1 2 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica EDITORIAL E stamos às vésperas do VIII CONABRO e VIII Encuentro Latinoamericano de Radiología Dento Maxilo Facial, promovido pela Associação Brasileira de Radiologia Odontológica, que será realizado de 19 a 23 de outubro na cidade de Gramado-RS. O CONABRO consiste no mais expressivo evento da área de diagnóstico por imagens em Odontologia do Brasil, que em 2010 ocorrerá concomitantemente ao evento latinoamericano da mesma área. A especialidade tem apresentado um recente avanço tecnológico que precisa ser sustentado em forte base filosófica de modelo de atenção em saúde. Desta forma, o objetivo principal do evento consiste no estímulo e divulgação do desenvolvimento científico e tecnológico, assim como a discussão do paradigma de atuação vigente no Brasil e na América Latina. A Radiologia Odontológica tem também apresentado notável crescimento na produção científica qualificada, especialmente decorrente das parcerias de programas de pós-graduação brasileiros com centros de pesquisa de outros países. Desta forma, o evento propicia também o encontro de estudantes e pesquisadores com os convidados estrangeiros, oportunizando o estabelecimento e o fortalecimento de colaborações. O programa científico engloba todas as áreas de atuação EXPEDIENTE Revista da ABRO – órgão de divulgação científica da Associação Brasileira de Radiologia Odontológica (www.abro.org.br), que tem como objetivo a publicação de artigos de pesquisa básica e aplicada, artigos de atualização e casos clínicos no campo da Radiologia Odontológica. Distribuída gratuitamente aos associados, faculdades de Odontologia e associações cadastradas na ABRO. O título abreviado do periódico é Rev ABRO. Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Presidente Dr. Manoel Perboyre Gomes Castelo Vice-Presidente Dra. Marta Suzana Holanda de Sá 1º Tesoureiro Dr. Perboyre Gomes Castelo Júnior 2º Tesoureiro Dr. José Osmar Vasconcelos Filho 1º Secretário Dra. Sandra Régia Albuquerque Ximenes 2º Secretário Dr. Lúcio Mitsuo Kurita Conselho fiscal Titulares Dr. Frab Norberto Bóscolo Dr. João Batista Sobrinho do Nascimento Neto Dr. José Ribamar de Azevedo Suplentes Dr. Mike Bueno Dra. Luciane Farias de Araújo Dr. Paulo Sérgio Flores Campos Corpo Editorial Editor responsável Solange Maria de Almeida - FOP/UNICAMP Editores Associados Frab Norberto Bóscolo – FOP/UNICAMP Francisco Haiter Neto – FOP/UNICAMP Paulo Sérgio Flores Campos – FO/UFBA Consultores Científicos Ana Lúcia Alvares-Capelozza – FOB/USP Adriana Dibo da Cruz – FOUFF-NF/RJ da Radiologia Odontológica e maioria dos temas propostos não será abordada na forma tradicional de cursos, e sim como mesa-redonda com debatedores do Brasil, da América Latina e da Europa ou Estados Unidos, na perspectiva de integrar as diversas experiências a nível mundial. Serão realizadas também reuniões para se debater o ensino de Radiologia Odontológica na perspectiva da integralidade de formação e como modelo de atenção em saúde. Além desta programação, o evento terá cursos, reuniões de trabalho e apresentação de trabalhos na forma oral e de pôster, por estudantes e profissionais. Espera-se expressiva participação da comunidade científica e de profissionais com atuação na área. O programa contempla a participação de outros estudantes e profissionais (que não radiologistas) da odontologia e da medicina, assim como de pessoal de nível técnico. A Comissão Organizadora empreenderá todos os esforços para fazer deste mais um evento com o padrão de qualidade ABRO, integrando ciência, tecnologia e agradável convívio. Esperamos tê-los conosco! Profa. Dra. Vania Fontanella Presidente da Comissão Organizadora do VIII CONABRO e VIII Encuentro Latinoamericano de Radiología Dento Maxilo Facial Benjamin Martinez Rondanelli – Universidad Mayor (Chile) Claúdio Costa – FO/USP Deborah Queiroz de Freitas – UNIARARAS/SP Eduardo Sannomiya – Universidade Metodista de São Paulo Elismauro Francisco de Mendonça – FO/UFG Emiko Saito Arita – FO/USP Fabrício Mesquita Tuji – FO/UFPA Fernando Henrique Westphalen – PUC/PR Flávia Maria de Moraes Ramos Perez - FO/UFPE Gulnara Scaf – FOA/UNESP Israel Chilvarquer – FO/USP Isabel Regina Fischer Rubira Bullen – FOB/USP Jane Luiza Freire Matos – FO/UFBA João Batista Sobrinho do Nascimento Neto – FOP/PE Júlio César de Melo Castilho – FOSJC/UNESP Karina Lopes Devito – FO/UFJF Marcelo de Gusmão Paraíso Cavalcante – FO/USP Márcia Rejane Brucker – PUC/RS Maria Luiza dos Anjos Pontual – FO/UFPB Mari Eli Leonelli de Moraes – FOSJC/UNESP Marlene Fenyo Pereira – FO/USP Monica Costa Armond – UNINCOR/MG Márcio Correa - FO/UFSC Nilson Pena Segundo Neto - FO/UFBA Paulo Sérgio Flores Campos-FO/UFBA Plauto Christopher Aranha Watanabe – FORP/USP Rívea Inês Ferreira – UNICID/SP Sérgio Lúcio Pereira de Castro Lopes - FO/UFPEL Vânia Regina Camargo Fontanella – ULBRA-FO/UFRS Jornalista Responsável Fabiana Maria Groppo (MTB: 31.280) Editoração Miriam Miranda Impressão Gráfica Riopedrense Tiragem 1.000 exemplares Os conceitos e opiniões contidos neste veículo são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não expressando, a priori, os interesses da ABRO. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem a devida autorização. Contato: [email protected] 3 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica SUMÁRIO 05 RADIOGRAFIA DIGITAL Digital Radiography Francisco HAITER NETO, Daniela Pita de MELO 18 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DE DEFEITOS ÓSSEOS TRATADOS COM ENXERTO BOVINO E LASER DE BAIXA INTENSIDADE Radiographic Evaluation Of Bone Defects Treated With Bone Graft And Low Level Laser Therapy Maria Augusta Portella Guedes VISCONT, Éder de Souza MARTINS, Bruno Salles SOTTO-MAIOR, Karina Lopes DEVITO, Neuza Maria Souza Picorelli ASSIS 23 DISPLASIA FIBROSA: ABORDAGEM TOMOGRÁFICA Fibrous dysplasia: tomographic approach Frederico Sampaio NEVES, Luana Costa BASTOS, Luis Antonio Nogueira dos SANTOS, Iêda CRUSOÉ-REBELLO, Paulo Sérgio Flores CAMPOS 27 AVALIAÇÃO TOPOGRÁFICA DO FORAME MENTUAL EM RADIOGRAFIAS PANORÂMICAS Topographic evaluation of the mental foramen in panoramic radiographies Frederico Sampaio NEVES, Luciana Freitas de OLIVEIRA, Vildeman RODRIGUES, Poliana PIMENTEL, Iêda CRUSOÉ-REBELLO 32 PERCEPÇÃO VISUAL E A QUALIDADE DA INTERPRETAÇÃO RADIOGRÁFICA Visual perception and the quality of radiograph interpretation Edemir COSTA; Juliana COSTA; Sílvio Serafim da LUZ FILHO 39 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE RADIOGRAFIAS BANHADAS EM ÁLCOOL NA FASE FINAL DE SEU PROCESSAMENTO Quality evaluation of radiographs washed with alcohol in the final phase of development Luana Costa BASTOS, Thiara Bagdeve de OLIVEIRA, Renata de Araújo BARBOSA, Vinícius Rabelo TORREGROSSA, Viviane Almeida SARMENTO 44 ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DE UM SERVIÇO DE RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA Administration and management of a service of oral radiology Cléber Alexandre SEGATO, Edemir COSTA, Sílvio Serafim da LUZ FILHO 51 EVALUATION OF MAXILLARY SINUS BY PANORAMIC RADIOGRAPHS Avaliação do seio maxilar através de radiografias panorâmicas Rejane FUKUSHIMA; Camila Lopes CARDOSO; Milton Carlos Gonçalves SALVADOR; Ana Lúcia Alvares CAPELOZZA 55 CONCEITOS DE PROTOTIPAGEM RÁPIDA Concepts of Rapid Prototyping Thiago de Oliveira GAMBA, Isadora Luana FLORES, Melissa Feres DAMIAN, Elaine de Fátima Zanchin BALDISSERA, Sérgio Lucio Pereira de Castro LOPES 4 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica ATUALIZAÇÃO RADIOGRAFIA DIGIT AL DIGITAL Digital Radiography Francisco HAITER NETO1 , Daniela Pita de MELO2 1 Professor Titular - Disciplina de Radiologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba/UNICAMP Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Radiologia Odontológica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba/ UNICAMP 2 RESUMO O objetivo deste artigo é prover aos profissionais de Radiologia Odontológica, conhecimento das principais mudanças decorrentes da implantação dos sistemas de imagem radiográfica digital no mercado de trabalho. A Radiologia Odontológica está num momento de renovação constante, sendo necessária atualização contínua no que diz respeito às novas modalidades de imagem, apresentadas a cada novo período. Para isto, relataremos como se apresenta a imagem digital, os seus variados sistemas e formas de aquisição, além das suas vantagens em relação à imagem convencional. INTRODUÇÃO Em todos os ramos da odontologia, a imagem digital se tornou a forma de apresentação mais moderna da informação radiográfica. Já é sabido que a radiografia digital substituirá por completo a radiografia convencional tanto nas clínicas especializadas em radiologia quanto nos consultórios odontológicos. Apesar de uma resistência inicial devido ao alto custo de aquisição dos equipamentos digitais, as vantagens proporcionadas por esses sistemas, juntamente a economia proporcionada no decorrer do tempo por dispensar reposição do filme e processamento químico, além da possibilidade de aquisição rápida da imagem e conseqüente atendimento de um maior número de pacientes, levarão a aceitação dos sistemas de radiografia digital por todos os profissionais. Apesar desta substituição ainda não ter se dado por completa, ela é inevitável. Como consequência da crescente mudança no modo de aquisição da radiografia odontológica, é importante que o profissional tenha conhecimento do que há de novo na imagem radiográfica digital, sistemas disponíveis, formas de obtenção da imagem, qual sistema melhor se adapta a sua realidade de trabalho, qualidade de imagem, utilização da manipulação e armazenamento da imagem. Para isto, relataremos como se apresenta a imagem digital, seus variados sistemas e formas de aquisição, além das suas vantagens em relação à imagem convencional. RADIOGRAFIA DIGITAL A natureza da imagem digital é completamente diferente da natureza da imagem convencional, apesar de ambas se apresentarem de forma similar.1 Na radiografia convencional, quando um feixe de fótons de raios X atravessa um objeto, parte dos fótons deste feixe é atenuada, e os demais fótons Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 expõem o filme radiográfico modificando os cristais de prata presentes na emulsão. Os tons de cinza visualizados na imagem radiográfica são derivados da atenuação dos feixes de raios X pelos objetos radiografados que provoca a dissociação dos grânulos de prata formando íons de prata, que após o processamento radiográfico serão reduzidos. As áreas mais radiolúcidas correspondem aos locais onde os grãos de prata permanecem na emulsão, e as áreas radiopacas às áreas nas quais os grãos de prata dispersos foram removidos durante o processamento radiográfico.1 Isto significa que na radiografia convencional, a imagem radiográfica é determinada pelo tamanho e concentração de prata metálica sensibilizada pelos feixes de raios X. Dessa forma, a imagem apresenta-se contínua e ininterrupta, assim nesta forma de imagem, os tons de cinza se intercalam de maneira sutil. Com isso, a radiografia convencional pode ser considerada um meio analógico, no qual as diferenças no tamanho e distribuição dos cristais de prata metálica resultam em uma escala de densidade contínua.2 Quando a radiografia convencional é interpretada, utilizando-se um negotoscópio e lupa , a imagem das diferentes densidades dos grãos de prata é percebida pelo olho humano como tons de cinza. As imagens digitais são numéricas e distintas de duas formas: 1) em termos de distribuição espacial dos pixels e 2) em termos dos diferentes tons de cinza de cada pixel. Uma imagem digital consiste de um arranjo de células individuais organizados em uma matriz de linhas e colunas. Cada célula possui 3 numerações: 1- coordenada X, 2- coordenada Y e 3valor de cinza.1 O valor de cinza corresponde à intensidade de radiação absorvida naquele local durante a exposição do receptor de imagem digital. A célula isolada é denominada “picture elements”, o que corresponderia em português a elementos da imagem, e vem sendo relatada na forma 5 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica abreviada “pixel”. Cada pixel terá um valor correspondente à intensidade média dos fótons que atingiram a sua área correspondente. Os valores numéricos que estes elementos apresentam corresponderão ao tom de cinza e a posição na qual o pixel aparecerá no monitor. Os números correspondentes a cada pixel serão armazenados no arquivo da imagem na memória do computador utilizado na aquisição desta. A natureza da formação da imagem radiográfica é um fator determinante para as diferenças entre as imagens convencionais e digitais. Por se tratar de uma combinação numérica, as imagens digitais, além de não necessitarem de processamento químico, podem ser modificadas após sua aquisição. Aplicando-se operações matemáticas para alterar os valores dos pixels, pode-se alterar algumas características da imagem. Esta etapa é denominada manipulação da imagem, e será melhor exemplificada no decorrer do texto. O pixel é o ponto de resolução gráfica que se traduz na menor unidade de informação da imagem. Enquanto nós utilizamos as letras do alfabeto e seus sons para representar as informações na forma de palavras, o computador utiliza uma linguagem binária para representar as informações contidas nas imagens. Os pixels carregam as informações que correspondem aos tons de cinza visualizados no monitor do computador. Um aspecto fundamental dos sistemas digitais é o tamanho do pixel do receptor de imagem, o que seria comparável ao tamanho dos grãos de prata da emulsão do filme convencional.3 Durante a conversão digital os dados analógicos são convertidos em bits (binary digits) - dígitos binários. O computador utiliza o sistema binário como base para todo seu funcionamento, todos os sinais elétricos de entrada, inclusive os que dão origem a imagem radiográfica digital, são convertidos em dígitos binários. A unidade básica fundamental da linguagem digital é o bit, representando por zero ou 1. O zero representa a ausência de corrente elétrica e o 1 representa a presença de corrente elétrica. Oito bits podem ser agrupados para formar uma unidade maior denominada Byte. O Byte apresenta 256 possíveis combinações numéricas, e consequentemente, no que diz respeito à imagem digital, 256 tons variando do preto ao branco. Durante a aquisição da imagem digital, o tamanho do pixel e a profundidade do bit são fatores importantes na determinação das resoluções espacial e de contraste. Independente da resolução espacial, atualmente o tamanho do pixel varia de 19-50 µm para sistemas radiográficos intraorais, teoricamente proporcionando uma resolução espacial máxima de 25 pares de linha por mm (25 lp/mm), similar a dos filmes convencionais.4,5 Na radiografia digital, quando o sistema adquire imagens com 8 bits, os pixels podem apresentar um dos 256 tons de cinza, entre o preto que é representado pelo ZERO, e o branco, que corresponde ao número 255. Existem sistemas digitais que permitem a aquisição de imagens digitais com 8-, 10-, 12- e 16-bits, entretanto, é importante lembrar que o olho 6 humano é capaz de distinguir no máximo até 100 tons de cinza.6 É importante frisar que quanto maior a profundidade do bit, maior a resolução de contraste, o que aumenta a precisão no diagnóstico por proporcionar a visualização de diferenças sutis na imagem radiográfica digital final.3 Estudos mostraram que para o diagnóstico de cárie não há diferença entre imagens de 8-bit e 16-bit.7 Já para a detecção de limas endodônticas de baixo calibre, deve-se utilizar imagens com profundidade de 12-bit ou mais. 8 Para avaliar alterações periodontais, imagens de 6-bit são suficientes.9 Além da limitação da perceptibilidade do olho humano, arquivos de imagens adquiridos em mais de 8-bits, necessitam de maior tempo de aquisição, maior área para armazenamento no HD (Hard Drive), e muitas vezes acabam sendo salvos em 8-bits ou visualizados em monitores de baixa resolução, o que faz com que a imagem, apesar de adquirida em alta resolução, seja visualizada como uma imagem de 8bits. É importante utilizar formas de armazenamento e visualização da imagem compatíveis com os aparelhos utilizados na sua aquisição, para assim aproveitar ao máximo as vantagens oferecidas pelo sistema adquirido. A matriz é o conjunto de linhas e colunas de pixels que forma a imagem radiográfica digital. Este conjunto é fixo e cada pixel apresenta uma localização exata na matriz. As matrizes mais utilizadas nas radiografias digitais são as de 512 por 512, com um total de mais de 262.144 pixels, a matriz de 1024 por 1024, com um mais de um milhão de pixels (1.048.576) e 2.048 por 2.048, com 4.194.304 milhões de pixels. Quanto maior a matriz, maior será a magnificação da imagem no monitor e maior será o espaço necessário na memória do computador para armazenamento. As propriedades essenciais para qualquer sistema de imagem digital são: 1- A imagem produzida deve apresentar qualidade suficiente para ser utilizada no diagnóstico; 2- A dose de radiação deve ser igual ou menor quando comparada a necessária para filmes convencionais; 3- As técnicas radiográficas digitais devem ser compatíveis com os aparelhos de raio X convencionais; 4- Arquivamento da imagem em formato que não sofra compressão e que seja compatível com o padrão DICOM; e 5- O tempo requerido seja igual ou menor ao necessário para a obtenção da imagem em filme convencional.4,10 Os sistemas digitais se dividem em: sistemas que fazem uso de um receptor de imagens sólido (sensor) e os sistemas que utilizam placas de fósforo como receptores de imagem. Os receptores de imagem digitais, quando comparados ao método convencional, são mais sensíveis a radiação, o que significa que são necessárias menores doses de exposição para se obter imagens com a mesma qualidade de diagnóstico da radiografia convencional.11-16 Os receptores de imagem digitais, tanto os sensores sólidos quanto as placas de fósforo, podem ser utilizados na obtenção de radiografias intraorais (periapicais e interproximais) e radiografias extraorais. Somente as placas de fósforo estão disponíveis Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica para realização de radiografias oclusais, uma vez que a fabricação de um sensor sólido com as dimensões de um filme oclusal seria muito dispendiosa. 17 A aquisição da imagem radiográfica depende de uma cadeia de eventos. Esta cadeia se inicia com a produção de feixes de raios X pelo aparelho e sua atenuação seletiva pelos tecidos expostos. Um receptor de imagens com alta sensibilidade a radiação X requer a utilização de um aparelho de raios X com alta precisão em baixas doses, especialmente se possuir baixa latitude/escala dinâmica. Por outro lado, um receptor de alta latitude/escala dinâmica requer cuidado especial para que não haja superexposição, e conseqüente exposição indevida do paciente a doses de radiação desnecessárias. A cadeia de eventos varia de acordo com o tipo de receptor de imagem utilizado, e a tecnologia utilizada na confecção do receptor. 4 Para facilitar o entendimento dos métodos de aquisição de imagem, estes serão divididos de três maneiras diferentes: Aquisição direta, aquisição semi-direta e aquisição indireta. AQUISIÇÃO DIRETA - RECEPTORES DE IMAGEM DO TIPO SENSOR-SÓLIDO O método de aquisição direta da imagem digital utiliza receptores de imagem digital do tipo sensor-sólido - CCD (Charge Coupled Device) que a tradução literária seria – Dispositivo de Carga Acoplada ou CMOS-APS (Complementary Metal Oxide Semiconductor- Active Pixel) Semicondutores de Óxido de Metal Complementar – Pixel Ativado no lugar do filme radiográfico convencional. A utilização destes receptores resulta em mudanças significativas na aquisição, armazenamento, e visualização da imagem radiográfica. volumoso. Infelizmente, devido ao grande número de estruturas presentes no sensor-sólido, não há como tornarlo menos espesso, o que provoca desconforto ao paciente. A maioria destes sensores é conectada ao computador por um cabo de fibra óptica, que permite a transferência dos dados obtidos quase que imediatamente para o computador, e sua disponibilização em segundos no monitor. Este cabo pode ter de 40 cm a 3 m, ligando o sistema a uma estação base; e outro cabo conectando-a ao computador (Fig 2), sendo que alguns sistemas possuem uma extensão que permite aumentar seu tamanho para 5 m (VistaRay 6,Dürr Dental, Holanda). Os sistemas que utilizam tecnologia wireless (sem cabo) são de 3 tipos: Sistema wireless por onda de radiofreqüência comum (Schick CDR Wireless), sistema wireless por WLAN/ Wi-Fi (SIGMATM M, Instrumentarium, Hyrylä, Finland ) e sistema wireless por Bluetooth (Wireless Digital System, MyRay, Itália, X-POD Wireless System, MyRay, Itália). Os sistemas que utilizam tecnologia wireless possuem um cabo conectando o sensor a estação base, a qual emite os dados obtidos durante a exposição à radiação do sensor para o computador por meio de diferentes modalidades de onda de radiofrequência, exceto o sistema Schick CDR Wireless que utiliza uma bateria acoplada a face não-ativa do sensor, a qual emite ondas de radiofrequência para a estação base e esta a transmite ao computador por meio de um cabo conector de fibra óptica. SENSORES-SÓLIDOS INTRAORAIS Os sensores-sólidos intraorais abrigam chips de silício em um invólucro de plástico rígido, retangular, geralmente na cor preta ou cinza, com uma espessura que varia de 5 a 7 mm (Fig 1). Em um sensor-sólido do tipo CCD/CMOS, a matriz de silício e o dispositivo amplificador localizam-se no interior do invólucro de plástico. Este invólucro protege os componentes do sensor contra a deteriorização e contaminação, ao mesmo tempo em que torna este sensor Fig. 2- Sistema digital do tipo sensor sólido CignusRay. Fig. 1 - Vista posterior, lateral e anterior do sensor sólido. Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 A principal característica dos sistemas de sensores sólidos é o aparecimento da imagem no monitor segundos após a exposição dos sensores aos raios X o que representa aparentemente uma vantagem em relação aos demais sistemas digitais e ao filme radiográfico convencional. 18,19 Na aquisição direta da imagem digital, a física da interação dos raios X com a matéria e a importância de se posicionar o paciente e o receptor de imagem corretamente é a mesma. 7 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Os sensores sólidos possuem uma fina superfície de silício acondicionada no interior do seu invólucro plástico onde se dá a captura da imagem radiográfica digital. Os cristais ficam distribuídos como os elementos de imagem (pixels) que configuram unidades de uma matriz. Quando expostos à radiação, as ligações covalentes entre os átomos de silício são quebradas, produzindo pares de elétrons ionizados livres e vacâncias de carga. O número de pares de elétrons formados é proporcional à quantidade de exposição que a área recebe. 2,17 Os elétrons são agrupados em pacotes de carga elétrica, e são transferidos para um dispositivo amplificador. Estas informações na forma de carga elétrica são transferidas, por meio de um cabo de fibra óptica, para um conversor analógicodigital que transformará a informação da voltagem de cada ponto em unidades binárias que corresponderão a um determinado o valor de pixel correspondente a um tom de cinza. Dessa forma a imagem será visualizada no monitor do computador. Os sensores-sólidos podem ser encontrados no mercado em dois tipos: Os sensores que utilizam a tecnologia CCDCharged Coupled Divice - Dispositivo de Carga Acoplada, ou CMOS-APS-Complementary Metal Oxide SemiconductorActive Pixel – Semicondutores de Óxido de Metal Complementar – Pixel Ativado. RECEPTORES CCD O receptor CCD foi o primeiro tipo de receptor de imagem digital a ser lançado no mercado como uma alternativa a radiografia convencional, representado pelo sistema RadioVisioGraphy (RVG, Trophy Radiologie,Vicennes, Françe) no ano de 1987. Desde então, novos sistemas foram lançados utilizando tecnologia CCD, sendo que estes sistemas vêm sendo substituídos gradativamente pelos sistemas que utilizam tecnologia CMOS-APS. Os receptores CCD consistem em uma matriz de pixels individuais, formados por uma camada de silício do tipo N e outra do tipo P, posicionados numa matriz. A frente desta superfície de silício existe uma camada cintilante de cristais fluorescentes similares as camadas intensificadoras dos écrans. Os feixes de raios X incidem primeiramente nesta camada cintilante, onde são convertidos em luz de espectro variado. A luz então interage com os cristais de silício, e as ligações covalentes entre os átomos de silício são quebradas, produzindo pares de elétrons ionizados. Estes pares de elétrons formam um pacote de carga que representa um pixel individual, o qual possui um valor proporcional a radiação a qual foi exposto, o que representará futuramente um tom de cinza.1,2,17 O padrão de carga formado pelos pixels individuais na matriz representa a imagem latente. Para que esta imagem seja visualizada, os elétrons do pacote de carga de cada pixel são atraídos para o pólo de potencial mais positivo, na camada de isolamento, sendo transferida para um amplificador de leitura e transmitida como um sinal analógico 8 de voltagem para o conversor analógico-digital. No conversor analógico-digital, o sinal analógico será convertido em unidades binárias e transmitido ao computador, e assim, toda a informação colhida será visualizada na tela do monitor. RECEPTORES CMOS-APS Os receptores CMOS têm estrutura semelhante aos receptores CCD, mas diferem na forma com que o pacote de carga elétrica derivado da ionização dos cristais de silício é transmitido. Na matriz de cristais de silício do receptor CMOS, cada elemento de imagem do cristal é isolado, ou seja, cada Figs. 3 a e b- Exemplos de imagens radiográficas dos sistemas digitais do tipo sensor-sólido e PSP respectivamente. Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica pixel é isolado do pixel vizinho, sendo diretamente conectado ao conversor. O pacote de carga de cada pixel é transferido como uma voltagem isolada, permitindo que o pixel seja avaliado individualmente. Isto significa que o sinal representando o valor médio de cinza de cada pixel é lido isoladamente. Nos sensores-sólidos, tanto do tipo CCD quanto CMOSAPS, a matriz de silício e seus componentes eletrônicos de leitura e amplificação ficam armazenados no invólucro de plástico que os protege da cavidade oral. Estes elementos do receptor de imagem do tipo sensor-sólido consomem parte de sua área total de forma que a área ativa deste é menor que sua área total de superfície. Muitos dos sistemas digitais de sensores-sólidos têm uma demarcação pontilhada indicando o limite entre área ativa e moldura do invólucro na sua face ativa. A imagem radiográfica recebe o contorno indicado pela demarcação, apresentando arestas não arredondadas, o que torna a identificação do uso de um sensor sólido possível na imagem final (Figs. 3a e 3b). Praticamente todos os fabricantes que atuam na área de radiologia digital têm seu sistema radiográfico digital direto intraoral e extraoral. SENSORES-SÓLIDOS EXTRAORAIS Os sensores-sólidos extraorais encontrados no mercado utilizam tecnologia CCD em matrizes lineares, longas e finas. O sensor representa apenas uma pequena faixa na região onde ficaria o conjunto porta-chassi/chassi/filme no aparelho convencional. O formato do sensor é alinhado ao feixe de raios X, e a imagem é adquirida pela exposição do paciente, atenuação dos feixes e recepção dos feixes atenuados pelo sensor linha por linha. Fig-4 Os aparelhos convencionais de algumas fabricantes podem ser adaptados para digital. Neste caso, um sensor plano do tamanho do chassi, mas com área ativa correspondente a uma faixa central de pixels, é acoplado ao aparelho panorâmico, substituindo o chassi convencional. Nem todo aparelho panorâmico convencional pode ser adaptado. Apenas os aparelhos mais novos foram feitos de forma a permitir esta modificação. O aparelho panorâmico digital propriamente dito possui sensores-sólidos individualmente projetados como parte exclusiva do aparelho, e em caso do mesmo possuir braço para radiografia cefalométrica, um sensor sólido para radiografias do crânio apresenta-se acoplado ao braço de telerradiografia. O sensor-sólido para radiografia panorâmica corresponde a uma faixa fina de pixels do lado oposto a fonte de raios X. O principio de aquisição da imagem é o mesmo da radiografia panorâmica convencional, sendo que fonte e receptor de imagem giram ao redor do paciente e a imagem digital é adquirida faixa por faixa, sem interrupções, obtendo-se uma imagem com as mesmas características próprias e peculiares da radiografia panorâmica convencional, com as vantagens implícitas na imagem digital. Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 Fig. 4- Área ativa do sensor sólido extraoral do sistema digital Instrumentarium OP 100 D. SISTEMAS DIGITAIS DE SENSOR-SÓLIDO WIRELESS A Schick Tecnologies Inc lançou em 2003 o sistema Schick CDR wireless (Schick Technologies, Inc, Long Island CityNY, USA) com o intuito de revolucionar a radiologia digital direta. Esse sistema apresenta um novo método de aquisição de imagem radiográfica digital direta por não possuir um cabo de fibra óptica conectando o sensor a unidade de processamento, e sim uma bateria que converte os elétrons livres em ondas de radiofreqüência. O sistema consiste de um receptor CMOS, bateria não recarregável e unidade base com antena para captação das ondas de radiofreqüência e interface USB. Quando o receptor do sistema Schick CDR Wireless é exposto à radiação, a carga elétrica gerada pela exposição dos cristais de silício é transformada em ondas de radiofreqüência em frações de segundos. Essas ondas são captadas pela a antena receptora da estação base (base station) (Fig 5). Na estação base, as informações das ondas são transformadas em segundos em unidades binárias e transmitidas para o computador através de um cabo de fibra óptica. A antena da unidade base pode girar até 360° horizontalmente de forma a ficar voltada para o receptor, e deve ser posicionada o mais próximo possível deste, sendo que esta distância não deve exceder 1.8 m. 20 Segundo Tsuchida et al. 20, quando a antena foi colocada a 350 cm do 9 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Fig. 5- Sistema Schick CDR Wireless. sensor, a imagem radiográfica apresentou faixas de interrupção da imagem, o que indica que se a antena for posicionada a uma distância maior que a recomendada, parte dos sinais de radiofrequência não é captada pela antena, fazendo com que se perca os sinais de faixas de elementos de imagens – pixels da matriz. Os canais de recepção das ondas de radiofrequência desse sistema são: 2.41 GHz; 1.41GHz e 2.46 GHz 20, o que torna possível a escolha da banda de freqüência, evitando interferência. Apesar deste sistema não fazer uso de cabo, a espessura do sensor juntamente com a bateria é de 10,5 mm, o dobro da espessura do sensor da sua versão com cabo (CDR2000-Schick Technologies Inc, Long Island City, Ny – espessura de 5,5 mm) , e conseqüentemente aumenta o desconforto do paciente (Fig. 6 ). O SIGMATM M da Instrumentarium, lançado em 2006, foi o primeiro sistema CMOS-APS com transmissão dos dados via Wi-Fi. A transmissão via Wi-Fi obriga a existência de uma Fig. 6- Vista posterior do sensor sólido do sistema Schick CDR Wireless com bateria acoplada. 10 rede wirelles de internet – ponto de acesso - para a transmissão do arquivo de dados que irá gerar a imagem radiográfica digital. A rede Wi-Fi é de longo alcance aumentando a potência de um aparelho wireless pela utilização de 3 canais receptores de radiofreqüência – 3.43 GHz, 3.96 GHz e 4.48 GHz do tipo spread spectrum - espectro espalhado - com potência de 528 MHz para cada canal, tendo um alcance muito maior que a maioria dos sistemas wireless. É a tecnologia Wi-Fi que permite o acesso a internet em locais públicos como aeroportos, possibilitando o acesso à informação a longa distância. Este sistema consiste de um sensor CMOS conectado a uma unidade de transmissão dos dados via Wi-Fi imantada por meio de um cabo de 40cm. A unidade base de transmissão possui um imã para que possa permanecer fixada ao cilindro do cabeçote do aparelho de raios X formando uma unidade única. Atualmente este sistema não se encontra mais disponível no mercado. A MyRay lançou o primeiro receptor wireless via Bluetooth, WDS MyRay (MyRay/Cefla Dental Group, Imola, Itália), utilizando tecnologia CCD e uma placa de fibra óptica intermediária entre a camada de silício e a camada cintilante, o que, segundo o fabricante, protege o sensor da penetração direta dos feixes de raios X, aumentando a vida útil do sensorsólido. O sistema WDS MyRay é composto de uma antena receptora de radiofreqüência Bluetooth na forma de um pendrive que pode ser inserido em qualquer entrada USB de computador; uma base portátil alimentada por uma bateria recarregável acoplada ao sensor que se liga a esta por um cabo. Neste sistema, o cabo não deixa de existir, mas apenas comunica o sensor ao transmissor de dados via Bluetooth. O sensor-sólido deste sistema possui as mesmas dimensões que os sensores-sólidos com cabo, o que é uma vantagem em relação ao Schick CDR Wireless. A tecnologia de transmissão de dados Bluetooth já é vastamente utilizada em celulares e computadores. Esta tecnologia permite uma comunicação simples, rápida, segura e barata entre computadores, smartphones, telefones celulares, mouses, teclados, fones de ouvido, impressoras e outros dispositivos, utilizando uma freqüência de radio de curto alcance (1 a 100 m) não licenciada (Spread Spectrum- Espectro Espalhado) e segura no lugar de cabos. As especificações do Bluetooth foram desenvolvidas e licenciadas pelo grupo inglês Bluetooth Special Interest Group. A transmissão Wi-Fi difere da Bluetooth por oferecer alta potência de transmissão e cobrir grandes distâncias, porém requer um hardware maior e com alto consumo de energia. Apesar das duas tecnologias utilizarem o mesmo tipo radiofreqüência, o Bluetooth substitui o cabo por completo, enquanto que o Wi-Fi é um substituto apenas para acesso a rede local, necessitando que o ambiente de trabalho tenha um ponto de acesso wireless à internet independente do sistema. A MyRay lançou recentemente o X-POD, um aparelho sem cabo que funciona sem a necessidade de um computador acoplado. O X-POD possui receptores de tecnologia CCD e Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica uma placa de fibra óptica intermediária entre a camada de silício e a camada cintilante com arestas arredondadas conectadas por um cabo a uma unidade base que possui uma tela onde a imagem é imediatamente visualizada e armazenada, podendo ser transmitida a um computador por ondas de radiofreqüência do tipo Bluetooth2 (alcance de até 10 m) ou utilizando um cartão de memória. Esta unidade base é imantada para ser fixada no cabeçote do aparelho de raios X e funciona com uma bateria de lítio recarregável (Fig. 7). Uma das vantagens deste sistema é que o cabo liga o sensor a unidade base fazendo um encaixe do tipo USB. Desta forma, caso o sensor sofra algum dano e tenha que ser descartado, pode-se repor o sensor sem a necessidade de se repor todo o sistema. A necessidade de tornar a radiologia o mais portátil possível, permitindo sua utilização em missões humanitárias e em pacientes deficientes físicos, levou a criação de um Fig. 7- Sistema X-POD. aparelho três em um, o ADX 4000 (Dexcowin Co. Ltd, Korea), o qual combina uma fonte de raios X, um receptor digital sólido do tipo CCD e um processador de computador em uma unidade wireless portátil. Este aparelho pesa 2,2 kg e utiliza bateria recarregável como fonte de alimentação. A fonte de raios X do aparelho opera com os parâmetros fixos de 60 kVp, 10 mA, ponto focal de 0,8 mm, e distâcia foco-objeto de 10 cm. O aparelho possui um monitor TFT - LCD (Thin Film Transistor -Liquid Crystal Display), e é capaz de armazenar 300 imagens (Ulusu, 2010). Comparando a eficiência do Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 sistema ADX4000 na detecção de cárie proximal com radiografia convencional, Ulusu et al. 21, não observaram diferenças estatisticamente significativas entre os sistemas. É importante frisar que ainda não foram realizados estudos enfatizando radioproteção utilizando o sistema ADX4000, e que estes são extremamente necessários, já que o profissional para expor o paciente tem que segurar o aparelho sem ter entre ambos a presença de uma parede baritada para proteção, e sim apenas um avental de chumbo. As desvantagens dos sistemas de sensor-sólido são: 1) O fato de sua área ativa ser geralmente menor do que o filme radiográfico convencional produzindo imagens com dimensões menores, limitando assim o número de estruturas radiografadas por exposição20 e aumentando o número de exposições necessárias 22,23 ; 2) Sua escala dinâmica é reduzida em relação às placas de fósforo; 3) Sensores-sólidos são rígidos e mais espessos que o filme radiográfico intraoral, o que pode acarretar em desconforto para o paciente20 e dificulta o posicionamento do sensor nas regiões posteriores; 4) Presença de cabo que também dificulta a colocação do sensor na boca do paciente.20 A rigidez, espessura e presença do cabo de conector pode levar ao aumento do número de exposições por erro de posicionamento e movimentação do receptor/paciente, potencializando as desvantagens supracitadas.23,24 AQUISIÇÃO SEMI-DIRETA – PLACAS DE ARMAZENAMENTO DE FÓSFORO Na aquisição semi-direta da imagem digital, o filme convencional é substituído por placas de armazenamento de fósforo ou placas de fósforo fotoestimuladas (PSP – Photostimulable phosphor plates - Phorphor storage plates) que, ao serem expostas aos raios X, absorvem e armazenam a energia destes, formando uma imagem latente altamente sensível a luz, sendo necessário o escaneamento da placa para a visualização da imagem no monitor do computador. As placas de fósforo são constituídas de uma base de poliéster encoberta em uma de suas faces por uma camada de flúor haleto de bário, acrescido de europium. O bário em combinação com o iodo, cloro ou bromo forma uma gelatina cristalina, que com a adição do europium (Eu+2) apresenta imperfeições. Quando expostos à radiação X, os elétrons do europium absorvem energia (Eu+3), e migram para os centros F dos haletos na gelatina onde permanecem em estado de latência. Os elétrons latentes são proporcionais a energia absorvida dos raios X e representam a imagem latente. .2,17 Após a exposição da placa à radiação X, a visualização da imagem é obtida mediante a leitura da placa de fósforo por meio de um scanner a laser próprio para cada sistema digital semi-direto. A energia armazenada é convertida em imagem digital durante o processo de leitura da placa de fósforo. A placa de fósforo deve ser adaptada ao scanner do sistema utilizado para que a leitura da(s) placa(s) tenha início. A leitura é realizada por um feixe de luz vermelha de aproximadamente 11 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica 600 nm que estimula os elétrons do flúor haleto de bário, fazendo com que estes migrem e retornem ao europium que deixa de ser Eu+3, para voltar ao estado Eu+2, liberando a energia armazenada em forma de luz do espectro verde ou azul, a depender do sistema utilizado. 1,17,25,26 Fibras óticas conduzem a luz das placas de fósforo para um tubo fotomultiplicador que converte a luz emitida em energia elétrica de voltagem variante. As variações na saída de voltagem do tubo fotomultiplicador correspondem às variações na intensidade de luz emitida pela imagem latente. O sinal energético (sinal de voltagem) é quantificado por um conversor analógico-digital e então esta energia é convertida em dígitos binários e disposta como imagem digital no monitor do computador. Após sua leitura, as placas de fósforo precisam ser apagadas/dessensibilizadas para eliminar resíduos de imagem, antes de serem reutilizadas. Estes resíduos de imagem apresentam o aspecto semelhante ao observado na dupla exposição do receptor de imagem (imagem dupla), se a placa for novamente exposta e escaneada sem que estes sejam eliminados pela dessensibilização. O escaneamento (leitura) da placa não apaga completamente a imagem radiográfica, e alguns elétrons permanecem como “armadilhas de energia”. Para que esta informação seja eliminada e o flúor haleto de bário acrescido de europium volte para seu estado estável, é necessário que a face ativa da placa seja exposta a uma luz intensa. A luz utilizada na dessenssibilização da placa pode ser do tipo fluorescente ou incandescente. Quando a dessenssibilização é externa, aconselhasse que seja realizada utilizando-se um negatoscópio com intensidade de lux conhecida, colocando a placa com sua face ativa voltada para o negatoscópio. As placas devem ser posicionadas no centro do negatoscópio, onde sua intensidade é mais constante, por um período proporcional a intensidade de lux deste. Quanto maior a potência do negatoscópio, menor o tempo necessário para dessensibilização da placa. O Manual de instruções do sistema digital fornece uma tabela indicando o tempo de dessenssibilização necessário para o tipo e intensidade de lux utilizado. É importante se realizar a manutenção do negatoscópio para verificar a intensidade deste, evitando que se formem imagens duplas derivadas dos resíduos de imagens remanescentes. Atualmente, a maioria dos sistemas digitais que utiliza tecnologia de placa de fósforo fotoestimulada tem dessensibilização interna, isto é, logo após o escaneamento da imagem ela é dessensibilizada dentro do próprio scanner do sistema. O sistema DenOptix® possui dessensibilização externa, que é realizada expondo a face ativa da placa a luz de um negatoscópio, por um tempo correspondente a intensidade de lux utilizada para que haja a sua total dessensibilização. Este tipo de dessenssibilização se torna uma desvantagem deste sistema por aumentar seu tempo de trabalho, além de tornar a placa mais vulnerável a 12 danificações. 26 Geralmente os fabricantes oferecem vários tamanhos de placas de fósforo, com dimensões compatíveis aos diferentes tamanhos de filme radiográfico. As placas intraorais são constituídas de uma base de poliéster, semelhante à base do filme convencional intraoral, coberta em uma de suas faces por uma fina camada de flúor haleto de bário combinado a um polímero. A maioria dos sistemas digitais semi-diretos intraorais disponibilizam placas de número 2, sendo que o Express (instrumentarium), DenOptix (Dentisplay/Gendex, Chicago, IL, USA) e CR7400 (Eastaman Kodak Rochester, NY, USA), disponibilizam placas nos tamanhos 0, 1, 2 e 3. Os sistemas DenOptix e CR7400 também disponibilizam placas intraorais no tamanho 4, e placas de extraorais nos tamanhos utilizados em radiografias panorâmias e cefalométricas. Na linha do Digora Optime (Soredex, Milwaukee, Wisconsin, USA), existe o Digora PCT (Soredex, Orion Corporation Ltd., Helsinki, Finland), seu sistema correspondente extraoral, com placas de fósforo no tamanho 4 e extraorais. A desvantagem do sistema da Soredex é a necessidade da aquisição de dois sistemas da marca, um para periapical e outro para extraorais e oclusal, o que ocupa um espaço maior, já que haveria a necessidade de se abrigar dois scanners independentes. Em 2010, a soredex lançou o Digora Optime com posibilidade de se obter uma imagem oclusal. Isso é feito por meio de uma exposição de duas placas tamanho 3 colocadas uma ao lado da outra e escaneadas separadamente. Depois o software agrupa as imagens formando uma imagem de dimenções próxima a uma oclusal. Na linha de sistemas de placa de fósforo da Dürr Dental estão presentes o Vista Scan Plus, Perio Plus e Mini. O Vista Scan Plus oferece placas de todos os tamanhos intraorais e extraorais. O Vista Scan Perio Plus e o Vista Scan mini disponibilizam placas intraorais dos tamanhos de 0, 1, 2, 3 e 4, sendo que Vista Scan Mini tem a vantagem de possuir scanner compacto e realizar a leitura e dessensibilização de uma placa em 6 s. O Vista Scan Perio Plus possui scanner volumoso que realiza a leitura e desssensibilização de mais até 8 placas ao mesmo tempo. Apesar da disponibilidade de sistemas com placas de fósforo extraorais e de sua qualidade de imagem se assemelhar a dos filmes radiográficos convencionais27, os sistemas de aquisição direta da imagem são mais aceitos para este fim pela praticidade, rapidez na aquisição, qualidade da imagem28, e pelo fato do sensor se encontrar em uma unidade fixa, sem necessidade de manipulação do mesmo, o que poderia levar a uma eventual danificação. Existem vários sistemas digitais de placas de armazenamento de fósforo. As placas vêm acompanhadas de invólucro protetor, que as protege da luz e de contaminação cruzada. (Fig 8) Por armazenar imagem latente altamente sensível a luz, as placas expostas devem ser guardadas longe da luz direta antes do seu processamento para que não se perca a energia depositada nos seus cristais. As placas Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Fig. 8- Placa de fósforo do sistema digital Digora Optime (face posterior e face ativa) e papel protetor próprio do sistema. devem ser armazenadas em recipientes a prova de luz após seu uso. Placas intraorais possuem invólucro plástico – envelopes de polivinil – selado e impermeável a fluídos e luz. Revestidas por estes envelopes, as placas são manuseadas de forma segura durante a sua exposição. As placas extraorais são acondicionadas em chassis próprios, similares aos convencionais, mas sem placas intensificadoras. Se estas placas forem utilizadas com chassis convencionais, quando os feixes de raios X atingirem as placas intensificadoras, e estas emitirem luz de espectro variado, a imagem formada pelos feixes de raios X que conseguiram atingir o filme será automaticamente apagada. Apesar de algumas placas de fósforo de determinados sistemas poderem ser manuseadas em ambientes iluminados e produzirem imagens de qualidade após seu escaneamento, se estas placas forem avaliadas de forma objetiva, os resultados derivados do manuseio inadequado podem ser quantificados.4 As placas de fósforo do sistema DenOptix devem ser manuseadas em ambiente escuro, e são altamente sensíveis a luz. Já as placas de fósforo dos sistemas Digora Optime e CR7400 podem ser manuseadas em ambiente iluminados sem que sua imagem se apague completamente, pois possuem um papel plástico protetor, além de possuírem uma camada protetora que as torna mais resistentes. Após a exposição, a placa deve ser escaneada, pois os elétrons capturados, que dão origem a imagem, são liberados espontaneamente com o passar do tempo. O tempo de escaneamento da placa depende da resolução em que se adquire a imagem (150, 300, 600 dpi), do tamanho de placa e do sistema utilizado, variando de 4s (Digora Optime) a aproximadamente 100 s (DenOptix). O sistema de placa de armazenamento de fósforo possui a vantagem de oferecer escala dinâmica mais ampla, sendo possível utilizar uma variedade maior de tempos de exposição produzindo imagens radiográficas de qualidade, apresentando dessa forma, menor risco de sub e superexposições levarem a uma imagem pouco ou muito densa a ponto de não poderem ser utilizadas, e diminuindo o número de repetições.23,29,30,31,32 Este fato deve ser avaliado Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 com atenção já que o profissional que adquire um sistema digital semi-direto, na maioria das vezes não tem consciência da redução de dose de exposição permitida pelo sistema e acaba utilizando um tempo de exposição maior, superexpondo o paciente desnecessariamente, já que esse sistema lhe oferece uma imagem de qualidade numa larga faixa de tempos de exposição (alta escala dinâmica). Por estas razões, uma tabela com a menor dose de exposição necessária e os corretos parâmetros de exposição para cada sistema radiográfico digital deve ser estabelecida. Utilizadas corretamente, as placas de fósforo podem reduzir substancialmente a dose de radiação a qual o paciente é exposto.23 Uma grande vantagem das placas de fósforo é possuir espessura e dimensões semelhantes ao filme radiográfico, principalmente quando comparadas aos sensores-sólidos. 29 O fato de estar disponível em tamanhos, forma e flexibilidade similares ao filme, e de serem independentes do scanner do sistema, não havendo cabo de comunicação entre a placa e o scanner, facilita o seu posicionamento na boca e consequente aceitação pelo paciente.33 Uma desvantagem dos sistemas que utilizam placas de fósforo é a facilidade com que estas podem ser danificadas. As placas são facilmente arranhadas o que leva a danificação da imagem radiográfica.34,35,36 Três tipos de artefatos aparecem na placa após algum tempo de uso: 1) pequenas ranhuras (que podem aparecer individualmente ou pode haver várias distribuídas na superfície da placa); 2) Arranhões maiores (que podem aparecer individualmente ou em grupos) podendo ter entre 2-5 mm ou mais, podendo aparecer em linha reta ou curvas como arcos; 3) manchas, as vezes quase invisíveis na placa, com aparência de nuvens na imagem final, podem ser pequenas, delgadas ou densas, quase opacas e podem se apresentar como uma única mancha ou múltiplas manchas.29 É preciso manipular as placas com cuidado quando estas são inseridas e removidas dos seus invólucros plásticos de proteção e quando são posicionadas em seus scanners para evitar a formação de artefatos, pois durante estes três passos as placas se encontram sem proteção e consequentemente mais vulneráveis. A manipulação das placas utilizando-se luvas é indicada. As placas podem ser danificadas durante sua colocação nos posicionadores e se forçadas contra superfícies duras, mesmo estando protegidas pelo invólucro plástico.29 Os profissionais devem ser instruídos a evitar estas situações, assim aumentando a longevidade da placa. Alguns sistemas digitais semi-diretos são menos susceptíveis a arranhões, como o Digora Optime® e o Express® (Instrumentarium, Hyrylä, Finland). Estes sistemas permitem que suas placas fiquem protegidas não só durante a exposição, mas também durante a inserção da placa no seu scanner. O sistema disponibiliza, além do invólucro plástico, um envelope de papel protetor, que permite a proteção da placa durante sua inserção no scanner, e que possui um 13 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica recorte correspondente a área onde se localiza um círculo metálico na face não ativa da placa, que permite que o braço imantado do scanner puxe a placa para seu interior, sem haver necessidade do profissional tocar diretamente na placa. O fato de este sistema apresentar dessensibilização interna também diminui o contato da face ativa da placa com superfícies que podem manchar ou arranhar esta. Posteriormente ao escaneamento e dessensibilização da placa, esta é descartada no recipiente externo do scanner, e só neste momento, no qual a placa será removida do recipiente, sem a proteção do papel protetor e do invólucro plástico, que a placa corre risco de sofrer alguma danificação. O sistema digital semi-direto Kodak CR7400 realiza dessensibilização interna e disponibiliza papel protetor para as placas, mas o posicionamento das placas em seus cassetes exige que estas sejam removidas do papel protetor pelo profissional, apenas minimizando a possibilidade de danificação da placa na etapa de dessensibilização. (Fig9) E os sistema DenOptix, parece ser o mais susceptível a danos em suas placas por além de ter que ser manipulado para inserção em seus carrosséis, as placas são dessensibilizadas fora do scanner, ficando susceptíveis a manchas e arranhões, pois suas faces ativas são geralmente posicionadas na superfície de negatoscópios, que por sua vez podem apresentar resíduos que podem danificar as placas. Profissionais que fazem uso deste sistema devem reservar um negatoscópio para a dessensibilização das placas, o qual deve ser sempre higienizado. Se as placas tiverem sua face ativa contaminada, pode-se realizar a limpeza destas utilizando gaze embebida em álcool 70% ou 95%. Deve-se esfregar a gaze com cuidado sobre a face ativa, friccionando levemente, pois se for utilizada Fig. 9- Scanner do sistema CR 7400 aberto. 14 demasiada força, a placa pode ser arranhada e danificada após a limpeza. 29 As placas de fósforo costumam ter longevidade de 50 a 70 exposições,29 mas isto vai depender da manipulação destas. Para que se assegure a qualidade da imagem obtida por sistemas semi-diretos, as placas devem ser avaliadas rotineiramente pelos profissionais, e as placas danificadas devem ser substituídas. AQUISIÇÃO INDIRETA – FILME RADIOGRÁFICO CONVENCIONAL DIGITALIZADO No Sistema Digital Indireto o filme radiográfico é digitalizado, ou seja, a informação contida nos grãos de prata é transformada em dígitos binários. A informação da imagem radiográfica, contida na emulsão do filme radiográfico, é capturada por meio de scanners de alta definição adaptados para transparência, câmera digital ou câmera de vídeo, e a informação é transformada em números binários através de uma placa de circuito anexa ao computador, convertendo-a em uma imagem digital. A aquisição indireta da imagem se dá pelo processo de digitalização do filme radiográfico, e requer todas as etapas do método convencional além do tempo adicional para captação da imagem por scanner ou câmera fotográfica. Para os filmes radiográficos, a embalagem do filme intra-oral precisa ser removida em ambiente escuro e a película precisa ser processada quimicamente. A qualidade da imagem do filme depende significativamente do tempo e temperatura apropriada, e concentração dos químicos utilizados. Radiografias convencionais de excelente qualidade só são obtidas em condições apropriadas de processamento. As vantagens relacionadas à menor contaminação do meio-ambiente, menor tempo de trabalho não se aplicam as imagens obtidas pela aquisição indireta. Para se realizar a digitalização da imagem, o mais indicado é o uso de um scanner adaptado para transparência. Deve-se adquirir um scanner de função única que em sua porção superior apresente um dispositivo emissor de luz. Quando se faz uso de uma câmera fotográfica, esta deve possui parâmetros de aquisição de imagem de alta qualidade, além de lentes apropriadas. A digitalização utilizando-se câmera fotográfica deve ser realizada em ambiente escuro, com o filme radiográfico posicionado em um negatóscopio , com as áreas que não foram cobertas pelo filme envoltas por máscaras pré-fabricadas ou confeccionadas com cartolina preta. É importante padronizar os parâmetros de escaneamento para que se tenha controle e padronização da qualidade das imagens adquiridas. Obtendo-se a imagem digitalizada, se torna possível o uso de programas de manipulação de imagem de sistemas digitais, ou programas como Photoshop, Image J e Emago, importando estas imagens e utilizando as ferramentas disponibilizadas por estes. Existe a limitação deste método para radiografias superexpostas, que não podem ser recuperadas por meio da manipulação de imagem. As Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica radiografias que apresentam alta densidade quando manipuladas para a diminuição desta, geram ruído de imagem que prejudica a sua qualidade para diagnóstico. A principal razão para a substituição lenta dos sistemas convencionais por digitais é o investimento financeiro necessário para aquisição dos aparelhos digitais. 37 O que deve ser ressaltado é que o custo para manutenção destes aparelhos é menor do que os custos de manutenção do sistema convencional de aquisição de imagens. Numa clinica onde se adotam sistemas digitais, os gastos filmes radiográficos, cartelas, líquidos de processamento, manutenção da câmera escura, além de não ser necessário o armazenamento de lâminas de chumbo para reciclagem. MANIPULAÇÃO DAS IMAGENS DIGITAIS/ PROCESSAMENTO DIGITAL As imagens radiográficas digitais podem ser manipuladas pela modificação do tamanho e dos valores de cinza dos pixels da imagem. Alterando o valor do pixel, pode-se variar contraste, brilho, inverter os valores de cinza dos pixels entre outras formas de manipulação. A manipulação digital permite que erros derivados de sub-exposição possam ser corrigidos sem a necessidade de se realizar outra radiografia. A manipulação também permite que o profissional utilize ferramentas desenvolvidas para a facilitação do diagnóstico de determinadas lesões, mas que muitas vezes não alteram a perceptibilidade do profissional.38,39 Todos os sistemas digitais diretos e semi-diretos disponíveis no mercado vêm acompanhados de programas próprios que permitem a manipulação das imagens digitais. Estes recursos são: 1) Manipulação do brilho e contraste; 2) Mensurações lineares e angulares; 3) Zoom; 4) Negativo; 5) Cores; 6) Relevo/3D; 7)Nitidez. Segundo estudo previamente realizado,40 a ferramenta mais utilizada pelos profissionais é o zoom. Deve-se utilizar esta ferramenta com moderação, principalmente se a imagem for adquirida com baixa resolução, pois ao se ampliar a imagem digital, sua natureza numérica se torna evidente pela visualização dos pixels evidenciados na matriz da imagem. Uma imagem ampliada excessivamente perde sua continuidade não mais servindo para o diagnóstico. 41,42 Aconselha-se que a imagem digital seja ampliada até 3x para não comprometer a visualização das estruturas representadas na imagem. Apesar de ser uma ferramenta muito utilizada, esta não apresentou, até então, influência no diagnóstico de lesões.43 O negativo tem como principio a inversão dos valores de cinza dos pixels da imagem, desta forma as estruturas radiolúcidas passam a se apresentar como estruturas radiopacas e vice-versa. Isto significa que um pixel com valor zero em uma imagem adquirida em 8-bit vai apresentar valor 255 após a manipulação, passando de preto para branco. As ferramentas de cores não apresentam aplicabilidade Rev ABRO 2010; 11(1): 5-17 clínica, já que não acrescentam nenhum fator que possa melhorar a capacidade para diagnóstico da imagem. Os variados tons de cinza da imagem são convertidos em tons coloridos que não evidenciam fatores específicos da imagem. Alguns programas apresentam ferramentas que se baseiam no mesmo princípio das supracitadas, como: 1) Spotlight – ferramenta circular ou quadrada, que combina as ferramentas zoom e nitidez em uma região preestabelecida pelo profissional; 2) Cores isodensas – ferramenta que colore apenas áreas fortemente radiopacas; 3) Curva Gama – ferramenta que quantifica o contraste da imagem e o altera de acordo com uma equação preestabelecida (ex: γ= 1/2.2; γ=1/1; γ=1/4); a intensidade do valor do pixel é corrigida de acordo com a variação estabelecida na curva gama. Apesar da possibilidade de manipulação da imagem ser benéfica, a escolha da ferramenta de manipulação vai muito da preferência do profissional, sendo uma escolha subjetiva, e que consome tempo de trabalho variável,44 especialmente durante o período de adaptação do profissional ao software. A redução do tempo de trabalho é uma das principais vantagens dos sistemas digitais, e deve ser levada em conta quando se fizer uso de manipulação da imagem, procurando tornar esta fase o mais curta possível. Gotfredsen et al.45, observaram que o tempo gasto na manipulação da imagem digital por cirurgiões-dentistas seria de aproximadamente 24 s, tempo este que se comparado ao tempo levado para processar a radiografia convencional ainda representa uma redução significativa do tempo de trabalho quando da utilização de sistemas digitais de imagem. Alguns sistemas realizam manipulação prévia da imagem antes da exposição da mesma na tela do monitor. As vantagens dos sistemas digitais em relação às radiografias convencionais são: (1) Diminuição do tempo de trabalho - Imagem quase instantânea e eliminação do processamento químico; 29,46 (2) Manipulação de brilho e contraste; (3) Função zoom; (4) Possibilidade de se realizar mensurações lineares e angulares; (5) Redução da dose de radiação- tempo de exposição; 29,46 (6) Facilidade de armazenamento e envio ; 27,46 (7) Possibilidade de duplicar a imagem com facilidade e qualidade; (8) Facilita a comunicação entre profissionais e entre o profissional e o paciente; 27,46 (9) Redução da contaminação do meio ambiente. 