CIRCUITOMATOGROSSO PANORAMA PG 3 CUIABÁ, 18 DE DEZEMBRO DE 2014 A JANEIRO DE 2015 www.circuitomt.com.br ENVELHECIMENTO MASCULINO Andropausa começa a partir dos 30 Só para constar, este distúrbio causa irritabilidade, mau humor e perda da libido nos homens, mas há tratamento que melhora os sintomas e a qualidade de vida Beatriz Saturnino O maior fantasma masculino ainda é a impotência sexual. Mas poucos sabem que ela está diretamente relacionada ao nível de testosterona liberado pela andropausa e que pode desencadear outras doenças tais como as cardíacas, com infarto agudo do miocárdio, além de osteoporose, com fratura espontânea de ossos, e câncer de próstata. A partir dos 30 anos de idade o homem já pode se preocupar em fazer a prevenção ou buscar informações com um médico especialista em urologia a respeito deste Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM). Este distúrbio causa irritabilidade, mau humor e perda da libido nos homens, mas há tratamento que melhora os sintomas e a qualidade de vida, desde que a mesma seja readequada com novos hábitos alimentares e exercícios físicos. “Infelizmente, não se esclarecer com o médico faz parte da cultura masculina latina e inclusive impacta na qualidade e expectativa de vida dos homens, que morrem mais cedo por doenças curáveis ou tratáveis se fossem diagnosticadas em estágios mais precoces”, alerta Fábio Liberali Weissheimer, especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica, que atua no Hospital Geral Universitário (HGU), de Cuiabá. Com o envelhecimento, 20% a 30% dos homens apresentam queda dos níveis de testosterona causando repercussão clínica, caracterizando o DAEM, nome da atualidade, conforme explica José Alberto Alves, médico e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde é coordenador do Serviço de Urologia (sistema urinário). De modo diferente das mulheres, os homens não Saiba como conviver com a andropausa Como controlar ou combater os sintomas da andropausa e ter uma vida melhor? Hábitos de vida saudáveis podem sim controlar ou postergar o surgimento da andropausa, como manutenção do peso, prática de esportes, moderação no álcool e parar de fumar. Ou seja, nada de drogas ilícitas e vida desregrada de modo geral. Diferente da menopausa, que geralmente ocorre em mulheres entre 45 e 55 anos, a “transição” dos homens pode ser bem mais gradual e se estende por décadas. Atitudes, estresse psicológico, álcool, acidentes, cirurgias, medicação, obesidade e infecções podem desencadeá-la. Os calores, ou fogachos, sintomas muito comuns em mulheres, são raros em homens, de maneira geral os sintomas de andropausa são insidiosos e sutis. Tem vários fatores que podem gerar ganho de peso, entre eles a andropausa, mas deve ser avaliado com cautela e em conjunto com um médico. Visitas periódicas ao urologista, endocrinologista e nutrólogo podem diagnosticar e tratar este distúrbio. Porém, os homens de maneira geral, diferentemente das mulheres, não costumam ir ao médico para fazer prevenção ou buscar informações. O diagnóstico é realizado por meio da consulta médica: que visa realizar exames de sangue, para dosar os hormônios, densitometria óssea para estudo da massa óssea. Exame urológico completo para identificar doenças da próstata, entre outros. têm um sintoma específico como a interrupção da menstruação para marcar a transição. Então, como acontece? O médico urologista observa que nesta fase os homens podem apresentar não somente a disfunção erétil (impotência), mas também sinais e sintomas que vão da perda de massa muscular, osteoporose, alterações do humor, sonolência, diminuição do desejo sexual (libido), elevação do colesterol e aumento da gordura visceral, ou seja, a indesejável barriga (obesidade). Existe ainda a diminuição da memória, além da depressão que é mais frequente. O medo sobre qualquer tratamento está diretamente relacionado ao desconhecimento da doença, das possibilidades de cura, ou do mal que o indivíduo está enfrentando. À medida que há conhecimento, compreensão e confiança do paciente no médico que está atendendo, o diálogo médico-paciente torna-se mais fácil e o medo tende a ser dissipado. Alguns exames auxiliam a verificação da andropausa, tais como o de sangue para verificar o índice de testosterona, espermograma para verificar a produção dos espermatozoides, exame de toque, densitometria óssea e ecografia da próstata e abdômen.A reposição hormonal somente deve ser feita com um acompanhamento médico e administrada por meio de comprimidos via oral, adesivos para pele ou injeção intramuscular. Com isso o homem terá um retardo na osteoporose, um melhor desempenho sexual, melhora dos distúrbios neurológicos e, consequentemente, melhora na sua qualidade de vida como um todo. A reposição é contraindicada para pacientes portadores ou com suspeita de carcinoma na próstata, câncer de mama, hiperplasia benigna da próstata e problemas hepáticos. Testosterona é o termômetro da virilidade A voz grossa, a barba, os pelos, a musculatura, o pomo de adão (o gogó) e a capacidade reprodutiva são características associadas ao homem devido à testosterona. É natural a queda dos hormônios sexuais de homens e mulheres com o tempo. E, quanto à testosterona, na maioria dos laboratórios a variável normal está entre 300ng/dl a 1.000ng/dl, às vezes 1.200ng/dl. A produção insuficiente de testosterona no período fetal dá lugar ao crescimento inadequado dos órgãos sexuais (como micropênis ou pênis ausente) e, em alguns casos, ocorre o desenvolvimento do fenótipo feminino, embora o feto seja geneticamente masculino (XY). Já a andropausa, que é o conjunto de sinais e sintomas associados à diminuição dos níveis de hormônio masculino, chamado testosterona, é uma analogia ao termo menopausa, que ocorre nas mulheres por deficiência dos hormônios femininos, estrogênio e progesterona. Mas os sinais e sintomas são, em sua maioria, totalmente diferentes. José Alberto Alves afirma que em todos os casos de deficiência hormonal que está causando alterações clinicas e comprometendo a qualidade de vida é necessária a reposição. “Porém, é relevante observar que essa reposição deve ser criteriosa porque pode ser acompanhada de efeitos colaterais sérios como a precipitação de um câncer que estava indolente, adormecido que em condições normais iria aparecer aos 80 anos de idade, mas com a reposição hormonal antecipou para os 50, 60 anos de idade”, alerta. Por isso, a reposição hormonal masculina tem sido muito discutida nos meios médicos e científicos e ainda não há uma fórmula acabada para a reposição.