1 O RURAL E O URBANO NO NORTE DE MINAS

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INSTITUTO DE GEOGRAFIA – IG
LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA AGRÁRIA – LAGEA
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II ENCONTRO DE GRUPOS DE PESQUISA
O RURAL E O URBANO NO NORTE DE MINAS (MG): uma abordagem sob a ótica
da paisagem
Anete Marília Pereira∗
Beatriz Ribeiro Soares**
Resumo
Propor uma discussão sobre o rural e o urbano na região norte-mineira constitui o principal
objetivo desse artigo. Trata-se de uma tentativa de suscitar alguns pontos para posterior
aprofundamento teórico, uma vez que a temática em questão é carregada de ambigüidades e
de difícil conceituação. Para a realização deste trabalho utilizamos como metodologia, além
da pesquisa bibliográfica, trabalhos de campo e análise de fotografias dos lugares visitados. O
resultado obtido permite inferir que na região Norte de Minas é bastante complexa a
separação do urbano e do rural, pois ambos coexistem em diferentes lugares, ainda que em
certos municípios um se sobreponha ao outro.
Palavras-chave: urbano – rural – paisagem
Introdução
A temática em questão, o rural e o urbano, abordada a partir da paisagem, implica uma análise
mais subjetiva, baseada na percepção, o que poderia conduzir a um estudo meramente
empírico. Entretanto, procuramos associar os dados produzidos por institutos de pesquisa com
trabalhos de campo, entrevistas com representantes do poder público municipal e fotografias.
Utilizando essa metodologia, apresentamos algumas reflexões sobre diferentes paisagens da
região Norte de Minas, nosso recorte espacial nesta pesquisa. Assim, discutir sobre as
paisagens que se apresentam como urbanas ou rurais na região constitui o objetivo central
desse artigo.
∗
Professora do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES e
doutoranda em Geografia na Universidade Federal de Uberlândia – UFU
** Professora Doutora do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia - UFU
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Dada a ambigüidade dos conceitos aqui tratados, iniciamos o texto com uma breve
contextualização teórica da categoria paisagem, do urbano e do rural, seguido do estudo de
caso, no qual nos preocupamos em integrar a teoria com a realidade observada. Ao final,
apresentamos algumas considerações que não tem o propósito de esgotar a discussão neste
artigo iniciada.
Paisagem – Um conceito complexo
O conceito de paisagem é relativamente recente, pois podemos considerar que, pelo menos na
Europa, a noção de que um certo lugar é uma “paisagem” esteve ligada aos pintores que
retratavam determinados lugares de acordo com a sua percepção. Hoje, este termo é
empregado nas mais diversas concepções.
Na literatura específica há diferentes abordagens do termo paisagem e não caberia, neste
texto, elucidar todas elas. Entretanto, para este estudo, percebemos que algumas
considerações teóricas são necessárias para a compreensão do uso dessa terminologia no
contexto em que a utilizaremos. Para Bertrand (1971, p.141) a paisagem
não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, em uma
determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto
instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente
uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em
perpétua evolução. A dialética tipo-indivíduo é próprio fundamento do método de
pesquisa.
A maioria dos autores que trabalha com a temática paisagem considera que ela geralmente é
produto de uma história, natural ou social, conforme a definição dada por Ab’Saber, citado
por Philadelpho (1988, p. 40), quando considera que a paisagem é
uma herança, em todo o sentido da palavra: herança de processos fisiográficos,
biológicos e patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdam como
território de atuação de suas comunidades. Mais do que simples espaços territoriais
os povos herdam paisagens e ecologias, pelas quais certamente são responsáveis,
mas todos têm uma parcela de responsabilidade permanente de uma herança única
que é a paisagem terrestre.
Consideramos relevante destacar a definição dada por Santos (1988, p.61) que conceitua a
paisagem como
tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança é a paisagem. (...) a paisagem
é uma escrita sobre a outra, um conjunto de objetos que tem idades diferentes, é
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uma herança de muitos diferentes momentos. (...) susceptível a mudanças
irregulares ao longo do tempo, a paisagem é um conjunto de formas heterogêneas,
de idades diferentes, pedaços de tempos históricos representativos das diversas
maneiras de produzir coisas, de construir o espaço.
Nessa perspectiva, podemos considerar que todas as paisagens refletem transformações
temporais e conservam testemunhos de tempos passados.Todavia o que nos interessa nesse
estudo, são as paisagens organizadas pelo homem, que “mudam relativamente depressa, de
geração em geração, se transformando em espelho da forma de ocupação humana do espaço”
(PEREIRA E ALMEIDA, 20004, p. 123).
