caracterização genética por análise demográfica

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RAÇA BOVINA CACHENA
CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA
POR ANÁLISE DEMOGRÁFICA
2016
Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos
Polo de Investigação da Fonte Boa
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
22001166
Raça bovina Cachena – Caracterização genética por análise demográfica 2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética
por análise demográfica
2016
Nuno Carolino
Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
Polo de Investigação da Fonte Boa
Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém
PORTUGAL
Tel: (+351) 243767313 Telm:(+351) 963092508 Fax: (+351) 243767307
[email protected] [email protected]
Rui Jorge Vieira Dantas
Secretário Técnico do Livro Genealógico da Raça Cachena
Associação de Criadores da Raça Cachena
Rua Prof. Doutor José Sebastião Silva, n.° 29 – cave
Casalsoeiro – Vila Fonche
4970-745 Arcos de Valdevez
PORTUGAL
Tel./Fax: (+351) 258 523 137 Telm:(+351) 966 478 141
[email protected] [email protected] http://www.cachena.pt
Manuel Silveira
Ruralbit, Lda
Av. Dr. Domingos Gonçalves Sá, 132, Ent1, 5º Esq
4435-213 Rio Tinto
PORTUGAL
Tel: (+351) 302 008 332 Fax: (+351) 224 107 440
[email protected]
http://www.ruralbit.pt/
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
RAÇA BOVINA CACHENA
CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA POR ANÁLISE DEMOGRÁFICA 2016
Introdução
A variabilidade genética de uma população pode ser estudada através da análise de dados
genealógicos, da estimação de parâmetros genéticos de características de interesse ou através da
diversidade observada com marcadores moleculares de diferentes tipos. A caracterização genética
por análise demográfica permite descrever a estrutura e a dinâmica de uma população,
considerando-a um grupo de indivíduos em permanente renovação e tendo em conta o seu pool
de genes. Deste modo, a análise da informação genealógica é uma metodologia fundamental para
a caracterização de populações, já que permite avaliar a variabilidade genética existente numa
determinada população e a sua evolução ao longo das gerações.
A caracterização genética por análise demográfica da raça bovina Cachena foi elaborada na
Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos - Polo de
Investigação da Fonte Boa, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P., a partir
de toda a informação disponível no Livro Genealógico da Raça Cachena, gerido pela Associação
dos Criadores da Raça Cachena (ACRC). Utilizaram-se registos de nascimentos e de genealogias,
tendo-se analisado os seguintes parâmetros demográficos:

Evolução dos registos no Livro Genealógico

Intervalo de gerações (L)

Grau de preenchimento das genealogias

Número de gerações conhecidas (ni)

Consanguinidade individual (Fi)

Grau de parentesco entre indivíduos (aij)

Acréscimo da consanguinidade por ano (F/ano) e por geração (F/geração)

Tamanho efetivo da população (Ne)

Índice de conservação genética (GCI)

Parentesco médio (AR)

Contribuições genéticas de fundadores (qk) e ascendentes (pk)

Número efetivo de fundadores (fe)

Número efetivo de ascendentes (fa)
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2016
1
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Metodologia Utilizada
A maioria dos parâmetros demográficos foram calculados com recurso a diversas aplicações
informáticas construídas para o efeito por Carolino e Gama (2002). Estas aplicações incluem nos
seus procedimentos diversos tipos de validações e filtragem dos dados a serem submetidos a
análise, para deteção e eliminação de possíveis erros.
Alguns indicadores demográficos, designadamente, o índice de conservação genética (GCI) e o
parentesco médio (AR) foram determinados a partir do software ENDOG, desenvolvido por
Gutierrez e Goyache (2005).
Para os cálculos consideraram-se todos os registos disponíveis na base de dados da Livro
Genealógico da raça Cachena, recolhidos desde o seu início até ao final do ano de 20161,
perfazendo um total de 39253 indivíduos, designadamente, 36008 animais da raça Cachena e
3245 animais cruzados, filhos de fêmeas inscritas no Livro de Adultos. Posteriormente, construiuse um ficheiro apenas com indivíduos inscritos no Livro Genealógico, composto por 15379 machos
e 20629 fêmeas, que perfaziam uma população em estudo de 36008 indivíduos de raça Cachena, a
partir da qual se elaborou matriz de parentescos entre todos os animais conhecidos (Van Vleck,
1993).
2
O coeficiente de consanguinidade individual (Fi) e o grau de parentesco entre indivíduos (aij) foram
estimados pelo método tabular e, posteriormente, confirmados com os resultados da matriz de
parentescos obtida a partir do programa MTDFREML (Boldman et al., 1995), utilizado na avaliação
genética de diversas raças em Portugal.
A consanguinidade individual (Fi) representa a probabilidade de dois alelos no mesmo locus serem
iguais por descendência (Wright, 1923), enquanto que o grau de parentesco (aij) entre dois
indivíduos (i e j) representa o dobro da probabilidade de, num determinado locus, um alelo
retirado aleatoriamente do indivíduo i e um alelo retirado aleatoriamente do indivíduo j, serem
iguais por descendência.
O acréscimo anual da consanguinidade (F/ano) foi estimado por regressão do coeficiente de
consanguinidade individual (Fi) no ano de nascimento, tendo-se utilizado para o efeito o programa
SAS (SAS Institute, 2006) e o seguinte modelo linear:
Fij = b0 + b1anoi + eij
1
Não foram considerados todos os registos de partos referentes ao ano de 2016, que à data de início deste trabalho ainda não
estavam informatizados.
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2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
em que Fij representa a consanguinidade individual do indivíduo j nascido no ano i, b0 a
interceção, b1 o coeficiente de regressão linear da consanguinidade individual no ano de
nascimento e eij o erro associado com a observação ij. A partir de F/ano, determinou-se o
acréscimo da consanguinidade por geração (F/geração), calculado como (F/ano)*L, em que L
representa o intervalo de gerações médio, e corresponde à idade média dos pais quando nascem
os filhos que os vão substituir.
O número de gerações conhecidas (ni) foi obtido individualmente, para todos os animais puros na
base de dados (n=29388) através da seguinte expressão:
ni 
np 1
2

