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Capítulo 5
Produção de mudas de qualidade: base para a
sustentabilidade da lavoura cafeeira
Marcelo Antonio Tomaz
Lima Deleon Martins
Wagner Nunes Rodrigues
José Francisco Teixeira do Amaral
Waldir Cintra de Jesus Junior
71
72
1. INTRODUÇÃO
A cafeicultura brasileira tem passado por transformações ao longo dos anos,
buscando se tornar um processo cada vez mais rentável e sustentável. Programas
de revitalização da cultura cafeeira têm sido lançados no Brasil para a promoção
de melhorias no processo produtivo.
Nesse cenário, a renovação do parque cafeeiro é uma ferramenta fundamental.
Através da renovação, pode ser realizada a substituição de lavouras depauperadas
e formadas com cultivares antigas, por novos materiais genéticos de maior
potencial produtivo lançados pelos programas de melhoramento.
A produção de mudas de café de qualidade assume uma importância
inquestionável para o sucesso do processo de renovação. A produção de mudas
vigorosas, sadias e bem desenvolvidas é fundamental para o sucesso do
agronegócio, principalmente quando se considera espécies perenes, como é o
caso do cafeeiro.
Quando esta etapa é bem conduzida, a produção de café se torna uma
atividade mais sustentável, com maior produtividade e menor custo. A utilização
de mudas de qualidade pode ser considerada o principal fator para o sucesso da
formação de uma lavoura cafeeira.
Neste capítulo serão abordados os principais tópicos sobre a produção de
mudas de café com qualidade, visando a sustentabilidade da lavoura cafeeira.
2. PREMISSAS PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE CAFÉ
Algumas etapas merecem destaque durante a produção de mudas de café. As
duas espécies cultivadas, o café arábica e o café conilon, diferem em relação a
importância dessas etapas. Enquanto o café arábica é multiplicado via seminal,
devido as suas características reprodutivas, o café conilon é propagado, em
grande parte, assexuadamente por meio da estaquia para multiplicação das
cultivares clonais, que representam a maioria das cultivares lançadas até o
momento.
2.1. Escolhas das sementes
A instalação da maioria das lavouras cafeeiras principalmente de Coffea arabica
L. é realizada por meio de mudas obtidas através de sementes. Assim, após a
escolha da cultivar, é de suma importância a obtenção de sementes de alta
qualidade (Figura 1), capazes de gerar mudas vigorosas (ALVARENGA et al.,
2000).
73
Figura 1. Visualização de lote certificado de sementes,
de café arábica, com alto padrão de qualidade.
A qualidade de um lote de sementes compreende uma série de atributos que
determinam o seu valor para semeadura, que são a pureza genética, física,
fisiológica e sanitária. Os padrões para a qualidade de sementes são estabelecidos
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Para o Estado
do Espírito Santo, as diretrizes básicas para a produção e comercialização de
material de propagação de café foram fixadas pela Portaria Nº 338, de 30 de
novembro de 2010, visando garantir a identidade e a qualidade das mudas
produzidas no Estado (MAPA, 2010). Os atributos relacionados a qualidade de
sementes foram descritos por Tomaz et al. (2009), conforme apresentados na
Tabela 1.
Tabela 1. Atributos utilizados para determinação da qualidade de sementes
Atributo
Qualidade Genética
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Descrição
Característica transmitida hereditariamente, ou seja, determinada
pelas características da planta que resultam no potencial genético
da semente. São os benefícios advindos do melhoramento
genético das plantas, tais como produtividade, porte, arquitetura
da planta, precocidade, resistência às pragas e doenças, entre
outros. Para Fazuoli (1986), a qualidade genética irá garantir que
as características de interesse acrescentadas aos materiais
comerciais sejam mantidas e expressas nos cultivos
subsequentes, fundamentando-se no alto vigor vegetativo e na
semelhança que a progênie apresenta quando comparada aos
progenitores.
Continua...
