1 universidade federal da paraíba centro de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO
RODRIGO SOUSA E GOMES LESKE
ESTUDO DA VIABILIDADE MERCADOLÓGICA DE IMPLEMENTAÇÃO DO
PROJETO MAG MULTICULTURAL NO MAG SHOPPING NA CIDADE DE JOAO
PESSOA – PB.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ÁREA: ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
João Pessoa - PB
Junho, 2010.
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RODRIGO SOUSA E GOMES LESKE
ESTUDO DA VIABILIDADE MERCADOLÓGICA DE IMPLEMENTAÇÃO DO
PROJETO MAG MULTICULTURAL NO MAG SHOPPING NA CIDADE DE JOAO
PESSOA – PB.
Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à
Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado
em Administração, do Curso de Graduação em
Administração, do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em
cumprimento às Exigências para a obtenção do Grau
de Bacharel em Administração.
Orientadora: Profª. Márcia da Silva Costa, Doutora.
João Pessoa – PB
Junho, 2010.
3
Á Professora Orientadora Dr. Márcia da Silva Costa,
Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Rodrigo
Sousa e Gomes Leske.
João Pessoa, _____ de junho de 2010.
_________________________________
Prof. Fabio Walter
Coordenador do SESA
Parecer da Professora Orientadora:
___________________________________________________________________________
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RODRIGO SOUSA E GOMES LESKE
ESTUDO DA VIABILIDADE MERCADOLÓGICA DE IMPLEMENTAÇÃO DO
PROJETO MAG MULTICULTURAL NO MAG SHOPPING NA CIDADE DE JOAO
PESSOA – PB.
Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em: _____ de junho de 2010.
Banca Examinadora:
_____________________________________
Profª Doutora. Márcia Costa.
(Profª. Orientadora)
_____ _____________________________________
Examinador I – DA - CCSA
_________________________________________
Examinador II – DA - CCSA
5
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos aqueles que direta ou indiretamente me apoiaram, incentivaram
e torceram pelo meu crescimento pessoal, profissional e acadêmico.
A estes, minha eterna gratidão.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que guia e ilumina o meu caminho.
A todos os professores do curso de Administração da UFPB, que transmitiram seus
ensinamentos me conduzindo ao desenvolvimento pessoal.
Agradeço aos meus colegas de curso, pela amizade e companheirismo
7
Uma organização que visa o lucro é, não apenas falsa, mas também
irrelevante. O lucro não é a causa da empresa, mas sua validação. Se
quisermos saber o que é uma empresa, devemos partir de sua
finalidade, que será encontrada fora da própria empresa. Essa
finalidade é: criar um cliente.
(Peter Drucker)
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LESKE, Rodrigo Sousa E Gomes. Estudo da Viabilidade Mercadológica de
Implementação do Projeto MAG Multicultural no MAG Shopping na Cidade De João
Pessoa – PB. João Pessoa, 2010. Originalmente apresentado como trabalho de conclusão de curso,
Universidade Federal da Paraíba, 2010.
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso avaliou a importância e a viabilidade da
incorporação do segmento cultural nas empresas comerciais que buscam diferenciar-se no
mercado. O estudo teve como objeto o caso do MAG Shopping. Analisou-se a possibilidade
de implementação de um ambiente multicultural, com o intuito de diversificar seus
investimentos em marketing, atrair um público maior e consciente, e ainda aumentar sua
relação com a comunidade e transformando-o em sinônimo de cultura na cidade de João
Pessoa – PB. Através da realização da pesquisa pode-se considerar que as empresas vêm
percebendo o potencial da cultura em termos de ganho de imagem e credibilidade perante a
comunidade em que atuam ou estão inseridas. Com isso, a implementação do projeto
multicultural no MAG Shopping torna-se viável, tendo em vista que a amostra pesquisada
constitui-se em potenciais patrocinadores e/ou financiadores de tal iniciativa. João Pessoa,
apesar de sua vocação para o turismo citada em vários meios de comunicação da cidade,
carece de estrutura turística. Portanto o projeto MULTICULTURAL pode ser bem aceito pela
comunidade, assim como também pelos turistas. Trazendo mais opções para o entretenimento
durante o verão.
Palavras – chave: Marketing Cultural. Cultura. Incentivos Fiscais.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE FIGURAS
21
Figura 1 – Cinco Esferas do Sistema
Figura 2 – Forças que Moldam a Concorrência
24
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico-1 Visão da Empresa acerca do Papel da Cultura para o Marketing
33
Gráfico- 2 Ação Social Realizada pela Empresa
34
Gráfico- 3 Percepção das Empresas Acerca dos Programas de Incentivos Fiscal
35
Gráfico- 4 Área de Opção Escolhida para Incentivo Fiscal
35
Gráfico- 5 Realização de Dedução para Doação/Patrocínio a Projetos Culturais
36
Gráfico- 6 Uso de Leis de Incentivo a Cultura
37
Gráfico- 7 Média de Utilização das Leis de Incentivo
37
Gráfico- 8 Motivo Principal de Não Utilizar o Incentivo
37
Gráfico- 9 Motivos que Dificultam ou Impedem o Desenvolvimento de Ações Sociais
38
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
11
1.1 Delimitação do tema e formulação do Problema de Pesquisa
1.2 Justificativa
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
1.3.2 Objetivos Específicos
12
13
15
15
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
16
2.1 Cultura
2.2 Marketing Cultural
2.3 O Mecenato e o Marketing Cultural
2.4 Leis de Incentivo e Marketing Cultural
16
21
26
27
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
30
30
3.1 Tipo de Pesquisa
3.2 População e Amostra
3.3 Coleta de Dados e Instrumentos de Pesquisa
3.4 Análise e Tratamento dos Dados
30
31
31
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
32
4.1 Visão da Empresa acerca do Papel da Cultura para o Marketing
4.2 Ação Social Realizada pela Empresa
4.3 Percepção das Empresas Acerca dos Programas de Incentivos Fiscal
4.4 Área de Opção Escolhida para Incentivo Fiscal
4.5 Realização de Dedução para Doação/Patrocínio a Projetos Culturais
4.6 Uso de Leis de Incentivo a Cultura
4.7 Média de Utilização das Leis de Incentivo
4.8 Motivo Principal de Não Utilizar o Incentivo
4.9 Motivos que Dificultam ou Impedem o Desenvolvimento de Ações Sociais
32
33
34
34
35
36
36
37
38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
39
5.1 Considerações
5.2 Limitações do estudo
40
40
REFERÊNCIAS
41
APÊNDICE
43
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Delimitação do Tema e Questão Problemática
O estudo monográfico em questão foi elaborado visando explanar sobre o marketing
cultural e as leis de incentivos fiscais. O segmento cultural tem se destacado economicamente
devido sua grande movimentação, que de acordo com dados do Banco Mundial, corresponde
à proporção de 7% do PIB mundial. Nos EUA, esse segmento é responsável por 7,7% do PIB
e emprega 4% da força de trabalho, além de ser um dos principais itens de exportação do país.