27 Com o crescente avanço dos sistemas digitais, vêem avanço na resolução destes sistemas, a qual requer um maior espaço para armazenamento e métodos de transmissão de imagens com maior capacidade. 47 Os receptores de imagem digitais intraorais vêm passando por um desenvolvimento rápido, e vários sistemas de sensoressólidos/placas de fósforo descritos em estudos recentes, não são mais produzidos, e outros foram renomeados ou são produzidos por outras empresas. 37 Muitos sistemas receberam versões novas, aperfeiçoadas, o que demonstra que ainda se busca uma melhora dos sistemas digitais 15 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica disponíveis no mercado. Tudo indica que logo aparecerão novos sistemas, melhores que os atuais, por preços menores. A escolha do sistema ideal depende de fatores próprios da imagem digital muitas vezes relacionados à resolução da imagem digital e/ou parâmetros de exposição versus diagnóstico a ser realizado: para a mensuração de limas endodônticas de baixo calibre é necessária uma alta resolução espacial (min 16 lp/mm), mas esta não se faz necessária na detecção de cárie proximal.2 Já altos contraste e densidade são pré-requisitos para uma imagem de qualidade quando se avalia cárie proximal.37 Mesmo assim, fazendo a escolha do sistema com resolução, praticidade e aceitação pelo paciente, é importante que se utilize um método de visualização da imagem compatível com o sistema, para que se possa realmente usufruir dos requisitos escolhidos para o correto diagnóstico. Quando uma imagem radiográfica digital é adquirida, independente do sistema digital utilizado, é necessário um tipo de mídia para se apresentar a imagem após a exposição. 48 Quando se iniciou a utilização de sistemas digitais nos anos 80, os monitores não possuíam resolução espacial nem escala de cinza suficiente para disponibilizar uma imagem de qualidade suficiente para substituir a radiografia convencional. 48,49 Apesar dos aparelhos digitais apresentarem alta resolução, se a resolução do sistema de apresentação, no caso monitor, não for igual ao do sistema, de nada adianta. É preciso se averiguar a resolução do monitor adquirido para que ela seja próxima o suficiente da resolução do aparelho, caso contrário, a aquisição de aparelhos com menor resolução seria mais apropriado e de menor custo. Estudos realizados comparando a capacidade de diagnóstico em laptops e monitores não encontraram diferença entre estas formas de apresentação da imagem digital.37,48,50,51 Pode-se concluir que a radiologia digital não é um método novo de aquisição da imagem radiográfica e sim um método já estabelecido e em constante aprimoramento para melhor atender as necessidades dos profissionais e pacientes. É importante estar a par destes avanços, conhecendo-os profundamente e utilizando este conhecimento na clínica diária. ABSTRACT The aim of this paper is to provide knowledge to dental radiologists of the changes due to the implantation of digital radiography systems on the market. Dental radiology is in constant renovation, what makes a continuous update on the matter of new image modalities necessary. To achieve our objective we will report how digital image presents itself, its varied systems and acquisition methods, and its advantages over conventional image. 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Daniela Pita de Melo [email protected] 17 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica AVALIAÇÃO RADIOGRÁFIC A DE DEFEIT OS ÓSSEOS RADIOGRÁFICA DEFEITOS TRA TADOS COM ENXERT O BO VINO E LASER DE BAIXA TRAT ENXERTO BOVINO INTENSID ADE INTENSIDADE Radiographic Evaluation Of Bone Defects Treated With Bone Graft And Low Level Laser Therapy Maria Augusta Portella Guedes VISCONTI1, Éder de Souza MARTINS2, Bruno Salles SOTTO-MAIOR3, Karina Lopes DEVITO4, Neuza Maria Souza Picorelli ASSIS5 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica – FO/UFJF Cirurgião-dentista pela Faculdade de Odontologia de Juiz de Fora – UFJF 3 Mestre em Clínica Odontológica – FO/UFJF 4 Professora Adjunta da Disciplina de Radiologia – FO/UFJF 5 Professora Adjunta da Disciplina de Cirurgia – FO/UFJF 2 RESUMO O objetivo neste estudo foi avaliar as densidades ópticas de defeitos ósseos associados a enxerto, submetidos à laserterapia de baixa intensidade. Foram realizados defeitos com broca esférica em fêmures de 24 ratos. O fêmur direito foi utilizado como controle (apenas defeito ósseo), já o esquerdo recebeu enxerto de osso bovino. Após o tratamento com enxerto, foi aplicado laser em 12 animais. Os grupos foram divididos de acordo com o momento do sacrifício: um e 14 dias. Foram obtidas radiografias periapicais pós-cirúrgicas e no dia do sacrifício. As densidades ópticas médias foram determinadas para as regiões dos defeitos e enxertos nas imagens radiográficas digitalizadas. Estes valores foram submetidos a testes estatísticos (teste T pareado e ANOVA) com nível de significância de 5%. Observou-se que as maiores densidades foram associadas aos defeitos tratados apenas com enxerto. Diferença significativa foi encontrada apenas quando comparado o grupo enxerto + laser, sacrificado com um dia (GEL1), com o grupo enxerto, sacrificado com 14 dias (GE14). Concluiu-se que a aplicação de laser de baixa intensidade, quando avaliada por um curto período de tempo, não aumentou a densidade óptica de defeitos ósseos tratados com enxerto de osso bovino. DESCRITORES: Terapia a laser de baixa intensidade; Enxerto ósseo; Radiografia odontológica. INTRODUÇÃO A resposta do osso ao trauma consiste de uma sequência ordenada e bem diferenciada de eventos, que resulta na cicatrização do tecido ósseo lesado de forma bastante semelhante à estrutura inicial 1,2. O reparo tecidual é um processo dinâmico que compreende diferentes fases, entre elas inflamação, proliferação celular e síntese de elementos que constituem a matriz extracelular, como colágeno, elastina e fibras reticulares 3,4 . Diante desta perspectiva, o conhecimento de métodos que estimulem a consolidação e reparo ósseo adquire considerável importância. Defeitos ósseos na cavidade bucal podem surgir como consequência de causas diversas, entre elas fraturas, doença periodontal, lesões de origem endodôntica, extrações traumáticas e patologias ósseas em geral. A recuperação desses defeitos pode representar um desafio para os profissionais da Odontologia, sendo que tal reparo pode ser auxiliado mediante a colocação de enxertos. O material de enxerto considerado como padrão ouro é o osso autógeno, 18 porém, sua utilização pode requerer grandes quantidades de tecido e sua obtenção pode necessitar de mais de um sítio cirúrgico. Métodos alternativos têm utilizado biomateriais como os derivados da matriz de osso bovino2,5,6. A aceleração do reparo ósseo é de grande interesse e relevância clínica, uma vez que possibilita a reabilitação do paciente e seu retorno às atividades mais rapidamente. A terapia a laser de baixa intensidade tornou-se o método nãoinvasivo mais comumente utilizado, experimental e clinicamente, para estimulação da osteogênese e redução do tempo de reparo ósseo 7,8. Os efeitos dessa terapia se processam de diferentes formas, quer induzindo a atividade mitótica das células, quer modificando a densidade capilar, estimulando a microcirculação local e, principalmente, aumentando a síntese do colágeno, tanto “in vitro” quanto “in vivo”. O pós-operatório dos pacientes também pode ser melhorado com o emprego deste recurso, se considerar seus efeitos antiálgico, anti-inflamatório, antiedematoso e bioestimulador 9,10. Rev ABRO 2010; 11(1): 18-22 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica A evidência do reparo ósseo pode ser avaliada por meio de exames como histopatológicos, radiográficos e tomográficos. Nos exames por imagem podemos avaliar a cicatrização óssea subjetiva ou objetivamente, sendo que a avaliação objetiva possui vantagens em relação à primeira, já que permite a obtenção de dados que independem da acuidade ou experiência do avaliador que interpreta a imagem radiográfica. Dentre as ferramentas que se pode utilizar para avaliação objetiva da cicatrização óssea, destaca-se a densidade óptica definida por um histograma, que é um recurso presente em diferentes softwares de manipulação de imagens. Segundo Rossi et al.11 (2005), a utilização do histograma (densidade óptica x número de pixels) justificase por correlacionar valores numéricos e visuais da densidade óptica com a reparação do tecido ósseo. Considerando-se a possibilidade da matriz orgânica desvitalizada derivada de osso bovino promover aumento da atividade osteoblástica juntamente com a interação da reação tecidual ao laser de baixa intensidade, realizou-se neste estudo uma avaliação radiográfica, em um curto período de tempo, do reparo de defeitos ósseos provocados cirurgicamente em fêmur de ratos. METODOLOGIA Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Animais da Universidade Federal de Juiz de Fora (042/ 2007). Para sua realização foram utilizados 24 ratos (Rattus norvegicus, albinus, Wistar), adultos (60 dias), com peso variando entre 160 e 220g, que foram mantidos em condições naturais de luz, umidade e temperatura no biotério da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os animais foram mantidos em gaiolas e tratados com ração granulada e água ad libitum, antes e durante o período experimental. Os animais foram sedados com solução aquosa a 2% de cloridrato de xilasina (Rompum® - Bayer S.A., São Paulo, Brasil) e após 5 minutos anestesiados com cloridrato de cetamina (Vetanarcol® - Konig S.A., Avellaneda, Argentina), na proporção de 2:1 e 0,1ml da mistura para cada 100g de peso animal, via intramuscular. Após a tricotomia, foi realizada incisão longitudinal na área femural dos animais com dimensão de 2,5cm, divulsão dos tecidos, exposição óssea e confecção dos defeitos com broca esférica trefina de 2mm de diâmetro. No fêmur direito foi realizado apenas o defeito ósseo, sendo utilizado como grupo controle (GC), já o esquerdo (GE) recebeu enxerto ósseo bovino orgânico (Genox ®; Baumer S/ A, Mogi Mirim, SP, Brasil). Imediatamente após o tratamento com enxerto, foi aplicado laser em 12 animais (GEL). O laser utilizado para as aplicações foi de emissão infravermelha, contínua, de arseneto de gálio, cujo comprimento de onda é de 780nm e a potência de pico de 70mW com área da ponta aplicadora de 4mm2, classificado de acordo com a International Standard como classe 3B: IEC 60825-1 (Twin Laserâ, MM Rev ABRO 2010; 11(1): 18-22 Optics LTDA, São Carlos, São Paulo, Brasil). A potência média de saída se situa entre 0,5 e 3,5mW e dose de 4J/cm2. A aplicação foi pontual feita através de fibra óptica. Os grupos foram subdivididos de acordo com o momento do sacrifício: um (GE1 e GEL1) e 14 dias (GE14 e GEL14) após a cirurgia de enxerto, sendo este realizado através de overdose de anestesia geral. Radiografias periapicais póscirúrgicas e no dia do sacrifício foram obtidas de forma padronizada com filme periapical Insight (Eastman Kodak Company, Rochester, New York, EUA) e aparelho radiográfico periapical (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil), sendo que os fatores de exposição foram mantidos constantes (70kVp, 10mA, 0,43s, com distância foco-filme de 20cm). Os filmes foram submetidos ao processamento automático (Periomat, DURR Dental, Bietigheim-Bissinger, Baden-Württemberg, Alemanha). Posteriormente, as imagens foram digitalizadas por meio de máquina fotográfica digital Canon EOS Rebel Digital 300D 6.3 Mpixels, no modo 8bits, com resolução de 300dpi e armazenadas em formato TIFF. Foi utilizada uma máscara de papel preto, com abertura no tamanho do filme periapical para fotografar as imagens radiográficas. Densidades ópticas médias foram determinadas nas imagens digitalizadas para as regiões dos defeitos e enxertos ósseos, utilizando a ferramenta histograma do programa Adobe Photoshop® versão 10.0 (San Jose, Califórnia, EUA). As densidades foram mensuradas em três pontos distintos para cada região avaliada. As médias destas medidas foram calculadas e submetidas à análise estatística pelos testes T pareado e análise de variância, com nível de significância de 5%. RESULTADOS Para comparar as densidades ópticas das radiografias obtidas no pós-operatório e no momento do sacrifício dos mesmos animais foi utilizado o teste T pareado, com nível de significância de 5% (Tabela 1). Pode-se observar que existiu diferença significativa apenas quando se comparou as densidades ópticas do grupo controle sacrificado com 14 dias. Considerando-se apenas os dados no momento do sacrifício, compararam-se, por meio de uma análise de variância (p<0,05), as densidades ópticas entre os grupos controle, enxerto e enxerto + laser (Tabela 2). Pode-se observar que os grupos controle (defeito ósseo) apresentaram diferença significativa quando comparados aos grupos experimentais, sendo que os primeiros possuíram as menores médias de densidade óptica. Considerando os grupos experimentais dentro de cada momento de sacrifício (um e 14 dias), não existiu diferença significativa entre eles. DISCUSSÃO A aceleração do reparo ósseo causada pela terapia a laser de baixa intensidade (LLLT – Low Level Laser Therapy) é 19 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Tabela 1. Média (desvio-padrão) das densidades ópticas no pós-operatório e no momento do sacrifício Grupos estudados Pós-operatório Momento do sacrifício p Um dia Controle (GC1) Enxerto (GE1) Enxerto+laser (GEL1) 135,16 (5,04) 182,33 (12,87) 160,50 (5,54) 137,58 (6,50) 169,50 (9,93) 161,16 (10,22) 0,34 0,07 0,87 14 dias Controle (GC14) Enxerto (GE14) Enxerto + laser (GEL14) 135,33 (9,00) 177,00 (9,07) 172,00 (15,38) 145,25 (1,86) 179,33 (10,98) 168,16 (6,79) <0,01 0,50 0,64 Tabela 2. Comparação das densidades ópticas entre o grupo controle e os grupos experimentais considerando-se o momento do sacrifício. Grupos estudados Média (desvio-padrão) Um dia Controle (GC1) Enxerto+laser (GEL1) Enxerto (GE1) 137,58 (6,50) Aa 161,16 (10,22) Ba 169,50 (9,93) Ba 14 dias Controle (GC14) Enxerto + laser (GEL14) Enxerto (GE14) 145,25 (1,86) Aa 168,16 (6,79) Ba 179,33 (10,98) Ba Valores acompanhados de letras distintas (maiúscula comparando os diferentes grupos no mesmo momento de sacrifício e minúscula comparando os mesmos grupos nos diferentes momentos de sacrifício) apresentam diferença estatisticamente significativa (p<0,05). frequentemente citada na literatura, principalmente em casos de fraturas experimentais em animais10,12. Giordano et al.1 (2001) num estudo experimental em ratos demonstraram a influência do laser na consolidação de fraturas, concluindo que a LLLT é capaz de modular determinados processos biológicos, em especial a fotobioestimulação do processo de cicatrização tissular. O tecido ósseo, segundo Betti 13 (2004), tem grande capacidade de reparo, demonstrada, por exemplo, em casos de fratura. Quando a fratura ocorre forma-se um coágulo, havendo destruição da matriz e morte das células ósseas. O coágulo, assim como os restos celulares da matriz, é reabsorvido e um tecido conjuntivo começa a se proliferar, e é nesse local que se inicia a formação óssea, dando-se primeiramente pela deposição do colágeno, que posteriormente formará a matriz óssea. A aplicação do laser facilita essa síntese de colágeno resultando no aumento da motilidade de queratinócitos, liberando fatores de crescimento e transformando fibroblastos em miofibroblastos, todos participando do processo de reparação do osso 3,14-16. O presente estudo instituiu a terapia LLLT na tentativa de acelerar o processo de neoformação óssea nas cavidades 20 experimentais produzidas nos fêmures de ratos. Sassioto et al.2 (2004) descreveram que a regeneração óssea guiada por biomateriais facilita a formação óssea por proteção contra a invasão de tecidos não-osteogênicos competidores e as matrizes ósseas são lentamente reabsorvidas e substituídas por osso neoformado. Oztürk et al.17 (2006) concluíram em seu estudo que a matriz óssea é um material indutor do reparo tecidual. Entre os biomateriais disponíveis como substitutos ósseos, a matriz óssea orgânica bovina foi selecionada nesse trabalho, para preenchimento dos defeitos ósseos produzidos. O osso bovino vem se mostrando como um material alternativo de grande importância para enxertia, uma vez que é facilmente encontrado no mercado nacional, na quantidade desejada e por um preço acessível em comparação às outras terapias, como por exemplo, o osso autógeno18. Segundo Rossi et al.11 (2005), o aspecto arquitetural tridimensional presente no osso bovino permite a viabilização de um meio de compartimentalização de defeitos ósseos extensos de maneira idêntica ao osso humano. Aghaloo et al.19 (2004) demonstraram, por meio de um estudo realizado em crânios de coelhos, que o uso de enxerto bovino é uma alternativa eficaz nos processos de reparo ósseo. Na análise do presente estudo, quando se comparou os valores médios de densidade do grupo controle no pósoperatório e no momento do sacrifício, observamos diferença significativa (Tabela 1), provavelmente devido ao fato de no 14º dia existir tecido conjuntivo neoformado, assim como início de trabéculas ósseas e sutil quantidade de osteócitos9,20, acarretando a produção de uma imagem com maior densidade óptica, também observada por Lima et al.21 (2004), Louzada et al.22 (2001) e Oliveira et al.23 (2006). No entanto, ainda que não tenha sido detectada diferença significativa, os valores numéricos de densidade média do grupo enxerto + laser sacrificado com 14 dias foram menores no momento do sacrifício que no pós-operatório. Rocha-Júnior et al.3 (2006) e Moraes et al.24 (2005) concluíram que o fato de o laser acelerar a produção celular, aumentar o número de fibroblastos, a síntese de colágeno e a neovascularização dos tecidos lesados poderia levar a uma diminuição nos valores da densidade óptica, deixando a imagem mais radiolúcida18. Rev ABRO 2010; 11(1): 18-22 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Quando analisamos os valores médios de densidade encontrados no grupo controle e comparamos com os dos grupos experimentais, observamos que no primeiro esses valores são menores (Tabela 2), fato esperado já que a utilização do enxerto ósseo aumenta a neoformação trabecular, o número de osteoblastos, acelerando o reparo ósseo e consequentemente produzindo imagens mais radiopacas9, 10. Merli et al.25 (2005) descreveram que a aplicação do laser aumenta a produção mitótica no intuito de acelerar o processo de reparação óssea, no entanto Garcia et al.9 (2000) e Giordano et al.1 (2001) concluíram que com um dia ainda não houve tempo hábil suficiente para que isso ocorresse, e afirmaram que o que pode ser observado é um coágulo sanguíneo com grande quantidade de macrófagos no seu interior podendo, dessa forma, produzir uma imagem radiográfica com menor densidade óptica. Vale ressaltar que se a avaliação radiográfica ocorresse por um período mais longo (superior a 14 dias), os valores das densidades ópticas poderiam ser superiores aos encontrados. Dessa forma, novos estudos, envolvendo um maior tempo de avaliação, são fundamentais para verificar o efeito da aplicação de laser de baixa intensidade associado a enxertos ósseos. CONCLUSÃO Pode-se concluir que a aplicação de laser de baixa intensidade, quando avaliada por um curto período de tempo, não aumentou a densidade óptica das imagens de defeitos ósseos tratados com enxerto de osso bovino. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the optical densities of bone defects associated with bone graft, underwent to low intensity laser therapy. Defects were performed with round burs in femurs of 24 rats. The right femur was used as control (only bone defect), whereas the left one was grafted (veal bone graft). After treatment with grafts, laser was applied in 12 animals. The groups were divided according to the time of sacrifice: one and 14 days. Periapical radiographs taken at post-surgery and the day of sacrifice were obtained. The mean optical densities were determined for regions of defects and grafts in digized radiographic images. These values were subjected to statistical tests (paired T-test and ANOVA) with significance level of 5%. It was observed that the highest densities were associated with defects treated only with graft. Statistical difference was observed only in the comparison between the graft + laser group, killed in one day (GEL1) and graft group, sacrificed at 14 days (GE14). It was concluded that the application of low intensity laser, when assessed by a short period of time, did not increased the optical density of regions treated with bone graft. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. KEYWORDS: Low-level laser therapy; Bone graft; Dental radiography. 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Endereço para correspondência: Karina Lopes Devito Rua Olegário Maciel, 1930, 404B CEP: 36016-011 – Juiz de Fora, MG, Brasil Telefone: (32) 3211-9627/ (32) 9118-2769 E-mail: [email protected] 22 Rev ABRO 2010; 11(1): 18-22 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica DISPLASIA FIBR OS A: ABORD AGEM TTOMOGRÁFIC OMOGRÁFIC A FIBROS OSA: ABORDA OMOGRÁFICA Fibrous dysplasia: tomographic approach Frederico Sampaio NEVES1, Luana Costa BASTOS1, Luis Antonio Nogueira dos SANTOS2, Iêda CRUSOÉ-REBELLO3, Paulo Sérgio Flores CAMPOS4 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Radiologia Odontológica pela FOP/UNICAMP. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Radiologia Odontológica pela FOP/UNICAMP. 3 Professora Adjunta da Disciplina de Radiologia da FO/UFBA. 4 Professor Associado Livre-docente da Disciplina de Radiologia da FO/UFBA. 2 RESUMO A displasia fibrosa é uma lesão fibro-óssea benigna causada por um distúrbio no metabolismo ósseo em que o tecido fibroso, contendo osso anormal, se desenvolve e substitui o osso normal. A imagem radiográfica característica da displasia fibrosa é uma expansão radiopaca mal definida, exibindo uma aparência de “vidro despolido”. Embora essas características sejam geralmente visíveis nas radiografias planas, a tomografia computadorizada pode ser útil para uma avaliação precisa da extensão da lesão e sua fusão com osso normal, e ser indispensável para o planejamento cirúrgico e correção da deformidade facial. O objetivo deste artigo é relatar um caso de displasia fibrosa, enfatizando seus aspectos tomográficos e discutir as principais complicações odontológicas relacionadas a tal condição. DESCRITORES: displasia fibrosa monostótica, tomografia computadorizada, lesão fibro-óssea. INTRODUÇÃO A displasia fibrosa (DF) é uma lesão fibro-óssea benigna causada por um distúrbio no metabolismo ósseo em que o tecido fibroso, contendo osso anormal, se desenvolve e substitui o osso normal1. A DF é causada por uma alteração no gene GNAS1 localizado no cromossomo 20q13.2 com expressão fenotípica variável2-4. Fazem parte do grupo de lesões fibro-ósseas benignas as displasias: fibrosa, cementária (ou cemento-óssea) periapical, cemento-óssea focal e cemento-óssea florida e o fibroma cemento-ossificante. Este grupo é formado por lesões reativas que não podem ser diferenciadas com base no exame histopatológico, no qual se confirma apenas sua natureza fibro-óssea 5,6 . Os exames radiográficos convencionais e imaginológicos são de grande importância no diagnóstico diferencial da DF, sobretudo com relação ao fibroma cemento-ossificante, sendo que para a DF as margens da lesão são mal definidas, na qual ocorre fusão da área lesional com o osso normal circunjacente, característica esta refletida no padrão histopatológico7. A imagem radiográfica convencional na DF pode ser descrita como uma lesão radiopaca mal definida, com aparência de “vidro despolido”8. Em raros casos, a lesão pode apresentar um aspecto de “raios de sol”, mimetizando assim uma lesão maligna como um osteossarcoma 9 . Embora essas características sejam geralmente visíveis nas radiografias convencionais, a tomografia computadorizada (TC) permite uma avaliação mais precisa da extensão da Rev ABRO 2010; 11(1): 23-26 lesão e da sua fusão com osso normal10, sendo importante para o planejamento cirúrgico e correção das deformidades faciais11. A imagem radiográfica panorâmica faz parte da maioria dos exames complementares utilizados para o diagnóstico em Odontologia. Embora não seja um exame eficaz na avaliação das estruturas da maxila, a imagem radiográfica panorâmica permite a avaliação de lesões extensas e que provocam deformidade facial, como em casos de DF. Como um segundo exame de eleição, a TC seria a escolha, seja multidetector ou cone beam, devido à possibilidade de visualização em três dimensões das estruturas, sem sobreposição das imagens, além da possível avaliação dos tecidos moles. Devido à expressividade variável da DF, a TC é capaz de definir desde acometimentos mais brandos a manifestações mais severas e agressivas. Este trabalho tem como objetivo descrever um caso de DF, evidenciando as principais características imaginológicas e a importância dos exames por imagem para estudo e determinação de um correto diagnóstico. RELATO DE CASO Paciente de 66 anos, sexo masculino, compareceu à clínica de radiologia para submeter-se a exame radiográfico, devido à presença da deformidade facial acentuada, com tempo de evolução indeterminado. Na radiografia panorâmica, a hemi-mandíbula esquerda revelou aspecto de “vidro fosco”, com possível envolvimento 23 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Fig. 1 – Radiografia panorâmica evidenciando aspecto de “vidro fosco”, com aparente envolvimento da cabeça da mandíbula, duplicação da basilar e deformidade acentuada. da cabeça da mandíbula, duplicação da basilar e deformidade acentuada (Figura 1). Para avaliar com precisão a extensão da lesão, o paciente foi submetido à TC multislice. O exame, sem a utilização de contraste endovenoso, foi realizado com paciente em decúbito dorsal, cortes axiais com espessura 0,6mm e incremento de 0,6mm, reconstruções multiplanares com espessura de 1,0mm, campo de visão de 16,7cmxcm, matriz de 512 x 512, 120 kV e 200mA. Nos cortes tomográficos axiais (Figuras 2ad) e reconstruções coronais (Figuras 2e-h) observa-se o aspecto displásico do osso, com áreas remanescentes nãomineralizadas. As imagens sagitais mostram o envolvimento do ramo ascendente e do pescoço da mandíbula (Figura 3) do lado afetado. A imagem tridimensional revela deficiência maxilar, mordida cruzada e toda a severa deformidade produzida pela condição (Figura 4). Não se observa o envolvimento dos tecidos moles, ou seja, não há indícios da presença de mixoma de partes moles, descartando o diagnóstico de Síndrome de Mazabraund. Ante os achados clínicos e imaginológicos, a hipótese diagnóstica foi de Displasia Fibrosa Monostótica. DISCUSSÃO A DF é uma condição na qual o osso normal é substituído por tecido conjuntivo fibroso. Seu desenvolvimento pode ser atribuído a mutações ocorridas no gene GNAS 1, mutações estas que desregulam o metabolismo das células ósseas, alterando a composição da matriz intercelular8. A lesão é uma anormalidade localizada, podendo envolver um (monostótica) ou múltiplos ossos (poliostótica), sendo a primeira forma a mais prevalente. Cerca de 80% a 85% dos casos geralmente ocorrem durante a segunda década de vida8. As lesões da DF são duas vezes mais comuns na maxila Fig. 2 – Exame por TC, nos cortes axiais e coronais, observa-se o aspecto displásico do osso, com áreas remanescentes não-mineralizadas. 