A urbanização acelerada ocorrida no século passado, as recentes evoluções na agricultura e o
surgimento de novas funções no campo, entre outros fatores, provocaram uma substancial
alteração na paisagem rural e na estrutura dos seus habitats, bem como na paisagem urbana.
Mas afinal, o que permite a identificação de uma paisagem como urbana ou rural? É o
predomínio das atividades ali predominantes? É o modo de vida? São as características do
meio ambiente?
Em estudo anterior salientamos que
muitas são as contradições e ambigüidades que permeiam a maioria dos estudos que
discutem o urbano e o rural.(...) O termo urbanização se refere, grosso modo, ao
crescimento mais acelerado da população urbana em relação à população rural. Já a
definição do que constitui uma cidade ou uma zona urbana varia de um país para
outro e de uma época para outra. No caso brasileiro é utilizado o critério políticoadministrativo, sendo considerada cidade toda sede de município (PEREIRA, 2004,
p.10).
Nessa perspectiva, também o rural, no caso brasileiro, possui difícil definição, conforme
assinalado por Marques (220, p.97) quando afirma que
o espaço rural corresponde a aquilo que não é urbano, sendo definido a partir de
carências e não de suas próprias características. Além disso, o rural, assim como o
urbano, é definido pelo arbítrio dos poderes municipais, o que, muitas vezes, é
influenciado por seus interesses fiscais.
Alguns autores consideram como o urbano como modo de vida. Nessa concepção, a
diferenciação rural/urbano é ainda mais complexa.Por isso, nos estudos sobre esse assunto
existem muitas variáveis que não devemos deixar de refletir sobre elas, como a intensidade da
concentração urbana, os tipos de relações que as cidades estabelecem entre si, as atividades
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econômicas da população, o estágio de desenvolvimento tecnológico, os hábitos de vida, entre
outros fatores. Concordamos com Souza (1995, p.65) quando ele afirma que
a urbanização e o urbano devem ser vistos sob a ótica da divisão social e territorial
do trabalho. Ser urbano, hoje, não significa necessariamente viver no espaço físico
da cidade. A questão urbana é de uma magnitude diferente. Ela ultrapassa as
fronteiras físicas da cidade. A cidade e o campo, hoje, são realidades confluentes.
Feitas essas considerações, selecionamos algumas paisagens urbanas e rurais do Norte de
Minas que serão analisadas, tendo por pressuposto básico a idéia que o urbano e o rural se
apresentam correlacionados.
O rural e o urbano no Norte de Minas – uma leitura da paisagem
A extensa região Norte de Minas é a parte de Minas Gerais que limita com o Nordeste
Brasileiro, por isso a consideramos como uma área de fronteira, tanto do ponto de vista
fisiográfico quanto socieoconômico. O Norte da pobreza e da opulência, do tradicional e do
moderno, da riqueza cultural e da miséria social. Viajando pelo Norte de Minas não podemos
deixar de dar razão a essa visão dualista da região, onde identificamos muita pobreza e nichos
de riqueza, modernidade e tradicionalismo, produção e escassez, discursos e realidade. Há
defensores de uma identidade norte-mineira ou baianeira ou ainda, sertaneja (Costa, 1997).
Mas essa temática não possui grande relevância na nossa discussão. Preocupa-nos identificar
a realidade que se apresenta como urbana na região e as diferentes paisagens rurais.
Entretanto, questionamos até que ponto os rótulos utilizados para caracterizar a região são
verdadeiros, ou são uma criação ideológica para atender a determinados interesses de uma
classe social. Antes de analisarmos essa questão, consideramos necessário fazer uma breve
caracterização e contextualização da região no cenário atual.
Inicialmente, é importante salientar que a região Norte de Minas é composta por 89
municípios, cuja área e densidade populacional são bastante diversificadas. Predominam
municípios com população inferior a 20.000 habitantes. A região tem, no conjunto, mais da
metade de sua população vivendo nas cidades, não isso não significa que o processo de
urbanização ocorreu de forma homogênea. Os dados do Censo de 2000 (IBGE) revelam que
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52,80% dos municípios norte-mineiros possuem a população rural superior à população
urbana. Essa significativa parcela da população regional permanece rural e subsiste da
agricultura tradicional.
O mapa 1 traz a divisão municipal da mesoregião Norte de Minas, para efeito de localização
das paisagens dos municípios às quais faremos referência no decorrer deste texto.
