02/10/2013 Ewaldo Luiz de Mattos Mehl Departamento de Engenharia Elétrica [email protected] 1 Agenda: Materiais condutores Elétrons livres Natureza da corrente elétrica nos metais Corrente elétrica Densidade da corrente elétrica Velocidade de deriva Resistência elétrica Lei de Ohm Variação da resistividade com a temperatura 2 1 02/10/2013 Condutores Isolantes Materiais usados em Engenharia Elétrica Semicondutores Magnéticos 3 A carga elétrica do elétron é igual à carga do próton, porém de sinal contrário: O elétron possui carga elétrica negativa (-) O próton possui carga elétrica positiva (+) O nêutron não possui carga elétrica, isto é, a sua carga é nula. Obs.: a atribuição da carga NEGATIVA para o elétron e a POSITIVA para o próton é uma mera convenção, fruto da denominação lançada por Benjamin Franklin em 1752, que passou a chamar a carga elétrica VÍTREA de POSITIVA e a RESINOSA de NEGATIVA! 4 2 02/10/2013 A órbita eletrônica ou camada mais afastada do núcleo é a camada de valência. Os elétrons dessa camada são chamados de elétrons de valência. Num átomo, o número máximo de elétrons de valência é de oito. Elétron de valência Quando um átomo tem oito elétrons de valência diz-se que o átomo tem estabilidade química (ou estabilidade molecular). 5 Os átomos com 1, 2 ou 3 elétrons de valência têm uma certa facilidade em cedê-los já que a sua camada de valência está muito incompleta (para estar completa deveria ter 8 elétrons de valência). Por exemplo, um átomo de cobre tem um elétron de valência o que faz com que ele ceda com muita facilidade esse elétron (elétron livre). Número atômico do cobre = 29 (número total de elétrons no átomo) K=2 L=8 M=18 N=1 2n2 = 2x12 = 2 2n2 = 2x22 = 8 2n2 = 2x32 = 18 29P K L M N 6 3 02/10/2013 Metais são constituídos de cátions (íons positivos) densamente compactados e tendo entre eles uma “nuvem de elétrons livres” Todos os átomos do metal compartilham os elétrons livres Os elétrons livres da “nuvem de elétrons” não estão ligados a nenhum átomo em particular Sólidos metálicos: Devido à presença de elétrons livres em grande quantidade, os metais são bons condutores elétricos e térmicos. Apresentam geralmente ruptura dúctil na temperatura ambiente (= a fratura só ocorre após os materiais terem sofridos significativos níveis de deformação permanente): os elétrons livres atuam como se fosse uma “graxa” entre os átomos. A ligação metálica pode ser fraca ou forte e, consequentemente, os pontos de fusão e de ebulição do metal podem ser baixos ou elevados. A alta deformabilidade conduz a altos coeficientes de expansão térmica Possuem brilho metálico: como os elétrons das ligações metálicas são muito móveis eles trocam de nível energético com facilidade, emitindo fótons com facilidade. 8 4 02/10/2013 Corrente elétrica + Corrente elétrica é o movimento ordenado de cargas elétricas » nos metais, os elétrons circulam do terminal NEGATIVO para o terminal POSITIVO do campo elétrico produzido pela fonte de tensão E I sentido real do fluxo de elétrons sentido convencional da corrente elétrica ddp =(VA – VB) + + + A Convencionalmente definimos a corrente elétrica como a direção do fluxo de cargas positivas (que, no caso dos metais, na verdade são imóveis!) » Corrente elétrica convencional 9 Q é a quantidade de carga que atravessa a área A no intervalo de tempo t: I média Q t Corrente elétrica instantânea: I I lim t 0 Q dQ t dt Unidade no SI: ampère (A): 1 A = 1 C/s 5 02/10/2013 Unidade no SI: ampère (A): 1 A = 1 C/s Em algumas situações podemos ter dois ou mais tipos de partículas que se deslocam, com cargas de ambos os sinais! ++ + + + + Solução líquida iônica Gás ionizado + + + + Cristal semicondutor 12 6 02/10/2013 I média A = área da seção transversal Q t t = 2s I lim t 0 Q dQ t dt Nº elétrons Carga “e” -19 Q (C) I (A)= Q/2 s -19 0,8.10 -19 -19 -19 01 1,6.10 02 1,6.10 3,2.10 1,6.10 -19 1,6.10 