“Nanopartículas de prata, fulerenos e nanotubos de carbono: as interações de nanomateriais com a unidade imunológica cutânea” por Ana Luiza Castro Fernandes Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública. Orientador: Prof. Dr. William Waissmann Rio de Janeiro, março de 2012. 1 Esta dissertação, intitulada “Nanopartículas de prata, fulerenos e nanotubos de carbono: as interações de nanomateriais com a unidade imunológica cutânea” apresentada por Ana Luiza Castro Fernandes foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros: Prof. Dr. Eduardo Fonseca Pinto Prof. Dr. Sergio Rabello Alves Prof. Dr. William Waissmann – Orientador Dissertação defendida e aprovada em 19 de março de 2012. 2 Catalogação na fonte Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica Biblioteca de Saúde Pública F363 Fernandes, Ana Luiza Castro Nanopartículas de prata, fulerenos e nanotubos de carbono: as interações de nanomateriais com a unidade imunológica cutânea. / Ana Luiza Castro Fernandes. -- 2012. 172 f. : il. ; tab. ; graf. Orientador: Waissmann, William Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2012 1. Fulerenos. 2. Nanotubos de Carbono. 3. Nanopartículas Metálicas. 4. Alergia e Imunologia. 5. Dermatopatias. I. Título. CDD - 22.ed. – 616.97 AUTORIZAÇÃO Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos fotocopiadores. Rio de Janeiro, 19 de março de 2012. ________________________________ Ana Luiza Castro Fernandes CG/Fa Serviço de Gestão Acadêmica - Rua Leopoldo Bulhões, 1.480, Térreo – Manguinhos-RJ – 21041-210 Tel.: (0-XX-21) 2598-2730 ou 08000-230085 E-mail: [email protected] Homepage: http://www.ensp.fiocruz.br 3 À minha família e amigos, por todo incentivo e companheirismo em mais esta jornada. 4 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer aos meus pais, Luiza e Aristides, às minhas irmãs, Ana Carolina e Natalia e ao meu querido João pelo apoio incondicional, na realização deste projeto. Não posso deixar de mencionar o exemplo e estímulos recebidos de todos os professores da ENSP/FIOCRUZ. O meu agradecimento especial às amigas Maria das Graças Mota Melo e Antônia Maria Gualberto dos Santos, aos orientadores William Waissmann e Marisa Moura. Por participarem da minha banca examinadora e de qualificação, agradeço também aos doutores José Augusto Nery, Eduardo Ricci Junior, Eduardo Fonseca Pinto, Sérgio Rabello Alves, Jorge Ricardo da Silva e Josino Costa Moreira. Às minhas companheiras de turma, Fernanda, Giovanna, Júlia, Leila, Luciana, Milena, Patrícia e Zaíra, pelo apoio e crescimento pessoal e profissional. Agradeço ao órgão de fomento à pesquisa CNPq, pelos recursos financeiros recebidos, que permitiram o curso de mestrado com bolsa. A todos os mestres, que embora não estejam aqui citados, participaram de alguma forma do meu crescimento profissional e incentivo à pesquisa. 5 Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino. (LEONARDO DA VINCI) 6 RESUMO O entendimento da interação destes nanomateriais com os constituintes da pele, dentre eles, a unidade imunológica cutânea, é relevante para a determinação de parâmetros toxicológicos. Realizou-se uma revisão, incluindo-se experimentos in vitro e in vivo, que abordassem a interação de fulerenos, nanotubos de carbono e nanopartículas de prata com elementos do sistema imunológico, com foco, especial, na resposta cutânea. Parte considerável das referências encontradas concentrou-se nos efeitos citotóxicos e de permeação da pele. Em menor escala, há artigos sobre ativação e imunomodulação de células e outros elementos imunes. Poucos trabalhos tratam, especificamente, da resposta imunológica cutânea, limitando o conhecimento relacionado. Os achados sugerem que os nanomateriais analisados possam estar envolvidos em quadros dermatológicos diversos, como dermatite de contato irritativa, reações anafilactóides, urticária e angioedema. Compreendeu-se que outros estudos precisam ser realizados para a confirmação desses dados. A padronização da descrição de características dos nanomateriais empregados em experimentos pode facilitar a comparação dos resultados. Palavras-chave: Fulerenos. Nanotubos de carbono. Nanopartículas metálicas. Alergia e Imunologia. Dermatopatias. 7 ABSTRACT The understanding of nanomaterial interaction with skin constituents, among them, the skin immune unit, is relevant to toxicological endpoints determination. We conducted a review, including in vitro and in vivo studies, that addressed the interaction of fullerenes, carbon nanotubes, and silver nanoparticles with immune system elements, especially, focusing in skin response. A considerable part of references found concentrated in cytotoxic effects and skin permeation. On a smaller scale, there are articles on immunomodulation and activation of immune cells and other elements. Few studies address specifically the cutaneous immune response, limiting the related knowledge. The findings suggest that nanomaterial studied may be involved in various dermatological conditions such as irritant contact dermatitis, anaphylactoid reactions, urticaria and angioedema. It was understood that further studies should be performed to confirm these data. The description standardization of the characteristics of nanomaterial used in experiments may facilitate results comparison. Key words: Fullerenes. Nanotubes, Carbon. Metal nanoparticles. Allergy and Immunology. Skin Diseases. 8 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 13 LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... 14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................. 15 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 18 1.1. Nanociência ................................................................................................................ 18 1.2. Nanomedicina: a aplicação de nanomateriais no setor da saúde ................................. 20 1.3. Nanotecnologias e suas aplicações em dermatologia.................................................... 21 1.4. Nanotoxicologia e o sistema imunológico cutâneo ....................................................... 23 1.5. Justificativa ................................................................................................................ 26 1.6. Objetivos .................................................................................................................... 27 1.6.1. Objetivo geral ....................................................................................................... 27 1.6.2. Objetivos específicos ............................................................................................. 27 1.7. 2. Metodologia ................................................................................................................ 27 OS NANOMATERIAIS: DEFINIÇÃO, SÍNTESE E APLICABILIDADES ...................... 29 2.1. Alótropos do carbono ................................................................................................. 29 2.2. Nanopartículas de prata ............................................................................................. 33 3. INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DA IMUNOLOGIA BÁSICA ................................... 40 3.1. Imunidade Inata ......................................................................................................... 40 3.1.1. Neutrófilos ........................................................................................................... 41 3.1.2. Macrófagos .......................................................................................................... 42 3.1.3. Células dendríticas ............................................................................................... 44 3.1.4. Células NK e células T NK.................................................................................... 45 3.1.5. Mastócitos e Basófilos .......................................................................................... 46 3.1.6. Eosinófilos ........................................................................................................... 47 3.1.7. Receptores de reconhecimento de padrões: os receptores Toll-like ......................... 48 3.1.8. Peptídeos antimicrobianos .................................................................................... 50 3.1.9. O sistema complemento ........................................................................................ 50 3.2. Imunidade Adaptativa ................................................................................................ 52 9 3.2.1. Linfócitos T .......................................................................................................... 52 3.2.2. Linfócitos B.......................................................................................................... 54 4. A UNIDADE IMUNOLÓGICA CUTÂNEA ...................................................................... 55 4.1. Imunidade Inata Cutânea ........................................................................................... 56 4.1.1. A barreira física cutânea ...................................................................................... 56 4.1.2. A microbiota comensal cutânea ............................................................................ 62 4.1.3. Neutrófilos ........................................................................................................... 64 4.1.4. Macrófagos .......................................................................................................... 65 4.1.5. Células dendríticas ............................................................................................... 66 4.1.6. Células NK ........................................................................................................... 67 4.1.7. Mastócitos e Basófilos .......................................................................................... 67 4.1.8. Eosinófilos ........................................................................................................... 68 4.1.9. Melanócitos.......................................................................................................... 68 4.1.10. Receptores Toll-like .............................................................................................. 69 4.1.11. Peptídeos antimicrobianos .................................................................................... 70 4.1.12. O sistema complemento ........................................................................................ 71 4.2. 4.2.1. Imunidade Adaptativa Cutânea .................................................................................. 72 Linfócitos T e B .................................................................................................... 72 5. INTERAÇÃO DOS NANOMATERIAIS COM OS ELEMENTOS DA UNIDADE IMUNOLÓGICA CUTÂNEA ................................................................................................... 74 5.1. Interação dos nanomateriais com elementos da resposta imunológica inata ............... 74 5.1.1. Interação com os elementos da barreira física e permeação cutânea ...................... 74 5.1.1.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 74 5.1.1.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 77 5.1.2. Interação com a microbiota comensal cutânea ...................................................... 80 5.1.2.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 80 5.1.2.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 83 5.1.3. Interação com os neutrófilos na pele ..................................................................... 85 5.1.3.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 85 5.1.3.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 87 5.1.4. Interação com os macrófagos na pele.................................................................... 88 5.1.4.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 88 5.1.4.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 91 5.1.5. Interação com as células dendríticas na pele ......................................................... 93 5.1.5.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 93 10 5.1.5.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 95 5.1.6. Interação com as células NK na pele ..................................................................... 95 5.1.6.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 95 5.1.6.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 96 5.1.7. Interação com mastócitos na pele.......................................................................... 96 5.1.7.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 96 5.1.7.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 97 5.1.8. Interação com eosinófilos na pele ......................................................................... 98 5.1.8.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 98 5.1.8.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 99 5.1.9. Interação com melanócitos cutâneos ..................................................................... 99 5.1.9.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 99 5.1.9.2. Nanopartículas de prata ...................................................................................... 99 5.1.10. Interação com receptores Toll-like na pele ............................................................ 99 5.1.10.1. Alótropos do carbono .......................................................................................... 99 5.1.10.2. Nanopartículas de prata .................................................................................... 100 5.1.11. Interações com peptídeos antimicrobianos na pele ............................................... 100 5.1.11.1. Alótropos do carbono ........................................................................................ 101 5.1.11.2. Nanopartículas de prata .................................................................................... 101 5.1.12. Interação com o sistema complemento na pele .................................................... 101 5.1.12.1. Alótropos do carbono ........................................................................................ 101 5.1.12.2. Nanopartículas de prata .................................................................................... 103 5.2. Interação dos nanomateriais com elementos da resposta imunológica adaptativa..... 103 5.2.1. Interações com os linfócitos T na pele ................................................................. 103 5.2.1.1. Alótropos do carbono ........................................................................................ 103 5.2.1.2. Nanopartículas de prata .................................................................................... 106 5.2.2. Interação com os linfócito B e anticorpos ................................................................... 107 5.2.2.1. Alótropos do carbono ........................................................................................ 107 5.2.2.2. Nanopartículas de prata .................................................................................... 109 6. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 109 6.1. Os nanomateriais e a resposta imune inata ............................................................... 110 6.1.1. A interação com a barreira cutânea .................................................................... 110 6.1.2. A interação com a microbiota comensal cutânea ................................................. 114 6.1.3. A interação com os neutrófilos ............................................................................ 117 6.1.4. A interação com os macrófagos .......................................................................... 119 6.1.5. A interação com células dendríticas .................................................................... 122 11 6.1.6. A interação com células NK ................................................................................ 126 6.1.7. A interação com mastócitos ................................................................................ 127 6.1.8. A interação com eosinófilos ................................................................................ 128 6.1.9. A interação com melanócitos .............................................................................. 129 6.1.10. A interação com receptores Toll-like ................................................................... 130 6.1.11. A interação com peptídeos antimicrobianos ......................................................... 131 6.1.12. A interação com o sistema complemento ............................................................. 131 6.2. Os nanomateriais e a resposta imune adaptativa ...................................................... 133 6.2.1. A interação com linfócitos T ............................................................................... 133 6.2.2 A interação com linfócitos B ........................................................................................ 134 7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 137 GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 140 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 142 12 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Relação entre o tamanho da partícula e o número de átomos expressos na superfície......... 19 Figura 2 - Estrutura do fulereno ............................................................................................................ 30 Figura 3 - Estrutura do nanotubo de carbono de camada única (SWCNT) ........................................... 31 Figura 4 - Estrutura cutânea .................................................................................................................. 57 Figura 5 - Penetração de partículas através da matriz lipídica da camada córnea................................. 61 Figura 6 - Penetração de moléculas e microorganismos através dos corneócitos ................................. 62 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Elementos da resposta imunológica inata ............................................................................ 41 Tabela 2 - Interação de nanomateriais com a microbiota comensal cutânea ...................................... 115 Tabela 3 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com neutrófilos................... 119 Tabela 4 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com macrófagos ................. 123 Tabela 5 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com células dendríticas ...... 124 Tabela 6 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com mastócitos. .................. 128 Tabela 7 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com linfócitos T. ................ 135 Tabela 8 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com linfócitos B e anticorpos. ............................................................................................................................................................. 136 14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BAL (bronchoalveolar lavage) – lavado broncoalveolar CCR4 e 10 – (chemokine receptor) – receptor de quimiocina 4 e 10 CD1a (Cluster of Differentiation 1a) - Grupamento de diferenciação 1a CD4+ (cluster of differentation )- Grupamento de diferenciação 4 CD8+ (cluster of differentation ) - Grupamento de diferenciação 8 CCR1, 3 – receptor do complemento tipo 1, tipo 3 CLA - antígeno cutâneo linfocitário CpG – citosina e guanina não metilados de DNA CO2 – dióxido de carbono CSNT - cup-stacked type carbon nanotubes CXCR2 – receptor de quimiocina tipo 2 DNA (deoxyribonucleic acid) - Ácido desoxirribonucleico DWCNT (Double-walled carbon nanotube) – nanotubo de carbono de parede dupla ELISA - Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay Fas/FasL – Fas/Fas ligante HBD (Human beta-defensines) – beta-defensinas humanas HEK (Human Embryonic Kidney) – Células embrionárias de rim humano HIV (human imunodeficiency virus) – vírus da imunodeficiência humana HPV (human papillomavirus) – papilomavírus humano ICAM (intercellular adhesion molecules) – molécula de adesão intercelular IFN-γ – Interferon gama IgE – imunoglobulina E IgG – imunoglobulina G IL – Interleucina LC - células de Langerhans LDH (lactate dehydrogenase) – lactato desidrogenase LFA-1 (lymphocyte function-associated ) – integrina associada à função linfocitária LL-37 – catelicidina LPS – lipopolissacarídeo LTA (lipoteichoic acid) – ácido lipoteicóico LTB4 – leucotrieno B4 15 MALT (mucousa- associated lymphoid tissue) – tecido linfóide associado à mucosa MCC – mastócito que contém quimase MCT – mastócito que contém triptase MCTC – mastócito que contém quimase e triptase MHC (major histocompatibility complex) - complexo principal de histocompatibilidade MIF (migration inhibitory factor) - fator inibitório da migração MRSA (Methicillin-resistant Staphylococcus aureus) – S. aureus resistente à meticilina MTT – brometo de 3-(4,5)-dimetiltialzolil -2,5 difeniltetrazólio MWCNO - Multiwalled carbon nano-onion – nano-cebolas carbônicas de múltiplas camadas MWCNT (Multiwalled carbon nanotube) – nanotubo de carbono com múltiplas camadas m2 – metro quadrado NADH (nicotinamide adenine dinucleotide) – nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido NET (Neutrophil extracelular traps) – “armadilhas” neutrofílicas extracelulares NFkB (nuclear factor kappa B) – fator nuclear kappa B NK – células Natural Killer nm – nanômetro NO – Óxido nítrico OVA - ovoalbumina PAF (platelet activator factor) – fator ativador de plaquetas pAMps – (pathogen-associated molecular patterns) – padrão molecular associado a patógeno PDT (photodynamic therapy) – terapia fotodinâmica PEG (polyethylene glycol)- polietilenoglicol RANTE – regulated upon activation normal T cell expressed and secreted RNAi - ribonucleic acid interference ROS (reactive oxygen species) – espécies reativas de oxigênio SALT (Skin-Associated Lymphoid Tissues)- tecido linfóide associado à pele SEM (scanning electron microscopy) – microscopia eletrônica de varredura siRNA – small interferings RNA SIS (Skin Immune System) – Sistema Imunológico Cutâneo SWCNT (Single-walled carbon nanotube) – nanotubo de carbono de parede única TEM (transmission electron microscopy) – microscopia eletrônica de transmissão Th1 e Th2 – T helper 1 e 2 TiO2 – dióxido de titânio TFD – terapia fotodinâmica 16 TLRS ( Toll-like receptors )- receptor Toll-like TNF (tumor necrosis factor)– fator de necrose tumoral VCAM-1 (vascular cell adhesion molecule) – molécula de adesão a parede vascular ZnO – óxido de zinco 17 1. INTRODUÇÃO 1.1. Nanociência No século XX, mais precisamente no ano de 1959, o físico norte-americano Richard Feynman prenunciava uma nova era tecnológica, com a manipulação de partículas e materiais em escala nanométrica. Durante a reunião anual da American Physical Society, Feynman proferiu a palestra “There’s plenty of room at the bottom”, onde discutiu a possibilidade de manipulação atômica e desafiava a comunidade cientifica a condensar na cabeça de um alfinete, os 24 volumes da Enciclopédia Britânica1. No entanto, somente na década de 80, deste mesmo século, a observação e consequente manipulação atômica tornou-se realidade com a criação do microscópio de tunelamento, o que permitiu a difusão da nanotecnologia. A nanociência desponta hoje com a promessa de uma nova revolução tecnológica e industrial baseada na produção de matéria-prima, energia e uma gama de instrumentos em nanoescala2; 3 . A escala nanométrica corresponde à bilionésima parte do metro (10-9), de modo que estruturas nesta ordem de grandeza são maiores do que os átomos, porém geralmente menores do que organelas celulares e vírus 4; 5 . Os nanomateriais são encontrados em objetos datados de muitos séculos atrás, embora nesta época, não se conhecessem as nanopartículas, ou fosse possível explicar porque a nanoescala determinava propriedades físico-químicas diferenciadas. Os egípcios, no período Greco-romano, utilizavam nanocristais de chumbo, medindo 5 nm, para tingir os cabelos de preto6 e os chineses já faziam uso de nanopartículas de ouro como um corante vermelho inorgânico, em porcelanas há mais de mil anos 7.. As nanopartículas podem ser encontradas no ambiente como resultado de uma erupção vulcânica ou queima de combustíveis orgânicos8. Estima-se hoje que as partículas ultrafinas oriundas da queima de combustíveis como o diesel, representem até 80% das partículas suspensas no ar em um ambiente urbano9. Além disso, a incorporação de nanotecnologias em uma série de bens de consumo tem aumentado de forma exponencial a exposição a estes nanomateriais e com isso fomentado a discussão acerca dos riscos à saúde humana e ambiental. A nanotecnologia não representa apenas uma miniaturização de partículas, mas envolve a capacidade de produzir voluntariamente átomos e moléculas, que em uma escala 18 tão reduzida, apresentam propriedades físicas, químicas e biológicas diferenciadas dos seus pares habitualmente encontrados10; 11 . Para que um material seja considerado produto da nanotecnologia deve ter pelo menos uma de suas dimensões na escala de 1 a 100 nm e isso pode incluir desde nanopartículas, até filmes finos e materiais de maior dimensão, desde que este último seja composto por nanoestruturas 7. A dimensão nanométrica faz com que uma grande parte do volume de átomos de uma molécula encontre-se na sua superfície, o que garante uma enorme reatividade destas estruturas, com múltiplas aplicações (Figura 1)12. Figura 1 - Relação entre o tamanho da partícula e o número de átomos expressos na superfície Legenda: As partículas com diâmetro inferior a 100 nm expressam na superfície um número de moléculas inversamente proporcional ao tamanho. Fonte: Nel et al 12, 2006, p.623 O consumo de produtos que contém nanotecnologias já é uma realidade. Praticamente todos os setores produtivos incorporam algum tipo de nanomaterial 3, ainda que este uso seja desconhecido por grande parte dos consumidores. A indústria de eletrônicos tem sido uma das mais beneficiadas por esta nova tecnologia desenvolvendo aparelhos como computadores e celulares de alto desempenho e dimensões reduzidas. Além disso, os nanomateriais podem ser encontrados em produtos alimentícios, vestuário, fármaco, dentre outros4. 19 1.2. Nanomedicina: a aplicação de nanomateriais no setor da saúde O setor da saúde corresponde, hoje, em média, a apenas 8% da produção mundial das indústrias relacionadas às nanotecnologias13, embora represente um mercado consumidor diferenciado, com grande potencial de crescimento. Muitas inovações já estão disponíveis, ao tempo que tantas outras ainda se encontram em fase experimental. Desta forma nanomateriais têm sido empregados como carreadores de drogas, agentes terapêuticos, contrastes para exames de imagem, métodos diagnósticos laboratoriais como biossensores e na confecção de biomateriais, a exemplo de próteses ortopédicas 14. Dentro da nanomedicina, uma das áreas que mais se desenvolve hoje é a dos nanocarreadores de fármacos e agentes diagnósticos direcionados para ação em sítio específico, respondendo por três quartos das pesquisas e do mercado deste segmento 14; 15. As nanopartículas podem carrear elementos diversificados como material genético, drogas e agentes diagnósticos para células e elementos do meio extracelular 15. Uma diversidade de nanocarreadores com propriedades diferenciadas encontram-se disponíveis a exemplo de lipossomas, dendrímeros, nanopartículas sólidas, nanopartículas poliméricas, entre outros 16; 17 . A substância carreada pode ser encapsulada, adsorvida ou ligada de forma covalente a estas estruturas 15 . Em relação aos fármacos, a associação à nanopartícula permite um aumento da solubilidade em água da substância, altera a sua biodisponibilidade, reduzindo muitas vezes os efeitos colaterais 17; 18 . O direcionamento a alvos específicos pode ser realizado através da funcionalização das nanopartículas com a adição de polímeros ou outras moléculas a sua superfície15. O emprego de nanocarreadores vem trazendo novas perspectivas para o tratamento de neoplasias sólidas. Os tumores geralmente apresentam maior vascularização e aumento da permeabilidade vascular, favorecendo o acúmulo de nanopartículas pós administração parenteral 15. Assim, as nanopartículas podem carrear quimioterápicos e agentes diagnósticos, além de permitirem a terapia gênica e a ablação térmica da lesão quando magnetizadas 19. Uma nova modalidade de terapia denominada ribonucleic acid interference (RNAi) consiste na utilização de RNA associado a um vetor para regulação da expressão gênica, permitindo o tratamento de diversas doenças a nível individual. Embora a técnica seja promissora, muitas dificuldades se apresentam para o direcionamento do RNA ao sítio alvo. 20 O desenvolvimento de nanocarreadores para a esta molécula pode facilitar a permeação celular e a ação específica no sítio alvo sem que o material seja destruído em vesículas endossômicas ou ative uma resposta imunológica se ligando a receptores citoplasmáticos, como os Toll-like receptors (TLR) 20. A utilização de nanopartículas em métodos diagnósticos leva ao aprimoramento da qualidade dos exames e a detecção de alterações em uma nova escala21. Os biossensores são estruturas com um sensor biológico que converte mudanças ambientais em estímulo elétrico ou óptico sendo utilizados para o diagnóstico molecular de alterações genéticas, infecções bacterianas e virais, alterações metabólicas e deficiências nutricionais22. A incorporação de nanomateriais com sua superfície altamente reativa nestes sensores permitiu o aumento da sensibilidade dos dispositivos para a detecção de ácidos nucléicos, proteínas e íons22. A aplicação de nanopartículas se estende também aos exames de imagem, de forma que nanocristais de óxido ferroso, por suas propriedades magnéticas, podem ser utilizados como contraste em ressonância magnética 15. Muitas ainda são as possibilidades de ampliação do emprego de nanotecnologias na área médica, embora não seja o escopo deste trabalho. Passaremos a discutir as aplicações na área dermatológica, de grande interesse para o estudo da interação de nanomateriais com a pele. 1.3. Nanotecnologias e suas aplicações em dermatologia A área da dermatologia tem sido uma das mais beneficiadas, tanto no campo diagnóstico quanto terapêutico, com os avanços trazidos pelas nanotecnologias 23 . Os nanomateriais de interesse para aplicação nesta área podem ser classificados como: i) nanomateriais que frequentemente têm contato com a pele; ii) nanomateriais desenvolvidos para melhorar a função e aparência da pele; iii) nanomateriais utilizados para o diagnóstico e terapêutica de doenças cutâneas; iv) nanomateriais relacionados ao desenvolvimento de doenças cutâneas 24. Na literatura, já se observam trabalhos propondo inovações nos métodos diagnósticos, como a tomografia cutânea 25 , biossensores 5 e terapêuticos como laser terapia fotodinâmica27, síntese de tecido artificial para feridas crônicas28, curativos 29 26 , e nanocarreadores de drogas tópicas 23. 21 No entanto, dentre estas possíveis aplicações, o maior impacto vem sendo observado na veiculação de fármacos e cosmecêuticos. Na atualidade, a indústria de cosméticos nos Estados Unidos encontra-se na sexta posição em relação à detenção de patentes com nanotecnologias, superando as indústrias de eletrônicos e automóveis24; 30 . Uma série de inovações são propostas para filtros solares, hidratantes e medicações de uso tópico. Um grande investimento está sendo feito no desenvolvimento de nanocarreadores de drogas capazes de permear a pele, de modo a veicular substâncias para estratos cutâneos mais profundos e até mesmo visando ação sistêmica 23. Alguns fármacos e cosmecêuticos já foram incorporados à nanocarreadores como retinóides, filtros solares, metotrexato, calcipotriol, minoxidil entre outros 31; 32; 33 . Os filtros solares inorgânicos são constituídos por partículas metálicas, como óxido de zinco (ZnO) e dióxido de titânio (TiO2), que por suas características físicas necessitam de um veículo oleoso para serem dissolvidas, acarretando baixa aceitação cosmética do produto 5; 23. A nanoparticulação do TiO2 e do ZnO permitiu a criação de filtros solares inorgânicos mais fluídos, de fácil aplicação, transparentes e com uma maior capacidade de refletir a radiação ultravioleta34. Estima-se hoje na Austrália, a despeito de toda discussão a cerca dos riscos tóxicos destas nanopartículas metálicas35, que o TiO2 esteja nanoparticulado em 70% dos filtros do mercado com esta substância, enquanto para o ZnO esta relação é de 30%36. As nanopartículas de prata encontram-se entre as nanopartículas mais utilizadas em bens de consumo na atualidade21. Sua aplicação é diversificada em utensílios de uso doméstico, como roupas e materiais de esporte, bem como cosméticos e materiais de uso hospitalar, a exemplo de catéterers e curativos 37; 38 . A ampla utilidade da prata ocorre principalmente por seus efeitos bactericidas, que foram amplificados pela sua redução à nanoescala 39. A alta especificidade de biossensores contendo nanomateriais pode levar à superação de técnicas convencionais para estudo da pele, como biópsia cutânea e culturas para microorganismos 5. Os biossensores podem oferecer como vantagens a rapidez de resultados, menor invasão do organismo, exigindo uma quantidade ínfima de material para o exame 5. O diagnóstico e a terapêutica de neoplasias cutâneas também podem ser modificados pelo emprego das nanotecnologias. Os pontos quânticos são nanopartículas cristalinas semicondutoras40, com um diâmetro que varia, em geral, de 1 a 20 nm15. Estas nanopartículas possuem propriedades ópticas e elétricas, que permitem a emissão de fluorescência intensa e 22 duradoura, cujo comprimento de onda varia da radiação ultravioleta ao infravermelho 5; 15; 41 . Assim, os pontos quânticos são promissores na investigação do linfonodo sentinela, permitindo a realização do exame sem danificar a pele ou modificar a estrutura da lesão suspeita, podendo ter grande aplicação no estudo de metástases de melanomas cutâneos 5. Os pontos quânticos também podem ser utilizados como sondas de outro método diagnóstico, a espectroscopia Raman. Esta técnica consiste na detecção de vibrações das ligações covalentes entre átomos, quando estas estruturas são estimuladas pele luz 5. O conjunto de emissão de espectros é único de forma que é possível o estabelecimento de padrões que identifiquem, por exemplo, uma neoplasia5. Esta técnica já foi utilizada para a distinção de neoplasia cutânea maligna e benigna, podendo ser aplicada para delimitação das margens cirúrgicas de tumores42. Outra nanopartícula de interesse nesta área é a de ouro, que, na forma de nanoshells, pode ser funcionalizada com anticorpos direcionados ao tumor, de modo que se fixe à neoplasia. A aplicação de laser sobre estas nanopartículas permitiria então a destruição de tumores por fototermólise seletiva43. A nanociência revoluciona também o desenvolvimento de vacinas. A conjugação de nanopartículas a antígenos permitiu a utilização da via transdérmica e transfolicular para a imunização 23. Isso é possível porque a pele possui um conjunto de células apresentadoras de antígenos, as células de Langerhans e dendríticas, que ativam células T efetoras, induzindo uma resposta imunológica efetiva 44. Ainda de aspecto mais futurista, tem se pensado no emprego de nanofibras com propriedades semicondutoras em tecidos. Estas nanofibras seriam capazes de converter sinais luminosos em corrente elétrica, que amplificada em computadores geraria imagens 5. Dessa forma, se propõe uma monitorização de estruturas cutâneas, como nevos atípicos e lesões inflamatórias, a exemplo de psoríase e dermatite atópica, através de roupas, um método que seria mais cômodo e talvez mais eficaz do que os convencionais 5. 1.4. Nanotoxicologia e o sistema imunológico cutâneo A pele humana recobre uma área de superfície, que mede entre 1,5 a 2m2 45, sendo potencialmente um sítio de penetração de agentes diversos. Este órgão pode ser exposto a nanomateriais através de preparações tópicas, artigos de vestuário, utensílios domésticos, no local de trabalho e até mesmo no meio ambiente 24 . O nanomaterial pode se encontrar na 23 forma de aerodisperssóide ou sólido, diluído ou não, em concentrações variadas ao contato com a pele, implicando em diferentes riscos toxicológicos 24. Como anteriormente mencionado, as nanopartículas encerram novas propriedades físico-químicas, como uma superfície mais reativa. Sendo assim, os efeitos da sua interação com a pele não podem mais ser estimados apenas pelo conhecimento acerca da toxicologia das partículas convencionais. A possibilidade de nanopartículas, programadas inicialmente para ação apenas na superfície cutânea, serem absorvidas atingindo outros órgãos, com conseqüências ainda desconhecidas, é uma preocupação da comunidade científica. Dessa forma, entidades como a Sociedade de Nanodermatologia (Nanodermatology Society) têm sido criadas, objetivando a monitorização de novos nanomateriais e o financiando de pesquisas na área de nanotoxicologia, para disseminação do conhecimento24. Apesar da definição de nanomateriais restringir o diâmetro entre 1 a 100 nm, as propriedades diferenciadas atribuídas a estas estruturas em escala nanométrica podem ser observadas, algumas vezes, em partículas medindo até 1000 nm 14; 24. Deve ser lembrado, no entanto, que para o início das pesquisas em nanotoxicologia, foi necessária a fixação de uma faixa de tamanhos que facilitasse o desenvolvimento de técnicas para avaliação da estrutura e seus impactos nos organismos e no ambiente 14 . Isso não significa, entretanto, que os nanomateriais de tamanhos próximos à faixa proposta, não possuam uma maior interação com a pele e consequetemente potenciais efeitos tóxicos. Pode-se citar, como exemplo, nanocarreadores de drogas como as nanopartículas poliméricas (10-1000 nm) nanopartículas sólidas (40-1000 nm) 47 e lipossomas (25 nm – 500 nm) 16; 23 46 , , que, mesmo podendo ser maiores do que 100nm, continuariam sendo capazes de permear a pele e interagir com células e outros elementos inflamatórios, presentes nesta localização48. Quanto aos riscos toxicológicos, as nanopartículas de interesse para uso na dermatologia podem ser agrupadas em: i) partículas solúveis ou biodegradáveis que se desintegram após a aplicação na pele, liberando seus componentes moleculares (Ex: lipossomas, nanoemulsões), e ii) partículas insolúveis e/ou biopersistentes (fulerenos, nanotubos de carbono, TiO2 e pontos quânticos)49; 50. A classificação das nanopartículas em uma destas categorias tem impacto no estudo dos riscos toxicológicos. Assim, as nanopartículas biopersistentes teriam maior potencial tóxico, pois encerram maior risco de acúmulo secundário em órgãos alvos, especialmente após aplicações repetidas na pele 50. 