24 Rev ABRO 2010; 11(1): 23-26 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Fig. 3 – Exame por TC, no corte sagital, mostra o envolvimento do ramo ascendente e do colo da mandíbula. Fig. 4 – Na reconstrução tridimensional observa-se a deficiência maxilar, mordida cruzada e toda a severa deformidade produzida pela condição. do que na mandíbula, sendo as regiões posteriores da arcada mais frequentemente afetadas que a região anterior1. Em estágios iniciais de desenvolvimento, a DF se apresenta como uma matriz não-calcificada, que se caracteriza pela formação de área unilocular arredondada, oval ou irregular com margem esclerótica8. A radiolucência inicial da DF pode sugerir o diagnóstico de granuloma central de células gigantes, cisto ósseo traumático ou fibroma cemento-ossificante12. Ainda nos seus estágios iniciais, a DF pode causar leve expansão e assimetria facial 13. Embora a condição seja usualmente assintomática, a compressão dos canais e foraminas, assim como limitações nos movimentos funcionais, podem gerar queixas de dores de cabeça, perda de visão, proptose, diplopia, perda de audição, anosmia, obstrução nasal, epistaxe, epífora e alguns sintomas que mimetizam sinusite1,14. A presença de áreas radiotransparentes em meio ao osso Rev ABRO 2010; 11(1): 23-26 displásico nem sempre significa estágio inicial da lesão15, o que pode ser confirmado pelo caso ora apresentado. MacDonald-Jankowski (1999) 12 avaliou os achados radiográficos da DF em sete casos entre população oriental e pôde observar que em todos os casos a lesão apresentava aspecto radiopaco, o bordo inferior da mandíbula mostravase deslocado ou afinado, mas não reabsorvido, havia expansão das corticais e não se observava uma definição das margens da lesão. Tais características radiográficas também podem ser observadas neste caso. Degeneração cística não-específica associada à DF tem sido raramente descrita na literatura. Tais lesões podem ser cistos ósseos traumáticos ou aneurismáticos16. A presença de espaços císticos, não visíveis na radiografia panorâmica, pôde ser claramente visualizada nas imagens coronais da TC desse paciente. A DF pode causar diversas complicações de interesse para o cirurgião-dentista. Frequentemente ocorre deslocamento do assoalho do seio maxilar, deslocamento ou retenções dentárias, ausência da lâmina dura, e o bordo da mandíbula apresenta-se afinado ou ausente, tanto na TC como em radiografias convencionais. Reabsorção radicular não é detectada12. Em muitos casos de DF da mandíbula, o canal mandibular pode estar deslocado inferiormente ou superiormente17. Na radiografia panorâmica observa-se o forame mentoniano, porém, não se consegue avaliar a trajetória do canal mandibular. A TC evidenciou que o forame mandibular e mentoniano estavam preservados, porém, não foi possível determinar com precisão o trajeto do canal mandibular, aparentemente preservado e envolvido por tecido displásico. O paciente não relatou qualquer sensação de dor ou parestesia na região afetada ou inervada pelo nervo alveolar inferior. A DF pode frequentemente ser diferenciada do osteossarcoma com base no aspecto radiográfico. As características radiográficas do osteossarcoma são estrias ortorradiais, destruição das corticais, alargamento generalizado dos espaços do ligamento periodontal e destruição da lâmina dura. O exame histopatológico do osso é indicado em todos os casos suspeitos de osteossarcoma1. 25 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Para a DF, o tratamento conservador, incluindo o recontorno ósseo da região afetada, é geralmente indicado e obtém bons resultados. A recorrência é rara em adultos, mas as lesões podem mostrar um potencial de crescimento surpreendente se cirurgicamente alteradas durante sua fase de crescimento ativo1. Alvares et al. 14 (2009) relatam casos de regressão espontânea das lesões, com remodelação óssea ou, mais comumente, inativação das mesmas quando o paciente atinge a puberdade, o que é atribuído às alterações hormonais14. Apenas ocasionalmente a lesão continua a crescer de modo significativo na vida adulta18. No caso apresentado, a idade, ausência de comprometimento funcional e aceitação da sua deformidade facial determinaram como conduta adequada a proservação do paciente. ABSTRACT Fibrous dysplasia is a benign fibro-osseous disease caused by a disturbance in bone metabolism in which a fibrous tissue, containing abnormal bone, develops and replaces the normal bone. The characteristic radiographic image of fibrous dysplasia is a poorly defined radiopaque enlargement, showing a “ground glass” appearance. Although these characteristics are usually observed in plan radiographies, computed tomography can be useful for an accurate evaluation of the lesion extension and its fusion with the normal bone, and be indispensable for surgical planning and correction of facial deformity. The aim of this paper is to report a case of fibrous dysplasia, focusing in its tomographic features, and to discuss the major dental complications associated to this condition. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Brannon RB, Fowler CB. Benign fibro-osseous lesions: a review of current concepts. Adv Anat Pathol 2001;8(3):126-143. Langlais, R. et al. Generalized Radiopacities. Em:Diagnostic Imaging of the jaws. 3ª edição, Editora Willians & Wilkins, 1995; 578 – 588. Prapayasatok S, Iamaroon A, Miles DA, Kumchai T. A rare, radiographic “sunray” appearance in fibrous dysplasia. Dentomaxillofac Radiol 2000;29: 245 - 248. Coleman H, Altini M, Kieser J, Nissenbaum M. 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Endereço para correspondência: Frederico Sampaio Neves Avenida Limeira, 901, Areião Cx Postal 52-Piracicaba-SP e-mail: [email protected] Fone: (19) 88108831 Rev ABRO 2010; 11(1): 23-26 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica AV ALIAÇÃO TTOPOGRÁFIC OPOGRÁFIC A DO FFORAME ORAME MENTU AL EM AVALIAÇÃO OPOGRÁFICA MENTUAL RADIOGRAFIAS P ANORÂMIC AS PANORÂMIC ANORÂMICAS Topographic evaluation of the mental foramen in panoramic radiographies Frederico Sampaio NEVES1, Luciana Freitas de OLIVEIRA2, Vildeman RODRIGUES3, Poliana Pimentel3, Iêda CRUSOÉ-REBELLO4 1 Mestrando do Programa de Pós- graduação em Radiologia Odontológica pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba/ UNICAMP 2 Mestranda em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas pelo Instituto de Ciências da Saúde/UFBA 3 Cirurgiões-dentistas 4 Professora adjunta - Disciplina de Radiologia Básica/Universidade Federal da Bahia RESUMO O objetivo deste trabalho é avaliar a forma, posição e aspecto do forame mentual em radiografias panorâmicas. Foram avaliadas 278 radiografias, do arquivo da Disciplina de Radiologia Básica da Universidade Federal da Bahia, por dois avaliadores devidamente calibrados, em dois momentos diferentes com intervalo de tempo de 30 dias, obtendo-se um intervalo de confiança de 98% entre os avaliadores. Após tal momento, as imagens foram avaliadas e em casos de discordância, era obtido um consenso entre os avaliadores. Os critérios avaliados em cada imagem foram: presença, forma, número, aspecto e posições ântero-posterior e supero-inferior do forame mentual. A análise estatística foi realizada de acordo com o gênero do paciente. Em todas as imagens o forame mentual foi encontrado bilateralmente e único. Com relação ao aspecto, o padrão “contínuo” foi o mais comum. A posição ântero-posterior mais frequente foi entre os pré-molares e a supero-inferior mais frequente foi abaixo dos ápices radiculares dos pré-molares. Pode-se concluir que para os critérios radiográficos avaliados, o forame mentual se apresentou semelhante, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino, e os resultados corroboram com outros divulgados na literatura. DESCRITORES: forame mentual, radiografia panorâmica, mandíbula INTRODUÇÃO A identificação do forame mentual (FMt) é de grande importância na clínica odontológica, no que se refere à administração de anestesia local com finalidade cirúrgica ou diagnóstica e em tratamentos endodônticos1. O FMt é evidente na superfície lateral da mandíbula e se localiza inferiormente à região interproximal do primeiro e segundo pré-molares inferiores. Comumente, três ramos do nervo mentual emergem por este forame. Um dos ramos inerva a pele da região mentoniana, enquanto que os outros se difundem para a pele do lábio inferior, mucosa e até a gengiva da região de segundo pré-molar inferior2. Em imagens radiográficas, o FMt normalmente se apresenta como uma área radiolúcida oval ou circular na região de pré-molares, sendo este único e ocorrendo bilateralmente3. Diversos estudos têm se proposto a avaliar a posição do FMt, sejam em crânios secos ou radiografias. Tem se observado que a depender do tipo de população ou da idade, a posição do FMt é modificada. Estudos em crânios secos têm mostrado que existe uma relação próxima entre a posição anatômica do FMt comparado com as suas respectivas radiografias panorâmicas4. Rev ABRO 2010; 11(1): 27-31 É importante saber localizar o FMt, pré-cirurgicamente, para evitar erros de diagnóstico, ao confundi-lo com patologias ósseas ou mesmo evitar danos ao feixe neurovascular durante procedimentos invasivos nesta região. Distúrbios sensoriais como hipersensibilidade, hiposensibilidade ou parestesia em região de lábio inferior ou bochechas podem ser resultante de uma pressão causada sobre o nervo mentual. Estas alterações podem ser transitórias ou persistentes, dependendo do grau de irritação do nervo5. Tais distúrbios acontecem principalmente após a colocação de implantes dentários6 ou então após a realização de cirurgias endodônticas na região7,8. O objetivo deste artigo é avaliar a forma, aspecto e posição horizontal e vertical do FMt em radiografias panorâmicas. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado após a aprovação do Comitê de Ética da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (CEP 13/09). Os critérios radiográficos avaliados neste estudo foram similares a outros descritos anteriormente1,9,13 e estão sumarizados na tabela 1. Participaram deste estudo indivíduos que compareceram 27 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Tabela 1. Critérios radiográficos avaliados. Achado radiográfico Descrição Aspecto Contínuo: canal mandibular “unido” ao forame mentual Separado: canal mandibular “separado” do forame mentual Difuso: forame mentual difuso, com bordos indefinidos Indefinido: não se consegue visualizar o forame mentual Posição horizontal ou ântero-posterior Posição 1: forame mentual situado anteriormente ao longo eixo do 1æ% pré-molar Posição 2: forame mentual em linha com o longo eixo do 1æ% pré-molar Posição 3: forame mentual entre o longo eixo do 1æ% e 2æ% pré-molares Posição 4: forame mentual em linha com o longo eixo do 2æ% pré-molar Posição 5: forame mentual situado posteriormente ao longo eixo do 2æ% pré-molar Posição vertical ou supero-inferior Posição 1: acima dos ápices radiculares dos 1æ% e 2æ% pré-molares Posição 2: abaixo dos ápices radiculares dos 1æ% e 2æ% pré-molares Posição 3: ao nível dos ápices radiculares dos 1æ% e 2æ% pré-molares Forma Arredondado Oval Irregular ao Serviço de Radiologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia para realização de exames radiográficos panorâmicos, solicitados por outros cirurgiõesdentistas, no período de 2007 a 2008. Antes da realização dos exames radiográficos, os indivíduos foram esclarecidos acerca da pesquisa a ser realizada e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas 278 radiografias panorâmicas (84 de indivíduos do gênero masculino e 194 do gênero feminino) no ambulatório de Radiologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, todas no mesmo aparelho, com o filme Kodak T-MAT (Eastman Kodak Company) e processadas pelo método temperatura/tempo, com o uso de soluções reveladoras e fixadoras novas (Eastman Kodak Company), sempre seguindo as recomendações do fabricante. Todas as imagens apresentaram critérios de qualidade técnica, a saber: ausência de distorções, manchas ou qualquer outro fator que dificultasse a avaliação da imagem. Além das imagens que não possuíram os critérios de qualidade supracitados, foram excluídas imagens onde o FMt não fosse visualizado bilateralmente, presença de lesões patológicas localizadas na região posterior de mandíbula e na ausência dos pré-molares e do primeiro molar inferiores ou quando estes estivessem parcialmente irrompidos. Após completo processamento químico, as imagens foram digitalizadas através do uso de um scanner HP 4C com leitor de transparência e armazenadas em um computador. As imagens digitalizadas foram avaliadas no monitor do computador, tela de cristal líquido (LCD) LG Flatron (LG Eletronics), 15 polegadas e resolução 1024x728, em um ambiente com condições ideais de luminância e iluminância, por dois examinadores devidamente calibrados. Para a 28 calibração, foram avaliadas 30 imagens em um primeiro momento e mais 30 em um segundo momento (com intervalo de tempo de 30 dias), obtendo-se um intervalo de confiança de 98% entre os avaliadores. Após tal momento, as imagens foram avaliadas de maneira independente. Posteriormente, em caso de discordâncias na avaliação, o consenso entre os examinadores era obtido. RESULTADOS Foram avaliadas 278 imagens de indivíduos dos gêneros masculino e feminino, totalizando 556 FMts, destes, 69,8% correspondiam a indivíduos do gênero feminino e 30,2% do gênero masculino (Tabela 2). Os indivíduos possuíam idades entre 15 e 65 anos. Tabela 2. Distribuição do forame mentual de acordo com os gêneros. Gênero Masculino Feminino 168 (30,2%) 388 (69,8%) Em relação ao aspecto, o padrão “contínuo” foi o mais encontrado tanto para o gênero masculino quanto para o feminino, seguido do padrão “indefinido”. O padrão “difuso” foi observado em maior frequência no gênero feminino (3%), enquanto o “separado” foi mais prevalente no gênero masculino (4%), conforme pode ser observado no Gráfico 1. A relação horizontal ou ântero-posterior mais prevalente foi a posição 3, na qual o FMt está entre o longo eixo do primeiro e segundo pré-molares, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino. A segunda posição mais prevalente foi a 4, situação em que o FMt está em linha com o longo eixo do segundo pré-molar. A posição 1, onde o FMt Rev ABRO 2010; 11(1): 27-31 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica A última análise realizada foi quanto ao formato do FMt, sendo o oval o mais encontrado (74% no gênero masculino e 63% no gênero feminino), seguido pelo arredondado (23% no gênero masculino e 36% no gênero feminino). O formato quadrangular não foi observado em nenhuma das imagens (Gráfico 4). Gráfico 1 – Aspecto do forame mentual de acordo com os gêneros. está situado anteriormente ao longo eixo do primeiro prémolar só foi observado em uma imagem (Gráfico 2). Gráfico 4 – Forma do forame mentual de acordo com os gêneros. Gráfico 2 – Posição ântero-posterior do forame mentual de acordo com os gêneros. Em relação à posição vertical ou supero-inferior, a posição mais prevalente foi a 2, onde o FMt está abaixo dos ápices radiculares do primeiro e segundo pré-molares, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino. Seguido da localização ao nível dos ápices radiculares (posição 3) e, em menor prevalência, acima dos ápices radiculares (posição 1) (Gráfico 3). Gráfico 3 – Posição supero-inferior do forame mentual de acordo com os gêneros. Rev ABRO 2010; 11(1): 27-31 DISCUSSÃO Em casos de cirurgia periapical, enucleação cística, colocação de implantes dentários, cirurgia periodontal com rebatimento de retalho e tratamento ortodôntico-cirúrgico como osteotomia no corpo mandibular, faz-se necessário o conhecimento da exata localização do FMt por parte do cirurgião-dentista. Tal informação se torna necessária para correta realização de anestesia do nervo mentual e para se evitar danos ao seu feixe neurovascular durante tais procedimentos. A radiografia panorâmica é um método não invasivo amplamente utilizado no diagnóstico e planejamento em cirurgias bucomaxilofaciais. Apesar da radiografia panorâmica não prover informações precisas sobre a posição de estruturas anatômicas devido a sua bidimensionalidade e distorção da imagem, este é um exame extremamente solicitado na clínica odontológica. Além disso, utilizamos a radiografia panorâmica, pois esta possui certas vantagens quando comparada à radiografia periapical. Permite a visualização de uma maior e continua área de tecido duro, além de fornecer uma dimensão vertical e horizontal do FMt mais acurada. FORMA E ASPECTO Com relação ao aspecto do FMt, o padrão contínuo foi o mais prevalente, tanto para o gênero masculino (89%) quanto para o feminino (89%). Tais achados também foram observados por Al-Khateeb et al.9 (2007). Foi observado que quaisquer alterações nas condições de exposição radiográfica podem afetar o aspecto (contínuo, separado, difuso ou indefinido)10. Com relação à forma do FMt, pode-se observar que a forma 29 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica oval foi a mais prevalente, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino. Tais achados contrastam com os resultados encontrados por Al-Katheeb et al.9 (2007), que obtiveram maior frequência de forames com forma arredondada. Existe relato de FMt com formato quadrangular ao exame panorâmico11. Em nosso estudo não foi observado nenhum caso com tal formato. POSIÇÃO HORIZONTAL OU ÂNTERO-POSTERIOR Al Jasser et al. 1 (1998) demonstraram a existência de diferenças entre as mensurações anatômicas e radiográficas de crânios secos com relação à posição ântero-posterior do FMt, porém tal diferença não foi estatisticamente significante1. Em nosso estudo pode-se observar que o FMt foi mais prevalente entre o longo eixo do 1o. e 2o. pré-molares, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino. Tais achados corroboram com estudos anteriores1,12-14, porém contrastam com outros estudos onde a população consistia de indivíduos negros15,16 e coreanos17, na qual o FMt esteve localizado em uma posição mais posterior. Tais diferenças podem estar relacionadas aos diferentes grupos étnicos estudados, assim como pelo tamanho da amostra utilizada14. POSIÇÃO VERTICAL OU SUPERO-INFERIOR Tem sido observado que o FMt apresenta variadas posições no sentido supero-inferior. Isto pode ser devido ao comprimento das raízes dos dentes da amostra populacional, sendo a idade o maior fator contribuinte. É geralmente observado que em crianças onde ainda não ocorreu a erupção dentária, o FMt se localiza mais próximo da margem alveolar. Durante o período de erupção, por crescimento alveolar, o FMt adquire nova posição, sendo localizado entre as margens alveolar e inferior da mandíbula. A aparente movimentação do FMt é relativa e depende da deposição de osso alveolar. Com a perda dos dentes e a reabsorção óssea, o FMt se apresenta mais próximo da crista óssea alveolar. Em casos extremos de reabsorção óssea, o FMt e a porção adjacente do canal mandibular são expostos na margem alveolar12,18. Em nosso estudo pode-se observar que a localização supero-inferior do FMt mais prevalente foi abaixo dos ápices radiculares do primeiro e segundo pré-molares, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino. Tais achados também foram observados em estudos prévios9. Uma limitação do nosso trabalho foi não poder correlacionar a posição do forame mentual com a perda óssea e dentária, já que este não foi o nosso objetivo principal e, para tal correlação, seria necessária uma amostra maior. Através deste artigo, acreditamos que mais estudos possam surgir acerca da relação entre a perda dentária/óssea com a mudança ou não da posição do forame mentual. Pode-se concluir que para os critérios radiográficos avaliados, o forame mentual se apresentou semelhante tanto para o gênero masculino quanto para o feminino, e os resultados corroboram com outros divulgados na literatura. 30 É de fundamental importância o conhecimento das características topográficas deste reparo anatômico, principalmente quando se refere a procedimentos cirúrgicos ou endodônticos. ABSTRACT The aim of this study is to evaluate the form, position and aspect of mental foramen in panoramic radiographies. 278 radiographies from Federal University of Bahia Radiology’s Department archive were evaluated, by two calibrated observers, in two different periods with 30 days interval, obtaining a 98% confidence interval between the observers. The images were then evaluated and in cases of disagreement, a consensus was obtained. The evaluated aspects in each image were: presence, form, number, aspect and anteroposterior and supero-inferior mental foramen positions. The statistical analysis was realized according to patient gender. In all of the images the mental foramen was found bilaterally and unique for each side. Regarding to the aspect, the “continuous” pattern was the most common. The most frequent anteroposterior position was found to be between the pre-molars and for the supero-inferior position it was under the pre-molars root apices. We can conclude that for both radiographic criteria evaluated, mental foramen was similar between both genders and results concur with others in the literature. DESCRIPTORS: mental foramen, panoramic radiography, mandible REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Al Jasser NM, Nwoku AL. Radiographic study of the mental foramen in a selected Saudi population. 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Endereço para correspondência: Frederico Sampaio Neves Av, Limeira, 901, Areião Cx Postal 52, Piracicaba - SP - CEP 13414903 e-mail: [email protected] Fone: (71) 81010773 Rev ABRO 2010; 11(1): 27-31 31 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica PER CEPÇÃO VISU AL E A QU ALID ADE D A PERCEPÇÃO VISUAL QUALID ALIDADE DA INTERPRET AÇÃO RADIOGRÁFIC A INTERPRETAÇÃO RADIOGRÁFICA Visual perception and the quality of radiograph interpretation Edemir COSTA1; Juliana COSTA2; Sílvio Serafim da LUZ FILHO3 1 Professor de Radiologia da UFSC e Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC Psicóloga, Especialista, Familiare 3 Doutor e Professor do Programa de Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC. 2 RESUMO: Neste estudo os autores procuram mostrar a relação existente entre os processos psicológicos superiores, em particular o da percepção visual, e a qualidade da interpretação radiográfica na área da Radiologia Odontológica. Devido a maior complexidade do diagnóstico nos exames feitos através de radiografias convencionais, e de serem estas de uso rotineiro na Odontologia este estudo limitou-se a esse tipo de exame, onde estão mais presentes os fatores relacionados à subjetividade das imagens. Após uma breve exposição do processo de obtenção da imagem radiográfica, foram comentadas as limitações mais importantes que os radiologistas enfrentam na interpretação dessas radiografias, e que podem levá-los ao erro de diagnóstico. Por esse motivo, se destaca a preocupação com o aspecto perceptual, pois é através dele que o indivíduo adquire, interpreta, seleciona e organiza as informações recebidas através dos órgãos sensitivos da visão. Neste sentido foi dada ênfase ao fator “atenção”, que é um processo de observação seletiva onde se inicia o processo de percepção. DESCRITORES: Percepção visual; Qualidade em serviços; Interpretação radiográfica. INTRODUÇÃO O diagnóstico das alterações morfológicas e ou patológicas no ser humano, rotineiramente é feito através de três elementos que constituem o “tripé do diagnóstico”: exames clínico, por imagem e o laboratorial.1 O exame radiográfico faz parte do tripé do diagnóstico em que o especialista em Radiologia, analisa e interpreta as imagens obtidas, e busca através delas, estabelecer o diagnóstico com a finalidade de orientar os profissionais das diversas áreas odontológicas, no planejamento dos procedimentos clínicos e cirúrgicos, visando o tratamento do paciente. Este tipo de exame, por estar associado aos exames clínico e laboratorial, também é conhecido como “meio complementar de diagnóstico”, isto porque, nem sempre é possível obter o diagnóstico definitivo apenas com o seu emprego. Sua realização na área da saúde é feita por cirurgiões-dentistas e médicos especialistas em Radiologia que se utilizam das imagens para definir ou complementar os diversos diagnósticos. Atualmente, além das imagens obtidas através dos exames com os aparelhos de raios X convencionais, outras podem ser obtidas através de exames mais sofisticados, dentre eles as tomografias computadorizadas, o ultra-som e a ressonância magnética nuclear. No entanto, em razão da rotina do diagnóstico por imagem em Odontologia ser feito principalmente através do emprego 32 das radiografias convencionais, iremos abordar neste trabalho apenas os aspectos da percepção visual que interagem especificamente nesse tipo de exame. As imagens obtidas através das radiografias convencionais são caracterizadas por gradientes de tons de cinza numa escala variável entre o branco e o preto. Cada estrutura radiografada pode oferecer uma maior ou menor variação dessa escala de tons de cinza, dependendo das condições físicas do aparelho utilizado e, fundamentalmente do número atômico, da espessura e da densidade da área a ser radiografada.2 A interação entre os fatores físicos dos aparelhos utilizados e os filmes radiográficos onde as imagens são obtidas, pode alterar o gradiente dessa escala de tons de cinza, podendo, por vezes, provocar o desaparecimento de imagens necessárias ao diagnóstico. Além disso, as imagens obtidas nos exames radiográficos convencionais se limitam a oferecer apenas duas dimensões, ou seja, imagens que não nos fornecem a visão de profundidade da estrutura radiografada. Dessa forma, o resultado da imagem é uma sobreposição das estruturas da área em profundidade, dificultando sobremaneira o diagnóstico. Quando esses exames são feitos através de cortes tomográficos como no caso das radiografias panorâmicas onde essas imagens, mesmo não mostrando a terceira dimensão representam apenas fatias de pouca profundidade Rev ABRO 2010; 11(1): 32-38 da área a ser examinada dos arcos dentais, a sobreposição de estruturas antes e depois da área de interesse, é eliminada, minimizando o fator “sobreposição”. No entanto, na maioria das radiografias convencionais, as imagens das estruturas radiografadas são registradas em um único plano, sobrepostas entre si. Este fato requer do radiologista, não só o conhecimento anatômico da área e de suas alterações patológicas, mas também, um bom treinamento perceptual, para que possa ocorrer a aquisição, interpretação, seleção e organização das informações obtidas das imagens através do órgão sensorial responsável pela visão. Neste caso é importante considerar que é através do órgão responsável pela percepção visual que o indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado às imagens. A percepção visual que ocorre a partir de estímulos a que são submetidos os órgãos responsáveis pela visão, deve ser considerada sob o ponto de vista biológico ou fisiológico, bem como sob o ponto de vista psicológico ou cognitivo, uma vez que envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos.3 Por esse motivo, o objetivo principal deste artigo é destacar a importância dos aspectos perceptuais visuais sob o ponto de vista fisiológico e psicológico, na qualidade no diagnóstico das imagens radiográficas. DISCUSSÃO A radiografia como meio de diagnóstico A radiografia é um meio complementar do diagnóstico que se utiliza das imagens, de forma a contribuir para o estabelecimento do diagnóstico. Juntamente com os exames clínico e laboratorial, o exame radiográfico faz parte dos métodos utilizados para orientar o planejamento e a execução dos tratamentos na área da saúde1. Na Odontologia, em razão de ser uma especialidade que atua marcantemente em tecidos duros do corpo humano como o tecido ósseo e os dentes, a radiografia passa a ser um exame imprescindível para o diagnóstico de alterações patológicas eventualmente presentes. Conforme considerações feitas na introdução, este artigo irá considerar o diagnóstico por imagem a partir de radiografias obtidas apenas pelos exames radiográficos convencionais. Assim sendo, é preciso que sejam feitas algumas considerações relacionadas com a área específica da Radiologia, para que se possa ter uma melhor compreensão, entre “diagnóstico radiográfico” e “aspectos fisiológicos e psicológicos da percepção visual”. Quando radiografamos um paciente, através das propriedades dos raios X estamos fazendo com que esses raios ultrapassem os tecidos do corpo humano e sensibilizem o filme radiográfico produzindo sua imagem. Rev ABRO 2010; 11(1): 32-38 O corpo humano é constituído por vários tipos de tecidos, que variam na sua constituição pelo número atômico, espessura e densidade. Esses três fatores são os responsáveis pela maior ou menor penetração dos raios X nos tecidos, conseqüentemente, por uma maior ou menor sensibilização do filme radiográfico. Quanto maior o número atômico, a espessura e a densidade dos tecidos radiografados, menor quantidade de raios X irão ultrapassálos e assim, menor será a sensibilização do filme radiográfico e vice-versa. 1,2,4 Quanto ao número atômico podemos, por exemplo, comparar o tecido dental e o tecido ósseo de espessura semelhante. Entre os dois, os tecidos dentais possuem número atômico maior que o do tecido ósseo, impedindo mais a passagem dos raios X e sensibilizando menos o filme radiográfico. Radiografia como projeção de sombras As imagens formadas nos filmes radiográficos correspondem a uma escala de tons de cinza que vai do branco ao preto. Assim, quanto menos o filme for sensibilizado pelos raios X, menos radiação chegará ao filme, gerando imagens mais claras, as quais são chamadas de “imagens radiopacas”. Por outro lado, se a estrutura radiografada permitir uma maior passagem dos raios X, haverá uma maior sensibilização do filme e as imagens serão mais escuras, sendo conhecidas como “imagens radiolúcidas”. 1,2,4 Portanto, as imagens claras correspondem àquelas áreas do filme em que os raios X foram barrados pelos tecidos do corpo humano, como exemplo o tecido dental; e as imagens escuras, correspondem às áreas em que os tecidos do corpo humano pouco barraram a passagem dos raios X, como exemplo, os tecidos moles. 