Na Inglaterra os investimentos culturais correspondem a 8,2% do PIB, para valores de 2004, e
empregam 6,4% da força de trabalho. Essa atividade cresce 8% ao ano desde 1997 naquele
país. (PORTA, 2004)
No Brasil, o estudo “Diagnóstico dos Investimentos na Cultura no Brasil”,
desenvolvido pela Fundação João Pinheiro, encomendado pelo Ministério da Cultura mostra a
primeira luz sobre o real valor da produção cultural brasileira. Em 1997, foram movimentados
cerca de R$ 6,5 milhões, representando apenas 0,8% do PIB Brasil (PIB de 1994). Desta
forma, observa-se uma movimentação muito aquém dos países supra citados, porém uma boa
oportunidade de crescimento. (TEIXEIRA, 2008, p. 129)
Considerando, pois, o potencial de crescimento cultural no país, este trabalho pretende
avaliar a importância e a viabilidade da incorporação do segmento cultural nas empresas
comerciais que buscam diferenciar-se no mercado, focando estrategicamente o marketing
cultural como uma ferramenta que pode trabalhar a imagem da empresa perante a comunidade
por ela abrangida, o marketing cultural tem por finalidade atrair um maior interesse dessa
comunidade pelas atividades comerciais por ela desenvolvidas.
Segundo Reis (2003), nos últimos anos, observa-se um aumento da preocupação das
empresas com o papel que ocupam na sociedade. Muitas empresas já despertaram para o fato
de que alianças entre projetos de marketing cultural, se aliadas à promoção do
desenvolvimento social, geram benefícios que “funcionam como mola propulsora de um
círculo virtuoso.” Projetos sociais relacionados aos setores educacional, esportivo, ecológico,
científico e cultural são os mais procurados, baseados no espírito de responsabilidade social e
no verdadeiro envolvimento do setor empresarial com a comunidade.
Na mesma linha de argumentação, uma pesquisa desenvolvida pela revista Research in
Corporate Social Performance and Policy em 1990, com empresas americanas, observou uma
maior lucratividade em empresas que possuem desempenho social satisfatório. A conclusão
12
foi que “doações são um investimento, embora de um tipo diferente dos outros que a
empresa faz usualmente. E, como um investimento, devem ser tratadas com a mesma filosofia
e planejamento das outras estratégias da empresa.” (REIS, 2003, p. 35)
Adicionalmente, acredita-se ser possível contribuir com o desenvolvimento cultural da
comunidade. Assim, faz sentido se pensar em uma estratégia de implementação, mesmo que
os resultados tenham período maior de maturação. Como afirmado por Oliveira (2008), o
marketing cultural deve fazer parte de uma política de longo prazo da empresa, por não haver
solução ou intervenção onde a resultante é imediata. Nesse sentido, a imagem da empresa a
lapidada por um conceito cultural, passa pela promoção de uma maior entre o empresariado e
o setor cultural da sociedade de consumidores conscientes (REIS, 2003).
Este trabalho tem como objetivo estudar a viabilidade da implementação de um
projeto de marketing cultural no MAG Shopping.
O MAG Shopping, anteriormente
conhecido como Hotel Manaíra, foi inaugurado em 1999. Com localização privilegiada à
beira mar em Manaíra, local onde trafegam em torno de 30.000 veículos/dia, o
empreendimento está sendo submetido a uma segunda ampliação nesses 10 anos de
existência. Imbuído do contexto de shopping center e passando por uma grande redução em
seu fluxo de pessoas no interior do shopping , surgiu a necessidade de ampliação e mudança
do conceito de shopping de serviços, para o de shopping cultural.
O estudo visa, portanto, analisar a possibilidade de implementação de um ambiente
multicultural, com o intuito de diversificar os investimentos do shopping em marketing e
atrair um público maior e consciente. Com essa mudança estratégica, o MAG Shopping
pretende fortalecer sua relação com a comunidade e transformando-se em sinônimo de cultura
na cidade de João Pessoa – PB.
Visando nortear o estudo, elaborou-se a seguinte questão problemática: Qual a
viabilidade de implementação do projeto MAG Multicultural no MAG Shopping
enquanto estratégia de marketing cultural?
13
1.2 Justificativa
A Economia da Cultura é hoje o setor de maior dinamismo na economia mundial e
tem registrado crescimento de 6,3% ao ano, enquanto o conjunto da economia cresce a 5,7%.
Por sua vez, a Economia da Cultura integra o segmento de serviços e lazer, cuja projeção de
crescimento é superior à de qualquer outro, estima-se que cresça 10% ao ano na próxima
década. Esse potencial de crescimento é bastante elástico, pois o setor depende pouco de
recursos esgotáveis, já que seu insumo básico é a criação artística ou intelectual e a inovação
(PORTA 2004).
Atuam no país 320 mil empresas voltadas à produção cultural, que geram 1,6 milhão
de empregos formais. Ou seja, as empresas da cultura representam 5,7% do total de empresas
no país e são responsáveis por 4% dos postos de trabalho (PORTA, 2004). É pouco se
considerarmos que o Brasil possui um mercado interno consumidor expressivo, onde a
produção cultural nacional tem ampla primazia sobre a estrangeira. A música e o conteúdo de
TV são exemplos robustos, em que o predomínio chega a 80% (PORTA 2004).
De olho nesse potencial expansivo, fomentado pelo crescimento do turismo na capital
paraibana e buscando alavancar suas vendas, o MAG Shopping aprovou o projeto
MULTICULTURAL, criado pela empresa PLURAL de João Pessoa. Este projeto tem como
principal objetivo atrair consumidores para utilização dos serviços disponibilizados pelo
shopping em questão, durante o final/início do ano. Nesse período, que vai de novembro a
fevereiro, se iniciam as férias, e assim, além da população local há também muitos turistas na
cidade1.
João Pessoa, apesar de sua vocação para o turismo, citada em vários meios de
comunicação da cidade, carece de estrutura turística. Portanto, o projeto MULTICULTURAL
poderia ser bem aceito pela comunidade, assim como, também pelos turistas. Trazendo mais
opções para o entretenimento durante o verão.
Com o intuito de ampliar ainda mais as atratividades do shopping, à administração do
MAG tem buscado estabelecer parceiras com um maior número de empresas de renome,
ampliando, também, o seu espaço em termos de novas instalações. A redução do fluxo do
shopping nos últimos anos influenciou a introdução de várias mudanças, mas apenas a
ampliação do shopping (iniciada em março de 2008) e de seus serviços não foi suficiente para
1
O turismo se destaca cada vez mais como uma ótima forma de melhorar a economia de muitas cidades.
De acordo com estatísticas do IBGE no Brasil, as atividades características do turismo tiveram crescimento de
90% durante o período compreendido de 2000 a 2005.
14
impulsionar as vendas. A administração, juntamente com o setor de marketing, foi buscar
no mercado projetos de atratividade. O melhor projeto do ponto de vista cultural foi exposto
pela empresa Plural de João Pessoa – PB. Esse projeto, além buscar o aumento do fluxo,
também tem por objetivo lançar uma nova “roupagem”, transformando a imagem do
shopping, tornando-o um „shopping cultural‟ de João Pessoa.
Para que o projeto se torne viável, espera-se contar com o apoio governamental, a
exemplo de parcerias já realizadas, como o caso da Prefeitura Municipal, com o PROJETO
SEIS E MEIA, que funciona na FUNESC, com atrações nacionais todas as três primeiras
quartas-feiras do mês. Existe também o ESTAÇÃO NORDESTE, em funcionamento durante
o verão, trazendo atrações de nível nacional, cujas apresentações são espalhadas pelos bairros
da cidade, fórmula esta que já funciona em Salvador – BA. Frisa-se que o apoio
governamental também pode ser efetuado através de leis de incentivo fiscal, no caso em
questão, espera-se apoio através da Lei Rouanet.
As afirmações expostas anteriormente enfatizam a relevância deste estudo, tendo em
vista que ações voltadas para marketing cultural e leis de responsabilidade fiscal são
essenciais para as organizações que almejam manter-se competitivas no mercado, aumentar
sua cartela de clientes e contribuir socialmente através de investimento em projetos culturais.
