compartimentação do relevo de anápolis (go) com base na

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COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO DE ANÁPOLIS (GO) COM BASE NA
INTENSIDADE DA DISSECAÇÃO
Alessandro de Araújo Cardoso
1,4
, Erivelton Campos Cândido
2,4
, Daisy Luzia Caetano do
Nascimento 2,4, Homero Lacerda 3,4
1
Bolsista PBIC/CNPq/UEG
2
Voluntário de Pesquisa PVIC/UEG
3
Professor Orientador
4
Curso de Geografia – UnUCSEH/UEG
Resumo - O trabalho trata da compartimentação do relevo do sítio urbano de Anápolis com
base em índices morfométricos. A intensidade da dissecação no plano horizontal foi analisada
a partir da densidade de drenagem e a dissecação no plano vertical foi analisada por
intermédio da amplitude. Para relacionar a dissecação horizontal com a dissecação vertical foi
utilizado o índice de rugosidade que, levando em conta também a altimetria, permitiu
identificar três compartimentos de relevo, denominados Colinas de Topos Convexos, Morros
e Colinas de Topos Planos.
Palavras chave: Compartimentação, relevo, morfometria.
Introdução
A área abordada contém o sítio urbano de Anápolis, sendo delimitada pelos vértices de
coordenadas UTM (Zona 22) 711.000mE/8.183.000mN e 728.000mE/8.204.000mN. O artigo
trata da compartimentação do relevo com base em índices de dissecação, constituindo um
trabalho de geomorfologia, ciência dedicada ao estudo do relevo da superfície da Terra em
seus aspectos genéticos, cronológicos, morfológicos, morfométricos e dinâmicos (JATOBÁ &
LINS, 1998).
Materiais e Métodos
O estudo tem como base a análise cartográfica e os procedimentos estão representados na
Figura 1. As bases utilizadas foram: mapa topográfico em escala 1/100.000 com eqüidistância
das curvas de nível de 40m (SGE, 1970a, 1970b) integrado por Lacerda (2005); e mapa de
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drenagens fotointerpretado, em escala 1/100.000 (Lacerda, 2005). Admite-se que o nível de
detalhe dos mapas produzidos nesta pesquisa é compatível com a escala 1/200.000.
A morfometria, segundo Guerra & Guerra (2003), é um ramo da Geomorfologia dedicado
ao estudo quantitativo das formas do relevo. Neste trabalho foram utilizados índices para
quantificar a dissecação nos planos horizontal e vertical, combinados entre si e com a
altimetria. A dissecação horizontal foi analisada a partir da densidade de drenagem que é a
relação entre o comprimento total de todos os cursos de água e a área da amostra. É expressa
por: Dd = Lt/A sendo que Dd é a densidade de drenagem, Lt é o somatório dos comprimentos
de todas as drenagens e A é a área da amostra considerada (Christofoletti, 1974; Ross & Fierz,
2005). A dissecação no plano vertical foi analisada por intermédio da amplitude das formas de
relevo, representada pela diferença de cotas entre a parte mais alta e a mais baixa (Moreira &
Pires Neto, 1998). Para relacionar a dissecação horizontal com a dissecação vertical foi
utilizado o índice de rugosidade, resultado da multiplicação da amplitude pela densidade de
drenagem (Christofoletti, 1974). Este índice é expresso pela equação Ir=H*Dd onde Ir é o
índice de rugosidade, H a amplitude e Dd a densidade de drenagem.
Figura 1: Fluxograma ilustrando os procedimentos da análise cartográfica. Fonte :Elaborado
pelos autores.
Os mapas de amplitude de relevo e densidade de drenagem foram elaborados a partir de
uma grade quadrada com células de 1km2 , desenhada sobre as bases cartográficas (mapa
topográfico e mapa de drenagem). Para cada uma das células foram avaliados os parâmetros
densidade de drenagem e amplitude do relevo. Os resultados foram lançados em planilha do
programa Excel, contendo a localização da célula em coordenadas UTM e os valores dos
atributos morfométricos. Nesta planilha foi calculado também o índice de rugosidade, a partir
dos valores da amplitude e densidade de drenagem. A distribuição espacial dos parâmetros
morfométricos foi analisada a partir de mapas de isolinhas gerados no programa Surfer 8. O
mapa hipsométrico foi gerado a partir do mapa topográfico, colorindo os intervalos
altimétricos.
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O trabalho de compartimentação do relevo foi enriquecido a partir dos mapas geológicos
em escala 1/100.000 de Araújo (1994) e Radaelli (1994), compilados por Lacerda (2005), e
mapa de solos ao milionésimo de Novaes et al. (1983).
Resultados e Discussão
Na apresentação dos resultados serão descritos cada um dos atributos morfométricos,
concluindo com sua integração e compartimentação do relevo.
Altimetria
Na área estudada as altitudes variam entre 880 e 1.120 metros e a maior parte da área tem
altitudes superiores a 1.000 metros (Figura 2A). As áreas com altitudes inferiores a 1.000
metros são localizadas e a maior dentre elas está na parte oeste da área. Outras áreas com
altitudes menores do que 1.000 metros ocorrem nos fundos dos vales maiores na parte leste da
área.
Densidade de drenagens
A Figura 2B mostra a distribuição da densidade de drenagens na área, considerando as
células de 1km2 . Os maiores valores, nos intervalos 1,5 a 2,5 km/km2 e >2,5km/km2 , estão na
parte oeste da área onde coincidem com o local onde estão as maiores amplitudes (Figura 2C).
No restante da região os valores são geralmente baixos, inferiores a 1,5 km/km2 e os locais
com valores mais elevados são localizados e descontínuos, localizados na junção das
drenagens.
