Os 70 anos de João David Vieira Universidade de Aveiro, 30 de Abril de 2011 Júlio Pedrosa de Jesus Agradeço aos organizadores deste encontro o convite para nele estar e para tomar a palavra, trazendo-lhes algumas notas sobre o meu modo de ver o João David Vieira e alguns traços de caminhos que escolheu percorrer. Direi, a começar, que a Universidade de Aveiro é um bom lugar para festejarmos os seus 70 anos. De facto, estamos numa instituição a que o João dedicou uma grande parte da sua vida, que foi lugar de muito trabalho, de entusiasmos e desânimos, de devoção e empenho seus por educar gente de muitas idades, origens e destinos. Obrigado João, por nos reunires aqui e parabéns por celebrares 70 anos tão bem disposto e tão feliz com a vida como sempre te conhecemos. Foi aqui, na Universidade de Aveiro, que nos encontrámos, já lá vão umas dezenas de anos. Estivemos juntos na inesquecível era de juntar saberes, experiências e vontades para construir os caboucos desta instituição. E foi nessas jornadas que tive o gosto, o privilégio e o desafio de ver o matemático João David Vieira a defender, com a energia e o entusiasmo que ainda hoje tem, a construção de um projecto de qualidade para o Departamento de Matemática da Universidade. Enfrentámos juntos muitas etapas dessa caminhada. Assim foi quando, por exemplo, se pensaram e concretizaram os primeiros estágios em empresa de licenciados em Matemática. Quando trabalhámos, durante cerca de dois anos, com o Pedro Guedes de Oliveira e o Sushil Mendirata, no projecto do Ciclo Comum de Ciência e Tecnologia. Enfim, ao partilharmos visões e esperanças quando o João e o Batel souberam associar a Reitoria ao sonho de lançar as bases do que é hoje o Equamat. Esta última experiência, recordo-a como um caso exemplar de uma negociação difícil, aceite com 1 grande abertura e exigência, que fez o seu caminho com o especial contributo, a persistência e o sentido institucional do João David Vieira. Seria fastidioso estar aqui a recordar tanto momento significativo e exemplar do empenho, dedicação e generosidade do João David Vieira no desenvolvimento da Matemática e de um Projecto para a UA. Mas não quero terminar estas referências sem partilhar convosco a grata memória que tenho da força destes pioneiros, do seu sentido de serviço público, das vontades que congregaram para atrair para Aveiro um notável leque de gente qualificada, disposta a traduzir em obra o desejo de afirmação pela qualidade. Estas causas são apenas exemplos de uma presença marcada por um sentido de cidadania pouco comum, que tem sido sempre um sinal do carácter do João David Vieira. O que registo, ainda, de muito especial é o seu gosto pela Matemática e pela Educação através da Matemática, a sua especial sensibilidade para e educação de adultos e de crianças com raízes e contextos de vida desfavorecidos. O João David Vieira é um ser humano raro. Será mesmo uma espécie em vias de extinção, ao combinar contextos de infância que foram desaparecendo com um percurso de vida caracterizado por uma rara sensibilidade e dedicação ao bem comum e ao serviço público, sorrindo sempre! Agora, mais velhos, juntámo-nos de novo em dois projectos: Um deles, A Escola em casa – conversas em casa inspiradas na escola destinou-se a fomentar conversas em casa entre crianças e os seus pais. O outro que ainda decorre na escola da Tocha, intitulámo-lo “Caminhar Juntos para Gostar de Aprender e Aprender com a Escola”. Visa o ensaio de estratégias para promover o interesse e o trabalho escolar de crianças em risco de insucesso e abandono. Assim, visitámos escolas, reunimos com pais e professores, ajudámos no desenho e preparação de guiões para conversas em casa entre as crianças e os seus pais, trouxemos crianças e professores à Fábrica da Ciência e à Universidade, envolvemos bolseiros e colegas em interessantes jornadas. O João está, deste modo, bem empenhado em trabalho para aproximar as escolas, os 2 pais e as comunidades, envolvendo-os na busca de melhor educação escolar, com a mesma generosidade de sempre. Apresentei recordações de tempos e idades distintas. Mas elas tiveram sempre presente o mesmo João David Vieira – com abertura de espírito, frontalidade, dádiva, exigência. De facto, o que quero dizer, a finalizar, é que o João que aqui temos a festejar 70 anos é um homem bom, trabalhador incansável, leal e solidário como poucos. É uma raridade, sobretudo porque não muda esta matriz de cidadania activa, mesmo quando à nossa volta se registam tantas ameaças a tal viver. Trouxe-nos tantas vezes desafios e propostas que debatemos e testámos que não há hoje tempo de olhar para a maioria desses momentos. Muitos deles foram vividos com a parceria insubstituível do Joaquim Sousa Pinto, que recordo com saudade e gratidão. À Milú e aos filhos do João quero também deixar um abraço muito amigo e a estima que merecem, desejando à família toda uma bela e longa vida. Obrigado João, por seres o amigo que és e por teres sido sempre tão bom e exigente comigo. Muito obrigado aos organizadores por me proporcionarem estes momentos. 3