIACAO, FIACAO E TECELAGEM, E TECELAGEM 57 FAB ARTIGO DE MAT. PLAST. P/ EMBALAGEM E ACONDIC. 127 FAB. DE MATERIAL MEDICO,CIRURGICO E ODONTOLOGICO 425 FAB.DE PREPARADO P/ LIMPEZA,POLIMENTO E INSETICIDA ANEXO I (Continuação) Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN) RAZAO ATIVIDADE ENDERECO TECNOSTRAL S/A INDUSTRIA E TECNOLOGIA 1240 ESTRADA DO TINDIBA, 979 JOAOSITO DE OLIVEIRA SIC SOBRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BOLSAS S/A PADARIA E CONFEITARIA CISNE BRANCO LTDA CONFECCOES DINEMY LTDA 1370 RUA MARECHAL JOSE BEVILAQUA, 611 1930 RUA COMANDANTE SIMIAO, 135 GRANJA AVICOLA DO XOKO S/A KNOLL PRODUTOS QUIMICOS E FARMACEUTICOS LTDA FUNDICAO CURICICA INDUSTRIA E COMERCIO LTDA NEXUS S/A PEDREIRA COPACABANA LTDA SOARES INDUSTRIA E COMERCIO LTDA 2670 EST DE JACAREPAGUA 7836 LOJA 2510 AV. NELSON CARDOSO, 957 SALAS 201/6 E 301/6 2620 EST GABINAL, 1498 - PARTE 2110 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 2400 1106 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 4001 2510 RUA IPADU, 520 1011 RUA DR ODIM GOIS, 250 1899 ESTRADA DO CAPENHA, 913-GALPAO RACIMEC INFORMATICA BRASILEIRA S/A 1290 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 10710 IND. E COM DE ART DE ALUMINIO ANOD ARQMETAL S/A JACARE INDUSTRIA DE PASSAMANARIA LTDA 1190 ESTRADA DO PAU FERRO, 507 PADARIA E CONFEITARIA NOVO MUNDO DE JACAREPAGUA LTDA ADINA IND E COM DE FECHOS LTDA 2670 EST DOS BANDEIRANTES 2627 LOJA B 2629 2440 ESTR DOS BANDEIRANTES, 20730 CISAPEL COM E IND DE SACOS E PAPEIS LTDA DECORACOES BRANDARIZ LTDA 1730 RUA CAITUBA, 363 1699 RUA FRANCISCA SALES 168/178 CALDELAS ALIMENTOS LTDA 2620 ESTRADA DO CAFUNDA, 3214 2440 EST DE JACAREPAGUA 6660 QTD_EMP DESCRICAO 100 FAB. MAQUINAS P/ AGRICULTURA E CRIACAO DE ANIMAIS 26 FAB. MAT. ELETRONICO - EXC P/ COMUNICACOES 32 FAB. DE MALAS, VALISES E ARTIGOS P/ VIAGEM 17 FAB.DE PROD. DE PADARIA, CONFEITARIA E PASTELARIA 32 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS 35 ABATE DE ANIMAIS 486 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 339 PRODUCAO DE FUNDIDOS DE FERRO E ACO 544 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS 71 BRITAMENTO DE PEDRAS 154 FAB. ARTEFATOS DE BORRACHA NAO CLASSIFICADOS 44 FAB DE MAQ., APAR. OU EQUIP. NAO ESPECIFICADOS 91 FABRICACAO DE ARTIGOS DE METAL NAO ESPECIFICADOS 33 FAB.ART.DE PASSAMANARIA,FITAS,FILOS,RENDAS E BORD. 22 FAB.DE PROD. DE PADARIA, CONFEITARIA E PASTELARIA 207 FAB.ART.DE PASSAMANARIA,FITAS,FILOS,RENDAS E BORD. 57 FABRICACAO DE ARTEFATOS DE PAPEL 15 FABR. E ACAB. DE MOVEIS E ARTIGOS DO MOBILIARIO 359 ABATE DE ANIMAIS ANEXO I (Continuação) Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN) RAZAO ATIVIDADE ENDERECO DATATIPO GRAFICA E EDITORA LTDA 2999 EST. DOS BANDEIRANTES, 10.639 REPLAEX RESINAS PLASTICAS EXTRUDADAS LTDA NOITE FELIZ MODAS E CONFECCOES LTDA COULTER ELECTRONICS IND E COM LTDA 2310 ESTR. DOS BANDEIRANTES, 2179 E 2265 SYNTHELABO ESPASIL QUIMICA E FARMACEUTICA LTDA GUERBET PRODUTOS RADIOLOGICOS LTDA 2099 AV. CANAL DO ARROIO PAVUNA, 600 BOB'S INDUSTRIA E COMERCIO