24 Estudos diversos demonstram a capacidade de nanopartículas com características específicas permearem a pele íntegra ou danificada 51 . Propriedades físico-químicas, como o tamanho reduzido, fazem com que estas nanopartículas possam migrar para o interior da célula através de endocitose, permeação direta da membrana celular, no caso de partículas lipofílicas, ou se utilizarem de canais da membrana, quando menores do que 5 nm52. Em relação à pele, ainda há a possibilidade de permeação das nanopartículas através das aberturas dos folículos pilosos e glândulas sudoríparas51. A utilização de produtos contendo nanomateriais em doenças cutâneas onde a epiderme encontra-se comprometida, como a dermatite atópica e a psoríase, pode representar a absorção de uma maior quantidade das substâncias químicas veiculadas, bem como da própria nanopartícula 24 . O fato de muitos nanomateriais serem projetados para aumentar a permeação cutânea, como nanocarreadores de drogas tópicas, pode aumentar ainda mais os riscos tóxicos em soluções de continuidade da pele 5. No meio intracelular, as nanopartículas, na dependência do seu tamanho e composição, podem induzir estresse oxidativo com a produção de radicais livres e danos diretos ao ácido desoxirribonucleico (DNA)53. Freyre-Fonseca et al. (2011)54 demonstraram que nanopartículas de TiO2 diminuem os níveis de nicotine adenine dinucleotide reduced (NADH) nas mitocôndrias além de reduzirem a sua função e potencial transmembrana, pela produção de radicais livres. Todo este processo desencadeia a síntese de mediadores inflamatórios, ativando células envolvidas na resposta imunológica de forma direta e indireta52. O estudo do impacto de nanomateriais em contato com a pele, necessariamente abrange o estudo da interação de nanopartículas com o sistema imunológico cutâneo. Especificidades da resposta imunológica neste sítio, como uma barreira física complexa e populações de células apresentadoras de antígenos e células T efetoras aí localizadas, permitem a sugestão de uma unidade imunológica específica na pele 55 . A interação de nanopartículas com elementos do sistema imunológico é conhecida e tem permitido inclusive o desenvolvimento de carreadores para drogas com ação no citoplasma de células inflamatórias, como os macrófagos 56 . Os elementos imunes da pele também são capazes de interagir com nanomateriais e a despeito de potenciais riscos toxicológicos, este fato também tem sido aplicado no desenvolvimento de vacinas de administração transdérmica 57. 25 1.5. Justificativa Observa-se hoje, um momento de intensos questionamentos, onde as pesquisas sobre os nanomateriais e o impacto destes à saúde humana e ao ambiente não são capazes de acompanhar a velocidade de desenvolvimento de novos produtos 58. O princípio da prevenção vem sendo utilizado em detrimento ao da precaução, e os produtos são postos ao consumo sem o conhecimento dos seus reais riscos. Sabe-se que qualquer nova tecnologia encerra benefícios e riscos que devem ser discutidos de forma objetiva e clara 59. As maiores dificuldades encontram-se, hoje, na determinação de limites seguros de exposição, ponto essencial para o estudo da nanotoxicologia. A maior reatividade química e biodisponibilidade das nanopartículas resultam em maior toxicidade dessas estruturas quando comparadas a outros materiais quimicamente semelhantes, porém, de maior dimensão11. Diversos questionamentos referentes à interação de nanomateriais com a pele são feitos como a penetração através de barreiras fisiológicas íntegras e danificadas, citotoxicidade, indução de estresse oxidativo e inflamação, além da mutagenicidade60. A exposição cutânea pode ocorrer também de forma involuntária no meio ambiente e indústrias, uma vez que cada vez mais os nanomateriais são matérias-primas ou resíduos de processos produtivos61. Um exemplo de nanomaterial envolvido na exposição ocupacional são os alótropos do carbono, como nanotubos de carbono e fulerenos 62 . As indústrias de síntese destes nanomateriais são uma das que mais se desenvolvem pela diversidade de aplicações destas estruturas exposição 63 62 , sendo que as vias respiratórias e cutânea são as principais implicadas na . A exposição ocupacional aos alótropos de carbono teoricamente pode ocorrer em qualquer fase do processo produtivo, embora não seja esperada na fase inicial de síntese, quando as técnicas de segurança geralmente são mais rígidas e se trabalha com pequenas quantidades do nanomaterial 63. Potencialmente, os nanomateriais encerram riscos de dermatite de contato alérgica ou por irritante, uma vez que estas estruturas podem representar novos alérgenos, haptenos, agentes de reações cruzadas, além de produzirem danos ainda desconhecidos24. Observa-se assim que muitos dos riscos estimados da interação de nanomateriais com a pele envolvem em sua fisiopatogenia elementos da resposta imunológica cutânea. O entendimento de cada passo envolvido neste processo é relevante para a construção do conhecimento acerca da nanotoxicologia. 26 Este trabalho aborda a interação de alguns nanomateriais comumente expostos à pele, com a unidade imunológica cutânea. Foram selecionados nanomateriais de importância na potencial exposição cutânea ocupacional, como os alótropos do carbono, ou já comuns em bens de consumo e produtos de uso médico, como as nanopartículas de prata. Deve ser lembrado que a ampla aplicabilidade das nanopartículas de prata na indústria faz com que estas estejam relacionadas também à exposição de cunho ocupacional. Uma análise da literatura existente, discutindo-se a resposta imune cutânea, bem como a interação desta com nanomateriais foi necessária para o direcionamento dos trabalhos, até mesmo para aspectos ainda não abordados. 1.6. Objetivos 1.6.1. Objetivo geral Revisar a literatura sobre os mecanismos imunológicos cutâneos relacionados à exposição a nanomateriais. 1.6.2. Objetivos específicos - Revisão da anatomia e histologia da pele, com vista aos constituintes do sistema imune cutâneo; - Revisão da resposta imune cutânea; - Categorização dos nanomateriais em função de estruturas/componentes básicos, associandoos com potenciais respostas imunes cutâneas; 1.7. Metodologia 27 O presente trabalho foi realizado a partir de uma revisão bibliográfica dos artigos científicos, incluindo estudos clínicos e laboratoriais, relatos de caso, revisões, editoriais, cartas e domínios na internet referentes ao tema de instituições governamentais e não governamentais. O levantamento bibliográfico considerou artigos e documentos publicados impressos ou na internet até 31 de novembro de 2011. Para as buscas, foram utilizadas as bases de dados eletrônicas Academic Search Premier (EBSCO), Cross Search (Isi Web Services WOK), Medline, Ovid MEDLINE, Scielo e Scopus. Uma revisão também foi realizada nas bibliografias dos artigos encontrados. A pesquisa se restringiu aos idiomas inglês, francês, espanhol e português. Os descritores propostos foram divididos de acordo com os objetivos específicos, como se segue, e associados para a busca através dos operadores booleanos AND e OR: i) Anatomia e histologia cutâneos – pele, camada cornea, queratinocitos, desmossoma, camada basal, camada espinhosa, camada granulosa, glandulas sebaceas, glandulas sudoriparas, foliculo piloso, folículos do cabelo, melanócito; ii) Imunidade geral e cutânea – alergia, imunidade adaptativa, imunidade adquirida, imunidade humoral, imunidade inata, imunidade mediada por células, queratinocitos, peptideo antimicrobiano, interleucina, quimiocina, fator de necrose tumoral, complemento, celulas apresentadoras de antigenos, celulas dendriticas, celulas de Langerhans, hipersensibilidade, neutrofilos, mastocitos, linfocitos, linfocitos T, linfócitos T auxiliares, linfocitos T CD4-positivos, linfocitos T CD8-positivos, linfócitos T citotóxicos, linfocitos B, macrofagos, celulas Natural Killer, basofilos, eosinofilos, anticorpos, fagocitose, resposta imune Th1, resposta imune Th2, vacina. iii) Nanotecnologias – nanoparticulas, nanomateriais, nanotecnologia, nanoestrutura, nanotubos de carbono, fulereno, nanoparticula de prata; Os trabalhos foram divididos nas seguintes categorias temáticas: anatomia e histologia cutâneos; imunidade geral e cutânea, nanotecnologias. Objetiva-se uma apresentação sintética das principais estruturas envolvidas na resposta imunológica cutânea. A partir do conhecimento destas estruturas, foi feita uma revisão dos trabalhos científicos que descreviam interações dos nanomateriais citados com cada uma delas, visando à construção do conhecimento acerca da resposta imunológica desencadeada na pele. 28 2. OS NANOMATERIAIS: DEFINIÇÃO, SÍNTESE E APLICABILIDADES 2.1. Alótropos do carbono Os alótropos do carbono representam um dos nanomateriais mais investigados na atualidade por sua ampla aplicabilidade nas áreas médica e tecnológica. O termo químico alótropo refere-se às estruturas compostas por um único elemento, que diferem apenas quanto à configuração espacial. A hibridização específica do carbono e as ligações estabelecidas com os átomos ao seu redor irão determinar a natureza do alótropo, podendo este ser um nanotubo de carbono, fulereno, grafite ou diamante. Os fulerenos e os nanotubos de carbono, que serão abordados neste trabalho, apresentam uma hibridização do tipo sp2 64. Os fulerenos foram descobertos em 1985 por Kroto e colaboradores nanomateriais possuem uma estrutura esférica oca estão organizados em anéis policíclicos 66 65 63 . Estes , de forma que os átomos de carbono (Figura 2). Diferentes tipos de fulerenos podem ser gerados de acordo com o radical presente na sua superfície, o seu processo de síntese e o número de átomos de carbono utilizados, tendo por exemplos o C60 e o C80 63 . O primeiro fulereno sintetizado foi o C60, também conhecido como buckminsterfullerene, com 60 átomos de carbono dispostos em pentágonos e hexágonos, compondo estrutura semelhante a uma bola de futebol 67. Assim como outros nanomateriais, os fulerenos possuem uma superfície altamente reativa. Oferecem como vantagem uma grande atividade biológica, devido à facilidade de adesão de radicais em sua superfície, ampliando suas aplicações 63. A síntese de fulerenos ocorre por processos diversos como a condensação dos vapores de grafite ou da fuligem gerada pela vaporização deste mesmo material. Os fulerenos não são apenas de natureza sintética e as formas C60 e C70 podem ser observadas na natureza, derivadas de processos altamente energéticos como o choque de um meteoro com materiais metamórficos e amostras geológicas 69. 29 Figura 2 - Estrutura do fulereno Fonte: Fulereno 68, 2012 Atualmente, os fulerenos têm sido utilizados na síntese de sistemas carreadores de drogas, cosméticos, lubrificantes, catalisadores, polímeros modificados, e artigos esportivos 63 . Devido à capacidade de reagir com diferentes espécies químicas, especialmente radicais livres, como superóxidos, hidroxilas e liporradicais 70; 71 , os fulerenos têm sido empregados em cosméticos como antioxidantes. Este efeito é potencializado ainda pela ação inibitória deste nanomaterial sobre o citocromo P450 dependente da monooxigenase 72 . Ainda devido ao efeito antioxidante, o uso tópico de fulerenos também tem sido proposto no tratamento da acne, com possível benefício na redução do sebo e da infiltração de neutrófilos 73 . A capacidade de fulerenos reduzirem a síntese de radicais livres, induzida pela exposição às radiações ultravioleta A (UVA) e B (UVB), favorece também o emprego destes nanomateriais em filtros solares 74; 75 . Outra característica deste nanomaterial é a capacidade de inibir a melanogênese induzida pela radiação UVA em melanócitos humanos, podendo ser aplicado como agente despigmentante 76. Os nanotubos de carbono foram descritos, em 1991, 66 e são compostos por uma ou mais paredes de grafeno encurvadas 67; 77 (Figura 3). De acordo com o número de paredes, há três tipos de nanotubos de carbono: parede única (SWCNTs), parede dupla (DWCNTs) e o de múltiplas paredes (MWCNTs), que diferem quanto ao maior diâmetro 78 . Os SWCNTs medem entre 0,4 a 3 nm, os DWCNTs 1 a 3 nm enquanto os MWCNT têm diâmetro entre 2100 nm 78; 79. Os nanotubos de carbono são produzidos a partir de três métodos básicos; descarga elétrica em arco, ablação a laser e deposição de vapores químicos 81 . Durante a síntese dos 30 nanotubos de carbono, frequentemente, quantidades significativas de ferro82, níquel 83 e cobalto ficam retidos no seu interior , já que são catalizadores utilizados em suas sínteses 82; 84 84 . Estes metais contaminantes podem ter efeito biológico ao atuarem como catalisadores de reações de estresse oxidativo 82, induzindo a formação de radicais livres, acúmulo de peróxido e depleção de antioxidantes 81. Figura 3 - Estrutura do nanotubo de carbono de camada única (SWCNT) Fonte: Dornelles et al 80 , 2011 Em relação ao estudo da toxicologia dos nanotubos de carbono, outros fatores, além das novas propriedades físico-químicas trazidas pela escala nanométrica, devem ser considerados. Estes nanomateriais têm relação comprimento-largura que os faz poderem ser considerados como fibras, de modo que seu potencial tóxico pode ser comparado ao do asbesto, além de uma semelhança estrutural com os grafites, levar à discussão da possibilidade de biopersistentência e acúmulo em longo prazo 81. Devido às suas propriedades mecânicas, estruturais e de transporte diferenciadas, os nanotubos têm sido aplicados na síntese de nanocarreadores de drogas, biossensores, plásticos resistentes, blindagem eletromagnética, microscópios de varredura por sonda, fibras resistentes, além de outras utilidades na área médica e nas indústrias aeroespacial, de computação e de eletrônicos 66; 79; 83; 85 86. Uma aplicabilidade dos nanotubos de carbono têm sido a de vetores para o transporte de moléculas terapêuticas 87, permitindo o desenvolvimento de vacinas mais imunogênicas 88 e de drogas com ação sítio-específica, reduzindo efeitos colaterais 89. Em comparação a outros nanocarreadores, os nanotubos de carbono oferecem algumas vantagens como a possibilidade 31 de incorporação de maior volume de drogas e meios diagnósticos, tanto por sua grande área de superfície, quanto pela utilização do seu interior para veiculação dessas substâncias 90. Além disso, alguns nanotubos de carbono com formato de agulha são capazes de permear células independentemente do processo de endocitose, permitindo o direcionamento de drogas para o citoplasma de forma rápida 91. O processo de vetorização a sítios específicos é feito a partir da funcionalização dos nanotubos de carbono, processo que pode permitir, ainda, o desvencilhamento de elementos do sistema imunológico, aumentando a biodisponibilidade das substâncias carreadas 90. Os alótropos do carbono como o grafite, os nanotubos de carbono, as esferas de carbono, as fibras de carbono e os carbonos poroso e vítreo também podem ser empregados como transdutores eletroquímicos dos biossensores 92 . A manutenção da condutividade dos nanotubos de carbono, mesmo após a adsorção de moléculas em sua superfície 93 , além de outras propriedades físico-químicas, que permitem a promoção de reações de transferência de elétrons de biomoléculas como NADH, ácido ascórbico, catecolaminas e o citocromo C, tem motivado o emprego deste nanomaterial em biossensores 94. A alta condutividade dos nanotubos de carbono permite que estes sejam utilizados em uma ampla variedade de biossensores, tendo como exemplo os biossensores eletroquímicos, eletrodos enzimáticos amperométricos e biossensores com hibridização do DNA 95 . No entanto, para ser utilizado como biossensor, o nanotubo de carbono deve ser imobilizado em uma matriz e funcionalizado 93 . Zelada-Guillén et al. (2011)96 descreveram a utilização de SWCNT como transdutores de biossensores para detecção de Staphylococcus aureus em pele porcina. Os autores funcionalizaram os nanotubos de carbono com ligações covalentes e nãocovalentes e observaram diferentes respostas com o sensor gerado. Os biossensores com ligações covalentes eram capazes de detectar a bactéria em uma menor concentração no meio. Os fulerenos também vêem sendo estudados como biossensores amperométricos em associação com o carbono poroso 92 , principalmente por suas propriedades como múltiplos estados redox, estabilidade nestas formas redox e baixa solubilidade em água 97. Gavalas et al. (2000)97 adsorveram o fulereno a uma matriz de carbono mesoporosa, de modo que ele funcionou como um mediador elétrico neste biossensor. Os autores defendem que o uso de mediadores como o fulereno permitem uma transferência de elétrons mais eficiente na construção de biossensores. 32 As superfícies dos nanotubos de carbono e fulerenos são quimicamente inertes, dificultando a interação com estruturas biológicas 78 . A funcionalização previamente citada consiste na adição de ligações covalentes ou não covalentes, como as proporcionadas pelos aminoácidos ou grupos hidroxilas, à superfície dos nanomateriais 98 , determinando novas propriedades físico-químicas 81. A funcionalização com ligações não-covalentes tendem a ser preferidas em nanotubos de carbono, pois preservam sua estrutura sp2 e consequentemente suas características eletrônicas 99. Uma das consequências da funcionalização é o aumento da solubilidade dos nanotubos de carbono e fulerenos em água, potencializando sua interação com elementos biológicos e a mobilidade dessas estruturas entre diferentes compartimentos nos organismos 78; 100. A interação de alótropos do carbono com elementos do sistema imunológico já é conhecida, especialmente porque estas estruturas vêm sendo utilizadas em vacinas, inclusive de aplicação intradérmica e intramucosa. O destrinchamento dos potenciais pontos de interação com o sistema imunológico da pele visa não somente a busca por novas aplicações destes nanomateriais, como prever possíveis complicações relativas ao estímulo prolongado da resposta imunológica. 2.2. Nanopartículas de prata A prata é um metal de transição que ocupa a 47ª posição na tabela periódica, tendo como símbolo o Ag, que significa “argentum”. Os relatos sobre sua utilização datam de millhares de anos atrás, em utensílios metálicos, moedas, explosivos, jóias e fotografias 29. As propriedades antimicrobianas do íon prata e seu uso na prevenção e tratamento de doenças são também conhecidos de longa data, de modo que Hipócrates, o pai da medicina moderna, já relatava o poder cicatrizante do pó de prata utilizado no tratamento de úlceras crônicas 29 . Na literatura, encontram-se ainda relatos do seu emprego no tratamento de diversas outras doenças de etiologia infecciosa como osteomielites crônicas, infecções do trato urinário e de cateteres venosos centrais 101; 102; 103. O efeito bactericida da prata é observado contra bactérias aeróbicas, anaeróbicas, GRAM positivas e negativas, fungos, leveduras e vírus 101; 104. Necessariamente, o íon deve se encontrar em uma forma solúvel, como Ag+ ou cluster de Ag0, para que o efeito microbicida 33 seja observado 37. Quanto ao mecanismo de ação, algumas proposições são feitas. Uma delas diz respeito à capacidade da prata ligar-se à membrana e parede celular das bactérias, interagindo e inativando grupos tióis (sulfidrila, -SH) de proteínas e enzimas, com perda da competência bioquímica e morte celular 105; 106. Estas proteínas e enzimas bacterianas, como a glutationa e a tioredoxina peroxidase, pertencem ao sistema de defesa antioxidante das células, neutralizando espécies reativas de oxigênio geradas a partir do metabolismo mitocondrial 29 . Desta forma, o dano causado pela prata aos micro-organismos se daria pelo acúmulo de espécies reativas de oxigênio, produzidos pela cadeia respiratória celular 39. Outra proposição diz respeito à inibição da replicação bacteriana, uma vez que a prata é capaz de se ligar a estruturas com carga de superfície negativa, como DNA e RNA, impedindo a divisão celular 107; 108. O desenvolvimento de novos antibióticos levou à redução da utilização da prata em produtos médicos. Sua aplicação passou a limitar-se a produtos de uso tópico como a sulfadiazina de prata, no tratamento de queimaduras, e o nitrato de prata, na profilaxia da gonococcia oftálmica neonatal 109; 110. No entanto, diante da emergência de microorganismos multirresistentes às drogas convencionais, as pesquisas sobre os potenciais antimicrobianos da prata voltaram a ser relevantes 110 . A nanociência tem grande importância neste processo, pois a redução deste composto, com ação biológica conhecida, à escala manométrica, levou àa descoberta de novas propriedades físico-químicas e utilidades. A partir do emprego da nanotecnologia, diversos nanomateriais contendo prata, além das nanopartículas metálicas, já foram produzidos como: partículas de prata clorídrica, materiais de carvão ativado, pós de zeolito impregnados com prata, dendrímeros complexados com prata, pó composto por dióxido de titânio e prata, além de nanopartículas de prata recobertas por polímeros 39. As nanopartículas de prata consistem em aglomerados de átomos de prata de tamanho até 100nm, podendo ter morfologias diversas como esfera, cubo, fio, vara e multifacetas 29 . Estima-se, hoje, que entre todas as nanopartículas existentes no mercado, a nanopartícula de prata seja a mais utilizada em bens de consumo 21 . Os tipos de materiais tratados com esta nanopartícula devido ao seu potencial bactericida são variados, tendo como exemplos tecidos para roupas, filtros de água, cosméticos, suplementos alimentares, celulares, computadores e brinquedos 39. 34 A síntese de nanopartículas de prata pode ocorrer por métodos diversos, como redução eletroquímica, descarga de faíscas, irradiação de solução com raios ultravioleta ou γ, condensação de gases, dentre outros 29; 111. A redução química de sais de prata dissolvidos em água com um redutor como o citrato, glicose, boro-hidrido, hidrogênio elementar e hidrazina, é o método mais utilizado 112 . De uma forma geral, redutores fortes como o boro-hidrido geram partículas pequenas monodispersas, ao tempo que redutores fracos, como o citrato, permitem a síntese de partículas polidispersas 39 . O processo de agregação pode ocorrer durante esta síntese ou quando a nanopartícula interage com elementos do meio, como forças eletrostáticas e ligações químicas 113 . Uma vez que a agregação pode reduzir a atividade microbicida, surfactantes e polímeros têm sido utilizados para estabilizar as dispersões de nanopartículas de prata 39; 114 . Skebo et al. (2007)113 avaliaram o potencial de agregação de nanopartículas de prata (25, 80 e 130 nm.) funcionalizadas ou não com polissacarídeos. Os autores observaram que, em meio aquoso (1mg.ml-1) ultra-purificado, as nanopartículas se apresentavam em aglomerados medindo de 25 a 130 nm, de forma que a adição de surfactante ao meio reduz tal processo de agregação. O alto custo, associado ao baixo rendimento, dos processos citados para a síntese de nanopartículas de prata têm estimulado a busca por novas técnicas 115 . Soma-se a isso o fato dos agentes redutores do processo destes métodos físicos e químicos serem considerados frequentemente tóxicos ou perigosos, apresentando possíveis impactos ambientais 39 . Desta forma, as metodologias de “síntese verde” de nanopartículas vêm ganhando atenção na atualidade 112 , pois além de adotarem solventes, redutores e agentes de nivelamento com menos efeitos tóxicos, oferecem como vantagem a possibilidade de produção de nanopartículas em maior escala, com baixo custo 111; 116 . Estas metodologias compreendem o uso de agentes biológicos, polissacarídeos, polioxometalatos de valência mista, reagente de tollens e irradiação 112. A utilização de agentes biológicos baseia-se na possibilidade de muitos microorganismos multicelulares e unicelulares serem capazes de produzir partículas inorgânicas no meio intracelular e extracelular 115 . Muitas nanopartículas já foram produzidas a partir da síntese verde como ouro, prata, cádmio, zircônio etc.111. Neste processo, participam vegetais, bactérias e fungos que, utilizando extratos de proteínas, aminoácidos, vitaminas e polissacarídeos, produzem, através de redução, a nanopartícula ou agentes de nivelamento para estas 39; 112; 116 . Fayaz et al. (2011)111 utilizaram a bactéria termofílica Geobacillus stearothermophilus para a síntese de nanopartículas de prata. Extratos celulares da bactéria 35 ficaram em suspensão com nitrato de prata. Os diâmetros das nanopartículas produzidas variaram entre 5-35 nm e estas permaneceram estáveis ainda por dois meses após o experimento, sem sinais de agregação. Os autores propõem que esta bactéria seja capaz de secretar proteínas, que reduzem íons metálicos em nanopartículas. Gurunathan et al. (2009)117 mostraram que bactérias Escherichia coli são capazes de sintetizar nanopartículas de prata, com tamanho médio de 50 nm, a partir da redução de íons de prata. Um ponto interessante neste trabalho foi demonstrar que seria possível controlar o tamanho das nanopartículas sintetizadas alterando parâmetros como o pH, temperatura e concentração do nitrato de prata no meio. As nanopartículas reduziam de tamanho com o aumento da concentração do nitrato de prata no meio até 5nM e com a elevação do pH. O aumento da temperatura também foi capaz de reduzir o tamanho da nanopartícula de prata de 50 nm (25°C) a 16 nm (95°C). O fungo Trichoderma viride é capaz de produzir nanopartículas de prata quando embebido no meio com nitrato de prata. Mais uma vez, variações na temperatura do meio permitiram o controle do tamanho das nanopartículas sintetizadas, de modo que o aumento da temperatura diminuía o tamanho da nanopartícula 115. A redução à escala nanométrica trouxe mudanças ao potencial bactericida da prata 110. As nanopartículas penetram as células mais facilmente, aumentando o influxo celular de prata e, consequentemente, o seu efeito redox-solvatação e ligação aos grupamentos tióis das proteínas intracitoplasmáticas bacterianas 106 . Além disto, o aumento da área de superfície observado em nanopartículas, com maior exposição de átomos, permite uma melhor interação com a superfície de micro-organismos, potencializando reações bioquímicas, fotoquímicas e de óxido-redução 39 . Uma vez que a velocidade de liberação do íon prata, assim como a produção de espécies reativas de oxigênio, é proporcional à área de superfície, as nanopartículas de prata são mais eficientes neste processo, do que as estruturas convencionais 39; 118 . Além do tamanho, este efeito bactericida das nanopartículas de prata relaciona-se a outros fatores como forma, superfície química, cristalografia de superfície, agentes de nivelamento, bem como às características do meio onde se encontram, como o pH, força iônica e a presença de macromoléculas e cátions divalentes 107 39; 107; 118 . Morone et al. (2005)39; avaliaram a influência do tamanho de nanopartículas de prata, distribuídas entre 1-100 nm, sobre o seu potencial bactericida contra Escherichia coli. Os autores observaram que apenas as nanopartículas medindo 16 nm, com um desvio padrão de 8 nm, foram capazes de interagir com a bactéria. 36 A exemplo dos íons prata convencionais, a atividade bactericida das nanopartículas de prata é observada tanto em microorganismos GRAM positivos, quanto GRAM negativos tendo por exemplos: Escherichia coli, Staphylococcus aureus epidermidis, Pseudomonas aeruginosa 120 101 119 , , Staphylococcus , Klebsiella pneumonia, dentre outras 39 . A ação bactericida das nanopartículas de prata também é observada em microrganismos multirresistentes às drogas conhecidas, como Staphylocccus aureus meticilina-resistente (MRSA), Pseudomonas aeruginosa multiresistente, E. coli O157:H7 ampicilina resistente e S. pyogenes resistente à eritromicina. Isto tem estimulado o uso destas nanopartículas em drogas e utensílios hospitalares visando à prevenção e tratamento de infecções por microorganismos multirresistentes 110. A ação antiviral das nanopartículas de prata também já foi comprovada contra o vírus do HIV 121, da hepatite B 122 e do herpes simples tipo 1 123. Lara et al. (2010)121 demonstraram que nanopartículas de prata medindo entre 30-50 nm foram capazes de se ligar a GP120 de linfócitos, inibindo a adesão viral, a fusão do vírus com a célula e consequente infecção, tanto de células saudáveis como de células já infectadas. Além disso, as nanopartículas inibiram o ciclo de vida de vírus já localizados no meio intracelular e mantinham a mesma atividade antiviral contra diferentes cepas do vírus HIV, resistentes aos antivirais convencionais. Baram-Pinto et al. (2009)123 testaram a eficácia de nanopartículas de prata recobertas com sulfonato de mercaptoetano na prevenção da infecção de células do tipo Vero pelo vírus do herpes simples. Foi notado que a nanopartícula competia com o vírus por sítios de ligação do tipo heparan-sulfato na superfície das células Vero, impedindo a entrada e infecção. Os autores ressaltam que o mesmo efeito não foi observado com sulfonato de mercaptoetano puro, não conjugado à nanopartícula. A aplicação de nanopartículas de prata em fibras têxteis gerou o que hoje vem sendo chamado de “tecidos inteligentes”, capazes de inibir o crescimento de bactérias e fungos, reduzindo odores 38 . A proliferação de microorganismos nos tecidos é favorecida pela umidade e temperatura em contato com o corpo humano. Outras nanopartículas com propriedades microbicidas também podem ser utilizadas com o mesmo propósito, como o dióxido de titânio, nanotubos de titânio, nanopartículas de ouro, e nanotubos de carbono 124. A liberação tecidual da prata nanoparticulada parece variar de acordo com fatores como exposição ao suor, atrito e lavagem do tecido 29. 37 As nanopartículas de prata vêm sendo utilizadas também em curativos e bandagens para aplicação em feridas crônicas e queimaduras 29 . Diversas marcas estão disponíveis no mercado, como o Acticoat ® (nanopartículas de prata < 20 nm), e outras onde a nanopartícula associa-se a matrizes diferentes como: carboximetilcelulose (Aquacel-Ag hydrofiber®), carvão ativado (Actisorb Silver 220®), hidrocolóide (Contreet-H®), entre outros 104 . A literatura atribui a maior eficácia destes curativos à capacidade de liberarem as nanopartículas de prata de forma contínua, aumentando o tempo do efeito bactericida, reduzindo superpopulações de bactérias que colonizam o sítio da lesão, além de acelerarem o reparo tecidual 125; 126 . O íon prata presente na sulfadiazina de prata é frequentemente inativado pela proteína e complexos aniônicos presentes na ferida, necessitando de reaplicações regulares, fato não observado nos curativos que liberam nanopartículas de forma sustentada 37 . A importância do controle de superpopulações de bactérias colonizadoras reside no fato de que elas produzem debris responsáveis pela amplificação e perpetuação da resposta inflamatória inicial, dificultando o processo de cicatrização 127 . O auxílio ao reparo tecidual pelas nanopartículas de prata ocorre porque estas são capazes de induzir a formação do tecido de granulação, reduzir as metaloproteinases teciduais que estão aumentadas nas úlceras crônicas e aumentar a apoptose celular, o que pode ser relevante na primeira fase da cicatrização 125 . Cuttle et al. (2007)128 realizaram uma coorte retrospectiva para comparar a eficácia da sulfadiazina de prata a 1% em creme com o curativo Acticoat®, que libera nanopartículas de prata. Os autores observaram uma redução significativa do tempo de reepitelização com o curativo Acticoat®, que foi de 14,9 dias, quando comparado com a sulfadiazina de prata, que levou 18,3 dias. Embora o uso de nanopartículas de prata em soluções de continuidade da pele tenha sido aprovada por estudos de biocompatibilidade 129 , outros trabalhos mostram um potencial citotóxico destes materiais 130. A divergência entre os resultados pode ser atribuída às técnicas dos experimentos e às diferenças dos exudatos das feridas testados, uma vez que proteínas e íons cloreto podem neutralizar uma grande parte das nanopartículas de prata, reduzindo o seu potencial tóxico 29. A argiria é uma desordem permanente causada pelo depósito de prata nas células endoteliais dos vasos cutâneos 104 . Clinicamente, consiste em uma coloração azul-esverdeada da pele ocasionada tanto pelo acúmulo deste metal, quanto pelo aumento da melanogênese induzida pela prata, podendo se associar a alterações hepáticas, renais e do sistema nervoso central 125 . A elevação sérica do íon prata, além do depósito renal e hepático em paciente 38 tratado com sulfadiazina de prata tópica, especialmente quando a área cutânea acometida é extensa, já foram descritos 131; 132 . Em relação à prata nanoparticulada, relatos na literatura apontam um aumento sérico transitório do íon em pacientes que utilizam cronicamente curativos que liberam estas nanopartículas. Isto ocorre porque a prata é rapidamente absorvida em soluções de continuidade da pele e as nanopartículas podem ter este efeito potencializado 125 . Trop et al. (2006)127 relataram um caso de alteração hepática e elevação do íon na urina e no sangue, em um paciente que fez uso do curativo Acticoat® devido a queimaduras superficiais e profundas que acometiam 30% do corpo. Neste relato, a pigmentação cutânea foi observada em sítios distantes à aplicação do curativo, confirmando uma elevação sérica do íon. As alterações laboratoriais e coloração cutânea normalizaram após a suspensão do curativo. Segundo a literatura, apesar da ampla utilização da prata na forma de íons e nanopartículas em queimaduras e feridas crônicas, até o momento não foram observados relatos de argiria associada ao seu uso pela via cutânea. Sendo assim, a intoxicação se restringe, até então, a absorção de grandes quantidades de prata na forma de pó e de colóide, apenas pela via respiratória e trato gastrointestinal 104; 132. As propriedades ópticas das nanopartículas de prata têm permitido a sua aplicação também em exames de imagem. Estas nanopartículas são capazes de produzir um sinal óptico, a partir da excitação plasmônica, que corresponde ao conjunto de elétrons livres oscilantes presentes na superfície, possuindo momentum linear e energia 133 . Este sinal óptico leva à produção de cores intensas, que podem ser utilizadas, por exemplo, para exames de imagem do sistema nervoso central 134. A ampla aplicabilidade desta nanopartícula, principalmente em cosméticos e têxteis, leva à discussão sobre o aumento da exposição humana à prata, às múltiplas vias de exposição possíveis e seus efeitos a curto e longo prazo 113; 130. Na literatura citada, os efeitos tóxicos do acúmulo da prata no organismo se limitam à descrição de casos de argiria, praticamente restritos à exposição ocupacional crônica 29 . No entanto, materiais considerados biocompatíveis na sua forma convencional podem apresentar efeitos tóxicos quando reduzidos à escala nanométrica 135. Os estudos em relação à toxicidade das nanopartículas de prata demonstram efeitos indesejados em diferentes linhagens de células, com alterações das membranas celulares, das mitocôndrias e do material genético 130 . Esta toxicidade das nanopartículas de prata é dependente do tamanho, da superfície química, dos agentes niveladores e de fatores 39 ambientais como pH, força iônica, além da presença de macromoléculas e ligantes 39 . A atuação de nanopartículas de prata no processo de cicatrização cutânea sugere uma possível interação destas nanopartículas com células e outros elementos envolvidos na resposta imunológica da pele, o que deve ser mais bem avaliado, principalmente, quanto às suas consequências. 3. INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DA IMUNOLOGIA BÁSICA O sistema imunológico dos vertebrados pode ser dividido em resposta inata e adaptativa que, embora difiram quanto ao tempo para desencadeamento da resposta e mecanismos de iniciação, encontram-se intimamente interligadas, apresentando efeitos sinérgicos 136 . A resposta inata é responsável por uma ação imediata, secundária ao reconhecimento de estruturas bioquímicas comuns a patógenos diversos e grupamentos químicos de materiais sintéticos 137 . Por sua vez, a imunidade adaptativa apresenta uma resposta específica e de longa duração aos antígenos, podendo combater inclusive infecções que não foram debeladas pela resposta imune inata 136; 138. Parte da comunicação entre os elementos do sistema imunológico é feita através de citocinas e quimiocinas 139 . As citocinas são polipeptídeos de baixo peso molecular, que, a exceção da IL-12, têm uma meia-vida plasmática curta. Atuam sobre as células através da ligação com receptores específicos, participando da regulação imune, reparo dos tecidos, divisão, diferenciação e apoptose celular, dentre outras funções140. Por sua vez, as quimiocinas são famílias de citocinas homólogas, que estimulam e regulam a migração das células do sangue para os tecidos 139. 