1,2,4 Entre esses dois extremos de imagens, existem as nuances de tons de cinza, resultado da variação do número atômico, espessura e densidade de cada tecido, permitindo assim a composição das imagens das diversas áreas radiografadas pelo gradiente de “sombras”, ou tons de cinza. Por se tratar de composição de sombras, as imagens podem variar de densidade ótica, dependendo da região em que se encontram ou em que são projetadas, mesmo se tratando de lesões de mesma constituição. Assim, a imagem de uma lesão tipo cística quando inserida no tecido ósseo, como o caso de um cisto periapical (Fig. 1A), gera por efeito de contraste radiográfico uma imagem radiolúcida, enquanto que um pseudocisto mucoso de retenção do seio maxilar (Fig. 1B), mesmo sendo de características semelhantes ao cisto periapical (tecido mole), gera no seio maxilar uma imagem radiopaca. Isto se deve ao fato de que, um cisto periapical que é uma lesão constituída por tecido mole com destruição do tecido ósseo, permite uma maior passagem dos raios X nesta região, com maior sensibilização do filme radiográfico. Já no 33 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica consciente sobre fenômenos visuais que podem levá-lo a erros na leitura das radiografias. Um destes fenômenos é o “efeito de faixas contíguas”. Quando muitas áreas uniformes são observadas simultaneamente, cada área parece ter uma densidade uniforme. Qualquer área de densidade uniforme, parece estar mais clara no lado adjacente a uma área de densidade mais escura e ligeiramente mais escura no lado adjacente a uma área de densidade mais clara. Este efeito é observado quando se olha a imagem radiográfica de uma escala de densidades, placa de alumínio formando degraus de espessuras diferentes, destinado a medir a passagem dos raios X. A densidade radiográfica de cada degrau é uniforme, mas não parece ser assim quando todos os degraus da escala são vistos ao mesmo tempo. De acordo ainda com Wuehrmann e Manson-Hing4 (1977), “os efeitos visuais do contraste aparecem, principalmente onde há uma área mais bem definida de baixa densidade radiográfica, em outras palavras, onde existe uma área mais radiopaca na radiografia”. Esta área parece ter bordos mais escuros ao seu redor. Esta ilusão de ótica é obtida com freqüência nos exames radiográficos, quando as imagens do esmalte dos dentes se sobrepõem. (Fig.2). Fig. 2 - Efeito de contraste por sobreposição Fig. 1 - (A) Cisto periapical projetado no tecido ósseo; (B) Pseudocisto mucoso de retenção do seio maxilar caso do pseudocisto de retenção do seio maxilar que originalmente é uma coleção de conteúdo mucoso, haverá a soma dos tecidos que constituem o pseudocisto, gerando por efeito de contraste uma imagem radiopaca no interior do seio. O contraste radiográfico é um dos aspectos que deve ser considerado como importante no treinamento perceptual do radiologista, uma vez que o mesmo pode ser resultado apenas de ilusão de ótica. Segundo Wuehrmann e Manson-Hing 4 (1977) o radiologista “lê” as radiografias valendo-se dos olhos. Estes órgãos não são infalíveis, e o observador deve estar 34 Radiografia como projeção bidimensional A planificação da imagem radiográfica se constitui em um outro fator de dificuldade para o radiologista no ato da interpretação radiográfica.1 Não é incomum a sobreposição de imagens em profundidade levar o profissional a erros de diagnóstico. Para evitar isto, é preciso que ele tenha um bom conhecimento da anatomia topográfica da área representada na imagem radiográfica. A figura 3 mostra em (A) sobreposição de um septo do seio maxilar sobre o canal da raiz palatina do dente 16, sugerindo tratamento endodôntico. Já em (B), a imagem corresponde a uma variação horizontal na incidência radiográfica, dissociando a septação do seio maxilar, do canal radicular. Rev ABRO 2010; 11(1): 32-38 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Fig. 3 - (A) Septo do seio maxilar projetado sobre o canal radicular; (B) Septo dissociado do canal. (Figura cedida pela Disciplina de Radiologia Odontológica da UFSC) sua percepção, envie o estímulo correto à sua mente, e esta associe o conhecimento topográfico e construa a imagem de forma tridimensional, transformando o conhecimento tácito em conhecimento explícito. Outro dado importante a ser considerado como necessário ao conhecimento do radiologista, é a semelhança de muitas imagens, sejam elas anatômicas ou patológicas, fato que geralmente é agravado pela planificação da imagem no filme radiográfico, dificultando a sua interpretação. A sobreposição de parte das imagens pode mascarar a realidade de uma estrutura ou, até mesmo, gerar imagens que possam provocar erro de interpretação1,2. Dessa forma, para se interpretar uma radiografia, não basta ter um profundo conhecimento da anatomia topográfica das estruturas a serem analisadas e um bom domínio das técnicas radiográficas. É preciso, acima de tudo, associar esses conhecimentos com as influências psicobiológicas que as imagens podem exercer sobre nossas mentes. A seguir é apresentada uma figura cujas imagens não correspondem à percepção visual gerada por elas. A figura 4 mostra dois elementos dentais sobrepostos, um molar e um pré-molar, onde a projeção de suas imagens nos dá a sensação de interposição de suas raízes, o que não ocorre na realidade. A seta superior indica imagem sugerindo que a raiz do molar (dente em posição horizontal), encontra-se posicionada sobre a raiz do pré-molar (dente em posição vertical). Já a seta inferior indica imagem sugerindo o oposto, ou seja, a raiz do pré-molar, posicionada sobre a raiz do molar. Nesse caso, o estudo da influência dos fatores perceptuais gerados pelas imagens é de extrema importância, uma vez que, de acordo com a psicologia, o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade, e não na realidade em si5. Condições de conhecimento Diante das situações adversas com que o radiologista se depara ao analisar uma imagem radiográfica, é fundamental que o mesmo tenha um grande conhecimento da estrutura anatômica a ser radiografada, além do domínio das técnicas utilizadas para a obtenção das imagens radiográficas1. A imagem radiográfica nada mais é do que a projeção da estrutura radiografada no filme, a qual pode variar de forma, tamanho e posição, dependendo do tipo da técnica utilizada e de sua incidência para a obtenção da imagem. Por outro lado, é preciso ter em mente que, além desses aspectos citados, acima as imagens se apresentam numa radiografia de forma planificada, formadas pela variação de tons de cinza em razão dos fatores apresentados no item 2.1 (número atômico, espessura e densidade dos tecidos). Neste caso, a noção de profundidade é dada em parte pelo conhecimento topográfico das estruturas que geraram a imagem. No entanto, é preciso que o radiologista saiba como essas estruturas se dispõem espacialmente para que, Fig. 4 - Falsa interposição das raízes dentais do molar e do pré-molar (Figura cedida pela disciplina de Radiologia Odontológica da UFSC) Rev ABRO 2010; 11(1): 32-38 35 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Percepção Para Vygotsky4 (2007), a percepção é parte de um sistema dinâmico de comportamento, por isso, a relação entre as transformações dos processos perceptivos e as transformações em outras atividades intelectuais, tais como, a consciência, o pensamento e a memória, é de fundamental importância. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira5 (2003), “o homem na concepção de Vygotsky, é um ser ativo, que age sobre o mundo, sempre em relações sociais, e transforma essas ações para que constituam o funcionamento de um plano interno”. Ou seja, a partir das relações sociais (mediações) e da linguagem, principalmente, o sujeito se apropria de conceitos historicamente produzidos, atribuindo a eles novos significados que serão internalizados, adquirindo um sentido pessoal, o que constitui sua natureza psicológica 5. Assim, segundo La Taille, Oliveira e Dantas6 (1992), nos estágios iniciais do desenvolvimento as atividades mentais apóiam-se principalmente em funções mais elementares, enquanto em estágios subsequentes a participação das funções superiores torna-se mais importante. O desenvolvimento humano a partir das relações sociais, conforme Palangana 7 (2001) dão origem aos processos mentais superiores que ocorrem em dois níveis: - processos psicológicos elementares (sensações, percepções imediatas, emoções primitivas, memória indireta): estão presentes nas crianças desde pequenas e nos animais, tais como reações automáticas, ações reflexas e associações simples. - processos psicológicos superiores (atenção, percepção, memória, imaginação), são de origem sócio-cultural 7. O desenvolvimento cognitivo se dá pelo processo de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura. Dentro da teoria vygotskiana, através da interação social a criança entrará em contato com elementos mediadores e fará uso deles, possibilitando o surgimento dos processos mentais. A mediação simbólica é um pressuposto essencial para explicar o funcionamento das funções mentais superiores, sendo uma característica presente em toda atividade humana, pois dentro da teoria vygotskiana a relação do homem com o mundo não é direta e sim mediada através dos instrumentos e signos, sendo que o primeiro é externo e o segundo interno. Uma operação que inicialmente representa uma atividade externa é reconstruída e começa a ocorrer internamente. É de particular importância para o desenvolvimento dos processos mentais superiores a transformação da atividade que utiliza signos (imagens por exemplo), cuja história e características são ilustradas pelo desenvolvimento da inteligência prática, da atenção voluntária e da memória. A influência dos aspectos perceptuais na interpretação radiográfica está diretamente ligada aos processos psicológicos superiores. Quando recebemos um estímulo do meio, ele é captado 36 pelos órgãos sensoriais e interpretado a partir de nossa subjetividade (experiências, motivações, crenças, valores, atitudes), resultando isto no processo de percepção. Por esse motivo, a percepção do mundo é diferente para cada um de nós; cada pessoa percebe um objeto ou uma situação de acordo com os aspectos que têm especial importância para si própria. Bock, Furtado e Teixeira5 (1999) consideram que, “a maneira com que percebemos um determinado estímulo, seja com a ajuda de nossa experiência ou necessidades, irá desencadear nosso comportamento”. Em se tratando da interpretação radiográfica, o objetivo é destacar o órgão da visão como meio de percepção para a elaboração da construção da subjetividade. A experiência acumulada pelo radiologista é um dos fatores importantes, que atuam como desencadeante do seu comportamento na interpretação da imagem radiográfica, no entanto, deve-se ressaltar outro fator de igual importância chamado “atenção”. “Atenção” é um processo cognitivo pelo qual o intelecto localiza e seleciona estímulos, estabelecendo relação entre eles. A todo instante recebe-se estímulos, provenientes das mais diversas fontes, porém só é possível atender a alguns deles, até porque nem sempre é possível e necessário responder a todos 8. Este processo de “atenção” faz com que o ser humano perceba alguns elementos em detrimento de outros. Os fatores que influenciam a “atenção” se agrupam em duas categorias: fatores externos e fatores internos, dos quais os que mais interferem no processo da interpretação radiográfica pelo radiologista, são os fatores internos, próprios do nosso organismo. Os dois conceitos a seguir são muito aplicados quando se realiza a interpretação radiográfica. Motivação: presta-se mais atenção a tudo que nos motiva e nos dá prazer do que as coisas que não nos interessam; Experiência: vivida ou, por palavras, a força do hábito faz com que se preste mais atenção ao que já conhecemos e entendemos. 3,9 Assim, se um radiologista recebe um pedido de exame radiográfico por suspeita de fratura radicular nos incisivos centrais superiores de um paciente, uma imagem semelhante à fratura resultante da sobreposição do contorno do nariz sobre as estruturas ósseas da região, poderá induzir este radiologista a “ver” um traço de fratura inexistente, como é o caso da imagem projetada sobre a raiz do dente 11, seta inferior. Neste caso, há apenas fratura na raiz do dente 21, indicado pela seta superior. (Fig. 5). Da mesma forma quando o radiologista passa por uma experiência recente de diagnosticar um determinado tipo de patologia, este poderá induzi-lo a confundir uma nova patologia de imagens semelhantes. Neste caso, a “atenção” é de fundamental importância para que erros de diagnóstico não venham a acontecer, e pode ser influenciada por três fatores básicos: Rev ABRO 2010; 11(1): 32-38 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica uma suspeita diagnóstica, fazendo com que o radiologista seja igualmente induzido a ver aquilo que não existe e, ao mesmo tempo, deixe de obter outras informações importantes para o diagnóstico. Poderíamos sugerir como exemplo um pedido de exame radiográfico com suspeita de cárie dentária. Esta informação mencionada poderá induzir o profissional, a ver uma cárie inexistente e, ao mesmo tempo deixar de ver alguma outra alteração de maior relevância para aquele diagnóstico. Portanto, a qualidade da interpretação dos exames radiológicos, está diretamente relacionada com os fatores da percepção visual, tanto sob o ponto de vista fisiológico quanto sob o ponto de vista psicológico, exigindo do radiologista um treinamento perceptual adequado. Fig. 5 - Fratura radicular na raiz do dente 21, indicada pela seta superior e falso traço de fratura na raiz do dente 11 indicada pela seta inferior, resultado da projeção do ápice nasal. (Figura cedida pelo Dr. Delmo Tavares, UFSC) - fator fisiológico: onde depende de condições neurológicas e também da situação material em que o indivíduo se encontra. Neste caso, independentemente do conhecimento profissional e das condições psicológicas que influem na interpretação radiográfica, o radiologista tem que apresentar uma boa “acuidade visual”. - fator motivacional: o qual depende da forma com que o estímulo se apresenta e provoca interesse. É preciso que a imagem da área de interesse da interpretação seja projetada com destaque para produzir o estímulo necessário, capaz de motivar a associação entre a imagem e o conhecimento sobre esta, ou seja, através da visão da imagem e com o conhecimento, explicitamos a subjetividade. - fator concentração: depende do grau de solicitação e atuação do estímulo. Ao interpretar uma radiografia, é preciso que o profissional priorize o órgão sensitivo da visão. Interferências captadas por outros órgãos exteroceptores do organismo, como por exemplo, o auditivo, poderão provocar uma desconcentração com consequente perda da atenção e indução ao erro. Por outro lado, este fator da atenção pode estar condicionado a Rev ABRO 2010; 11(1): 32-38 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para o radiologista, é inegável a importância do conhecimento dos processos psicológicos superiores como a percepção, no aprimoramento da qualidade do diagnóstico radiográfico. Como se observou no desenvolvimento do trabalho, para se interpretar com qualidade a imagem radiográfica, não basta o domínio das técnicas de obtenção dessas imagens nem apenas o conhecimento anatômico das estruturas do corpo humano, quer topograficamente ou através de suas imagens. É preciso estar preparado para entender as imagens. Em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais a partir do histórico de nossas vivências. Conhecer bem aquilo que se faz como profissional representa esse histórico; representa acima de tudo a construção do conhecimento baseado nas experiências. No entanto, é preciso ter consciência que, através da percepção, se organiza e se interpreta os estímulos sensoriais recebidos, dando a eles significado. Numa radiografia, nem sempre a imagem que é captada pelo órgão da visão corresponde à realidade, isto porque, este processo de percepção não depende apenas da boa acuidade visual, ou seja, da parte fisiológica do nosso órgão sensitivo da visão. Ela envolve os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados recebidos. Não há dúvidas que a consideração de todos os aspectos aqui abordados, irão contribuir para que as imagens radiográficas sejam analisadas com mais cautela e profundidade, produzindo-se diagnósticos de melhor qualidade. Assim sendo, espera-se que, com as considerações apresentadas neste artigo, seja possível contribuir para a melhoria da qualidade da interpretação radiográfica, em particular na área da Odontologia. É importante que os radiologistas, além do conhecimento técnico-científico na área odontológica, considerem a necessidade do conhecimento dos aspectos psicológicos da percepção visual no ato da 37 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica interpretação, melhorando assim a qualidade de seus laudos radiográficos. ABSTRACT In this study the authors seek to show the existing relationship between the superior psychological processes, in particular the visual perception and the quality of the radiographic interpretation in the area of Dental Radiology. Due to the greater complexity of the diagnosis in the exams using conventional radiographs, and because they are routinely used in Dentistry, the present study was limited to this type of exam, where the factors related to image subjectivity are more present. After a brief presentation of the process for obtaining the radiographic image, a discussion followed on the more important limitations that the radiologists find in the interpretation of these radiographs, them to errors in the diagnosis. Because of this, it is stressed the concern with the perceptual aspect, since it is through it that the person acquires, interprets, selects and organizes the information received through the sensitive organs of vision. In this way emphasis was given to the factor “attention”, which is a process of selective observation where the perception process begins. DESCRIPTORS: Visual perception; Service quality; Radiographic interpretation. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Freitas, A; Rosa, JE; Souza, IF. Radiologia Odontológica, 6ª ed. São Paulo: Artes Médicas, 2006. White, SC; Pharoah, M. . Radiologia oral: fundamentos e interpretação, 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2007. Vygotsky, LS. 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Estilac Leal, 176 Bairro Coqueiros – CEP: 88080-760 Florianópolis, SC Fone (48) 32449765. e-mail: [email protected] 38 Rev ABRO 2010; 11(1): 32-38 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica AVALIAÇÃO D A QU ALID ADE DE RADIOGRAFIAS DA QUALID ALIDADE BANHAD AS EM ÁL COOL NA FFASE ASE FINAL DE SEU BANHADAS ÁLCOOL PROCESSAMENTO Quality evaluation of radiographs washed with alcohol in the final phase of development Luana Costa BASTOS1, Thiara Bagdeve de OLIVEIRA2, Renata de Araújo BARBOSA2, Vinícius Rabelo TORREGROSSA3, Viviane Almeida SARMENTO 4 1 Mestranda do Curso de Radiologia Odontológica da FOP-UNICAMP Cirurgiã-dentista pela Faculdade de Odontologia/UFBA 3 Graduando em Odontologia pela Faculdade de Odontologia/UFBA 4 Professora Adjunta da Faculdade de Odontologia/UFBA 2 RESUMO O presente estudo tem como objetivo avaliar possíveis alterações no grau de escurecimento e na extensão da escala de cinza de radiografias que foram submetidas a um banho em álcool etílico (92,8°) como etapa final do processamento com soluções químicas. Para tanto, um dente extraído foi posicionado ao lado de um penetrômetro de alumínio e o conjunto foi radiografado de forma padronizada utilizando 40 filmes periapicais de sensibilidade E. Para o processamento, os filmes foram separados em quatro grupos (Grupo 1- controle, no qual não foi utilizado o álcool; Grupo 2- banho de 2 s em álcool; Grupo 3- banho de 1 min em álcool; Grupo 4- banho de 5 min em álcool). As radiografias foram digitalizadas (600 dpi, 8 bits) logo após sua obtenção e novamente após um ano. As imagens foram analisadas no programa Photoshop 6.0® onde a média dos níveis de cinza e a extensão da escala de cinza foram mensuradas. Os resultados mostraram que houve diferença estatística (p<0,0001) da média dos níveis de cinza apenas nos grupos 2 e 4, porém, não houve diferença estatística na extensão da escala de cinza no período avaliado. Pode-se inferir que o principal efeito do uso do álcool na secagem de radiografias foi a alteração do grau de escurecimento do filme no período de um ano. DESCRITORES: Radiografia dentária; Filme radiográfico; Álcool INTRODUÇÃO O exame radiográfico é um eficiente recurso disponível para a avaliação de lesões ósseas, sendo o principal meio não-invasivo de diagnóstico de algumas delas1. Entretanto, o valor da imagem varia de acordo com a sua qualidade, que está intimamente relacionada à eficiência do método utilizado para a sua obtenção2,3,4. A imagem obtida deve ter qualidade excelente, demonstrando ótimo detalhe, mínima distorção e densidade e contraste médios4,5,6. O controle da qualidade deve ser aplicado em todos os momentos da realização do exame radiográfico 4, sendo dependente de quatro fatores: a unidade geradora de raios X, o filme (ou a combinação filme/écran), a habilidade do operador e as condições de processamento. Este último fator mostrou-se mais sujeito às variações do dia-a-dia, levando à degradação da qualidade da imagem radiográfica 2,6. Iucif & Tavano5 (1995) citam como condições de processamento: os tipos de soluções reveladora e fixadora; a temperatura dessas soluções; as etapas de lavagem e secagem dos filmes; as Rev ABRO 2010; 11(1): 39-43 condições de armazenamento dos filmes e soluções; e luzes de segurança adequadas. O processamento é um procedimento meticuloso, mas também muito simples, sendo por isso, negligenciado pela maioria dos profissionais, chegando alguns autores a afirmarem que 90% das falhas em radiografias acontecem na câmara escura 7,8. Essas falhas ocorrem porque, na maioria das vezes, os profissionais não dispõem de todo o tempo necessário para processar corretamente suas radiografias e buscam maneiras para acelerar a aquisição das imagens3,4 . Com o objetivo de reduzir o tempo total do processamento, muitos autores estudaram a influência de fatores como temperatura, diferentes tipos de filmes e soluções e sua degradação3,4,5,6,9. Um método empírico comumente utilizado para reduzir o tempo de secagem das radiografias intrabucais é o uso do álcool. São poucas as publicações que relatam as possíveis consequências deste método. Haiter et al.1 (2001) analisaram por meio da densitometria o 39 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica efeito do banho em álcool na qualidade final de radiografias periapicais. Haiter Neto & Damian2 (2002) realizaram uma análise visual (subjetiva) e microscópica para avaliar as possíveis alterações. O presente trabalho tem como objetivo avaliar, por meio dos histogramas de radiografias digitalizadas, as possíveis alterações no grau de escurecimento do filme e extensão de sua escala de cinza, decorrentes do banho de álcool para secagem das radiografias. MATERIAL E MÉTODOS Nesta pesquisa foram utilizados filmes radiográficos periapicais do tipo Insight® (Eastman Kodak Co., Rochester, NY, USA; sensibilidade E) selecionando-se aleatoriamente 40 destes que foram divididos em quatro grupos experimentais, como demonstrado no Quadro 1. Esses grupos se diferenciaram quanto à realização ou não do banho em álcool (como etapa final de seu processamento) e quanto à duração do referido banho. Fig.1 - Posição do conjunto (filme – objeto - simulador de tecidos moles e penetrômetro) para a tomada radiográfica. Quadro I - Grupos experimentais utilizados na pesquisa A: Grupo 1 Controle R + LI + F + LF + S B: Grupo 2 R + LI + F + LF + BA (2 s) + S C: Grupo 3 R + LI + F + LF + BA (1 min) + S D: Grupo 4 R + LI + F + LF + BA (5 min) + S R: Banho revelador 3min; LI: lavagem intermediária em água 30 s; F: banho fixador 3min; LF: lavagem final em água corrente 6 min; BA: banho em álcool; S: secagem em estufa de ar quente. Todos os filmes foram radiografados utilizando um aparelho radiográfico (Spectro 70X, Dabi Atlante S.A. Indústrias Médico Odontológicas, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil) com 70 kVp, 8 mA e com filtragem total equivalente a 2,5 mm de alumínio. Um dente molar superior, cedido pela disciplina de Cirurgia da FOUFBA (o dente foi doado pelo paciente que assinou um Termo de Doação), foi mantido em posição com cera utilidade no bloco de mordida do posicionador radiográfico (Rinn ®). Sobre cada filme foi colocado um penetrômetro de alumínio (cinco degraus com 1 mm de incremento) e, na frente do conjunto, foi posicionado um simulador de tecidos moles preenchido com água (4 cm3) (Figura 1). O tempo de exposição empregado foi de 0,4 segundos e uma distância focal de 20 cm. Todos os filmes foram expostos no mesmo dia, com intervalo de no mínimo 2 minutos entre as exposições consecutivas. Após a exposição, os filmes foram processados pelo método temperatura-tempo numa câmara-escura tipo labirinto utilizando luz de segurança com filtro GBX-2 (Eastman Kodak Co., Rochester, NY, USA), soluções processadoras GBX (Kodak Brasileira Indústria e Comércio 40 Fig. 2 - Exemplo de radiografia obtida. Observa-se imagem do penetrômetro de alumínio à esquerda. Ltda, São José dos Campos, SP, Brasil), preparadas 24 horas antes do experimento para estabilizar suas propriedades. No momento do processamento a solução reveladora encontrava-se a uma temperatura de 24º C, sendo assim, de acordo com a tabela fornecida pelo fabricante, o tempo de revelação foi de 3 minutos. Realizou-se 30 segundos de lavagem intermediária, seguindo-se o banho fixador por 3 minutos (tempo determinado pelo fabricante quando a solução estiver em 24º C) e a lavagem final durante 6 minutos em água corrente. Todas as radiografias de cada grupo foram processadas simultaneamente, de forma a minimizar possíveis influências da fase de processamento sobre a densidade e contraste do filme. Antes da secagem, as radiografias do Grupo 2 foram submetidas a um mergulho rápido em álcool (2 segundos), as do Grupo 3 a um banho Rev ABRO 2010; 11(1): 39-43 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica em álcool durante 1 minuto e as do Grupo 4 a um banho em álcool durante 5 minutos. Foi utilizado o álcool etílico 92,8º (álcool comum). Em seguida todos os filmes foram colocados em estufa de ar quente (EMB ® , Indústria Brasileira) para secagem. Após o processamento, cada radiografia foi digitalizada por um scanner com leitor de transparência (HP PrecisionScan Pro 2.5, ScanJet XPA, Hewlett Packard Company, Greeley, Colorado, USA), com uma resolução espacial de 600 dpi, em 100% do seu tamanho original, no modo escala de cinza. As radiografias foram armazenadas no formato bmp num computador compatível com IBM utilizando o sistema operacional Windows (monitor de 17", com tela plana SuperVGA). A digitalização foi feita imediatamente e após um ano da realização do experimento. Máscaras de papel preto foram utilizadas sobre a face ativa do scanner durante a captura das imagens radiográficas. Cada imagem foi aberta no programa Photoshop 6.0® (Adobe Systems Incorporated, Mountain View, California, USA) e corrigida em brilho (de modo a eliminar ou diminuir possíveis discrepâncias decorrentes do ruído fotônico ou do processamento, permitindo assim que os valores de cinza a serem aferidos fossem resultado apenas das repercussões do banho de álcool das radiografias) e inclinação (pois em algumas radiografias, a imagem do dente apareceu inclinada) (Figura 2). Foram anotados os valores máximo e mínimo e a média da escala de cinza, a partir do histograma de cada imagem. Essas medidas foram feitas duas vezes, a partir das quais foi obtida uma média. Não foi mais possível realizar qualquer alteração adicional na aparência da imagem no momento de sua análise. De posse desses dados foi avaliada a extensão da escala de cinza, subtraindo-se o valor máximo da escala de cinza pelo seu valor mínimo. A média dos níveis de cinza da imagem foi utilizada para indicar o grau de escurecimento daquela radiografia. Os dados obtidos foram primeiramente testados quanto a sua distribuição normal (Teste de Kolmogorov e Smirnov). Para os grupos que passaram no teste de normalidade foi aplicado o Teste t de Student, para os demais foi utilizado o Teste de Mann Whitney. A probabilidade de erro assumida foi de 5%. RESULTADOS Comparando-se os grupos entre si nos dois períodos de tempo estudados, 24 horas e um ano depois da tomada radiográfica, observou-se que houve diferença estatística significante da média dos níveis de cinza (alteração do grau de escurecimento da radiografia) apenas no grupo 2 (2 s de álcool), no qual o valor diminuiu (p<0,0001 – Teste de Mann Whitney), e no grupo 4 (5 min de álcool), onde ocorreu Rev ABRO 2010; 11(1): 39-43 Tabela 1 - Média dos níveis de cinza das radiografias digitalizadas, 24 horas e 1 ano depois de obtidas, nos diferentes grupos de estudo Grupos 1- Controle 2 3 4 Tempos T1 T2 131,89 131,19 132,02 128,25 130,17 128,71 130,50 133,28 Valor de p 0,13 <0,0001 0,22 <0,0001 Teste T de Student Mann Whitney Mann Whitney Mann Whitney T1= 24h; T2= 1 ano depois. Tabela 2 - Extensão da escala de cinza (quantidade de tons de cinza exibidos) das radiografias digitalizadas, 24 horas e 1 ano depois de obtidas, nos diferentes grupos de estudo Grupos 1- Controle 2 3 4 Tempos T1 T2 153,11 151,78 154,20 149,10 154,80 150,60 153,70 148,40 Valor de p 0,64 0,09 0,16 