LTDA 2699 ESTR DOS BANDEIRANTES, 4935 SOARES NIPPON INDUSTRIA E COMERCIO LTDA COBRA COMPUTADORES E SISTEMAS BRAS S/A YEN INDUSTRIA E COMERCIO DE OTICA LTDA. 2320 EST DO CAPENHA, 913-PARTE BARGOA CONECTORES IND E COM S/A 1380 ESTRADA CAMORIM, 633 COFIX MOLDES ESCORAMENTOS METAL. LTDA AQUANAUTA EQUIPAMENTOS SUBMARINOS LTDA. WARNER-LAMBERT INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. ENGEGLASS IND. E COM.DE VEICULOS LTDA 1190 ESTRADA MACEMBU, 661 2510 EST DO ENGENHO D'AGUA, 496 2110 EST DO MAPUA 591 2110 RUA ANDRE ROCHA, 3000 1370 AV.COMANDANTE GUARANYS, 447 3023 ESTR. DOS TRES RIOS, 348 1899 AV. TEN-CEL. MUNIZ DE ARAGAO, 1032 2110 EST.MAL.MIGUEL SALAZAR M.DE MORAES,969 1440 ESTR. MIGUEL SALAZAR MENDES DE MORAES, 516 QTD_EMP DESCRICAO 10 EXECUCAO DE SERVICOS GRAFICOS NAO ESPECIFICADOS 26 FABRICACAO DE LAMINADOS PLATICOS 60 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS 37 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 107 FABRICACAO DE PRODUTOS QUIMICOS NAO ESPECIFICADOS 40 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 126 FAB. DE PRODUTOS ALIMENTARES NAO ESPECIFICADOS 121 FAB. ART. DE MATERIAL PLASTICO PARA USO INDUSTRIAL 285 FAB. MAT. ELETRONICO - EXC P/ COMUNICACOES 15 FABRICACAO DE INSTRUMENTOS E DE MATERIAL OTICOS 440 FAB MATERIAL DE COMUNICACOES - INC PECAS E ACESS. 78 FABRICACAO DE ARTIGOS DE METAL NAO ESPECIFICADOS 42 FAB. ARTEFATOS DE BORRACHA NAO CLASSIFICADOS 59 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 20 FABRICACAO DE CARROCERIAS P/ VEICULOS AUTOMOTORES ANIL IND DE BEBIDAS ANTARCTICA DO RJ S/A 2730 EST. DO ENGENHO D'AGUA, 199 1958 FABRICACAO DE CERVEJAS, CHOPES E MALTE ANEXO I (Continuação) Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN) RAZAO ATIVIDADE ENDERECO QTD_EMP DESCRICAO BARRA DA TIJUCA SIMAB S/A 2698 AV DAS AMERICAS 4430 GRUPO 301 PTE JATO AVIACAO RIO LTDA 1472 AV. ALVORADA, 2541 19 FABRICACAO DE RACOES E ALIMENTOS PARA ANIMAIS 26 REPARACAO DE AERONAVES, TURBINAS E MOTORES AVIACAO CURICICA SYNTHELABO ESPASIL QUIMICA E FARMACEUTICA LTDA 2099 ESTRADA DO GUERENGUE, 1851 116 FABRICACAO DE PRODUTOS QUIMICOS NAO ESPECIFICADOS 1380 RUA ALBANO, 313 311 FAB MATERIAL DE COMUNICACOES - INC PECAS E ACESS. MEC PREC MECANICA DE PRECISAO IND E COM LTDA EMPER SISTEMAS PNEUMATICOS LTDA 2320 ESTRADA RODRIGUES CALDAS, 2191 A BIJUTERIAS GRASMUCK LTDA 3099 RUA CONEGO FELIPE, 191/219 69 FAB. ART. DE MATERIAL PLASTICO PARA USO INDUSTRIAL 47 FAB DE MAQ., APAR. OU EQUIP. NAO ESPECIFICADOS 213 FABRICACAO DE ARTIGOS NAO ESPECIFICADOS PRAÇA SECA COOK ELECTRIC TELECOMUNICACOES S/A TAQUARA 1290 ESTRADA DA LIGACAO, 839 ANEXO II PROCESSOS DE EXTRAÇÃO MINERAL Listagem do DNPM Código DNPM Nome Empresa Data -Processo Operacao Situacao legal Material Local Area (ha) 96 890291 EFMUC - Emp. Fornecedora Urban Mat Const Ltda 29/07/96 ativo Licenciamento Argila/Saibro Pechincha 14.240,00 80 890057 Tamoio S.A Comercio e Ind. de Agregados 05/05/80 ativo Licenciamento Gnaisse/Granito Taquara 3.330,00 69 809001 Cia Nacional de Mineracao Granito Tijuca 06/06/69 ativo