Em nível acadêmico tal estudo também é de suma importância, uma vez que são
poucas as pesquisas e estudos acerca do marketing cultural e do uso de lei de incentivos
fiscais, sendo estas, áreas relativamente novas no âmbito da Administração.
15
1.3 Objetivos
Visando nortear o presente estudo, foram elencados os seguintes objetivos geral e
específicos.
1.3.1 Objetivo Geral
Conhecer o interesse na utilização do marketing cultural e incentivo fiscal à cultura de
empresas da cidade de João Pessoa-PB, de forma a estudar a viabilidade da implementação de
um projeto multicultural no MAG Shopping.
1.3.2 Objetivos Específicos
 Investigar a importância do marketing cultural e as políticas públicas de incentivo a cultura;
 Investigar o conhecimento das empresas de João Pessoa a respeito de leis de incentivo a
cultura;
 Identificar o interesse das empresas de João Pessoa em programas de marketing cultural;
 Discutir a viabilidade da implementação de um programa cultural no MAG Shopping.
O presente trabalho de conclusão de curso está assim estruturado, além da introdução
aqui já apresentada: o capítulo 2 discute a fundamentação teórica, buscando reunir
considerações acerca dos conceitos de cultura e de sua junção na construção do conceito de
marketing cultural. O capítulo 3 apresenta os recursos metodológicos, o 4 traz a análise e
discussão dos resultados, interpretação dos dados colhidos durante a pesquisa; e , finalmente o
capítulo 5 traz as considerações finais.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O capítulo seguinte foi elaborado buscando dar embasamento teórico ao trabalho,
utilizando estudos dos mais importantes pesquisadores sobre marketing cultural e incentivos
fiscais.
2.1 Cultura
Johann Gottfried Herder, segundo Scruton (1998), definiu cultura como “o sangue
vital de um povo, a corrente de energia moral que mantém a sociedade intacta”. Já Civilização
é o desenvolvimento técnico da cultura. Portanto as nações podem apreender entre si através
do desenvolvimento de cada uma, mas sempre se diferenciaram em sua cultura, de modo que
a cultura define a o que elas são.
Em sua análise Scruton (1998) acrescenta:
“Schelling, Fichte, Hegel, Holderlin, concebem a cultura no sentido de Herder, como
a essência que define uma nação, uma força espiritual comum que se manifesta em
todos os costumes, crenças e práticas de um povo. A cultura, sustenta, molda a
língua, a arte, a religião e a história e deixa a sua marca no menor dos eventos.
Nenhum membro da sociedade, por pouca formação que tenha está dela arredado,
pois cultura e pertença social são a mesma ideia.”
Segundo o dicionário Aurélio (1994), cultura vem relacionada a cultivo, no sentido de
criação e desenvolvimento de algo. Manet (1984, p.3 Apud Da Silva 2005) concorda e
acrescenta que a cultura é informação, conhecimento e exercício de valores sociais
dominantes ou desejáveis, os hábitos e as normas há muito tempo e por muitos praticada que
identificam o modo de vida de uma comunidade.
Malagodi e Cesnik (1999, p.19 Apud Da Silva 2005), argumentam que cultura por ser
desenvolvida e apreendida em coletividade tem uma característica dinâmica, ou seja,
encontra-se em constante transformação inovando-se e renovando-se com o passar do tempo.
Coelho (1989, p. 26 Apud Da Silva 2005) defende que cultura é o que leva e/ou
impulsiona o homem ou uma comunidade, sendo as diferenças, a energia de criação ou
preservação de culturas especificas. Entretanto, o domínio é o fator de união das diferenças.
“Quando numa sociedade predomina o comum, a cultura e as diferenças se extinguirão”.
Neste trabalho será dada ênfase a criação/desenvolvimento cultural a partir de uma
economia cultural desenvolvida por interessados em marketing cultural, que se apóiam no
17
estado e na iniciativa privada, como fomentadores da cultura, através de leis de incentivo a
cultura, como a Lei Rouanet, Lei do Audiovisual entre outras.
O texto da Constituição Federal Brasileira artigo 216, revela o que abrange ou é
cultura no Brasil:
“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I –
as formas de expressão; II- os modos de criar, fazer e viver; III- as criações científicas,
artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura),
foi fundada em 1945 com o objetivo de contribuir para a paz e segurança no mundo mediante
a educação, a ciência, a cultura e as comunicações. A organização define cultura da seguinte
forma:
[...] à criação, produção, e comercialização de conteúdos que são intangíveis e
culturais em sua natureza. Estes conteúdos estão protegidos pelo direito autoral e
podem tomar a forma de bens e serviços. São indústrias em trabalho e conhecimento
e que estimulam a criatividade e incentivam a inovação dos processos de produção e
comercialização (INFORME IBGE, 2004, p. 498).
Reis (2006) argumenta que no Brasil, a responsabilidade pública pela cultura foi
praticamente ignorada até os fins do período colonial. Havendo apenas a importação dos
valores culturais externos, durante a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro.
A carta do período colonial trouxe da França a vida cultural europeizada demonstrando uma
perene rejeição à cultura brasileira, porém a cultura brasileira cresceu e desenvolveu, nas
construções barrocas, gastronômicas e nas criações de mestres como Aleijadinho.
Para Reis (2006), até meados de 1970 inexistia no país uma estrutura administrativa
pública responsável pelo fomento da produção cultural, sendo criada então secretarias
estaduais da cultura. Só em 1985, foi ligado o ministério da cultura, que nasce com o objetivo
de fomentar e difundir a produção cultural no país. Sua missão é, no entanto, definida na
constituição de 1988, onde coube a ele responsabilidade de estado frente à cultura,
assegurando ao cidadão meios de acesso à cultura e o pleno exercício de seus direitos
culturais e incentivando a valorização e a difusão da cultura no país. Conforme expresso no
art. 215 da constituição: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
18
o acesso às fontes da cultura nacional e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais”. (REIS, 2006)
A criação do ministério foi seguida de uma série de leis federais voltadas ao estímulo
da participação da iniciativa privada no setor cultural brasileiro, como a lei Sarney (7.505/86).
Na seqüência dos presidentes veio Collor que rebaixou o ministério da cultura a condição de
secretaria da cultura além de fechar algumas fundações visando redução dos custos. Até que
em 1991 o então secretário de cultura, Sérgio Paulo Rouanet criou a lei de incentivos fiscais
(8.313/1991) que ficou conhecida como Lei Rouanet. O Ministério da Cultura foi recriado
apenas em 1992 com Itamar Franco2. (REIS, 2006)
A Lei Rouanet instituiu o Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), que
canaliza recursos para o desenvolvimento do setor cultural, com as finalidades de: estimular a
produção, a distribuição e o acesso aos produtos culturais (CDs, DVDs, espetáculos musicais,
teatrais, de dança, filmes e outras produções na área Audiovisual, exposições, livros nas áreas
de Ciências Humanas, Artes, jornais, revistas, cursos e oficinas na área cultural, etc); proteger
e conservar o patrimônio histórico e artístico; estimular a difusão da cultura brasileira e a
diversidade regional e étnico-cultural, entre outras. (REIS, 2006)
O PRONAC funciona por meio dos seguintes mecanismos de apoio:
Fundo Nacional de Cultura (FNC) - Com os recursos do FNC o Ministério da
Cultura pode realizar uma série de ações, tais como: concessão de prêmios; apoio para a
realização de intercâmbios culturais e outros programas divulgados por edital; apoio para
propostas que não se enquadram em programas específicos, mas que têm afinidade com as
políticas públicas e relevância para o contexto aonde irão se realizar (demanda espontânea),
entre outras.