nm 1
2
em que, np e nm representam, respetivamente, o número de gerações conhecidas do pai e
da mãe. No caso do pai ou da mãe de um indivíduo serem desconhecidos, n p ou nm assumem o
valor de -1.
Segundo Falconer e McKay (1996), o tamanho efetivo de uma população (N e), é definido como o
número de indivíduos de uma população com uma estrutura não ideal, que daria origem a uma
determinada taxa de consanguinidade se a sua estrutura fosse ideal (e.g. igual número de machos
e fêmeas, com ausência de seleção, acasalamentos aleatórios, etc.). Na caracterização
demográfica, o Ne foi calculado através da seguinte expressão:
Ne 
1
2(F / geração)
em que ∆F/geração representa o acréscimo da consanguinidade por geração.
O número efectivo de fundadores (fe) e de ascendentes (fa), e as contribuições genéticas de
fundadores (qk) e de ascendentes (pk), foram determinados através de aplicações desenvolvidas
em Clipper Summer 87 (Carolino e Gama, 2002), segundo a metodologia proposta por Boichard et
al. (1997).
O número efetivo de fundadores (fe) representa o número de fundadores (f) que daria origem à
diversidade genética observada na população em estudo, se todos os fundadores tivessem igual
contribuição, tendo sido calculado através da expressão seguinte:
fe 
1
f
 qk
2
k 1
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3
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
em que, qk corresponde à contribuição proporcional de cada fundador k para a população
em estudo (e.g., animais nascidos em determinado período de tempo), considerando-se como
fundador um animal com pai e mãe desconhecidos, ou o progenitor desconhecido de um animal
em que apenas se conhece um dos seus progenitores
O número efetivo de ascendentes (fa) representa o número de ascendentes (fundadores ou não)
que explicam a totalidade da variabilidade genética da população em estudo, se todos os
ascendentes tivessem igual contribuição, tendo sido determinado através das seguintes
expressões:
fa 
1
f
 pk
em que
2
n 1
p k  q k 1   a ij 
 i 1 
k 1
em que pk corresponde à contribuição marginal de um ascendente, ou seja, a contribuição
ainda não explicada pelos seus ascendentes já calculados, q k corresponde à proporção com que
cada ascendente k contribui para a população em estudo, à qual é deduzida a contribuição de
todos os seus parentes cujas contribuições já foram determinadas e a ij é o parentesco entre k e
cada um dos seus n-1 ascendentes.
O parentesco médio (AR) entre cada indivíduo e a população e o Índice de conservação genética
(GCI) foram obtidos diretamente do programa ENDOG (Gutierrez e Goyache, 2005). O Índice de
conservação genética (GCI) representa a proporção de genes dos diferentes fundadores no
pedigree de cada animal, conforme proposto por Alderson (1992), sendo calculado a partir da
contribuição genética de cada um dos fundadores para todos os indivíduos, da população da
seguinte forma:
GCI 
1
 p i2
em que pi representa a proporção de genes do fundador i em cada indúvio da população.
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2016
4
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Apresentação dos Resultados
Figura 1 - Número de fêmeas reprodutoras presentes por ano2
6000
4000
2000
0
3
4
8
11
12
15
23
47
145
367
690
867
1035
1201
1387
1566
1768
2024
2381
2655
3212
3620
4090
4312
4693
5653
6496
Nº Fêmeas Presentes
8000
90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16
Ano
5
Figura 2 - Número de animais puros nascidos por ano3
6000
5000
90
92
98
00
02
04
06
08
10
12
3203
3139
2776
2145
2052
1692
951
1055
969
847
695
544
516
411
317
248
96
244
230
94
219
174
134
58
0
90
1000
1656
2000
4961
4426
3000
1422
Nº Vitelos
4000
14
16
Ano de Nascimento
2
O início da atividade reprodutiva das fêmeas, contabilizado para o cálculo do número de fêmeas reprodutoras presentes, foi
considerado como o ano do 1º parto da fêmea – 365 dias. Teve-se em consideração que a fêmea estaria presente na exploração e a
ativa 365 dias antes do 1º parto. Ano de 2016 não inclui a totalidade de dados do mês de Dezembro.
3
Não foram considerados todos os registos de partos e, consequentemente, de registos no livro de nascimento referentes ao ano
de 2016, que à data de início deste trabalho ainda não estavam informatizados.
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2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 3 - Número de animais puros nascidos por ano e por sexo4
6000
Fêmeas
Machos
92
96
5000
Nº Vitelos
4000
3000
2000
1000
0
90
94
98
00
02
04
06
08
10
12
14
16
Ano de Nascimento
6
Figura 4 - Número de explorações em que se registaram partos por ano
600
Total
Puros
459
476
375
401
405
400
200
100
313
314
300
37
52
62
75
92
98
94
90
119
149
122
136
156
162
190
195
218
233
255
264
Nº Explorações .
500
0
90
92
94
96
98
00
02
04
06
08
10
12
14
16
Ano de Nascimento
4
Não foram considerados todos os registos de partos e, consequentemente, de registos no livro de nascimento referentes ao ano
de 2016, que à data de início deste trabalho ainda não estavam informatizados