Concessao Lavra Diorito/Gabro/Granito Taquara 20.000,00 93 890389 Aguaban Ind. e Comercio de Bebidas Ltda 15/07/93 ativo Requerimento de Pesquisa Agua Mineral Pedra da Rosilha 93 890137 Paradiso Aqua Fresh -Ind. Comercio Mineracao e Distribuidora Ltda 14/04/93 ativo Concessao Lavra Agua Mineral Sitio Margarida 76 804426 Celso Guimaraes Fonseca 25/05/76 ativo Alvara de Pesquisa Granito Fazenda Sto Antonio de Curicica 76 810649 G. B. Granitos do Brasil Ltda 18/10/76 ativo Concessao Lavra Granito Taquara 77 802415 Ibrata Mineracao Ltda 28/04/77 ativo Concessao Lavra Granito Vargem Pequena 78 890111 Marmim Ind. Ltda 11/10/78 ativo Concessao Lavra Granito Estrada Paz, s/n - Morro Taquara da Tijuca 73 813398 Gutimpex Importadora e Exportadora Ltda 05/10/73 ativo Concessao Lavra Granito Morro da Marimbeira 73 812773 Marmores e Pedras do Brasil Ltda 24/09/73 ativo Concessao Lavra Granito Taquara do Meio 75 802125 Silva Areal Marmores e Granitos SA 13/03/75 ativo Concessao Lavra Granito Furnas 26.000,00 75 808641 Ibrata Mineracao Ltda 29/09/75 ativo Concessao Lavra Granito Vargem Pequena 12.000,00 46 004719 Mineracao Ind e Com Marapendi S.A 26/01/96 ativo Concessao Lavra Areia para Vidro Restinga Jacarepagua 57 000390 Mineracao Ind e Com Marapendi S.A 16/01/57 ativo Concessao Lavra Areia para Vidro Lagoa Marapendi 58 004245 Empresa de Caolim Ltda 12/06/58 ativo Concessao Lavra Areia para Vidro Barra da Tijuca 94 891285 Ambep Mineracao Ltda 03/11/94 ativo Alvara de Pesquisa Agua Mineral CEDIS 95 890161 Tarcisio de Oliveira e Paula 02/05/95 ativo Requerimento de Pesquisa Areia Km 7,5 Av. das Americas - Restinga 95 890341 Marcel Marmores Com. Exp. Ltda 23/10/95 ativo Requerimento de Pesquisa Agua Mineral Fab. Rica de Tecidos 95 890332 Marcel Marmores Com. Exp. Ltda 11/10/95 ativo Requerimento de Pesquisa Agua Mineral Fabrica de Tecidos 50.000,00 95 890358 SUMACK - Transp. com Terraplanagem Ltda 17/11/95 inativo Licenciamento Saibro Vale do Paraiso Campestre Club 16.000,00 96 890155 Tamoio S.A Comercio e Ind. de Agregados 07/05/96 inativo Licenciamento Granito Estrada da Ligacao 82 890000 Helio Augusto de Carvalho 11/01/82 ativo Alvara de Pesquisa Granito Pedra da Rosilha 82 890246 Ney Lafaiete Conceicao 29/11/82 inativo Alvara de Pesquisa Granito Rio Camorim 81 890289 Silva Areal Marmores e Granitos SA 16/09/81 ativo Alvara de Pesquisa Granito Fazenda do Quitite 82 890017 Aguas Minerais Santa Cruz Ltda 01/02/82 ativo Alvara de Pesquisa Agua Mineral Serra Inacio Dias - Bairro Agua Santa 23,96 84 890024 Silva Areal Marmores e Granitos SA 27/01/84 ativo Alvara de Pesquisa Granito Fazenda Carao 32,75 84 890318 Fontex Importadora e Exportadora Ltda 01/10/84 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Morro do Quilombo 761,25 84 890196 Jorge Alberto Asseis Carneiro 18/07/84 ativo Requerimento de Pesquisa Diorito Morro do Pinheiro 819,31 84 890065 Granitos Brasileiros S.A 08/02/84 ativo Requerimento de Pesquisa Diorito Estrada da Paz s/n - Taquara 84 890296 Fontex Importadora e Exportadora Ltda 14/09/84 