1 formação e mudanças na paisagem do bairro da prata na cidade

FORMAÇÃO E MUDANÇAS NA PAISAGEM DO BAIRRO DA PRATA NA CIDADE DE
CAMPINA GRANDE-PB E O USO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA.
Otávia Karla dos Santos Apolinário1, Nadjacleia Vilar Almeida2, Arthur Tavares
Valverdern
1
UEPB/História e Geografia, Universidade Estadual da Paraíba/História e Geografia, R. Antônio Guedes de
Andrade, 190. Catolé. CEP: 58140-410. Campina Grande/PB, [email protected]
2
UFF/Universidade Federal Fluminense - Programa de Pós Graduação em Geografia/Instituto de
Geociências, 506, Campus da Praia Vermelha, CEP: 24.210-346 Niterói/RJ, [email protected]
n
UEPB/História e Geografia, Universidade Estadual da Paraíba/História e Geografia, R. Antônio Guedes de
Andrade, 190.Catolé. CEP: 58140-410. Campina Grande/PB, [email protected]
Resumo- O trabalho apresenta de forma concisa como se deu a formação histórico-geográfica do bairro da
Prata, localizado em Campina Grande – PB, a modificação de sua forma pelos elementos do espaço e a
permanência dos resquícios do passado na paisagem atual. Objetivou-se investigara a formação históricogeográfica do bairro e analisar a transformação de sua forma refletida na paisagem no decorrer do tempo,
especificamente no período de 1953 a 2009. Para a realização deste trabalho foram feitos levantamentos de
dados secundários através de pesquisas documentais junto a órgãos públicos e pesquisas bibliográficas.
Para auxiliar na análise dos dados coletados foi utilizado um Sistema de Informação Geográfica – SIG,
utilizando software específicos, o Spring, para o armazenamento e edição de dados, gerenciamento, análise
geográfica e representação de dados. Desta forma, a análise da modificação da forma do bairro da Prata
nos proporcionou um breve estudo acerca da paisagem em suas várias dimensões: morfológica, histórica,
espacial e simbólica.
Palavras-chave: Bairro da Prata, Paisagem, Sistema de Informação Geográfica.
Área do Conhecimento: VII- Ciências Humanas
Introdução
O bairro da Prata é um dos bairros mais
antigos da cidade de Campina Grande – PB.
Antes de se constituir como bairro a Prata era um
loteamento de propriedade privada que foi
ganhando dimensões e destaque na cidade
principalmente a partir do Plano Urbanístico de
Campina Grande. Para que se tenha um maior
entendimento da formação desse bairro, o qual
possui alto status classe média-alta e alta e função
significativa para a cidade, foi feita uma análise
histórico-geográfica de sua formação desde sua
origem como loteamento até os dias atuais,
enfatizando a mudança de sua forma, no que diz
respeito a seu aspecto visível.
Para a concretização dessa pesquisa foi feito
um estudo acerca da paisagem e sua modificação
tomando como principal base teórica o autor
Milton Santos e sua obra Espaço e Método (1985),
buscando também complemento bibliográfico em
outros autores como Bezerra (2005), Sousa
(2003), referente aos aspectos históricos e
culturais.
Este trabalho teve como objetivo investigara a
formação histórico-geográfica do bairro e analisar
a transformação de sua forma refletida na
paisagem no decorrer do tempo no período de
1953 a 2009.
Metodologia
Para atingir os objetivos foi necessário fazer
um levantamento de dados secundários através
de pesquisas documentais e bibliográficas obtidas
junto à Secretária de Planejamento do Município
(SEPLAM - PB), para adquirir material cartográfico
e fotográfico do Bairro da Prata, ao IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) para
obtenção de dados estatísticos populacionais do
objeto de estudo; além de outras fontes como:
livros, artigos, dissertações, atlas geográfico,
internet.
Para auxiliar na análise dos dados coletados foi
utilizado um Sistema de Informação Geográfica SIG, caracterizado como um conjunto de
ferramentas
computacionais
composto
de
equipamentos e programas destinados a
conversão (digitalização e edição de dados), ao
gerenciamento dos dados obtidos, análise
geográfica e representação dos dados. O software
utilizado foi o SPRING versão 5.0.4, desenvolvido
e disponibilizado pelo INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais).