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2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 5 - Número de machos reprodutores presentes por ano
200
150
100
50
0
6
6
6
6
6
6
6
10
21
26
33
35
43
49
55
65
80
88
101
114
138
164
189
205
209
230
242
Nº Touros Presentes
250
90
92
94
96
98
00
02
04
06
08
10
12
14
16
Ano
7
Figura 6 - Número de fêmeas reprodutoras por touro ao longo dos anos
27
14
21
20
22
23
24
23
23
22
22
21
22
25
25
24
25
25
24
30
4
5
7
10
0
1
1
1
2
2
3
Nº Fêmeas/Touro
40
90
92
94
96
98
00
02
04
06
08
10
12
14
Ano
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
16
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 7 - Distribuição geográfica do número de animais nascidos entre 2013 e 2016
8
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2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 8 - Número médio de animais nascidos por exploração*ano segundo o Concelho
(Animais nascidos entre 2010 e 2012)
100
Animais Nascidos por concelho
Animais nascidos por exploração*ano
40%
80
70.0
30%
60
43.0
34.8
20%
40
29.5
18.2 16.8
15.1
8.1%
10%
6.6%
11.1
6.1%
4.4%
5.5
4.4
3.9%
6.6
3.5%
2.7%
20.5
20
12.6
4.1
2.2%
4.6
2.0%
1.9%
1.8%
8.7
1.6%
1.2%
1.2%
1.1%
Nº Animais Nacidos/exploração*ano
% Animais Nascidos por concelho
49.8%
50%
1.1%
MONTEMOR-O-VELHO
MELGAçO
MONFORTE
BEJA
PORTALEGRE
ÉVORA
CASTELO BRANCO
MONTALEGRE
TERRAS DE BOURO
MONçãO
PAREDES DE COURA
MONTEMOR-O-NOVO
PONTE DA BARCA
REDONDO
BARRANCOS
MOURA
0
ARCOS DE VALDEVEZ
0%
9
Figura 9 - Número médio de animais nascidos por exploração*ano segundo o Concelho
100
88.6
43.7%
Animais Nascidos por concelho
Animais nascidos por exploração*ano
40%
80
30%
60
36.4
20%
31.1
34.3
40
32.9
22.7
10%
7.6%
7.0%
5.5%
6.6
12.9
11.6
4.7%
4.6%
4.5%
5.4
6.2
3.8%
3.5%
13.6
12.4
20
7.4
5.8
3.4%
1.8%
1.7%
1.5%
1.4%
1.3%
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
VILA VERDE
ÉVORA
VILA REAL
PORTALEGRE
MELGAçO
MONTALEGRE
MONçãO
TERRAS DE BOURO
PONTE DA BARCA
PAREDES DE COURA
REDONDO
BARRANCOS
MONTEMOR-O-NOVO
0
MOURA
0%
Nº Animais Nacidos/exploração*ano
50%
ARCOS DE VALDEVEZ
% Animais Nascidos por concelho
(Animais nascidos entre 2013 e 2016)
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 10 - Número médio de animais nascidos por exploração*ano segundo o Concelho
50%
100
46.3%
Animais Nascidos por concelho
Animais nascidos por exploração*ano
80.6
40%
80
30%
60
20%
30.6
34.5
40
28.3
23.4
21.1
10%
7.9%
6.1%
5.9%
6.2
5.2%
4.5%
5.1
12.4
9.7
4.3%
5.6
3.3%
3.3%
11.3
20
13.2
Nº Animais Nacidos/exploração*ano
% Animais Nascidos por concelho
(Animais nascidos entre 2000 e 2016)
5.8
5.5
3.0%
1.6%
1.6%
1.5%
1.1%
1.1%
VILA REAL
VILA VERDE
ÉVORA
MELGAçO
PORTALEGRE
MONTALEGRE
MONçãO
TERRAS DE BOURO
PAREDES DE COURA
PONTE DA BARCA
REDONDO
BARRANCOS
MONTEMOR-O-NOVO
MOURA
0
ARCOS DE VALDEVEZ
0%
10
Figura 11 – Número de explorações e animais nascidos segundo a dimensão da exploração
(Animais nascidos desde entre 2010 - 2012)
Explorações
Animais
40%
30%
18.0% 18.5%
20%
13.0%
7.8%
4.4% 5.1%
6.0%
2.4%
29%
16%
25%
15%
8%
3%
1%
0%
1%
0%
0%
0%
11-20
21-30
31-40
41-50
51-60
61-75
76-100
101-150
5.0%
6-10
3.5%
3-5
1.8%
2
10%
14.5%
1
0.0%
0%
0%
Nº animais nascidos por exploração*ano
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
>150
% Explorações e Animais .
50%
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 12 – Número de explorações e animais nascidos segundo a dimensão da exploração
(Animais nascidos entre 2013 e 2016)
Explorações
Animais
40%
30%
22.0%
20%
13.2%
12.2% 12.8%
10.6%
10%
6.3%
22%
13%
26%
16%
13%
4%
3%
1%
1%
1%
0%
0%
0%
3-5
6-10
11-20
21-30
31-40
41-50
51-60
61-75
76-100
101-150
>150
4.0% 4.5% 2.9% 4.1%
2.1%
2
2.4% 2.8%
1
% Explorações e Animais .
50%
0%
Nº animais nascidos por exploração*ano
11
Figura 13 – Número de explorações e animais nascidos segundo a dimensão da exploração
(Animais nascidos entre 2000 e 2016)
Explorações
Animais
40%
30%
20.9%
20%
14.7%
12.5% 11.3%
11.8%
10%
5.1% 4.6%
3.7% 3.1% 4.4%
14%
25%
16%
11%
4%
3%
1%
1%
0%
0%
0%
0%
3-5
6-10
11-20
21-30
31-40
41-50
51-60
61-75
76-100
101-150
>150
1.4%
24%
2
3.0% 3.5%
1
% Explorações e Animais .
50%
0%
Nº animais nascidos por exploração*ano
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 14 – Distribuição mensal dos partos por período
20%
% Partos
16%
1995-1999
2000-2004
2005-2009
2010-2014
2015-2016
12%
8%
4%
0%
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Mês de Parto
12
Figura 15 – Distribuição mensal dos partos
(Partos entre 2000 e 2009)
20%
% Partos
15%
13.4%
14.2%
10%
10.8%
9.5%
7.9%
7.8%
5%
7.2%
7.2%
6.2% 5.7%
5.5%
4.7%
0%
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Mês de Parto
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 16 – Distribuição mensal dos partos
(Partos entre 2010 e 2016)
20%
% Partos
15%
17.0%
13.7%
10%
10.7%
11.5%
9.3%
6.7% 6.5%
5%
4.9%
4.7% 4.3%
5.5% 5.2%
0%
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Mês de Parto
Figura 17 – Nível de preenchimento das Genealogias (%)
Animais nascidos
entre 1995 e 1999
Avô P:
0.2
Avó P:
2.2
Pai: 16.1
Animais: 1439
Avô M: 0.1
Mãe: 37.7
Avó M: 1.8
Animais nascidos
entre 2000 e 2004
Avô P:
16.8
Avó P:
30.8
Avô M:
6.4
Pai: 71.5
Animais: 3571
Mãe: 98.0
Avó M: 23.0
Bisavô P:
0.0
Bisavó P:
0.0
Bisavô P:
0.0
Bisavó P:
1.4
Bisavô M:
0.0
Bisavó M:
0.0
Bisavô M:
0.0
Bisavó M:
0.0
Bisavô P:
0.6
Bisavó P:
0.6
Bisavô P:
0.4
Bisavó P:
0.4
Bisavô M:
0.6
Bisavó M:
1.4
Bisavô M:
0.1
Bisavó M:
1.9
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
13
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 17 – Nível de preenchimento das Genealogias (%) (continuação)
Animais nascidos
entre 2005 e 2009
Avô P:
58.1
Pai: 89.6
Avó P:
81.7
Animais: 6776
Avô M: 33.2
Mãe: 99.5
Avó M: 64.88
Animais nascidos
entre 2010 e 2014
Avô P:
79.7
Avó P:
97.4
Pai: 98.9
Animais: 13317
Avô M: 64.0
Mãe: 99.5
Avó M: 89.5
Animais nascidos
entre 2015 e 2016
Avô P:
90.8
Avó P:
99.4
Pai: 99.4
Animais: 9387
Avô M: 82.5
Mãe: 99.3
Avó M: 97.1
Bisavô P:
9.4
Bisavó P:
24.3
Bisavô P:
5.5
Bisavó P:
24.1
Bisavô M:
10.7
Bisavó M:
18.9
Bisavô M:
5.1
Bisavó M:
17.6
Bisavô P:
37.7
Bisavó P:
58.7
Bisavô P:
23.9
Bisavó P:
58.7
Bisavô M:
37.3
Bisavó M:
53.7
Bisavô M:
23.7
Bisavó M:
47.3
Bisavô P:
61.8
Bisavó P:
81.4
Bisavô P:
43.9
Bisavó P:
80.5
Bisavô M:
56.8
Bisavó M:
75.8
Bisavô M:
41.5
Bisavó M:
68.3
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
14
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 18 – Evolução da percentagem de ascendentes conhecidos
100
% Progenitores Conhecidos
Pais
Avós
80
Bisavós
60
40
20
0
95-99
00-04
05-09
10-14
15-16
15
Número de Gerações. Conhecidas
Figura 19 – Evolução do número médio de gerações conhecidas
4
3
2
1
0
90
92
94
96
98
00
02
04
06
08
10
12
14
Ano de Nascimento
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
16
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 20 – Distribuição da idade das fêmeas ao parto
(partos puros - reprodutoras ativas entre 2010 e 2016)
Nº Fêmeas (%)
15%
11.9%
11.4%
10.8%
10%
9.8%
8.3%
11.7%
7.0%
5%
5.8%
5.7%
4.2%
3.8%
3.2%
2.5%
2.0%
>=15
14-15
13-14
12-13
11-12
10-11
9-10
8-9
7-8
6-7
5-6
4-5
2-3
3-4
0%
Idade ao Parto (anos)
16
Figura 21 – Distribuição da idade das fêmeas ao parto
(partos puros e partos cruzados - reprodutoras ativas entre 2010 e 2016)
11.5%11.8%
10.8%
10%
9.8%
8.3%
11.9%
6.9%
5%
5.7%
5.7%
4.2%
3.8%
3.2%
2.5%
1.9%
Idade ao Parto (anos)
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
>=15
14-15
13-14
12-13
11-12
10-11
9-10
8-9
7-8
6-7
5-6
4-5
3-4
0%
2-3
Nº Fêmeas (%)
15%
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 22 – Distribuição da idade dos touros ao nascimento dos filhos
(reprodutores ativos entre 2010 e 2016)
20%
10%
13.4%
13.8%
14.2%
14.3%
8.9%
6.0%
4.6%
2.4%
1.6%
0.9%
0.4%
0.0%
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
>15
12.6%
3-4
4-5
6.5%
5%
2-3
Nº Machos (%)
15%
0%
Idade ao Nascimento dos filhos (anos)
17
Figura 23 – Distribuição do número de fêmeas reprodutoras segundo o nº de descendentes
(7230 fêmeas reprodutoras nascidas entre 1990 e 2010 apenas com filhos puros)
4385
Nº Vacas
Nº Filhos
4000
3288
1231
1185
2765
1094
1031
3000
1665
2096
877
2062
900
759
548
27
12
8
2
13 14
15
31
185 135 69
112
262
156
1000
324
395
300
2000
1350
1185
600
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11 12
Nº de filhos (puros) por fêmea reprodutora
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Nº Filhos
1200
Nº Vacas Utilizadas
5000
3693
4376
1500
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 24 – Distribuição do número de fêmeas reprodutoras segundo o nº de descendentes
4000
2592
1104
963
1870
1926
2124
870
3000
600
2000
1177
1142
591
438
1000
552
238
236
286
324
187 107 46
22
17
9
10
13 14
15
135
300
Nº Filhos
3066
1181
1142
900
Nº Vacas
Nº Filhos
3546
3543
1200
Nº Vacas Utilizadas
4350
4416
(7236 fêmeas reprodutoras nascidas entre 1990 e 2010 com filhos puros e cruzados)
1500
5000
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
11 12
Nº de filhos (puros+cruzados) por fêmea reprodutora
18
Figura 25 – Distribuição do número de touros reprodutores segundo o nº de descendentes
(395 machos nascidos entre 1990-2010)
10000
Nº Touros
Nº Filhos
8889
8000
7160
7075
120
6000
99
80
68
40
9
38
122
4000
2507
63
2000
66
197
26
25
1212
542
1
501-1000
200-500
101-200
51-100
26-50
11-25
6-10
0
2-5
0
Número de Descendentes por macho reprodutor
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Nº Filhos
160
1
Nº Touros Utilizados
200
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 26 – Evolução da consanguinidade e do número de gerações conhecidas
6%
6
Nº Gerações
5%
5
4%
4
3%
3
2%
2
1%
1
0%
Nº Gerações Conhecidas
Consanguinidade (%)
Consanguidade
0
95
97
99
01
03
05
07
09
11
13
15
Ano de Nascimento
19
Figura 27 – Distribuição do número de explorações segundo o nível de consanguinidade média
do efetivo (animais nascidos entre 2010 e 2016)
125
110
Nº Explorações
100
75
81
50
52
50
25
31
19
11
7
3
1
12.5%
15.0%
17.5%
20.0%
>20%
0
0.0%
2.5%
5.0%
7.5%
10.0%
Coeficiente de consaguinidade médio (%)
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 28 – Evolução da percentagem de animais nascidos consanguíneos
5000
Consanguineos
Consanguineos
Nº Vitelos Nascidos
4000
3000
2000
1000