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Jacarepagua 84 890192 Jorge Alberto Asseis Carneiro 17/07/84 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Pedra Grande 84 890084 Pedreira Copacabana Ltda 16/02/84 ativo Licenciamento Granito Rua Dr. Odin Gois, 250 - Jacarepagua 4.000,00 0,70 12.500,00 4.000,00 34.000,00 1,89 46.000,00 1,55 0,95 17.000,00 3.000,00 4,48 40.004,00 19,00 3,01 7,51 22,82 5,65 4,00 1.000,00 134,35 31,60 Listagem do DNPM Código DNPM Nome Empresa Data -Processo Operacao Situacao legal Material Local Area (ha) 86 890466 Affonso Rongel Paz Ferreira 29/12/86 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Morro do Bruno 15,02 86 890241 Jorge Alberto Asseis Carneiro 14/07/86 ativo Requerimento de Pesquisa Diorito Pedra de Itanhanga 105,46 86 890065 Haroldo da Fonseca Rodrigues 13/03/86 ativo Alvara de Pesquisa Granito Estrada Velha de Curicica 119,85 86 890462 Fontex Importadora e Exportadora Ltda 23/12/86 ativo Requerimento de Pesquisa Granodiorito Terrenos sem denominacao 86 890050 Alexander Maria F. G. Nei Marcovaldi 07/03/86 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Morro da Pedra Grande 131,30 87 890019 Pasquale Mauro Mineracao e Participacoes Ltda 21/01/87 ativo Requerimento de Pesquisa Areia para Vidro Rio do Marinho 678,44 87 890479 STM - Santorio Terraplanagem Transporte e Mineracao Ltda 02/10/87 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Rua Eng. Pires do Rio 88,96 87 890416 STM - Santorio Terraplanagem Transporte e Mineracao Ltda 16/09/87 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Estrada do Rio Pequeno, s/n 78,38 87 890103 Rubens Maragno 19/02/87 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Estrada Rodrigues Caldas s/n 67,00 88 890095 Joao Vicente Cabral 19/03/88 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Fazenda do Quitite 21,37 88 890287 Josue Alves da Silva 28/06/88 ativo Requerimento de Pesquisa Granodiorito Fazenda do Quitite 32,97 88 890525 Curicica Mineracao Ltda 14/10/88 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Fazenda Sto Antonio de Curicica 76,33 89 890136 Lazaro Xavier Pedreira ativo Requerimento de Pesquisa Granito Boiuna 41,16 80 890224 GIEMAC Mineracao Ltda 29/09/80 ativo Concessao Lavra Granito Morro Muzema - Estrada Jacarepagua 13,36 72 806375 Silva Areal Marmores e Granitos SA 04/04/72 inativo Concessao Lavra Granito Estrada da Sorima - Barra da Tijuca 16,00 73 801499 São Judas Tadeu Granitos e Marmores Ltda 25/01/73 inativo Concessao Lavra Granito Estrada do Soberbo 1,04 73 800548 Gutimpex Importadora e Exportadora Ltda 09/01/73 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Taquara 4,00 78 890108 E. B. Moreira Marmores e Granitos Ltda 10/10/78 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Estrada da Faz. s/n 2,00 83 890166 Horacio Mello da Almeida 20/06/83 inativo Alvara de Pesquisa Granito Estrada do Quitite - Jacarepagua 84 890151 Neydce dos Santos Faria 05/06/84 inativo Alvara de Pesquisa Granito Morro do Calemba 84 890408 Jorge Alberto Asseis Carneiro 12/12/84 