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O material cartográfico disponibilizado pela
SEPLAM-CG (planta do bairro de 2005) estava em
formato digital (imagem do tipo jpeg.) e para ser
inserido no SIG foi georreferenciado a partir das
coordenadas apresentadas na imagem. Foi criado
um modelo de dados cadastral onde foram
digitalizadas de forma manual na tela do
computador, as informações referentes à forma do
bairro, transformando-os para o formato vetorial e
possibilitando a criação de um banco de dados
acoplado ao mapa.
Também foi feita a digitalização da imagem do
loteamento Prata no ano de 1953 para colocá-la
sobreposta ao mapa atual do bairro da Prata.
Utilizando coordenadas geográficas comuns
(pontos de controle) procedeu-se a sobreposição
dos dois mapas, obtendo por fim um mapa com a
delimitação do bairro em épocas diferentes, uma
de 1953 e outra dos dias atuais
Formação do bairro da Prata
A partir da década de 1930, com o inicio do
Plano Urbanístico de Campina Grande, novos
bairros foram sendo incorporados a cidade, entre
esses novos bairros estava a Prata, mas antes de
se constituir como bairro consistia, no ano de
1953, em um loteamento de propriedade privada
dentro do perímetro urbano de grande dimensão,
com uma área de aproximadamente 0,48 km²
(Figura 02), possuia em seu espaço áreas que
hoje pertencem aos bairros da Bela Vista e
Centenário a oeste, que com o passar do tempo
foi desagrupado da Prata (Mapa 01). A Figura 02
mostra uma imagem do loteamento do Bairro
Prata aprovado em 1953 pela Secretária de
Viação e Obras Públicas, o que indica que nesse
ano o loteamento passou a ser considerado como
mais um bairro de Campina Grande.
Resultados
Localização do bairro da Prata
O bairro da Prata está localizada na zona oeste
da cidade de Campina Grande-PB, possuindo uma
área de 0,77 km², população total de 3.884 hab e
densidade demográfica de 561,00 hab/km², (IBGE,
2000). Seus bairros vizinhos são: Palmeira e
Monte Santo ao norte, São José ao sul, Centro a
leste, e Bela Vista a oeste. (Figura 01)
Igreja N. S.
do Rosário
Casa de
saúde
SENAI
Instituto
de
Ensino
Mercado
Figura 02 – Loteamento do bairro da Prata em
1953 Fonte: Secretaria de Planejamento Municipal
de Campina Grande-PB (SEPLAM)
Figura 01 – Delimitação dos bairros de Campina
Grande – PB, destacando o bairro da Prata.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Bairros_
de _Campina_Grande.svg
A partir de sua aprovação como bairro, a Prata
passa a ser considerada como de alto status, de
vivendas nobres, passando por transformações a
medida que o bairro da Prata e bairros vizinhos
vão se urbanizando.
Com o passar do tempo o bairro foi sendo
modificado, desagrupando e agrupando novos
espaços, produzindo e reproduzindo novas
paisagens, dando novas formas, limites e objetos
ao bairro. No entanto, a Prata ainda conserva em
seu espaço geográfico alguns referenciais urbanos
do passado que possuem significados histórico,
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cultural e simbólico, e atuam como objetos
funcionais e de práticas sociais além de construir
uma identidade sociocultura. A Figura 02, destaca
alguns desses objetos de referencia: a Igreja
Nossa Senhora do Rosário, o SENAI (Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial), a Casa de
Saúde (hoje Serviço Municipal de Saúde), um
Instituto de Ensino (Colégio Estadual da Prata), e
um Mercado (hoje a feira da Prata).
As principais vias de acesso do bairro em 1953
eram as Ruas Rodrigues Alves, Dom Pedro II,
Osvaldo Cruz e as Avenidas Montevideo, Getúlio
Vargas e Barão do Rio Brando. Hoje essas ruas e
avenidas continuam sendo as principais vias de
acesso do bairro com o acrescimo de outras ruas
e avenidas, como as Ruas Arrojado Lisboa, Índios
Carirís, Luís Soares, Rua da Independência e a
Av. Marechal Floriano Peixoto, constituindo dessa
forma as princiapis vias de acesso do bairro nos
dias de hoje.
Outras áreas ao norte, que pertenciam aos
bairros do Monte Santo e Centro foram agrupadas
ao bairro, dando-lhe nova forma e limites (Mapa
01), e uma área total de aproximadamente 0,77
2
km .
Assim sendo, novas formas urbanas são
construídas sobre outras, alterando a morfologia
do lugar e revelando uma paisagem em constante
transformação.