0,11 Teste T de Student Mann Whitney T de Student T de Student T1= 24h; T2= 1 ano depois. aumento da média dos níveis de cinza (p<0,0001 – Teste de Mann Whitney) (Tabela 1). Houve uma diminuição nos valores da extensão da escala de cinza entre os tempos avaliados, em todos os grupos, porém sem diferença estatística significante (Tabela 2). DISCUSSÃO Uma boa avaliação da imagem radiográfica depende intimamente da qualidade desta imagem. A radiografia deve apresentar um grau de escurecimento ou densidade radiográfica média, para que se possam distinguir os detalhes da região exposta. Radiografias muito claras ou escuras demais podem dificultar o diagnóstico. A densidade está diretamente ligada com a quantidade de radiação que chega ao filme (miliamperagem), mas varia também com a quilovoltagem, distância foco-filme, tipo de filme e com as condições de processamento10. Tavano & Estevam 11 (1993) definem contraste como a diferença entre os diversos graus de preto, branco e cinza da imagem e quanto maior o número de tons intermediários de cinza, maior é a sua escala e menor é o seu contraste. Essa propriedade é afetada basicamente pela quilovoltagem, mas também sofre influências do tipo de filme, tipo de tecido irradiado e das condições de processamento 5,10. Muitos são os estudos que abordam as influências desses fatores na qualidade final das imagens. Segundo Casanova et al. 9 (2006), o contraste das radiografias periapicais, processadas manualmente pelo método 41 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica temperatura-tempo, aumenta à medida que as soluções processadoras envelhecem. Thunthy et al. 12 (1991) estudaram os efeitos das mudanças de tempo e temperatura, utilizando processamento automático, na qualidade da imagem após algum período de arquivamento. Concluíram que os filmes extrabucais apresentaram um pequeno aumento de sensibilidade e contraste, com o aumento do tempo e temperatura de processamento. No que diz respeito aos fatores de processamento, alguns métodos empíricos são usados rotineiramente na clínica e poucas são as evidências sobre a sua ação na qualidade final da imagem. O uso do álcool para acelerar a secagem das radiografias periapicais foi citada por alguns autores1,2. Segundo Haiter Neto & Damian2 (2002), o álcool realmente acelera o processo de secagem, uma vez que ao se volatizar ele leva também parte da água que se encontra na superfície do filme e na gelatina. Assim, caso os compostos resultantes do processamento não sejam adequadamente solubilizados pela água (da lavagem final) eles reagirão com o oxigênio ambiente formando substâncias sobre a radiografia que podem alterar suas propriedades, e com o tempo, dificultar o diagnóstico. Empregando grupos que se diferenciaram quanto ao momento e duração do banho em álcool, Haiter et al.1 (2001) encontraram valores de densidade muito oscilantes nos grupos onde a lavagem final foi feita apenas com álcool. No presente estudo observou-se diferença estatística no grau de escurecimento do filme nos grupos 2 (onde o valor diminuiu, o que significa um escurecimento do filme com o passar do tempo) e 4 (onde ocorreu aumento do valor de cinza, o que significa que a imagem tornou-se mais clara após um ano de sua obtenção). Já a extensão da escala de cinza diminuiu (o que significa um aumento do contraste) em todos os grupos avaliados, mas não foi estatisticamente significante. Essa propriedade não foi descrita por outros autores que utilizaram o método de secagem com álcool. CONCLUSÃO Pode-se concluir que o álcool etílico utilizado para reduzir o tempo de secagem dos filmes periapicais interfere na qualidade da imagem radiográfica, alterando seu grau de escurecimento. AGRADECIMENTOS A UFBA/FAPESB, pela verba PRODOC, que permitiu a aquisição dos equipamentos de digitalização de imagens utilizados nesta pesquisa. ABSTRACT The present study aim to evaluate the possible changes 42 in degree of darkening of the film and range of periapical films grayscale that were submitted to an ethyl alcohol (92,8°) wash as final step of processing with chemical solutions. Therefore, an extracted tooth was placed next to an aluminum step wedge and the set was imaged in a standardized manner using 40 E-speed periapical films. The films were separated in four groups (Group 1- control, in which no alcohol was used; Group 2- two seconds alcohol washing; Group 3- one minute alcohol washing; Group 4- five minutes alcohol washing). The radiographs were digitized immediately (600 dpi, 8 bits) and again after 1 year. The images were analyzed in Photoshop® software and the gray levels mean and grayscale range were measured. The results showed that there was statistical difference (p<0,0001) in the gray levels mean analysis between the groups 2 and 4, although there was not statistical difference in the grayscale range in the evaluated period. It can be inferred that the main effect of using ethyl alcohol in radiographs, after one year, is the alteration of degree of darkening. DESCRIPTORS: Dental radiograph; x-ray film; alcohol. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Haiter C, Damian MF, Haiter Neto F, Bóscolo FN. 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Piracicaba-SP Telefones: (19) 3374-5765 / (19) 8120-2241 e-mail: [email protected] Rev ABRO 2010; 11(1): 39-43 43 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DE UM SERVIÇO DE RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA Administration and management of a service of oral radiology Cléber Alexandre SEGATO1, Edemir COSTA2, Sílvio Serafim da LUZ FILHO3 1 Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia/UFSC Professor de Radiologia e Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento/ UFSC 3 Psicólogo, Doutor, Professor do Programa de Engenharia e Gestão do Conhecimento/UFSC 2 RESUMO O presente estudo se propõe a mostrar ao cirurgião-dentista especialista em Radiologia a importância da gestão do conhecimento na administração e gerenciamento de um serviço de Radiologia Odontológica, como resultado da elaboração de um modelo atualizado de gestão técnico/administrativa, como referencial básico para a implantação de novos serviços, visando a melhoria e otimização do trabalho organizacional. Utilizando-se de uma revisão da literatura evidenciaram-se as tendências de administração e gestão presentes no mercado, e que servem de facilitadoras para o crescimento empresarial. Nessa revisão, foram pesquisados temas considerados importantes como a Lei 453/98 que normaliza os serviços de Radiologia Odontológica, a ética profissional com a sociedade, as tendências de gestão, a importância do planejamento estratégico numa empresa, o papel dos sistemas de informação como alavanca tecnológica nos processos de serviços e o papel do marketing como catalisador da clientela. Enfim, o propósito dos autores não é o de esgotar o assunto a respeito da gestão e da administração de um serviço de Radiologia, muito pelo contrário, o objetivo é despertar o interesse pela profissionalização de seus métodos de gestão, objetivando não só o crescimento de sua clínica, como também o fortalecimento deste setor de prestação de serviços. O estudo pretende servir como uma orientação ao radiologista que optar pela abertura de um serviço de Radiologia Odontológica, evidenciando todos os aspectos concernentes na área da gestão, fomentando o sucesso organizacional. DESCRITORES: Gestão; Radiologia; Serviços. INTRODUÇÃO A demanda por profissionais e serviços mais eficientes e de qualidade é facilmente perceptível pelas empresas, pois a cada dia os clientes se atualizam para realização da compra de um bem ou serviço, procurando as informações disponíveis acerca de seu interesse. Em face disto, é notória a necessidade das organizações adotarem métodos e processos de trabalho cada vez mais padronizados, que minimizem o tempo de resposta ao cliente e, em contrapartida, maximizem melhores resultados para a organização. Diante desta realidade, o profissional de saúde, dentista ou médico que desejar montar seu serviço de Radiologia, não lhe valerá apenas o conhecimento técnico acerca da Radiologia, mas também será necessário possuir um conhecimento de como lidar com os procedimentos gerenciais do serviço, ou seja, de que forma administrar e gerenciar um serviço de Radiologia, neste caso odontológico, visando não apenas o retorno financeiro e o estabelecimento de sua marca, mas principalmente a manutenção e promoção da qualidade de vida dos clientes. O gestor da empresa, conhecendo todas as características 44 pertinentes à administração, poderá dimensionar adequadamente a estrutura do serviço, buscando a eficiência no processo de atendimento ao cliente e de execução das atividades gerenciais. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo apresentar os aspectos a serem considerados para o desenvolvimento de um modelo atualizado de gestão e administração de um serviço de Radiologia Odontológica, a ser utilizado como referencial básico para novas implantações de serviços, visando a melhoria e a otimização da organização do trabalho. CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS 2.1 Aspectos legais A Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde estabelece as Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico médico e odontológico. Serão descritos a seguir os pontos principais desta portaria, que tem influência direta na viabilidade de um empreendimento com esta característica, visando a defesa da saúde do profissional, do paciente e do público em geral. Os requisitos específicos para a Radiologia Odontológica, segundo a Portaria 453/98, incluem normas para o uso dos Rev ABRO 2010; 11(1): 44-50 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica equipamentos intra e extrabucais. Para as radiografias intrabucais, o ambiente deve ter dimensões suficientes para permitir à equipe manter-se a uma distância de pelos menos 2 metros do cabeçote do equipamento, além de dispor de sinalização visível nas portas de acesso, contendo o símbolo de radiação ionizante e quadro com as orientações de proteção radiológica ao paciente e acompanhante. Para as extrabucais, os equipamentos devem ser instalados em sala específica, atendendo aos mesmos requisitos do radiodiagnóstico médico. É também de suma importância que haja, para cada equipamento, uma vestimenta plumbífera que garanta a proteção do tronco dos pacientes, incluindo tireóide e gônadas. O serviço deve possuir instalações adequadas para o processamento de filmes com lanterna de segurança, cronômetro, termômetro e sistema de exaustão, quando estes não forem aparelhos digitais. Os equipamentos de raios X para uso odontológico devem atender aos requisitos de: • Tensão, a qual deve ser maior ou igual a 50 kVp para radiografias intrabucais e não inferior a 60 kVp para as extrabucais; • Filtração total não inferior ao equivalente a 1,5 mm de alumínio para equipamentos com tensão de tubo inferior a 70 kVp, e nos casos de tensão de tubo superior a 70 kVp a filtração total permanente não deve ser inferior ao equivalente a 2,5 mm de alumínio; • Radiação de fuga: o cabeçote deve estar blindado de modo a garantir um nível mínimo de radiação de fuga, limitada a uma taxa de kerma máxima de 0,25 mGy/h a 1 metro do ponto focal, quando operado em condições de ensaio de fuga; • Colimação, onde o diâmetro do campo não deve ser superior a 6 cm na extremidade de saída do localizador para radiografias intrabucais. Já para as extrabucais é obrigatório o uso de colimadores retangulares. • Distância foco-pele, os aparelhos devem possuir um localizador de extremidade de saída aberta para posicionar o feixe, limitando a distância foco-pele a um valor mínimo de 18, 20 e 25 cm para tensão de tubo menor ou igual a 60 kVp, entre 60 e 70 kVp e maior que 70 kVp, respectivamente. • Duração da exposição, a qual deve ser controlada por um sistema eletrônico e não deve permitir exposição superior a 5 segundos. Deve haver ainda um sistema que garanta que os raios X não sejam emitidos quando o indicador de tempo se encontrar na posição “zero” e o disparador for pressionado. O botão disparador deve estar em uma cabine de proteção ou disposto de tal forma que o operador possa ficar a uma distância de 2 metros do tubo e do paciente1. De acordo com a Portaria 453/98 devem ser adotados procedimentos a fim de reduzir a dose de radiação no paciente. Em primeiro lugar, é importante que exames radiográficos sejam realizados somente quando necessários, devendo-se averiguar a existência de exames anteriores que tornem desnecessário um novo exame. O tempo de exposição deve ser o menor possível, condizente com a obtenção de imagem Rev ABRO 2010; 11(1): 44-50 de boa qualidade. A repetição de exames deve ser evitada por meio do uso da técnica correta de exposição e de um processamento confiável e consistente. Para radiografias intrabucais deve ser utilizada, preferencialmente, a técnica do paralelismo com localizadores longos, dispositivos de alinhamentos (posicionadores), retentores periapicais e de “bite-wing”. Em extrabucais devese utilizar tamanho de campo menor ou igual ao tamanho do filme; o operador deve observar e ouvir o paciente durante as exposições, sendo proibido o uso de sistema de acionamento de disparo com retardo. A proteção do operador e da equipe é de extrema importância. Para manter esse princípio, os equipamentos extrabucais devem ser operados dentro de uma cabine ou biombo fixo de proteção com visor apropriado. Se a carga de trabalho for superior a 30 mA/min por semana, o operador deve manter-se atrás de uma barreira protetora com uma espessura de, pelo menos, 0,5 mm equivalentes ao chumbo. Além disso, nenhum elemento da equipe deve segurar o filme durante a exposição. Caso seja necessária a presença de indivíduos para assistirem a uma criança ou a um paciente debilitado, eles devem fazer uso de avental plumbífero com, no mínimo, o equivalente a 0,25 mm Pb e evitar se posicionar na direção do feixe primário. A proteção do público em geral também é um ponto importante a ser considerado. Neste sentido, o levantamento radiométrico deve demonstrar que os níveis de radiação produzidos atendem aos requisitos de restrição de dose estabelecidos. O acesso à sala de aparelhos de raios X deve ser limitado durante os exames. O processamento do filme radiográfico é uma etapa importante, durante a qual devem ser seguidas as recomendações do fabricante com respeito à concentração da solução, temperatura e tempo de revelação. Deve ser afixada na parede da câmara escura uma tabela de tempo e temperatura da revelação. Os filmes também devem ser protegidos, armazenando-os em local protegido do calor, umidade, radiação e vapores químicos. O controle de qualidade, previsto no programa de “garantia de qualidade”, deve incluir um conjunto de testes de constância, a ser realizado com frequência mínima de dois anos: camada semi-redutora, tensão de pico, tamanho de campo, reprodutibilidade do tempo de exposição ou da taxa de kerma no ar, linearidade da taxa de kerma no ar com o tempo de exposição, dose de entrada na pele do paciente, padrão de imagem radiográfica e integridade das vestimentas de proteção individual1. 2.2 Ética organizacional São frequentes as discussões em torno dos termos moral, ética, deontologia e, atualmente, bioética. Não parece simples indicar a etimologia dos termos ou defini-los, pois os autores não se referem a eles de maneira uniforme. A moral é considerada por Vasquez2 (1969) como a normalização dos atos humanos práticos, dos costumes e dos deveres do 45 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica homem individual e grupal. Segundo Häring 3 (1972), ética compreende os comportamentos que caracterizam uma cultura, um grupo profissional, enquanto faz uso de uma escala de valores. Já a deontologia é qualificada como o estudo dos deveres de um grupo profissional. Com o avanço das ciências biomédicas surgiu a bioética, a qual trouxe questões relacionadas à vida (bebê de proveta, bancos de esperma, transplantes de órgãos...). De uma maneira mais ampla, trata-se da análise crítica das dimensões morais do processo de decisão no contexto da saúde e onde atuam cientistas e biólogos. Na Odontologia, os cirurgiões-dentistas e profissionais de categorias auxiliares reconhecidas pelo Conselho Federal de Odontologia - CFO estão sujeitos às normas previstas no “Código de Ética Odontológica”, as quais devem ser seguidas, independentemente da função ou cargo que ocupem, bem como pelas pessoas jurídicas, no caso específico, os serviços de Radiologia Odontológica. Uma formação profissional com conhecimentos de princípios éticos e legais orienta o radiologista, quando da aplicação do seu saber, na construção de uma prática consciente, resultando numa melhor relação pacienteprofissional e realização pessoal. Destacamos alguns artigos do Código de Ética Odontológica do CFO, que na prática de um serviço de radiodiagnóstico, estão mais diretamente relacionados com as suas atividades e, por esse motivo, tem preocupado os radiologistas: No artigo 5º - deveres fundamentais dos profissionais e Entidades Odontológicas, destacamos o incivo II que prevê o dever do profissional investido em função de direção ou responsável técnico em assegurar as condições adequadas para o desempenho ético-profissional da Odontologia e inciso V, em que é dever do profissional zelar pela saúde e dignidade do paciente. O artigo 7º - no relacionamento com o paciente, prevê infração ética a discriminação, obtenção de vantagens física, emocional, financeira ou política; exagerar no diagnóstico e propor exames desnecessários. Já o artigo 8º - com a equipe de saúde, destacamos as infrações éticas de desviar pacientes de colegas, praticar ou permitir a concorrência desleal utilizando-se de serviços prestados por profissionais não habilitados legalmente. Por fim, os artigos 12 e 13, que tratam dos honorários profissionais, destacamos a preocupação quanto ao descumprimento ético em receber ou dar gratificação por encaminhamento de pacientes, além da prática do aviltamento de honorários profissionais com o objetivo de ganhar o mercado, em detrimento da qualidade dos serviços prestados 4. A ética organizacional tem como valores irrenunciáveis a boa qualidade dos produtos, a honradez no serviço, o respeito mútuo nas relações internas e externas da empresa, a cooperação para o alcance de boa qualidade, a solidariedade, a criatividade e a iniciativa. Também são componentes da ética nas organizações a avaliação das consequências e a 46 maximização dos benefícios. Ela centra-se na concepção da empresa como uma organização econômica e como uma instituição social, ou seja, uma comunidade de sujeitos éticos que compartilham um projeto, um sistema de comunicação, de lealdades recíprocas e de compromissos, com base na confiança, na justiça e no diálogo. Ir além do conhecimento de padrões éticos de comportamento e conduta é o que prima a ética organizacional. Ela requer primordialidade em sua prática, que é concretizada na atuação diária e não somente nas ocasiões excepcionais geradoras de conflitos de consciência. 2.3 Responsabilidade Social Nos últimos anos, o setor saúde tem experimentado um redimensionamento do esquema de “beneficência-caridade” que os serviços de saúde, especialmente os hospitais, traziam desde o seu início. A fim de fazer frente às dificuldades financeiras, à má qualidade, à falta de equidade e à ineficiência, surge a proposta das instituições de saúde, tornando impossível conceber o seu desenvolvimento institucional e a sua gestão de forma isolada do enfoque empresarial. Defendese que a viabilidade de um serviço de Radiologia Odontológica será facilitada se for concebido como uma empresa que assume junto com a coletividade um papel na produção de serviços, tendo por base um planejamento criativo, uma organização racional, uma direção eficiente e um rigoroso controle de qualidade. Essas transformações da organização, com a introdução de matrizes administrativas, financeiras e econômicas no seu dia-a-dia provocam algumas inquietudes e questionamentos, principalmente sobre a ética e a responsabilidade social da gestão em saúde. Em suma, a responsabilidade social diz respeito à constituição de uma cidadania organizada no âmbito interno da empresa e à implementação de direitos sociais no âmbito externo. Trata-se de uma maneira de conduzir os negócios da empresa de forma a torná-la co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é receptiva aos interesses das diferentes partes, como dos acionistas, trabalhadores, prestadores de serviços, fornecedores, usuários, clientes, comunidade, governo e meio ambiente, incorporando-os no planejamento de suas atividades, com vistas a atender as demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários. Isto exigirá que o administrador ou gestor de um serviço de Radiologia Odontológica empenhe parte significativa do seu tempo negociando os possíveis conflitos de interesses (BROWN, 1992)5. Sem ética organizacional é impossível a responsabilidade social. De nada adianta uma empresa empenhar-se em projetos sociais enquanto seus colaboradores não possuem condições adequadas de trabalho e segurança. 2.4 As especificidades das organizações de saúde Em relação às organizações que atuam na área de atenção à saúde, a expectativa social é ainda mais elevada. Espera-se que estas se comportem de maneira diferente daquela Rev ABRO 2010; 11(1): 44-50 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica observada para as empresas comuns. A sociedade acredita que as preocupações econômicas não devem ser um empecilho para a excelência da atuação dos profissionais de saúde, ao contrário, a imagem esperada para os serviços de saúde é de uma atitude de zelo na defesa das pessoas, especialmente das que estão doentes. Entendendo a administração dos serviços de Radiologia Odontológica como um fator de viabilização da gestão correta, eficiente e responsável da assistência aos usuários, a maior aspiração do administrador deve ser o desenvolvimento de um sistema de atendimento eficaz, com todos os seus componentes funcionando como uma equipe para atender, primeiramente, às necessidades da comunidade, em seguida às da instituição e, só então, às necessidades individuais dos empregados, dos profissionais e dele próprio. Quando a ordem nesta relação inverte-se, os serviços de saúde perdem de vista seu objetivo social e se tornam pouco efetivos. Cortina et al.6 (1996) alertam para a necessidade de as diferentes organizações, tendo patente o sentido da atividade que lhes é característica, refletirem sobre quais os bens internos a esta atividade e os meios adequados para atuar nesta direção. Talvez, esta seja a primeira tarefa de uma ética para as organizações. Isso significa que há uma obrigação de buscar a integração entre os critérios éticos e os econômicos, ou seja, de conciliar as exigências funcional e ética da empresa e de equilibrar os custos sociais e os resultados. Em outras palavras, a questão abarca como relacionar os reclames da economia e as demandas da ética. 2.5 A responsabilidade de proteger os direitos dos usuários de serviço de saúde Segundo Ziengenfuss 7 (1996), as organizações, os programas e as direções dos serviços de saúde têm a responsabilidade ética e social de proteger os direitos dos pacientes. Tal proteção será alcançada à medida que esses direitos encontrem sustentação dos objetivos, valores e cultura da organização; consonância no desenvolvimento do trabalho técnico; lugar e suporte na estrutura organizacional; atividades de apoio da equipe e garantia de serem considerados, por parte da direção, desde o planejamento até o controle e a avaliação das atividades. Um dos direitos fundamentais dos usuários dos serviços de saúde é o acesso à informação. Constitui condição indispensável para que a pessoa possa consentir, de forma esclarecida, aos procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, necessários segundo sua patologia e quadro clínico. A privacidade, da mesma forma, constitui um direito dos usuários e as condições para seu respeito estendem-se do projeto arquitetônico às relações diárias. Este direito do paciente à privacidade gera para os profissionais e para as organizações de saúde o dever de preservar a confidencialidade, devendo ser criadas condições para que se mantenham sob sigilo os dados relativos à intimidade do paciente (SACARDO, 2001)8. Rev ABRO 2010; 11(1): 44-50 2.6 Planejamento e Gestão estratégica de um serviço de Radiologia Odontológica O estudo em questão não tem o propósito de criar um modelo de gestão, mas sim alertar o gestor ou administrador, responsável por um serviço de Radiologia Odontológica, da necessidade de possuir um conhecimento na área de planejamento e gestão estratégica tendo em vista a grande oferta de tecnologia e a exigência por qualidade, resultantes do processo de crescimento cultural e da grande demanda de informações. A evolução dos conceitos e práticas associadas ao planejamento estratégico está intimamente relacionada à intensificação do ritmo e da complexidade dos processos de mudanças por que vem passando as organizações empresariais. A administração estratégica se diferenciou pela abordagem integrada e equilibrada de todos os recursos da organização para a consecução de seus fins (GLUCK et al., 1981)9. Segundo Henriques10 (2007), num mercado tão complexo e em constante evolução, as empresas não conseguem sobreviver quando apenas alguns dos gestores estão envolvidos na formulação e implementação de estratégias. A dinâmica do meio ambiente, a geração de flexibilidade, a interação dinâmica, integração interna da empresa e a revitalização do espírito organizacional são algumas das razões pelas quais deve ser utilizado planejamento estratégico. Autores como Amboni11 (2002) são unânimes em afirmar que as questões fundamentais ou premissas básicas para um planejamento adequado são: • Onde estamos – o que somos? • Onde queremos chegar – o que desejamos vir a ser? • O que é preciso fazer para chegar lá? Independentemente do nível e da área de especialidade, os gestores e toda a equipe de trabalho devem conhecer e perceber os conceitos básicos da gestão estratégica, para entender que as respostas a estas perguntas são responsáveis pela formulação ou planejamento da missão e da visão estratégica da empresa na busca de seus objetivos. Por outro lado, a gestão estratégica organiza os contributos que as diversas áreas têm a dar à organização, servindo como linha orientadora à integração dos esforços desenvolvidos pelos vários especialistas dispersos pela organização. Num serviço de Radiologia Odontológica, normalmente temos uma área administrativa que além de compreender o setor de recursos humanos, envolve também o setor financeiro, e uma técnica na qual se destacam a execução das técnicas radiográficas, o processamento radiográfico, o setor de diagnóstico e o de documentação em áreas como da ortodontia, periodontia e implantes. Uma boa análise estratégica é a base da formulação da estratégia, que se subdivide em quatro níveis: negócio, funcional, empresarial e internacional, que advém do fato de que as empresas são compostas por negócios, que por sua vez são compostas por funções. 47 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Os serviços de radiodiagnóstico se enquadram nos níveis de negócios e funcional. O de negócios é o mais importante dos quatro. É aqui que as empresas se defrontam no campo de batalha, para aumentar a sua fatia de mercado sobre os seus concorrentes. Para Gonçalves12 (2000) as empresas que se enquadram no nível de negócios ou de processos de negócios são aquelas que caracterizam a atuação da empresa e que são suportados por outros processos internos, resultando no produto ou serviço que é recebido por um cliente externo. No nível funcional, as vantagens competitivas que tornam possível o crescimento de um negócio dependem da imagem e do valor que a organização dá aos seus clientes. Tal valor deve ser desenvolvido pelas várias áreas funcionais da empresa, ligadas através de uma estrutura chamada “cadeia de valores”, que é responsável para que todos os setores de atividades do serviço sejam capazes de produzir valor para os clientes. Devido à incerteza relativamente ao futuro, a maioria dos planos estratégicos são apenas linhas mestras para orientação do trabalho de cada um, ou seja, não é possível definir um conjunto de tarefas a realizar por cada indivíduo. Por causa destes fatores, a gestão estratégica não poderá ser vista apenas como o processo de desenhar um plano e depois implementálo. Na verdade, a gestão é o processo de repensar e ajustar continuamente os planos e atividade da organização. 