inativo Requerimento de Pesquisa Migmatito Serra da Rosilha e Morro do Calemba 84 890156 Tamoio S.A Comercio e Ind. de Agregados 07/06/84 inativo Alvara de Pesquisa Granito Estrada da Ligacao 84 890384 Fontex Importadora e Exportadora Ltda 14/11/84 inativo Requerimento de Pesquisa Migmatito Morro Dois Irmaos - Pedras Negra e Grande 85 890098 Alcides Paulo Gaeta 05/03/85 inativo Requerimento de Pesquisa Gnaisse Sitio do Clube ASIBC 86 890302 Ibrata Mineracao Ltda 02/09/86 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Vargem Pequena 86 890056 Ney Lafaiete Conceicao 11/03/86 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Morro Pau da Fome 86 890163 Paulo Jorge de Miranda Prata 22/05/86 inativo Alvara de Pesquisa Granito Sitio do Cacambe ou do Prata 87 890104 Haroldo da Fonseca Rodrigues 19/02/87 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Fazenda Sto Antonio de Curicica 88 890688 Intergranit Mineracao Ltda 26/12/88 inativo Granodiorito Estrada de Curicica 88 890307 Alcides Paulo Gaeta inativo Requerimento de Pesquisa Gnaisse Sitio do Clube ASIBC 38,96 89 890955 CEDET - Engenharia Ltda 13/10/89 inativo Requerimento de Pesquisa Conchas Calcarias Av. Alvorada - Ponte Placido de Castro 44,00 90 890399 GIEMAC Mineracao Ltda 11/09/90 inativo Requerimento de Pesquisa Gnaisse Av. Arenopolis 16,48 12,45 17,24 372,90 6,15 991,27 38,96 21,50 204,25 9,76 76,33 102,33 2,78 ANEXO III DISTRIBUIÇÃO DAS FREQUÊNCIAS DOS VENTOS ANO Freqüência e velocidade média dos ventos Direção Total Velocidade média, por direção Freqüência Freqüência Velocidade absoluta relativa (%) média (nós) 1.735 100,0 4,62 N 10,00 8,00 NO NE 6,00 N NE E SE S SO O NO 122 415 173 58 223 385 339 20 7,0 23,9 10,0 3,3 12,9 22,2 19,5 1,2 5,31 5,18 3,94 3,77 4,44 4,04 4,92 4,86 4,00 2,00 O E - SO SE S Velocidade dos ventos N, segundo as classes % Classes Freqüência Freqüência (nós) absoluta relativa (%) Total 122 100,0 0 #REF! 1a2 2 1,6 2a3 13 10,7 3a4 17 13,9 4a5 18 14,8 5a6 32 26,2 6a7 16 13,1 7a8 10 8,2 8a9 10 8,2 9 a 10 1 0,8 10 a 11 3 2,5 Classes de velocidade dos ventos - N 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Velocidade dos ventos NE, segundo as classes Classes Freqüência Freqüência (nós) absoluta relativa (%) Total 415 100,0 0 #REF! 1a2 6 1,4 2a3 31 7,5 3a4 57 13,7 4a5 104 25,1 5a6 86 20,7 6a7 67 16,1 7a8 36 8,7 8a9 24 5,8 9 a 10 3 0,7 10 a 11 1 0,2 % Classes de velocidade dos ventos - NE 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 0 1 2 4 3 5 6 7 9 8 10 11 Velocidade dos ventos E, segundo as classes Classes Freqüência Freqüência (nós) absoluta relativa (%) Total 173 100,0 0 0a1 3 1,7 1a2 12 6,9 2a3 27 15,6 3a4 53 30,6 4a5 36 20,8 5a6 21 12,1 6a7 11 6,4 7a8 8 4,6 8a9 2 1,2 Classes de velocidade dos ventos - E % 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 0 1 2 3 5 4 6 9 8 7 Velocidade dos ventos SE, segundo as classes Classes Freqüência Freqüência (nós) absoluta relativa (%) Total 58 100 1a2 7 12 2a3 14 24 3a4 16 28 4a5 6 10 5a6 7 12 6a7 5 9 7a8 2 3 8a9 9 a 10 1 2 Classes de velocidade