3.1. Imunidade Inata A resposta imune inata atua a partir do reconhecimento de padrões moleculares que não estão presentes no homem, porém são comuns a diversas classes de micro-organismos, como lipopolissacarídeo, DNA desnaturado e ácido teicóico, além de identificar marcadores de estresse ou morte celular 136; 141. Os elementos da resposta imunológica inata são expressos, 40 constitutivamente, ou têm sua expressão induzida, variando de moléculas inorgânicas simples a células (Tabela 1)137. Tabela 1 - Elementos da resposta imunológica inata Elementos Exemplos Moléculas inorgânicas Óxido nítrico, peróxido de hidrogênio, HCl Moléculas orgânicas simples Ácidos graxos Peptídeos antimicrobianos Defensinas, Catelicidinas Proteínas antimicrobianas Elementos do sistema complemento, Lisozimas, Ligantes de proteínas Colectinas, Proteínas ligadoras de manose Citocinas IL-1, IL-6, IL-8,IL-10, IL-12, TNF-α, IFN-γ Carboidratos PGG-glucana Células Macrófagos, neutrófilos, células natural-killers, linfócitos T NK, células dendríticas, monócitos Fonte: Adaptado de Gallo & Huttner, 1998, p. 740 3.1.1. Neutrófilos Os neutrófilos são caracterizados por um núcleo lobular segmentado e múltiplos grânulos citoplasmáticos onde se encontram uma diversidade de enzimas 142. Estas células são produzidas na medula óssea e liberadas na corrente sanguínea, possuindo uma meia-vida curta, em torno de 6 a 10 horas 138 . Os neutrófilos circulantes migram até o sítio da infecção devido ao gradiente de quimiocinas 143 . A passagem através dos vasos, a diapedese, é favorecida por mudanças estruturais como a expressão das moléculas de adesão E-selectina e P-selectina na parede vascular 142 . Por sua vez, os neutrófilos também sofrem modificações 41 para que a diapedese ocorra, passando a expressar moléculas de adesão na superfície 45 e emitindo prolongamentos citoplasmáticos, chamados pseudópodes, um processo dependente do rearranjo dos filamentos de actina do citoesqueleto 144. Estes polimorfonucleares atuam principalmente na resposta inflamatória aguda, secundária a infecções bacterianas 142 . Ao chegar ao sítio inflamatório, o neutrófilo é ativado por citocinas como TNF-α, IL-1, IL-6 e GM-CSF, que estimulam a “explosão respiratória” um mecanismo de produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e a expressão de receptores na superfície, como os receptores de complemento (CR1 e CR3) e da fração Fc da imunoglobulina 145 . Assim, microorganismos e estruturas inertes opsonizadas por elementos do complemento e anticorpos são reconhecidos e fagocitados pelos neutrófilos, que procedem ainda com a degranulação 146. As estruturas fagocitadas são armazenadas nos fagossomas, que se fundem com os grânulos citoplasmáticos, sendo destruídas 143. Os grânulos citoplasmáticos neutrofílicos contêm enzimas como mieloperoxidase, proteases e NADPH oxidase, além de espécies reativas de oxigênio 147; 148 . Os radicais superóxidos sintetizados pela NADPH-oxidase são dismutados em peróxido de hidrogênio que, por sua vez, são utilizados pelas mieloperoxidases para a síntese de ácidos hipo-halosos reativos 149; 150 148 . Estes ácidos participam da degradação de micro-organismos e materiais inertes . Dentre as serino proteases, encontra-se a elastase neutrofílica 2 que é armazenada nos grânulos azurófilos dos neutrófilos, participando da destruição de bactérias, através de estresse oxidativo e não oxidativo 146; 151. Um método adicional de defesa do neutrófilo recentemente descrito consiste na liberação no meio extracelular de uma estrutura denominada Neutrophil extracellular trap (NET) 143. Esta por sua vez é composta por grânulos de proteínas entremeados em filamentos de cromatina, capazes de se ligarem a bactérias GRAM positivas e negativas, além de fungos, destruindo-os 143. A formação da NET ocorre obrigatoriamente a partir da morte do neutrófilo, com a homogeneização da cromatina nuclear, perda do envelope do núcleo e da membrana dos grânulos, permitindo a mistura dos elementos, que são liberados no meio externo quando a membrana celular se rompe 143. 3.1.2. Macrófagos 42 Os macrófagos exercem um papel essencial na resposta inflamatória, participando da 152 resposta imunológica inata e adquirida . Estas células encontram-se amplamente distribuídas nos tecidos, sendo responsáveis pelo reconhecimento e eliminação de células senescentes, micro-organismos, partículas e macromoléculas invasoras 153 . No entanto, a função do macrófago vai além da fagocitose, pois estas células participam da produção de citocinas e de outros mediadores inflamatórios, além de apresentarem antígenos às células T 154 . O reconhecimento de micro-organismos e de materiais inertes pelos macrófagos ocorre através de receptores de superfície, como o TLR, receptores de manose, além de receptores para o complemento e anticorpos 155 . A adsorção de elementos do sangue como anticorpos, proteínas do complemento e fibronectina à superfície de estruturas irá facilitar o reconhecimento por estes receptores e, consequentemente, o processo de fagocitose 15; 156. A fagocitose é um processo limitado a algumas linhagens celulares, como macrófagos, neutrófilos e células dendríticas 157; 158. O processo consiste na emissão de prolongamentos da membrana plasmática que devem envolver o material a ser ingerido, dando origem ao fagossoma no interior da célula 152. A dimensão dos fagossomas pode variar de nanômetros a micrômetros 158 . O tamanho necessário da estrutura para a ocorrência da fagocitose diverge na literatura. Alguns autores afirmam que o processo ativo de englobamento ocorre com partículas maiores do que 0,5 µm nm já seriam fagocitadas 152 142 , ou seja, 500nm, enquanto para outras estruturas de 250 . Elementos menores são captados através de invaginações da membrana celular, processo conhecido como pinocitose, que forma vesículas entre 50-100 nm, e é observada em todas as células eucarióticas 152 . O tipo de proteína utilizada na internalização das estruturas permite a classificação da pinocitose em clathrin dependente e clathrin independente 158 . O primeiro processo é considerado a via “clássica”, estando presente em todas as células dos mamíferos, e está relacionado à captação de LDL e ferro. O processo de fagocitose leva à produção de citocinas e quimiocinas inflamatórias, a ativação dos mecanismos celulares de destruição de micro-organismos, além do processamento e apresentação de antígenos 86 . A exemplo dos neutrófilos, a destruição das estruturas fagocitadas nos macrófagos ocorre através da produção de enzimas proteolíticas e espécies reativas de oxigênio nos fagolisossomas 142. No entanto, alguns micro-organismos desenvolveram mecanismos que permitem a sua sobrevivência e replicação no interior dos fagócitos 142 . Assim, os macrófagos são sítios de 43 proliferação de agentes como o Mycobacterium leprae 159 e Mycobacterium tuberculosis 160 , que subvertem a função microbicida da célula, residindo até a sua ruptura, quando irão infectar novas células 161 . Outro fenômeno que pode ser observado é a incapacidade dos macrófagos fagocitarem na sua totalidade ou destruírem alguns materiais inertes 86; 162. Ambos os processos citados induzem um estímulo imunológico crônico, com produção de citocinas, acúmulo e ativação de linfócitos e macrófagos, levando à formação de granulomas 86 . Na estrutura do granuloma, encontram-se ainda células resultantes da fusão de macrófagos, as chamadas células gigantes e células epitelióides 142; 162 . Estrategicamente, os linfócitos posicionam-se próximos aos macrófagos, permitindo a ativação efetiva das células fagocíticas 160 . Soma-se a isso que o granuloma permite o isolamento das células com micro-organismos, no caso de doenças infecciosas, impedindo a propagação para o meio extracelular e infecção de outros macrófagos 160. As estruturas que são efetivamente processadas originam os antígenos que serão apresentados aos linfócitos T, através das moléculas MHC de classe II presentes na superfície dos macrófagos 163 . Moléculas co-estimulatórias expressas na superfície dos macrófagos, como CD86 e CD80, irão contribuir junto com o MHC II para a ativação da célula T 162 .A polarização dos linfócitos em Th1 ou Th2 após a apresentação é dependente das citocinas produzidas e será mais bem discutida adiante. O linfócito Th1 produz IFN-γ, uma citocina capaz de ativar mais macrófagos, potencializando a destruição de microorganismos intracelulares, além de aumentar a expressão de moléculas MHC II na superfície destas células 86 . Já as citocinas sintetizadas pelos linfócitos Th2 reduzem a produção de espécies reativas de oxigênio e citocinas inflamatórias pelos macrófagos, além de aumentar a exposição de antígenos, mecanismos que priorizam a destruição de micro-organismos extracelulares 86. 3.1.3. Células dendríticas As células dendríticas são divididas em subpopulações, estando presentes em diversas regiões do corpo humano, especialmente em locais de interface com o ambiente como a pele, vias aéreas e intestino 164 . Estas células são responsáveis pela captação, processamento e apresentação de antígenos às células T 165 . Dentre as células apresentadoras de antígenos, as células dendríticas são as mais eficazes na ativação de linfócitos T naive, integrando a 44 imunidade inata e a adquirida 166. O reconhecimento dos antígenos pelas células dendríticas é feito através de receptores de padrões moleculares como os TLR e receptores de manose 163 . Por sua vez, a interação com as células B e T é feita através das moléculas de MHC e outros coestimuladores de superfície para ativação de linfócitos 163. A maior parte das células dendríticas presentes na periferia são do tipo imaturas 136 e atuam como células sentinelas, captando continuamente antígenos do ambiente de forma amostral 167. O encontro de antígenos, como restos teciduais ou agentes microbianos, incita o processamento destas estruturas, e a expressão em moléculas MHC 167 . O processo de maturação das células dendríticas se completa com a expressão na superfície de moléculas coestimuladoras de linfócitos, como o CD83, passando a ser capazes de apresentar antígenos 166; 168 . Após a captação de antígenos, estas células migram para os linfonodos de drenagem, onde será feita a apresentação às células T naive, que se desenvolverão como células efetoras 164 . O sistema imunológico humano apresenta duas subpopulações de células dendríticas: a mielóide ou DC1, que preferencialmente induz a diferenciação dos linfócitos T em células Th1, e a plasmocitóide ou DC2, que favorece uma resposta Th2 164. As células de Langerhans são células apresentadoras de antígenos residentes na pele humana, pertencentes à linhagem DC1 e serão mais bem abordadas no próximo capítulo 169. 3.1.4. Células NK e células T NK As células Natural Killer (células NK) estão presentes em todo o organismo e são capazes de reconhecer células modificadas por infecções bacterianas, virais, fúngicas ou alteradas por transformações neoplásicas, sem a necessidade de sensibilização prévia 170. Este reconhecimento é feito por receptores inibitórios e estimulatórios presentes na superfície das células NK, capazes de reconhecer, por exemplo, moléculas MHC classe I 138. A destruição de células alteradas por células NK ocorre através da liberação de grânulos citoplasmáticos que contém a protease granzima e a perforina de ataque à membrana. Outro processo utilizado consiste nos mecanismos dependentes do Fas/FasL 170; 171. A ativação das células NK se faz através da ligação direta de seus receptores com antígenos presentes nos receptores de células T 172 ou em outros receptores de superfície 45 como o Fcγ 173 . Esta ativação também ocorre através da ligação a antígenos glicolipídicos presentes nas moléculas CD1d das células apresentadoras de antígenos superfície presentes nos patógenos 138 174 e a ligantes de . As células T NK representam uma população distinta de células que expressam simultaneamente na superfície a molécula CD56 (célula NK) e CD3 (linfócito T). Elas são encontradas principalmente no timo, medula óssea e fígado, sendo capazes de expressar tanto citocinas da resposta tipo Th1 (IFN-γ), quanto Th2 (Il-4 e IL-3). Estas células parecem estar envolvidas em processos alérgicos, doenças autoimunes e controle de neoplasias 138. 3.1.5. Mastócitos e Basófilos Os mastócitos são células derivadas da medula óssea, cujo processo de diferenciação só termina nos sítios onde estas células se tornam residentes, de acordo com fatores de crescimento e de maturação presentes no local 175 . Apresentam uma variedade de grânulos citoplasmáticos, envolvidos principalmente nas reações de hipersensibilidade alérgica, ou tipo I176. Esta resposta alérgica é desencadeada pela liberação de diversas citocinas (TNF-α, IL-1, IL-6, IL-10, etc.), além de quimiocinas (CCL1, CCL2, CCL3, etc.), aminas biogênicas (histamina e serotonina), proteases (triptase, catepsina, carboxipeptidase-A etc.) e mediadores lipídicos (prostaglandinas e leucotrienos) 177. De acordo com o tipo de proteases expressa nos grânulos, estas células podem ser classificadas em MCT, quando contém apenas triptase, MCC se apenas quimase e MCTC, quando ambas as proteases são expressas 175; 177 . A importância desta classificação reside na diferente distribuição destas células. Enquanto as células MCT são encontradas predominantemente nos pulmões e mucosa do intestino delgado, as MCC estão presentes na mucosa e submucosa do estômago, intestino delgado e cólon. Já as MCTC se apresentam em grande quantidade na pele, mucosa e submucosa do delgado 175. Os mastócitos expressam na superfície receptores do tipo Fc, com alta afinidade para imunoglobulina E (IgE), além de receptores para outros ligantes, como as frações C3a e C5a do complemento 178 . A ligação do antígeno à imunoglobulina IgE, aderida ao receptor na superfície da célula, leva à degranulação e liberação dos mediadores inflamatórios 176 . Outros fatores imunológicos e não imunológicos estão envolvidos também na ativação mastocitária. Sendo assim, frações do complemento, drogas como morfina e derivados, autoanticorpos do 46 tipo imunoglobulina G (IgG), relacionados à urticária autoimune e polímeros biológicos, presentes em alimentos como lagosta, podem induzir a degranulação mastocitária, por meio de ligação direta a receptores de superfície, sem a participação de IgE176. Além dos receptores Fc, são encontrados em mastócitos receptores de padrões do tipo Toll-like (TLR), que variam de acordo com o tipo de célula e a sua localização 175. Assim, os mastócitos presentes no sangue periférico humano expressam TLR-1, -2, -3, -4, -5, -6, -7 e -9, ao tempo que os presentes no cordão umbilical apresentam TLR -1, -2, -4 e -6 179; 180; 181 .O tipo de TLR presente e o estímulo determinarão a sequência de sinalização induzida e a produção de mediadores inflamatórios, um processo relevante para a resposta imunológica inata. Além disso, o TNF-α e os ânions superóxidos secretados pelos mastócitos estimulam a migração de neutrófilos para o sítio inflamatório e exercem ação bactericida direta 182. A atuação dos mastócitos junto à resposta imunológica adaptativa também deve ser descrita. Constitutivamente, estas células expressam moléculas MHC classe I na superfície, embora citocinas como TNF-α e IFN-γ e constituintes microbianos, como lipopolissacarídeos, possam induzir a expressão do MHC classe II, o que permite interação com linfócitos T CD4+ e CD8+ 183 . A liberação das citocinas IL-4, -5, -6 e -13 estimulam o crescimento e diferenciação dos linfócitos B 184; 185 . Os mastócitos humanos parecem expressar ainda o ligante de superfície CD40L, que está relacionado à expressão de IgE 186. Dessa forma, essas células podem regular os linfócitos B de forma independente das células T186. Por sua vez, os basófilos são granulócitos com estrutura e função muito semelhantes aos mastócitos, sendo que geralmente são encontrados na circulação sanguínea, embora possam ser recrutados para os tecidos em processos inflamatórios 176. Expressam, também na superfície, receptores para a IgE, de forma que a ligação do antígeno à imunoglobulina leva à degranulação da célula, podendo desencadear reações de hipersensibilidade imediata 176. Além de estarem envolvidas na resposta alérgica, estas células têm participação na fisiopatogenia de doenças autoimunes como penfigóide bolhoso 187 , tendo ainda um papel relevante na tolerância periférica através da regulação de células T 188. 3.1.6. Eosinófilos 47 Os eosinófilos são granulócitos derivados da medula óssea e geralmente estão presentes nos tecidos periféricos, especialmente nas mucosas do trato respiratório, gastrointestinal e genitourinário 176. Estas células expressam em sua superfície receptores para IgE estando envolvidas em processos alérgicos e infecções parasitárias, sendo inclusive capazes de destruir helmintos e protozoários 189. Nos grânulos citoplasmáticos dos eosinófilos encontra-se uma diversidade de produtos como as proteínas catiônicas (peroxidase eosinofílica, a proteína catiônica eosinofílica, proteína básica major), enzimas (colagenase e elastase), citocinas (IL-1, IL-2, Il-6, TNF-α, TGF –α e –β) , leucotrienos, prostaglandinas etc. 190;191 . Algumas evidências sugerem que estas células também produziriam neuromediadores como a substância P e peptídeo intestinal vasoativo, possivelmente interagindo com terminações nervosas 191. Estes granulócitos são atraídos para o sítio inflamatório por fatores como o C3a, C5a, a quimiocina eotaxina e o fator ativador de plaquetas (PAF) e LTB4 176; 190 . Nestes, citocinas produzidas por linfócitos Th2, como a IL-5, além de IL-3 e GM-CSF promovem a ativação dos eosinófilos 176; 190 . Imunoglobulinas do tipo IgA e IgG também se ligam a receptores de superfície do granulócito levando a sua ativação 190 . Embora apresentem receptores para IgE, estes não parecem ser relevantes para a ativação da célula 192 . O processo de ativação do eosinófilo leva à degranulação e liberação de proteínas importantes para a defesa, que permitem a destruição de patógenos e corpos estranhos, que são grandes demais para serem internalizados e digeridos 45 . No entanto, estas mesmas proteínas e citocinas liberadas de forma contínua, podem levar ao dano tecidual, observado em processos alérgicos crônicos como a asma brônquica 176. Ainda no sítio inflamatório, os eosinófilos também são capazes de fagocitar estruturas, porém, de forma menos efetiva do que neutrófilos e macrófagos. Isso ocorre porque o processo é fugaz e as estruturas fagocitadas são rapidamente devolvidas ao meio externo 189. 3.1.7. Receptores de reconhecimento de padrões: os receptores Toll-like Os receptores de reconhecimento de padrões são responsáveis pela identificação de padrões moleculares comuns a diversos patógenos, transduzindo sinais com ação próinflamatória e antimicrobiana e facilitando a fagocitose de micro-organismos 193 194 . São representados pelos receptores Toll-like (TLR), receptores de lectina C (manose), receptores varredores (scavenger), entre outros 142; 195 . Os TLR podem ser encontrados na superfície 48 celular e em membranas intracelulares 142 . O nome deste receptor vem da semelhança funcional com o receptor transmembrana tipo 1 (Toll) da mosca Drosophila, envolvido na defesa contra fungos 196 . São responsáveis pelo reconhecimento de sequências moleculares evolutivamente preservadas de bactérias, vírus e fungos, o chamado padrão molecular associado ao patógeno (pathogen-associated molecular patterns – pAMps) assim, da resposta imunológica inata 196 197 , participando, . Atualmente, têm-se conhecimento de 11 tipos diferentes de TLR, podendo ser expressos em diferentes tipos celulares como células dendríticas, macrófagos, neutrófilos, endotélio, células epiteliais e fibroblastos 141; 196; 198. Estruturalmente os TLR são receptores transmembrana com um domínio extracelular rico em leucina e um segmento intracelular semelhante ao receptor de IL-1, denominado região Toll/IL-1R, que inicia o processo de sinalização 196 . Alguns TLR se ligam formando heterodímeros, de forma a expandir o seu potencial de reconhecimento de padrões, a exemplo do TLR1/2. A ligação de pAMps aos TLR leva a uma transdução de sinal e ativação do fator de transcrição NF-ΚB que, de forma subseqüente, se desloca do citoplasma para o núcleo, onde induz a transcrição de citocinas inflamatórias, quimiocinas e moléculas de adesão 196; 199; 200 . Os TLR 3, 7, 8 e 9 são expressos preferencialmente no meio intracelular, no retículo endoplasmático e em membranas endossômicas possibilitando o reconhecimento de ácidos nucléicos microbianos, principalmente virais 142 . Além de material genético, outros componentes dos micro-organismos reconhecidos pelos TLR são lipopolissacarídeos, flagelinas, peptidoglicanas, CpG não metilados, dentre outros 142; 201. De forma geral, pode-se dizer que os TLR 1, 2 e 6 formam um heterodímero que diferencia lipopoteínas bacterianas do micoplasma; o TLR3 reconhece RNA viral dupla hélice; o TLR 7 e 8 RNA viral de única hélice; o TLR4 lipopolissacarídeos; o TLR5 flagelina bacteriana; o TLR9 CpG não metilado do DNA bacteriano; o TLR11 bactéria uropatogênica. O ligante do TLR10 ainda é desconhecido196; 199. Uma vez ativado o TLR, as células imunológicas iniciam o processo de fagocitose/destruição dos micro-organismos, ativação de leucócitos, síntese de citocinas e quimiocinas, apresentação de antígenos às células T, iniciando assim uma resposta adaptativa 202 . Deve ser destacado, ainda, que todos os ligantes de TLR induzem a secreção de IFN-α e IL-18, que ativam a célula de Langerhan, que ao apresentar ao antígeno à célula T, induz preferencialmente uma resposta do tipo Th1 202. 49 3.1.8. Peptídeos antimicrobianos Os peptídeos antimicrobianos são expressos em mamíferos, anfíbios, insetos e plantas e exercem um papel crucial na imunidade inata 203. Nos mamíferos, estes peptídeos podem ser sintetizados pelos granulócitos, macrófagos, queratinócitos, epitélios ciliado das vias respiratórias e vaginal 195 137 . Uma diversidade de peptídeos antimicrobianos pode ser produzida incluindo defensinas, catelicidinas, azurocidina, catepsina G, entre outras 204; 205; 206. Alguns destes são expostos de forma constitutiva, enquanto outros têm sua síntese induzida por produtos microbianos e citocinas pró-inflamatórias 195. O mecanismo de ação microbicida dos peptídeos antimicrobianos é dependente da carga de superfície e de sua estrutura 137 . A destruição de vírus, fungos, bactérias e protozoários ocorre através da adesão da superfície catiônica do peptídeo antimicrobiano aos lipídeos da membrana aniônica destes micro-organismos 207; 208 . Esta mesma atração eletrostática faz com que o peptídeo se insira entre os lipídeos da membrana, formando poros que alteram a permeabilidade celular, dissipando o gradiente iônico e elétrico, levando então, à destruição do microorganismo137. Peptídeos antimicrobianos com a carga superficial positiva mais elevada têm um poder bactericida 5-10 vezes maior 206. Além desta ação microbicida direta, peptídeos como as defensinas e as catelicidinas induzem a quimiotaxia de monócitos, neutrófilos , mastócitos, linfócitos T e células dendríticas para o sítio inflamatório 195; 209 . Participam ainda da resposta imunológica induzindo a degranulação de mastócitos, a produção de prostaglandinas 210 , a síntese de citocinas 195 e aumentam a imunidade contra antígenos tumorais 211. 3.1.9. O sistema complemento O sistema complemento é composto por mais de quarenta proteínas presentes no plasma e na superfície das células participando da imunidade adquirida e inata. Este sistema é capaz de interagir com micro-organismos, estruturas alteradas do organismo, como células necróticas, e materiais sintéticos 212 . O complemento tem como função final a eliminação 50 destas estruturas através da opsonização ou lise direta 212 . Sua ativação ocorre através de um sistema de proteólise seqüencial pelas vias clássica, alternativa e da lectina. A via clássica é iniciada pela ativação do complexo C1, composto pela molécula de reconhecimento C1q e pelas pró-enzimas C1r e C1s. A molécula C1q ao se ligar a complexos antígeno-anticorpo e a outras estruturas sem imunoglobulinas sofre uma mudança conformacional, autoativando a proenzima C1r, que por sua vez quebra e ativa a C1s. Esta C1s ativada irá clivar as moléculas C4 e C2, gerando a C3 convertase já na via final do processo 212. A via alternativa pode ser ativada ao contato com carboidratos presentes na superfície de fungos, bactérias, parasitas e, a exemplo da via clássica, interage com complexos antígenoanticorpo, imunoglobulinas tipo IgA agrupadas e materiais sintéticos 212 . Neste caso, a participação de uma molécula específica para iniciação do processo, como a C1q, ainda é discutível 78. A proteína C3 presente no plasma sofre pequenas hidrólises continuas gerando a molécula C3b, capaz de se ligar de forma covalente à superfície ativadora. Esta ligação gera um novo processo de adesão e clivagem de moléculas, que culmina com a síntese do complexo C3bBb, a convertase C3 da via alternativa 142. Na via da lectina, as lectinas plasmáticas ligam-se aos resíduos de manose nos microorganismos, iniciando o processo 142 . Participam da ativação desta mesma via, ainda, as ficolinas L, H e M, cujos sítios de ligação nas estruturas ativadoras ainda não estão bem estabelecidos 78 e a colectina 11, uma lectina do colágeno 212 . Todas elas culminam na ativação da protease MASP-2, que cliva as proteínas C4 e C2, iniciando uma série de ativações de proteínas comuns a via clássica. A ativação das três vias leva a síntese de um complexo enzimático, o C3 convertase, capaz de clivar a proteína C3 em C3a e C3b, envolvidas na inflamação e opsonização 142 .O fragmento C3b adere à superfície ativadora, o processo de opsonização, favorecendo a sua fagocitose 212. O complexo formado com a síntese de C3b agrega ainda a C5 convertase, uma enzima envolvida também com a inflamação e com a síntese do complexo de ataque a membrana, que forma poros nas paredes dos micro-organismos 142. A regulação do sistema complemento, evitando o consumo excessivo de seus componentes e dano às células do organismo, é feita por proteínas regulatórias endógenas solúveis no plasma, como o fator H, ou na membrana das células, como o MCP: CD46 212. A 51 desregulação do sistema complemento está envolvida na fisiopatogenia de algumas doenças. A ativação insuficiente do complemento relaciona-se a doenças autoimunes como lupus eritematoso sistêmico, e susceptibilidade a infecções, enquanto uma ativação excessiva ou inapropriada correlaciona-se a artrite reumatóide ou esclereose múltipla 212. A maior parte das proteínas do complemento é sintetizada no fígado, embora outras células do corpo, especialmente a linhagem de monócitos e macrófagos, também sejam capazes de produzí-las 212. 3.2. Imunidade Adaptativa A resposta imune adaptativa é potencialmente capaz de reconhecer qualquer tipo de proteína ou carboidrato, devido a uma diversidade de receptores formados a partir de rearranjos gênicos, presentes na superfície de linfócitos 136 . Esta imunidade é caracterizada por uma grande especificidade, que permite a diferenciação de estruturas com semelhanças moleculares, e pelo aumento da magnitude da resposta imune em re-exposições subseqüentes 163 . Os principais elementos da imunidade adquirida são os linfócitos e anticorpos, embora as células apresentadoras de antígenos e as células efetoras, como macrófagos, também sejam relevantes 163 . Os linfócitos B e T representam os elementos celulares da resposta imune adaptativa, sendo que as células T correspondem a 60% dos linfócitos periféricos, ao tempo que as células B geralmente se encontram nos órgãos linfóides 163 . Estas células ativadas possuem função de memória imunológica, de forma que a re-exposição ao antígeno leva a uma resposta imediata, associada à expansão clonal 44; 136. 3.2.1. Linfócitos T Os linfócitos T após serem produzidos na medula óssea e liberados na corrente sanguínea sofrem maturação no timo 163 . Esta maturação consiste na seleção das células T capazes de reconhecer o MHC do indivíduo e antígenos externos, desprezando autoantígenos e evitando o desenvolvimento de doenças autoimunes 163 . Após este processo, as células T migram para os órgãos linfóides secundários, os linfonodos e o baço, onde ocorrerá a apresentação de antígenos por células específicas 44. No entanto, estruturas como os folículos linfóides presentes nas submucosas do trato gastrointestinal e brônquios (MALT) contêm 52 células T naive, de forma que a apresentação de antígenos também pode ocorrer nestas localizações 44 . Mediante a apresentação do antígeno e ativação, os linfócitos T tornam-se células de memória e caso ocorra uma re-exposição ao antígeno, sofrem uma expansão clonal e migram para o sítio inflamatório 44. Uma vez ativadas para atuarem em determinado tecido no organismo, as células T passam a expressar na superfície moléculas que favorecem a sua recirculação vigilante pelo mesmo local, como no caso dos linfócitos cutâneos que expressam a molécula CLA 213. A interação das células T com a molécula MHC das células apresentadoras de antígenos ocorre através dos receptores de célula T 163 . Estes receptores são heterodímeros, compostos pelas subunidades αβ e γδ, ligadas por pontes de dissulfeto, sendo capazes de reconhecer sequências de amnoácidos apresentadas na superfície do MHC 136 . A molécula MHC é uma glicoproteína que se apresenta de duas formas; a classe I é observada em todas as células nucleadas e plaquetas, ao tempo que a classe II é encontrada somente em células apresentadoras de antígenos como macrófagos, células de Langerhans, células dendríticas e linfócito B163. Além do MHC, as células apresentadoras de antígenos expressam na superfície moléculas coestimulatórias, como o CD80 e CD86, que se ligam à molécula de superfície da célula T, CD28, por exemplo 163 . A fim de que a ativação da célula T ocorra, é necessário o estímulo do antígeno e das moléculas de coestimulação 214 . O reconhecimento do antígeno pela célula T leva a uma agregação dos co-receptores de superfície com o receptor do antígeno, o que viabiliza a ativação de enzimas tirosioquinases que iniciam a transdução de sinais no meio intracelular. Diferentes subpopulações de linfócitos são descritas, sendo as mais bem caracterizadas as células T auxiliares (CD4+) e os linfócitos T citotóxicos (CD8+) 163. Os linfócitos T CD4+ reconhecem a molécula MHC II e têm uma importante função regulatória liberando citocinas que interferem na função de outras células T, das células B, das células NK e dos macrófagos. Diferenciam-se ainda em duas sub-populações distintas de células, de acordo com o estímulo antigênico, sendo elas Th1 e Th2. Os linfócitos Th1 secretam IL-2 e IFN-γ ativando macrófagos, induzindo a síntese de IgG2b e facilitando a hipersensibilidade tardia 215 . Já as células Th2 produzem IL-4 e IL-5 estando envolvidas com a síntese de IgE e com reações de hipersensibilidade do tipo I. Esta polarização dos linfócitos em Th1 ou Th2 é influenciada pelas células dendríticas, embora os mecanismos exatos ainda não sejam conhecidos 136. 53 Já os linfócitos T CD8+ interagem com o MHC classe I e exercem ação citotóxica direta, através da produção de perforinas e ativação de enzimas como as caspases, que induzem a apoptose celular 215 . Os linfócitos T CD8+ estão envolvidos no reconhecimento e eliminação de células infectadas por vírus e com transformações neoplásicas. Isso ocorre porque a molécula MHC I geralmente apresenta na superfície antígenos protéicos citosólicos163. Outra população de células T produzidas no timo consiste nos linfócitos T CD4+ reguladores. A maioria destas células expressa na superfície a molécula CD25 e exerce papel complementar ao mecanismo de deleção de células que reconhecem autoantígenos, realizado pelo timo. Assim, os linfócitos T reguladores encontram-se envolvidos no controle do desenvolvimento de doenças autoimunes e da autotolerância 217. 3.2.2. Linfócitos B Os linfócitos B desenvolvem-se a partir de progenitores presentes na medula óssea, que geram células B imaturas, expressando na superfíce IgM 163 . Estas células migram então até os folículos linfóides do baço, onde sofrem um processo de maturação, distribuindo-se posteriormente para outros órgãos 163. Assim como as células T, os linfócitos B são células de memória e apresentam uma resposta imunológica específica aos antígenos 136. As células B se subdividem em dois subtipos: as células B de memória e as células plasmáticas de longa duração 218 . As primeiras localizam-se nos órgãos linfóides periféricos e expressam na superfície um receptor de células B de alta afinidade, que ao reconhecer o antígeno, inicia uma rápida divisão celular e diferenciação em plasmócitos. Já as células plasmáticas de longa duração estão presentes na medula óssea, produzindo e secretando de forma constitucional anticorpos, de forma independente à ativação de receptores 218. A síntese de anticorpos pelos linfócitos B ocorre por rearranjos gênicos. Estas estruturas, chamadas também de imunoglobulinas, são moléculas glicoprotéicas compostas por duas cadeias leves e duas cadeias pesadas, idênticas entre si 163. O isotipo da cadeia pesada irá determinar a classificação do anticorpo, podendo ser IgM, IgG, IgE, IgA e IgD 136. Inicialmente os linfócitos B expressam a imunoglobulina IgM, 54 porém estimulados pelas células T CD4+, passam a secretar outro isotipo, após novo rearranjo gênico 136; 163. A interação dos anticorpos com os antígenos se faz através das regiões variáveis Nterminais das cadeias pesadas e leves 163 . Os anticorpos reconhecem os antígenos a partir das suas estruturas tridimensionais, prescindindo do processamento e apresentação por outras células 136 . Quanto à localização, os anticorpos podem ser encontrados aderidos à superfície de linfócitos B, onde atuam como receptores de antígenos, ou dispersos na circulação sanguínea e tecidos, compondo a imunidade humoral 136 . Ao se ligarem aos antígenos, os anticorpos são capazes de neutralizar toxinas, opsonizar estruturas, facilitando a fagocitose, ativar o sistema complemento, além de desencadearem mecanismos de hipersensibilidade por ligação de imunoglobulinas aos mastócitos 163. Os linfócitos B atuam como células apresentadoras de antígenos aos linfócitos T e por expressarem na superfície moléculas MHC classes I e II interagem tanto com os linfócitos CD4+ quanto CD8+ 215. Em contrapartida, a maturação de células B é dependente do estímulo de células T CD4+, que induzem os linfócitos B a produzirem anticorpos contra o mesmo antígeno que lhes foi apresentado 136. 4. A UNIDADE IMUNOLÓGICA CUTÂNEA A pele é um dos principais meios de interação do homem com o ambiente e nessa condição exerce um importante papel de proteção contra agressões de natureza física, química e biológica, além da vigilância antigênica de células que possam ter sofrido transformações malignas 55; 219. Continuamente, encontra-se exposta a uma microbiota comensal, que além de participar da modulação da resposta imunológica cutânea, deve ser diferenciada de agentes patogênicos 137. Esta exposição a uma diversidade de antígenos e irritantes leva à necessidade de um sistema imunológico eficaz e diferenciado. A diversidade da resposta imunológica cutânea levou à sugestão, no século passado, da existência de um tecido linfóide específico associado à pele, denominado SALT 55 . Outra nomenclatura já sugerida também para 55 descrever a complexa organização estrutural do tegumento, com a presença de mediadores e células inflamatórias caracterizando um órgão imunológico periférico, foi de Sistema Imunológico Cutâneo (SIS) 220. A resposta imunológica, ao tempo que responde pela defesa do organismo, encontra-se envolvida também em uma série de doenças causadas pela liberação indevida de mediadores inflamatórios e síntese de anticorpos. Inúmeros são os exemplos de dermatoses ocasionadas ou agravadas pelo sistema imune, sendo algumas de alta prevalência como psoríase dermatites de contato 221 e atópica 222 , enquanto outras são mais raras como os pênfigos 145 , 223 . Muitas destas doenças têm sua fisiopatogenia ainda pouco elucidada, em função principalmente da alta complexidade do sistema imunológico da pele. Quanto ao tipo de resposta imune, na unidade imunológica cutânea encontram-se elementos das respostas inata e adaptativa, além daqueles que fazem a mediação entre os dois tipos de respostas. A seguir, são descritas algumas particularidades que diferenciam esta resposta imunológica da pele dos demais órgãos. 4.1. Imunidade Inata Cutânea A organização estrutural do tegumento e a presença de uma microbiota comensal são elementos diferenciais que compõem a resposta imune inata da pele. Outros fatores como receptores de reconhecimento de padrões, células como macrófagos e neutrófilos além dos fatores solúveis também contribuem para esta resposta. 4.1.1. A barreira física cutânea A pele é composta por três camadas, a epiderme, a derme e a hipoderme que diferem estruturalmente e quanto à função 224 (Figura 4). Sua espessura normal é em torno de 2 mm, sendo que o extrato córneo mede 5- 20 µm e a epiderme 50-150 µm 225 . Para a avaliação da permeação cutânea apenas o estudo da epiderme e da derme são relevantes 60. 