Mapa 01 – Metamorfose territorial do bairro da Prata – Limites do pretérito e limites atuais.
Fonte: Adaptado da SEPLAM – CG
Discussão
Em uma entrevista ao Jornal de Campina
Grande no ano de 1933 o Dr. Nestor de
Figueredo, urbanista brasileiro, já vislumbrava
uma futura valorização do loteamento Prata,
afirmando que lá a cidade teria no futuro suas
melhores vivendas (SOUSA, 2003). Isto significa
que desde a formação do loteamento já se
visualizava no futuro um bairro o qual
possivelmente teria sua forma criada e modificada
pelo trabalho humano, seguindo uma evolução
urbana vinda de outros estados.
A definição de bairro no estudo urbano é
bastante complexa, porém há algumas definições
que facilitam o entendimento sobre o mesmo. Para
a morfologia social o bairro é uma unidade
morfológica e estrutural e caracterizado por uma
certa paisagem urbana, por um certo conteúdo
social e por uma função, portanto, uma mudança
num desses elementos é suficiente para alterar o
limite do bairro. (ROSSI, 1995 apud BEZERRA,
2005). Lefebvre (1975 apud BEZERRA, 2005) diz
que “o bairro é uma forma de organização
concreta do espaço e do tempo na cidade. [...] é o
âmbito natural da vida social”.
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Santos (1985) define o espaço como “um fator
da evolução social”, o espaço é o conjunto da
natureza, (seja em seus aspectos naturais,
artificiais ou de objetos geográficos), com a
sociedade, o que ela produz e reproduz. Dessa
forma, a paisagem é tida como um objeto
geográfico de extrema importância por mostrar os
processos visíveis que a sociedade reflete.
A mudança na paisagem é observada através
da modificação da organização espacial, a qual só
é possível compreender, mediante a acurada
interpretação do processo dialético entre forma,
estrutura e função através do tempo. SANTOS
(1985)
A ação humana produzida e reproduzida em
um determinado tempo e um determinado espaço
implica
mudanças
em
sua
forma
e
conseqüentemente em sua paisagem. Santos (op.
cit.) diz que a paisagem “é formada pelos fatos do
passado e do presente”. Dessa forma a presença
dos objetos símbolos presentes na Prata não
deixa que o bairro perca por total seu processo
histórico, conservando um pouco de sua paisagem
do passado.
Portanto, as formas são governadas pelo
presente, e embora se costume ignorar o seu
passado, este ainda continua a ser parte
integrante das formas. (SANTOS, op. cit.)
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE (2000). Indicadores
Sociais Municipais 2000. Disponível em
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/
indicadores_sociais_municipais/default.shtm>
Acesso em 05/10/2008.
- SANTOS, Milton. Espaço e Método. São Paulo:
Nobel, 1985.
- SOUSA, Fábio Gutemberg Ramos Bezerra de.
Cartografias de Uma Reforma Urbana no
Nordeste do Brasil (1930-1945) Revista
Brasileira de História. São Paulo v. 23 N° 46. p.
61-92 (2003). Disponível em: www.scielo.br/
scielo.php?pid=S0102-01882003000200004&scrip
t=sci_arttext. Acesso em 21 de Março de 2009
Conclusão
Ao se analisar a forma do bairro da Prata ao
longo do tempo, entre 1953 aos dias atuais,
percebeu-se que a modificação da paisagem no
espaço a partir do trabalho humano materializado
e geografizado, proporcionam à forma nova
estrutura e nova função a ser desempenhada.
Essa nova estrutura e nova função é produto de
uma organização socioespacial e econômica que
ditam as mudanças na forma física e na função de
um espaço geográfico.
No entanto, em meio de tantas mudanças,
percebeu-se que ainda há resquícios do passado
constituindo a paisagem do bairro da Prata.
Contudo, este trabalho nos proporcionou um
breve estudo acerca da paisagem do bairro da
Prata em suas várias dimensões, morfológica,
histórica, espacial e simbólica.
Referências
- BEZERRA, Josué Alencar. A reafirmação do
bairro: um estudo geo-histórico do bairro do
Alecrim na cidade de Natal. Dissertação
(Mestrado Em Geografia) Universidade Federal do
Rio Grande o Norte. Natal-RN, 2005. 187 f.
Disponível
em:
http://biblioteca.universia.net/
ficha.do?id=9467118. Acesso em 20 de Junho de
2009
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
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