dos ventos - SE % 30 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Velocidade dos ventos S, segundo as classes Classes Freqüência Freqüência (nós) absoluta relativa (%) Total 223 100,0 0 0a1 2 0,9 1a2 12 5,4 2a3 42 18,8 3a4 50 22,4 4a5 39 17,5 5a6 24 10,8 6a7 25 11,2 7a8 17 7,6 8a9 6 2,7 9 a 10 3 1,3 10 a 11 2 0,9 11 a 12 1 0,4 Classes de velocidade dos ventos - S % 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Velocidade dos ventos SO, segundo as classes Classes Freqüência Freqüência (nós) absoluta relativa (%) Total 385 100,0 0 0a1 1 0,3 1a2 24 6,2 2a3 78 20,3 3a4 111 28,8 4a5 77 20,0 5a6 48 12,5 6a7 19 4,9 7a8 14 3,6 8a9 7 1,8 9 a 10 4 1,0 10 a 11 1 0,3 11 a 12 1 0,3 Classes de velocidade dos ventos - SO % 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Velocidade dos ventos O, segundo as classes Classes Freqüência Freqüência (nós) absoluta relativa (%) Total 339 100,0 0 0a1 3 0,9 1a2 5 1,5 2a3 42 12,4 3a4 69 20,4 4a5 94 27,7 5a6 37 10,9 6a7 35 10,3 7a8 23 6,8 8a9 15 4,4 9 a 10 7 2,1 10 a 11 4 1,2 11 a 12 1 0,3 12 a 13 3 0,9 13 a 14 1 0,3 Classes de velocidade dos ventos - O % 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Velocidade dos ventos NO, segundo as classes Classes Freqüência Freqüência (nós) absoluta relativa (%) Total 20 100,0 2a3 2 10,0 3a4 5 25,0 4a5 3 15,0 5a6 6 30,0 6a7 3 15,0 7a8 8a9 1 5,0 Classes de velocidade dos ventos - NO % 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0 2 3 4 5 6 7 8 9 ANEXO IV DESENHOS 655000 660000 665000 670000 673000 MORRO CACHAMBI 7467000 7467000 CEDAE PRA}A SECA MORRO DA CAIXA D`A'GUA MORRO SA~O JOSE' MORRO DA REUNIA~O MORRO DA COVANCA 679000 675000 7465000 7465000 TANQUE SE RR A DO FAZENDA TAQUARA S FURNAS PRETOS FORROS TAQUARA MORRO MONTE ALEGRE CONDOMI'NIO VALE DOS CALHARES PEDREIRA COPACABANA PEDRAGRANDE TO SAN IRO E T OU PECHINCHA MERCK MORROPAUDA FOME FREGUESIA MORRO DO ELEFANTE JACAREPAGUÁ XVI-RA MORRO DE SANTA BA'RBARA MORRO DO QUILOMBO PAVILHA~O AGRI'COLA COLO^NIA JULIANO MOREIRA MORRO DA PENA PEDRA DO QUILOMBO S TRE CURICICA S DO RIO SHOPPING MORRO DA PEDRA DO PADRE JARDIM IV CENTENA'RIO MORRO DA HELENA MORRO DOS CABOCLOS MORRO DO CAMORIM 648000 DO GU NO A RR SE PEDRA DO CONDE A EIR SI'TIO DOIS IRMA~OS MORRO DOIS IRMA~OS CURICICA A RR SE 650000 BICO DO PAPAGAIO ANIL PROJAC VARGEM GRANDE GARDE^NIA AZUL VILA CALMETE 7460000 JACAREPAGUA' CIDADE DE DEUS MORRO DO CABUNGUI WICK BOLD SHERING PLOUGH ACHE' ANTARCTICA PEDRANEGRA TERMINAL RODOVIA'RIO 7460000 MORRO MATA CAVALO PROJAK BOSQUE DOS ESQUILOS JARDIM CLARICE LIXA~O SANTA MAURA CAMORIM DO SERR A PER I ALTO COND. DA AERONA'UTICA VARGEM PEQUENA PEDRA DA ROSILHA ROSIL H A RR SE A MORRO DA MARIMBEI POLO DE CINE E VI'DEO AUTO'DROMO INTERNACIONAL NELSON PIQUET GLAXO QUINTA DO ITANHANGA' COND. FLORESTA DA BARRA CASA DE REPOUSO MORRO DO BRUNO A'REA DE LAZER MORRO DA MUZEMA VIA PARQUE PISTA INFRAERO MORRO CANTAGALO FAC. NUNO LISBOA BOA VISTA ALTO DA BOA VISTA RIO CENTRO MORRODOCALEMBA DA ZONA DE PEDRAS COND. RIO 2 MORRO DO OUTEIRO BACIMEC MORRO TIJUCA VIII-RA MORRO DO