Amplitude
A distribuição das amplitudes, considerando as células de 1km2 , mostra que predominam
as amplitudes entre 40 e 80m (Figura 2C). Existe uma área com amplitudes maiores, de 80 a
120m e mesmos superiores a 120m, na parte oeste da região estudada. Outras áreas com
amplitudes no intervalo 80 a 120m ocorrem no extremo nordeste e no sul da área, associados
a cabeceiras de drenagem.
Índice de Rugosidade
A distribuição deste parâmetro mostra também claramente a existência de uma faixa com
alto índice de rugosidade na parte oeste da área, em forma de arco, coincidindo com o local
onde é feita a transição das altitudes superiores a 1.000m, a leste, e inferiores a 1.000m a oeste
(Figura 2D). Na parte centro- leste da área predominam índices de rugosidade baixos, em
altitudes elevadas, geralmente superiores a 1.000m enquanto que na parte oeste a rugosidade
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também é pouco pronunciada, porém as altitudes são baixas, inferiores a 1.000m. O mapa de
índice de rugosidade fornece a base para a compartimentação do relevo, apresentada a seguir.
Figura 2: Mapa hipsométrico (2A), mapa de densidade de drenagem (2B), mapa de amplitude
de relevo (2C) e mapa de índice de rugosidade do relevo (2D). Fonte: Elaborado pelos autores.
Compartimentação do Relevo
Foram individualizados três compartimentos que, de oeste para leste, foram denominados
Colinas de Topos Convexos, Morros e Colinas de Topos Planos (Figura 3).
As Colinas de Topos Planos ocupam a maior parte da área, com relevo pouco dissecado, de
amplitudes inferiores a 80m e densidade de drenagens menores do que 1,5 km/km2 , com os
topos planos ocorrendo acima da cota 1.080m. O substrato geológico é representado por
rochas metamórficas do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu e por Coberturas DetritoLateríticas do Terciário-Quaternário (Radaelli, 1994; Araújo, 1994), estas últimas associadas
5
ao topos planos. Nas Colinas de Topos Planos predominam os latossolos, segundo a
cartografia de Novaes et al. (1983).
Figura 3: Mapa de formas de relevo do sítio urbano de Anápolis. Fonte: Elaborado pelos
autores.
A região denominada aqui de Morros está situada na porção oeste da área. É intensamente
dissecada para os padrões da região, o que se traduz nas altas densidades de drenagem e altas
amplitudes que, combinadas, aparecem como uma faixa com alto índice de rugosidade. As
amplitudes são superiores a 80m, as densidades de drenagem são maiores do que 1,5 km/km2
e a altimetria está entre 920 e 1.040m. O substrato geológico deste compartimento é
constituído pelas rochas do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu (Radaelli, 1994; Araújo,
1994) e os solos são representados por podzólicos (Novaes et al. 1983).
As Colinas de Topos Convexos caracterizam-se pelas: altitudes relativamente baixas,
inferiores a 960m; amplitudes baixas, menores do que 80m; e densidades de drenagem baixas
inferiores a 1,5 km/km2 . Nesta área afloram rochas do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu
(Radaelli, 1994; Araújo, 1994) e os solos são constituídos por latossolos (Novaes et al. 1983).
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Conclusões
A utilização de índices morfométricos como densidade de drenagem, amplitude do relevo e
índice de rugosidade permitiu individualizar três compartimentos, denominados Colinas de
Topos Planos, Morros e Colinas de Topos Convexos. As áreas caracterizadas como Colinas
têm baixos índices de dissecação nos planos horizontal e vertical. A área caracterizada como
Morros é extremamente dissecada para os padrões da região e representa a transição entre
Colinas de Topos Planos, situadas em altitudes superiores a 1.000m e Colinas de Topos
Convexos situadas em cotas de 960m.
Referências
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CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia 2a ed.. São Paulo: Ed. Edgard Blücher Ltda, 1974,
188p.
GUERRA, A. J. T. e GUERRA A. J. T. F. Dicionário geológico-geomorfológico. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
JATOBÁ, L. e LINS, R. C. Introdução à geomorfologia. Recife: Bagaço, 1998. 149p.
LACERDA, H. Mapeamento geomorfológico como subsídio ao controle preventivo da erosão
em Anápolis-GO. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA,
11, 2005, Florianópolis. Anais...São Paulo: ABGE, disco compacto, 2005, p. 679-692.
MOREIRA, C. V. R. e PIRES NETO, A. G. Clima e Relevo. In: OLIVEIRA, A. M. S. &
BRITO, S. N. A (Org.). Geologia de Engenharia. São Paulo: ABGE, 1998, p. 69-85.
NOVAES, A. S. S. et al. Pedologia. In: MME/SG/Projeto RadamBrasil. Levantamento de
recursos naturais v. 31, Projeto RadamBrasil. Rio de Janeiro: MME/SG/Projeto
RadamBrasil, 1983, p. 413-576.
RADAELLI, V. A. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil – FOLHA SE.22X-B-II, ANÁPOLIS. Brasília: DNPM, 1994, 113 p.
ROSS, J. L. S. e FIERZ, M. S. M. Algumas Técnicas de Pesquisa em Geomorfologia. In:
VENTURI, L. A. B. (Org). Praticando Geografia: Técnicas de campo e de laboratório. São
Paulo: Oficina de textos, 2005, p. 69-84.
SGE. Mapa topográfico 1/100.000, Folha SE.22-X-B-II, Anápolis. SGE - Serviço Geográfico
do Exército, Brasília, 1970a.
SGE. Mapa topográfico 1/100.000, Folha SE.22-X-B-I, Nerópolis. SGE - Serviço Geográfico
do Exército, Brasília, 1970b.
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