Incentivos fiscais - por meio deste mecanismo, titulares de iniciativas que não se
enquadram nos programas do Ministério da Cultura e nas políticas públicas traçadas em
determinado período, mas que têm consistência e relevância para competir no mercado pode
buscar apoio junto a pessoas físicas pagadoras de Imposto de Renda (IR) e empresas
tributadas com base no lucro real, que por sua vez terão benefícios fiscais sobre o valor
incentivado.
Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart) - mecanismo até o momento
não implementado; consiste na comunhão de recursos destinados à aplicação em propostas
2
Este Presidente promulgou a Lei do Audiovisual e reinstaurou várias instituições como o Iphan e Funarte.
19
culturais de cunho comercial, com participação dos investidores nos eventuais lucros.
(MINC, 2010.)
Através de dados coletados no site do ministério da cultura é observado que o fomento
ao desenvolvimento cultural com os incentivos fiscais vem obtendo resultados positivos.
Observa-se um crescimento de 400% na captação de recursos com a lei Rouanet de incentivo
a cultura, durante o período de 1999 a 2008. (MINC, 2010.)
É perceptível, também, uma elevação na quantidade de projetos com captação de
recursos através da lei Rouanet. Onde no período de 1999 a 2008, houve um aumento por
volta de 290%, em projetos incentivados pela lei. (MINC, 2010)
No livro Perfil de Empresas Patrocinadoras do Instituto Cultural Cidade Viva, é
destacado a importância da interação empresa-sociedade não apenas como diferencial
competitivo, mas, como uma questão de sobrevivência da mesma na sociedade. O foco no
cliente passará a ser um item de série, aglutinando-se às características de uma empresa bem
sucedida. Mas a empresa está inserida num meio social, daí o foco também deve ser a
comunidade, com isso ela busca o respeito no meio social.
Ainda no livro Perfil de Empresas Patrocinadoras do Instituto Cultural Cidade Viva,
são expostos os vários tipos de empresários e seus pensamentos com relação ao que
representa a cultura para o meio empresarial (p. 18)
 Patrocinadores de Estrelas agregam o sucesso de seus patrocinados (artistas famosos) a
marca, para que não existam maiores riscos;
 Grande Potencial da Cultura, sendo utilizada como indústria do entretenimento;
 Empresários Culturais do Lucro, estes que compreendem como bom apenas àquilo que se
torna vendável;
 Arte Ameaça, “coisa de desocupado ou fora da realidade”;
 Empresários do Conhecimento, que vêem no patrocínio cultural, ou marketing cultural,
uma alternativa para fixar a imagem de suas empresas, valorizarem suas marcas, vender
mais produtos no mercado e realizar um papel sociocultural importante para o
desenvolvimento do país e para a formação de cidadania.
Traduzido, marketing significa, segundo o dicionário Aurélio (1994), que já contempla
a palavra de origem inglesa, mercadologia. Com mercado, trazendo o entendimento de centro
de comércio e logia como estudo do mesmo.
20
Para Kotler (1994), o marketing consiste em um processo, social e administrativo
por meio do qual as pessoas obtêm aquilo que necessitam e desejam, num processo de criação
e troca de produtos e/ou serviços e valores, com outras pessoas.
Semenik e Bamossy (1995) comenta que, o marketing é o processo que começa no
planejamento indo ate a execução do conceito de preço, comunicação e distribuição de idéias,
bens e serviços, com a finalidade de realizar trocas com o intuito de satisfazer tanto a
objetivos individuais quanto aos organizacionais.
Cobra (1992) destaca que “o objetivo do marketing é identificar necessidades não
satisfeitas, de forma a colocar no mercado produtos ou serviços que, ao mesmo tempo,
proporcionem satisfação dos consumidores, gerem resultados favoráveis aos acionistas e
ajudem a melhorar a qualidade de vida das pessoas e da comunidade em geral.”
Os parágrafos acima discutidos foram introdutórios para a aglutinação dos conceitos
de marketing e cultura, que juntos crescem em significado e se tornam uma ferramenta do
marketing ou uma forma diferente de atingir o mercado, as pessoas, os consumidores.
Reis (2003) mostra em seu livro a evolução do conceito de Marketing Cultural durante
vários anos de debate para sua construção. Foram, ao todo, quatro momentos até chegar ao
seu sentido atual.
O primeiro momento data da Roma Antiga. Entre os séculos 30 a.C. e 10 d.C. Caio
Augustos, então imperador, nomeou Mecenas para desempenhar o papel de ministro. Segundo
Marchetti e Leocadio (2003), iniciou-se então, uma forma não vista até tal data de política de
relacionamento do governo para com a sociedade. A estratégia adotada fora de abarcar um
grande número de artistas e pensadores da época (músicos, pintores, escultores e atores),
pessoas estas que trariam consigo o carisma, imagem bem aceita ou popular para congregar-la
junto do governo, transferindo para o Estado o prestígio dos artistas junto à população
(MARCHETTI; LEOCADIO, 2003).
O segundo momento histórico da construção do conceito para Almeida (1992) surge
no renascimento, século XV, dessa vez voltada a suprir as famílias ricas da época com o
maior número de produções artísticas possíveis.
O terceiro momento, segundo este mesmo autor advém com o grande desenvolvimento
no século XX nos Estados Unidos da América, onde muitas pessoas fizeram grandes fortunas,
mas não tinham prestigio social, e buscaram apoio na cultura/artes como forma de se legitimar
perante a sociedade, trazendo, também, os olhos do mundo para Nova York e dividindo as
atenções artísticas entre EUA e França (Paris).
21
Finalmente no momento atual, o mecenato contemporâneo se apóia em incentivos
fiscais advindos do governo para o fomento da cultura.
2.2 Marketing Cultural
Para a compreensão deste tema é preciso ter o conhecimento a respeito das diversas
esferas envolvidas no processo de marketing cultural. Na Figura 1 é possível observar cinco
esferas atreladas ao sistema, onde a criação de cultura encontra-se no centro, permeada por
órgãos ou instituições fomentadoras. O Estado pode ser o responsável pelo planejamento,
produção e avaliação de projetos culturais, devendo ser o maior interessado na formação de
uma política cultural bem definida para nortear os outros componentes do sistema. Tais
projetos podem ser executados de forma direta, através de fundações, ou indiretamente, via
apoio privado. O Estado deve ser responsável pela verificação da eficácia da política cultural
previamente adotada (REIS, 2006).
Figura 1 – Cinco Esferas do Sistema
Reis (2006) afirma que os criadores culturais são encontrados na sociedade em geral,
representados por atividades ou festas folclóricas e religiosas ou por profissionais, como os
artistas. As instituições culturais, como os museus, centros culturais, galerias e etc, são
responsáveis por disponibilizar locais para a realização de atividades culturais.
Os intermediários culturais são os que fazem com que a política cultural do Estado ou
de determinada empresa consiga transmitir a mensagem que melhor atenda ao objetivo social
da organização. E temos também a comunidade empresarial que, assim como o Estado,
financia os projetos culturais através de patrocínio aliada à sua estratégia de comunicação.
22
Almeida (1992) destaca o prestígio conferido pela arte a qualquer ação do composto
promocional como sendo o principal diferencial da cultura enquanto ferramenta de
comunicação. Muylaert (1994) define marketing cultural como “o conjunto de recursos de
marketing que permite projetar a imagem de uma empresa ou entidade, através de ações
culturais”.