PINHEIRO MORRO DA PANELA FAZ. ALEGRIA Pico do Morgado JACAREPAGUA' VILA VERDE RENAULT GUANAUTO TERRA ENCANTADA ITANHANGA' MORRO DO PICA-PAU AEROPORTO TYCON RIO SPORT CENTER M.A.E.R. MAKRO FEEMA novo horizonte BARRA DA TIJUCA XXIV-RA CNEN MORRO PEDRA BONITA ITANHANGA' GOLF CLUB CASA SHOPPING MORRO AMORIM PEDRA DO CAMPING ITANHANGA' HOSPITAL HELI PORTO VAZADOURO DA COMLURB INTERLAGOS DE ITAU'NA RIO MAR MORRO DO PORTELO SANTA MO^NICA SANTA MARIA BARRA DA TIJUCA NOVO LEBLON MANDALA PARK PRA}A PALACE BARRA SUL PONTO~ES DA BARRA VIVENDAS DO SOL JARDIM BARRA DA TIJUCA FREE WAY FAZENDA CLUBE MARAPENDI PARQUE NOVA IPANEMA DAS ROSAS UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA MALIBU 7455000 CENTRO DE TREINAMENTO ZICO CARREFOUR BARRA SHOPPING ESPA}O DE CULTURA E LAZER Pedra da Gavea MORRO DO FOCINHO PAES MENDON}A EST. ENERGIA ELE'TRICA RECREIO DOS BANDEIRANTES MORRO DO COCHRANE CONDOMI'NIO PEDRA DE ITAU'NA BARRA GARDEM PORTO DOS CABRITOS RIVIERA CITTA'' CENTRO MAR SUL DEI FIORI AME'RICA DA BARRA BOM ATAYDEVILLEJARDIM MARCHE'DOWN TOWN SANTA LUCIA CLUBE DA BARRA ATAYDEVILLE SANTA HELENA 7455000 BARRA POINT LAGOS BARRA BELA BARRA BALI CONDOMI'NIO CRISTAL LAKE VILAGE MARAPENDI GOLDEN BALI ALFA BARRA VIVENDA ATLA^NTICO SUL COUNTRY CLUB BARRA DA TIJUCA BARRA GOLDEM GREEN IGREJA VILA BALNEA'RIO POLYGRAN JARDIM OCEA^NICO JOA' COROA JOATINGA NOVO COUNTRY CAMPING CLUB RECREIO DOS BANDEIRANTES CONDOMI'NIO RECANTO DAS GAR}AS MORRO S. ANTONIO DA BICA c CONDOMI'NIO MIRAMAR OCEANO MORRO DO RANGEL MORRO DO CAETE MORRO DAS PIABAS ATLA^NTICO COND. LA PLACE C.C.B. MORRO DA BOA VISTA MORRO DO PONTAL GRUMARI PEDRA DOS CABRITOS GARGANTA GRUMARI 7450000 655000 660000 665000 670000 7451000 679000 675000 7450000 MORRO DO GRUMARI MAPA DE RISCO 7447500 648000 650000 7447500 Texto.dgn Text 0 Text 1 Grid.shp Jc-grid.dgn Text 0 Limite da macrobacia.shp Limite serra-baixada.shp Hidrografia.shp Principais vias.shp Risco-zona ruptura declive.shp Risco-zonas criticas inundacao.shp Risco-zonas criticas movimentos massa.shp Risco-zonas passiveis inundacao marginal.shp c Estacao elevatoria-construcao.shp Espelho dagua.shp 2000 0 2000 4000 Meters 655000 660000 665000 670000 673000 MORRO CACHAMBI 7467000 7467000 CEDAE PRA}A SECA MORRO DA CAIXA D`A'GUA MORRO SA~O JOSE' MORRO DA REUNIA~O MORRO DA COVANCA 679000 675000 7465000 7465000 TANQUE SE RR A DO FAZENDA TAQUARA S FURNAS PRETOS FORROS TAQUARA MORRO MONTE ALEGRE CONDOMI'NIO VALE DOS CALHARES PEDREIRA COPACABANA PEDRAGRANDE TO SAN IRO E T OU PECHINCHA MERCK MORROPAUDA FOME FREGUESIA MORRO DO ELEFANTE JACAREPAGUÁ XVI-RA MORRO DE SANTA BA'RBARA MORRO DO QUILOMBO PAVILHA~O AGRI'COLA COLO^NIA JULIANO MOREIRA MORRO DA PENA PEDRA DO QUILOMBO S TRE CURICICA S DO RIO SHOPPING MORRO DA PEDRA DO PADRE JARDIM IV CENTENA'RIO MORRO DA HELENA MORRO DOS CABOCLOS MORRO DO CAMORIM 648000 DO GU NO A RR SE PEDRA DO CONDE A EIR SI'TIO DOIS IRMA~OS MORRO DOIS IRMA~OS CURICICA A RR SE 650000 BICO DO PAPAGAIO ANIL PROJAC VARGEM GRANDE GARDE^NIA AZUL VILA CALMETE 7460000 JACAREPAGUA' CIDADE DE DEUS MORRO