4,8.10-19 3,2.10 -19 1,6.10 -19 03 Modelo estrutural: relaciona a corrente macroscópica ao movimento das partículas carregadas A Volume do cilindro : V Ax q+ q+ q+ n x N V nº de portadores móveis de cargas unidade de volume número de portadores no elemento de volume: N nV nAx A carga total móvel Q neste volume é: Q = número de portadores carga por portador = Nq (nAx )q 7 02/10/2013 Os portadores se deslocam ao longo do comprimento do condutor com uma velocidade média constante chamada de velocidade de migração (ou velocidade de deriva - drift) vd Distância percorrida pelos portadores de carga num intervalo de tempo t xd = vdt Supomos I xd x Q nqvd A t Q Nq (nAx )q (nAvd t )q relaciona uma corrente I macroscópica com elementos microscópicos da corrente n, q, vd Representação esquemática do movimento em ziguezague de um portador de carga num condutor As mudanças de sentido são devidas a colisões com a estrutura cristalina do condutor. A resultante do movimento dos elétrons está na direção oposta à direção do campo elétrico! • Quando não existe ddp através do condutor, os elétrons do condutor realizam movimento aleatório similar àquele das moléculas de gás. • Esse movimento aleatório está relacionado à temperatura do condutor. 8 02/10/2013 Representação esquemática do movimento em ziguezague de um portador de carga num condutor • Quando existe ddp o movimento dos elétrons devido à força elétrica é sobreposto ao seu movimento aleatório para fornecer uma velocidade média cujo módulo é a velocidade de migração, vd • Quando os elétrons colidem com a estrutura cristalina do metal durante o seu movimento, transferem energia para os átomos, causando um aumento da energia de vibração dos átomos aumento da temperatura. Representação esquemática do movimento em ziguezague de um portador de carga num condutor A energia no instante em que a ddp é aplicada: é a energia potencial elétrica associada ao campo elétrico. • Esta energia é transformada em energia cinética pelo trabalho realizado pelo campo elétrico sobre os elétrons. • Quando os elétrons colidem com os átomos do metal, uma parte da energia cinética é transferida para os átomos, energia essa que portanto se soma à energia interna do sistema aumento da temperatura. • 9 02/10/2013 J I nqvd A nqvd A A Unidades do SI: ampères por metro quadrado: A m2 podemos generalizar a ideia de densidade de corrente para qualquer tipo de corrente , esteja ou não confinada a um condutor J I nqvd A nqvd A A Unidades do SI: ampères por metro quadrado: A m2 Fio de cobre isolado: 4 A∙mm−2 Fio de cobre nú exposto ao ar: 6 A∙mm−2 Fio de cobre estanhado em um transformador: 2 A∙mm−2 Trilha externa de um circuito impresso, placa de 1 onça: 28,54 g de Cu por pé-quadrado (30,48 cm X 30,48 cm) = (espessura de 35 µm): 35 A∙mm−2 Silício policristalino dentro de um CI: 1 mA∙µm−2 Descarga de um flash fotográfico: 1000 A∙cm−2 Descarga atmosférica: > 4000 A∙cm−2 10 02/10/2013 Questão: Um fio de cobre cuja área de seção transversal é 3,00 x 10 -6 m2 está sendo percorrido por uma corrente constante de 10,0 A. Calcule a velocidade de deriva dos elétrons neste fio. Dados: densidade do cobre: 8,95 g/cm3 massa molar do cobre: 63,5 g/mol Constante de Avogadro: 6,02 × 1023 carga do elétron: 1,60 × 10-19 C M 63,5g/mol V 7,09cm 3/mol Solução: 8,85 g/cm 3 O volume ocupado por 1 mol de cobre é: Um mol de qualquer substancia contém um número de átomos igual à Constante de Avogadro. Se consideramos então que cada átomo de cobre contribui com um elétron livre para o condutor, a densidade de elétrons livres no cobre é: n 6 3 6,02 1023eletrons/mol 22 3 10 cm 8 , 48 10 eletrons/c m 1 m3 7,09cm 3/mol n 8,48 1028 elétrons/m 3 Questão: Um fio de cobre cuja área de seção transversal é 3,00 x 10 -6 m2 está sendo percorrido por uma corrente constante de 10,0 A. Calcule a velocidade de deriva dos elétrons neste fio. Solução (continuação): A densidade de corrente relaciona-se com a velocidade de deriva pela equação: J I nqvd A nqvd A A portanto: vd J I nq nq A De onde se calcula finalmente a velocidade de deriva: vd J I nq nq A 10C/s (8,48 10 m )(1,60 1019 C)(3 106 m 2 ) 28 3 2,46 104 m/s 11 02/10/2013 Vd está relacionada com o campo elétrico, E no fio se E aumentar, a Fe sobre os elétrons é mais forte e vd aumenta V E assim I V Podemos escrever essa proporcionalidade como I V = IR A constante de proporcionalidade R é chamada de resistência elétrica do condutor V Esta resistência é causada por colisões dos elétrons com os átomos do condutor V Unidade SI: volt/ ampère, chamada de ohm () R E I I RESISTÊNCIA 23 R 24 12 02/10/2013 Verificou-se experimentalmente que para muitos materiais, incluindo os metais, a resistência é constante para grande parte das tensões aplicadas. Esse comportamento é conhecido como lei de Ohm em homenagem a Georg Simon Ohm (1787-1854) foi a primeira pessoa a fazer um estudo sistemático da resistência elétrica. A lei de Ohm não é uma lei fundamental da natureza, mas uma relação empírica válida somente para determinados materiais e dispositivos, sob uma escala limitada de condições V IR I V R O declive é m 1 R (a) (b) a) Curva da corrente em função da tensão para um dispositivo ôhmico. A curva é linear e o declive fornece a resistência do condutor : 2 10 3 1 1 m 10 3 R 3 1000 2 m 10 b) Uma curva não linear da corrente em função da tensão para um díodo semicondutor. 25 Esse dispositivo não obedece à lei de Ohm. A resistência de um fio condutor ôhmico é proporcional ao seu comprimento e inversamente proporcional à sua área de seção transversal: R A resistividade do material Unidades da resistividade : ohm-metro (.m ) comprimento do fio Condutividade tem a unidade ( m )-1 1 R A 26 13 02/10/2013 Exemplo: Um condutor de alumínio tem 300 m de comprimento e 2 mm de diâmetro. Calcule a sua resistência elétrica. Dados: Comprimento do fio: L=300 m diâmetro do fio: D=2 mm resistividade do alumínio: 2,810-8 -m. Solução: d = 2mm r = 1mm A = .r2 = (3,1415)(1mm)2 = 3,14 mm2 = 3,1410-6 m2 Considerando a resistividade expressa em [ m]. Nesse caso o comprimento deve estar expresso em [m], e a área da seção em [m 2]. Portanto substituindo na expressão da resistência, resulta: 2,8 108 300 R 2,67 A 3,14 106 27 É mais comum que a resistividade seja expressa em [.mm²/m]. Cu = 1,7 x 10-8 [ m] = 1,7 x 10-2 [.mm²/m] Al = 2,8 x 10-8 [ m] = 2,8 x 10-2 [.mm²/m] Ag = 1,6 x 10-8 [ m] = 1,6 x 10-2 [.mm²/m] Nesse caso o comprimento do condutor deve estar expresso em [m], e a área da seção em [mm2]. Portanto substituindo na expressão da resistência, resulta: 2,8 102 300 R 2,67 A 3,14 28 14 02/10/2013 Exemplo: Um fio de cobre tem 2mm de diâmetro. Aplicando-se uma tensão de 10V resulta uma corrente de 1A. Qual o comprimento do fio ? Dados: diâmetro do fio: d = 2 mm resistividade do cobre = 1,710-8 [-m] = 1,710-2 [.mm²/m] tensão = 10V corrente = 1A Solução: d = 2mm r = 1mm A = .r2 = (3,1415)(1mm)2 = 3,14 mm2 = 3,1410-6 m2 R U 10[V] 10 I 1[A] R A 10[] 3,14[mm 2 ] R 1847m 2 A 2 mm 1,7 10 m 29 A resistividade depende de vários fatores, um dos quais é a temperatura. É de se esperar que a resistividade AUMENTE com a temperatura, uma vez que com o aumento da temperatura os átomos movem-se mais rapidamente. aumento de colisões entre os elétrons 0 1 T T0 livres e os átomos Fio quente Fio frio T0 293 K temperatura de referência coeficiente de variação da resistividade com a temperatura 0 como R A R resistividade para T T0 R R0 1 T T0 A resistividade do cobre em função de T 30 15 02/10/2013 Condutores, semicondutores e dielétricos 31 Condutores, semicondutores e dielétricos Porquê? 32 16 02/10/2013 Importância em Engenharia Elétrica • Cobre • Alumínio • Chumbo • Estanho Metais puros • Níquel • Grafite • Ouro • Prata • Latão • Bronze Ligas metálicas • Sn+Pb 34 17