Já Vaz (1995) traz uma visão operacional quando expõe que o “marketing cultural é o
conjunto de ações de marketing utilizadas no desenvolvimento de um projeto cultural,
aplicadas tanto em relação aos objetivos e critérios que orientam a concessão de fundos
quanto aos procedimentos para arrecadação de recursos”.
Para Gertner e Carnaval (1999), o uso do marketing cultural parece ser adequado tanto
no desenvolvimento de uma relação entre um produto, uma marca ou um serviço e seus
consumidores atuais e futuros, quanto no desenvolvimento de uma relação entre uma empresa
e a comunidade.
Os autores consideram que, o prestígio entrelaçado que a cultura abarcará com seu
patrocínio ao empreendimento, permite trazer à imagem da empresa um contexto cultural do
patrocinado no desenvolvimento de um projeto cultural, de forma que a imagem da empresa
perante a comunidade modifique-se, unindo o prestígio do projeto patrocinado a empresa
patrocinadora.
O projeto cultural tem a capacidade de transportar uma informação de um universo,
que é o do publico que consome aquele produto cultural, para outro universo, que é o público
consumidor do produto ou do serviço da empresa patrocinadora (ALMEIDA, 1992, p. 15-16).
Da Silva (2005, p.07) destaca que os investimentos culturais vêm se tornando um
importante instrumento na geração de posicionamento estratégico. Seus estudos apontaram
que o termo Marketing Cultural é visto como ferramenta de comunicação ou parte da
estratégia de comunicação das empresas, que fazem uso do patrocínio de atividades culturais
com o objetivo principal de geração de imagem positiva da marca.
 Segmentação do Mercado
Para Porter (1980) a segmentação do mercado consiste num processo de análise e
identificação de grupos de clientes com necessidade e preferências homogêneas ou com
algum grau de homogeneidade.
23
Segundo Hooley e Graham (2005) três premissas devem ser atendidas para que
possa existir segmentação. Primeiramente os clientes precisam ser diferentes uns dos outros,
podendo, assim, ser dividido o mercado como um todo. Os segmentos devem ser identificados
através de caracteríticas mensuráveis, podendo assim ser estimado com valores o mercadoalvo. E, por fim, para um melhor resultado, exige que os segmentos sejam isolados no
mercado, auxiliando na confecção de um composto de marketing exclusivo.
Para Piercy e Morgan (Apud Hooley, Graham J. 2005), quatro pontos devem ser
abordados para que se possa estudar e aplicar a segmentação, são eles:
 A metodologia da segmentação de mercado – está relacionado à seleção de variáveis ou de
características dos clientes a serem segmentados, além de procedimentos que devem ser
aplicados.
 Teste de solidez dos segmentos – após a seleção da variável escolhida, faz-se necessário
definir como serão avaliados como mercado-alvo.
 A tomada de decisão estratégica quanto à segmentação – utilizar ou não as características
na formulação da estratégia de segmentação. Observar sua viabilidade.
 Implementação das estratégias de segmentação – ressalta sobre a capacidade da
organização em botar em prática a segmentação.
2.3 O Mecenato e o Marketing Cultural
A participação e apoio do setor privado no fomento à cultura têm sido cada vez mais
significativos, seja através do mecenato e/ou do marketing cultural. É essencial que, antes de
se analisar essa participação, alguns conceitos sejam apresentados.
De acordo com Teixeira Coelho (1999, apud FREITAS, 2006) mecenato é o apoio
econômico, por parte de um indivíduo, de uma organização particular ou do Estado, ao
produtor cultural, de modo genérico, ou à produção de uma obra cultural em particular. Este
financiamento pode ser total ou parcial, apresentando-se na forma de custeio de todas as
necessidades vitais do artista ou produtor cultural ou mostrar-se voltado para a realização de
uma única obra (…). O mecenato não implica necessariamente a aquisição da obra pelo
financiador.
Segundo Freitas (1996, p. 175) no desenvolvimento da história das artes, o papel do
mecenas merece destaque. Grandes artistas, como Vivaldi, Casanova e Michelangelo tiveram
mecenas. Na atualidade, grandes empresas criaram suas fundações com o mesmo propósito.
24
Podem-se citar as Fundações Guggenheim, Getty e Rockefeller, que atuam de maneira mais
ampla, apoiando diversos artistas no mundo. (FREITAS, 1996)
Freitas (1996, p. 176) afirma ainda que “a diferença básica entre o mecenato e a
prática de marketing cultural é a expectativa de retorno, seja financeiro ou apenas de imagem.
Normalmente as empresas investem em marketing cultural por ele oferecer soluções
relativamente baratas para se cumprir as exigências do mercado”.
A autora infere ainda que “o marketing cultural pode se utilizar de diversas ações, não
possuindo uma fórmula pronta. (FREITAS, 1996, p. 175)
No patrocínio de um espetáculo teatral, por exemplo, a empresa pode associá-lo a sua
marca, oferecer amostras de produtos antes do espetáculo (promoção), distribuir
ingressos para seus funcionários (endomarketing), fazer uma apresentação exclusiva
para convidados (marketing de relacionamento), enviar mala-direta aos seus clientes
informando a sua participação no espetáculo (marketing direto), mostrar os artistas
consumindo seus produtos (merchandising), fazer um levantamento de informações
dos consumidores através de pesquisa no local da apresentação do espetáculo
(database marketing), fazer uma publicação sobre o espetáculo (marketing editorial),
realizar uma campanha destacando o seu patrocínio (publicidade), dentre outras ações
possíveis que só dependerão da criatividade e do contrato firmado entre a produção
do espetáculo e a empresa patrocinadora. (FREITAS, 1996, p. 175)
O marketing cultural, assim como o mecenato no Brasil, podem ser praticados através
das Leis de Incentivo à Cultura vigentes nos níveis federal, estadual e municipal. Neste caso,
a empresa patrocinadora será beneficiada através da isenção do pagamento de impostos
devidos, dentro do limite estipulado por cada Lei. (FREITAS, 2006, p. 176)
2.4 Leis de Incentivo e Marketing Cultural
Diante da nova conjuntura de participação com o mercado e com a comunidade em
que se inserem, as organizações passam a investir no setor cultural, onde se verifica o
aumento da movimentação econômica através das novas produções voltadas para propagação
de eventos que promovam a cultura.
Frisa-se que com a criação de leis visando incentivar e estimular a cultura observou-se
um estímulo significativo para que houvesse uma maior aplicação de verbas em projetos de
âmbito cultural, com isso, o marketing cultural se desenvolveu e ganhou visibilidade no
mundo empresarial
Segundo Machado Neto (2002) apud Vaz (1995) é uma variante contemporânea da
milenar interação entre poder e cultura. Brant (2001, p. 40) complementa que “ainda hoje
25
vivemos influenciados por um antigo sistema, em que a arte a ser selecionada e executada
era escolhida por e para monarcas. À luz dessa tradição, a produção cultural pode ser pensada
desde o Império Romano, como instrumento determinante na relação de poder”.
Verifica-se uma percepção acerca do marketing cultural no país, onde se afirma que
este é uma decorrência do processo de pauperização das verbas que são tradicionalmente
destinadas para a cultura, ou seja, as verbas públicas. (VAZ, 1995)
Esta visão enfatiza as dificuldades enfrentadas pela produção cultural brasileira ao
contar exclusivamente com as instâncias governamentais para o fomento à cultura.