DO CABUNGUI WICK BOLD SHERING PLOUGH ACHE' ANTARCTICA PEDRANEGRA TERMINAL RODOVIA'RIO 7460000 MORRO MATA CAVALO PROJAK BOSQUE DOS ESQUILOS JARDIM CLARICE LIXA~O SANTA MAURA CAMORIM DO SERR A PER I ALTO COND. DA AERONA'UTICA VARGEM PEQUENA PEDRA DA ROSILHA ROSIL H A RR SE A MORRO DA MARIMBEI POLO DE CINE E VI'DEO AUTO'DROMO INTERNACIONAL NELSON PIQUET GLAXO QUINTA DO ITANHANGA' COND. FLORESTA DA BARRA CASA DE REPOUSO MORRO DO BRUNO A'REA DE LAZER MORRO DA MUZEMA VIA PARQUE PISTA INFRAERO MORRO CANTAGALO FAC. NUNO LISBOA BOA VISTA ALTO DA BOA VISTA RIO CENTRO MORRODOCALEMBA DA ZONA DE PEDRAS COND. RIO 2 MORRO DO OUTEIRO BACIMEC MORRO TIJUCA VIII-RA MORRO DO PINHEIRO MORRO DA PANELA FAZ. ALEGRIA Pico do Morgado JACAREPAGUA' VILA VERDE RENAULT GUANAUTO TERRA ENCANTADA ITANHANGA' MORRO DO PICA-PAU AEROPORTO TYCON RIO SPORT CENTER M.A.E.R. MAKRO FEEMA novo horizonte BARRA DA TIJUCA XXIV-RA CNEN MORRO PEDRA BONITA ITANHANGA' GOLF CLUB CASA SHOPPING MORRO AMORIM PEDRA DO CAMPING ITANHANGA' HOSPITAL HELI PORTO VAZADOURO DA COMLURB INTERLAGOS DE ITAU'NA RIO MAR MORRO DO PORTELO SANTA MO^NICA CARREFOUR BARRA SHOPPING ESPA}O DE CULTURA E LAZER SANTA MARIA BARRA DA TIJUCA NOVO LEBLON BARRA SUL PONTO~ES DA BARRA CENTRO DE TREINAMENTO ZICO MANDALA PARK PRA}A PALACE VIVENDAS DO SOL FREE WAY FAZENDA CLUBE MARAPENDI PARQUE NOVA IPANEMA DAS ROSAS UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA MALIBU 7455000 JARDIM BARRA DA TIJUCA Pedra da Gavea MORRO DO FOCINHO PAES MENDON}A EST. ENERGIA ELE'TRICA RECREIO DOS BANDEIRANTES MORRO DO COCHRANE CONDOMI'NIO PEDRA DE ITAU'NA BARRA GARDEM PORTO DOS CABRITOS RIVIERA CITTA'' CENTRO MAR SUL DEI FIORI AME'RICA DA BARRA BOM ATAYDEVILLEJARDIM MARCHE'DOWN TOWN SANTA LUCIA CLUBE DA BARRA ATAYDEVILLE SANTA HELENA 7455000 BARRA POINT LAGOS BARRA BELA BARRA BALI CONDOMI'NIO CRISTAL LAKE VILAGE MARAPENDI GOLDEN BALI ALFA BARRA VIVENDA ATLA^NTICO SUL COUNTRY CLUB BARRA DA TIJUCA BARRA GOLDEM GREEN VILA BALNEA'RIO IGREJA POLYGRAN JOA' JARDIM OCEA^NICO COROA JOATINGA NOVO COUNTRY CAMPING CLUB RECREIO DOS BANDEIRANTES CONDOMI'NIO RECANTO DAS GAR}AS MORRO S. ANTONIO DA BICA c CONDOMI'NIO MIRAMAR OCEANO MORRO DO RANGEL MORRO DO CAETE MORRO DAS PIABAS ATLA^NTICO COND. LA PLACE C.C.B. MORRO DA BOA VISTA MORRO DO PONTAL GRUMARI PEDRA DOS CABRITOS GARGANTA GRUMARI 7450000 655000 7450000 MORRO DO GRUMARI 7447500 648000 650000 7447500 660000 665000 Texto.dgn Text 0 Text 1 Grid.shp Jc-grid.dgn Text 0 Limite da macrobacia.shp Limite serra-baixada.shp Hidrografia.shp Principais vias.shp c Estacao elevatoria-construcao.shp Espelho dagua.shp Geologia.shp Embasamento cristalino Remanescentes de sedimentos pliocenicos Leques aluviais Camadas de areias pretas Areias de fundo de enseada Cordoes de praia de enseada Restinga interna Cuspides de laguna interna Cordoes de laguna Leques de arrombamento Cordoes meia-lua de arrombamento Cordoes litoraneos paralelos Restinga externa Cuspides de laguna externa Mangue Turfa Praia atual Talus 670000 7451000 679000 675000 MAPA GEOLÓGICO 2000 0 2000 4000 Meters