56 Figura 4 - Estrutura cutânea Legenda: Organização estrutural cutânea. Observa-se a epiderme (camadas córnea, granulosa, espinhosa e basal) e a derme, onde se encontra a vascularização e anexos como folículo piloso e glândula sudorípara. Fonte: Malvi 226, 2011 A organização estrutural da pele representa uma barreira física com os queratinócitos recobertos pela camada córnea e organizados de forma a dificultar a penetração dos microorganismos e substâncias químicas potencialmente nocivas 227 . Na epiderme os queratinócitos são as células predominantes e se organizam em quatro camadas (basal, espinhosa, granulosa e estrato córneo), estando ligados entre si através dos desmossomas e à camada basal através dos hemidesmossomas. O processo de queratinização leva a modificações da forma e conteúdo citoplasmático dos queratinócitos que migram da camada basal em direção ao estrato córneo 228 . Outras células também podem ser observadas intercaladas entre os queratinócitos como os melanócitos, células de Langerhans e células de Merckel, além de uma população flutuante de células inflamatórias, como os linfócitos 224 . Mais recentemente, propriedades imunológicas dos melanócitos têm sido descritas e esta célula será abordada separadamente a seguir 229. 57 A camada córnea é a maior responsável pela barreira física cutânea, dificultando a permeação de substâncias na pele e ao mesmo tempo, reduzindo a perda de água endógena, 50 contribuindo para a homeostasia . Devido ao processo de queratinização, ao chegarem à superfície, as células perderam o núcleo, tornaram-se achatadas e com alto teor protéico, sendo chamadas de corneócitos 50 . Estas células estão ligadas umas as outras através dos corneodesmossomas e são envoltas por uma matriz extracelular rica em lipídeos apolares, organizados em bicamada 50; 227 . A composição química do estrato córneo faz com que haja um gradiente de pH, sendo este ácido na superfície (pH 4.5 – 5.5) e neutro na interface com a camada granulosa37. Este pH ácido inibe a proliferação de bactérias, fungos e outros patógenos, de forma que a sua elevação favorece a proliferação do S. aureus e S. pyogenes 230. Os queratinócitos não são células inertes, participando também da reposta imunológica ao secretarem citocinas, quimiocinas, peptídeos antimicrobianos, componentes da via do complemento e metabólitos do ácido aracdônico 199; 229; 231 . A síntese desses mediadores inflamatórios solúveis inicia-se imediatamente após o contato com uma superfície bacteriana ou por estímulos secundários a quebra da barreira cutânea. Assim, os queratinócitos secretam citocinas como (IL)-1, -6, -7, -8, -10, -12, -15, -18, e -20, além do fator de necrose tumoral (TNF) e Interferons –α, -β, -γ no estado de homeostase basal e em resposta às injúrias 231 . Dentre estas citocinas, as IL- 1, -6, -8 e TNF têm atividade pró-inflamatória, ao tempo que a IL-10 tem ação antiinflamatória 231. Algumas citocinas secretadas, como a Interleucina-7 (IL7), podem ainda regular a população de linfócitos T epidérmicos 232. As citocinas participam do controle da proliferação e diferenciação de queratinócitos e podem influenciar ainda a resposta imunológica sistêmica fagocitose de bactérias e fungos 231 . Os queratinócitos são capazes ainda de realizar a 229 . Tem-se como exemplo a fagocitose de Candida sp induzida pelo estímulo do receptor α-MSH expresso na superfície da célula 229. Logo abaixo da epiderme, observa-se a membrana basal constituída por colágeno IV, heparan sulfato, laminina e glicosaminoglicana sintetizados pelos queratinócitos, além de fibronectina produzida pelos fibroblastos 45. Esta membrana separa a epiderme da derme, um segmento rico em fibras colágenas e elásticas, medindo 2 mm, onde se encontra uma diversidade de células residentes como fibroblastos, mastócitos, macrófagos, células inflamatórias transitórias, além dos apêndices cutâneos e os plexos vascular e nervoso 224; 225 . A derme é dividida em duas porções, uma mais superficial, a derme papilar, e outra mais profunda, a derme reticular, que diferem estruturalmente. A derme papilar é composta por 58 feixes colágenos finos, além de fibras elásticas eulanínicas, que descem perpendicularmente às papilas e mais abaixo se encontram com as fibras elásticas oxitalânicas atravessam a derme reticular ligando-se ao tecido conectivo da hipoderme 225 . Estas últimas 224 . Já na derme reticular, os feixes colágenos são mais espessos do que na papilar, sendo este aspecto relevante para a sustentação dos anexos, vasos linfáticos, nervos, células inflamatórias e os vasos sanguíneos 225. Os vasos sanguíneos cutâneos estão presentes na derme papilar, distantes 1-2 mm da superfície da pele, e se subdividem em dois plexos; um superficial e outro mais profundo, interligados através de arteríolas e vênulas 233 . A ausência de vascularização na epiderme é importante, pois substâncias tóxicas e microorganismos, como bactérias e fungos, que atravessem a camada córnea não atingem facilmente a circulação, evitando a disseminação sistêmica 229 . O plexo superficial é composto por uma arteríola ascendente, um enovelado de capilares na altura da papila e uma arteríola descendente que se conecta com uma vênula póscapilar do próprio plexo. O plexo profundo é formado por vasos perfurantes oriundos das artérias musculares e tecido adiposo. As vascularizações dos anexos, sendo eles os folículos pilosos e as glândulas sudoríparas, se originam nas conexões laterais de arteríolas e vênulas que ligam os plexos superficiais e profundos 233. A área superficial e a permeabilidade vascular variam entre os vasos, sendo muito maiores no plexo superficial quando comparados ao profundo. Assim, o fluxo sanguíneo é maior na superfície, podendo ter impacto no efeito de drogas aplicadas por via tópica, que são rapidamente removidas da pele, caso atravessarem a membrana basal. Além disso, a microcirculação cutânea é altamente sensível a variações térmicas, de modo que elevações de temperatura podem aumentar o fluxo de sangue direcionado à pele de 5% para 30%. Dessa forma, alterações de temperatura e drogas que agem na vascularização cutânea podem alterar de sobremodo a absorção de substâncias através dos vasos da pele 234; 235. A hipoderme é constituída por lóbulos de adipócitos envoltos por septos de tecido conjuntivo, onde se encontram também a vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Esta camada protege e amortece a pele, permitindo uma maior mobilidade e se conecta com a derme através dos vasos, nervos e apêndices cutâneos 224. Os anexos cutâneos consistem na unidade pilossebácea e nas glândulas sudoríparas. A primeira é constituída pela haste folicular que se encontra dentro do infundíbulo, ao qual está 59 ligada também a glândula sebácea, através de um orifício cuja dimensão varia entre 10 e 210 µm. A unidade pilossebácea mede entre 2-4 mm se estendendo ao longo da derme, sendo que o bulbo do pelo anágeno pode ser encontrado na hipoderme 236 . A papila dérmica localiza-se no bulbo capilar, sendo composta por fibroblastos, fibras colágenas, mucopolissacarídeos e fibras nervosas, sendo também o local por onde chega a vascularização 236 . O estrato córneo reveste o infundíbulo internamente apenas até 100 µm a partir da superfície, o que tem implicações na permeação de substâncias através desta via 51. Já as glândulas sudoríparas são estruturas tubulares, medindo em média 2-5 mm, que se estendem da derme ou hipoderme até a superfície cutânea onde se abrem em orifício de diâmetro entre 60-80 µm. São responsáveis pela secreção do suor, tendo papel relevante no equilíbrio hidroeletrolítico e termorregulação. A penetração transcutânea de produtos químicos se faz através da difusão passiva, respeitando diferentes gradientes de concentração36, sendo que geralmente apenas partículas pesando até 500 Da seriam capazes de atravessar a pele 237 . De uma forma geral, em relação ao tamanho, estruturas de até 1000 nm permeiam a pele íntegra em zonas flexurais, ao tempo que nas outras regiões, se a pele tiver solução de continuidade, partículas de até 7000 nm são capazes de atingir estratos cutâneos mais profundos 24. Este processo possui alguns obstáculos físicos, como a camada córnea, uma estrutura essencialmente lipofílica. Características físicoquímicas dos agentes também são importantes para a avaliação da permeação cutânea como dimensão, coeficiente de partição óleo/água e propriedades superficiais 51. Os lipídeos da camada córnea estão organizados em bicamadas, de modo que a porção apolar destes forme uma área lipofílica central, passível de permeação por substâncias hidrofóbicas, medindo até 5.42 nm 51 . Em contrapartida, a porção polar destes lipídeos organiza-se em poros aquosos de tamanho mais reduzido, entre 2.8 – 1.3 nm 51 limitando a penetração de materiais hidrofílicos e água (Figura 5). A disposição tridimensional dos corneócitos, aliada à presença de corneodesmossomas intercelulares, formam canais tortuosos que dificultam a transposição de moléculas e microorganismos (Figura 6). Desta forma, observa-se que a passagem de substâncias através do estrato córneo é dependente de gradiente químico e da nanoporosidade 51. 60 Figura 5 - Penetração de partículas através da matriz lipídica da camada córnea Legenda: (A) Penetração de partículas hidrofóbicas. (B) Penetração de partículas hidrofílicas e água. Fonte: Adaptado de Baroli 52, 2010, p. 27 As glândulas sudoríparas e os folículos pilosos representam pontos de menor resistência à permeação de substâncias na pele, por apresentarem aberturas diretas na superfície cutânea 51 . Embora os folículos pilosos correspondam a uma área de apenas 0,1% da superfície, estes anexos representam importantes pontos de absorção de substâncias aplicadas por via tópica. São características dos folículos que contribuem para esta propriedade; uma camada córnea mais delgada do que o restante da pele, uma vascularização complexa e a estrutura em si do folículo, que comunica a superfície cutânea com a transição derme-hipoderme 238. Alguns fatores podem prejudicar a permeação de moléculas através dos folículos como a oclusão da abertura folicular por acúmulo de sebo e a própria presença da haste folicular 50. De uma forma geral, a literatura cita que partículas inferiores ao diâmetro da abertura folicular, algo entre 10-210 µm, seriam capazes de permear a pele através desta via. No entanto, outros fatores como a dispersibilidade da substância no sebo ou no suor podem ser relevantes para a esta permeação 51. 61 Figura 6 - Penetração de moléculas e microorganismos através dos corneócitos Legenda: A rota de potencial penetração de estruturas através de coneócitos não alinhados é indicada pela seta vermelha. Azul: corneócito; Verde: corneodesmossoma. Fonte: Adaptado de Baroli 52 2010, p. 26 Além da barreira física, a pele também deve ser lembrada como uma barreira química à permeação de substâncias aplicadas pela via tópica, devido à ação de enzimas presentes nos anexos, na camada basal e nos espaços entre os corneócitos 239; 240 . Apesar de não poder ser comparada ao fígado, a pele possui também um efeito de “primeira passagem”, quando xenobióticos e substratos endógenos são metabolizados antes de atingirem seus alvos de ação 241 . Uma diversidade de enzimas encontra-se envolvida neste processo, podendo-se citar as citocromos P450 cutâneas, ciclooxigenases, álcool desidrogenases, proteases, glutationa-Stransferase, N-acetiltransferase, entre outras 240 . Dentre as células presentes na pele, os queratinócitos parecem ser os maiores metabolizadores de drogas 242. As consequências deste metabolismo cutâneo podem ser benéficas ou prejudiciais, quando geram metabólitos tóxicos de ação local e sistêmica 240. 4.1.2. A microbiota comensal cutânea A pele representa a interface do organismo com o ambiente, sendo exposta e colonizada por uma diversidade de microorganismos, como bactérias, fungos, vírus e ácaros considerados não patogênicos, e que em conjunto compõem o que se chama de microbiota 62 comensal cutânea 243; 244 . Os estudos de biologia molecular têm permitido encontrar uma população de microorganismos comensais muito maior do que a estimada por métodos de cultura, embora ainda haja dificuldade de diferenciação entre flora residente e transitória243. A pele da criança dentro do útero é estéril, porém ao nascimento, é imediatamente colonizada por uma população de microorganismos comuns a via de parto utilizada 245 . Ao longo da vida, fatores genéticos, demográficos, comportamentais e regionais influenciam a composição desta microbiota, que apresenta ampla variabilidade em locais diferentes de um mesmo organismo e entre indivíduos diferentes 246. Os anexos cutâneos como glândulas sudoríparas, folículos pilosos e glândulas sebáceas expressam cada um, diferentes populações de microorganismos comensais 243. Áreas do corpo com uma grande densidade de glândulas sebáceas, a exemplo da face e tronco, propiciam o crescimento de microorganismos lipofílicos como Propionibacterium spp e Malassezia spp 247 . Já regiões intertriginosas, que apresentam maior temperatura e umidade, tendem a favorecer a colonização por bactérias GRAM negativas, além das GRAM positivas, Corinebacterium sp e S. aureus 247. A superfície cutânea é colonizada por aproximadamente 1 milhão de bactérias a cada centímetro quadrado 53 , sendo que os filos Actinobacteria, Firmicutes e Proteobacteria representam 94% dos clones Corynebacterium, 248 . Os trabalhos mostram que o Staphylococcus, Propionibacterium, Micrococcus, Streptococcus, Brevibacterium, Acinetobacterium e Pseudomonas são gêneros de bactérias comensais cutâneas do homem 249. Os estafilococos, especialmente o Staphylococcus epidermidis, são as bactérias mais prevalentes na microbiota cutânea, enquanto o Staphylococcus aureus passou a ser considerado também como um comensal, que se tornaria patogênico por alterações da microbiota 250 . Em relação aos vírus, dois grupos comensais foram recentemente descritos, sendo eles o anelloviruses e o GBV-C 251 . Já fungos e ácaros são menos estudados, possivelmente por terem menor prevalência, podendo-se citar como exemplo a Malassezia sp e o Demodex folliculorum respectivamente 250; 252. A unidade imunológica cutânea diferencia a microbiota comensal da patogênica utilizando-se de elementos da resposta imunológica inata, como receptores de reconhecimento de padrões 197 . Essa íntima relação da microbiota com o sistema imunológico faz com que alguns autores defendam que o conceito de microorganismo comensal e patogênico dependa mais da resposta imunológica de cada organismo humano, do que de características 63 intrínsecas de bactérias, vírus, fungos e protozoários 249 . O ácido lipoteicóico produzido pelo Staphylococcus epidermidis estimula o TLR3 de queratinócitos, inibindo a liberação de citocinas inflamatórias que poderiam levar a destruição da bactéria 253 . Por sua vez, estes mesmos receptores podem ser estimulados por estruturas de organismos patogênicos, como lipopolissacarídeos da parede de bactérias GRAM negativas, desencadeando a liberação de peptídeos antimicrobianos, quimiocinas e citocinas, que iniciam a resposta inflamatória 243. Além de evitar a colonização e infecção da pele por espécies virulentas, a microbiota comensal está continuamente interagindo e modulando o sistema imunológico cutâneo 243; 253. A exposição contínua dos linfócitos cutâneos a elementos bacterianos da flora comensal poderia contribuir para a manutenção/ativação destas células, a fim de reconhecerem prontamente patógenos estruturalmente semelhantes 243. As bactérias cutâneas influenciam ainda a composição química da superfície cutânea. Alguns microorganismos, como o Propionibacterium acnes, são capazes de degradar o triglicerídeo presente no sebo, liberando ácidos graxos livres que contribuem para a manutenção do pH ácido na superfície 227; 247 . Além disso, modificações químicas do sebo e debris celulares na superfície da pele, produzidos pela microbiota residente, são responsáveis pela liberação de odores típicos que teriam efeito atrativo para insetos, dentre eles mosquitos, moscas e percevejos 254. 4.1.3. Neutrófilos Os neutrófilos são um dos principais componentes da resposta imune inata, embora não estejam naturalmente presentes na pele 215 . Quando chegam à derme profunda, através dos vasos, devido a um gradiente de quimiocinas, induzido pela síntese destas em um sítio inflamatório da pele, os polimorfonucleares passam a emitir pseudópodes e a expressar na superfície moléculas de adesão, como LFA-1 neutrofílica, β2 integrina e β1 integrinas 256 144; 255; . Estas moléculas irão favorecer a ligação a estruturas da derme, tendo como exemplo fibroblastos, fibras colágenas, laminina e fibronectina, permitindo a movimentação até que atinjam a epiderme 256; 257 . A membrana basal cutânea, que separa a epiderme da derme, se coloca como mais uma barreira física à permeação dos neutrófilos até as camadas mais superficiais da pele. Assim, enzimas como a elastase e gelatinase B, capazes de degradar 64 constituintes da membrana basal, seriam secretadas pelos neutrófilos para facilitar a migração. No entanto, alguns autores demonstraram que embora estas enzimas sejam capazes de degradar a membrana, este processo não é fundamental para que ocorra a movimentação dos polimorfonucleares 258. Além de estarem presentes em processos infecciosos da pele, os neutrófilos têm participação em outras doenças cutâneas como a psoríase. Nesta dermatose inflamatória crônica, observa-se um acúmulo de fatores quimiotáxicos, principalmente na porção subcórnea, gerando gradiente que favorece a migração transepidérmica cíclica de neutrófilos. Entre estes fatores encontram-se a IL-8, secretada pelos queratinócitos e linfócitos T, além do complexo C5a/C5a des arg 145. 4.1.4. Macrófagos Os monócitos derivados da medula óssea deixam a circulação sanguínea e chegam à pele, transformando-se em macrófagos 142 . Na pele, estas células se encontram em grande número, principalmente na derme, próximas à membrana basal 45; 259. Basicamente três tipos de macrófagos são encontrados na pele, diferindo em relação à morfologia e ao fenótipo. O primeiro tipo de macrófago é uma célula plana, em formato de fuso, localizado ao redor dos vasos da derme superior, sendo alguns poucos observados na epiderme e ao redor de anexos. Um segundo tipo de macrófago cutâneo tem a morfologia semelhante às células dendríticas e seus prolongamentos se localizam entre os linfócitos perivasculares. O terceiro tipo de macrófago é representado por células maiores, com citoplasma abundante e borda mal definida, distribuídos ao redor dos vasos de toda a derme. Embora morfologicamente diferentes, estes macrófagos cutâneos expressam na superfície as moléculas CD11c, (KiM1), Ki-M6 e Ki-M8 259. Os macrófagos encontram-se envolvidos em processos inflamatórios e doenças infecciosas da pele. Estas células estão presentes nas reações de corpo estranho com formação de granulomas a biomateriais utilizados como preenchedores cutâneos 260; 261 Além disso, o papel do macrófago na fisiopatogenia da Leishmaniose é conhecido de longa data, onde células quiescentes permitem a infecção e multiplicação dos parasitas no seu citoplasma 262. 65 4.1.5. Células dendríticas A pele exerce uma importante função de barreira contra a invasão de agentes patogênicos e para isso necessita de células apresentadoras de antígenos eficazes 263 . Estas células são responsáveis pela captura, processamento e apresentação de antígenos às células T nos linfonodos, contribuindo para a imunidade adquirida 167 . Na pele são observadas duas populações de células apresentadoras de antígenos, sendo elas as células de Langerhans (LC) e as células dendríticas dérmicas 263. As LC são um subtipo de células dendríticas imaturas presentes na epiderme 168 . Embora correspondam à apenas 1% da população de células deste estrato, seus prolongamentos permitem a cobertura de uma área de 20% da epiderme, facilitando a captura de antígenos 264 . Estas células dendríticas têm sua origem na medula óssea e migram até a epiderme sendo encontradas nas camadas basal e suprabasal 164; 265. No entanto, há evidências de que estas células possam proliferar na própria epiderme ou a partir de precursores residentes na derme 193 . São caracterizadas pela expressão na superfície de proteínas como langerina (CD207), CD1a, CD45, E-caderina, molécula de adesão epitelial-celular (EpCAM) e a molécula MHC classe II 266 . Quanto a distribuição, as LC encontram-se de forma heterogênea no tegumento, estando em maior concentração nos membros, tronco, pescoço, face e cabeça. Na pele sem estímulos inflamatórios, as células dendríticas atuam mantendo o estado de tolerância aos autoantígenos e alérgenos externos, a fim de garantir um equilíbrio imunológico 167 . A ligação da E-caderina da célula de Langerhans aos queratinócitos parece manter a célula apresentadora de antígeno em um estado imaturo e inativo 266 . Em contrapartida, a liberação de mediadores inflamatórios por células como os queratinócitos danificados, induz a quimiotaxia das células de Langerhans para o sítio do processo e a quebra da tolerância imunológica. Uma vez no sítio inflamatório, as células dendríticas capturam os antígenos através de fagocitose 87 e migram para os linfonodos regionais onde ocorrerá a apresentação do antígeno aos linfócitos T . Já as células dendríticas são encontradas predominantemente na derme e possuem funções semelhantes às células de Langerhans 263 . Estas células fagocíticas são reguladas por 66 outras células cutâneas presentes ao seu redor, como as células NK, que são capazes de induzir a sua apoptose, caso não haja estímulos antigênicos 267. 4.1.6. Células NK Na pele normal, as células NK são observadas em pequeno número na derme, próximas à epiderme, conforme estudos de imuno-histoquímica realizados em biópsias de pele de indivíduo saudáveis por Buentke et al. (2002)168. No entanto, estímulos inflamatórios podem induzir o aumento da população destas células, a partir do influxo para sítios específicos cutâneos. As células NK parecem estar implicadas na fisiopatogenia da dermatite atópica. Amostras teciduais de segmentos cutâneos acometidos pela dermatose ou colonizados por Malassezia sp, um fungo envolvido na dermatite atópica de difícil controle, apresentam aumento destas células no infiltrado dérmico e na epiderme 168 . Já foi demonstrado que estas células induzem o aumento de células de Langerhans e isto pode se associar a resposta do tipo Th2 observada na dermatite atópica 268. Além disso, as células NK estão presentes precocemente no processo de cicatrização cutânea. Schneider et al (2011)269 observaram que a prevenção da ativação de células NK com o uso de anticorpos anti-CD1d foi capaz de acelerar a cicatrização, sendo o efeito dosedependente. 4.1.7. Mastócitos e Basófilos Os mastócitos presentes na pele são do tipo MCTC capilares, arteríolas e vênulas da derme e hipoderme 45 175 e localizam-se ao redor dos . Estas células estão relacionadas a processos alérgicos cutâneos mediados ou não por IgE, fazendo parte da fisiopatogenia de doenças como a urticária e angioedema 270 . Os mastócitos encontram-se ainda próximos às terminações nervosas, de forma que os mediadores inflamatórios liberados são capazes de 67 influenciar o tônus vascular 271 . Da mesma forma, os neuropeptídeos liberados pelos nervos, como a substância P, podem influenciar a degranulação mastocitária 272; 273. Além disso, estas células têm uma influência direta na permeabilidade da parede do vaso, regulando o balanço dos fluídos entre o meio intravascular e o interstício, facilitando ainda a permeação de células na pele, na vigência de processos inflamatórios 45; 274. Os basófilos estão presentes nas lesões de algumas doenças cutâneas como dermatite atópica, urticária e prurigo e se assemelham estruturalmente e funcionalmente com os mastócitos 176. 4.1.8. Eosinófilos Os eosinófilos seguem um padrão de distribuição na pele semelhante a de outros tecidos, de forma que podem permanecer neste órgão, sem qualquer estímulo inflamatório por 8-12 dias, quando sofrem então apoptose 275 . A presença de eosinófilos na pele está aumentada em processos de natureza alérgica e autoimune uma das mais estudadas é a dermatite atópica farmacodermias e a reação à picada de inseto 275 276 . Dentre as reações alérgicas, , devendo ser lembradas ainda as 276 . Infestações por parasitas também podem levar à eosinofilia cutânea, da mesma forma que estas células estão presentes em cortes histológicos de pele do penfigóide bolhoso 277. 4.1.9. Melanócitos Os melanócitos são células dendríticas de origem neuroectodérmica que podem ser encontrados em diferentes partes do organismo humano, como na camada basal epidérmica, na retina e nos folículos pilosos, sendo que nestes últimos, na área do bulge, são reservatórios de células troncos para a pele 229. Outras localizações nas quais estas células estão em menor concentração também já foram relatadas, como nas estrias vasculares da cóclea, leptomeninges, substância nigra e locus coerulus no cérebro, além do coração e tecido adiposo 229 . Na pele, cada melanócito interage através de projeções dendríticas com aproximadamente 30 queratinócitos, a chamada “unidade melânica epidérmica” 224; 229 . A função mais conhecida destas células é a produção do pigmento melânico, que é transferido através de vesículas para o citoplasma dos queratinócitos, protegendo a pele contra a radiação ultravioleta 278. 68 No entanto, atualmente outros papéis têm sido descritos para estas células. Algumas evidências sugerem que os melanócitos seriam imunocompetentes, com papel relevante para o sistema imunológico cutâneo 278 . A primeira sugestão de interação destas células com outros elementos da resposta imunológica pode ser observada durante a síntese de pigmento. Mediadores inflamatórios são capazes de induzir a hiperpigmentação, como no caso da pele bronzeada pós-exposição solar, ou hipopigmentação, como na Pitiríase Alba 229. Além disso, a melanina sintetizada pelos melanócitos parece ter efeito antioxidante, eliminando os radicais livres, além de quelar íons metálicos 279 . O processo de biossíntese da melanina gera naturalmente peróxido de hidrogênio e intermediários reativos da quinona, com forte atividade antimicrobiana 229; 280 . Os melanócitos expressam ainda constitutivamente TLR, melhor abordados a seguir, que podem ser ativados por elementos bacterianos como o LPS, levando a síntese de citocinas inflamatórias 278 . Alguns achados indicam que além de participar da imunidade inata, estas células atuariam também na resposta adaptativa. Os melanócitos podem fagocitar antígenos 280 , e expressam na superfície moléculas de adesão como ICAM, VCAM e CD40, além do MHC classe II já ter sido encontrado em melanócitos perilesionais do vitiligo 281; 282 . Estes achados em conjunto sugerem que estas células seriam capazes de processar e apresentar antígenos aos linfócitos T 282. Estas células participam também da regulação da resposta imunológica cutânea, secretando moléculas com ação imunossupressora como o α-MSH 229; 283, cortisol 284 e ACTH , podendo ter ação na prevenção do desenvolvimento de doenças autoimunes como lúpus eritematoso 229 . Soma-se a isso, que os melanócitos possuem atividade neuroendócrina, sintetizando hormônios, neuropeptídeos e neurotransmissores 285. 4.1.10. Receptores Toll-like As células envolvidas na resposta imune inata apresentam moléculas transmembranas e intracitoplasmáticas, que agem como receptores capazes de identificar antígenos externos. Um deles são os Toll-like receptors (TLRS) que além de estimularem a resposta imune inata, promovem a síntese de espécies reativas de oxigênio e a liberação de citocinas que potencializam a resposta adaptativa 193 . Na pele, os TLR podem ser encontrados nos queratinócitos, melanócitos e células de Langerhans 202 . Os queratinócito expressam constitutivamente mRNA para os TLR 1, 2,3, 4, 5 , 6 e 10, não tendo sido encontrado 69 evidências da expressão dos TLR 7 e 8 199 . A distribuição e concentração destes receptores parecem variar ao longo da epiderme e de acordo com o desenvolvimento de algum processo patológico. Baker et al. (2003) 196 demonstraram que o TLR 1 e 2 são expressos ao longo de toda a epiderme, sendo que o TLR2 concentra-se mais nas camadas inferiores, ao tempo que o TLR5 se concentra na camada basal. Em contrapartida, na pele acometida pela psoríase, há redução dos TLR5 na camada basal e aumento de TLR2 nas camadas superficiais, embora ainda não se saiba como isto influencia a fisiopatogenia da doença. Já os melanócitos expressam constitutivamente o mRNA e proteínas dos TLR 2, 3, 4, 5, 7, 9 e 10 286 . Jin et al. (2010)286 propuseram que a ativação de TLR de melanócitos estaria envolvida nas alterações pigmentares relacionadas aos processos inflamatórios. Os autores expuseram melanócitos humanos a lipopolissacarídeo bacteriano (LPS), flagelina, Pam3CSK4 e à droga imiquimode, ligantes dos TLR 1/2 , 3, 4, 5 e 7. Observaram então, que o LPS e o Pam3CSK4 aumentaram a concentração de melanina, ao tempo que o imiquimode e a flagelina reduziram esta concentração. Além disso, Tam et al (2011) 278 estudaram o perfil de citocinas sintetizadas a partir da ativação de TLR e descreveram que sob estímulo de LPS os melanócitos sintetizaram IL-1β e TNF-α. Estas citocinas sintetizadas por melanócitos podem estar envolvidas na fisiopatogenia de doenças como líquen plano, psoríase, vitiligo e melanoma 278. 4.1.11. Peptídeos antimicrobianos Os peptídeos antimicrobianos fazem parte da imunidade inata e na pele atuam provavelmente controlando a população da microbiota residente e atuando contra microorganismos invasores 203 . No entanto, os peptídeos antimicrobianos não exercem efeito apenas bactericida. Estas moléculas atuam também na regulação da proliferação celular 287 e da produção de matriz extracelular 288. Na pele humana, os peptídeos antimicrobianos mais encontrados são as catelicidinas e as defensinas 206; 289. As defensinas são formadas por resíduos de cisteína, sendo divididas em 70 α e β. As α – defensinas são sintetizadas apenas em neutrófilos e células intestinais 195. Já as β-defensinas humanas (hBD) são produzidas essencialmente por células epiteliais da árvore respiratória e da pele. Destes peptídeos, os hBD-1, -2, -3 -4 são encontrados na pele humana e sintetizados mediante diferentes estímulos últimas camadas da pele sendo 195; 290; 291; 292; 293; 294 induzida pelo lipopolissacarídeos bacterianos com queratinócitos ductos sudoríparos 290 contato 289; 290; 294 . A hBD-1 é expressa nas de peptídeoglicanas e , além de ser encontrada nos . Já a hBD-2 também é observada nas camadas mais superficiais da epiderme, onde estão presentes os queratinócitos mais diferenciados, sendo induzida pelo TNF- α, IL-1 β e bactérias, além de ser um peptídeo abundante em lesões cutâneas de psoríase 291; 295 . Os hBD -3 e -4 são expressos em queratinócitos após estímulo bacteriano e de citocinas inflamatórias, sendo que o hBD -3 também se encontra associado às escamas psoriásicas 292; 296 . A distribuição destas defensinas na pele é heterogênea e foi estudada por Ali et al. (2001)294. Os autores demonstraram que as hBD-1 e -2 predominam no couro cabeludo e região plantar, concentrando-se especialmente na abertura dos apêndices cutâneos. As hBD agem produzindo poros nas membranas de bactérias Gram positivas e negativas, além de estimularem a migração e proliferação dos queratinócitos, a síntese de quimiocinas e citocinas inflamatórias e exercerem quimiotaxia para mastócitos 137; 210; 289. As catelicidinas são compostas por um domínio catelina N-terminal e um domínio antimicrobiano catiônico C-terminal 297, sendo que nos humanos, apenas a catelicidina LL-37 é expressa. Este peptídeo antimicrobiano geralmente é encontrado em queratinócitos que passam por processos inflamatórios como no caso de psoríase, dermatite de contato e lupus eritematoso 137; 298 . Estas catelicidinas possuem ação antibacteriana, antifúngica e antiviral, além de induzirem a quimioatração de mastócitos e neutrófilos para o sítio inflamatório 299 289; . A análise de tecidos de feridas em cicatrização permitiu a identificação de outros peptídeos com ação antibacteriana, como lisozimas e α-defensinas neutrofílicas humanas HD1, HD2 e HD3, que podem ser secretados por células recrutadas para o processo inflamatório, como granulócitos 298; 300 . Além da ação antimicrobiana, as defensinas neutrofílicas são capazes de atrair linfócitos T e induzir a degranulação de mastócitos, com a secreção de histamina, contribuindo para o processo inflamatório 209; 301. 4.1.12. O sistema complemento 71 As proteínas do sistema complemento chegam à pele por difusão através dos vasos com permeabilidade alterada por algum estímulo inflamatório 45 . Outras células, como monócitos e macrófagos, residentes na pele ou atraídos pelo início da inflamação também podem ser fonte destas proteínas. A literatura já descreveu a síntese de diversos elementos do sistema complemento pelos queratinócitos, como C3, C5, C7, C8, C9, fator B, fator H regulador do complemento, e fator I além de expressarem os receptores de complemento CR1, cC1qR, C5aR, CR 2 e citocinas reguladoras do sistema 302. Alterações qualitativas e quantitativas de fatores do complemento relacionam-se a doenças cutâneas imunologicamente mediadas e predisposição a infecções. São exemplos destas dermatoses: buloses como o pênfigo vulgar e penfigóide bolhoso, urticárias, angioedema hereditário e adquirido, lúpus, vasculites, imunodeficiência primária por deficiência de C2, entre outras 303. 4.2. Imunidade Adaptativa Cutânea A resposta imune adaptativa é altamente complexa nos mamíferos compensando a fragilidade da barreira cutânea, quando estes são comparados aos outros seres vivos 265 . Esta resposta inicia-se pela ação das células apresentadoras de antígenos residentes na epiderme e na derme 45 que atuam como sentinelas primárias do sistema imune cutâneo 164. 4.2.1. Linfócitos T e B A presença de linfócitos intraepidérmicos foi primeiramente descrita por Kondo em 1992 304 . Os linfócitos T representam 1-3% da população de células epidérmicas 45; 220; 304, ao tempo que linfócitos B não são encontrados na pele ou na mucosa oral sem alterações 220. Bos et al. (1987) 304 fazendo uso de imunofenotipagem não encontraram nenhuma célula marcada com o anticorpo monoclonal anti-B1 (CD19), referente aos linfócitos B, em 24 amostras de biópsias de pele humana. Por outro lado, trabalhos relacionados principalmente aos linfomas cutâneos de células T, contribuíram para a caracterização de uma subpopulação de linfócitos T com tropismo específico para a pele 55. Estas células são linfócitos T de memória CD45R0+ que expressam na superfície moléculas de adesão, receptores de quimiocinas e enzimas que irão contribuir para a migração até a pele 305 . Uma dessas moléculas é uma glicoproteína de 72 superfície semelhante ao antígeno sialyl Lewis X, o antígeno cutâneo linfocitário (CLA), encontrado em 50% dos linfócitos T presentes na pele 305; 306 . No entanto, esta mesma glicoproteína pode ser observada também em 15% dos linfócitos periféricos 307. Como previamente mencionado, as células de Langerhans e outras apresentadoras de antígeno da pele migram até o linfonodo regional, através dos linfáticos dérmicos, onde irão apresentar os antígenos aos linfócitos T naive e de memória. Os linfócitos T sofrem então uma expansão clonal e migram para o sítio cutâneo de onde partiu o estímulo antigênico 259. A ativação dos linfócitos T naive presentes nos linfonodos que drenam a pele, faz com que estas células passem a expressar na superfície a glicoproteína CLA 308 . A fim de facilitar a migração dos linfócitos T de memória até o sítio inflamatório, o epítopo CLA funciona como um ligante de E-selectina, uma molécula de adesão expressa na superfície das células endoteliais inflamadas, induzida pela presença de mediadores pró-inflamatórios como IL-1 e TNF-α 305. A síntese de determinadas citocinas parece regular também a expressão do antígeno CLA, de modo que a IL-12 seria capaz de induzir esta molécula em linfócitos T 305. A importância deste fato reside no uso de substâncias que controlem a expressão do CLA para o tratamento de doenças como psoríase e dermatite de contato 309. A interação CLA/E-selectina não é o único mecanismo envolvido na migração do linfócito T dos vasos sanguíneos para a pele. Outras ligações como LFA-1/ICAM-1 e VLA4/VCAM-1 são relevantes para a migração transendotelial 310; 311 . As quimiocinas também têm papel relevante neste processo, sendo que os linfócito expressam na superfície receptores para estas moléculas como CCR4 312 , CXCR2 313 e CCR10 314 . Um dos papéis das quimicocinas consiste na indução de alterações morfológicas nos linfócitos T que permitam a sua diapedese 315 . Um fato interessante é a produção de CTACK/CCL27, uma quimiocina ligante do receptor CCR10, exclusivamente pelos queratinócitos basais, cuja síntese está aumentada nos processos inflamatórios e relacionada a atração de linfócitos T 316. Em condições de homeostase, os linfócitos T são encontrados na epiderme próximos à membrana basal e às células de Langerhans e na junção dermo-epidérmica, ao redor das vênulas pós-capilares dos plexos superficial e profundo 45; 220 . A maioria destes linfócitos T são células de memória com o fenótipo CD45R0+, e expressa na superfície o receptor do tipo CD8, indicando tratar-se de linfócitos T citotóxicos CD4+/CD8+ na epiderme é de 0,25 220 45 . A proporção média de linfócitos T . Estes fatos contrastam com o perfil de linfócitos T no sangue periférico, onde geralmente há um predomínio de linfócitos CD4+, na proporção de 2 CD4+ para 1 CD8+ 317. 