Mapa 1 - Municípios da Mesorregião Norte de Minas
01
02
03
04
05
06
07
08
09
Águas Vermelhas
Berizal
Bocaiúva
Bonito de Minas
Botumirim
Brasília de Minas
Buritizeiro
Campo Azul
Capitão Enéas
31
32
33
34
35
36
37
38
39
Itacambira
Itacarambi
Jaíba
Janaúba
Januária
Japonvar
Jequitaí
Josenópolis
Juramento
61
62
63
64
65
66
67
68
69
Patis
Pedrasde Maria da Cruz
Pintópolis
Pirapora
Ponto Chique
Porteirinha
Riachinho
Riacho dos Machados
Rio Pardo de Minas
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25
26
27
28
29
30
Catuti
Chapada Gaúcha
Claro Poções
Cônego Marinho
Coração de Jesus
Cristália
Curral Dentro
Divisa Alegre
E. Navarro
Espinosa
Francisco Dumont
Francisco Sá
Fruta de Leite
Gameleiras
Glaucilândia
Grão Mogol
Guaraciama
Ibiaí
Ibiracatu
Icaraí Minas
Indaiabira
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
Juvenília
Lagoa Patos
Lassance
Lontra
Luislândia
Mamonas
Manga
Matias Cardoso
Mato Verde
Mirabela
Miravânia
Montalvânia
Monte Azul
Montes Claros
Montezuma
Ninheira
Nova Porteirinha
Novorizonte
Olhos-d'Água
Padre Carvalho
Pai Pedro
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
Rubelita
Salinas
Santa Cruz de Salinas
Santa Fé Minas
Santo Antônio do Retiro
São Francisco
São João da Lagoa
São João da Ponte
São João das Missões
São João do Pacuí
São João do Paraíso
São Romão
Serranópolis
Taiobeiras
Ubaí
Urucuia
Vargem Grande do Rio Pardo
Várzea da Palma
Varzelândia
Verdelândia
O mapa 02 mostra a população urbana e rural nos municípios norte-mineiros. Notamos que a
urbanização da região teve um caráter concentrador, uma vez que nos municípios mais
industrializados há uma maior concentração populacional, como é o caso da cidade de Montes
Claros, Pirapora, Bocaiúva, entre outros. Na maioria dos municípios predomina a população
rural.
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Mapa 2 - População urbana e rural na região Norte de Minas
Sabemos que vários municípios e cidades do Norte e Minas, principalmente os menores,
sobrevivem graças ao Fundo de Participação dos Municípios. Carvalho (2002, p. 545) chama
a atenção ainda, para o fato de que
estes pequenos municípios, geralmente de base econômica tipicamente rural, não
possuem uma massa de contribuintes, quantitativamente e qualitativamente capaz
de lhes possibilitar uma receita tributária expressiva. (...) Registra-se que para a
maioria dos municípios brasileiros a arrecadação do IPTU e do ISS é difícil de ser
realizada, pois demanda a constituição e atualização de cadastros de contribuintes e
a contratação de pessoal altamente qualificado.
Em entrevista com representantes da administração municipal, constatamos essa situação de
dependência do FPM em quase todos os municípios da região.
Cabe aqui discutir um pouco sobre as dicotomias que caracterizam o rural e o urbano no
Norte de Minas. A única cidade com população urbana superior a 200 mil habitantes é
Montes Claros, considerada como o centro urbano mais importante da região. A figura 1
mostra uma visão panorâmica da paisagem urbana dessa cidade, notadamente a sua área
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central, na qual o solo é mais densamente ocupado. A franja urbana apresenta características
bem diferenciadas, com vazios demográficos e atividades tipicamente rurais.
Figura 1 - Cidade de Montes Claros (MG)
Fonte: Prefeitura Municipal de Montes Claros, 2005
A figura 2 mostra uma outra paisagem, que também é considerada urbana. Trata-se da cidade
de Itacambira, uma cidade com 656 habitantes (IBGE, 2000), com ligações estreitas com a
atividade rural já que a maior parte da sua população vive no campo e se dedica à pecuária e à
agricultura de subsistência. A área urbana desse município possui apenas uma avenida ao
longo da qual se localizam as casas, todas com bancos na calçada para a conversa de fim de
tarde. O comportamento social da população citadina é semelhante ao da zona rural.
Percebemos essa cidade como uma cidade local (Santos, 1988), com poucas funções urbanas.
Não possui agências bancárias, hospital, cursos superiores, nem ensino profissionalizante,
supermercados, lojas de material de construção, telefonia móvel, dentre outros serviços.