Machado Neto (2002, p.14) considera que essa responsabilidade governamental é
transferida para a responsabilidade da iniciativa privada através de isenções fiscais e
marketing cultural.
“... se o Estado em qualquer de suas instâncias (federal, estadual, municipal) ou
formas de controle (administração direta, autárquica, mista ou indireta), um dos
principais, senão o principal responsável pela promoção e difusão culturais, delega
à iniciativa empresarial parte dessa atividade através de mecanismos de renúncia
fiscal (o que corresponde à uma forma de distribuir/priorizar gastos públicos), ou,
se esta iniciativa empresarial viabiliza, financeira e/ou material, manifestação
artístico culturais a título de promoção institucional com recursos próprios, pode-se
afirmar que se estará praticando, efetivamente, marketing cultural, uma vez que
também se estará tornando disponível arte e cultura à sociedade, gratuitamente ou
não, a exemplo das instituições em que a produção cultural seja fim”. (MACHADO
NETO, 2002)
Esse tipo de marketing é cada vez mais vislumbrando e adotado pelas organizações,
cabendo salientar que, sob a ótica da história, este vem sendo utilizado com maior recorrência
por particulares, mas, atualmente, vem sofrendo, além de um incremento de seu uso por parte
dos mesmos, a adesão cada vez mais intensa também de prefeituras. (MACHADO NETO,
2002)
Segundo Fischer (1998, p. 66) o marketing cultural continua crescendo no Brasil, há
multiplicação das leis estaduais e municipais de incentivo de Norte a Sul do país em
diferentes estilos e formatos, mas que, por se tratar de um campo de conhecimento e prática
recente nas empresas brasileiras, ainda não possui uma base teórica consolidada nem dispõe
de bibliografia que auxilie sua adoção e gerenciamento.
“Os incentivos fiscais são soluções criadas pelos governos para estímulos de
determinados setores da economia, de interesse estratégico. A cultura pertence a um destes
setores que têm precisado de estímulo.” (CESNIK, 2002, p. 20).
26
Muitas são as leis no Brasil que abarcam os incentivos fiscais para as empresas. A
seguir elecam-se duas principais leis entre as diversas existentes no País:
 1ª Lei Federal nº 8.313/91 (Lei Rouanet)
Resumidamente, o texto da Lei Rouanet permite deduzir do IRPJ devido no período os
incentivos aos projetos culturais aprovados pelo Ministério da Cultura, com benefícios
diretos:
 Lançar o total investido como Despesa Operacional da empresa.
 O patrocinador tem direito a 25% do produto cultural resultante do projeto.
 2ª Lei Federal nº 8.685/93 (Lei do Audio-visual)
O texto da Lei do Audiovisual permite deduzir do Imposto de Renda (IR) incentivos a
projetos culturais aprovados pelo Ministério da Cultura, seja como pessoa física ou jurídica.
Refere-se aos projetos tanto para a produção de filmes como os destinados à melhoria de
condições das áreas de exibição, distribuição e infraestrutura cinematográfica. Apenas pessoas
jurídicas podem ser proponentes. (CESNIK, 2002)
De acordo com Cesnik (2002) nas leis de incentivo à cultura no Brasil, trabalha-se
com a dinâmica do trinômio: Governo (federal, estadual ou municipal), que aprova projetos;
empresa ou pessoa física proponente (produtor cultural) receptora dos recursos e responsável
perante o Governo pelo projeto - empresa patrocinadora ou investidora (ou pessoa física),
aquela que destina recursos para projetos e tem benefícios fiscais. Não há impedimento para
que um mesmo projeto usufrua concomitantemente de incentivos em qualquer uma das
esferas.
27
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta etapa do trabalho de conclusão de curso, apresentam-se os procedimentos
metodológicos que foram utilizados para o desenvolvimento da pesquisa que tem por objetivo
a analisar a viabilidade da implantação do projeto MULTICULTURAL na cidade de João
Pessoa.
3.1 Tipo de Pesquisa
A pesquisa tem uma abordagem descritivo-exploratória, sendo assim, utilizam-se o
levantamento de dados e a pesquisa de campo como procedimentos. Segundo Gil (2002), as
pesquisas descritivas têm como objetivo principal descrever características de uma
determinada população ou que buscam descobrir a existência de associações entre variáveis.
Por sua vez Lakatos (1991) define a pesquisa exploratória como sendo a formulação
de questões ou problemas que o pesquisador fará visando uma melhor investigação do
ambiente de pesquisa e maior conhecimento acerca do problema apresentado.
Esta pesquisa é descritiva porque pretendeu conhecer o entendimento dos empresários
de lojas em João Pessoa a respeito do conceito de marketing cultural e, com essa informação,
subsidiar a análise da viabilidade da implantação do projeto multicultural no MAG Shopping.
Ela é também exploratória porque investigou e coletou informações primárias sobre o tema
em foco no ambiente e junto aos sujeitos da pesquisa. Realizou-se, assim, uma pesquisa de
campo, que de acordo com Lakatos (1991) é a parte da pesquisa na qual o pesquisador entra
em contato com os entrevistados com a finalidade de obter as observações e colher os dados
necessários para que o estudo seja elaborado com êxito.
3.2 População e Amostra
Segundo Gil (2002), população ou universo é um conjunto de elementos que possuem
uma ou mais características em comum que pode ser finita ou infinita, e amostra é um
subconjunto da população.
A população estudada foi representada pelas organizações que em potencial possam
financiar e/ou patrocinar os eventos culturais no MAG shopping e que possuam lucro real e
interesse.
28
Destaca-se que a escolha das empresas foi determinada pelo acesso as informações
e disponibilidade dos representantes para participar da pesquisa, entretanto, considera-se que a
coleta de informações foi bastante dificultosa, devido a falta de disposição dos entrevistados
para serem entrevistados e transmitir as informações necessárias.
Foram entregues 14 questionários estruturados aos representantes das empresas
visando à consecução da pesquisa de campo.
3.3 Coleta de Dados e os Instrumentos de Pesquisa
A coleta dos dados foi realizada através da aplicação de um questionário e da
realização de entrevistas. O questionário composto por 9 indagações teve por finalidade
levantar informações sobre a percepção das empresas em relação ao marketing cultural e
programas de incentivo fiscal. O mesmo foi respondido pelos 14 representantes (em sua
maioria gerentes) das organizações, estes, ocupam cargos administrativos e de grande
responsabilidade nas empresas pesquisadas, possuindo acesso as informações. A entrevista
teve o propósito de aprofundar questões subjetivas à respeito de marketing cultural e leis de
incentivos fiscal. Ela foi realizada com 14 sujeitos, no período de 21 e 22 de junho de 2010.
3.4 Análise e tratamento dos dados
A pesquisa possui características qualitativas e quantitativas. As informações extraídas
do questionário foram tratadas quantitativamente, por meio de uma estatística descritiva
simples, pois se o propósito da pesquisa é obter informações sobre determinada população,
como no caso desse estudo, é viável usar a análise dos dados feitos de forma quantitativa, e
para avaliar, em que proporção seus membros tem determinada opinião ou característica, ou
com que freqüência certos eventos se associam (ROESCH, 2007).
O tratamento dos dados da pesquisa (qualitativa) foi feito com base na análise do
conteúdo, buscando extrair da falas dos sujeitos os significados das questões centrais da
pesquisa. A análise e interpretação das informações levantadas tomaram por base o referencial
teórico estudado e a própria vivencia do aluno pesquisador, funcionário do MAG Shopping.