0
95
97
99
01
03
05
07
09
11
13
15
Ano de Nascimento
Figura 29 – Intervalos de gerações (L) para as 4 vias de seleção
(animais nascidos entre 2010-2016)
L (anos)
Pais
Mães
Todos os animais
6.44
7.14
Touros
6.35
7.15
Vacas
6.47
7.01
20
L médio = 6.8 anos
Figura 30 – Evolução do parentesco médio (AR) e da percentagem de animais consanguíneos
1.5%
50%
AR
1.2%
40%
0.9%
30%
0.6%
20%
0.3%
10%
0.0%
0%
95
97
99
01
03
05
07
09
11
13
15
Ano de Nascimento
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Animais consanguíneos
Parentesco Médio (AR)
% Animais Consanguineos
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 31 – Evolução e estimativa do acréscimo anual da consanguinidade
6%
Consanguinidade
Tendência 2000-2016
Consanguinidade (%)
5%
Tendência 2005-2016
Tendência 2010-2016
4%
2000-2016: 0.343%/ano
2005-2016: 0.347%/ano
2010-2016: 0.210%/ano
3%
2%
1%
0%
95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16
Ano de Nascimento
Figura 32 – Tamanho Efetivo da População (Ne) e Taxa de Consanguinidade (F)
Parâmetros demográficos estimados
21
Período considerado
2000-2016
2005-2016
2010-2016
F/ano
0.343%
0.347%
0.211%
Intervalo de Gerações (L)
6.51 anos
6.63 anos
6.55 anos
F/geração
2.234%
2.300%
1.379%
Tamanho efetivo da população (Ne)
22.38
21.74
36.27
Figura 33 – Contribuição genética de Fundadores para a população em estudo
População em
Estudo
Nº
Fundadores
Conhecidos
Nº Animais da
População em
Estudo
Nº Efetivo de
Fundadores
(fe)
Nº Fundadores que
explicam +50% da
Variabilidade Genética
2000-2004
2063
1963
210.66
141
2005-2009
2379
6857
259.69
115
2010-2014
2424
9630
236.67
104
2015-2016
2442
9297
212.35
111
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Figura 34 – Contribuição genética de Ascendentes para a população em estudo
Nº
Nº Animais da Nº Efetivo de
Ascendentes População em Ascendentes
(fa)
Conhecidos
Estudo
População em
Estudo
Nº Ascendentes que
explicam +50% da
variabilidade genética
2000-2004
1963
3571
110.13
56
2005-2009
6857
6776
137.92
60
2010-2014
9630
13317
180.31
72
2015-2016
9297
9387
162.92
70
Figura 35 – Evolução do diferencial no número efetivo de Fundadores e de Ascendentes
População em
Estudo
Nº Efetivo de Nº Efetivo de
Fundadores Ascendentes
Diferencial
fe - fa
Rácio
fe / fa
(fe)
(fa)
2000-2004
210.66
110.13
100.53
1.91
2005-2009
259.69
137.92
121.77
1.88
2010-2014
236.67
180.31
56.36
1.31
2015-2016
212.35
162.92
49.43
1.30
22
Figura 36 – Contribuição genética de Ascendentes e Fundadores para população em estudo
(animais nascidos entre 2015 e 2016)
Contribuição Genética (%)
100%
75%
50%
Ascendentes
Fundadores
25%
0%
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Número Animais
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Índice Conservação Genética (GCI)
Figura 37 – Evolução do Índice de conservação genética (GCI)
5
4
3
2
1
0
95
97
99
01
03
05
07
09
11
13
15
Ano de Nascimento
23
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
Considerações finais
A raça Cachena, popularmente designada por Cabreira, Carramelha ou Vilarinha, foi reconhecida
em Portugal já na última década do seculo XX, embora a identificação destes animais consta, pelo
menos, desde a década de 80.
Nas várias atividades relacionadas com o registo zootécnico da raça Barrosã, os técnicos
deparavam frequentemente com animais com características morfológicas distintas desta raça
Barrosã, quer no tamanho, quer nas suas características étnicas, o que levou um grupo de
criadores a formar, em 1993, a Associação dos Criadores da Raça Cachena (ACRC). Esta associação
tem como objetivos principais a preservação e melhoramento da raça Cachena, bem como
promover a investigação, a experimentação, a demonstração, divulgação e outras ações técnicas e
económicas que visem o desenvolvimento dos produtos com origem neste tipo de animal e a
formação profissional dos seus associados.
O registo zootécnico da raça Cachena iniciou-se em 1994 e viria a definir o Padrão Morfológico da
raça assente em quatro premissas: a cor castanha da pelagem, a sua baixa estatura, o perfil recto
da cabeça e os cornos cilíndricos e em forma de saca-rolhas (Leite e Dantas, 2000).
A raça bovina Cachena mantem particularidades únicas em termos de heterometria (formato e
peso vivo), sendo tipicamente elipométrica, com fêmeas de muito pequeno porte, com uma altura
à cernelha que não chega a ultrapassar os 1,15 metros, o que está diretamente relacionado com a
sua resistência a condições mais adversas e que define o seu próprio solar e demografia recente.
Apresenta uma enorme rusticidade e capacidade de produção em diferentes regiões, pelo que
poder ser explorada em zonas de alta montanha, em cotas elevadas, acima dos 800 metros, tendo
ainda a capacidade de se manter em pastoreio durante todo o ano, sendo por vezes ainda mantida
num estado quase semi-selvagem.
Em 2015, de acordo com o documento de atos delegados do novo Regulamento de
Desenvolvimento Rural adotado pela Comissão Europeia e com as condições que Portugal
estabeleceu para efeitos da aplicação do estatuto de risco de abandono, no sentido de responder