Tabela 1. Continuação
Qualidade Física
Qualidade Sanitária
Qualidade
Fisiológica
Reflete a composição física ou mecânica de um lote de
sementes. Um lote de sementes é determinado como fisicamente
puro quando o mesmo está isento de outras sementes de plantas
caracterizadas como indesejáveis; quando a uniformidade no
tamanho e densidade das sementes; quando há ausência de
materiais inertes como pedras, pedaços de madeira, casca de café
entre outros; e quando o lote de sementes de café não possui
danos físicos caracterizados como quebrados, brocados e mal
formados. Na maioria das pesquisas realizadas observa-se que há
concordância quanto à necessidade de remoção das sementes de
menor tamanho e menor densidade do lote, pois a pequena
quantidade de substâncias de reserva pode proporcionar um
lento desenvolvimento às plântulas. Além disso, tem sido
verificado que a separação das sementes por tamanho e
densidade é vantajosa para o aprimoramento da qualidade de
diversas espécies. O manejo incorreto no processo de
beneficiamento das sementes de café implica diretamente na
qualidade física do lote (BRASIL, 1992).
Baseada na ausência de contaminação por fungos, bactérias,
vírus e insetos. A semente de café tem como característica ser
envolta por mesocarpo espesso, assim uma relação hospedeira é
estabelecida diretamente com diversos microrganismos e
insetos, em função de o mesocarpo ser constituído de celulose,
hemicelulose, pectinas, açúcares e proteínas, suprindo-os de
fontes de carbono e nitrogênio (LIMA, 2005). A associação dos
microrganismos com as sementes de café gera não só a
disseminação de patógenos e, ou, insetos, mas também
compromete a viabilidade da semente na germinação e no vigor
afetando a qualidade e a produtividade da cultura.
Compreende as características que indicam a capacidade da
semente em exercer suas funções vitais, ou seja, aquelas
relacionadas à germinação, vigor e longevidade. A qualidade
fisiológica configura o menor nível de danos possíveis às
características inerentes à fisiologia das sementes, como baixa
degradação de tecidos de reservas, e principalmente, baixa
degradação da membrana celular que influencia na
desorganização estrutural e física das células auxiliando na
velocidade de deterioração das substâncias de reservas, que
futuramente inviabilizarão as sementes (LARCHER, 2000). As
sementes estão sujeitas a uma série de mudanças degenerativas
de origem bioquímica, fisiológica e física após a sua maturação,
as quais se associam com a redução do vigor (ALIZAGA et
al.,1990). As práticas de secagem e armazenamento de sementes
Continua...
75
Tabela 1. Continuação
Qualidade
Fisiológica
de café estão diretamente ligadas à qualidade fisiológica das
sementes. A exposição das sementes à temperaturas e umidade
relativa elevadas provoca sérias alterações degenerativas no seu
metabolismo, desencadeado pela desestruturação e perda da
integridade dos sistemas de membranas celulares causadas
principalmente pela peroxidação de lipídios, além da perda da
compartimentalização celular. A desintegração do sistema de
membranas promove descontrole do metabolismo e das trocas
de água e solutos entre as células e o meio exterior,
determinando a queda na viabilidade das sementes (VIEIRA &
CARVALHO, 1994).
Fonte: Tomaz et al., 2009.
As sementes devem ser obtidas de órgãos de pesquisa, federais ou estaduais,
ou, então, em propriedades registradas para a produção de sementes, onde se
pode ter certeza quanto à boa origem do material, por se conhecer a variedade e a
linhagem.
Como alternativa, as sementes também podem ser colhidas na própria
lavoura, desde que o cafezal tenha sido formado com sementes de boa origem e
em áreas com reduzido risco de cruzamento entre cultivares. Nesse caso, são
selecionadas sementes de lavouras sadias, com bom manejo nutricional, sem
incidência de pragas e doenças, dando-se prioridade a plantas vigorosas,
produtivas e com boa arquitetura, que tenham apresentado boas características
agronômicas por, pelo menos, quatro ciclos reprodutivos (SILVA et al., 2010).
Os frutos selecionados, no estádio de "cereja" (maturação fisiológica), devem
formar um lote uniforme, adquirido no mesmo ano da colheita. Os mesmos
devem ser submetidos a remoção da polpa açucarada e mucilaginosa, para evitar a
proliferação de microrganismos danosos (GUIMARÃES, 1995; SILVA et al.,
2010).
Após esse processo, as sementes são submetidas a secagem, de preferência à
sombra, até que a umidade na massa se aproxime de 14%. Nesse ponto, as
sementes podem ser armazenadas em sacaria comum depositadas em local fresco,
por até seis meses (SILVA et al., 2010).
2.2. Semeadura
Segundo Santinato & Silva (2001) e Matiello et al. (2005), a semeadura consiste
na deposição das sementes de café de forma direta nos recipientes (sacolas ou
tubetes), ou ainda de forma indireta através de pré-germinação ou germinação
em leito de areia, sendo a forma indireta não recomendada.