73 Os linfócitos T têm participação no reconhecimento de antígenos presentes na pele estando envolvidos na fisiopatogenia de doenças alérgicas como a dermatite atópica e de contato, neoplasias como o linfoma cutâneo de células T e doenças inflamatórias como a Psoríase 305; 318. Pode se observar, que o tipo de resposta imunológica desencadeada na pele é um processo complexo dependente da natureza do antígeno e da sua interação com as células do organismo. Uma série de doermatoses ainda tem sua fisiopatogenia desconhecida o que vem estimulando a busca por possíveis agentes externos como desencadeadores. Justifica-se assim a busca pela compreensão do impacto da exposição das células cutâneas e do sistema imune a partículas exógenas presentes no ambiente, especialmente as conseqüentes ao desenvolvimento de novas tecnologias. 5. INTERAÇÃO DOS NANOMATERIAIS COM OS ELEMENTOS DA UNIDADE IMUNOLÓGICA CUTÂNEA 5.1. Interação dos nanomateriais com elementos da resposta imunológica inata 5.1.1. Interação com os elementos da barreira física e permeação cutânea 5.1.1.1. Alótropos do carbono A interação de nanomateriais alótropos do carbono com os queratinócitos, especialmente em relação à penetração celular, apoptose e indução de citocinas inflamatórias tem sido estudada. Monteiro-Riviere et al.(2005) 319 demonstraram que MWCNT são capazes de penetrar queratinócitos em cultura sendo observados através de TEM em vacúolos citoplasmáticos. Além disso, foi observada a indução de liberação de IL-8, na dependência da concentração dos MWCNT no meio e do tempo de exposição. Por sua vez, esta IL-8 é uma citocina pró-inflamatória, com forte atividade quimiotáxica para neutrófilos, relacionando-se a dermatites irritativas 98. Em relação aos queratinócitos, já foi relatado que nanotubos de carbono aplicados a cultivos destas células são capazes de iniciar uma resposta inflamatória, seja pela indução de citocinas ou síntese de radicais livres. Shvedova et al (2003) 83 avaliaram o efeito de SWCNT em cultivo de queratinócitos HaCat e observaram a indução da síntese de radicais livres, 74 acúmulo de derivados de peróxidos, redução de antioxidantes e consequente toxicidade aos queratinócitos . A citotoxicidade de nanotubos de carbono foi estudada por Murray et al (2009) 84, que destacaram a relevância da presença de contaminantes metálicos nestes alótropos do carbono para o desencadeamento da toxicidade. Estes metais catalizam reações que produzem radicais livres que, por sua vez, induzem estresse oxidativo nos tecidos. Os autores utilizaram pele artificial humana (EpidermFT), células epidérmicas murinas JB6 P+ e pele de camundongo SKH-1, além de SWCNT purificados, parcialmente purificados e não-purificados, sendo que estes dois últimos continham ferro. Foi observado que as células JB6 P+ produziam radicais OH quando expostos ao SWCNT, sendo que o processo foi inibido ao se adicionar ao meio o quelante de metais dexferoxamina. A viabilidade das células JB6 P+ expostas aos SWCNT, parcialmente purificados e não purificados, diminui de acordo com a concentração do nanomaterial no meio. A maior concentração de SWCNT (0,24 mg.ml-1) levou a menor viabilidade celular, sendo que o efeito de SWCNT não purificados foi mais intenso. A possível indução de resposta inflamatória foi analisada através da ativação da AP-1 e transcrição do NFkB. Em relação ao AP-1, apenas o SWCNT não purificado foi capaz de induzir a sua síntese e mais uma vez o processo foi dose-dependente. Os nanotubos purificados parcialmente ou não purificados também induziram a transcrição de NFkB de forma dependente da sua concentração do meio. A pele artificial, com células humanas na epiderme e derme, foi exposta a 75 µg de SWCNT não purificado e em seguida submetida a análise histológica. Em comparação ao tecido exposto ao veículo controle, foi observado que os SWCNT induziram hiperceratose, paraceratose, aumento das células basais na epiderme e dos fibroblastos na derme, além do aumento das fibras colágenas, levando a uma maior espessura da derme. Além disso, observou-se um aumento da síntese de citocinas inflamatórias neste tecido quando exposto ao SWCNT não purificado, especialmente de IL-6, IL-12 e IFN-γ, não sendo expressiva a síntese de TNF-α e MCP-1. Os achados in vitro foram confirmados nos testes em que SWCNT não purificado foi aplicado na pele de camundongos SKH-1, diariamente, durante 5 dias, na dose de 160 µg, induzindo um aumento de 150% da espessura cutânea. O mesmo trabalho mostrou ainda um infiltrado inflamatório de polimorfonucleares acometendo a epiderme e a derme, especialmente ao redor de folículos pilosos. O processo inflamatório estava presente também no tecido adiposo e glândulas sebáceas. No experimento in vivo apenas o SWCNT na dose de 160 µg induziu a síntese de citocinas, sendo elas IL-6 e IL-10. Foi observado também na pele do camundongo uma 75 redução da glutationa e formação da proteína carbonil, indicadores da presença de radicais livres e estresse oxidativo. Ding et al (2005) 320 estudaram como a exposição de fibroblastos cutâneos humanos (HSF 42) a MWCNT e MWCNO poderia alterar a expressão gênica destas células. Os autores descreveram que houve modificações na expressão de mRNA de genes relacionados ao metabolismo, apoptose, ciclo celular, transporte celular, resposta inflamatória e estresse. Estes nanomateriais parecem agir nas células estudadas através da indução das vias da p38/ERK MAPK quinase e interferon. As diluições de nanotubos empregadas no trabalho foram de 0.6 e 6 mg.L-1 para MWCNO , além de 0.06 e 0.6 mg.L-1 para MWCNT, com tamanho médio de 20 nm, ficando as células expostas a estes durante 24 ou 48 horas. Este estudo demonstrou que o MWCNT foi dez vezes mais tóxico às células do que o MWCNO. Os resultados evidenciaram uma redução na contagem das células durante a exposição a ambos os nanomateriais testados, de forma dose-dependente, sendo isto atribuído a redução da proliferação, indução da apoptose e necrose. Em baixas concentrações, o MWCNT e MWCNO induziram uma redução da expressão dos genes referentes a biossíntese de ácidos graxos, metabolismo protéico, transporte da vesícula de Golgi e a transição da fase G1 para a S no ciclo celular. Por outro lado, induziram um aumento da expressão de genes relacionados à degradação de proteínas. Já a exposição a altas doses dos nanomateriais levou a ao aumento da síntese de aminoácidos e proteínas. Neste trabalho, apenas o MWCNT foi capaz de induzir um aumento da expressão de genes relacionados a inflamação e resposta imunológica inata. Destacou-se que muitos destes genes são induzidos pelo interferon e que o MWCNT desencadearia uma resposta antiproliferativa e com características semelhantes a uma resposta antiviral. Alguns trabalhos já avaliaram a penetração de fulerenos em queratinócitos. BullardDillard et al (1996) 321 estudaram a capacidade do fulereno C60 e de uma versão mais solúvel do nanomaterial, o fulereno C60 derivado de sais de amônio quaternário, serem captados por queratinócitos humanos imortalizados. Foi relatado que ambas as formas do fulereno foram captadas pelos queratinócitos, embora o derivado de sais de amônio se acumulasse de forma mais lenta. Quando os queratinócitos foram expostos ao fulereno C60 durante oito dias, na concentração de 2 µM, observou-se uma redução do crescimento das células em 50%. A citotoxicidade dos fulerenos em queratinócitos é dependente da natureza do radical utilizado na funcionalização do nanomaterial. Gao et al. (2010) 100 demonstraram que os fulerenos funcionalizados CD-C60, hexa-C60 e tris-C60 são capazes de inibir a apoptose celular, em diferentes proporções. Esse efeito leva a discussão sobre uma possível ação de 76 nanomateriais no desenvolvimento de neoplasias cutâneas, uma vez que células geneticamente modificadas não sofreriam apoptose. Além disso, observou que a forma trisC60 inibe a proliferação de queratinócitos, podendo levar a senescência precoce cutânea. O perfil de citocinas induzidas também é dependente da funcionalização, tempo de exposição e concentração do nanomaterial no meio. No estudo de Rouse et al. (2006) 98 , observou-se redução da viabilidade dos queratinócitos humanos e aumento de citocinas inflamatórias como IL-8, IL-6 e IL-1β, quando aqueles eram expostos a diferentes concentrações do fulereno funcionalizado C60 Baa. A importância da flexão cutânea para a permeação de fulerenos íntegros foi demonstrada por Rouse et al (2007) 322. Os autores aplicaram fulerenos funcionalizados (BaaLys(FITC)-NLS), medindo individualmente 3,5 nm, em pele porcina. Foram analisados tecidos expostos a 20 flexões.min-1 por 60 e 90 minutos, além de tecido não submetido a estresse físico. Os autores relataram a ocorrência da difusão passiva dos fulerenos apenas na pele flexionada, sendo que o processo dependia do tempo de exposição. A observação através de TEM mostrou que a penetração destes fulerenos ocorreu preferencialmente através do espaço intercelular e que após 24 horas eles se encontravam na camada granulosa. Os fulerenos podem também ser conjugados a outros nanomateriais alterando a sua permeação cutânea. Kato et al (2009) 75 estudaram a permeação do complexo fulereno-C60/lipossoma (Lpsm-Flln) em fragmentos de pele humana, através do modelo de difusão celular de Franz, por 24 horas. Os autores descreveram que o complexo, que estava na concentração de 0,5% em meio aquoso, foi encontrado durante as análises apenas na epiderme, não atingindo a derme. Xia et al (2010) 323, na tentativa de simular exposição ocupacional, avaliaram o efeito de diferentes solventes sobre a penetração cutânea do fulereno C60- pristina. O nanomaterial diluído em tolueno, ciclo-hexano, clorofórmio e óleo mineral, na concentração de 200 µg.ml1 , foi aplicado na pele de porcos Yorkshire durante 4 dias consecutivos. Posteriormente, após a realização da técnica de tape-stripping, os sítios de aplicação foram biopsiados. Os autores descreveram que os fulerenos presentes nos meios com os solventes tolueno, ciclo-hexano e clorofórmio foram encontrados em um nível profundo da camada córnea. Os fulerenos dissolvidos em óleo mineral não foram capazes de permear a pele. 5.1.1.2. Nanopartículas de prata 77 Baroli et al. (2007) 324 avaliaram a permeação na pele íntegra de nanopartículas metálicas (ferro e maghemite) inferiores a 10 nm e descreveram que elas foram capazes de penetrar apenas no folículo piloso e estrato córneo, ocasionalmente atingindo a epiderme viável. Filon et al. (2007) 325 observaram que nanopartículas de prata não foram capazes de permear a pele humana íntegra e danificada, de forma significativa, utilizando o método de difusão celular de Franz, com nanopartículas de prata em um meio fisiológico a uma concentração de 70 µg.cm-2. No entanto, Larese et al. (2009) 326 , em um estudo muito semelhante, analisaram in vitro, através de TEM, a permeação de nanopartículas de prata em pele humana sem pelos, íntegra e após abrasão. O diâmetro médio das nanopartículas foi de 25 nm e na fase doadora do experimento a concentração da nanopartícula no meio foi de 70 µg.cm-2. Observou-se que, após 24h, uma quantidade média de 0,46 ng.cm-2 de nanopartículas de prata foi capaz de permear a pele íntegra. Já na pele submetida à abrasão, esta quantidade foi cinco vezes maior, chegando a 2,32 ng.cm-2. A análise por TEM demonstrou algumas nanopartículas de prata retidas no estrato córneo e nas camadas superficiais da epiderme. Ainda na mesma discussão, Samberg et al (2010) 38 avaliaram a permeação de nanopartículas de prata em pele porcina, com diferentes tamanhos, funcionalizadas ou não, utilizando-se de resolução por TEM. Os autores descreveram que, após uma incubação de 14 dias, todas as diferentes nanopartículas de prata encontravam-se na superfície ou nas camadas mais altas do estrato córneo. No entanto, análises por microscopia óptica demonstraram que todas as nanopartículas foram capazes de induzir alterações inflamatórias na pele, de forma dosedependente. Assim, nanopartículas de 20nm lavadas na menor concentração, de 0.34 µg.ml-1 ocasionaram edema leve intracelular e intercelular nas células epidérmicas. Já estas mesmas nanopartículas na concentração de (34 µg.ml-1) causaram edema epidérmico severo, hiperceratose, paraceratose e infiltrado inflamatório dérmico focal. Apesar das divergências entre os trabalhos, relatos clínicos sobre elevação sérica da prata, com disfunção transitória hepática e renal, em pacientes fazendo uso de curativos e bandagens que liberam nanopartículas e íons de prata devem ser considerados 127; 131; 327; 328 . Estes trabalhos demonstraram, na prática, permeação cutânea de nanopartículas em pele não íntegra, embora se desconheça a perda real e exata dos extratos cutâneos nos relatos de queimadura e feridas crônicas em que foram aplicados os curativos. A análise do potencial tóxico de nanopartículas de prata em queratinócitos é relevante devido à ampla utilização desta nanopartícula metálica em curativos cutâneos e tecidos. Correntemente, a concentração de íon prata considerada segura, com atividade bactericida, 78 sem ação citotóxica em queratinócitos, é de 0,5% em solução de nitrato de prata (AgNO3), e foi estabelecida por Moyer, em 1965 127; 329 . No entanto, outras propriedades bactericidas inerentes à prata em escala nanométrica podem contribuir para a alteração da concentração de exposição segura. A quantidade de nanopartículas de prata liberadas por alguns curativos disponíveis no mercado já foi determinada, como no caso do Acticoat® que, quando umedecido, libera de forma contínua e sustentada prata na concentração de 50-100 mg.ml-1 (50 – 100 x 10 -4 %) 330. No entanto, alguns trabalhos sugerem que esta concentração possa ser tóxica para os queratinócitos. Poon et al. (2004) 329 testaram o impacto de diferentes concentrações de nitrato de prata e do curativo Acticoat® em monocamadas de queratinócitos, além de fibroblastos em monocamadas e matrizes de colágeno. Observou-se que as concentrações tóxicas de prata para queratinócitos expostos ao curativo eram de 50 × 10−4 % e de nitrato de prata 78 × 10−4 %. Em relação aos fibroblastos, estas concentrações foram de 33×10−4 % para o curativo e 60×10−4 % para o nitrato de prata. Assim, foi demonstrado que a quantidade de nanopartículas de prata liberadas pelo curativo é suficiente para exercer efeito tóxico, sendo os fibroblastos mais sensíveis do que os queratinócitos. Entretanto, os autores ressaltam que o experimento pode não reproduzir o ambiente de uma ferida, com os exudatos e outras células inflamatórias podendo interferir na ação e concentração da prata no meio. Um efeito tóxico semelhante aos queratinócitos foi observado por Lam et al. (2004) 331 , que testaram o mesmo curativo Acticoat® em cultura de queratinócitos e relataram a inibição do crescimento celular das células expostas às nanopartículas de prata. Paddle et al. (2006) 332 realizaram também estudos com os curativos que liberam nanopartículas de prata Acticoat® e Aquacel-silver® em cultivo de queratinócitos. Os autores relataram perda da atividade celular (redução do MTT) e diminuição da proliferação (incorporação do Br-dU) em mais de 90% dos queratinócitos submetidos a estes curativos. Samberg et al. (2010) 38 estudaram também a viabilidade de queratinócitos epidérmicos humanos (células HEK) expostos às nanopartículas de prata funcionalizadas com carbono (25 e 35 nm), não funcionalizadas e lavadas (20, 50 e 80 nm), e não funcionalizadas e sem lavagem (20, 50 e 80 nm). Relataram que apenas estas últimas diminuíram de forma dose-dependente a viabilidade dos queratinócitos, nos três tamanhos estudados, após exposição durante 24 horas, em concentrações que variaram de 0.000544 a 1.7 µg.ml-1. A produção de citocinas inflamatórias pelas células HEK também foi avaliada pelos autores, que descreveram a síntese de IL-1β, IL-6, IL-8 e TNF-α pelos 79 queratinócitos expostos às nanopartículas de prata não lavadas, nos três tamanhos, por 24 horas, na concentração de 0.34 µg.ml-1. Os fibroblastos, responsáveis pela síntese de colágeno e fibras elásticas da derme, também, podem ser afetados por nanopartículas que atinjam este estrato cutâneo. Park et al. 333 (2011) avaliaram o impacto de nanopartículas de prata (20, 80 e 113 nm), em diferentes concentrações, sobre fibroblastos L929. Foi descrita redução da atividade metabólica, por análise do reagente WST-1, dependente da concentração e do tamanho das nanopartículas, de forma que a maior concentração e a menor nanopartícula foram responsáveis pelos maiores impactos. Como no mesmo trabalho os autores estudaram macrófagos RAW 264.7, puderam comparar o impacto das nanopartículas em diferentes células e descreveram uma maior sensibilidade dos fibroblastos. A integridade da membrana dos fibroblastos também foi avaliada pela dosagem de LDH, demonstrando-se comprometimento da membrana induzido pelos três tamanhos de partículas, sendo que a menor (20nm) causou maior alteração. 5.1.2. Interação com a microbiota comensal cutânea 5.1.2.1. Alótropos do carbono Os alótropos do carbono exercem atividade microbicida por ação direta, através da modulação de células inflamatórias ou podem carrear uma série de drogas com função bactericida e fungicida 334; 335. Tsao et al (2001) 336 mostraram que o carboxifulereno é capaz de inibir a infecção cutânea e o crescimento in vivo do Streptoccoccus pyogenes A-20, que pode estar envolvido em piodermites e na Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico. Os autores criaram uma “bolsa de ar” subcutânea na pele de ratos onde foram injetados Streptoccoccus pyogenes. Em algumas cobaias, foi infiltrado carboxifulereno em diferentes concentrações na bolsa subcutânea, imediatamente à injeção com a suspensão de bactérias ou três horas após. Os autores coletaram amostras do infiltrado no interior da bolha e realizaram biópsia da pele ao redor desta para análise histológica. Uma suspensão de S. pyogenes também foi submetida a concentrações diferentes de carboxifulereno para análise da viabilidade bacteriana. Neutrófilos sanguíneos de ratos B6 naive foram suspensos em placas e incubados com diferentes concentrações do nanomaterial. Posteriormente, estes neutrófilos foram incubados em meios de cultivo com S. pyogenes por uma hora, quando se procedeu a 80 análise do sobrenadante para quantificação bacteriana. Os resultados mostraram que as cobaias que não receberam o nanomaterial apresentaram alterações supurativas da pele ao redor da bolha com 24 horas, indo a óbito em 48 horas. Nas cobaias em que o carboxifulereno foi infiltrado quase que simultaneamente com a suspensão bacteriana, observou-se uma redução das mortes, de forma dependente da quantidade do nanomaterial injetado, sendo que não foram observados óbitos quando se utilizou a dose de 40 mg.Kg-1 de carboxifulereno. No caso dos experimentos onde o nanomaterial foi injetado mais tardiamente, as cobaias morreram em 72 horas. Após a observação destes resultados, repetiu-se o experimento com a inoculação de uma cepa bacteriana menos virulenta, o S. pyogenes NZ-131, na bolsa de ar subcutânea, porém desta vez o nanomaterial foi injetado tanto no local da infecção, quanto no peritôneo da cobaia. Mais uma vez, não foram observados óbitos quando o carboxifulereno foi injetado no sítio da infecção. Entretanto, houve redução das mortes, mas não de forma tão eficaz, quando a administração do nanomaterial se deu no peritôneo, de modo que a concentração de 40 mg.Kg-1 preveniu o óbito em apenas 50% dos casos. Ainda neste caso, quando o fulereno foi injetado tardiamente na bolsa, como se tratava de uma cepa menos virulenta, ainda se conseguiu prevenir 17% das mortes. A análise histológica dos fragmentos de pele evidenciou um infiltrado neutrofílico no tecido. Punções seriadas da bolsa foram realizadas para estudo da cinética dos neutrófilos. As cobaias não tratadas com o fulerenos apresentaram aumento dos neutrófilos em 3 horas, chegando ao pico máximo de células às 6 horas e decaimento entre 9 e 24 horas. Naquelas em que o carboxifulereno foi imediatamente infiltrado após a inoculação bacteriana, a cinética dos polimorfonucleares foi mais lenta, porém sem diferir do outro grupo na contagem total de células. Soma-se a isso, que o nanomaterial parece ter aumentado a viabilidade dos neutrófilos, já que, após 9 horas, mais de 85% das células permaneciam viáveis. Foi demonstrado, também, que os neutrófilos previamente expostos ao carboxifulereno tiveram maior poder bactericida ao ser expostos ao cultivo de bactérias. A ação bactericida dos fulerenos contra GRAM negativos foi demonstrada por Lyon et al (2005) 337 . Neste trabalho fulerenos C60 agregados na concentração de 7,5 mg.l-1 foram capazes de reduzir a viabilidade da Escherichia coli DH5α. Em concentrações inferiores como 4,8 mg.l-1 já foi possível observar uma redução da produção de CO2, o que é indicativo da redução da respiração celular. Em contrapartida, Hadduk et al (2010) 338 incubaram fulereno-C60, na concentração de 26 µg.ml-1, com cepas mutantes DH5α da bactéria 81 Escherichia coli e não obtiveram o mesmo resultado. Os autores relataram que não houve alteração do crescimento das colônias bacterianas expostas ao nanomaterial. O estudo da amplificação do efeito bactericida de fulerenos com a aplicação de luz visível utilizada na terapia fotodinâmica (PDT) foi realizada por Lu et al (2010) 339 . Os autores propunham a utilização da PDT com o nanomaterial para o tratamento de feridas crônicas infectadas. Foram utilizados fulerenos funcionalizados com cátions, e cepas das bactérias Pseudomonas aeruginosa ATCC 19660 e Proteus mirabilis ATCC 51393. O experimento foi realizado in vitro e em pele de camundongos onde foi induzida a infecção. O efeito bactericida foi observado em ambas intervenções, sendo que no modelo in vivo foi necessária maior quantidade do sensibilizante e aumento da fluência da luz. Descreveu-se que a bactéria P. aeruginosa pareceu mais sensível do que o P. mirabilis, e a ação microbicida não foi observada na ausência da luz. Entretanto, foi feita a ressalva que as cobaias infectadas com P. aeruginosa, que teve um comportamento mais virulento, apresentavam, após 24 horas, recrudescimento da infecção, com risco de sepse, tendo sido necessário o uso do antibiótico tobramicina como adjuvante. Enquanto os trabalhos se concentram na análise da interação dos fulerenos com bactérias, Hadduk et all (2010) 338 estudaram o impacto destes alótropos do carbono em fungos Saccharomyces cerevisiae presentes no solo. O fulereno nC60 foi preparado por três métodos diferentes, tinha grau de pureza maior do que 99% e se encontrava na concentração de 30 µg.ml-1. Os autores descreveram que o nanomaterial não inibiu o crescimento do fungo. A fim de analisar o potencial bactericida de nanotubos de carbono, Kang et al (2007) 340 estudaram a interação de SWCNT de pristina, com diâmetro médio de 0,9 nm (0,75 – 1,2 nm), e baixo teor metálico, com cepas de E. coli K12. Durante a incubação, observou-se que os SWCNT encontravam-se agregados na superfície bacteriana, sendo que, após 60 minutos, notou-se perda importante da viabilidade celular, em torno de 79,9%. No entanto, as bactérias que se encontravam livres no meio, sem agregados de nanotubos aderidos, mantinham a viabilidade, independentemente da variação da concentração do SWCNT no meio. Os autores concluíram que os nanotubos possuíam uma ação microbicida intensa, dependente do tempo de exposição e que esta ação era causada por danos diretos a membrana celular bacteriana, sendo necessário o contato direto do nanotubo de carbono com a superfície. A importância do tamanho do nanotubo de carbono para seu efeito bactericida foi demonstrada por Kang et al (2008) 341 . Os autores estudaram a atividade bactericida de SWCNT e MWCNT altamente 82 purificados contra bactérias E. coli K12. Foi descrito que a atividade bactericida dos SWCNT foi muito mais intensa quando comparados aos MWCNT, sugerindo que nanomateriais menores seriam mais tóxicos às bactérias. O trabalho mostrou ainda que as bactérias aumentaram a expressão do mRNA de genes relacionados ao estresse, quando expostas aos nanotubos. O trabalho de Arias et al (2009) 342 descreve que a ação microbicida de nanotubos de carbono depende mais da concentração do nanomaterial e do tampão presente no meio, sendo que a carga de superfície induzida pela funcionalização tem pouca influência no processo. Os autores expuseram bactérias GRAM positivas (S.aureus e Bacillus subtillis) e GRAM negativas (Salmonella typhimurium) a diferentes concentrações de SWCNT e MWCNT, exibindo na superfície os radicais –OH ou –COOH ou –NH2. Em pH 7,0 estes radicais, respectivamente, levam a uma carga de superfície neutra, negativa e positiva. Observou-se que nenhum dos MWCNT, ainda que em grande concentração no meio (500-875 µg.ml-1), apresentava atividade bactericida. Já os SWCNT com os radicais -OH e –COOH apresentaram atividade antimicrobiana contra bactérias GRAM positivas e negativas quando se encontravam no meio com água destilada e soro fisiológico. A ação microbicida foi observada a partir da concentração de nanotubos no meio de 50 µg.ml-1. Por sua vez, o SWCNT-NH2 só apresentou ação antibactericida em concentrações muito altas. Considerando a teoria de que o contato direto do nanotubo de carbono com a superfície bacteriana é essencial para o efeito bactericida, os autores justificaram que a adição do radical –NH2 ao nanomaterial foi feita através de uma cadeia longa (CH3(CH2)16CH2-NH2) que poderia dificultar a interação do SWCNT com a bactéria. Em relação ao impacto da carga de superfície no efeito bactericida, Tang et al (2007) encontraram resultados contraditórios aos apresentados. Os autores avaliaram o impacto de fulerenos com carga neutra (C60 e C60-OH), positiva (C60-NH2) e negativa (C60-COOH) em bactérias E. coli W3110 e Shewanelia oneidensis MR-1. Foi observado que, enquanto o C60-NH2 apresentava ação microbicida contra ambas as bactérias, em concentrações como 10 mg.l-1, os fulerenos com carga neutra e negativa não inibiram de forma significativa o crescimento destes micro-organismos, ainda que em concentrações maiores do que 80mg.l-1. 5.1.2.2. Nanopartículas de prata 83 A interferência de fibras têxteis contendo nanopartículas de prata na microbiota comensal da pele deve ser estudada, devido ao efeito antifúngico, antibactericida e antiviral destas estruturas, com possível consequências para a unidade imunológica cutânea 29. Um ponto inicial deve ser a avaliação da real liberação de nanopartículas de prata por estes tecidos e possivelmente a sua quantificação. Kulthong et al. (2010) 106 quantificaram a liberação de nanopartículas de prata por tecidos tratados em laboratório e comercialmente disponíveis em contato com quatro formulações diferentes de suor artificial. O trabalho mostrou que alguns tecidos, embora fossem descritos como tal, não continham nanopartículas de prata. A análise de outros, por TEM, mostrou que as nanopartículas de prata encontravamse aglomeradas na superfície dos tecidos. Os tecidos preparados nos laboratório e os comercialmente disponíveis mostraram através da SEM que as nanopartículas de prata eram esféricas e mediam, em média, 200 nm. Além disso, alguns tecidos continham TiO2 associado às nanopartículas de prata, uma vez que o titânio nanoparticulado na presença de luz visível tem efeito bactericida, sendo usado comumente de forma sinérgica com a prata 343 . Após a incubação no suor artificial, a liberação de nanopartículas de prata variou entre os tecidos testados de 0 a 322 mg.kg-1 de tecido. Esta liberação variava de acordo com o pH do meio, sendo baixa no pH 5.5, próximo ao da pele, e alta no pH 6.6, secundário à aplicação de uréia. Os autores avaliaram ainda o potencial bactericida contra Staphylococcus aureus e Escherichia coli, modelos de bactérias GRAM positivo e negativo, respectivamente. Primeiramente, observou-se que após um período de incubação de 24 horas, o efeito bactericida variou entre 0 e 99% entre os dez tecidos testados, sendo que a maioria das amostras inibiu em 98% o crescimento do S. aureus. A inibição do crescimento da bactéria GRAM negativa foi menos eficaz, sendo observada em apenas quatro amostras e, ainda assim, em uma delas, a redução foi de apenas 29%. Esta diferença de efeito entre bactérias GRAM positivas e negativas pode ser atribuída à presença de lipopolissacarídeos nas paredes destas últimas, conferindo maior proteção contra substâncias bactericidas Kalishwaralal et al. (2010) 120 344 . avaliaram a capacidade de nanopartículas de prata de aproximadamente 50 nm impedirem a proliferação bacteriana e formação de biofilme por S. epidermidis e Pseudomonas aeruginosa. Observou-se que, em certas concentrações, a nanopartícula de prata foi capaz de inibir o crescimento em até 90% da colônia bacteriana. Os índices mais efetivos foram observados com a concentração molar de 100 nM das nanopartículas de prata, sendo capaz de inibir tanto a replicação quanto o biofilme bacteriano. Embora o trabalho tenha sido realizado visando o desenvolvimento de produtos 84 antissépticos para lentes de contato, o potencial bactericida das nanopartículas de prata em relação ao S. epidermidis, a bactéria da microbiota comensal cutânea mais prevalente, foi comprovado. 5.1.3. Interação com os neutrófilos na pele 5.1.3.1. Alótropos do carbono A interação de fulerenos com neutrófilos na pele foi demonstrada por Inui et al. (2011)73 , que estudaram o uso deste alótropo do carbono no tratamento da acne. Os participantes do estudo aplicaram na face o gel de lipofulereno a 1%, duas vezes por dia, durante 8 semanas. Observou-se após este período, uma redução de 87,6% das pústulas (p< 0,05), o que os autores atribuíram à supressão da infiltração de neutrófilos, pela ação antioxidante dos fulerenos. Os mecanismos exatos de interação dos fulerenos com estas células não foram abordados neste trabalho, nem possíveis efeitos em outros elementos implicados na fisiopatogenia da acne, como a colonização pelo Propionobacterium acne. No intuito de melhor entender esta interação, Jovanovic et al. (2011) 72 estudaram a ação de fulerenos hidroxilados, dissolvidos em diferentes meios, sobre neutrófilos do peixe minnows adulto. As partículas se apresentavam agregadas à observação por TEM, sendo que os tamanhos variavam de acordo com a composição do meio, de forma que o maior agregado media 2µm. Após a exposição, os autores relataram que não houve redução da contagem de neutrófilos do peixe, entretanto, a função da célula foi reduzida. Trabalhos prévios já mostraram que os alótropos do carbono, funcionalizados ou não, podem ser internalizados pelos neutrófilos e metabolizados 345 armazenados em vesículas intracitoplasmáticas, onde seriam . Desta forma, o fulereno com seu alto poder antioxidante neutralizaria as ROS produzidas na cadeia respiratória e armazenadas nos fagossomas dos neutrófilos. A análise do funcionamento destes polimorfonucleares mostra que as ROS são necessárias para a produção de próton de hidrogênio, que por sua vez, participa da sinalização responsável pela degranulação do neutrófilo 346 . Outro processo que parece ser afetado por esta redução da concentração de peróxido de hidrogênio é o mecanismo de NETosis. Neste experimento, observou-se que a liberação dos NETs aumentou em concentrações de fulereno hidroxilado menor do que 2µg ml -1 e foi reduzida quando a concentração foi maior do que 20µg.ml -1 143. 85 Outros achados do estudo foram uma redução de cinco vezes na expressão de mRNA da elastase neutrofílica 2, uma serino protease de amplo espectro bacterida 142, e um aumento do mRNA mieloperoxidase. Em relação a esta última enzima, Kagan et al. (2010) 345 estudaram a sua interação com SWCNT curtos. Foram utilizados neutrófilos humanos e os nanotubos foram recobertos com anticorpos do tipo IgG para otimizar a fagocitose. Devido ao conhecimento de que a mieloperoxidase se liga a moléculas de carga negativa, alguns nanotubos foram recobertos com fosfatidilserina, um ânion, enquanto em outros foi utilizada a fosfatidilcolina, uma molécula neutra. Os autores observaram que a mieloperoxidase humana foi capaz de degradar apenas os SWCNT com carga de superfície negativa. Além disso, o processo só ocorreu quando havia peróxido de hidrogênio no meio, que no neutrófilo é produzido a partir da dismutação dos radicais superóxidos produzidos pela NADPH-oxidase. Foi relatado também que enquanto 100% dos SWCNT funcionalizados com IgG foram degradados, isto só ocorreu com 30% das estruturas não funcionalizadas. Morimoto et al. (2010) 347 analisaram o impacto no trato respiratório de fulerenos dispersos, medindo 33 nm, que foram instilados na traquéia de ratos Wistar, em diferentes concentrações, a curto (3 dias) e a longo prazo (3 e 6 meses). Aglomerados de fulerenos, com diâmetro médio de 96 nm, na concentração de 0,12 mg/m3 , também foram inalados pelas cobaias. Os resultados mostraram que apenas a maior dose de fulereno (1 mg) induziu aumento de polimorfonucleares e quimiocinas de neutrófilos no lavado broncoalveolar, sendo este aumento apenas transitório. Nas cobaias submetidas à inalação de aglomerados de fulerenos, não foi observada qualquer alteração em relação à resposta inflamatória induzida por neutrófilos. Rousgaard et al. (2008) 348 estudaram o efeito isolado da instilação de fulerenol, C60(OH)20+-2, na traquéia de camundongos, bem como o impacto da instilação prévia deste fulereno à instilação de quartzo. Os autores relataram que o fulereno isolado induziu um aumento do influxo de neutrófilos nos pulmões, de forma dose- dependente. No entanto, a instilação prévia de fulerenol levava à redução aproximada de 50% dos neutrófilos no lavado broncoalveolar, das cobaias expostas ao quartzo, não sendo o efeito antiinflamatório dose-dependente. Em contrapartida, uma resposta inflamatória induzida por nanotubos de carbono já foi descrita por outros autores. Murray et al (2009) 84 aplicaram SWCNT não purificados em diferentes doses (40, 80 e 160 µg) na pele do camundongo SKH-1 e avaliaram a produção local de mieloperoxidase, bem como a presença de polimorfonucleares nos cortes histológicos da pele. No local da aplicação, foi observado um aumento da enzima apenas quando se 86 utilizou o SWCNT na dose de 160 µg, enquanto na análise histológica havia um aumento do infiltrado de polimorfonucleares na epiderme e na derme, que se concentrava ao redor dos folículos pilosos. A exposição ao nanotubo neste trabalho foi diária, durante um período de cinco dias. Wako et al. (2010) 349 instilaram fibras de MWCNT na traquéia de ratos e descreveram um aumento de neutrófilos no lavado broncoalveolar, apenas quando os nanotubos instilados não se encontravam aglomerados. Pauluhn et al. (2009) 350 testaram o efeito de MWCNT recobertos com pristina, medindo entre 200-300 nm, em diferentes concentrações, nos sistema respiratório de ratos Wistar, expostos durante 13 semanas. Os autores observaram que a partir da concentração de 0,4 mg/m3 de MWCNT, o lavado broncoalveolar apresentava elevações sustentada dos neutrófilos. 5.1.3.2. Nanopartículas de prata Os neutrófilos têm participação na resposta imune inata desencadeada por processos infecciosos cutâneos. Assim, o impacto de nanopartículas de prata, utilizadas em curativos e bandagens, por seu efeito microbicida, nestes polimorfonucleares deve ser avaliado. Mazurak et al. (2006) 351 aplicaram enxertos autólogos no dorso de cobaias (porco-daíndia), sendo alguns deles infectados pela bactéria S. aureus. O curativo Acticoat® foi colocado em alguns destes sítios infectados e procedeu-se a análise do perfil celular do baço da cobaia, visando análise das células inflamatórias periféricas. Os autores observaram através da fluorescência de canais que, 5 minutos após o estímulo, os neutrófilos periféricos das cobaias infectadas e em uso do curativo Acticoat® apresentavam maior ação oxidativa do que os neutrófilos das cobaias onde não foi usado o curativo. No entanto, 15 minutos após o estímulo não foi observada diferença entre os experimentos. Neste trabalho, não foram estudados os neutrófilos cutâneos do sítio onde foram realizadas as intervenções. Suska et al. (2010) 352 analizando a biocompatibilidade de implantes aplicados na pele de ratos, descreveram que a modificação da superfície do material com nanopartículas de prata, quando comparadas a outras estrutras de revestimento, reduzia a população de neutrófilos e aumentava a viabilidade das outras células no tecido peri-implante. 87 5.1.4. Interação com os macrófagos na pele 5.1.4.1. Alótropos do carbono Dumortier et al (2006) 353 expuseram macrófagos peritoneais de camundongos BALB/c a dois tipos de SWCNT-pristina funcionalizados através do processo de cicloadição 1,3- dipolar com amônio, que gerou o composto SWCNT 1, e de metodologia de oxidação/amidação, dando origem ao SWCNT 3, que recebeu ainda polietilenoglicol (PEG) . A fim de facilitar as análises, o SWCNT tipo 1 e 3 foram modificados com fluoresceína, dando origem aos compostos 2 e 4, respectivamente. Os macrófagos foram incubados por 24 horas com os SWCNT tipos 2 e 4 , na concentração de 10 µg.ml-1, e após o período, as estruturas podiam ser observadas no citoplasma dos monócitos. Uma particularidade observada com o SWCNT tipo 4 foi que estes nanotubos produziram agregados que se fixaram nos cultivos de células. Como o estudo fez uso também de células T e B, foi possível observar que os SWCNT tipo 4 agregados não permeavam estas células, permanecendo apenas no meio externo. Já no caso dos macrófagos, os nanotubos de carbono tipo 4 foram observados no citoplasma celular, sugerindo um processo de captação ativa, como a fagocitose. A viabilidade celular também foi avaliada neste estudo através da incubação dos macrófagos com os SWCNT 1 e 3, na concentração de 10 µg.ml-1 , não sendo observados sinais de citotoxicidade após 24 horas. Uma possível alteração funcional dos macrófagos foi estudada através da dosagem das citocinas IL-6 e TNF-α.após cultivo na presença de SWCNT tipos 1 e 3. Apenas os macrófagos incubados com SWCNT 3 produziram quantidades significativas das citocinas. Os autores atribuíram o achado à fagocitose dos agregados dos SWCNT 3. Em nenhum dos experimentos com os nanotubos de carbono houve o aumento da expressão na superfície de moléculas marcadoras da ativação dos macrófagos como CD86. A resposta dos macrófagos previamente incubados com nanotubos de carbonos a estímulos convencionais, como o LPS, que levam a sua ativação também foi aferida. Observou-se o SWCNT 1 não alterou esta resposta, enquanto o SWCNT 3 induziu uma menor secreção de citocinas à exposição ao LPS. Para avaliar um possível impacto da presença do PEG nesta resposta, macrófagos foram previamente incubados com esta substância e então expostos ao LPS, mostrando também uma redução na produção de citocinas. Os autores concluiram que apenas os nanotubos de carbono funcionalizados com PEG foram capazes de ativar macrófagos e modificar a capacidade destas células responderem a estímulos fisiológicos. 