às exigências regulamentares e aos objetivos do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020,
com base nos dados de 2013 (4821 fêmeas, 269 machos e 531 criadores), a raça bovina Cachena
foi considerada como em risco de extinção, grau B, considerado de de risco intermédio.
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
24
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
No entanto, segundo os critérios utilizados pela UE (Regulamento da CE Nº 445/2002) para definir
o estatuto de risco de raças, a Cachena foi classificada como “em risco de abandono” e, mais
tarde, como “Muito ameaçada” na Portaria nº 618/2008 que aprovou a Regulamentação da Acção
n.º 2.2.3 «Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos» do PRODER.
A raça bovina Cachena evidencia-se assim como uma das populações autóctones que registou
maior crescimento ao longo dos últimos anos, fruto duma excelente capacidade de adaptação a
diferentes regiões do país, bem como a de tirar partido do sistema de ajudas e apoios em vigor.
Ainda de acordo com a informação disponível no SNIRA, designadamente “Animais Residentes na
Base Dados SNIRA”, no final de 2013, 2014, 2015 e 2016 existiam respetivamente 6103, 6616,
7005 e 7473 fêmeas com mais de 2 anos de idade, o que revela um aumento notável do efetivo
desta raça bovina autóctone.
Os resultados obtidos com base na caracterização genética por análise demográfica da raça bovina
Cachena realçam os seguintes aspetos principais:
 Efetivo reprodutor atualmente constituído por cerca de 6500 fêmeas e 240 machos,
distribuídos por cerca de 500 explorações, 475 das quais mantêm fêmeas em linha pura
(Figuras 1 a 6).
 Considerada em situação de “risco de abandono”, segundo os critérios definidos no
Regulamento nº 445/2002 da Comissão Europeia e, mais tarde, em 2008, como “Muito
Ameaçada” no PRODER - Acção n.º 2.2.3 «Conservação e Melhoramento de Recursos
Genéticos».
 Raça classificada como risco de extinção – Grau B nas Portarias 55/2015 e 268/2015 que
regulamentam, respetivamente, a aplicação dos apoios 7.8.1 «Manutenção de raças
autóctones em risco» e 7.8.3, «Conservação e melhoramento de recursos genéticos
animais» da ação 7.8, «Recursos genéticos», integrada na medida n.º 7, «Agricultura e
recursos naturais», da área n.º 3, «Ambiente, eficiência no uso dos recursos e clima», do
Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PDR2020).
 Crescimento expressivo do efetivo desde o início do Registo Zootécnico (1994), com uma
tendência constante para aumentar nos últimos 12 anos, em média cerca de 400 fêmeas
reprodutoras por ano.
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. - Polo de Investigação da Fonte Boa
2016
25
Raça bovina Cachena
Caracterização genética por análise demográfica
2016
 Aumento também expressivo do número de nascimentos de animais puros (Figura 2 e 3),
observando-se uma elevada percentagem de fêmeas a parirem animais puros, entre os 60
e os 80% do total de partos consoante o ano estudado.
 Constatam-se 2 períodos de maiores acréscimos do efetivo, tanto em número de animais
nascidos puros, como de fêmeas adultas presentes por ano. O primeiro entre 2000 e
2007, e um segundo, desde 2014. As "Medidas Agro-Ambientais", que se traduzem por
uma compensação financeira aos criadores que mantêm as fêmeas em linha pura durante
um período de 5 anos, tiveram um impacto positivo considerável no início do século XXI e,
mas recentemente, a partir de 2014 devido à previsível mudança nas regras de atribuição
de prémios às vacas aleitantes e aos novos compromissos de natureza agroambiental,
exclusivos das raças autóctones e assentes em critérios de produtividade baseados no
intervalo entre partos.
 Desde o início do Registo Zootécnico (1994), acentuado aumento do número de
explorações com fêmeas reprodutoras da raça Cachena (Figura 4). Também se constata
um aumento do número de fêmeas adultas e de animais nascidos puros por exploração.
 O número de machos reprodutores presentes por ano (com filhos) atingiu o máximo no
ano de 2016 (242), o que demonstra a tendência crescente desta raça. Desde 2013 que no
número de machos ativos por ano é superior a 200 (Figura 15).
 O número de fêmeas reprodutoras ativas por touro ao longo dos anos tem permanecido
mais ou mesos constante entre 21 e 27 fêmeas por macho (Figura 6).
 Sendo explorada inicialmente no Norte de Portugal, nos distritos de Viana do Castelo,
Braga e Vila Real, a raça Cachena passou a ser utilizada nos últimos anos para além do seu
solar, na região do Alentejo, nos distritos de Évora, Beja e Portalegre (Figura 7).
 Os principais concelhos onde se registaram nascimentos de vitelos Cachenos entre 2010 e
2016 são, por ordem decrescente do número de nascimentos, Arcos de Valdevez, Moura,
Montemor-o-Novo, Barrancos, Redondo, Ponte da Barca, Paredes de Coura, Terras de
Bouro, Monção, Montalegre, Portalegre, Melgaço, Évora, Vila Verde e Vila Real (Figuras 8
a 10). Verifica-se que 4 dos 5 concelhos com mais nascimentos da raça Cachena são do
Alentejo, confirmando a visível dispersão da raça para além do seu solar.
