a emergência da rotatividade nas trocas populacionais

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CATEGORIZAÇÃO DA REDE MIGRATÓRIA BRASILEIRA: A EMERGÊNCIA DA ROTATIVIDADE NAS
TROCAS POPULACIONAIS INTERMUNICIPAIS
Caetano Ferreira1 e Fernando Gomes Braga2’3
1 - Aluno do curso de Licenciatura em Geografia – 3º semestre, IFMG-Campus Ouro Preto; Bolsista do PIBIC-IFMG.
2 - Professor e coordenador do curso de Licenciatura em Geografia, IFMG-Campus Ouro Preto.
3 - Orientador, doutrorando em Demografia pela UFMG – e-mail: [email protected].
INTRODUÇÃO
O recente comportamento da migração interna no Brasil tem levado muitos autores a se questionarem
sobre a necessidade de identificar novos padrões, já que as características desses novos processos têm
exposto a limitação das tradicionais classificações dos lugares da migração como de atração ou repulsão.
Dessa maneira, os recentes estudos sobre migração estão trazendo à tona novos conceitos que
descrevem melhor tanto a condição de imigrante como as características dos lugares que recebem e
enviam. Este trabalho soma esforços às recentes investigações sobre o fenômeno migratório, utilizandose das evidências dos Censos Demográficos e, com isso, busca reconhecer, entre os municípios
brasileiros, quatro categorias migratórias presentes, na literatura recente sobre o fenômeno, a saber: a
atração, a repulsão, a rotatividade e a baixa migração. Tal esforço metodológico, pretende-se, irá contribuir
para uma melhor compreensão das formas de articulação no interior da rede migratória brasileira.
METODOLOGIA
A proposta de classificação aqui presente, de caráter exploratório, foi aplicada aos 5507 municípios
brasileiros existentes no ano de 2000. Os dados de migração utilizados são os do Censo Demográfico do
IBGE, que permite estimar o número de migrantes data-fixa no período 1995-2000. Desses dados, foi
estabelecido um conjunto de critérios para a identificação de quatro categorias de municípios:
I - atratividade migratória;
II - repulsão migratória;
III - rotativade migratória;
IV - baixa migração.
Municípios de Rotatividade Migratória
0
Municípios de Baixa Migração
500 km
0
500 km
Coleção de Mapas: municípios brasileiros segundo tendência migratória em 2000.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
As tabelas 01 e 02 mostram a distribuição dos municípios brasileiros segundo a tendência migratória
de acordo com as grandes regiões geográficas e a hierarquia populacional. As análises dessas informações
cooperam para a conclusão de que existe um padrão espacial associado ao surgimento de novos padrões
migratórios. De acordo com os mapas, percebe-se que o estado de São Paulo e a área no seu entorno
apresentam o mais extenso espaço de atração migratória populacional do país, seguido pela área litorânea
da região Sul e aglomerações de atração em torno das regiões de Belo Horizonte, Goiânia, São Paulo, Rio
de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belém, mostrando a força dos processos de
metropolização. Nota-se, também, quanto à repulsão migratória, uma distribuição espacial diametralmente
oposta à atração. Quanto à rotatividade migratória e à baixa migração, observamos na primeira uma
maior concentração de municípios localizados em uma faixa que se estende da Zona da Mata e sul de
Minas até o oeste paulista. Também é possível observar uma faixa que se estende no litoral nordestino,
entre Salvador e Natal, bem como algumas aglomerações no litoral e centro do Rio Grande do Sul. Já a
categoria da baixa migração se destaca pela ausência desses na região Centro-Oeste. Estados como
Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul parecem concentrar algumas áreas nas quais predomina a baixa
migração.
Tabela 01: Municípios segundo grandes regiões e tendências migratórias em 2000
Tendência Migratória
Grande Região
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Repulsão
184
924
503
596
194
%
Baixa
41
26
51,7 176
30,2 88
51,4 29
43,5 1
Total
%
Rotatividade
%
Atração
62
9,8
5,3
2,5
0,2
60
307
396
218
72
13,4
17,2
23,8
18,8
16,1
177
380
679
316
179
%
39,4 449
21,3 1.787
40,8 1.666
27,3 1.159
40,1 446
Tabela 02: Municípios segundo tamanho populacional e tendências migratórias em 2000
Tendência Migratória
Tamanho
proporcional
Repulsão
%
Baixa
%
Rotatividade
%
Atração
Menos de 20 mil
20 a 50 mil
50 a 100 mil
100 a 500 mil
500 a 1 milhão
Mais de 1 milhão
1741
507
111
35
1
6
43,4
52,5
36,8
18,1
5,6
46,2
235
55
19
11
1
1
5,9
5,7
6,3
5,7
5,6
17,7
748
174
76
42
9
4
18,6
18,0
25,2
21,8
50,0
30,8
1291
230
96
105
7
2
Total
%
32,2 4015
23,8 966
31,8 302
54,4 193
38,9 18
15,4 13
CONCLUSÕES
Os novos padrões migratórios apontam para uma necessidade de renovação, tanto nas categorias
clássicas de interpretação da relação entre mobilidade populacional e espaço geográfico, como das próprias
abordagens teóricas que direcionam as conclusões dos estudos. Nesse sentido, a abordagem de redes
sociais na migração tem se mostrado particularmente útil, não como solução definitiva, mas como uma
opção teórica integradora das relações entre sujeito e estrutura, o que permite fazer novas perguntas
para um velho tema. Ao interrogar a migração sob a ótica das relações sociais nela encerradas, abremse novas perspectivas de análise que procuram, a partir do reconhecimento das regularidades estruturais
existentes nas relações sociais, lançar luz sobre questões ainda obscuras do fenômeno.
Categorias como a Rotatividade Migratória e a Baixa Migração são uma tentativa preliminar de
encontrar caminhos teóricos e metodológicos robustos o bastante para acompanhar o aumento da
complexidade do fenômeno migratório. Longe de ser uma solução para os desafios impostos pelos novos
padrões, um esforço para encontrar novas categorias apenas amplia o leque de possibilidades de pesquisa
e investigação sobre o tema.
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