76
A semeadura deve ser feita diretamente nos saquinhos, usando-se duas
sementes por recipiente, a uma profundidade de 1-2 cm, cobertas com uma fina
camada de substrato ou preferivelmente com areia lavada. Em seguida, devem-se
cobrir os canteiros com palha, capim seco ou folhas de coco secas, para conservar
a umidade e evitar que as sementes sejam descobertas pela ação do vento, chuva
ou irrigação. Ao iniciar a germinação, retira-se a cobertura dos canteiros (Figura
2), e efetua-se imediatamente a cobertura do viveiro, proporcionando inicialmente
50% de insolação, caso não seja na modalidade a pleno sol (SILVA et al., 2010).
Figura 2. Início da germinação das sementes de café arábica.
A época de semeadura esta intimamente ligada à época de plantio da muda
fator primordial para a sustentabilidade econômica e produtiva da lavoura
cafeeira, pois esse processo governará o tempo hábil que a muda necessita para
ficar pronta dentro da época recomendável para o plantio.
As mudas devem ser produzidas de maneira a permitir a semeadura durante o
mês de maio/junho, entretanto, deve-se levar em consideração que a época
chuvosa ideal para o plantio não é semelhante e bem definida para todas as
regiões produtoras.
77
2.3. Propagação por estacas
A produção de mudas por meio da propagação por partes vegetativas, como
as estacas, é muito utilizada para espécies que possuem alta variabilidade genética,
como é o caso do Coffea canephora Pierre ex Froehner. Devido a sua alogamia,
existe combinação de material genético de diferentes plantas, fato este que
condiciona as sementes de uma lavoura a expressarem grande desuniformidade
para muitas características agronômicas (FONSECA, 1999).
Com o objetivo de reproduzir as características desejáveis de uma cultivar, a
multiplicação de mudas de café conilon por estaquia tem sido largamente
empregada, gerando clones de uma planta-matriz de genótipo conhecido e
permitindo a formação de lavouras com mudas clonais.
A produção de estacas depende da manutenção de um banco de plantas
matrizes bem manejado, sendo recomendada a aquisição de estacas oriundas de
instituições idôneas (FERRÃO et al., 2012).
As estacas são obtidas a partir do corte de ramos ortotrópicos selecionados de
plantas matrizes de genótipos conhecido. Logo após o seu corte, os ramos devem
ser transportados para local à sombra onde as estacas serão preparadas. Deve-se
eliminar as partes mais lenhosas e as mais tenras do ramo.
Os ramos plagiotrópicos logo acima da inserção devem ser eliminados, assim
como 2/3 do limbo de cada uma das folhas de cada nó. As estacas são
individualizadas utilizando cortes em bisel a aproximadamente 3 cm abaixo do
par de folhas, objetivando aumentar a superfície de contato entre a estaca e o
substrato, e cortes retos a 1 cm acima da inserção do mesmo. Após
individualizadas, as estacas são submetidas a tratamento fitossanitário,
normalmente realizada com a imersão das estacas em solução fungicida. As
estacas prontas, podem então, ser introduzidas diretamente no substrato até a
inserção do par de folhas (FERRÃO et al., 2012).
Na formação de mudas por estaca, é indispensável mantê-las em ambiente
úmido, sendo normalmente recomendado o uso de sistema de irrigação por
microaspersão até as plantas desenvolverem dois pares de folhas definitivas, o
que ocorre aproximadamente 100 dias após o enviveiramento (FONSECA et al.,
2007; FERRÃO et al., 2012). Esta prática terá reflexo na qualidade final da muda
(Figura 3).
3. RECIPIENTES
Os recipientes devem proporcionar condições favoráveis para o bom
desenvolvimento das mudas, facilitando o manejo e garantindo o bom
enraizamento e crescimento das plantas (SILVA et al., 2010).
Com relação aos tipos de recipientes utilizados na produção de mudas de cafe78
Figura 3. Visualização do desenvolvimento da estaca até a formação da muda
de café conilon.
-eiro, os saquinhos de polietileno (Figura 4) são os mais utilizados, devido
principalmente ao baixo custo desse sistema, além da facilidade de obtenção de
substrato e ampla difusão da técnica em todas as regiões produtoras de café
(SILVA et al., 2010).
