Conservação da quantidade de movimento linear Vamos considerar um sistema cosistindo de N partículas de massas mk , com k = 1, 2, . . . , N. Cada partícula tem seu vetor posição rk . Vou supor que a iésima partícula faz uma força sobre a j-ésima denotada por Fi→j . Todas essas forças entre as N partículas do sistema serão chamadas de suas “forças internas”. É claro que cada uma das N partículas pode estar sob a ação de uma força resultante de ações provenientes de fora do sistema, isto é, não correspondendo a nenhuma das forças que as outras partículas do sistema exercem sobre ela. Vou denotar a resultante das forças externas agindo sobre a k-ésima partícula (ext) de Fk . Assim, teremos N equações de movimento acopladas para resolver: dpk dt (ext) = Fk (int) + Fk , onde pk = mk drk dt (int) é o momentum da k-ésima partícula e Fk internas sobre a k-ésima partícula: (int) Fk k−1 X = N X Fl→k + l=1 é a resultante de todas as forças X Fl→k = l=k+1 Fl→k . l6=k A força resultante que a própria k-ésima partícula exerce sobre ela mesma deve ser nula e, portanto, para simplificar a notação, vou definir Fk→k = 0. Com isso, agora podemos escrever. (int) Fk N X = Fl→k . l=1 Somando todas as equações de movimento membro a membro obtemos N X dpk k=1 dt = N X (ext) Fk + k=1 N X (int) Fk , k=1 isto é, d dt N X k=1 ! pk = N X (ext) Fk k=1 k=1 Seja N X P = k=1 1 + N X pk (int) Fk . o momentum total do sistema de N partículas e sejam F(ext) N X = (ext) Fk k=1 e F(int) N X = (int) Fk k=1 a força externa resultante e a força interna resultante, respectivamente. Então, a variação do momentum total do sistema pode ser escrita como dP dt = F(ext) + F(int) . Mas, note que F (int) = N X (int) Fk = N X N X Fl→k . k=1 l=1 k=1 Veja que podemos escrever a soma dupla assim: N N X X Fl→k N N X X = Fk→l , l=1 k=1 k=1 l=1 já que os índices somados são “mudos” e, portanto, podem ser trocados por quaisquer outros índices desde que distintos. Observe que a ordem das somas pode ser trocada. Logo, N X N X Fk→l N X N X = l=1 k=1 Fk→l . k=1 l=1 Então, nada nos impede de escrever o seguinte: N F(int) = N N N 1 XX 1 XX Fl→k + Fk→l , 2 2 k=1 l=1 k=1 l=1 isto é, N F(int) = N 1 XX (Fl→k + Fk→l ) . 2 k=1 l=1 Sabemos, da terceira lei de Newton, que Fk→l = 2 −Fl→k . Logo, N F(int) = N N N 1 XX 1 XX (Fl→k + Fk→l ) = (Fl→k − Fl→k ) = 0. 2 2 k=1 l=1 k=1 l=1 Consequentemente, dP dt = F(ext) . Essa equação nos diz que a derivada temporal do momentum total do sistema é igual à resultante das forças externas agindo sobre o sistema. Caso a força externa resultante seja zero, o momentum total do sistema será conservado e vice-versa. Centro de massa Também é interessante definirmos o centro de massa do sistema de N particulas. Seja o vetor posição do centro de massa, R, definido como R = N 1 X mk rk , M k=1 com M denotando a massa total do sistema, isto é, M N X = mk . k=1 Veja que o centro de massa é uma média ponderada da posição das N partículas e o peso de cada uma das posições é dado pela massa da partícula correspondente dividida pela massa total. Além disso, também podemos notar que a velocidade do centro de massa é obtida tomando a derivada temporal de R, resultando em dR dt = N N 1 X drk 1 X P mk = pk = , M dt M M k=1 k=1 isto é, P = M dR . dt Logo, o momentum total nada mais é do que a massa total multiplicada pela velocidade do centro de massa. Agora fica óbvio que a derivada do momentum total dá a massa total multiplicada pela aceleração do centro de massa: dP dt = M 3 d2 R dt2 e, portanto, M d2 R dt2 = F(ext) . Assim, a equação de movimento para o centro de massa do sistema é como a equação de movimento para uma partícula com a massa igual à massa total do sistema e sob a ação de uma força igual à força externa resultante, que age sobre todo o sistema de N particulas. 4