2.7 A empresa do futuro De acordo com Zimbres13 (2006), um serviço de Radiologia Odontológica, a exemplo de toda atividade da Odontologia, pode ser considerado de alta complexidade, pois envolve vários tipos de materiais e fornecedores, profissionais especializados e equipe auxiliar. Esse conjunto de fatores, interagindo de maneira dinâmica e personalizada de acordo com a necessidade de cada paciente, aliada à grande competitividade existente no mercado atual, desperta a necessidade do uso de conceitos de administração para melhor gerenciar esse tipo de serviço. Com a saturação de profissionais no mercado de trabalho, há atualmente uma grande oferta de radiologistas, o que leva a uma maior diferenciação na qualidade dos serviços oferecidos para se obter vantagem competitiva. Tal diferenciação depende não somente dos aspectos técnicos relacionados ao bom exercício da Odontologia, mas também no que diz respeito à gestão de um consultório odontológico, ou seja, a definição do planejamento estratégico, análise financeira e administração de pessoal. Para Janes & Janes14 (2003), a empresa do século XXI está organizada em torno de seus processos e centrará seus esforços em seus clientes. Ela será ágil e enxuta, os seus cargos ou tarefas exigirão conhecimento do negócio, autonomia, responsabilidade e habilidade na tomada de decisões. Nela não haverá lugar para os empregados tradicionais, normalmente preparados apenas com a experiência do dia-a-dia. 48 Segundo Gonçalves15 (1997), as organizações modernas passaram a ser projetadas com base em novos princípios, mais adequados à tecnologia e ao estilo gerencial contemporâneo. A centralização das empresas em seus processos levará a desenhos organizacionais muito diferentes dos que conhecemos e levará as organizações a adquirirem novas características. 2.8 A tendência da gestão no momento atual Nessa transição paradigmática que estamos testemunhando, o empreendimento e os organismos empresariais adquirem fundamental importância. Alguns velhos mitos tornam-se obsoletos. Segundo Crema16 (1989), o império da quantidade, o mito mecanicista da empresa como máquina, a dissociação entre trabalho e lazer, o crescimento ilimitado, a hierarquia rígida com seus jogos de poder, o princípio masculino dominante, a empresa sem alma... Outros mitos estão surgindo, atualizados e com grande potencial criativo, vinculados à visão multidisciplinar holística da realidade e à abordagem profunda da ecologia. A gestão do conhecimento vem cada vez mais se constituindo em foco de análise e aplicação nas organizações. Ela surge como uma proposta eficiente de administração e gerenciamento das organizações, uma vez que leva em consideração que o sucesso da organização está na interação entre as pessoas, infraestrutura organizacional e tecnologia. Laudon & Laudon17 (1998) enfatizam que as organizações necessitam dos sistemas de informações para que possam administrar de maneira eficiente todas as influências sofridas pelo contexto globalizado ao qual estão submetidas. No momento atual evidencia-se no mercado competitivo dos serviços de Radiologia Odontológica uma necessidade constante de atualização. Cada vez mais as organizações investem em tecnologias que lhes ofereçam condições de atender às necessidades de seus clientes, bem como obter informações que lhes ajudem a traçar suas estratégias corporativas. O mercado oferece aos serviços de Radiologia Odontológica alguns softwares que aumentam o desempenho da organização, como programas de cefalometria digital responsáveis pela elaboração de análises cefalométricas completas, incluindo cefalogramas e lista de fatores. As imagens das radiografias podem ser obtidas por sistemas digitais ou ainda através do emprego de um scanner ou câmera digital. Também são encontradas soluções para documentação odontológica, incluindo um sistema completo de montagem, impressão e distribuição de documentações odontológicas, e criação de laudos por imagem. No entanto, é importante salientar que toda essa tecnologia agrega conhecimentos para a melhoria do desempenho do serviço de Radiologia Odontológica sem, no entanto, dispensar a participação e supervisão de um profissional devidamente qualificado. Rev ABRO 2010; 11(1): 44-50 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica 2.9 Sistemas de informação Com a evolução das tecnologias de informação, muitas empresas, para atender com eficiência, optaram por rever seus processos adotando sistemas de informação compatíveis às suas necessidades. Os sistemas de informação passaram por estágios evolutivos que começaram a partir dos métodos manuais de gestão, culminando com a utilização de métodos científicos para a administração das organizações em parceria com as tecnologias existentes. Com o advento da tecnologia no cotidiano das organizações, algumas empresas procuraram acompanhá-la e empregá-la, adequando o sistema de informação às necessidades da empresa, em busca de uma produtividade maior, bem como de qualidade dos serviços para seus clientes. Algumas clínicas radiológicas usufruem dos benefícios oferecidos por softwares de imagens, oferecendo documentação ortodôntica e para implantes, o que tem feito com que as mesmas evoluam seus processos e meios de produção. Atualmente, os sistemas de informações contam com uma gama muito grande de funções tecnológicas, com recursos suficientes para gerenciar o processo produtivo de uma empresa, em um período de tempo mais curto, que se comparados aos métodos de produção manual garantem à empresa produtos com qualidade. 2.10 Marketing nos serviços de Radiologia Odontológica Segundo Moraginski 18 (1993), marketing é um dos instrumentos técnicos embasadores, capaz de produzir riquezas e idéias traduzindo desejos e transformando necessidades em realidade. É também conceituado como o conjunto de atividades humanas dirigidas para a satisfação das necessidades e desejos (FARAH, 1997)19. O marketing evolui muito desde sua antiga concepção como sinônimo de vendas, distribuição, publicidade e investigação de mercado. Atualmente, se interpreta como uma filosofia, uma forma de pensar e atuar, cujo objetivo fundamental é de relacionar as empresas, entidades, governos com seus respectivos mercados e clientes destinatários de suas atividades. A partir dessa nova visão percebe-se uma preocupação maior com o cliente e passa-se a explorar mecanismos que permitam a organização oferecer produtos e serviços que atendam as necessidades e expectativas de cada cliente. O marketing de serviços estuda os fenômenos e fatos que ocorrem na venda de serviços. O foco do serviço deve ser sempre o cliente, ou seja, não basta vender um serviço, é preciso assistir o cliente ou usuário para que ele possa ter satisfação com a venda ou uso do serviço, dependendo do enfoque de distribuição ou de uso, respectivamente. Clementoni20 (1991) preconiza a necessidade de preparar o pessoal auxiliar, o staff, em como atender e entender cada um dos pacientes. A equipe deve ser preparada para pensar em marketing. Quando estiver atendendo aos clientes deve ficar claro a importância dos mesmos para a organização, pois é fato que é através do resultado obtido no atendimento aos Rev ABRO 2010; 11(1): 44-50 clientes que a empresa retribuirá os colaboradores, pois do contrário, sem clientes não haverá o serviço. Para Paim et al. 21 (2004), o mercado está sofrendo transformações radicais em que a relação paciente/ profissional tem importante papel como agente desta transformação. É preciso que o profissional da Odontologia reveja suas percepções e atitudes frente ao paciente e ao próprio mercado de trabalho. O marketing na Odontologia deve ter a função de estabelecer, manter e melhorar a relação paciente/profissional de forma que os objetivos das partes sejam alcançados. Um prestador de serviço, neste caso um serviço de Radiologia Odontológica, precisa saber como fazer para que seus pacientes percebam valor naquilo que lhes é oferecido. Cabe ao gestor do serviço, incutir na cultura da organização o cuidado e a importância que o cliente representa para a empresa. O pensamento voltado ao cliente é a principal atitude que a empresa pode ter para conquistá-lo e mantê-lo satisfeito com o serviço. Não basta vender o serviço, é preciso oferecer algo mais, ou seja, agregar valor ao serviço prestado, pois esta é a vantagem competitiva que as organizações precisam buscar. 2.11 Importância do planejamento financeiro De acordo com Oliveira & Oliveira Júnior22 (1999), mesmo que para muitos as dificuldades financeiras e mercadológicas enfrentadas pelo cirurgião-dentista ocorram devido à conjuntura sócio-econômica, grande parte dos problemas ocorre por falta de conhecimento de administração e pela pouca flexibilidade em relação às formas de gerenciar seu consultório ou serviço. Para esses autores, apesar dos honorários corresponderem à receita bruta do consultório, muitos profissionais encaram essa receita como salário, não levando em conta que administram uma pequena empresa onde existem gastos fixos, gastos variáveis, além da necessidade de investimentos constantes em equipamentos e aprimoramento tecnológico. É comum profissionais com larga experiência de trabalho não saber dizer o quanto seus consultórios são rentáveis ou quanto custa para a empresa a prestação dos serviços, a fim de estabelecer adequadamente seus honorários. Não é suficiente seguir as tabelas de preços mínimos estabelecidos pelos conselhos, associações e sindicatos profissionais. Cada profissional, por exemplo, ao agregar tecnologia e conhecimento para um melhor atendimento de seus pacientes, necessita redimensionar seus custos. Neste sentido, é fundamental que o profissional conheça o custo/hora dos serviços prestados, levando em conta todos os itens que devem compor uma planilha de custos para que possa administrar sua clínica como uma empresa. A partir desse conhecimento o mesmo poderá evitar gastos supérfluos para não praticar preços que possam por em risco a demanda de seu consultório. Especificamente num serviço de Radiologia, não deve ser considerado apenas o preço dos 49 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica serviços como fator determinante para a manutenção da demanda de clientes ainda mais que, neste caso, esses clientes costumam ser os profissionais das diversas especialidades odontológicas que se valem do diagnóstico para o planejamento de seus tratamentos. Assim, a boa qualidade dos exames por imagem e do diagnóstico tem papel importante na fidelização da clientela. decides to open a Dental Radiology service, showing all the aspects concerning the management area, promoting organizational success. DESCRIPTORS: Management; Radiology; Services. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das considerações feitas no trabalho, é possível desenvolver um modelo atualizado de gestão e administração para ser utilizado como referencial básico na implantação de um serviço de Radiologia Odontológica. Atuando como profissionais da Odontologia ou técnicos de serviços de saúde, esquecemos o quão importante é o processo de gerenciamento e administração de uma organização, levando-nos por vezes a tomar decisões errôneas ou, até mesmo, nos impedindo de decidir e planejar adequadamente as estratégias da empresa. Ao abordarmos o tema, queremos tornar pública aos gestores dos serviços de Radiologia Odontológica, a necessidade dos conhecimentos sobre marketing, planejamento estratégico, ética e gestão empresarial, a lei 453/98 e, por fim, gestão de informação, como referencial básico para a administração dos serviços, visando a otimização dos processos organizacionais de uma empresa prestadora de serviços. Este trabalho não esgota o assunto, ao contrário, fomenta estudos neste sentido, contribuindo para o crescimento do setor e, principalmente, maximizando resultados positivos tanto para a empresa quanto para a sociedade envolvida. ABSTRACT The present studies intends to show the dentist who is specialist in Radiology the importance of the knowledge management in the administration of a Dental, Radiology service, as a result of the elaboration of an updated model of administrative/technical management, as a basic reference for the implantation of new services, in search of the improvements and optimization of the organizational job. By using a review of the literature, the trends of administration and management currently in the market became evident, which serve as facilitators for the business growth. In the present review, themes considered important were searched, as Law 453/98, that governs the Dental Radiology service, professional ethics with the society, the management trends, the importance of strategic planning in a company, the role of information systems as a technological leverage in the service processes and the role of marketing as a catalyzer of customers. Finally, the authors propose is not to exhaust the subject related to the management and administration of a Radiology service, on the contrary, it is to incite the interest in making its management methods professional ones, and aiming not just the growth of the clinic, but also the strengthening of this service sector. The study intends to serve as an orientation for the Radiologist who 50 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Brasil, Portaria 453/98 do Ministério da Saúde. Disponível em: URL: http://www.cefetba.br/nts/portaria_453_98.pdf. [27 jul. 2009]. Vasquez AS. Moral e História. In: Ética. México: Grijalbo; 1969. Häring B. O ethos do moralista na medicina moderna. Verbo: Medicina e moral no século XX 1972: 31-40. CFO. Código de Ética Odontológico. Disponível em: URL: http:// www.cfo.org.br. [2009 dez.18]. Brown MT. La ética em la empresa: estratégias para la toma de decisiones. Barcelona: Piados, 1992. Cortina A et al. 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Florianópolis, SC - CEP: 88080-760 Fone (48) 32449765 [email protected] Rev ABRO 2010; 11(1): 44-50 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica EV AL UATION OF MAXILLAR Y SINUS B YP ANORAMIC EVAL ALU MAXILLARY BY PANORAMIC RADIOGRAPHS Avaliação do seio maxilar através de radiografias panorâmicas Rejane FUKUSHIMA1; Camila Lopes CARDOSO2; Milton Carlos Gonçalves SALVADOR3; Ana Lúcia Alvares CAPELOZZA4 1 DDS, DDS, 3 DDS, 4 DDS, 2 Bauru Dental School, University of São Paulo, Brazil MSc, PhD student, Bauru Dental School, University of São Paulo, Brazil MS, PhD, Bauru Dental School, University of São Paulo, Brazil MS, PhD, Bauru Dental School, University of São Paulo, Brazil RESUMO A radiografia panorâmica ainda é um dos exames radiográficos mais utilizados na odontologia e diante da sua indicação préprotética e cirúrgica o objetivo deste trabalho foi avaliar as medidas lineares do seio maxilar (SM) em radiografias panorâmicas de pacientes edêntulos, bem como se há diferenças nestas medidas entre os gêneros masculino e feminino. Uma amostra de 50 radiografias panorâmicas foi avaliada, sendo 25 de cada gênero e foram medidas as distâncias entre: a parede lateral posterior do SM e eminência articular (A), paredes anterior e lateral posterior do SM (B) e parede anterior do SM e septo nasal (C). O SM foi então dividido em quartos no sentido vertical e as distâncias entre o soalho do SM e a crista do rebordo alveolar, seguindo cada linha vertical, foram mensuradas. Os reparos anatômicos utilizados como referência foram traçados em papel vegetal fixo às radiografias e as mensurações feitas com um paquímetro digital. Os dados obtidos foram submetidos à estatística descritiva e teste t de student, com nível de significância de 5%. As médias (±DP, unidade mm) encontradas para as distâncias horizontais A, B e C, respectivamente, foram de 25,70±4,00, 45,32±6,24 e 22,08±8,32 para o gênero feminino e 24,58±4,10, 48,59±6,08 e 23,69±7,39 para o gênero masculino. Não houve diferença significativa nas medidas obtidas entre os sexos, exceto quanto à distância do soalho do SM à crista do rebordo alveolar, medida na altura da parede posterior do SM (p=0,009). Após a análise dos resultados podemos concluir que os homens e mulheres edêntulos da amostra tiveram mudanças morfológicas do SM semelhantes. As medidas encontradas são particularmente úteis no planejamento de implantes em maxila. DESCRITORES: Radiografia panorâmica, maxila, edêntulo, seio maxilar. INTRODUCTION Diagnostic imaging and techniques help to develop and implement a proper treatment plan for both the implant team and the patient. Resorption of the alveolar ridge has been estimated with various radiographic techniques, such as lateral cephalometric radiographs and panoramic radiographs.1,2,3 Panoramic survey represents an important radiographic examination recommended by the expert panel for the initial examination of edentulous and dentate patients. It is commonly used in large institutional practices and is probably the most often utilized diagnostic modality in implant dentistry.4,5 Despite the great number of false diagnoses established using panoramic radiograph, this method has been used in implant planning to evaluate the sinus floor and its anatomic variations. It is well established that the edentulous alveolar process of the posterior maxilla is often affected by resorption, which results in a loss of vertical bone volume, whereas progressive sinus pneumatization leads to a decrease in the alveolar process. The magnitude of these aspects (characteristics) may vary from one person to another, due to gender, hormones, Rev ABRO 2010; 11(1): 51-54 metabolism or parafunction and often leaves inadequate bone height for placement of endosseous implants. However, the maxillary sinus dimensions of an edentulous population have not yet been subject to detailed analysis. The morphologic alterations of the maxillary sinus need to be better understood. The aim of this investigation was to evaluate the maxillary sinus dimensions in edentulous patients by mean of panoramic radiographs. In addition, the effect of gender was also analyzed. MATERIAL AND METHODS Panoramic radiographs of edentulous individuals were screened from the files of Bauru Dental School, University of Sao Paulo, Brazil (1999-2004). One researcher selected 50 panoramic radiographs (Kodak 15x30cm) with high quality and correct positioning. All radiographs were made using a standardized procedure by the same technician. The participants included 25 men and 25 women, between the ages of 35 and 70 years. All panoramic images were made using the same x-ray apparatus (or machine: Rotograph), with a magnification factor of 30%. The research project was 51 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica approved by the Bauru Dental School Institutional Review Board. By mean of a light box, all images were transcribed to a paper fixed to the radiographs. A sliding digital caliper was used to take measurements (model 501601, WPI, Sarasota, FL, USA), which were recorded to the nearest 0.01 millimeter. On each panoramic radiograph, eight measurements were taken. One researcher performed the following linear measurements: A: MS lateral posterior border and the articular eminence; B: MS anterior and lateral posterior borders; C: MS anterior border and nasal septum; D: MS inferior border and alveolar crest following the tangent line which passed on the posterior lateral border of the MS; E: MS inferior border and alveolar crest, following the line that determined one-fourth of the MS, from the posterior to the anterior border; F: MS inferior border and alveolar crest, following the line that determined two-fourth of the MS (half of the MS in a vertical plane), from the posterior to the anterior border; G: MS inferior border and alveolar crest, following the line that determined three-fourth of the MS, from the posterior to the anterior border; H: MS inferior border and alveolar crest, following the tangent line which passed on the anterior lateral border of the MS. Therefore, there were three horizontal tracings and five vertical tracings to be measured (Figure 1). Each sort of measurements was averaged and analyzed. In order to examine the effect of gender and side (right or left), the statistical analysis of differences was performed with Student t-test. The 5% significance level was used for statistical significance. Fig. 2 - Horizontal measurements by gender. A: MS lateral posterior border and the articular eminence; B: MS anterior and lateral posterior borders; C: MS anterior border and nasal septum. Fig. 3. Vertical measurements by gender. D: MS inferior border and alveolar crest following the tangent line which passed on the posterior lateral border of the MS; E: MS inferior border and alveolar crest, following the line that determined one-fourth of the MS, from the posterior to the anterior border; F: MS inferior border and alveolar crest, following the line that determined two-fourth of the MS (half of the MS in a vertical plane), from the posterior to the anterior border; G: MS inferior border and alveolar crest, following the line that determined three-fourth of the MS, from the posterior to the anterior border; H: MS inferior border and alveolar crest, following the tangent line which passed on the anterior lateral border of the MS. Fig. 1 - Linear measurements established. Table 1. Combined mean maxillary sinus dimensions (mm) considering gender RESULTS Measurements of tracings were made on both sides. The mean values of the distances measured are shown in Table 1. There was no difference between right and left sides. Regarding gender (Figures 2 and 3), significant difference was found only in the D tracing, where women presented significantly greater values compared to men (P<0.01). A B C D E F G H DISCUSSION Panoramic radiography is widely used and is often used as a tool in routine dental examinations, especially for edentulous patients before the implant selection and/or the construction of a complete denture. 52 Men (n=25) 24.58±4.10 48.59±6.08 23.69±7.39 17.10±5.10 6.20±2.99 6.30±4.10 12.87±6.71 40.43±11.07 Women (n=25) 25.70±4.00 45.32±6.24 22.08±8.32 21.11±5.13 7.58±4.22 7.04±5.03 12.31±6.87 36.82±10.51 Computed tomography allows a reliable planning for rehabilitation with dental implants, in addition to favoring the attainment of some reconstructions for analysis of the structures of the maxilomandibular, as well as injuries involving Rev ABRO 2010; 11(1): 51-54 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica the maxillary sinus, its relation with third molares6 and other indications. However, its cost makes the application in all the services unfeasible, remaining the panoramic x-ray the only option. The advantages of panoramic x-rays arethe visualization of all the region to maxilomandibular with low dose of radiation and accessible cost. However, panoramic radiography presents some drawbacks, such as: superposition of structures, which becomes uninterpretable when conditions are pathological and the structures deviate from the normal, 7 formation of ghost images on the side opposite the object,8,9 mesiodistal and vertical enlargement, non-appearance of third, blurring of some structures, spreading of a curved structure over a plane. There is limited information in the literature about the dimensions of maxillary sinus of edentulous patients.10,11 In the present study the mean dimensions of maxillary sinus in edentulous patients were identified and panoramic radiographs were used in order to evaluate the maxillary sinus dimensions. Authors 12 compared measures taken in panoramic radiographs by two methods: manual and computer program. They concluded that the measures acquired by the manual method, similar to the reported in this investigation, were closer to the real ones. Since panoramic radiographs have been extensively used in the planning of implants, it is important to be aware of the maxillary sinus morphometric dimensions in edentulous patients. Authors state that the evaluation of maxillary sinuses is necessarily illusory when one compares the reduced width of the section thickness and the mean depth of a sinus (40 to 50mm). 13 There was no statistically significant difference between the left and right sides, which indicates no effect of chewing side. In general, there was no difference between genders, except for the D tracing, when females presented greater values. These results were not expected owing to the bone loss of women undergo after the fourth decade of life. Dutra et al. (2005)14 also evaluated the effect of gender and age in the antegonial and mental indices in edentulous and dentate patients, by mean of panoramic radiographs. Despite the different area of tracings, the authors found significantly smaller values for older females. ABSTRACT Panoramic radiography is still one of the most often used X-rays in dentistry and due to the importance of its statement before pre-prosthetic surgery, the objective of this paper was to evaluate maxillary sinus (MS) measurements of edentulous patients by panoramic radiographs, between genders. 50 panoramic radiographs were analyzed and distances between: (A) articular eminence and MS lateral posterior border, (B) MS lateral posterior and anterior borders, (C) MS anterior border and nasal septum were taken. The SM was then divided into quarters vertically and the distance between the floor of SM and the crest of the alveolar ridge, following each vertical line were measured. The anatomic landmarks used as reference were drawn on tracing paper fixed to radiographs and measurements were made with a caliper. Data were submitted to descriptive statistics and Student’s t test with significance level of 5%. MS mean (±SD, mm) measurements found were 24.58±4.10, 48.59±6.08 and 23.69±7.39 for males, 25.70±4.00, 45.32±6.24 and 22.08±8.32 for females, to A, B and C, respectively. There was no significant difference between right and left sides. Between genders, there were only significant difference in the distance between MS inferior border and alveolar crest, measured in the sinus posterior border point, where females showed greater values (P<0.01). The results demonstrated the average of MS dimensions and provided a better understanding of the morphometric changes in edentulous patients, which can be helpful in the planning of implants in maxilla. DESCRIPTORS: Radiography panoramic, maxilla, edentulous, maxillary sinus. REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. CONCLUSION In conclusion, the results demonstrated the average of maxillary sinus dimensions, which seems not to be influenced by gender. These results provide better understanding of the maxillary sinus morphometric changes and could be of great value in the planning of implants placement. The success of treatments with implants depends on many factors such as pre-surgical evaluation of the patient . Also, the results of this study may guide clinicians to make primer decision of implant insertion area for implant supported prosthesis in edentulous patients. Rev ABRO 2010; 11(1): 51-54 6. 7. 8. 9. Humphries S, Devlin H, Worthington H. A radiographic investigation into bone resorption of mandibular alveolar bone in elderly edentulous adults. J Dent. 1989;17(2):94-6. Tallgren A, Lang BR, Walker GF, Ash MM. Roentgen cephalometric analysis of ridge resorption and changes in jaw and occlusal relationships in immediate complete denture wearers. J Oral Rehabil. 1980;7(1):77-94. 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Octavio Pinheiro Brisolla, 9-75 17012-901 - Bauru-SP-Brazil Tel.: +55-14-3235-8347 E-mail: [email protected] 54 Rev ABRO 2010; 11(1): 51-54 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica CONCEIT OS DE PR OTOTIP AGEM RÁPID A CONCEITOS PRO TIPA RÁPIDA Concepts of Rapid Prototyping Thiago de Oliveira GAMBA1, Isadora Luana FLORES1, Melissa Feres DAMIAN2, Elaine de Fátima Zanchin BALDISSERA2, Sérgio Lucio Pereira de Castro LOPES2 1 Acadêmicos do 9º Semestre do curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas. Professores Adjuntos de Radiologia Odontológica da Universidade Federal de Pelotas. 2 RESUMO A Prototipagem Rápida (PR), tecnologia pela qual se obtém um modelo tridimensional real ou protótipo de uma estrutura do organismo a partir de imagens virtuais da mesma, vem sendo utilizada progressivamente em muitas áreas da saúde, com ênfase nas especialidades odontológicas. O advento da tomografia computadorizada por feixe cônico (Cone Beam/TCCB) no final dos anos 19901, concomitantemente ao desenvolvimento de softwares interativos para a manipulação e reformatação de imagens tomográficas, levou a um maior acesso e interesse dos profissionais da Odontologia sobre este tipo de exame. Isto, consequentemente, induziu a uma maior disseminação da tecnologia de PR, já que a TCCB constitui uma das possibilidades de aquisição de imagens para a confecção de protótipos, tornando assim este tipo de procedimento mais acessível. Nota-se, porém, dentre os profissionais da área, uma falta de conhecimento sobre a PR, desde suas indicações, solicitação e etapas de obtenção de imagens para a confecção dos modelos (protótipos). Partindo deste princípio, este estudo teve como objetivo esclarecer os conceitos de PR, abrangendo seus tipos e etapas para obtenção do protótipo ou biomodelo. DESCRITORES: Projeto Auxiliado por Computador, Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico, Tomografia Computadorizada por Raios X. INTRODUÇÃO O rápido desenvolvimento tecnológico do último século na engenharia trouxe modificações de suma importância às mais variadas áreas. Dentre estas, a Odontologia, como suas especialidades, destaca-se como a que melhor se beneficiou com a interação entre o design e a fabricação de modelos reais2. A utilização da Prototipagem Rápida (PR) é um exemplo desta ligação, que vem sendo utilizada com maior frequência na área odontológica em especialidades como: Cirurgia Bucomaxilofacial, Cirurgia Ortognática e Implantodontia. Mas, afinal o que seria a prototipagem rápida? O termo protótipo refere-se a um produto fabricado unitariamente, segundo as especificações de um projeto, com a finalidade de servir de teste, antes da fabricação em escala industrial. Em outras palavras, pode-se dizer que o protótipo é a representação real e palpável (um modelo) de um projeto virtual (seja gerado manualmente ou por programas de computador), que tem como objetivos simular e estudar suas características ergonômicas, funcionais, de resistência, dentre outras. A obtenção do modelo físico, com as mesmas características geométricas do virtual, é o principal objetivo da PR. Os nomes mais comumente utilizados para essa tecnologia são: fabricação por camadas (layer manufacturing), prototipagem rápida (rapid prototyping), manufatura rápida (rapid manufacturing), fabricação de formas livres (solid Rev ABRO 2010; 11(1): 55-58 freeform fabrication) e impressão tridimensional (tridimensional printing). O termo mais difundido é Prototipagem Rápida devido à primeira aplicação desta tecnologia ter sido a fabricação de protótipos3. No passado, a construção dos protótipos era artesanal, produzidos por esculturas ou modelagens e necessitavam de um longo tempo para a sua confecção. A partir do desenvolvimento da Informática, foi possível a idealização e modelagem tridimensional de protótipos virtuais no computador. Os CAD (Computer Aided Design) são projetos criados através de softwares, com detalhes milimétricos, que possibilitam uma avaliação dos mesmos em perspectivas distintas na tela do computador, num modelo denominado de virtual. Para materializar esta criação virtual, foi idealizado o processo CAM (Computer Aided Manufactory), o qual possibilita a transformação do arquivo virtual, criado pelo CAD, em realidade, com o auxilio de uma máquina acoplada ao computador, semelhante a uma impressora especifica para tal4. Embora a PR tenha iniciada experimentalmente no inicio dos anos 1970, assim como a tomografia computadorizada, apenas em 1983 foi realizada a primeira reconstrução tridimensional para finalidades aplicadas à saúde e nos anos 1990, a criação de protótipos com maior qualidade e fidedignidade pelo avanço da qualidade dos tomógrafos e o desenvolvimento dos softwares específicos. 