88 A internalização de SWCNT funcionalizados com DNA por macrófagos esplênicos de ratos, também foi demonstrada por Yang et al (2006) 87. Os autores avaliaram ainda o uso de nanotubos de carbono como vetores para uma intervenção genética em macrófagos murinos RAW 264.7. Demonstrou-se que SWCNT funcionalizados com siRNA do CD80, foram capazes de permear a célula e inibir a expressão da molécula CD80 na superfície destas. Esta molécula é encontrada na superfície de células apresentadoras de antígenos, sendo relevante para a coestimulação dos linfócitos T. O potencial citotóxico de nanotubos de carbono em macrófagos murinos RAW 264.7 foi também avaliado por Palomaki et al in vitro (2010)354. Os autores incubaram as células com MWCNT, medindo em média 10-30nm, e SWCNT, de diâmetro médio inferior a 2 nm, em meios com concentrações diferentes dos nanomateriais (30, 100 e 300 µg. ml-1). Os SWCNT continham traços de cobalto, enquanto nos MWCNT encontrava-se níquel. Relatouse que os SWCNT induziram a morte celular de forma dose-dependente e que não houve alteração da viabilidade das células expostas aos MWCNT, mesmo no meio de maior concentração. Por outro lado, os MWCNT induziram a expressão de mRNA de TNF-α e MIP1-α pelos macrófagos, ao tempo que SWCNT não foram capazes de estimular a produção de citocinas e quimiocinas por estas células. No entanto, apesar do mRNA, não foi notada a presença de proteína correspondente aos marcadores inflamatórios. Quanto à expressão de moléculas de superfície, ambos os nanomateriais induziram CD40, uma molécula de coestimulação para linfócitos, sendo que os SWCNT aumentaram ainda a expressão de CD11c, MHC classe II e CD1d. O CD11c é um marcador da maturação de macrófagos, enquanto as duas últimas moléculas estão envolvidas na apresentação de antígenos. A interação de SWCNT com macrófagos murinos RAW 264.7 in vitro foi estudada por Shvedova et al (2005)135. Foi observado que estes SWCNT induzem a síntese de TGF-β , uma citocina envolvida no processo de fibrose e no desenvolvimento de células de Langerhans, embora a fagocitose dos nanotubos não tenha sido evidenciada. Por outro lado, Kagan et al. (2010) 345 demonstraram que macrófagos são capazes de fagocitar SWCNT funcionalizados com IgG e que a enzima mieloperoxidase humana, embora presente em concentração inferior a observada nos neutrófilos, degradou os nanotubos de carbono. A influência dos contaminantes metálicos de nanotubos de carbono sobre a citotoxicidade de macrófagos murinos 264.7 foi estudada por Kagan et al. (2006) 82 . No trabalho, os macrófagos foram incubados com SWCNT (1-4 nm) purificados e contendo 89 ferro, nas mesmas concentrações (0.12–0.5 mg.ml-1), demonstrando que não houve a indução de síntese intracelular de óxido nítrico ou radicais superóxidos. Entretanto, quando os macrófagos foram ativados pelo zimosan, aqueles expostos aos SWCNT com ferro produziram uma maior quantidade de radicais hidroxila e consumo de moléculas antioxidantes, como os grupamentos tióis. Assim concluiu-se que a presença de contaminantes metálicos, como o ferro, em nanotubos de carbono pode influenciar o potencial redox dos macrófagos. A solubilidade em água de nanotubos de carbono parece influenciar o potencial tóxico destas estruturas em macrófagos. Chun et al (2011) 162 compararam a ação de nanoestruturas de carbono hidrofóbicas e hidrofílicas nas linhagens de macrófagos IC-21, além da linhagem peritoneal SV-40 transformada C57BL/6. Observou-se que a nanoestrutura de carbono hidrofóbica induziu a síntese das citocinas IL-6 e TNF-α, além de mudanças no citoesqueleto celular, alterações não evidenciadas nas células incubadas com a forma hidrofílica. O impacto de fulerenos funcionalizados no DNA de macrófagos murinos RAW 264.7 foi também avaliado por Zhang et al (2011) 152 . Notou-se que quanto menores eram os COOH-fulerenos, maior o dano ao material genético dos macrófagos, e que o tamanho era determinante também da permeação e localização intracelular da nanopartícula endocitada. A indução de uma resposta granulomatosa na pele produzida por nanotubos de carbono foi demonstrada por Koyama et al (2006) 355. Os autores implantaram no subcutâneo de diferentes camundongos, 2 mg de SWCNT (0,8-2,2 nm), MWCNT (20 e 80 nm), além do CSNT (Cup-stacked CNT) (80 nm), altamente purificados. Em todos os experimentos, notouse a formação de tecido granulomatoso que encapsulava o nanomaterial, em média três semanas após a intervenção. A análise imuno-histoquímica do infiltrado celular com anticorpo anti-murino Mac-3, um marcador de macrófagos, mostrou que precocemente os CSNT e MWCNT de 80 nm induziram a infiltração de um maior número de macrófagos do que os outros nanomateriais. No entanto, após 30 dias, os SWCNT mostravam uma maior quantidade de macrófagos no infiltrado peri-implante. Após três meses da implantação dos nanomateriais, os granulomas se encontravam firmemente estruturados em todas as amostras, embora o SWCNT tenha induzido paredes mais espessas, que representam um maior infiltrado celular. A invasão do tecido granulomatoso sobre os aglomerados de nanotubos de carbono foi mais intensa com os seguintes nanomaterias, em ordem decrescente: CSNT, 90 MWCNT de 80 nm e MWCNT de 20 nm. Esse encapsulamento formado pelo tecido granulomatoso impediu a propagação dos nanotubos para outros órgãos. 5.1.4.2. Nanopartículas de prata As nanopartículas de prata podem também ser internalizadas por macrófagos, em suas formas isoladas ou aglomeradas. Skebo et al. (2007) 113 estudaram a captação de nanopartículas de prata medindo 25, 80 e 130 nm, sem funcionalização ou recobertas com polissacarídeos, por macrófagos alveolares de ratos. Foi relatada a presença de aglomerados de nanopartículas, medindo até 80 nm, aderidos à periferia da membrana celular e no citoplasma, sem invadirem o núcleo, de modo que os maiores agregados preferencialmente ficaram aderidos à face externa da membrana celular. Castillo et al. (2008) 356 estudaram a citotoxicidade de nanopartículas de prata, com tamanho médio de 5 nm, funcionalizadas com tiopronina (Ag@tiopronin®) em macrófagos da linhagem RAW 264.7, baseados na dosagem de LDH liberado pelas células danificadas. A concentração de nanopartículas de prata no meio onde se encontravam os macrófagos foi de 1, 10 e 100 ppm. A viabilidade destas células também foi avaliada através da dosagem de MTT. Não houve alteração das dosagens esperadas do LDH e do MTT. Assim, nas concentrações citadas, não foi observado efeito citotóxico da Ag@tiopronin® na membrana celular, nem nas mitocôndrias dos macrófagos RAW 264.7. Os autores sugerem que a toxicidade de nanopartículas de prata possa ser reduzida com o revestimento destas nanopartículas por uma substância orgânica. Outro ponto avaliado no mesmo artigo foi o impacto na estimulação de TLR dos macrófagos expostos às nanopartículas. Quando as nanopartículas de prata foram incubadas com os TLR de forma isolada, não houve o estímulo a síntese de citocinas. Assim dois experimentos foram ainda realizados, sendo que em um os macrófagos eram expostos simultaneamente a ligantes de TLR e nanopartículas de prata, enquanto em outro, as células eram previamente incubadas com as nanopartículas e posteriormente expostas a estímulos para TLR. Quando os macrófagos eram expostos simultaneamente às nanopartículas de prata e aos ligantes de TLR, não se observou um ganho na síntese de IL-6. Na verdade, a coexposição destas nanopartículas com peptidoglicana e o ligante LTA, estruturas estimulantes do TLR2 e TLR2/6 respectivamente, levou à redução da produção de IL-6. Entretanto, a síntese da interleucina induzida pelos ligantes de TLR2/1 Pam3CSK4 e de 91 TLR2/6 FSL-1 nos macrófagos RAW 264.7, previamente tratados com nanopartículas Ag@tiopronin®, aumentou em 40% e 31% respectivamente. Este efeito não foi observado com todos os ligantes de TLR, uma vez que o pré-tratamento de macrófagos com nanopartículas, não alterou a secreção de IL-6 induzida por LPS. Assim, as nanopartículas podem aumentar a sensibilidade dos macrófagos a alguns estímulos inflamatórios. Park et al. (2011) 357 utilizaram nanopartículas de prata, com diâmetros de 4, 20 e 70 nm, apresentando monodispersão de tamanhos e carga de superfície de – 10mV, para avaliação da interação com os macrófagos U937. Um possível efeito citotóxico nestas células foi estudado através da análise da viabilidade celular, liberação de citocinas e indução de estresse oxidativo. Os autores relataram um efeito citotóxico dependente do tamanho da nanopartícula. Desta forma, as nanopartículas menores, com 4 nm, exerciam efeito citotóxico em concentração inferior (3.12 µg.mL-1), quando comparadas às nanopartículas maiores, de 20 nm, que induziram citotoxicidade apenas na concentração de 25 µg.mL-1. Descreveram também, que nenhum efeito tóxico foi observado com as nanopartículas de 70 nm, mesmo nas concentrações mais altas da nanopartícula no meio, que chegou a 50 µg.mL-1. Observaram-se ainda que as nanopartículas de prata foram capazes de induzir a apoptose das células U937, sendo o efeito dependente do diâmetro, com as nanopartículas de 4 nm causando maior indução de morte celular. No trabalho avaliaram ainda a produção de IL-1, IL-6, IL-8, TNF-α, fator inibitório da migração (MIF) e ligante 5 da quimiocina (RANTES). Após 18 horas de exposição dos macrófagos às nanopartículas, descreveu-se a indução de IL-8 apenas pelas nanopartículas de 4 e 20 nm. A nanopartícula de prata de 70 nm não induziu a síntese de citocinas, mesmo em alta concentração no meio. Não foi observada a produção das quimiocinas MIF e RANTES, ou de IL-1, IL-6 e TNF-α, em nenhuma fase do experimento. A produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) também foi dependente do tamanho da nanopartícula. Assim, aquelas com diâmetro de 4 nm induziram a produção de ROS quando presentes em menor concentração no meio do que as nanopartículas de 20 nm. Mais uma vez, as nanopartículas de 70 nm permaneceram inertes, sem induzir a produção de ROS. O trabalho mostrou ainda, que a produção de IL-8 foi dependente da indução de síntese de ROS, de modo que a adição de N-acetil-cisteína inibiu a síntese da interleucina. O efeito de nanopartículas de prata no metabolismo dos macrófagos foi estudado por Park et al. (2011)333. Os autores expuseram macrófagos RAW 264. 7 a nanopartículas de prata (20, 80 e 113 nm) em diferentes concentrações e notaram redução da atividade metabólica da 92 célula, sendo o efeito mais acentuado com a menor nanopartícula e os meios mais concentrados. A expressão de moléculas de adesão na superfície de monócitos, relevantes para a migração destas células até a pele, induzida por nanopartículas de prata (70 nm) foi estudada por Greulich et al. (2011) 358 através de citometria de fluxo. A incubação de monócitos em meios com concentrações variadas de nanopartículas de prata (30, 25, 20, 15, 10 e 5 µg ml-1) levou à expressão na superfície das moléculas ICAM-1 e CD69, de forma dependente da concentração das partículas no meio. 5.1.5. Interação com as células dendríticas na pele 5.1.5.1. Alótropos do carbono Palomaki et al (2010) 354 estudaram in vitro a citotoxicidade de SWCNT e MWCNT em células dendríticas medulares de ratos, incubadas em meios com diferentes concentrações dos nanomateriais (3, 10, 30 µg.ml-1). Observou-se uma citotoxicidade dependente da concentração dos nanotubos de carbono no meio, sendo que as células dendríticas se mostraram muito mais sensíveis do que os macrófagos às altas concentrações de nanomaterial. Em relação ao desenvolvimento de processo inflamatório, tanto o SWCNT, quanto o MWCNT não foram capazes de induzir a expressão de citocinas e quimiocinas pelas células dendríticas, nem de moléculas de superfície associadas à maturação e apresentação de antígenos. Em contrapartida, Wang et al 2009 359 testaram também a ação citotóxica de MWCNT carboxílicos (c-MWCNT) e relataram que não houve alteração da viabilidade das células dendríticas. Os autores utilizaram no experimento c-MWCNT de diferentes diâmetros, sendo eles: M10 (10-20 nm), M20 (20-40 nm), M40 (40-60 nm) e M60 (60-100 nm), nas concentrações de 10, 50 e 100 µg.ml-1. Estes nanotubos de carbono tinham como contaminantes metálicos ferro, cobalto, zinco, níquel e molibdênio em diferentes quantidades. No experimento, células dendríticas humanas, após a indução da maturação, foram incubadas com os c-MWCNT por 48 horas, quando foi avaliada a viabilidade celular através dos testes de CCK-8 e de exclusão do Trypan blue. Observou-se que mesmo no meio com a maior concentração de c-MWCNT (100 µg.ml-1) houve uma perda celular inferior a 15%. De forma 93 semelhante, a análise através do teste do CCK-8 mostrou uma viabilidade celular próxima a 100%, sem diferenças entre as células dispostas nos meios com 10, 50 e 100 µg.ml-1. O estudo utilizando-se o TEM mostrou que a captação dos nanotubos de carbono se deu por fagocitose e que esta internalização variava de acordo com o diâmetro do nanomaterial e com a concentração destes no meio. De uma forma geral, em uma mesma concentração dos nanotubos, observou-se uma maior fagocitose de acordo com a seguinte ordem: M10 ~ M20 < M60 < M40. Já em relação à função, os c-MWCNT não foram capazes de induzir a expressão de moléculas de superfície presentes em células dendríticas maduras, ou alteraram a resposta destas células quando estimuladas por LPS bacteriano. Por outro lado, os fulerenos parecem ser capazes induzir a maturação de células dendríticas. Yang et al (2010) 360 estudaram o impacto do derivado de fulereno C82, o Gd@C82(OH)x, de diâmetro inferior a 2 nm, que agregados em solução salina mediam entre 10 e 60 nm em células dendríticas humanas imaturas. Descreveu-se que o fulereno foi capaz de induzir a secreção de Il-1β, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12p70 e TNFα pelas células dendríticas indicando a indução de maturação. A expressão de moléculas coestimulatórias de linfócitos na superfície de células dendríticas, como CD83, CD80, CD86, HLA-ABC e HLA-DR também ocorrereu de forma dependente da concentração do fulereno no meio. A mudança de receptores de quimiocina na superfície das células de um padrão imaturo (CCR5), para outro indicativo de maturação, com um aumento da expressão de CCR7, também foi induzida por fulerenos. O Gd@C82(OH)x foi utilizado também na imunização de camundongos como adjuvante do imunógeno ovoalbumina e foi observado uma potencialização da resposta do tipo Th1, com a indução das citocinas IFN-γ, IL-1β e IL-2. Os trabalhos em cobaias têm demonstrado que nanotubos de carbono podem ser utilizados como vetores de genes para células dendríticas. Yang et al (2006) 87observaram que SWCNT funcionalizados com DNA são capazes de permear células dendríticas imaturas e ativadas de ratos. Os autores estudaram a captação dos SWCNT funcionalizados com DNA por células esplênicas de rato e relataram que o nanomaterial era preferencialmente fagocitado por células apresentadoras de antígenos presentes no órgão, como as células dendríticas e macrófagos. Os SWCNT também foram funcionalizados com siRNA da molécula CD80, uma co-estimuladora de linfócitos presente na superfície de células apresentadoras de antígenos, e incubados com células dendríticas maduras e imaturas de ratos. O experimento levou a uma redução da expressão de moléculas CD80 na superfície das células dendríticas. 94 Este potencial de SWCNT carrearem estruturas para o interior de células dendríticas foi estudado também por Villa et al (2011)361, objetivando a imunização de cobaias com peptídeos considerados imunógenos fracos. Os autores conjugaram a proteína tumoral Wilm`s a SWCNT e incubaram com células dendríticas humanas imaturas. Descreveu-se no experimento in vitro, que o complexo peptídeo-SWCNT foi rapidamente internalizado em células dendríticas, através de macropinocitose, de forma dose-dependente e se concentrava tardiamente em vesículas na região perinuclear, podendo corresponder a lisossomas. Já em relação à imunização das cobaias, relatou-se que as células dendríticas passaram a estimular as células T CD4+ a desenvolverem uma resposta do tipo Th2. Notou-se assim, a síntese de anticorpos do tipo IgG contra o peptídeo, quando o complexo foi injetado em associação com um adjuvante, processo não observado ao se utilizar o peptídeo isolado. 5.1.5.2. Nanopartículas de prata Artigos que descrevam a interação de nanopartículas de prata com células apresentadoras de antígeno da pele não foram encontrados. Bezemer et al. (2011) 362 estudaram o impacto da instilação em orofaringe de nanopartículas de prata e carbono preto em células dendríticas pulmonares de camundongos. Foi descrita a ativação das células dendríticas com a produção de um perfil de citocinas compatíveis com a ativação de uma resposta de linfócitos TCD+4 do tipo Th2. No entanto, como o carbono e as nanopartículas estavam presentes na mesma amostra instilada, não é possível determinar se o efeito observado foi por ação isolada de algumas destas estruturas ou se houve sinergismo. 5.1.6. Interação com as células NK na pele 5.1.6.1. Alótropos do carbono O trabalho encontrado em relação às células NK, avaliou o impacto no pulmão e em células sanguíneas, da exposição aérea contínua durante 14 dias a MWCNT nas concentrações de 0,3, 1 ou 5 mg.m-3. Mitchell et al (2007) 363 utilizaram no estudo camundongos C57BL/6 e os registros foram tomados no 7º e 14º dias. Relatou-se que apesar de não ser observado 95 processo inflamatório nos pulmões da cobaia, os animais expostos aos MWCNT na concentração de 1 mg.m-3 apresentaram redução da função das células NK séricas. 5.1.6.2. Nanopartículas de prata Mazurak et al. (2006) 351 avaliaram o impacto do curativo Acticoat ® aplicado em enxertos autólogos no dorso de cobaias infectados por S. aureus em relação às células NK presentes no baço. Foi observado aumento do potencial citotóxico das células NK das cobaias que receberam o curativo, quando comparadas às outras. Os autores descrevem o fato como uma potencial ajuda na prevenção da infecção. Neste trabalho, não foram avaliadas a presença ou atividade citotóxica das células NK no sítio da intervenção. Em contrapartida, Vercruysse et al. (2008) 364 relataram que nanopartículas de prata sintetizadas por tecidos cartilaginosos imersos em soluções de prata foram citotóxicas para as células NK, que deveriam atuar contra células cancerígenas. Não há citações sobre a concentração de nanopartículas no meio ou outros detalhes físicos desta. 5.1.7. Interação com mastócitos na pele 5.1.7.1. Alótropos do carbono A exposição tópica contínua de pele de camundongos SKH-1 a altas doses (160µg) de nanotubos de carbono não purificados induziu o influxo de mastócitos para o sítio de aplicação 84. Além disso, estes nanotubos de carbono aumentaram a atividade e degranulação dos mastócitos cutâneos. A interação de fulerenos com mastócitos foi avaliada também por Dellinger et al. (2010) 365. O estudo baseou-se na análise do influxo de cálcio para o citoplasma de mastócitos induzido por fulerenos funcionalizados. Este processo faz parte da sinalização desencadeada pela ativação de receptores de superfície destas células, o que culmina com a degranulação. Macrófagos derivados da pele humana foram incubados com diferentes fulerenos, não sendo especificados pelos autores outras características do nanomaterial. O tratamento prévio das 96 células com fulerenos atenuou o influxo de cálcio quando os receptores dos macrófagos foram estimulados pelo FceRI e A23187. Os autores sugeriram assim, que o nanomaterial inibe a degranulação mastocitária. Ainda na mesma linha de estudo, Ryan et al (2007) 366 incubaram mastócitos de pele humana com diferentes concentrações de poli-hidroxi C60 e N-etil C60, por 72 horas. Observou-se que mesmo em concentrações elevadas do fulereno, como acima de 1000ng.ml-1, não foram induzidas alterações no número de células ou na viabilidade celular. Os fulerenos por si só, não foram capazes de induzir a liberação de mediadores inflamatórios. A mesma inibição da degranulação induzida por fulerenos observada no trabalho anterior foi descrita neste experimento, quando mastócitos foram previamente incubados com o nanomaterial antes de serem estimulados. Uma redução da produção de citocinas também foi relatada. Os estudos in vivo demonstraram ainda que os fulerenos diminuíram a liberação de histamina, prevenindo o choque anafilático em cobaias sensibilizadas à prata. A fim de melhor avaliar a permeação e localização intracelular de fulerenos, Dellinger et al (2010) 367 incubaram mastócitos de pele humana com fulerenos conjugados ao vermelho do Texas (C70-TR) e observaram através da microscopia confocal. Relatou-se que os C70-TR são endocitados de forma inespecífica nos mastócitos, localizando-se no citoplasma, lisossomas, mitocôndrias e retículo endoplasmático, em momentos diferentes. Os nanomateriais permaneceram no interior da célula ainda por uma semana. A localização dos fulerenos em estruturas envolvidas no controle da síntese de espécies reativas de oxigênio e cálcio pode justificar sua atividade inibitória sobre mastócitos. 5.1.7.2. Nanopartículas de prata A indução da degranulação de mastócitos por partículas de prata foi sugerida por Kakurai et al. (2003) 368, que demonstraram ainda a presença do íon no citoplasma da célula. A importância dos mastócitos nos processos inflamatórios, principalmente naqueles de natureza alérgica indica a necessidade do estudo da interação das nanopartículas de prata com estas células. Yang et al. (2010) 369 utilizaram microscopia óptica quantitativa de fase para avaliar a degranulação de mastócitos (células RBL-2H3) expostos a nanopartículas de prata. Após a exposição à nanopartícula de prata na concentração de 50 µg.ml-1, o volume e o perfil 97 transversal dos mastócitos sofreram alterações relevantes, semelhantes as observadas em outro experimento, quando foi utilizado o ionóforo de cálcio A23187, um indutor conhecido da degranulação. Os autores utilizaram também métodos fluorescentes para demonstrar a elevação do cálcio intracitoplasmático e da histamina. Desta forma, foi sugerido que as nanopartículas de prata são capazes de induzir a degranulação de mastócitos. Boucher et al. 370 (2008) estudaram a aplicabilidade de nanopartículas de prata veiculadas em forma de creme, na concentração de 1% para o tratamento da cistite intersticial. Este trabalho, entretanto, mostrou um efeito anti-inflamatório das nanopartículas de prata, uma vez que aplicadas profilaticamente na bexiga da cobaia pré-infecção foram capazes de reduzir o número de mastócitos e a degranulação de seu conteúdo. 5.1.8. Interação com eosinófilos na pele 5.1.8.1. Alótropos do carbono Um possível envolvimento de nanotubos de carbono em processos alérgicos, com a participação de eosinófilos, foi avaliado por Nygaard et al (2009) 371. Os autores injetaram no subcutâneo e instilaram nas narinas de camundongos Balb/c três doses de SWCNT, MWCNT e carbon black, durante o processo de sensibilização com o alérgeno ovoalbumina (OVA). As cobaias que receberam o OVA associado aos nanotubos de carbono nas vias respiratórias apresentaram um aumento de eosinófilos, neutrófilos e linfócitos no lavado brônquico, quando comparadas àquelas que foram expostas somente ao OVA. Entretanto, a elevação significativa dos eosinófilos foi observada apenas com os SWCNT e MWCNT. A injeção no subcutâneo dos três derivados do carbono associados a OVA implicou a elevação da IgE específica sérica para esta última. Mostrou-se assim, que os nanotubos de carbono atuaram como adjuvantes no processo de imunização com o ovoalbumina. Em um experimento semelhante, Inoue et al (2009) 372 instilaram na traquéia de camundongos ICR, MWCNT (50µg), OVA e MWCNT + OVA. Observou-se que os MWCNT potencializaram a infiltração de eosinófilos nos pulmões e que atuaram como adjuvantes para o desenvolvimento de IgG e IgE contra OVA. 98 5.1.8.2. Nanopartículas de prata Não foram encontrados artigos que descrevessem a interação de nanopartículas de prata com eosinófilos. 5.1.9. Interação com melanócitos cutâneos 5.1.9.1. Alótropos do carbono Os artigos referentes a interação de alótropos do carbono com melanócitos limitam-se a utilização do fulereno como antioxidante e agente despigmentante. Não foram encontrados artigos que discutissem a ação de nanotubos de carbono sobre estas células. Xiao et al. (2007)76 avaliaram o efeito do fulereno conjugado a polivinilpirrolidona (PVP) na melanogênese induzida pela radiação ultravioleta em melanócitos de pele humana. Observouse que o PVP-fulereno reduziu a maelanogênese através da inibição da enzima tirosinase. Os autores sugeriram que o fulereno com sua ação antioxidante neutralizaria as ROS induzidas pela radiação UV, o que por sua vez levava a uma menor ativação da tirosinase. 5.1.9.2. Nanopartículas de prata Não foram encontrados artigos que descrevessem o impacto de nanopartículas de prata em melanócitos. 5.1.10. Interação com receptores Toll-like na pele 5.1.10.1. Alótropos do carbono Os nanotubos de carbono devido à sua possibilidade de permearem células podem ser utilizados como carreadores de substâncias para o meio intracelular onde se encontram alguns 99 TLR. Zhao et al (2011) 373 conjugaram um oligodeoxidonucleotídeo (CpG) à um nanotubo de carbono funcionalizado, aumentando a permeação celular desta substância em gliomas intracranianos de camundongos. O CpG é capaz de estimular o TLR-9 intracitoplásmatico, potencializando assim a síntese de citocinas inflamatórias e inibindo o crescimento tumoral. Não foram encontrados trabalhos que descrevessem estimulação de TLR de membrana ou intracitoplasmático por alótropos do carbono. 5.1.10.2. Nanopartículas de prata Castillo et al. (2008) 356 estudaram a interação de nanopartículas de prata funcionalizadas com tiopronina (Ag@tiopronin®) com TLR de macrófagos da linhagem RAW 264.7. As nanopartículas eram esféricas e tinham um diâmetro médio de 5 nm, sem grandes variações de tamanho. No experimento, os macrófagos foram incubados por 24 horas com ligantes específicos de diferentes TLR, em meios onde as nanopartículas de prata estavam ausentes ou com 10 ppm de nanopartículas. Após o período de incubação, a dosagem da IL-6 produzida pelos macrófagos foi realizada através do método de Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay (ELISA) para averiguar a ativação dos TLR. Os autores observaram que as nanopartículas Ag@tiopronin®, na concentração de 10 ppm, reduziram a ativação de TLR2 pela peptideoglicana em 55% e do complexo TLR2/6 pelo ácido lipoteicóico (LTA) em 77%, quando comparados aos macrófagos não expostos às nanopartículas. Os TLR presentes em vesículas citoplasmáticas também foram afetados. A mesma concentração de nanopartículas Ag@tiopronin® levou à redução da secreção de IL-6 pelos TLR3 estimulados pelo ácido poli(IC) em 22,5% e dos TLR9 estimulados pelo ligante CpG+ em 31%. Os autores ressaltaram que ainda não há uma explicação sobre a forma de atuação das nanopartículas de prata sobre os TLR, que justifique a sua atuação em apenas alguns tipos de receptores. 5.1.11. Interações com peptídeos antimicrobianos na pele 100 5.1.11.1. Alótropos do carbono Trabalhos que abordassem a interação de alótropos do carbono com peptídeos antimicrobianos não foram encontrados. 5.1.11.2. Nanopartículas de prata Apesar da ação bactericida da prata ser conhecido de longa data e das evidências de que a redução deste íon à escala nanométrica potencializou este efeito, uma possível interação de nanopartículas de prata com moléculas do sistema imune inato com função antimicrobiana, não pode deixar de ser avaliada. Diante da produção de peptídeos antimicrobianos por diversas células do organismo humano, Suico et al. (2009) 300 utilizaram células epiteliais pulmonares das linhagens A549 e Calu-3 para estudo do efeito da exposição às nanopartículas de prata (Atomyball S®). Estas nanopartículas mediam 5 nm e as células epiteliais ficaram expostas às nanopartículas na concentração de 5µg/ml. As nanopartículas de Atomyball S® não exerceram efeito citotóxico nas células epiteliais, segundo a dosagem da liberação de LDH no meio. Os autores observaram que o Atomyball S® aumentou a expressão do RNA mensageiro e da proteína do peptídeo antimicrobiano lisozima. O experimento também avaliou o efeito das nanopartículas de prata Atomyball S® na indução da expressão de outras moléculas da resposta imune inata como a β-defensina, um peptídeo antimicrbiano comumente expresso pelas células da pele, mucina, IL-8 e IL-1β. No entanto, não foram notadas alterações na expressão destas substâncias. Embora o mecanismo de ação desta nanopartícula de prata sobre a indução de lisozima não esteja esclarecido, pode-se sugerir um efeito sinérgico antimicrobiano, principalmente contra bactérias GRAM positivas e negativas, alvos preferenciais da lisozima. 5.1.12. Interação com o sistema complemento na pele 5.1.12.1. Alótropos do carbono 101 Salvador-Morales et al. (2006) 374 estudaram o efeito de SWCNT sintetizados por diferentes métodos, contendo como contaminantes metálicos níquel, ferro e cobalto no sistema complemento. Os SWCNT (0.62–2.5 mg) e os DWCNT (1,25 mg) foram suspensos com soro humano, sendo colocados em seguida em placas. O controle positivo do experimento foi feito com zimosam. O estudo da presença de frações do complemento no sobrenadante desta placa, um indicativo da ativação do sistema, foi feito com o uso de anticorpos. Os autores descreveram que os SWCNT são capazes de ativar a via clássica, de forma semelhante ao zimosam complexado com anticorpo e que esta ativação era dosedependente. A ativação da via alternativa também foi demonstrada, sendo os DWCNT mais eficazes no processo do que SWCNT. Ainda assim, os DWCNT exerciam uma ativação 50% inferior a desencadeada pelo zimosam. Relatou-se ainda que a ligação do complemento aos nanotubos de carbono é altamente seletiva, uma vez que outras proteínas plasmáticas não apresentaram a mesma interação. A ativação da via clássica leva a produção das frações do complemento C3a, C4a e C5a, sendo que esta última tem potente ação quimiotáxica para neutrófilos. Ling et al. (2011)79 avaliaram através de TEM a interação de SWCNT, DWCNT e MWCNT, comercialmente disponíveis com o complexo C1. Os autores relataram que ambas as subunidades de C1, a fração C1q (40nm) e C1s-C1r-C1r-C1s (50 x 25 x 5 nm) ligaram-se de forma uniforme aos MWCNT, embora este processo não tenha desencadeado a ativação da via. Por sua vez, a fração C1q não se ligou ao SWCNT ou ao DWCNT, enquanto o complexo C1s-C1r-C1r-C1s interagiu apenas com o DWCNT. Ao contrário do trabalho citado anteriormente, os autores não observaram a ativação da via clássica por nenhum dos nanotubos de carbono. Relataram ainda, que as proteínas do complemento foram consumidas de forma contínua, depositando progressivamente ao redor de MWCNT, ainda que não houvesse a ativação. No intuito de reduzir a ativação do complemento, modificação da superfície de nanotubos de carbono por revestimento ou funcionalização têm sido propostas. Moghimi et al. (2010) 375 estudaram o impacto do revestimento de SWCNT com conjugados de PEG5000- fosfolipídeo na ativação do sistema complemento. Os nanotubos de carbono tinham um diâmetro de 1 a 5 nm e comprimento de 250nm. Utilizando-se soro que não continha C1q, foi possível observar que estas estruturas ativaram o complemento através da via das lectinas. O exato mecanismo de ativação desta via não é conhecido. 102 Não foram encontrados trabalhos que avaliem a interação de fulerenos com qualquer uma das vias do complemento. 5.1.12.2. Nanopartículas de prata Não foram encontrados artigos que descrevessem a interação de nanopartículas de prata com elementos do sistema complemento. 5.2. Interação dos nanomateriais com elementos da resposta imunológica adaptativa 5.2.1. Interações com os linfócitos T na pele 5.2.1.1. Alótropos do carbono A permeação de linfócitos T por nanotubos de carbono foi estudada por Dumortier et al (2006) 353 que demonstraram SWCNT funcionalizados com amônio ou PEG no citoplasma destas células. Neste trabalho, os SWCNT funcionalizados pela reação de cicloadição 1,3dipolar, chamados de SWCNT 1, e SWCNT funcionalizados com PEG através de oxidação , os SWCNT 3, foram incubados com linfócitos T esplênicos de camundongos BALB/c, não sendo observadas alterações de citotoxicidade na concentração de 10µg.ml-1. Os SWCNT 1 e 3 também não foram capazes de ativar as células T nas concentrações testadas (10 µg.ml-1 e 50 µg.ml-1). A incubação prévia com nanotubos de carbono não alterou a ativação de células T por estímulos habituais como anticorpos anti-CD3. A ação citotóxica de nanotubos de carbono sobre linfócitos T foi estudada também por Bottini et al (2006) 376 . Os autores compararam a toxicidade de MWCNT-oxidados e MWCNT-pristina, em diferentes concentrações, sobre células T Jurkat. O processo de oxidação foi utilizado para a adição de grupamentos hidroxilas e carboxilas, aumentando a solubilidade do nanomaterial em meio aquoso. Os resultados mostraram que os nanotubos de carbono diminuíram a viabilidade das células T, sendo que as formas oxidadas tinham maior potencial citotóxico do que a pristina. Os MWCNT-oxidados levaram a perda de mais de 80% das células após 5 dias de incubação a 400 µg.ml-1, enquanto o MWCNT-pristina inviabilizou 103 um pouco mais de 50% das células , na mesma concentração. Esta diminuição da viabilidade celular foi ocasionada pela indução de apoptose, sendo o processo dependente da concentração e do tempo de exposição ao nanotubo de carbono. No mesmo trabalho, o impacto de MWCNT na função da célula T foi avaliado. No experimento realizado, MWCNT na concentração de 40µg.ml-1 não foram capazes de inibir a ativação da tirosinoquinase, uma enzima relevante para o processo de sinalização celular, mediante ativação dos receptores de células T. Os nanotubos de carbono podem ser utilizados para a amplificação da ativação das células T. Fadel et al (2010) 214 demonstraram que SWCNT do tipo bundle (bSWNT) funcionalizados com anticorpos anti-CD3 (f-bSWNT ) são capazes de ativar células T de forma efetiva. A mesma resposta não é observada quando o anticorpo isolado é utilizado para a ativação linfocítica. Os autores submeteram o bSWNT a um tratamento químico que aumentou a quantidade de “defeitos” na superfície dos nanomateriais e induziu um microambiente eletronegativo que favorecia a interação com linfócitos T. Posteriormente, o bSWNT na concentração de 25µg.ml-1 foi incubado com anticorpos anti αCD3 e αCD28, sendo que estes se organizavam em clusters na superfície “defeituosa” do nanomaterial. Este tipo de organização garantiu uma maior avidez para ligação com as células T, além de potencializar o estímulo da ativação. O efeito imunoestimulatório de nanotubos de carbono sobre células T foi demonstrado também por Grecco et al (2011) 377 . No trabalho, 100 µg de MWCNT foram administrados por via parenteral a camundongos C57B1/6, procedendo-se então a análise da estimulação de macrófagos e da resposta imune adaptativa. Após a injeção intraperitoneal, os macrófagos desta localização passaram a sintetizar maior quantidade de IL-12, que por sua vez induz a síntese de IFNγ, uma citocina compatível com o padrão de resposta linfocitário Th1. Descreveu-se também que a dose de MWCNT administrada por via venosa ou parenteral não foi letal aos camundongos, que permaneceram viáveis por vários meses, nem desencadeou processo inflamatório no sítio da lesão. No entanto, os MWCNT estimularam a proliferação das células T esplênicas e 24 horas após a administração do nanomaterial, houve um aumento da expressão de m-RNA de citocinas produzidas por macrófagos como IL-6 e TNF-α. O aumento do IFNγ, uma citocina pró-inflamatória produzida predominantemente por linfócitos só foi detectado sete dias após o experimento e se manteve elevado por 15 dias, sugerindo que as citocinas inicialmente produzidas pelos macrófagos induziram uma resposta adaptativa 104 mediada por células T. A expressão de citocinas com atividade anti-inflamatória como IL-10 e TGFβ também aumentou. Algumas cobaias do experimento foram previamente imunizadas com ovoalbumina (OVA), recebendo sete dias após a última dose da imunização, uma injeção de MWCNT. A análise quantitativa dos anticorpos mostrou que as cobaias que receberam a OVA e MWCNT produziam maior quantidade de imunoglobulinas do tipo IgG e IgG1 anti-OVA. Diante deste resultado, discuti-se a probabilidade dos nanotubos de carbono não serem processados e apresentados por células apresentadoras de antígenos, através das vias habituais. Possivelmente estes nanomateriais são endocitados por células como macrófagos, ativando-os e induzindo a liberação de citocinas que irão ativar a célula T. Esta por sua vez, irá ativar o linfócito B e a produção de anticorpos. A ação dos nanotubos de carbono seria sinérgica, podendo potencializar a produção de anticorpos, o que motiva a sua aplicação em vacinas. O mesmo perfil de citocinas e ação imunomodulatória sobre linfócitos T foi descrito por Liu et al (2009) 378 que relataram um aumento de citocinas do tipo Th1 (IL-2, IFN-γ e TNF-α) e redução do tipo Th2 em linfócitos expostos ao fulereno C60(OH)20. Em contrapartida, um perfil de citocinas diferentes foi induzido por componentes semi-condutivos de SWCNT (semi-SWCNT) no trabalho realizado por Park et al (2011) 333 . Os autores instilaram semi-SWCNT com 1,2 nm de diâmetro e 1µm de comprimento hidrodinâmico, na dose de 100µg.Kg-1na traquéia de camundongos e observaram a indução de citocinas no BAL nos dias 1, 7, 14 e 28 pós procedimento. Observou-se um aumento das citocinas inflamatórias do tipo Th1 e Th2 no BAL, especialmente no 14° dia. Entretanto, o aumento da produção de citocinas do tipo Th2, sendo elas IL-4, IL-5, IL-10, IL-13 e IL-10 , especialmente esta última, foi muito mais expressivo do que o de citocinas tipo Th1. Deve ser reforçado que a IL-10 primariamente inibe a síntese de citocinas pró-inflamatórias, aumenta a sobrevida de células B e inibe a secreção de citocinas do tipo Th1. Ainda com o propósito de avaliar o efeito de nanotubos de carbono em linfócitos T CD4+ e CD8+, Koyama et al (2006) 355 implantaram quatro diferentes tipos de nanotubos de carbono no subcutâneo de camundongos BALB/c, sendo eles SWCNT (0,8 – 2,2 nm), CSNT (50-150 nm) e MWCNT com diâmetros de 20 e 80 nm, em média. Ao longo de três meses, procederam à avaliação da contagem no sangue periférico de células T, além de submeterem fragmentos de pele ao redor dos implantes à análise histopatológica. As cobaias que receberam o implante de SWCNT apresentaram um aumento do CD4+ periférico duas 105 semanas após o procedimento e mantinham este resultado após 3 meses, sendo que simultaneamente, foi observado no mesmo período uma redução do CD8+. A análise da pele ao redor do implante demonstrou que os SWCNT induziram um acúmulo de líquido periimplante em uma semana, sendo que com três semanas, um tecido granulomatoso que encapsulava o nanomaterial pôde ser observado, sem que houvesse um infiltrado inflamatório permeando as partículas. Já os MWCNT de 20 nm induziram na primeira semana uma redução da contagem das células TCD4+, que começaram a aumentar na segunda semana. Neste caso, os linfócitos T CD8+ apresentavam queda da contagem na primeira e na terceira semanas após o procedimento. A reação granulomatosa encapsulando o MWCNT também foi observada, além da fagocitose de algumas partículas três semanas após o implante. O MWCNT de 80 nm induziu a elevação da contagem de células CD4+ com 2 semanas, que logo apresentaram queda na terceira semana. Neste experimento, os linfócitos T CD8+ apresentaram queda nas primeiras semanas, porém, houve uma elevação da contagem de células após 3 meses do implante. Mais uma vez, o exame histológico mostrou a formação de tecido granulomatoso ao redor do implante, sem a permeação do nanomaterial por células inflamatórias. Por último, o CSNT induziu elevações progressivas da contagem de linfócitos T CD4+ ao longo das semanas, sendo que uma abrupta redução das células T CD8+ já era observada no pós procedimento imediato e se manteve ao longo dos meses. A análise tecidual evidenciava também uma reação granulomtosa ao redor do implante, sendo que nos meses seguintes o tecido granulomatoso passou a envolver aglomerados dos nanotubos. Os autores ressaltaram que neste experimento não foi observada influência de contaminantes metálicos no processo, que no caso tratava-se de ferro. 