Figura 4. Mudas de café arábica sendo produzidas em sacolas de polietileno.
79
Entretanto, existem alternativas viáveis, como os tubetes de polietileno rígido
(Figura 5), que possuem capacidade volumétrica inferior à dos saquinhos de
polietileno (MELO, 1999). Os tubetes proporcionam algumas vantagens, como o
melhor direcionamento das raízes no sentido vertical, impedindo o seu
enovelamento. Além disso, eles utilizam menor quantidade de substrato,
requerem menor espaço para a produção de mudas, reduzem os problemas com
plantas espontâneas e nematóides, e facilitam a condução do viveiro e o
transporte das mudas. No entanto, o emprego de tubetes na produção de mudas
de café envolve um alto investimento inicial (GUIMARÃES et al., 1998).
Figura 5. Viveiro para produção de mudas de café conilon com o uso tubetes
de polietileno rígido.
4. SUBSTRATOS
Substrato é o material ou mistura de materiais utilizados para o
desenvolvimento da semente ou estaca, sustentando e fornecendo nutrientes e
água, para o bom desenvolvimento da planta. O substrato exerce influência
significativa na arquitetura do sistema radicular, na nutrição das mudas, assim
80
como na translocação de água no sistema solo-planta-atmosfera (SANTINATO
& SILVA, 2001).
De acordo com Campinhos Júnior & Ikemori (1983), o substrato ideal deve
ser uniforme, com baixa densidade e boa capacidade de retenção de água, além de
apresentar elevada capacidade de troca catiônica e ser de fácil manuseio,
abundante e economicamente viável.
Segundo Matiello et al. (2005), o substrato para enchimento de saquinhos deve
ser constituído de uma mistura de solo, adubo orgânico e adubo mineral. Sendo o
solo preferencialmente de textura média, extraído de áreas não cultivadas com
café, e descartando-se a camada superficial, para evitar problemas fitossanitários.
A adição do adubo orgânico ao substrato melhora as condições físicas e
biológicas da mistura, enquanto o adubo mineral deve fornecer os nutrientes em
quantidade adequada para garantir a boa nutrição das mudas, seguindo uma
recomendação baseada nos resultados de análise laboratorial do solo a ser
utilizado.
Vários trabalhos foram realizados buscando a recomendação de um substrato
ideal, que garantisse uma nutrição adequada das mudas de cafeeiro e facilitasse a
produção da mistura pelos viveiristas. Atualmente, a recomendação feita pela
Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais para um substrato
"padrão" ainda vem sendo a mais empregada, indicando que para cada m3 de
substrato, deve-se proceder a mistura de 700 a 800 L de solo extraído de barranco
ou subsolo e peneirado; 200 a 300 L de esterco bovino ou palha de café, bem
curtidos; 1 a 2 kg de calcário dolomítico; 5 kg de superfosfato simples e 0,5 kg de
cloreto de potássio (CFSEMG, 1999).
Substratos comerciais específicos também estão disponíveis para a produção
de mudas de café, já preparados e prontos para o uso, facilitando o processo de
preparo dos recipientes para a produção de mudas.
5. CONDUÇÃO DE MUDAS NO VIVEIRO
Para proporcionar sustentabilidade a todo ciclo de produção de mudas é
essencial que o manejo de condução das mudas no viveiro seja planejado e
conduzido com intuito de otimizar a germinação e crescimento inicial das
plântulas (Figura 6).
Os principais tratos culturais necessários à condução do viveiro de mudas de
cafeeiros, de acordo com Santinato & Silva (2001) e Matiello et al. (2005), são
apresentados na Tabela 2.
81
Figura 6. Mudas de café arábica de qualidade advindas do correto manejo
cultural do viveiro.
Tabela 2. Tratos culturais necessários à condução do viveiro de mudas de
cafeeiros
Tratos culturais
Irrigação
Retirada da cobertura
de capim dos
canteiros
Controle das plantas
indesejáveis
82
Descrição
A condução da irrigação deve ser de acordo com as condições
climáticas locais, tomando-se o cuidado para que não haja
excesso, pois este fato maximiza a possibilidade de aparecimento
de doenças, assim as regas devem ser diárias do semeio até o
estádio de orelha de onça.
Deve-se fazê-la assim que as sementes começam a germinar,
permanecendo a cobertura alta para fornecer aproximadamente
50% de sombra, caso não seja produção a pleno-sol.