 Existe uma grande variabilidade da dimensão das explorações (número médio de animais
nascidos por ano) entre concelhos (Figuras 9 e 10). Enquanto que no concelho do
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Redondo, entre 2000 e 2016, em média, nascem 80.6 animais por exploração e por ano, e
nos concelhos de Moura, Montemor-o-Novo e Barrancos entre 28.3 e 34.5 animais, no
concelho de Arcos de Valdevez, apenas nascem em média e por ano, 6.2 animais por
criador. Como seria de esperar, devido às diferenças na dimensão das explorações, a
Norte de Portugal, o número de animais nascidos em média por e por exploração é muito
mais reduzido (entre 5.5 e 11.3 vitelos).
 Através das Figuras 8 e 9, que consideram períodos distintos (2010-2012 e 2013-2016),
observa-se uma diminuição do número de nascimentos em Arcos de Valdevez, principal
região de criação da raça Cachena, em detrimento de alguns concelhos do Alentejo,
designadamente, Montemor-o-Novo.
 Uma elevada percentagem de explorações registam apenas um nascimento por ano
(Figuras 11 a 13). A proporção de explorações que registam até 5 nascimentos/ano
diminuiu nos últimos anos, uma vez que, entre 2010-2012 representavam
aproximadamente 70% dos efetivos e entre 2013-2016 passou para cerca de 60%. Ainda
que a percentagem de explorações onde nascem anualmente mais de 50 animais
continue a ser reduzido (2%), duplicou nos 4 anos (2013-2016).
 Nos últimos anos, a percentagem de animais nascidos em explorações de média a grande
dimensão (> 50 animais nascidos por exploração e ano) também aumento representando
atualmente quase 20% dos animais (Figuras 11 e 12). As classes de dimensão das
explorações onde se verificam maior percentagem de nascimentos são explorações onde
nascem entre 11 e 20 animais por ano e depois entre 21 e 30, correspondendo
respetivamente a 20.9% e 12.5% do total de nascimentos (Figuras 13).
 Não apresenta sazonalidade reprodutiva, bem patente na distribuição dos partos ao longo
de todo o ano e de forma algo semelhante desde o início da constituição do Registo
Zootécnico da raça (Figuras 14 a 16). Independentemente do período considerado, notase uma ligeira diminuição dos partos nos meses de verão, particularmente a partir de
junho e até novembro. Nos últimos anos verificou-se um aumento dos partos no mês de
Dezembro.
 O nível de preenchimento das genealogias evoluiu notavelmente ao longo dos anos e o
número de gerações conhecidas é praticamente 3 em animais nascidos em 2016 (Figuras
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17, 18 e 19). Nos últimos anos, praticamente todos os animais têm pais conhecidos, mais
de 90% têm avós e mais de 60% têm bisavós conhecidos (Figura 18).
 A informação genealógica disponível no Livro Genealógico da Raça Bovina Cachena
melhorou bastante nos últimos anos, sendo muito útil para as diversas atividades de
conservação e seleção, tendo em consideração o controle da consanguinidade. O número
de gerações conhecidas atualmente (3) já permite estimar alguns indicadores
demográficos, calculados a partir da informação genealógica. Deverá dar-se continuidade
ao controlo de filiação através de análises de ADN de uma forma mais alargada, numa
perspetiva de controlo do Livro.
 A distribuição da idade das fêmeas ao parto é característica da espécie bovina e confirma
a enorme capacidade das fêmeas da raça Cachena em se manterem em produção, tanto
em linha pura como em cruzamento, até idade avançadas (Figuras 20 e 21). Mais de 20%
dos partos registados desde 2010 são de fêmeas com mais de 10 anos de idade ao parto e
quase 6% dos partos são de fêmeas com mais de 15 anos. A raça Cachena apresenta sem
dúvida uma longevidade produtiva apreciável, sendo importantíssimo manter a recolha
da informação produtiva das fêmeas reprodutoras, nomeadamente, o registo de partos
de animais cruzados.
 A maioria dos machos reprodutores (68%) são pais entre os 3 e os 8 anos de idade (Figura
22), mas uma elevadíssima percentagem (38%) de machos são pais depois dos 12 anos. A
percentagem de nascimentos cujos pais têm uma idade avançada é reduzida (apenas 3%
dos animais nascidos desde 2010 são filhos de touros com mais de 12 anos de idade),
possivelmente pela utilização ainda algo reduzida da inseminação artificial nesta raça.
 A distribuição do número de fêmeas em função do número de filhos é típica dos bovinos
de carne, sendo o número de fêmeas cada vez menor à medida que aumenta o número
de filhos por fêmea (Figuras 23 e 24) independentemente de se considerar apenas os
partos de animais puros ou de animais puros e cruzados em conjunto.
 A distribuição do número de descendentes por macho apresenta enormes desequilíbrios,
como a maioria das raças autóctones, apontando a necessidade de se evitar que alguns
machos tenham um número excessivo de descendentes ao longo de toda a vida (Figura
25). 23% dos touros com mais de 100 filhos ao longo de toda a vida são, no total,
progenitores de mais ou menos 60% do total do efetivo. Muitos machos têm poucos