55 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Fig. 1 - Variedade de setores da economia que utilizam as tecnologias de prototipagem rápida5. Na verdade, o termo protótipo foi herdado da Engenharia e não corresponde realmente ao que se tem em área de saúde. Nesta, há uma reprodução tridimensional em modelo de uma estrutura já vigente, ou seja, o organismo vivo e não de um modelo projetado, o qual se quer testar e produzir em escala. A Figura 1 mostra a distribuição do uso da tecnologia da prototipagem rápida em diversos segmentos, incluindo a área da saúde. OBTENÇÃO DOS PROTÓTIPOS Mas, afinal como se obtém um protótipo? O processo de fabricação dos biomodelos pode ser dividido em etapas, sendo que todas devem estar integradas adequadamente para obtenção de um produto final satisfatório5. A qualidade do protótipo depende basicamente de quatro etapas, igualmente importante, sendo estas: o preparo do paciente, a qualidade do exame de tomografia computadorizada (TC), o tratamento das imagens e a escolha da tecnologia de prototipagem (impressão do biomodelo) (Figura 2): a) O preparo adequado do paciente facilita a obtenção de imagens de boa qualidade, devendo ser feito antes da realização da TC. Tais cuidados têm a finalidade de minimizar os efeitos indesejáveis nas imagens, causados pelos artefatos e garantir sua correta reprodução. Dentre estes cuidados prévios, pode citar: a substituição de núcleos metálicos fundidos, restaurações e coroas metálicas condenadas por material provisório não metálico. Faz-se necessário orientar o ortodontista, nos devidos casos, para que utilize braquetes níquel-free, além de explicitar ao radiologista responsável pela aquisição as imagens, sobre a finalidade do mesmo (“Exame para PR”) bem como a região de interesse. b) Feito o preparo do paciente, serão adquiridas as imagens tomográficas que gerarão o protótipo. A qualidade das imagens de TC é de suma importância para um resultado 56 Fig. 2 - Sequencia da aquisição das imagens e obtenção do biomodelo. As etapas A e B são executadas na clínica de radiologia, enquanto as C e D na empresa de prototipagem. (A) Tomógrafos de feixes cônicos e multislice, respectivamente; (B) Sequencia de imagens axiais adquiridas da região de interesse no formato DICOM, que serão transferidas via web para a empresa de prototipagem; (C) Visualização do volume 3D gerado e transformação do arquivo em formato STL, através de software específico; (D) Biomodelo (ilustrativo). final satisfatório deste. Atualmente, há a disponibilidade de 02 tipos de sistemas de aquisição de imagens por TC: TC multislice e TCCB. A primeira permite a captura de cortes contínuos e múltiplos em espessuras submilimétricas e uma excelente definição, tanto de tecidos duros e moles do paciente, gerando assim uma imagem tridimensional com alto grau de fidedignidade ao real 6. A TCCB baseia-se em outro princípio de aquisição volumétrica, com uma menor Rev ABRO 2010; 11(1): 55-58 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica Fig. 3 - (A) Impressora para prototipagem tipo Inket -PolyJet. (B) Protótipo ou biomodelo pronto5. dose de radiação, por sua miliamperagem (mA) reduzida em relação à mA da TC multislice. Este decréscimo na mA acarreta em uma pior definição das estruturas centrais registradas da imagem, em relação às periféricas. Ou seja, para confecção do protótipo, as imagens geradas por TC multislice são superiores em qualidade que as por TCCB. Adquirida a sequência de imagens tomográficas, no formato DICOM padrão (Digital Imaging and Comunication in Medicine), o radiologista entra em contato com a empresa de prototipagem, a qual fornecerá uma senha para que estas imagens sejam transferidas via FTP – File Transfer Protocol através da web. Desta forma, não há a necessidade de enviar as imagens via correios para a empresa. c) Transferidas as imagens para o FTP da empresa, esta irá gerar a imagem tridimensional no computador e então tratá-la, de modo a extrair artefatos e outros ruídos eventualmente presentes7. Nesta etapa, as imagens são manipuladas em softwares de reconstrução específicos, de modo que seja gerado um modelo virtual em um novo formato, padrão para os equipamentos de PR, denominado STL (Structured Triangular Language) 8 . Neste, a imagem é apresentada como uma malha triangular e não por voxels, como no anterior. A qualidade do arquivo STL tem uma íntima relação com o software utilizado 9. Vários softwares são disponíveis no mercado para a manipulação e conversão dos arquivos em STL, dentre os quais: Vworks®, Mimics®, ImplantViewer®, 3D Doctors® e Analyse®, dentre outros. Terminada esta etapa, será então determinada a tecnologia de PR para gerar o modelo. d) Depois de adquirido o arquivo em STL, o mesmo será usado para construção do modelo, segundo a técnica a ser escolhida. Esta escolha dependerá do objetivo pelo qual o profissional está solicitando a confecção do protótipo. O arquivo em STL é enviado para uma impressora tridimensional (Figura 3A), que gerará o protótipo. Na grande maioria das técnicas existentes, o que ocorre é uma sobreposição gradual do material, a fim de que o biomodelo seja progressivamente estruturado. Quanto mais fina for a camada de acréscimo do material, maior sua precisão e melhor seu acabamento superficial. A espessura das camadas é inerente ao processo de PR escolhido, como se pode verificar na Tabela 1. Importante salientar que as regiões desprovidas de tecido ósseo, como espaços aéreos, seios paranasais, espaços medulares e canais nervosos, não são preenchidos pelo material compacto, que gerará o biomodelo, mas sim deixados vazios ou preenchidos por material gelatinoso, que será posteriormente removido. Desta maneira, há a fiel representação do real, permitindo ao profissional, por exemplo, estudar com exatidão distâncias de remanescentes alveolares ósseos a estruturas vitais10. A Estereolitografia (SLA) é a mais antiga tecnologia de PR. Baseia-se na polimerização de uma resina fotossensível (acrílica, epóxi ou vinil) por meio de um feixe de laser UV (ultravioleta). Muitas vezes, o termo Estereolitografia é utilizado Tabela 1 - Principais sistemas de PR e suas características. Tecnologia de PR Estereolitografia(SLA) Fused Deposition Modelling (FDM) 3D Printing Inket – PolyJet Sintetização à Laser (SLS) Rev ABRO 2010; 11(1): 55-58 Espessura das camadas 0,025mm 0,178mm 0,1mm 0,016mm 0,1mm Translucidez SIM NÃO NÃO SIM NÃO Resistência ALTA ALTA BAIXA ALTA ALTA Precisão ALTA BAIXA BAIXA ALTA ALTA Material Usado RESINA PLÁSTICO GESSO RESINA NYLON 57 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica erroneamente como um sinônimo de PR. Além da SLA, podem-se citar outros sistemas de PR, como: Sintetização Seletiva a Laser ou SLS, Fused Deposition Modeling – FDM, InkJet-PolyJet e 3D printing. A Tabela 1 exibe os principais sistemas de PR, suas características, vantagens e desvantagens. Normalmente, pode-se obter o biomodelo em diversos materiais, desde gesso a resina, sendo que esta última, em geral, é translúcida permitindo a visualização de canais e espaços aéreos (Figura 3B). Depois de realizada a polimerização do material e consequente construção do modelo, este receberá o devido acabamento e será então enviado via Correios pela empresa responsável ao profissional solicitante11. CONCLUSÃO A Prototipagem Rápida e suas tecnologias, enfatizadas anteriormente, têm a capacidade de auxiliar diretamente no diagnóstico, planejamento, simulação cirúrgica, confecção de implantes e numa posterior proservação de casos clínicos. O protótipo facilita aos profissionais e pacientes a comunicação sobre o tratamento, permitindo uma melhor compreensão, informação adequada e clara a respeito de seu plano de tratamento. Esta recente e promissora tecnologia tem a capacidade de diminuir em pelo menos 30% o tempo cirúrgico, aumentando assim as taxas de sucesso nas abordagens odontológicas. ABSTRACT The Rapid Prototyping (RP), technology through which a tridimensional model or an organism structure prototype is obtained based on their virtual images, has been progressively used in many health areas, especially in dental procedures. The appearance of the computed tomography through cone clusters (Cone Beam: TCCB) in the end of the 90s1, along with the development of interactive softwares, for the handling and resettling of tomographic images, led to a bigger access and interest of the Dentistry professionals for this type of examination. This, consequently, induced to a bigger dissemination of the RP technology, since this kind of image constitutes one of the possibilities of acquisition for the production of prototype, making this procedure more demanded. It is noticed, however, among the professionals a lack of knowledge concerning the RP, from its indications, demands and image obtaining phases (so-called prototypes). Based on this principle, this study aimed at explaining the RP concepts, including its indications, types and stages in order to obtain the prototype or biomodel. DESCRIPTORS: computed aided design, cone beam computed tomography, computed tomography. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 58 Mozzo P, Procacci C, Tacconi A, Martini PT, Andreis IA. A new volumetric CT machine for dental imaging based on the conebeam technique: preliminary results. Eur Radiol. 1998; 8: pp 1558-1564. 2. Burns M. Perspectives on stereolithography – automated fabrication in the 19th, 20th and 21st centuries. Key note address to stereolithography users group conference and annual meeting march, 31 1992. 3. Cavalcanti MGP. Diagnóstico por Imagem da Face. (1st Ed). São Paulo: Santos, 2008. 4. Gomide RB. Fabricação de componentes injetados em inxertos produzidos por estereolitografia. [dissertação]. Florianópolis: UFSC; 2000. 5. Grellmann DA. Utilização das tecnologias de estereolitografia e microfusão para aplicações em prototipagem rápida e ferramental rápido. [dissertação]. Florianópolis: UFSC; 2001. 6. Salles FA, Anchieta MVM, Carvalho GP. Esteriolitografia auxiliando o planejamento cirúrgico em enfermidades orais. Revista Brasileira de Patologia Oral. 2002; [acesso 2010 Jan 15]. Disponível em: http://www.patologiaoral.com.br/texto10.asp. 7. Kim S H, Kang J M, Choi B, Nelson G. Clinical application of a stereolithographic surgical guide for simple positioning of orthodontic mini-implants. World J Orthod. 2008; 9: pp 371–382. 8. Sinn D P, Cillo Jr J E, Miles B A, Stereolithography for Craniofacial Surgery. The journal of craniofacial surgery 2006; 17: pp 869-875. 9. Bill J S, Reuther J F, DittmannW, Kübler N, Meier J L, Pistner H e cols. Stereolithography in oral and maxillofacial operation planning. J Oral Maxillofac Surg.1995; 25: pp 98-103. 10. Curcio R, Perin G L, Chilvarquer I, Borri M L, Ajzen S. Use of models in surgical predictability of oral rehabilitations. Acta Cirúrgica Brasileira. 2007; 22: pp 387-395. 11. Lal K, White G S, Morea D N, Wright R F. Use of Stereolithographic Templates for Surgical and Prosthodontic Implant Planning and Placement. Journal of Prosthodontics. 2006; 15: pp 51-58. Endereço para correspondência: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas – FO UFPel. Rua Gonçalves Chaves, número 457, Centro. Setor de Radiologia (Andar Térreo) - Departamento de Semiologia e Clínica. Fone (fax): (53) 3222-4305 – Ramal 109. Cep: 96.015-560. Pelotas - Rio Grande do Sul. e-mail para correspondência: [email protected] / [email protected] Rev ABRO 2010; 11(1): 55-58 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica NORMAS P ARA PUBLIC AÇÃO PARA PUBLICAÇÃO OBJETIVO DA REVISTA A Revista da Associação Brasileira de Radiologia Odontológica é uma publicação semestral e tem como objetivo registrar a produção científica na área da Radiologia Odontológica, fomentando o estudo e proporcionando a atualização dos profissionais da especialidade. A produção científica baseia-se em trabalhos completos relevantes e inéditos sobre temas atuais ou emergentes no campo da Radiologia Odontológica, constituindo-se de artigos, os quais deverão ser originais de experimentação clínica e aplicada, tendo estes prioridade em publicação; relatos de casos clínicos; revisões literárias; atualizações (a convite do editor); relato técnico; e cartas ao editor. Trabalhos com objetivo meramente comercial não serão aceitos, bem como aqueles que já foram publicados anteriormente ou que estão sendo considerados para publicação em outro periódico, quer seja no formato impresso ou eletrônico. As normas para publicação que se seguem foram baseadas no formato proposto pelo Comitê Internacional de Editores de Jornais Médicos (International Committee of Medical Journal Editors - ICMJE) e pode ser visto no site: www.icmje.org. INFORMAÇÕES GERAIS - Da Autoria O conceito de autoria está baseado na contribuição substancial de cada uma das pessoas listadas como autores, no que se refere, sobretudo, à concepção do projeto de pesquisa, à análise e interpretação dos dados, à redação e à revisão crítica. Cada publicação pode incluir no máximo 5 autores, com exceção da publicação tipo atualização, na qual serão permitidos 2 autores. Trabalhos com número excedente de autores devem ser acompanhados por declaração certificando explicitamente a contribuição de cada um dos autores. Não se justifica a inclusão de nome de autores cuja contribuição não se enquadre nos critérios acima, podendo, neste caso, figurar na seção “Agradecimentos”. Deve ser indicado o nome de um dos autores (autor correspondente), que será o autor responsável pela correspondência com a Revista, e seu respectivo endereço, incluindo telefone, fax e endereço eletrônico, devendo mantê-lo atualizado. - Do Texto Serão considerados trabalhos redigidos em português ou inglês, no formato eletrônico em documento tipo Microsoft Word, utilizando espaçamento de 1,5cm; papel ISO A4 (212x297mm); margens laterais de 2,5cm; fonte Times New Roman, tamanho 12. O número de páginas depende do tipo de publicação. - Da Forma de Submissão Os trabalhos deverão ser enviados diretamente ao Editor, Profa. Dra. Solange Maria de Almeida, via eletrônica, para o endereço: [email protected]. O texto e as figuras do artigo deverão ser enviados em documentos distintos, como anexos. No corpo do e-mail deverá constar apenas uma solicitação para a apreciação do artigo intitulado [Título do artigo], para possível publicação na revista da ABRO. Após o recebimento, o trabalho receberá um número de identificação que deverá ser usado em qualquer comunicação com a revista. - Da Declaração de Responsabilidade Os autores, no ato da submissão do artigo, deverão enviar via postal, a Declaração de Responsabilidade e a Transferência dos Direitos Autorais do artigo para a Revista da ABRO, aos cuidados da Profa. Dra. Solange Maria de Almeida, para o seguinte endereço: Faculdade de Odontologia de Piracicaba/ UNICAMP, Área de Radiologia Odontológica, Av. Limeira, 901, Bairro Areião. Caixa Postal 52, CEP: 13.414–901. Piracicaba, SP-Brasil. Estes documentos deverão ser assinados por todos os autores do artigo. A falta de assinatura de um ou de todos os autores será interpretada como desinteresse ou desaprovação à publicação do trabalho, determinando assim a exclusão automática do autor ou do artigo pelo Editor. Nesta correspondência deverão constar os dados do artigo, endereço do autor correspondente, incluindo e-mail e número do telefone. . MODELO DE DECLARAÇÕES (1) Declaração de Responsabilidade Nós, autores do artigo intitulado [título do artigo], o qual submetemos à apreciação da Revista da ABRO para nela ser publicado, declaramos que: - Participamos suficientemente da pesquisa e/ou da confecção do artigo para tornar pública nossa responsabilidade pelo seu conteúdo. - O trabalho é original, não contendo dados falsificados, plagiados ou fraudulentos e que nem este trabalho, em parte ou na íntegra, nem outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, foi publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, quer seja no formato impresso ou no eletrônico, até que uma decisão final seja emitida por esta revista. - Se solicitado, forneceremos ou cooperaremos totalmente na obtenção e fornecimento de dados sobre os quais o trabalho está baseado, para exame dos editores. ________________ ____________ __________ Nome do autor Assinatura Data (2) Transferência de Direitos Autorais Nós, autores correspondentes do artigo intitulado [título do artigo], que foi submetido à apreciação da Revista da ABRO para nela ser publicado, declaramos que em caso de aceitação do artigo, concordamos que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva desta revista, vedado qualquer produção, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação, impressa ou eletrônica, sem que a prévia e necessária autorização seja solicitada e, se obtida, faremos constar o competente agradecimento à Revista da ABRO e os créditos correspondentes. ________________ ____________ __________ Nome do autor Assinatura Data ESTRUTURA GERAL DA PUBLICAÇÃO 1. Página de identificação: constando, o título do trabalho em português e em inglês (84 caracteres incluindo espaço); nome completo dos autores com a principal titulação e afiliação; 59 Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica endereço para correspondência incluindo número de telefone, fax e endereço eletrônico do autor correspondente para o qual serão encaminhadas as futuras correspondências. 2. Página de Rosto: constando apenas o título do trabalho em português e em inglês. 3. Resumo: deverá ser estruturado contendo: objetivos, material e métodos, resultados e conclusão. Não deve exceder 250 palavras. Abaixo do resumo, especificar até 4 descritores que definam o assunto. Os descritores deverão ser baseados no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) publicado pela Bireme que é uma tradução do MeSH (Medical Subject Headings) da National Library of Medicine e disponível no endereço eletrônico: http://decs.bvs.br. 4. Abstract: tradução para o inglês do resumo incluindo 4 Keywords. 5. Introdução: exposição geral do tema, contendo, de modo sucinto, a Revisão da Literatura e os objetivos. 6. Material e Métodos: descrição do material utilizado e da metodologia aplicada. Devem-se usar as unidades do Sistema Internacional, citando detalhes sobre equipamentos e softwares (nome, modelo, fabricante, país). Indicar o número do protocolo do Comitê de Ética em Pesquisa, quando pertinente. 7. Resultados: reportados de forma direta, na mesma ordem em que o experimento foi descrito em material e métodos, lançando mão, sempre que possível, de tabelas e gráficos que facilitem a compreensão. Não discutir essa seção. 8. Discussão: devem ser comentados os resultados, sua relação com a literatura científica existente e sua importância para a Radiologia Odontológica. 9. Conclusão: pode ser incluída no ultimo parágrafo da discussão ou formar um tópico à parte. 10. Agradecimento: deve ser breve e incluir, caso exista, o suporte financeiro da pesquisa. 11. Referências Bibliográficas: em número máximo de 30. No texto devem aparecer em ordem numérica de citação, em números sobrescritos colocados após o ponto final da frase, começando do número 1. A exatidão das referências bibliográficas e a correta citação no texto são de responsabilidade dos autores. Forma de citação dos autores no texto: a) apenas numericamente: “... essa entidade patológica desenvolve-se durante a puberdade e raramente inicia-se após a segunda década de vida.2,3” b) alfanumericamente: - 1 autor: Santos12 (1986) - 2 autores: Santos e Carvalho14 (1987) - 3 ou mais autores: Santos et al.16 (1989) No final do texto as referências devem ser listadas em ordem de citação, digitadas em espaço duplo e identificadas com números arábicos. A apresentação deverá basear-se no formato Vancouver, conforme exemplos a seguir. Os títulos de periódicos deverão ser abreviados de acordo com o estilo apresentado pela List of Journal Indexed in Index Medicus, da National Library of Medicine (para títulos estrangeiros) e de acordo com a Bireme (para títulos nacionais). Para todas as referências, quando houver até seis autores, todos devem ser citados. Acima de seis autores, devem-se citar os seis primeiros, seguidos da expressão et al. Exemplo de referências 1. Artigo em periódico: 60 Vascocelos-Filho JO, Manzi FR, Freitas DQ, Bóscolo FN, Almeida SM. Evaluation of temporomandibular joint in stressfree patients. Dentomaxillofac. Radiol. 2007; 36: 336-340. 2. Citação de livro: Isberg A. Temporomandibular Joint Dysfunction – A Practitioner´s Guide (2nd ed). London: Taylor & Francis Group, 2003. 3. Capítulo de livro: Langlais, RP; Langland OE; Nortjé, CJ. Multilocular Radiolucencies. In: Diagnostic Imaging of the Jaws. Malvern, PA: Williams & Wilkins, 1995, pp 327–384. 4. Monografias, dissertações, e teses: Pontual, AA. Estudo Comparativo de Três Sistemas Digitais sem Cabo no Diagnóstico de Cáries Proximais. [tese]. Piracicaba: UNICAMP/FOP; 2007. 12. Tabelas: Digitar cada tabela em folha separada, com espaço 1,5cm. A numeração deve ser seqüencial, em algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Todas as tabelas deverão ter título e cabeçalho para cada coluna. No rodapé devem constar legendas para abreviaturas e testes estatísticos, quando utilizados. 13. Figuras: devem apresentar, em média, o tamanho de 84mm x 175mm, não devendo ultrapassar essas medidas. Pequenas variações para menos são aceitáveis. Os arquivos de imagens devem ser em formato TIFF ou JPEG, sendo o formato TIFF preferível para exames de imagens. Arquivos em formato JPEG devem ser salvos em qualidade máxima (ex. “10” ou “12”). As figuras devem apresentar no mínimo 300 dpi de resolução. Cada figura deve ser salva em um arquivo separado e nomeado como “Figura 1”, “Figura 2”, etc. Digitar as legendas para as ilustrações em páginas separadas, usando espaço 1,5cm. Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo a cada ilustração e na ordem que foram citadas no texto. O número de figuras, incluindo fotografias, tabelas, esquemas e gráficos não deve exceder 10, em qualquer tipo de produção, estando esse limite dentro do número de páginas de cada tipo de artigo. As imagens devem ser enviadas em formato preto e branco. Caso haja preferência dos autores para a publicação de imagens coloridas, os custos desta reprodução serão cobrados dos autores, a depender do número e tamanho das imagens. TIPOS DE PUBLICAÇÕES 1. ARTIGO ORIGINAL: Contribuição destinada a divulgar resultados de pesquisa original inédita devendo ser objetivo, máximo de 18 páginas, visando elucidar as questões que pretendeu responder. É recomendado incluir apenas os dados imprescindíveis, evitando-se tabelas muito longas, com dados dispersos e de valor não representativo. Quanto às figuras, não serão aceitas aquelas que repetem dados de tabelas. As referências bibliográficas devem ser estritamente pertinentes e relevantes à problemática abordada, evitando-se a inclusão de número excessivo de referências numa mesma citação e dando preferência as mais atuais. Estrutura: 1. Página de identificação, 2. Página de Rosto, 3. Resumo, 4. Abstract, 5. Introdução, 6. Material e Métodos, 7. Resultados, 8. Discussão, 9. Conclusão, 10. Agradecimento (se houver), 11. Referências Bibliográficas, 12. Tabelas, 13. Figuras. 2. RELATO DE CASO CLÍNICO: Contribuição destinada a divulgar caso clínico, correlacionando-o com a literatura Revista da ABRO - Associação Brasileira de Radiologia Odontológica existente. Máximo de 08 páginas. Deve conter dados clínicos, radiográficos e histopatológicos relevantes para confirmação do diagnóstico. Estrutura: 1. Página de identificação, 2. Página de Rosto, 3. Resumo, 4. Abstract, 5. Introdução, 6. Descrição do caso, 7. Discussão, 8. Agradecimento (se houver), 9. Referências Bibliográficas. 3. ATUALIZAÇÃO (A CONVITE DO EDITOR): Discussão e revisão temática da literatura focando a atualização sobre o tema abordado. Máximo de 18 páginas. Estrutura: 1. Página de identificação, 2. Resumo, 3. Abstract, 4. Introdução, 5. Discussão, 6. Conclusão, 7. Agradecimentos (se houver), 8. Referências Bibliográficas, 9. Tabelas, 10. Figuras. 4. REVISÃO LITERÁRIA: Contribuição destinada à avaliação crítica e sistematizada da literatura sobre determinado assunto devendo conter conclusões. Máximo de 15 páginas. Estrutura: 1. Página de identificação, 2. Página de Rosto, 3. Resumo, 4. Abstract, 5. Introdução, 6. Discussão, 7. Agradecimento (se houver), 8. Referências Bibliográficas. 5. RELATO TÉCNICO: Contribuição destinada a descrever uma técnica radiográfica, um software ou outro procedimento técnico de interesse para o clínico ou pesquisador. Máximo de 04 páginas. Estrutura: 1. Página de identificação, 2. Página de Rosto, 3. Resumo, 4. Abstract, 5. Introdução, 6. Discussão, 7. Referências Bibliográficas, 8. Tabelas e 9. Figuras. 6. CARTA AO EDITOR: Visa discutir artigos recentes publicados na Revista; sugestões e críticas. Máximo de 01 página. Estrutura: 1. Página de identificação, 2. Texto. CHECK LIST • Página de identificação: título do trabalho, em português e inglês (84 caracteres), nome completo e principal titulação dos autores e endereço para correspondência do autor correspondente. • Página de rosto: título do trabalho (português/inglês). • Resumo/Abstract (250 palavras). • Formatação: espaçamento 1,5cm, papel A4, fonte Times New Roman, tamanho 12, margens laterais de 2,5cm e páginas numeradas em algarismos arábicos. • Número de páginas do trabalho (que dependerá do tipo de trabalho submetido). • Figuras, não incluídas no texto: resolução: 300 dpi, tamanho: 84mm x 175mm, formato: TIFF ou JPEG e legenda (“Figura 1”, “Figura 2”) das imagens. • Incluir: agência financiadora, número do processo, e número do comitê de ética, caso os possua. • Referências bibliográficas: normalizadas segundo estilo Vancouver, aparecendo no manuscrito em ordem numérica de citação, em números sobrescritos após o ponto final da frase. • Declarações de Responsabilidade e Termo de Transferência de Direitos autorais. RESPONSABILIDADE PELO CONTEÚDO Os conceitos e as informações emitidos nos trabalhos publicados na Revista da ABRO são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião do Corpo Editorial. ETAPAS PARA AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS Todos os trabalhos serão apreciados inicialmente pelo Corpo Editorial quanto à adequação do conteúdo ao perfil da revista. Após aprovação inicial, os trabalhos serão encaminhados para análise e avaliação, realizadas por 03 Consultores Científicos, sendo o anonimato dos autores garantido em todo o processo de julgamento. Para que o trabalho seja aceito ou recusado, deve prevalecer o julgamento de dois, dos três consultores. Os trabalhos recusados serão devolvidos, acompanhados de carta justificativa. Os trabalhos aceitos serão enviados aos autores, juntamente com os comentários e sugestões dos Consultores Científicos, para as adequações, quando necessárias. Após reenviado à revista com as adequações e/ou comentários sobre a aceitação ou não aceitação das sugestões dos Consultores, o trabalho será novamente encaminhado a estes e somente após a aprovação final pelos Consultores, os artigos serão considerados aceitos para publicação, sendo então submetidos à revisão do português e formatação final. A versão final será enviada para o autor correspondente que retornará o trabalho após consideração das alterações sugeridas pelo corretor de português. Antes da impressão final, os autores receberão cópia do trabalho em formato PDF para aprovação, tendo no máximo sete dias para retornar o trabalho. Caso contrário, o Corpo Editorial aprovará automaticamente este como a versão final sem possibilidade de alterações posteriores. Após a publicação da Revista o autor correspondente receberá um e-mail contendo o arquivo final do trabalho em formato PDF para fins de duplicação e uso pessoal. 61 62 63 64