Escola Secundária de Manuel Teixeira Gomes - Portimão - 2010/2011 Aluno: Carlos Filipe Encarnação Sequeira | e-mail: [email protected] | Nº: 4 Grego | Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidades 12.º ano de escolaridade | Turma: E Tântalo - O Suplício de Tântalo - Quadro de Gioacchino Assereto representando o Suplício de Tântalo (c. 1640) Não existem certezas sobre a genealogia e a origem de Tântalo (ver Quadro genealógico n.º 2 – em anexo), mas, segundo a mitologia grega, era filho de Zeus e de Pluto, sendo esta uma princesa da Lídia. Tântalo (em grego: “Tάνταλος”) reinava na Frígia ou na Lídia, no monte Sípilo – porém, existem hipóteses de este ter sido rei de Argos, ou de Corinto; ou talvez tenham avançando para além do norte do monte Sípilo, para ir reinar na Paflagónia. Tinha como esposa uma das filhas de Atlas, Dione (outras versões afirmam que sua esposa era Eurianassa), da qual teve dois filhos: Níobe e Pélops – acrescenta-se como filhos de Tântalo Bróteas e ,possivelmente, Dascilo. Assim que soube do horror que Tântalo havia praticado, ao ter assassinado o seu próprio filho, Pélops, Dione abandonou-o. Muitos autores e historiadores da Antiguidade Clássica colocam Tântalo num episódio com Ilo, o fundador da primeira Tróia. Ilo, possivelmente, explusou-o para a Ásia Menor depois das infelicidades de Níobe, filha de Tântalo. Outra versão admite que Tântalo participou no rapto de seu irmão Ganimedes. Página |2 Segundo o mito grego, Tântalo sofreu o castigo de ver a ruína do seu reino e morrer às próprias mãos de Zeus, pela prática de graves crimes. Amigo íntimo dos deuses, Tântalo era presença habitual nos banquetes do Olimpo, na qual partilhavam com ele o divino néctar e a ambrósia (alimentos divinos que agraciavam aqueles que o ingerissem com o poder da imortalidade). Abusando da confiança dos deuses, ousou roubar os manjares divinos do Olimpo e partilhou-os com os mortais. Além disso, também foi acusado de revelar os demais segredos dos deuses aos homens, em que foram falados na sua presença durante os banquetes. Antes de se ter descoberto tal traição, Tântalo tinha cometido um outro crime ainda pior. Certo dia, convidou os deuses do Olimpo para um banquete no monte Sípilo, ou talvez num palácio em Corinto. Ao organizar tal festividade, Tântalo constatou não haver alimentos suficientes para tão grande número de convidados. Numa tentativa de testar a sabedoria e o conhecimento dos deuses, ou até possivelmente, para demonstrar a sua boa vontade, esquartejou o seu próprio filho Pélops e juntou os pedaços humanos ao guisado, que lhes ia ser servido. Os deuses presentes tomaram consciência da natureza brutal de tal manjar e repugnados recusaram tal oferta, à excepção da deusa Deméter que, completamente preocupada com o desaparecimento da sua filha Perséfone, comeu o ombro esquerdo da vítima. Sob as ordens de Zeus, Hermes juntou e cozinhou todos os membros de Pélops no mesmo caldeirão do guisado e com o auxílio de uma certa magia, ressuscitou-o. A Parca Cloto tornou-o mais belo e foi graciado com uma sólida omoplata de marfim, oferecida pela deusa Deméter e fabricada por Hefesto. Por tal sacrilégio, Zeus lançou Tântalo para o Tártaro, o profundo abismo de Hades. Nos Infernos de Hades, Tântalo encontrava-se num vale mergulhado em água fria e acima dele, uma árvore carregada com diversos e saborosos frutos. Nas diversas tentativas de se debruçar para beber a água, este elemento desaparecia, ficando pouco mais que iodo negro; ou então, quando detinha a água nas suas mãos e tentava bebê-la, escorregava-lhe por entre os dedos antes que pudesse humedecer os seus lábios ressequidos. Os ramos carregados de frutos roçavam os seus ombros, mas ao levantar os braços, e mesmo, tentando alcançar os frutos com a sua boca, os ramos erguiam-se bruscamente para longe do seu alcance, sob a força do vento. Além de cair neste suplício eterno e perpétuo de não poder saciar a fome e a sede, Zeus também lhe prescreveu o castigo da eterna insegurança: uma enorme pedra, um rochedo arrancado do Monte Sípilo, estava colocado por cima dele numa ameaça constante de cair e esmagar-lhe o crânio – mas, na realidade permanecia eternamente em equilíbrio. Este terceiro castigo ficou a dever-se à cobiça de Tântalo, agravada pelo prejúrio. Em Creta, ainda criança, Zeus estava sob a vigia de um mastim de oiro criado por Hefesto e num dia, Pandareu, filho de Mérope e natural da Lídia cometeu a ousadia Página |3 de furtar o mastim, entregando-o depois à custódia de Tântalo, no Monte Sípilo. Anos mais tarde, Pandareu foi ao encontro de Tântalo para que este lhe devolvesse o mastim, mas este jurou por Zeus que nunca tinha visto ou ouvido falar de tal cão de oiro. Sabendo Zeus de tal juramento, deu ordens a Hermes para investigar o assunto. Hermes recuperou o cão e Zeus teria encerrado Tântalo sob o Monte Sípilo antes de ser precipitado nos Infernos. Outras versões ditam o oposto, afirmando que foi o próprio Tântalo quem roubou o mastim de oiro, e Pandareu a quem ele o confiou. Foi este o castigo que tornou Tântalo tão celebre na mitologia grega – o suplício de Tântalo é descrito na grande obra lírica de Homero, a Odisseia, no canto XI, nos versos 582-592. Também a sua descendência viveu um destino trágico: a sua filha Níobe que se gabava da sua fertilidade, teve a felicidade de possuir seis filhos e seis filhas, viu os seus filhos trespassados pelas flechas de Ártemis e de Apolo e foi transformada em pedra; O seu filho Pélops, ressuscitado pelos deuses, foi o pai de Atreu e de Tiestes, os irmãos inimigos que lutaram um contra o outro pelo poder, cujos seus descendentes, Agamémnon, Menelau e Egisto viveram as tragédias nascidas da guerra de Tróia. O exemplo que Zeus fez de Tântalo ficou na memória, em que qualquer ser humano que tomasse a ambrósia sem ter sido convidado, seria condenado ao suplício de Tântalo. A expressão “suplício de Tântalo” refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo próximo, contudo, inalcançável ou sempre que o vê escapar quando está prestes a alcançá-lo – correspondendo, assim, ao ditado popular: "Tão perto e, ainda assim, tão longe". Referências Bibliográficas: 1. Grimal, Pierre (1992). Dicionário da Mitologia Grega e Romana. Tradução de Victor Jabouille. Lisboa: Difel. 2. Hacquard, Georges (1996). Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Tradução de Maria Lopes. Porto: Edições Asa. 3. Graves, Robert (1990). Os Mitos Gregos 2. Tradução de Fernanda Branco. Lisboa: Publicações Dom Quixote. 3. http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A9lope 4. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hades_(reino) 5. http://www.tanatologia.net/2010/11/morte-e-imortalidade-na-mitologia-grega_06.html#more 6. http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/protagoras/links/tantalo.html 7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dione 8. http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A2ntalo 9. http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0028 Página |4