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descendentes ao longo da vida, em que (35% dos touros têm menos de 25 descendentes
cada e são pais de apenas 6% dos animais e muito poucos reprodutores têm um enorme
número de descendentes, constatando-se que existe um animal com mais de 540 filhos.
 A reduzida dimensão de algumas explorações e consequentemente do número de fêmeas
reprodutoras por criador, na maioria dos casos das explorações localizada a Norte, não
possibilita a existência de touro próprio, o que pode originar a utilização de machos de
apenas alguns criadores e resultar neste excesso de descendentes de alguns dos machos.
Ainda que ao recurso à inseminação artificial seja reduzido, particular atenção deverá ser
prestada, desde já, à constituição e utilização do stock de sémen.
 As estimativas da consanguinidade são baixas e estão certamente influenciadas pela falta
de informação genealógica no início da organização Registo Zootécnico (Figura 26). No
entanto, evidencia-se uma tendência constante ao longo dos anos para o aumento da
consanguinidade, devido ao aumento do conhecimento das genealogias dos animais
nascidos em anos mais recentes, mas também devido ao aumento real do grau de
parentesco dos animais acasalados. Animais nascidos em 2016 apresentam, em média,
5% de consanguinidade e 3 gerações conhecidas.
 A Figura 27 demonstra uma gestão da consanguinidade muito desigual entre criadores,
assinalando-se várias explorações com um coeficiente médio de consanguinidade dos
animais nascidos nos últimos anos (2010-2016) acima dos 10%.
 Constata-se um acréscimo do número e proporção de animais nascidos consanguíneos
(Figura 28), observando-se que, nos últimos anos, mais de 30% dos nascimentos são
consanguíneos. Ainda que não seja alarmante, será importante que os criadores optem
por utilizar machos ou sémen não aparentados com as fêmeas da sua exploração a fim de
evitar, a curto prazo, o aumento da consanguinidade.
 O intervalo de gerações é mais elevado nas fêmeas (7.1 anos) dos que nos machos (6.4
anos), resultando num intervalo médio de gerações de 6.8 anos (Figura 29).
 Aumento do parentesco médio ao longo dos anos, ainda que o valor se mantenha
reduzido (<0.7%) em animais nascidos nos últimos anos (Figura 30).
 Conforme o período considerado, o acréscimo anual da consanguinidade variou entre
0.21% e 0.35% (Figuras 31 e 32). O acréscimo da consanguinidade por geração foi 2.23%,
2.30% e 1.38%, respetivamente, nos períodos 2000-2016, 2005-2016 e 2010-2016.
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 Tamanho efetivo da população reduzido em qualquer dos períodos analisados, inferior ao
valor recomendado pela FAO (50 ou ∆F/geração inferior a 1%) para que o risco de erosão
genética da população seja considerado aceitável
 Número efetivo de fundadores e de ascendentes possivelmente sobrestimados nos
diferentes períodos estudados, devido ao insuficiente conhecimento das genealogias em
anos mais distantes (Figura 33 a 36). Contudo, observa-se uma tendência para a redução
daqueles indicadores a partir de 2010, indiciando uma contribuição bastante desigual de
fundadores e de ascendentes para o património genético atual da raça.
 A evolução do valor médio do índice de conservação genética dos animais por ano de
nascimento (Figura 36) sugere que animais nascidos nos últimos anos apresentam uma
maior proporção de genes dos diferentes fundadores. Este facto poderá estar relacionado
com o aumento, ao longo dos anos, do grau de conhecimento das genealogias.
Em resumo, constata-se uma evolução muito positiva da monotorização da raça bovina Cachena,
particularmente no controle da informação genealógica e, mais evidente ainda, um notório
aumento do efetivo, tanto a nível dos reprodutores, como do número de animais nascidos.
A raça bovina Cachena foi, em termos proporcionais, a população autóctone Portuguesa que mais
cresceu nos últimos anos. Em 10 anos, passou de pouco mais de 1000 fêmeas reprodutoras, para
cerca de 6500 fêmeas. Esta raça tem conseguido tirar partido das suas características morfológicas
e produtivas, caracterizada por reduzido tamanho corporal e elevada longevidade, que perante a
atual conjuntura de apoios destinados aos bovinos aleitantes, tornou-se sem dúvida num caso de
sucesso impar em Portugal.
Será fundamental para correta gestão desta raça, a continuidade na evolução da recolha de dados
produtivos e genealógicos, numa perspetiva de se promover a sua correta monotorização.
A maioria dos indicadores demográficos estimados a partir da informação genealógica atualmente
disponível sugerem uma subestimativa dos mesmos, evidenciando que se deverá criar condições
para controlar o parentesco dos animais a acasalar e, consequentemente, a consanguinidade dos
animais que irão nascer nos próximos anos.
De um modo geral, os indicadores demográficos e de variabilidade genética estimados para a raça
Cachena não sugerem que deverão ser tomadas precauções excessivas, tendo em vista a
manutenção da sua variabilidade genética e a conservação da raça.
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