O controle do das plantas invasoras inicia-se pela escolha do
local do viveiro, evitando plantas de difícil contole. Os
saquinhos deverão ficar livres de plantas invasoras durante toda
a permanência das mudas no viveiro. No controle manual todas
as plantas que germinarem durante o período de formação de
mudas devem ser eliminadas de forma a não danificar o sistema
radicular da muda do cafeeiro. Para o controle químico, poderão
ser utilizados herbicidas que deverão ser aplicados logo após a
Continua ...
Tabela 2. Continuação
Controle das plantas
indesejáveis
Controle de pragas e
doenças
semeadura e com o substrato bem úmido, em pré-emergência,
sobre as sacolinhas e antes da semente germinar. Para a
propagação com estacas deve-se buscar herbicidas que possam
ser aplicados no substrato antes da implantação da estaca,
entretanto deve-se ficar atento para a interação negativa entre o
herbicida e o enraizamento da estaca.
As principais doenças nos viveiros são a rhizoctoniose
(Rhizoctonia solani) e a cercosporiose (Cercospora coffeicola),
podendo ocorrer, ainda, em períodos frios a mancha aureolada
(Pseudomonas syringae pv. garcae), as manchas de ascochyta
(Ascochyta coffeae) e a phoma (Phoma costaricensis), já as pragas
surgem com menor frequência (ZAMBOLIM et al., 2005). A
adoção de estratégias de manejo das pragas e doenças deve ser
realizada de acordo com o patógeno ou inseto-praga que está
causando problemas no viveiro. As práticas de roguing e o
controle químico são frequentemente adotadas em viveiros para
o manejo de pragas e doenças.
Fonte: Adaptado de Santinato & Silva (2001) e Matiello et al. (2005).
6. ACLIMATAÇÃO DAS MUDAS
A aclimatação consiste no processo de adaptação das mudas, que foram
desenvolvidas em ambiente úmido e protegido, gradativamente às condições de
campo, onde estarão sujeitas à insolação, irradiação, vento, entre outros efeitos
ambientais.
A aclimatação deve ser realizada de maneira gradativa, tendo como meta a
completa adaptação das mudas à condição de pleno sol até os 30 dias antes do
plantio. O processo pode se iniciar assim que as mudas estiverem com seu
segundo par de folhas definitivas, a cobertura do viveiro deve ser retirada aos
poucos, até que as mudas fiquem completamente expostas ao sol. As irrigações
devem ser intensificadas para compensar a maior exposição das mudas a fatores
como a irradiação, ventos e altas temperaturas, com consequente aumento da
transpiração. Quando realizada de maneira correta, essa prática facilita a
ambientação das mudas, melhorando o pegamento quando do seu plantio no
campo (MATIELLO et al., 2005; SANTINATO & SILVA, 2001).
7. SELEÇÃO DAS MUDAS
No momento de selecionar as mudas para serem levadas definitivamente para
o campo, deve-se priorizar mudas sadias, isentas de problemas fitossanitários
considerados impeditivos pelo regulamento de defesa sanitária do país,
83
obedecendo as adaptações da lei estadual.
Devem ser selecionadas mudas com de 3 a 6 pares de folhas definitivas,
aproximadamente 0,4 mm de diâmetro do colo e bom desenvolvimento radicular
(MATIELLO et al., 2005) (Figura 7).
Figura 7. Muda de café arábica ao ponto para ser levada ao campo de
plantio (a) e muda de café arábica com características visuais indesejáveis
para o plantio (b).
É recomendável a amostragem de mudas aleatoriamente no viveiro para a
verificação do desenvolvimento radicular, na proporção de pelo menos uma
muda amostrada para cada 500. As mudas amostradas devem ser retiradas dos
recipientes e o substrato deve ser removido da raiz, permitindo então a análise da
simetria entre a raiz e a parte área, do seu desenvolvimento e ramificação.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção de mudas de qualidade é essencial para a formação de uma
lavoura de café produtiva e rentável, sendo considerada um dos fatores essenciais
84
para o sucesso da cultura do café, e, portanto, vital para a formação de uma
cafeicultura sustentável.
Devido a sua indiscutível importância na implantação da cultura, essa etapa da
cadeia produtiva deve ser planejada e executada de maneira criteriosa, pois
qualquer problema com a qualidade das mudas trará resultados negativos durante
todo o ciclo de desenvolvimento da cultura.
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