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Figura 2 - Área urbana de Itacambira
Autor: PEREIRA, mai./2006
Outra característica típica das cidades norte mineiras é falta de recursos para administrar o
município, oferecendo os serviços essenciais à população. Mais de 80% dos municípios tem
como principal fonte de recursos o Fundo de Participação dos Municípios - FPM – (Pesquisa
direta, 2006). A figura 3 mostra a precariedade da estrutura urbana comum a vários outros
municípios da região. Trata-se da prefeitura municipal de Engenheiro Navarro, cidade com
4.714 habitantes urbanos.
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Figura 3 - Prefeitura Municipal de Engenheiro Navarro
Autor: PEREIRA, mai./2006
No maio rural existem áreas com agropecuária mais modernizada ao lado da atividade
praticada de forma tradicional. As paisagens rurais são muito variadas, mas consideramos que
a prática tradicional e a pobreza rural se sobrepõem à modernização do campo. Os projetos de
irrigação (foto 4) e os de pecuária melhorada (foto 5) representam o que denominamos
“nichos de modernização” no Norte de Minas. A agricultura irrigada, em especial a
fruticultura, localizada em Pirapora, Jaíba e Janaúba, apresenta grande relevância econômica
para a região. A região Norte de Minas pode ser considerada um exemplo. Apesar da
existência de “nichos” de modernização agrícola, como áreas de irrigação ao longo do São
Francisco, verifica-se ainda a permanência de práticas tradicionais no campo, que marcam a
especificidade do rural. Neves (2003:11) chama a atenção para esse fato ao considerar que
devemos entender que o processo de absorção da técnica ocorre de maneira
diferenciada no espaço, isto é, algumas áreas irão se privilegiar diretamente destas
mudanças, enquanto outras irão vivenciá-las em outros níveis, segundo amplitudes
distintas, Isso nos permite entender como determinados lugares vivenciam
transformações profundas a partir da modernização da agricultura, enquanto outros
nem tanto.
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Figura 4 – Área de Irrigação - Projeto Jaíba
Fonte: CODEVASF
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Figura 5: Pecuária no município de Juramento
Autor: PEREIRA, mai./2006
Apesar das divergências teóricas comuns quanto se discute o rural, há uma preocupação em
apreendê-lo na sua duplicidade, ou seja, enquanto espaço físico considerando as formas de
uso e ocupação do território e enquanto lugar de vida e de referência identitária. A área rural
norte-mineira apresenta uma outra paisagem, oposta à anterior, que mostra a pobreza, a
miséria e a degradação ambiental que caracteriza uma parcela expressiva das propriedades
norte-mineiras. As fotos 6, 7 e 8 são exemplos dessa realidade.
Figura 6 - Zona rural município de Espinosa
Autor: PEREIRA, jun./2003
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Figura 7 - Vale do São Domingos - Francisco Sá
Autor: ALMEIDA, set./2003
Assim como percebemos a presença do rural no interior das cidades da região, percebemos
também elemento do urbano na zona rural, como mostra a figura 8.
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Figura 8 - Zona rural de Montalvânia
Autor: PEREIRA, jun./2003
Obviamente, a realidade do Norte de Minas contém mais elementos a serem analisados do que
os expostos nesse breve artigo. Entretanto, em termos de paisagens rurais e urbanas
prevalecem as características de pequenas cidades, ligadas ao ambiente rural, no qual tiveram
origem. A exceção que podemos fazer diz respeito às cidades que foram objeto da política
governamental de desenvolvimento e tiveram um parque industrial implantado, como é o caso
de Montes Claros, Bocaiúva, Pirapora, Várzea da Palma e Capitão Enéas. Entretanto, a
indústria aí instalada não conseguiu gerar o desenvolvimento regional, nem romper com os
laços sociais com o campo.
Considerações finais
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Vários estudos têm demonstrado que o que vem ocorrendo na atualidade é a expansão da
lógica urbana, com a extensão de estilos culturais, do modo de pensar, agir e produzir típico
da cidade sobre o espaço rural facilitada, principalmente, pelos modernos meios de
comunicação. Mas isso não significa o fim do rural. No Norte de Minas, onde grande parte
dos municípios permanece com população majoritariamente rural, desenvolvendo atividades
típicas do rural, a paisagem urbana possui elementos do rural e o campo apresenta influência
do modo de vida urbano, um não eliminando completamente o outro. Nesta nossa breve
reflexão constatamos que na maior parte da região, ainda prevalece a paisagem rural típica de
áreas periféricas, não muito integrados ao urbano, evidenciando as desigualdades sociais
próprias do capitalismo que é, em essência, um processo de desenvolvimento social desigual
no espaço e no tempo.
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