29
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O capítulo a ser apresentado foi elaborado visando disponibilizar as informações obtidas
através da pesquisa de campo. Os dados foram coletados com a realização de entrevistas e
entrega dos questionários junto aos 14 representantes das organizações que compuseram a
amostra do estudo.
Abaixo, expõem-se os resultados alcançados, salienta-se que as informações inerentes ao
nome da empresa, porte e regime de tributação não serão apresentadas, visando preservar o
anonimato das organizações pesquisadas. Para efetivação do presente estudo salienta-se que
se utilizaram livros, artigos, dentre outros referenciais teóricos para embasar o presente
trabalho de conclusão de curso.
4.1 Visão da Empresa acerca do Papel da Cultura para o Marketing
Na primeira questão do instrumento de pesquisa, buscou-se identificar junto aos
representantes das 14 empresas, qual a percepção destes, no que diz respeito ao papel da
cultura relacionada ao marketing.
Assim, através dos dados obtidos pode-se considerar que, dos 14 respondentes, 4
destes afirmaram que “a cultura é um eficiente canal de comunicação (informa os valores da
missão, visão e objetivos da organização)”; outros 3 entrevistados consideraram que “a
cultura é um eficaz canal de comunicação (investir nela faz aumentar o faturamento da
empresa)”, 7 respondentes apontaram que “investir em cultura influencia decisivamente o
público-alvo no consumos dos serviços”, a última alternativa não foi mencionada. Abaixo,
apresenta-se o gráfico 1 ilustrando os valores obtidos.
30
Visão da Empresa acerca do Papel da Cultura para o
Marketing
A cultura é um eficiente
canal de comunicação
0%
28%
50%
Investir em cultura faz
aumentar o faturamento
Investir em cultura influencia
o público-alvo no consumo
dos serviços
22%
A cidade possui um
mercado cultural
suficientemente desenvolvido
Gráfico 1 – Percepção acerca da cultura e do marketing
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Infere-se que durante as entrevistas os representantes consideraram que: no que diz
respeito ao papel da cultura relacionada ao makreting, investir em cultura pode influenciar
decisivamente o público-alvo no consumo dos serviços, 7 dos entrevistas possuem esta
percepção.
Fischer (1998, p.68), infere que o marketing cultural é o conjunto de ações
promocionais baseadas em eventos, atividades culturais ou produtos artísticos com o intuito
de criar, desenvolver ou reforçar uma imagem favorável à organização que as patrocinam,
uma vez reforçada esta imagem e marca, pode-se influenciar o público- alvo a consumir mais
produtos ou serviços.
4.2 Ação Social Realizada pela Empresa
A segunda questão teve por objetivo identificar se as empresas pesquisadas
desenvolvem alguma ação social. Das 14 organizações pesquisadas, 8 destas realizam ações
de cunho socil, as demais 6 não realizam. O gráfico 2 expõe os dados encontrados durante a
pesquisa de campo.
31
Ação Social Realizada pela Empresa
42%
Sim
58%
Não
Gráfico 2 – Ações Sociais realizadas pelas Empresas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Quando a empresa se preocupa com as questões ambientais e de cunho social preocupações evidentemente éticas - aumentam suas chances de sobrevivência, pois a
sociedade desenvolve uma imagem positiva em relação a esse tipo de organização. (Karkotli,
2004).
4.3 Percepção das Empresas Acerca dos Programas de Incentivos Fiscais
A terceira questão focou a percepção dos representantes da empresas no que diz
respeito aos programas de incentivos fiscais, por unanimidade, verificou-se que todos os
entrevistados são a favor de tais programas. O terceiro gráfico apresenta os valores.
Percepção das Empresas Acerca dos Programas de
Incentivos Fiscais
0%
Sim
Não
100%
Gráfico 3 – Percepção acerca dos Programas de Incentivo Fiscal.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
32
Em relação a esta questão, cita a a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991 - Lei
Rouanet - que dispõe sobre o Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC, sendo
editada para incentivar os seguimentos artístico-culturais.
4.4 Área de Opção Escolhida para Incentivo Fiscal
Em continuidade a elaboração do presente capítulo, formulou-se uma questão visando
identificar qual das áreas de incentivo fiscal as empresas pesquisadas optam ou optariam.
Dentre a amostra formada por 14 empresas, 7 entrevistados afirmaram optar pela área de
incentivo cultural, 4 respondentes optaram pelo incentivo social e 3 optaram incentivo
esportivo. Salienta-se que a maioria escolheu a área de incentivo cultural por entender que
está abrange os demais segmentos sugeridos. Em seguida, apresenta-se o gráfico relacionado
à questão.
Área de Opção Escolhida para Incentivo Fiscal
22%
Incentivo Cultural
50%
Incentivo Social
Incentivo Esportivo
28%
Gráfico 4 – Área de opção para Incentivo Fiscal.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
4.5 Realização de Dedução para Doação/Patrocínio a Projetos Culturais
Prosseguindo a análise e apresentação dos dados, parte-se para a quinta questão,
assim,
buscou-se
identificar
se
as
empresas
pesquisadas
fazem
dedução
para
doação/patrocínio a projetos culturais. Observou-se através dos resultados que dos 14
respondentes, 10 inferiram que a empresa faz dedução e outras 4 denotaram que a empresa
não usa, mas conhece o incentivo.
33
Realização de Dedução para Doação/Patrocínio a Projetos
Culturais
0%
Faz a Dedução
28%
Não usa, mas conhece o
incentivo
Não usa e não conhece
72%
Gráfico 5 – Dedução para Doação/ Patrocínio a Projetos Culturais.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
4.6 Uso de Leis de Incentivo a Cultura
A questão seguinte buscou apresentar se as empresas pesquisadas já fizeram uso de
alguma lei de incentivo à cultura. Concomitante a questão anterior, 10 entrevistados inferiram
que a organização já utilizou leis de incentivo a cultura, verificou-se que a resposta mais
recorrente direcionou para a Lei Rouanet, os demais 4 respondentes não utilizaram nenhuma
lei de incentivo. A seguir, demonstram-se os valores através da elaboração do sexto gráfico da
pesquisa.
Uso de Leis de Incentivo a Cultura
28%
Sim, Lei Rouanet
Não
72%
Gráfico 6 – Uso de Leis de Incentivo a Cultura
34
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Para Lisboa (1999, apud CASTELLO 2002, p. 631), é importante distinguir a lógica
das leis de incentivo à cultura da lógica do mecenato, pois enquanto no mecenato alguém por
vaidade doa para se autoglorificar, com as leis os incentivos são transferidos para lapidar uma
imagem, para associá-la a produtos positivos, passando-se de uma questão pessoal para uma
empresarial
4.7 Média de Utilização das Leis de Incentivo
Ressalta-se na questão seguinte quantas vezes as empresas utilizaram as leis de
incentivo, assim, das 10 empresas que já fizeram uso da Lei Rounet, 4 destas inferiram
utilizar 2 a 4 vezes por ano, outras 6 afirmaram utilizar em média mais de 4 vezes por ano.
4.8 Motivo Principal de Não Utilizar o Incentivo
Entre as empresas que não utilizam o incentivo, buscou-se identificar o motivo pelo
qual estas não fazem uso do mesmo, assim os 4 representantes que não usam as leis de
incentivo, o fazem afirmando que a ação social desenvolvida pela empresa está fora da
legislação, caso contrário, fariam, pois isto traria benefícios para organização.