5.2.1.2. Nanopartículas de prata O efeito de nanopartículas de prata (70 nm), recobertas com o polímero polivinilpirrolidona (PVP), nas concentrações de 30, 25, 20, 15, 10 e 5 µg.ml-1, em linfócitos T periféricos foi estudado por Greulich et al. (2011) 358 . Após o período de incubação não foram observados aglomerados de nanopartículas no citoplasma dos linfócitos T e consequentemente, não foram descritos efeitos citotóxicos nestas células. Ainda nas concentrações testadas, não houve alteração do potencial de proliferação do linfócito T ou da 106 expressão de moléculas de adesão na superfície destas células em qualquer das concentrações avaliadas de nanopartículas. Em outro estudo para avaliação de citotoxicidade, Eom et al. (2010) 379 utilizaram linfócitos T imortalizados (células T Jukart), que foram expostos às nanopartículas de prata e a íons prata. O teste com as duas estruturas foi justificado porque alguns autores defendem que o efeito tóxico da nanopartícula é parcialmente atribuído à liberação do íon prata. As nanopartículas de prata individualmente mediam entre 5 - 10 nm, entretanto os autores alegaram que frequentemente estas nanopartículas agregam-se quando expostas a células, de forma que os aglomerados mediam em média 28-35 nm. A viabilidade das células Jukart T foi inferior a 5% quando expostas à concentração de 0,5 mg.L-1 de nanopartículas de prata, ao tempo que a viabilidade foi de 70% quando expostas à mesma concentração de íons prata. Aumentando a concentração das nanopartículas de prata para 1 mg.L-1, não havia mais células viáveis. Os autores testaram outras linhagens de células, inclusive humanas, que não demonstraram este padrão de citotoxicidade. Um aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) também foi observado na concentração de 0,2 mg.L-1 de nanopartículas de prata, acentuado ainda mais após 24 horas de exposição, o que pode justificar indiretamente a citotoxicidade. Para melhor avaliar os mecanismos de toxicidade, os autores estudaram as vias de transdução de sinais (ERK, p38 e JNK MAPK) e fatores de transcrição relacionados (Nrf-2 e NF-κB), que podem ser induzidos pelas ROS. Assim, relataram que apenas as nanopartículas de prata foram capazes de induzir o aumento da expressão do p-p38, Nrf-2 e NF-κB, mecanismos que podem estar implicados diretamente na citotoxicidade observada. Não foram encontrados artigos que discutissem a interação de nanopartículas de prata especificamente com linfócitos T CLA+. 5.2.2. Interação com os linfócito B e anticorpos 5.2.2.1. Alótropos do carbono A permeação de SWCNT funcionalizados pela reação de cicloadição 1,3 dipolar ou por adição de PEG, em linfócitos B de camundongos BAL/c foi demonstrada por Dumortier et al (2006) 353. Neste mesmo trabalho observou-se que os SWCNT nas concentrações de 10 e 50 µg.ml-1, após um período de incubação de 24 horas, não foram citotóxicos para as células 107 B, não induziram a síntese de citocinas inflamatórias ou alteraram a ativação destas células por estímulos habituais. Uma possível permeação dos linfócitos B por fulerenos, com efeito citotóxico foi demonstrada por Irie et al (1996) 380 que estudavam a utilidade deste nanomaterial como fotossensibilizante da terapia fotodinâmica (TFD). Os autores empregaram ácidos carboxílicos de fulerenos solubilizados em água, derivados do C60 (composto 1) e C70 (composto 2), em diferentes concentrações, para TFD e avaliaram os efeitos citotóxico do procedimento sobre células Raji (linfócitos B). Observou-se que na dose de 50 µM, o composto 1 inibiu o crescimento das células B que ainda não tinham sido expostas à luz, sugerindo uma captação celular do fulereno. No entanto, o efeito não foi potencializado quando as células foram submetidas à TFD. Resultados semelhantes foram observados com o composto 2. Os autores concluíram que apesar dos compostos não serem fototóxicos para as células B, eles são captados por estas e na dependência da concentração podem exercer ação citotóxica. Por sua vez, Zogovic et al (2009) 381 também demonstraram uma ação imunossupressora de fulerenos sobre células B. No trabalho, uma suspensão de fulereno nanocristalino (nanoc60) foi injetada em camundongos para o tratamento de melanoma. A neoplasia foi induzida com a inoculação no subcutâneo de células de melanoma de camundongo do tipo B16. Observou-se que as cobaias que haviam recebido o nanomaterial apresentaram supressão da mitose de células B e T esplênicas, quando estas foram expostas a estimuladores de mitose como o lipopolissacarídeo e o conconavalinA. Como conseqüência, houve após duas semanas um aumento do crescimento tumoral. Os autores justificaram este resultado através da síntese de radicais de óxido nítrico por esplenócitos expostos ao nanomaterial, induzindo a imunossupressão de linfócitos. A produção de imunoglobulina IgG específica contra fulereno foi demonstrada por Chen et al (1998) 382 . Os autores imunizaram camundongos BALB/c com fulerenos C60 conjugados a tireoglobulina bovina. Foram realizadas três imunizações em intervalos de três semanas. Observou-se através do método de ELISA, que os camundongos sintetizaram IgG contra fulerenos C60, que apresentava ainda reação cruzada com o C70. Possivelmente de alguma forma, estes nanomateriais foram processados por células apresentadoras de antígenos e linfócitos TCD4+, que estimularam linfócitos B a produzirem anticorpos. Os autores propuseram que os anticorpos ligam-se aos fulerenos através de aminoácidos hidrofóbicos. 108 5.2.2.2. Nanopartículas de prata Trabalhos que avaliassem a captação, síntese de anticorpos e interação com receptores de superfície dos linfócitos B não foram encontrados. 6. DISCUSSÃO A interação dos nanomateriais estudados com diversos elementos da resposta imunológica inata e adaptativa é ampla e complexa. Pode-se observar que a maioria dos trabalhos citados refere-se a experimentos realizados em cobaias ou in vitro, sendo que neste último caso, utilizaram-se células do sistema imunológico não necessariamente pertencentes à pele humana. Isso ocorreu devido à quantidade reduzida de estudos que tratassem especificamente da interação de nanomateriais com os elementos da unidade imunológica cutânea. Dessa forma, ressalvas devem ser feitas no que tange a transposição de todos os resultados observados para a pele, uma vez que interações imunes em sistemas vivos podem modificar respostas observadas em experimentos in vitro, como a descrita por Zogovic et al (2009) 381 , em que a resposta in vivo foi oposta a in vitro, por interferência de constituintes celulares não presentes in vitro. A divisão entre imunidade inata e adaptativa muitas vezes é difícil devido à interligação existente entre estas duas respostas. A descrição isolada de cada componente da imunidade, apesar de facilitar a avaliação, pode ocultar justamente a interação entre elas. A pele apresenta uma resposta imunológica diversificada, contendo elementos destas duas respostas, embora não possa ser considerada um órgão linfóide periférico. O abandono do termo SALT 55 ocorreu justamente porque a pele não apresenta algumas estruturas inerentes a um órgão linfóide periférico, como células T naive, células B e uma organização folicular com ampla vascularização que facilite a circulação celular 44 . No entanto, particularidades como a organização estrutural garantindo uma barreira eficaz, a existência de uma população de células imunológicas preferencialmente residentes na pele, como os linfócitos T CLA+, e a 109 apresentação de antígeno às células T de memória no próprio sítio cutâneo fortalecem o emprego do termo “unidade imunológica cutânea” 383. Os nanomateriais aqui abordados são um dos mais utilizados na indústria atualmente, motivando a pesquisa acerca dos riscos de exposição ocupacional e advindos do contato com produtos disponíveis ao consumo. O estudo da resposta imunológica, sob a ótica da escala nanométrica, permite observar que muitos elementos imunes, como os fatores do complemento, interagem com antígenos através de sítios que medem alguns nanômetros. Esta redução à escala nanométrica pode facilitar o entendimento dos mecanismos envolvidos na internalização de nanomateriais por células fagocíticas, bem como a capacidade de ativar o complemento ou células efetoras imunes. Apesar da relevância para a avaliação de propriedades biológicas, não se observa nos trabalhos uma padronização da descrição mínima de características físico-químicas dos nanomateriais empregados nos experimentos. Esta carência de dados, associada às diferenças de técnicas podem dificultar a interpretação de dados conflitantes observados. 6.1. Os nanomateriais e a resposta imune inata 6.1.1. A interação com a barreira cutânea A organização estrutural da pele leva à formação de uma barreira física eficaz, essencial a imunidade inata cutânea. Necessariamente, a interação de nanomateriais com o sistema imunológico é dependente da capacidade destas estruturas permearem a pele íntegra ou danificada por traumas ou processos inflamatórios. Esta permeação pode ocorrer através dos folículos pilosos e glândulas sudoríparas, por via intercelular ou através das células, neste caso por processos como a endocitose, permeação direta da membrana celular, ou transporte através de canais transmembrana, quando a nanopartícula for menor do que 5 nm 51 . A endocitose engloba os processos de fagocitose e pinocitose, sendo que a forma de internalização varia de acordo com o tipo celular, podendo um mesmo nanomaterial utilizar diferentes vias. Por sua vez, a pinocitose ocorre por mecanismo dependente e independente da clatrina, uma proteína citoplasmática que é polimerizada e posicionada na membrana celular 158 . 110 Diversas características intrínsecas aos nanomateriais parecem ser relevantes para a análise da permeação cutânea como: tamanho, diâmetro hidrodinâmico, carga superficial, forma, composição, potencial zeta, agregação, metabolismo, deformidade, dentre outros 51. A análise dos efeitos citotóxicos de nanomateriais sobre células da estrutura cutânea é relevante, pois a destruição destas pode levar a alterações da barreira física, bem como a indução de citocinas que iniciam um processo inflamatório. A permeação de nanotubos de carbono e fulerenos em queratinócitos e outras células da pele vêm sendo estudadas não só para avaliação de efeitos tóxicos, mas visando-se também a possibilidade do desenvolvimento de matrizes para o carreamento de fármacos 319 . O mecanismo exato de permeação dos alótropos do carbono em queratinócitos não foi descrito nos trabalhos, embora MWCNT tenham sido encontrados livres no citoplasma e em vacúolos intracitoplasmáticos. Possivelmente esta internalização ocorra através de endocitose ou fagocitose 158. A captação destes nanomateriais pelas células, bem como os efeitos citotóxicos aumentam com o tempo de exposição e a concentração do nanomaterial no meio. Os contaminantes metálicos, presentes como resíduos do processo de síntese destes nanomateriais, têm papel relevante na citotoxicidade dos alótropos do carbono por catalizarem reações que produzem radicais livres 83 . Estas reações são proporcionais à quantidade de metais nos nanomateriais, sendo que os contaminantes relacionam-se a ativação de vias de sinalização ligadas a processos inflamatórios como a transcrição de NFκB e AP-1. Outro fator associado ao potencial citotóxico parece ser o radical utilizado na funcionalização, conforme observado em experimentos com fulerenos 98; 100 . Este processo pode alterar a solubilidade do nanomaterial no meio, determinando a possibilidade de permeação celular e consequentemente os efeitos tóxicos. Os alótropos do carbono podem estar envolvidos ainda na alteração da transcrição de genes relacionados ao metabolismo, apoptose, ciclo e transporte celular. Além de induzirem estas alterações, estes nanomateriais podem estimular a síntese de citocinas inflamatórias como IL-6, IL-8, IL-12 e IFN-γ, por células presentes na pele, conforme os experimentos in vitro e in vivo. A associação da destruição de queratinócitos por ação citotóxica, aliada às citocinas liberadas por estas células expostas aos alótropos do carbono permite a consideração de uma possível associação desta classe de nanomateriais com dermatite de contato irritativa. Segundo Amado et al (2008) 384 esta dermatose é causada, dentre outros fatores, por danos 111 citotóxicos às células da barreira cutânea, que culminam na liberação de citocinas inflamatórias como IL-1α e IL-1β, além da síntese de IL-6 e TNF-α, iniciando uma resposta inflamatória. Esta correlação de alótropos do carbono e irritação cutânea foi reforçada pelo experimento de Murray et al. (2009) 84 que mostraram o aumento da espessura da pele de cobaias expostas a SWCNT, na dose de 160 µg, uma alteração clínica observada na dermatite de contato irrritativa. Os trabalhos sugerem também que, independentemente da concentração do nanomaterial no meio, há uma diferença de citotoxicidade entre os próprios nanotubos de carbono, respeitando a seguinte ordem: MWCNO < MWCNT < SWCNT 320; 341 . Esta diferença pode ser justificada pelo diâmetro, de forma que estruturas menores encerrariam maior ação citotóxica. Além disso, o relato de que fulerenos, na dependência da funcionalização, podem inibir a apoptose celular, leva a discussão sobre a facilitação do desenvolvimento de neoplasias com o uso destas estruturas 100 . Deve ser lembrado que atualmente a maior exposição da população a estes nanomateriais se dá pelo emprego de fulerenos como antioxidantes em cosmecêuticos 63. Assim, se o fulereno aplicado à pele for capaz de inibir a apoptose de células geneticamente modificadas, o desenvolvimento de neoplasias cutâneas pode ser favorecido. Em relação à permeação cutânea, existe atualmente uma grande preocupação com os alótropos do carbono e a exposição de cunho ocupacional. Os trabalhos encontrados procuraram simular situações do processo e local do trabalho que pudessem alterar esta permeação, como a realização de movimentos repetitivos e contato com outros produtos químicos. Não foram encontrados estudos sobre a permeação cutânea de nanotubos de carbono. Os artigos citados demonstraram que em zonas flexurais, a permeação por difusão passiva de fulerenos funcionalizados pode ser facilitada. Este processo ocorre preferencialmente pelo espaço intercelular, sendo potencializado com o maior tempo de exposição. Os solventes presentes em ambientes industriais parecem facilitar também a permeação cutânea de fulerenos, podendo agravar a exposição ocupacional 385 . Ressalvas devem ser feitas quanto à quantidade e concentração de nanomateriais utilizados nestes experimentos e a real concentração destas estruturas em um ambiente fabril. A concentração de fulerenos no ambiente ocupacional pode ser determinada em um paralelo com a de 112 nanotubos de carbono. Assim estima-se que a superfície cutânea do trabalhador em uma indústria de alótropos do carbono esteja exposta a uma concentração de 12mg/pessoa/dia destes nanomateriais, sendo que este índice pode ser reduzido a 1,2 mg/pessoa/dia com o uso de luvas 63. A discussão sobre potencial citotóxico de nanopartículas de prata em queratinócitos e outras células da pele ocorre principalmente pela ampla utilização destas estruturas em curativos tópicos e em tecidos de vestuário. A nanoparticulação trouxe novas propriedades à prata que não permitem mais a utilização dos índices de citotoxicidade estabelecidos para o íon prata habitual. Os trabalhos envolvendo curativos que liberam nanopartículas de prata indicam que estas estruturas têm um potencial citotóxico em queratinócitos cem vezes maior do que o íon prata convencional. Evidenciou-se também que a quantidade de nanopartículas de prata liberadas pelos curativos (50-100 mg.ml-1) é suficiente para a ação citotóxica em queratinócitos e fibroblastos, sendo que estes últimos são os mais sensíveis 329; 333 . Esta citotoxicidade se expressa através da redução da proliferação e da atividade celular. Entretando, o benefício do uso destes curativos também já foi demonstrado, uma vez que são capazes de reduzir o tempo de cicatrização de feridas. Dessa forma, é possível que os experimentos laboratoriais não são capazes de reconstituir a real situação de uma ferida cutânea, superestimando efeitos tóxicos. Uma possível explicação é a neutralização de nanopartículas de prata por debris presentes na pele lesada, reduzindo a citotoxicidade 329. A exemplo dos alótropos do carbono, os efeitos citotóxicos das nanopartículas de prata são dependentes da concentração destas estruturas no meio e da funcionalização. Além disso, o perfil de citocinas expresso por queratinócitos expostos à prata nanoparticulada (IL-1β, IL6, IL-8 e TNF-α) é muito semelhante ao induzido por alótropos do carbono. Assim a exposição crônica a vestuários, na dependência da quantidade de nanopartículas liberadas pelos tecidos, bem como a de cunho ocupacional podem se correlacionar também com o quadro de dermatite de contato irritativa. Os trabalhos que abordam a permeação cutânea por nanopartículas de prata mostram resultados conflitantes, de forma que alguns autores defendem que a nanopartícula ficaria apenas retida na superfície da pele, enquanto para outros ela poderia permear através dos apêndices cutâneos e até mesmo da camada córnea, atingindo a epiderme viável. Os trabalhos encontrados utilizaram nanopartículas de prata com tamanhos diferentes e técnicas diversas para análise da permeação, o que pode responder por parte das divergências encontradas. 113 Deve ser lembrado, entretanto, que as medidas empregadas para a simulação de dano cutâneo, como a abrasão, podem potencializar a permeação. A intoxicação pelo íon prata provoca o quadro de argiria, o que leva à discussão sobre os riscos tóxicos sistêmicos de curativos contendo nanopartículas de prata aplicados sobre soluções de continuidade da pele. Independemente dos resultados de experimentos realizados em laboratórios, a elevação da prata no sangue, ainda que de forma transitória, associada à toxicidade hepática e renal, em pacientes utilizando curativos com nanopartículas de prata, reforça a existência da permeação do nanomaterial na pele lesionada 127; 131; 328. Dessa forma, a aplicação de curativos nanoparticulados em áreas extensas, erosadas ou ulceradas da pele, deve ser acompanhada de exames regulares para avaliação das funções hepática e renal. Os estudos de permeação cutânea por nanomateriais em laboratórios utilizam-se de cultivos celulares, de modelos de difusão estática celular, de pele porcina, de peles de rato e camundongo, dentre outros instrumentos. Algumas críticas são feitas a estes modelos biológicos, que embora apresentem semelhanças fisiológicas, histológicas e bioquímicas com a pele humana, não são fidedignos quanto a organização estrutural. Dessa forma, esta diferença pode justificar uma boa parte das divergências observadas nos estudo da permeação de nanomateriais através do estrato cutâneo. Considerando a pele como uma unidade imunológica, os danos aos queratinócitos da superfície podem acarretar a secreção de citocinas com ação nas camadas mais profundas da pele, além de efeitos sistêmicos. Assim o potencial tóxico de nanomateriais não pode mais ficar atrelado apenas à capacidade de permeação total cutânea. Isto foi bem demonstrado no trabalho de Samberg et al (2010) 38 onde nanopartículas de prata aplicadas na pele de porco, embora permanecessem na superfície dos queratinócitos ou nos extratos superiores da camada córnea, induziram a secreção de citocinas inflamatórias e espongiose em todas as camadas cutâneas. 6.1.2. A interação com a microbiota comensal cutânea Os nanomateriais podem alterar a composição da microbiota da pele ao exercerem atividade microbicida seletiva contra alguns componentes da flora. A inter-relação entre esta microbiota e o sistema imunológico cutâneo, no que tange a identificação de organismos 114 invasivos e modulação da resposta imune, permite prever que a exposição a nanomateriais potencialmente pode ser deletéria. Esta discussão não se restringe ao organismo humano, de forma que nanomateriais descartados como resíduos em solos e águas podem representar um perigo para a constituição de outros sistemas biológicos do ambiente 340; 386 . Nos organismos complexos, esta ação microbicida pode ocorrer tanto pela modulação de células inflamatórias, como neutrófilos, quanto pela inibição direta do crescimento de micro-organismos 336. Somase a isso, que alguns nanomateriais podem ser conjugados a drogas com ação microbicida, agindo de forma sinérgica. A análise dos trabalhos permite observar que a maioria trata do efeito bactericida dos nanomateriais, sendo encontrados poucos referentes à ação fungicida. O estudo do impacto em vírus concentra-se na utilização de nanopartículas de prata para tratamento de infecções, como a do HIV121 e herpes123, não sendo feitas menções a vírus presentes na superfície cutânea (Tabela 2). Tabela 2 - Interação de nanomateriais com a microbiota comensal cutânea Bactericida Alótropos do Nanotubos de carbono carbono S. aureus, B. subtillis, E. coli, S. typhimurium (A) Tempo de Fungicida/Viricida (SWCNT>MWCNT) ? exposição, [ ]*, superfície de contato, S. pyogenes, E. coli, P. virulência, tampão Fulerenos Nanopartículas de prata aeruginosa, P. mirabilis ? S. aureus, S. epidermidis, E. coli, P. aeruginosa ? (B) [ ] * , GRAM + > GRAM – 115 Legenda: A) Fatores relacionados ao efeito bactericida dos alótropos do carbono; B) Fatores envolvidos na ação bactericida das nanopartículas de prata; Efeito maior sobre bactérias GRAM +, quando comparadas às GRAM -. * diretamente proporcional à concentração do nanomaterial no meio; Fonte: Tabela do autor Os espectros bactericidas de alótropos do carbono e nanopartículas de prata são amplos, já tendo sido relatada atividade contra diversas bactérias GRAM positivas e negativas. Além disso, alguns nanomateriais a exemplo de nanopartículas de prata podem ser utilizados como opção terapêutica para o tratamento de micro-organismos multirresistentes, como o MRSA110 e o vírus do HIV121. A ação antibacteriana de alótropos do carbono é dependente da dose, do tempo de exposição, da virulência da cepa e de condições do meio, como o pH. Já a carga de superfície pouco parece influenciar esta ação. Alguns trabalhos com bactérias mais virulentas, como P. aeruginosa, demonstraram a necessidade da associação de antibiótico convencional com o nanomaterial para a obtenção do efeito desejado. O exato mecanismo de ação destes alótropos do carbono sobre bactérias não é conhecido. Kang et al. (2007) 340 sugeriram que os nanotubos de carbono aderem à parede bacteriana causando danos estruturais, sendo que os SWCNT seriam mais tóxicos do que MWCNT. Esta diferença do potencial bactericida de alótropos do carbono é reforçada pelo experimento de Arias et al. (2009) 342, onde MWCNT, ainda que em concentrações altas, como 875 µg.ml-1, não apresentaram qualquer efeito microbicida sobre bactérias GRAM positivas e negativas, efeito contrário ao descrito para SWCNT. No entanto, os resultados dos trabalhos não são uniformes, e suposições são feitas quanto à influência do grau de pureza e funcionalização do nanomaterial neste processo. A síntese de nanomateriais pode resultar em resíduos tóxicos que ficam aderidos a estas estruturas, tendo como exemplo, o tetra-hidrofurano empregado na produção de fulereno. Alguns autores estipulam que estes resíduos tóxicos seriam os responsáveis pela ação microbicida. A composição do meio também parece influenciar o efeito antibacteriano, uma vez que a indução de agregação e depósito, como ocorre com os fulerenos em meios ricos em sais, reduz o contato destes com os micro-organismos. O trabalho com fulerenos nC60 altamente purificados em que estas variáveis de confundimento foram controladas, mostrou que o nanomaterial não foi capaz de inibir o crescimento da bactéria E. coli e do fungo Saccharomyces cerevisiae338. 116 As nanopartículas de prata são aplicadas em tecidos objetivando-se o controle da flora bacteriana envolvida com a produção de odores. A liberação destas nanopartículas ocorre na dependência do suor e atrito com o tecido, sendo a quantidade dispensada extremamente variável. Trabalhos que avaliem o impacto na flora humana cutânea in vivo de nanopartículas de prata presentes em tecidos não foram encontrados. Entretanto, o relato de liberação de prata pelos tecidos e o perfil bacteriano sensível a nanopartículas de prata descrito in vitro, permitem supor que de alguma forma a microbiota comensal possa ser alterada. Estudos que avaliem o poder microbicida de nanopartículas de prata em têxteis contra ácaros, fungos e vírus também não foram encontrados. O efeito bactericida observado parece ser interessante para a prevenção de colonização e infecção por bactérias patogênicas como o Staphylococcus aureus, justificando o seu emprego nos curativos. No entanto, a ação sobre bactérias comuns da flora cutânea, como o S. epidermidis, leva à reflexão sobre impactos no sistema imunológico, uma vez que estes organismos participam da regulação da imunidade inata cutânea. Os níveis de nanopartículas liberadas de forma segura, capazes apenas de reduzir a população de bactérias envolvidas na degradação de debris cutâneos e do suor não estão determinados. O efeito microbicida na flora comensal deve suscitar também a discussão sobre a facilitação de colonização por bactérias patogênicas. 6.1.3. A interação com os neutrófilos A maioria dos trabalhos relacionados à interação de alótropos de carbono com neutrófilos se concentra na análise do polimorfonuclear presente nas vias respiratórias. Isso ocorre porque grande parte da exposição aos nanotubos de carbono e fulerenos se dá pelas vias aéreas, devido a questões de exposição ocupacional150. Os neutrófilos internalizam os alótropos do carbono, funcionalizados ou não, e os armazenam em vesículas intracitoplasmáticas. A carga de superfície destas estruturas parece influenciar a ação de enzimas neutrofílicas, de modo que SWCNT com carga de superfície negativa podem ser degradados por mieloperoxidases presentes em vesículas citoplasmáticas 345 . Este fato tem relevância, pois sugere que modificações na superfície de nanomateriais podem alterar a natureza biopersistente destas estruturas, aumentando a biocompatibilidade e reduzindo efeitos tóxicos quando empregados, por exemplo, em fármacos como carreadores. 117 Uma vez no interior da célula, os nanomateriais são capazes influenciar os mecanismos de ação dos neutrófilos. Dessa forma, é possível que nanomateriais como os fulerenos, com ação antioxidante, neutralizem ROS de fagolisossomas. Como estas espécies de oxigênio são relevantes para a degranulação de neutrófilos, pode haver redução da função do polimorfonuclear, com impacto na resposta imunológica a agentes infecciosos. Por outro lado esta neutralização de ROS pode ser útil no tratamento de dermatoses inflamatórias como a acne 73. Entretanto, este efeito depressor sobre a ação neutrofílica não foi observado no trabalho de Tsao et al.(2001)336, quando sugeriu-se que o carboxifulereno aumentava a viabilidade e o poder bactericida destas células contra bactérias GRAM positivas. Além disso, outros trabalhos também demonstraram a ação pró-inflamatória de alótropos de carbono, principalmente os que tratam da instilação pulmonar dos nanomateriais, com aumento do infiltrado neutrofílico. Kagan et al (2010)345 sugerem que os efeitos anti-inflamatórios encontrados com alótropos do carbono só ocorrem quando as estruturas empregadas nos experimentos não estão funcionalizadas. Observa-se assim, que outros estudos precisam ser realizados para a avaliação dos fatores envolvidos nestas respostas divergentes (Tabela 3). Os trabalhos em cobaias sugerem que o contato da pele com SWCNT promove um influxo de neutrófilos no local, apenas em doses elevadas como 160 µg 84 . A localização preferencial do infiltrado de polimorfonucleares ao redor de folículos permite o questionamento sobre uma possível permeação através destas estruturas. Estudos com nanotubos de carbono instilados em pulmões sugerem que o infiltrado neutrofílico só ocorre no tecido pulmonar se o nanomaterial não estiver agregado 347. Poucos são os artigos encontrados que tratam de possíveis influências de nanopartículas de prata sobre os neutrófilos. Os curativos que contém prata nanoparticulada quando aplicados em sítios cutâneos infectados podem levar a uma elevação inicial e transitória da ação oxidativa dos neutrófilos sanguíneos de cobaias. Este efeito potencializador do neutrófilo não é sustentado, e não foi pesquisada a influência do curativo sobre a infiltração cutânea destes polimorfonucleares. Uma ação anti-inflamatória foi descrita quando se utilizou nanopartículas de prata na superfície de implantes cutâneos, o que levou a redução do infiltrado de neutrófilos no tecido ao redor , aumentando a biocompatibilidade 352. No entanto, não houve menção no trabalho sobre uma possível atividade bactericida da prata, 118 que pudesse reduzir o risco de contaminação do implante, com impacto no infiltrado inflamatório. Tabela 3 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com neutrófilos Permeação celular Citotoxicidade Alterações funcionais • Reduz expressão de enzimas Ø Fagocitose Alótropos do carbono Pinocitose? (Célula avaliada: neutrófilo de peixe neutrofílicas • Inibe degranulação minnows) • Reduz mecanismo de NETosis • Potencializa oxidação de neutrófilos Nanopartículas de prata periféricos ? ? • Reduz infiltrado cutâneo de neutrófilos Fonte: Tabela do autor 6.1.4. A interação com os macrófagos 119 As células do sistema reticuloendotelial, como os macrófagos, são aptas ao reconhecimento e remoção de partículas estranhas da corrente sanguínea15. Devido a esta propriedade, nanocarreadores de drogas têm sido utilizados para o tratamento de doenças infecciosas onde o macrófago é o sítio de replicação de micro-organismos como Leishmania sp56. Segundo a literatura, a fagocitose de nanopartículas por macrófagos depende de propriedades físico-químicas destas estruturas como tamanho, solubilidade, carga de superfície e funcionalização387. Assim, as nanopartículas maiores e com carga na superfície teriam maior chance de serem internalizadas por este processo. A opsonização de nanopartículas, com a adesão de anticorpos e frações do complemento à sua superfície, ocorre instantaneamente quando estas são administradas por via parenteral, potencializando a sua fagocitose374. Uma transposição desta observação pode ser feita às nanopartículas capazes de permear a pele, podendo ser opsonizadas por anticorpos e fatores do complemento presentes na epiderme e na derme, favorecendo a captação por macrófagos. A internalização de alótropos do carbono por macrófagos pode ocorrer através de fagocitose, especialmente quando funcionalizados e agregados 345; 353. Embora na maioria dos relatos não tenha sido especificado o termo “pinocitose”, possivelemente os alótropos menores e não-agregados permeiam a célula através deste processo. As investigações sobre a citotoxicidade dos fulerenos e dos nanotubos de carbono em macrófagos são divergentes. Enquanto alguns trabalhos não mostram redução da viabilidade celular353, outros descrevem que a toxicidade destes nanomateriais é dependente da concentração no meio 354 , da presença de contaminantes metálicos82, e da solubilidade dos alótropos do carbono162. Um ponto divergente entre os trabalhos, que pode justificar a diferença encontrada é a concentração do nanomaterial no meio dos experimentos. O trabalho que não observou citotoxicidade utilizou nanopartículas na concentração de 10 µg.ml-1353, enquanto nos outros as concentrações variaram de 30 µg.ml-1 a 0,5 mg.ml-182; 354, sugerindo que talvez a toxicidade seja dependente realmente da dose. Outro ponto interessante foi a demonstração de que para esta linhagem celular existe diferença também entre o potencial citotóxico de SWCNT e MWCNT, de forma que este último não altera a viabilidade da célula, ainda que em grande concentração no meio. Esta diferença pode ser explicada pelo tamanho das estruturas, uma vez que a permeação dos macrófagos e o dano ao material genético são maiores, quando se utilizava fulerenos de menor tamanho 152. 