Motivo Principal de Não Utilizar o Incentivo
0%
0%
0%
Acha o valor do incentivo
pequeno
Ação social fora da
legislação
Desconhecimento
Sem tributos a pagar
100%
Gráfico 8 – Motivo Principal de Não Utilizar o Incentivo
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
35
4.9 Motivos que Dificultam ou Impedem o Desenvolvimento de Ações Sociais
Finalizando o instrumento de pesquisa,buscou-se verificar quais os motivos apontados
pelos entrevistados que dificultam ou impedem o desenvolvimento de ações sociais nas
organizações paraibanas. Assim, uma maioria formada por 12 respondentes apontou a falta de
iniciativa dos gestores e proprietários das empresas como principal motivação, outros 2
entrevistados inferiram que a falta de conhecimentos acerca dos benefícios tributários
proporcionados pelas leis de incentivo constitui-se como o principal impedimento para que as
ações sociais sejam adotadas nas organizações.
Portanto, faz-se necessária uma maior divulgação acerca dos benefícios que as leis de
incentivo podem oferecer para as empresas, visando estimular a implementação de projetos
voltados para ações sociais e culturais por partes das mesmas.
A partir da década de 90 vem-se consolidando no Brasil a idéia de que o incentivo à
cultura é um bom investimento, entretanto, estudos como o realizado por Lisboa (1999),
identificam na maior parte do empresariado a falta de conhecimento acerca do marketing
cultural e das estratégias que possibilitam retorno institucional positivo para a empresa em
decorrência de investimento em cultura.
Considera-se então, que de maneira geral as empresas pesquisadas estão cientes da
importância do marketing cultural e incentivo fiscais, onde fica evidente o interesse das
mesmas em relação ao programas de marketing cultural e o conhecimento acerca dos
benefícios trazidos pelas leis de incentivo a cultura,
36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do exposto no capítulo anterior, pode-se inferir que as organizações que
fizeram parte da amostra estão conscientes da importância do marketing cultural, bem como
dos benefícios proporcionados pelos programas de incentivos fiscais.
Entretanto, percebe-se que apesar dos resultados positivos decorrentes das vantagens
oriundas do marketing cultural e dos benefícios fiscais, as iniciativas de implementação de
ações sociais das empresas ligadas ao investimento em produção cultural são ainda pouco
exploradas pela iniciativa privada.
A partir das entrevistas, constata-se que as empresas devem explorar mais as
possibilidades existentes no mercado para o aprimoramento e agregação de valor aos seus
negócios visando fortalecer sua marca e imagem através da utilização de marketing cultural.
Salienta-se também, através de observações realizadas durante a pesquisa de campo
que se faz necessário que os órgãos da administração pública que atuam na área da cultura
ampliem as campanhas de divulgação dos benefícios fiscais concedidos para tais projetos.
Infere-se através das entrevistas e considerações dos representantes das organizações
que o poder local possui grande importância para estímulo as iniciativas voltadas para o
marketing cultural, uma vez que, segundo os entrevistados os municípios devem estabelecer
uma relação de parceria com o cidadão e as empresas, pois os órgãos governamentais têm
maior poder de sensibilização, apoio e difusão de políticas culturais na sociedade,
incentivando as organizações através de deduções tributárias.
De acordo com a pesquisa, os representantes das empresas, em sua maioria afirmam
que é de interesse da organização atuar apoiando e patrocinando projetos sociais e culturais
visando trazer benefícios a população da cidade de João Pessoa.
Consideram que reconhecem como sendo significativos os recursos investidos no
patrocínio de eventos, uma vez que para os entrevistados, esses recursos, geram retornos
fundamentais como: maior visibilidade e fortalecimento da marca e imagem da empresa junto
ao seu público – alvo.
No que diz respeito à percepção dos entrevistados em relação aos incentivos fiscais,
observou-se que os representantes das empresas, as quais afirmaram fazer uso de leis de
incentivo a cultura, em especial a Lei Rouanet, consideram que tais incentivos são
fundamentais no fomento e crescimento dos projetos culturais, divulgando e ampliando a
inserção da população a eventos musicais, teatrais, audiovisuais, etc.
37
Portanto, através da realização do presente trabalho de conclusão de curso pode-se
considerar que as empresas vêm percebendo o potencial da cultura em termos de ganho de
imagem e credibilidade perante a comunidade em que atuam ou estão inseridas. Com isso, a
implementação do projeto multicultural no MAG Shopping torna-se viável, tendo em vista
que a amostra pesquisada constitui-se em potenciais patrocinadores e/ou financiadores de tal
iniciativa.
5.1 Sugestões para Estudos Futuros
Sugere-se a ampliação da amostra pesquisada em futuros trabalhos inerentes ao
marketing cultural.
5.2 Limitações do estudo
A própria amostra restrita, constitui-se em uma limitação do presente estudo
monográfico.
38
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39
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KOTLER, Philip. Marketing para organizações que não visam o Lucro. São Paulo: Ática,
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KOTLER, Philip. Marketing. Ed. Compacta. São Paulo. Atlas, 1995.
41
APÊNDICE
42
Questionário de Pesquisa
Marketing Cultural
A seguinte pesquisa se constitui em um instrumento de coleta de dados para a elaboração do
Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Rodrigo Sousa e Gomes Leske, este, concluinte do
curso de Administração de Empresas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O/a senhor
(a) está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem por objetivo analisar os
aspectos inerentes ao marketing cultural e ao incentivo da cultura através do patrocínio a
eventos. Previamente avisa-se que as informações colhidas terão caráter estritamente
confidencial, tendo acesso às mesmas apenas os pesquisadores envolvidos.
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
Nome da Empresa
Ramo de Atividade
Responsável pelo Preenchimento
Data do Preenchimento
___ / ____ /
_______
Porte da Empresa
Empresa
Pequena
Micro Empresa
Qual é o regime de tributação da empresa?
Empresa Média
Simples
Presumido
ou
Arbitrado
01 Qual a visão da sua empresa a cerca do papel da cultura para o marketing?
A cultura é um eficiente canal de comunicação
(Informa os valores da missão, visão e ética da
empresa)
A cultura é um eficaz canal de
comunicação (Investir nela faz
aumentar o faturamento da empresa)
Empresa
Grande
Lucro
Real
43
Investir em cultura influência
decisivamente o público alvo no
X consumo dos serviços da empresa
A cidade possui um mercado cultural
suficientemente desenvolvido para
viabilizar as ações culturais
02 Sua empresa realiza alguma ação social?
CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO ALIMENTOS, MATERIAIS
ESCOLARES
03 A empresa é a favor de programas de incentivos fiscais?
Sim, item 03.01
04
Sim
Não
Não
Qual das áreas de incentivo fiscal sua empresa opta ou optaria?
A
Incentivo Cultural
B
Incentivo Social
C
Incentivo Esportivo
05 A empresa faz dedução para doação/patrocínio a projetos culturais?
A
Faz a dedução
B
Não usa, mas conhece o incentivo
C
Não usa e não conhece
06 A empresa já fez uso de alguma lei de incentivo a cultura?
X
Sim, Qual (is)? (Lei Rouanet, Lei do
audiovisual) Item 05.01
Não, item 05.02
07
Quantas vezes utilizou?
Nunca
De 2 a 4
vezes por
ano
Em média 1 vez por ano
08
44
Em média
mais de 4
X vezes
Motivo principal de não utilizar o incentivo?
A
Acha o valor do incentivo pequeno
B
Ação social fora da legislação
C
Desconhecimento
D
Sem tributos a pagar
O que dificulta ou impede o desenvolvimento de ações sociais desse
09 gênero?
A
B
Falta de recursos financeiros
C
Falta de conhecimento
D
Falta de
incentivos
Falta de
X iniciativa
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