120 Quanto às alterações funcionais, um trabalho demonstrou que apenas os nanotubos de carbono capazes de estimular a fagocitose, induziram um aumento de IL-6 e TNF-α, fato não observado com as estruturas que permearam de outra forma a membrana dos macrófagos353. A função dos macrófagos frente a estímulos habituais, como estruturas bacterianas, também pode ser reduzida, após a exposição prévia aos alótropos do carbono. Dumortier et al (2006)353 demonstraram que este fato pode ocorrer na dependência da funcionalização utilizada, uma vez que apenas os SWCNT que continham PEG, tiveram impacto na função macrocítica. A indução da maturação de macrófagos por estes nanomateriais, estudada através da presença de moléculas de superfície como CD40 e CD86, mostraram resultados diferentes. Enquanto uma menor concentração de SWCNT no meio não induziu a expressão destas moléculas353, a maturação e ativação de macrófagos foram observadas no trabalho que empregou maior quantidade do nanomaterial 354 . Dessa forma, à semelhança do potencial citotóxico, a ativação do macrófago por nanotubos de carbono e fulerenos pode ser dependente da dose. Um fenômeno que pode ser observado é a incapacidade dos macrófagos fagocitarem materiais inertes, como os nanomateriais, ainda que estes estejam opsonizados 374 . Este processo pode levar ao acúmulo de células monocíticas ao redor do nanomaterial, com formação de granulomas 388 , além da liberação de enzimas por células inflamatórias como os neutrófilos, levando ao dano tecidual 374 . A indução de reação granulomatosa por nanotubos de carbono em pulmão de camundongo é conhecida 81; 389 contaminantes no nanomaterial parecem influenciar este processo e a presença de metais 331 . No único trabalho em que se estudou a formação de granulomas em pele, SWCNT e MWCNT de 20 e 80 nm foram implantados no subcutâneo de cobaias 355 . A formação granulomatosa foi observada após 3 semanas do experimento, sendo que tardiamente os SWCNT induziram uma maior infiltração de macrófagos, deixando os granulomas com paredes mais espessas. A utilização de nanomateriais altamente purificados permitiu a análise de que estas estruturas sozinhas, independentemente de contaminantes metálicos, podem induzir a formação de granulomas. Nos artigos que tratam de nanopartículas de prata pôde-se observar que estas estruturas podem ser internalizadas por macrófagos, quando isoladas ou agrupadas, não sendo citado o exato mecanismo. O tamanho e a composição destas nanopartículas parecem ser relevantes para a ação citotóxica e ativação de macrófagos. As nanopartículas de prata de 121 menor diâmetro são capazes de exercerem efeitos tóxicos em concentrações inferiores a de estruturas maiores. O revestimento das nanopartículas de prata também parece ser relevante, já que substâncias orgânicas talvez possam reduzir essa toxicidade. A síntese de citocinas inflamatórias por macrófagos expostos a nanopartículas de prata divergiu entre os trabalhos. Park et al (2011) 357 descreveram que as nanopartículas de menor tamanho (4 e 20 nm) foram capazes de induzir IL-8, enquanto no artigo de Castillo et al (2008)356, em que se utilizou uma nanopartícula funcionalizada com tiopronina, não houve o estímulo a produção de citocinas. A ação indireta de nanopartículas de prata na função de macrófagos também foi avaliada, sendo observado que a pré-incubação das células fagocíticas com nanopartículas é capaz de aumentar ou reduzir a sua sensibilidade a estímulos inflamatórios, como ligantes de TLR. Dessa forma, sugere-se que nanopartículas possam ser utilizadas como imunomoduladores. Ainda em relação a ativação de macrófagos, foi descrito que nanopartículas de prata estimulam a expressão de moléculas de superfície relevantes para a migração celular, como ICAM-1 e CD69, de forma dose-dependente (Tabela 4). Apesar do conhecimento da existência de diferentes macrófagos presentes na pele, o que pode levar a resultados divergentes dos descritos com a utilização de linhagens murinas e pele de cobaias, nenhum trabalho com estas células foi encontrado. Ressalta-se que a descrição da formação de granulomas ocorreu após o implante de 2 mg de alótropos de carbono no subcutâneo de cobaias. A quantidade e as características dos nanomateriais capazes de induzirem uma formação granulomatosa cutânea precisam ainda ser determinadas. Possivelmente, pequenas quantidades de alótropos do carbono que permeiem a pele em curto prazo não tenham relevância, embora a exposição crônica, se estes nanomateriais ficarem retidos na pele, possa potencialmente induzir a constituição de granulomas. 6.1.5. A interação com células dendríticas A análise da interação de nanomateriais com células dendríticas, as apresentadoras de antígenos mais eficazes do organismo humano, visa principalmente à determinação de uma possível captação, processamento e apresentação de nanomateriais como se fossem antígenos. Os alótropos do carbono podem ser internalizados pelas células dendríticas através de macropinocitose 361 e fagocitose 87; 359, não sendo descrita a endocitose nos trabalhos citados. 122 Esta captação parece ser dependente da concentração do nanomaterial no meio, e do tamanho das estruturas, uma vez que aquelas com maior diâmetro são internalizadas mais facilmente 359 . Esta propriedade pode permitir que os alótropos do carbono sejam utilizados para o carreamento de genes com fins terapêuticos, estimulando e inibindo a expressão de citocinas e moléculas de superfície. Tabela 4 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com macrófagos Permeação celular Citotoxicidade Alterações funcionais • Indução IL-6, TNF-α, TGF-β • Divergência SWCNT- dependente Alótropos do Fagocitose carbono Pinocitose? do tamanho e da concentração no meio (Células avaliadas Balb-c, RAW 264.7) quanto a indução de moléculas de superfície • Contaminante metálico – altera potencial redox Indução de granulomas cutâneos • Resultados divergentes; • Possível influência do Nanopartículas de prata Endocitose? revestimento e do tamanho (Células avaliadas RAW 264.7, U937) • Potencializa ativação TLR por ligantes habituais • Indução de IL-8 e ROS dependente do tamanho • Indução de ICAM-1 e CD69 123 dependente da concentração Fonte: Tabela do autor Os resultados referentes ao potencial citotóxico dos alótropos do carbono são conflitantes. Um trabalho descreve ação tóxica de SWCNT e MWCNT em células dendríticas na dependência da concentração dos nanomateriais no meio (3, 10, 30 µg.ml-1). Por sua vez, Wang et al. (2009) 359 relataram que MWCNT carboxílicos, de diferentes tamanhos e concentrações (10, 50 e 100 µg.ml-1), dotados de contaminantes metálicos, não exerceram atividade citotóxica significativa nestas células. Nota-se que no primeiro trabalho não foram descritas características físico-químicas dos nanotubos de carbono, como a funcionalização, que pudessem justificar as diferenças encontradas. Uma maior concentração do nanomaterial e a presença de contaminantes metálicos em diferentes quantidades seriam preditores de um maior efeito tóxico, o contrário do que foi observado segundo o trabalho de Wang et al. (2009)359. Este ponto precisa ser mais bem analisado, principalmente porque as células dendríticas parecem ser mais sensíveis do que outras células do sistema imune à ação dos nanomateriais (Tabela 5). Tabela 5 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com células dendríticas Permeação celular Citotoxicidade Alterações funcionais • Resultados divergentes; Fagocitose, macropinocitose • Pode ser Alótropos do dependente da carbono concentração Dependente do tamanho (Células avaliadas: células dendríticas de • CNT – Ø • Fulerenos – indução de citocinas e moléculas de superfície ratos e humanas) Nanopartículas de ? ? ? 124 prata Legenda: CNT: nanotubos de carbono Fonte: Tabela do autor Uma possível imunomodulação de alótropos do carbono em células dendríticas também vem sendo estudada. Através de mecanismos ainda desconhecidos, nanotubos de carbono podem ser conjugados a peptídeos considerados imunógenos fracos, induzindo a internalização por células dendríticas, levando a ativação de linfócitos TCD4+, que por sua vez desenvolvem uma resposta Th2, com produção de anticorpos 361 . Esta propriedade pode ter grande aplicabilidade no desenvolvimento de imunoterapia, especialmente visando o tratamento de neoplasias, de forma que antígenos do tumor até então considerados fracos imunógenos, podem ter seu potencial imune amplificado pela conjugação com nanomateriais. Por outro lado, existe a possibilidade de se questionar também se os nanomateriais poderiam se ligar a peptídeos autólogos, tornando-os imunógenos fortes, reconhecidos por células apresentadoras de antígenos e propiciando o desenvolvimento de doenças autoimunes. Quanto à ativação das células dendríticas - um processo essencial para que sejam capazes de apresentar antígenos às células T- fulerenos e nanotubos de carbono apresentaram resultados diferentes. Os primeiros, segundo Yang et al (2010)360, são capazes de induzir a expressão na superfície das células de moléculas coestimulatórias de linfócitos, receptores de quimiocinas, além de citocinas inflamatórias, efeitos não observados com os nanotubos de carbono 354; 359 . As consequências destes processos devem ser estudadas. Habitualmente, o encontro de antígenos identificados como potencialmente danosos pelas células dendríticas incita o processamento destes e a maturação da célula. Assim, deve ser avaliado se o fulereno pode ser reconhecido como antígeno a ser apresentado às células T ou se interfere apenas em mecanismos de sinalização celular, com efeitos ainda desconhecidos. Além disso, o fato de nanotubos de carbono não ativarem as células dendríticas nos experimentos citados não descarta a possibilidade destes nanomateriais atuarem como haptenos, ligando-se a peptídeos presentes no meio, passando então a serem considerados imunógenos fortes. O único trabalho que trata de nanopartículas de prata sugeriu uma ativação de células dendríticas após a instilação destas no pulmão de cobaias 362 . No entanto como o carbono preto também estava presente na amostra, não é possível determinar se o efeito observado foi um sinergismo ou ação isolada de algum deles. 125 Apesar da relevância das células de Langerhans para a apresentação de antígenos oriundos da pele, no que tange alótropos do carbono e nanopartículas de prata, não foram encontrados trabalhos que estudassem esta interação. Células dendríticas dérmicas também não são citadas nos estudos encontrados. Dessa forma, possivelmente, nem todos os achados relatados possam ser observados na resposta imune cutânea. A importância da reprodução destes achados citados em estudos com pele humana pode ser reforçada pelo observado em trabalhos envolvendo outros ananomateriais aplicados na imunização cutânea. Manolova et al (2008) 263 demonstraram que as células apresentadoras de antígenos cutâneas só seriam relevantes para a captura e transporte de poliestirenos quando maiores do que 200nm. As demais estruturas inferiores a esta medida eram capazes de migrar espontaneamente por linfáticos cutâneos até os linfonodos de drenagem da pele, onde seriam captadas por células dendríticas ali presentes. Dessa forma, se apresentarem o mesmo comportamento, é possível que alótropos do carbono e nanopartículas de prata só venham a interagir com células apresentadoras de antígenos cutâneas, caso encontrem-se agregados ou tenham comprimento maior do que 200 nm, no caso de nanotubos de carbono. 6.1.6. A interação com células NK Estudos que abordassem um possível impacto de alótropos do carbono em células NK da pele não foram encontrados. O único trabalho citado trata da exposição de cobaias através das vias aéreas, o que levou a redução da atividade das células NK presentes no sangue 363. O estudo da interação de nanopartículas de prata com as células NK é relevante porque estas nanopartículas são aplicadas em curativos utilizados para a prevenção da infecção em queimaduras e feridas crônicas. Sabe-se que as células NK têm um importante papel na imunidade inata e adaptativa, de modo que no sítio da infecção a atividade citolíticas destas células geralmente encontra-se aumentada 138. No entanto, os artigos citados não descrevem a influência da nanopartícula de prata nas células NK presentes em sítio infeccioso cutâneo especificamente. Mazurak et al (2006) 351 demonstraram que as células NK periféricas sofrem um incremento da atividade citotóxica quando curativos com nanopartículas de prata são aplicados em pele de cobaias infectadas. Uma vez que nos processos inflamatórios cutâneos, 126 como a infecção, há um aumento do influxo destas células para a pele, é possível que as células NK de sítios infecciosos cutâneos apresentem aumento da atividade citotóxica, caso a nanopartícula de prata seja aplicada no local. Quanto ao potencial citotóxico, foi encontrada uma citação que faz menção a redução da viabilidade de células NK expostas a nanopartículas, embora não tenha sido citada a concentração desta no meio. 6.1.7. A interação com mastócitos Os alótropos do carbono podem ser internalizados por mastócitos de pele humana, sendo que trabalhos específicos com fulerenos mostraram que este processo ocorre através da endocitose. Já na célula, os fulerenos podem ser encontrados no interior de organelas e livres no citoplasma. Os trabalhos encontrados sugerem que há uma diferença do impacto dos alótropos do carbono em mastócitos. Enquanto nanotubos de carbono em altas concentrações no meio relacionam-se ao influxo de mastócitos para o sítio de aplicação e aumento da degranulação, os fulerenos parecem inibir este processo, além da liberação de citocinas. Este fato pode ter implicação no emprego destes nanomateriais, uma vez que nanotubos de carbono podem se relacionar a quadros de urticária e angioedema não-imunológicos, além de reação anafilactóide, ao tempo que fulerenos podem ser empregados justamente na prevenção destas reações. A localização dos fulerenos em lisossomas e mitocôndrias, locais da produção de ROS, podem explicar sua ação inibitória sobre mastócitos. A exemplo dos nanotubos de carbono, as nanopartículas de prata são capazes de induzir a degranulação de mastócitos na concentração de 50 µg.ml-1 369. Este processo parece ser mediado pela indução de ROS e aumento do cálcio intracitoplasmático na célula. Dessa forma, os autores discutem o potencial de nanopartículas de prata desencadearem reações mediadas por histamina. Por outro lado, o trabalho que aplicou nanopartículas de prata de forma profilática em bexiga de cobaia mostrou efeito oposto, com uma redução dos mastócitos e da degranulação do seu conteúdo, quando a infecção foi induzida (Tabela 6). A análise da influência de outros fatores na ativação dos mastócitos, como a concentração do nanomaterial no meio e a funcionalização devem ser melhores estudados, tanto para os alótropos do carbono, quanto para nanopartículas de prata. Ainda que a 127 quantidade de histamina liberada no meio não seja suficiente para a indução de alterações sistêmicas, deve ser lembrado que as substâncias sintetizadas por mastócitos alteram o tônus e a permeabilidade vascular, favorecendo a migração de células inflamatórias para a pele, com consequências diversas. Tabela 6 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com mastócitos. Permeação celular Citotoxicidade Alterações funcionais • Aumento do influxo cutâneo Ø Alótropos do carbono Endocitose? (Célula avaliada: macrófago humano) • CNT aumenta degranulação • Fulereno – reduz degranulação Nanopartículas de prata Divergência quanto Endocitose? ? à degranulação Fonte: Tabela do autor 6.1.8. A interação com eosinófilos Apesar da participação de eosinófilos em processos alérgicos, poucos trabalhos utilizando estas células e alótropos do carbono foram encontrados, enquanto nenhum artigo foi observado sobre a interação com nanopartículas de prata. Os estudos concentram-se no processo inflamatório desenvolvido após instilação pulmonar de alótropos de carbono. Foi descrito que SWCNT e MWCNT, mas não o carbon black, instilados nas vias respiratórias de cobaias são capazes de aumentar o infiltrado de 128 eosinófilos no pulmão e consequentemente, no lavado broncoalveolar em que o nanotubo de carbono foi injetado no subcutâneo 371 372 . No único trabalho , avaliou-se apenas a capacidade deste potencializar a resposta imunológica a outro antígeno. A interação de eosinófilos presentes na pele com nanomateriais deve ser melhor avaliada, já que estas células são conhecidas também pela importância de seus grânulos na destruição de agentes externos que não possam ser internalizados 45. Este fato pode ter grande relevância em se tratando de nanomateriais, uma vez que nem todos são fagocitados ou endocitados. Dessa forma, enzimas eosinofílicas podem ser liberadas de forma crônica na pele, levando ao dano tecidual. 6.1.9. A interação com melanócitos Os melanócitos não são mais considerados unicamente como células produtoras de pigmento na pele, uma vez que cada vez mais o seu papel imunomodulador é descrito. Estas células encontram-se envolvidas na resposta imune inata, através da síntese de ROS, com ação bactericida 280 , além de expressarem TLR 278 . A imunidade adaptativa também é contemplada, uma vez que estas células são capazes de fagocitar antígenos 280 e possivelmente podem expressar na superfície moléculas MHC II, viabilizando a apresentação destes às células T 282. Apesar da relevância para a imunidade cutânea, não foram encontrados artigos que descrevessem a interação de nanopartículas de prata com estas células. Os melanócitos podem possivelmente exercer efeito bactericida sinérgico com nanopartículas de prata. Uma vez que estas são aplicadas em curativos na pele, o seu potencial citotóxico sobre melanócitos deve ser determinado. Quanto aos alótropos do carbono, os trabalhos se limitam ao impacto na síntese de pigmento, tendo sido descrita apenas a inibição da melanogênese induzida pela radiação UVA em melanócitos humanos, por fulerenos 76 . Este mecanismo ocorre por inibição da atividade enzimática da tirosinase. Considerando que durante a melanogênese são produzidos peróxidos de hidrogênio e intermediários reativos da quinona, que por sua vez têm ação bactericida, pode se estimar que este mecanismo da imunidade inata possa ser comprometido. Trabalhos 129 que avaliassem o potencial citotóxico destes nanomateriais sobre os melanócitos não foram encontrados. 6.1.10. A interação com receptores Toll-like Os TLR são expressos constitutivamente em queratinócitos, melanócitos e células de Langerhans na epiderme, além dos fibroblastos da derme e de células do sistema imune que podem permear a pele em condições basais e processos inflamatórios. Estes receptores encontram-se envolvidos na fisiopatogenia de diversas dermatoses como acne, dermatite atópica, psoríase, líquen plano, carcinoma basocelular, entre outras 202 (hari 2010). A ampla distribuição e a correlação com doenças cutâneas motivam o estudo de uma possível interação de nanomateriais com estes receptores. O único trabalho que menciona alótropos do carbono, trata da utilização de nanotubos de carbono como carreadores de um ligante (CpG) de TLR intracitoplasmático (TLR 9) 373 . Na verdade, o nanomaterial foi utilizado para aumentar a permeabilidade do CpG permitindo o tratamento de uma neoplasia, sem nenhuma menção a uma possível ligação ou estímulo direto deste no TLR. Em relação à nanopartícula de prata foi demonstrado que esta pode exercer um efeito imunomodulador em TLR de macrófagos. A nanopartícula de prata funcionalizada (Ag@tiopronin) é capaz de reduzir a ativação de TLR 2, 6, 3 e 9 por estímulos habituais 356 . Este conhecimento pode futuramente ser aplicado no tratamento de algumas doenças cutâneas onde a ativação dos TLR citados relaciona-se a exacerbação do quadro como acne vulgar, dermatite atópica, infecção por Candida albicans e S. aureus, líquen plano entre outras. Além de escassos, os trabalhos sobre a interação de nanomateriais com TLR ainda não são capazes de descrever o real mecanismo de atuação dos nanomaterias. Uma possível ativação direta do receptor não pode ser descartada. De qualquer forma, a descrição do efeito imunomodulador já é relevante, uma vez que TLR como o 2, 3 e 6 são expressos nos queratinócitos, de forma que nanopartículas de prata ao atravessarem a camada córnea, poderiam reduzir a resposta destas células a bactérias e vírus, caso apresentem o mesmo comportamento do TLR de macrófagos. 130 6.1.11. A interação com peptídeos antimicrobianos A importância dos peptídeos antimicrobianos na resposta imunológica inata, aliada ao conhecimento do potencial bactericida dos nanomateriais estudados, estimula o questionamento sobre um possível efeito sinérgico ou de modulação entre estas estruturas. Apesar disso, não foram observados artigos que tratassem da interação de alótropos do carbono com os peptídeos antimicrobianos. Já o único trabalho encontrado sobre as nanopartículas de prata, trata da indução da síntese de peptídeos antimicrobianos por células epiteliais pulmonares. Observou-se um aumento na síntese de lisozima, enquanto a produção de β-defensina não foi alterada nas células expostas a nanopartículas na concentração de 5 µg.ml-1 300 . Caso este efeito ocorra também nas células cutâneas, as nanopartículas não influenciariam a produção das defensinas, o peptídeo antimicrobiano em maior quantidade na pele. Outros estudos devem ser conduzidos para esclarecimento. 6.1.12. A interação com o sistema complemento A ligação de alguns nanomateriais às frações do complemento já foi demonstrada, embora o processo de ativação ainda tenha controvérsias. Alguns fatores relacionados aos nanomateriais parecem estar envolvidos neste processo como o tamanho da nanopartícula, a densidade, a configuração de superfície e principalmente, do polímero que a recobre, sendo que aqueles com carga na superfície ativariam o complemento de forma mais eficaz do que os neutros. A ativação do complemento pode ocorrer também a partir da interação de frações do complemento com proteínas séricas que venham a se ligar à superfície do nanomaterial. Em relação aos nanomateriais aqui estudados, só foram encontrados artigos referentes à interação de nanotubos de carbono com o sistema complemento. Os trabalhos sobre esta interação foram motivados principalmente pela necessidade de avaliação da biocompatibilidade de nanotubos de carbono utilizados como carreadores de drogas de administração intravenosa e radioisótopos. Observou-se que estes nanomateriais são capazes de ativar a via clássica, a via alternativa e a via das lectinas, embora alguns resultados sejam conflitantes. A ativação da via clássica pode ocorrer por interação direta com a fração 131 C1q. A ativação da via alternativa pareceu ocorrer por ligação direta do fator do complemento ao nanomaterial, existindo diferenças entre os nanotubos de carbono, de forma que os DWCNT são mais eficazes do que SWCNT. O trabalho de Ling et al. (2011)79 não foi capaz de confirmar a ativação da via clássica por SWCNT, DWCNT e MWCNT. Ainda sobre os MWCNT, foi descrito que os elementos do complemento aderiram de forma organizada e progressiva em sua superfície, até o consumo total no meio, sem que houvesse ativação. Já os mecanismos de ativação da via das lectinas não são conhecidos, sendo sugerido por alguns autores que as lectinas ligadoras de manose e a ficolina se ligariam diretamente à superfície dos nanotubos de carbono ou interagiriam com outros componentes do soro que venham adsorver à superfície do nanomaterial. A interação das proteínas do sistema complemento com nanopartículas pode aumentar a depuração destas estruturas, diminuindo a biodisponibilidade de drogas nanoparticuladas ou induzir reações pseudoalérgicas ou anafilactóides. A redução da biodisponibilidade se daria pela opsonização do nanomaterial a partir de frações do complemento como C3b e iC3b reconhecidas pelas células fagocíticas. Por outro lado, esta mesma propriedade pode ser utilizada para aumentar o poder imunogênico de vacinas de administração intradérmica, potencializando a captação do antígeno conjugado ao nanomaterial por células dendríticas. Além disso, a cascata do complemento gera potentes anafilotoxinas como C4a, C3a e C5a. Estas frações são capazes de desencadear diretamente a liberação de mediadores inflamatórios por células imunes como os mastócitos, levando a quadros de angioedema, urticária e hipotensão. A fração C5a é ainda quimiotáxica para neutrófilos, que ao se acumularem no tecido podem levar a liberação de enzimas com importantes danos teciduais. A ativação do complemento por nanotubos de carbono pode ser reduzida ou inibida através de modificações na superfície do nanomaterial. Dentre as modificações de superfície, a funcionalização por ligações covalentes parece ser o processo que menos ativa o complemento. O revestimento de SWCNT com PEG mostrou que esta estrutura é capaz de ativar a via das lectinas 375. Apesar da produção de uma diversidade de elementos das vias do complemento por células constituintes da epiderme e derme, e de estes fatores atingirem a pele através da circulação sanguínea, não foram encontrados trabalhos que abordassem a ativação do sistema no local. Os fatores do complemento presentes na pele podem alterar a biodisponibilidade de drogas aplicadas pela via tópica cutânea e desencadear processos pseudoalérgicos. 132 6.2. Os nanomateriais e a resposta imune adaptativa 6.2.1. A interação com linfócitos T Os nanotubos de carbono avaliados nos trabalhos citados são capazes de permear os linfócitos T, podendo ser encontrados no citoplasma celular. Os estudos sobre a citotoxicidade mostraram resultados diferentes, devendo ser considerado que o trabalho que não evidenciou efeito tóxico utilizou uma concentração de nanotubos de carbono dez vezes inferior do que o outro com perda da viabilidade celular. A funcionalização pode afetar a citotoxicidade, uma vez que a adição de radicais que aumentem a solubilidade do nanotubo de carbono possivelemente potencialize a sua toxicidade. A perda da viabilidade ocorre predominantemente por indução de apoptose, sendo o processo dependente do tempo de exposição e da quantidade de nanomateriais no meio 376. Em relação à função linfocitária, os nanotubos de carbono parecem favorecer a ativação de linfócitos T CD4+, em detrimento à célula T CD8+. Uma vez ativado o linfócito T CD4+, os estudos não são uniformes quanto à polarização da resposta em Th1 ou Th2. Pesquisas sobre imunização, utilizando-se OVA e MWCNT administrados de forma seqüencial mostraram que os nanotubos de carbono são capazes de potencializar o desenvolvimento de anticorpos contra o antígeno OVA 377. O estímulo a síntese de anticorpos é associado aos linfócitos Th2, onde a produção de IL-4 e IL-5 irão ativar os linfócitos B. Entretanto, o experimento que evidenciou a síntese de anticorpos IgG contra OVA, mostra uma resposta linfocitária do tipo Th1, sugerindo o desenvolvimento de uma imunidade celular377. Possivelmente alguns fatores como a funcionalização e outras características dos nanomateriais podem estar envolvidos na determinação da resposta linfocitária. Mais uma vez esta propriedade imunoestimulatória dos alótropos do carbono pode ser aplicada no desenvolvimento de vacinas, potencializando a resposta imunológica contra antígenos fracos. Os estudos que tratam da interação de nanopartículas de prata com células T encontram-se menos avançados, limitando-se a avaliação do potencial citotóxico. Os resultados encontrados foram divergentes, de forma que o experimento que utilizou concentrações de nanopartículas de prata de até 30 µg.ml-1 358 não descreveu citotoxicidade, enquanto em outro trabalho a concentração de 1 µg.ml-1 379 já levava a perda da viabilidade de 133 todas as células. Ressalta-se que o primeiro estudo utilizou nanopartículas de prata maiores e que estas estavam funcionalizadas com PVP, o que pode ter relevância para o efeito citotóxico. Esta ação tóxica parece ser mediada pela produção de ROS, levando a transcrição de fatores como NF-Κb (Tabela 7). Destaca-se também, que a citotoxicidade observada em células T Jukart, comumente utilizadas para estudos de viabilidade de células T, não foi reproduzida em células humanas, o que pode levar ao questionamento sobre a utilidade desta linhagem. Assim, reforça-se a importância dos estudos com modelos de pele humana e utilização de linfócitos T CLA+, para determinação do real impacto na resposta imunológica local. Os mecanismos de ativação das células T devem ainda ser mais bem explorados, visando principalmente a determinação do potencial imunogênico de nanomateriais. 6.2.2- A interação com linfócitos B Os trabalhos encontrados sugerem que nanotubos de carbono e fulerenos são capazes de permear linfócitos B. Os SWCNT funcionalizados com PEG não mostraram atividade citotóxica sobre células B e não foram capazes de ativá-las 353 . Por outro lado, os experimentos com fulerenos mostraram uma ação citotóxica e imunossupressora em linfócitos B 380; 381 , embora mais uma vez, ressalvas devam ser feitas quanto a variações de concentrações do nanomaterial no meio, e quanto à presença de funcionalização. Estudos que mencionassem interações de nanopartículas de prata com linfócitos B não foram encontrados. Além do potencial citotóxico, um ponto de interesse no estudo de células B é a capacidade de estas reconhecerem nanomaterias como antígenos, desencadeando a produção de anticorpos. Uma boa parte dos trabalhos neste campo relaciona-se ao desenvolvimento de vacinas utilizando nanomateriais. Os nanotubos de carbono podem ser ligados a peptídeos antigênicos no intuito de aumentar a resposta imunogênica a estes. 134 Tabela 7 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com linfócitos T. Permeação celular Alterações Citotoxicidade funcionais • Aumento do TCD4+ nos implantes cutâneos • Resultados • Ativação divergentes; direta: Ø • Ativação de • Solubilidade macrófagos pode Alótropos do carbono Endocitose? Th1 influenciar (IFN-γ) (Células avaliadas: • Aumenta Balb-c, Jukart) resposta a antígenos fracos • Pode induzir resposta Th1 e Th2 • Células humanas -Ø Nanopartículas de ? prata Ø • Células Jukart – redução Fonte: Tabela do autor O vacinas, complexo nanotubo aumenta a de carbono-peptídeo, imunogenicidade ao utilizado peptídeo, na sem confecção de indução de anticorpos contra o nanomaterial, segundo alguns autores. No entanto, Chen et al. (1998)382 demonstraram o desenvolvimento de anticorpos do tipo IgG contra fulerenos C60, com reação cruzada com o C70. Este achado pode ter impacto tanto no desenvolvimento de vacinas quanto 135 nos riscos relacionados à utilização de alótropos do carbono em fármacos. A indução de IgG direcionada contra nanomateriais pode relacionar-se a uma diminuição da viabilidade de drogas administradas, bem como associar-se a processos inflamatórios por depósito de imunoglobulinas. Os determinantes desta resposta imunológica desencadeada precisam ser mais bem elucidados (Tabela 8). Os demais anticorpos presentes no organismo, não específicos para alótropos do carbono, parecem ter uma interação fraca com estes nanomateriais, não parecendo ser importantes para o processo de opsonização. Tabela 8 - Interação de alótropos do carbono e nanopartículas de prata com linfócitos B e anticorpos. Permeação Citotoxicidade Alterações funcionais celular • SWCNT - Ø (Célula avaliada Balb-c) Alótropos do carbono Endocitose? • Indução de imunoglobulina contra antígenos • Fulerenos – dependente da concentração (Célula avaliada – fracos • Desenvolvimento de IgG anti-C60 apresentando reação cruzada com C70 Raji) Nanopartículas de prata ? ? ? Fonte: Tabela do autor A análise da resposta imunológica é relevante para determinação do potencial irritante e alergênico de nanomateriais. A despeito de tantos pontos ainda não esclarecidos sobre a interação de nanopartículas de prata e alótropos do carbono com elementos da resposta imunológica cutânea, testes convencionais para avaliação da sensibilidade e irritação da pele, como o teste de contato epicutâneo, têm sido propostos para a avaliação da biocompatibilidade de nanomateriais. 136 Embora alguns resultados indiquem que os nanomateriais estudados não teriam potencial alergêncio ou irritante, considerações devem ser feitas, uma vez que concentrações para a realização destes exames com nanomateriais não estão padronizadas. Além disso, os achados aqui citados sugerem que nanomteriais podem não se comportar como haptenos e antígenos comumente envolvidos em respostas alérgicas cutâneas. Isto pode alterar, por exemplo, os tempos de sensibilização e elicitação de respsotas imunes na pele, inviabilizando os protocolos propostos. 7. CONCLUSÃO O progresso da nanotecnologia depende do desenvolvimento de nanomateriais biocompatíveis e isso envolve o entendimento da interação destas estruturas com o sistema imunológico. A ampla aplicabilidade dos alótropos de carbono e das nanopartículas de prata implica em riscos de exposição ocupacional, ambiental e ao contato com bens de consumo. A pele é um órgão com organização imunológica complexa, que potencialmente pode estar exposta aos nanomateriais descritos. Os trabalhos que abordem a interação específica da imunidade cutânea com alótropos do carbono e nanopartículas de prata ainda são escassos. A transposição de observações feitas a partir de experimentos laboratoriais e outras células imunológicas, que não as presentes na pele, para a unidade imunológica cutânea pode levar ao estabelecimento de conceitos errôneos. Nota-se ainda a falta de uniformidade quanto a especificação de características físico-químicas de nanomateriais empregados nos trabalhos, o que muitas vezes dificulta a interpretação de resultados divergentes. Os resultados encontrados sugerem que possivelmente a exposição cutânea aos nanomateriais citados pode estar envolvida em processos de dermatite irritativa, angioedema, urticária e reação anafilactóide na dependência da natureza, quantidade e tempo de exposição. Por outro lado, estes mesmos nanomateriais são promissores no desenvolvimento de vacinas de administração intradérmica e imunoterapia contra o câncer, amplificando o potencial imunogênico de alérgenos considerados fracos. Estudos em modelos que se assemelhem mais a resposta imunológica observada na pele e até mesmo em humanos devem ainda ser realizados para confirmação destes indícios. Possivelmente novos métodos e parâmetros para avaliação do potencial sensibilizante e irritativo na pele de nanomateriais tenham que ser 137 desenvolvidos. No entanto, os efeitos imunológicos desfavoráveis encontrados em relação a estes nanomateriais não devem desestimular o seu emprego, mas contribuir para o desenvolvimento de parâmetros toxicológicos que permitam o seu uso de forma segura para o homem e o ambiente. GLOSSÁRIO 138 Anexina V – Trata-se de uma proteína que se liga aos resíduos de fosfatidil-serina da membrana, que são externalizados e acessíveis apenas na morte celular. Quando ligada a substância fluorescente pode ser utilizada para identificação da perda da viabilidade de células através da citometria de fluxo. Células HaCat (cell culture of immortalized human epidermal keratinocytes) – linhagem de células transformadas, originárias de queratinócitos humanos imortalizados. Células HeLa – linhagem de células imortalizadas, oriundas de carcinoma cervical uterino humano. Células Jukart – linhagem de células modificadas oriundas de células T leucêmicas humanas. Nanociência – Estudo, descoberta e entendimento da matéria em nanoescala, onde as propriedades e os fenômenos dependentes do tamanho e estrutura diferem daqueles associados aos átomos individuais, moléculas ou matéria de maior porte. Nanoescala – Escala que compreende a faixa de 1 a 100 nanômetros. O limite inferior é estipulado para evitar que átomos isolados ou em pequenos grupos sejam designados como nano-objetos ou elementos nanoestruturados. Nanomaterial – Matéria com uma de suas dimensões externas em nanoescala ou estruturas internas e da superfície em nanoescala. Este termo genérico inclui os nano-objetos e os materiais nanoestruturados. Nanomaterial incidental – Nanomaterial gerado como um produto não intencional de um processo. Este processo inclui manufatura, biotecnologia e outros processos. Nano-objeto – Material com uma, duas ou três dimensões externas em nanoescala. Nanopartícula – Nano-objeto em que todas as três dimensões externas estão em nanoescala. Caso a relação entre o maior e o menor eixo do nano-objeto difira significativamente (geralmente mais do que três vezes) , os termos nanofibra e nanoplaca devem ser preferencialmente utilizados. Nanotecnologia – Aplicação do conhecimento científico para manipular e controlar a matéria em escala nanométrica , objetivando-se o uso dos fenômenos e propriedades dependentes do tamanho e estrutura, que diferem dos observados nos átomos e moléculas habituais e na matéria de maior porte. Partícula ultrafina – Partícula com um diâmetro equivalente a menos de 100 nm. Muitas nanopartículas, definidas por suas dimensões geométricas, são partículas ultrafinas. Ponto quântico – Nanopartícula cristalina que exibe propriedades dependentes do seu tamanho, devido ao efeito do confinamento quântico nos estados eletrônicos. Propidium iodide (PI) – corante de DNA, que se intercala entre o ácido nucléico apenas na morte celular. Utilizado para análise da viabilidade de células RNA interference (RNAi) – técnica atualmente aplicada na terapia gênica. Consiste na utilização de fragamentos de RNA, chamados de siRNA, produzidos a partir da clivagem de fitas duplas de RNA por uma endonuclease. O siRNA é capaz de ligar-se a sequências específicas do material genético, inibindo a expressão gênica, através da degradação do RNA. 139 Tape-stripping – técnica utilizada na avaliação da penetração de substâncias na camada córnea cutânea. Consiste em múltiplas aplicações repetidas de fita-adesiva em um mesmo sítio, objetivando a retirada progressiva do estrato córneo. Teste de exclusão do Trypan blue – método utilizado para análise da viabilidade celular. As células necróticas assumem coloração azul, ao tempo que as células sem alterações não se coram. Teste do CCK-8 – método utilizado para análise da viabilidade celular. Mostra na totalidade células necróticas e apoptóticas. Teste do MTT – Este teste é utilizado para análise da viabilidade celular. O MTT é um sal utilizado na cadeia respiratória das mitocôndrias, de forma que as células precisam estar íntegras pra que seu consumo ocorra. De uma foma geral, se a célula está viável, há redução do MTT no meio. Zimosan – Consiste em uma preparação de células de levedura (Saccharomyces cerevisiae) capaz de ativar o sistema complemento, sendo opsonizada pelos fragmentos C3b e C3bi. Assim pode ser reconhecida por receptores de superfície de células como macrófagos e neutrófilos, tendo aplicabilidade em experimentos que visam à ativação destas células. 140 REFERÊNCIAS 1 SILVA, C. G. D. O que é nanotecnologia? , 2002. Disponível em: << http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano10.htm >>. Acesso em: 26 de fevereiro de 2011. 2 CAVICHIOLO, C. C. 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