Dados: Fechamento em 23/12/2016. = Tendência de alta/baixa/estabilidade em relação ao fechamento em 16/12/2016. SITUAÇÃO GLOBAL PIB dos EUA cresce com mais ímpeto O crescimento anualizado do PIB dos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2016 foi revisado para 3,5%. A estimativa inicial de crescimento de 2,9% já surpreendera analistas logo em 28/10, antes mesmo de haver sido majorada para 3,2%, na revisão de novembro. Os dados divulgados agora, puxados por incremento de 2,8% para 3% no consumo das famílias, novamente superaram as expectativas de economistas consultados pela Bloomberg que, na média, esperavam que o crescimento fosse majorado apenas de 3,2% para 3,3%. Trata-se de mais uma sinalização positiva da economia dos Estados Unidos, que corrobora a decisão unânime dos membros Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) de aumentar a taxa básica de juros. Ainda assim e mesmo considerando que, na ocasião, foram sinalizados novos aumentos ao longo de 2017, é pouco provável que nova elevação venha a acontecer já na reunião do FOMC de 31/01-01/02/2017, para qual se espera cautela. O encontro ocorrerá cinco dias depois a divulgação dos dados preliminares de crescimento do quarto trimestre - que analistas estimam, por ora, figurar abaixo de 2,5% - e 12 dias após a posse de Donald Trump, com impactos ainda incertos das políticas que venha a adotar. Japão decide manter sua política monetária O Banco do Japão (BoJ) anunciou, em sua última reunião de política monetária do ano, realizada em 20/12, a manutenção sem alterações de seus instrumentos de injeção de liquidez e de taxas negativas de juros, aplicados nos últimos meses e complementados pela adoção, na reunião anterior, de regime aprimorado de política monetária ("QQME with Yield Curve Control"). Em contraste com a reunião de outubro, cujas decisões (que emanaram de "amplo processo interno de avaliação" das políticas da instituição) ressaltavam cenário macroeconômico complexo e levaram analistas a sugerir que o BoJ teria chegado ao limite da expansão de suas políticas não ortodoxas, o Governador do Banco, Haruhiko Kuroda, adotou tom otimista em suas declarações. Afirmou que a economia japonesa "is likely to turn to a moderate expansion" com aumento do consumo doméstico, estímulo fiscal em grande escala e aumento das exportações. Destacou indiretamente, também, os efeitos positivos da elevação das taxas de juros em 0,25% nos EUA, anunciada pelo Federal Reserve (Fed) em 14/12. Nas últimas semanas, analistas locais e internacionais vêm destacando os efeitos benéficos para a economia japonesa advindos da eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA. Desde a vitória de Trump (08/11) a cotação da moeda japonesa passou do patamar de 103 ienes/dólar para 118 ienes/dólar, atingindo níveis iguais aos de fevereiro de 2016 e revertendo, ainda que temporariamente, a gradual valorização do iene observada desde aquele mês. Melhoram as perspectivas econômicas da Rússia O vice-presidente e economista-chefe do Vnesheconombank, Andrei Klepach, compartilhou com diplomatas da Embaixada em Moscou sua avaliação de que, apesar da continuidade da recessão na Rússia, começam a surgir sinais de recuperação. Dados preliminares do quarto trimestre indicam melhora nas expectativas do governo, das instituições financeiras e dos agentes econômicos, conformando o início de dinâmica positiva, que deverá prosseguir em 2017/2018. Aparecem sinais consistentes de desaceleração inflacionária: em 2015, a taxa foi de 13,5%, enquanto as mais recentes estimativas indicam inflação de 5,8% para o corrente ano. No PIB, em 2015, a contração foi de -3,7% e, para este ano, havia a expectativa de contração da ordem de -1,2%; agora, espera-se redução do PIB de -0,5%, o que demonstra que a economia vem respondendo de forma gradual às medidas adotadas pelo governo. Em 2017, Klepach estima que o PIB terá crescimento da ordem de 0,7% e, em 2018, de 1,5%. Pelas projeções oficiais, o crescimento do PIB será de 0,6% em 2017, 1,7% em 2018 e 2,1% em 2019. Há expectativa de gradual redução do déficit fiscal, estimado em 3,2% do PIB em 2017, 2,2% em 2018 e 1,2% em 2019, mas Klepach chamou a atenção para o fato de que o orçamento foi elaborado com base no preço do barril de petróleo a US$ 40,00, embora o preço tenda a situar-se em torno de US$ 50,00/US$ 60,00, o que permitirá à Rússia recuperar seus fundos de reserva. O governo russo tem-se esforçado em reduzir os gastos em defesa: para 2017 é prevista redução de mais de 1 trilhão de rublos nesses gastos, que, em 2016, foram da ordem de US$ 63,76 bilhões, enquanto, para 2017, a previsão é de US$ 46,56 bilhões e, para 2018, de US$ 44,72 bilhões. México eleva a taxa de juros Em sua última reunião em 2016, a Junta de Governo do Banco do México (Banxico) decidiu aumentar em 50 pontos a meta para a Taxa de Juros Interbancária de um dia. Trata-se da quinta elevação promovida neste ano, deixando a taxa de juros no patamar mais alto desde maio de 2009: 5,75%. A justificativa baseou-se no aumento dos juros nos Estados Unidos e na necessidade de frear pressões inflacionárias. A instituição avalia que a atividade econômica mundial continuou apresentando sinais de recuperação nos últimos meses, mas adverte para a expectativa de aumento da inflação norte-americana, que viria do relaxamento fiscal e do incremento dos preços de energia nos Estados Unidos. Por fim, a Junta de Governo registrou aumento da inflação mexicana em novembro, que alcançou 3,3% ao ano. A expectativa para 2017 é que esse índice mantenha trajetória ascendente, porém dentro do objetivo da autoridade monetária (3% com variação de um ponto percentual). PUBLICAÇÕES DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS UNCTAD divulga relatório sobre comércio internacional em 2016 Em 22/12, a UNCTAD publicou o relatório "Key Indicators and Trends in Trade Policy 2016", no qual aponta que 2015 foi o primeiro ano, desde 2001, em que o valor do comércio internacional caiu em período de crescimento econômico, embora o volume tenha aumentado 1,5% (ainda assim, abaixo do PIB mundial). Ressalta que a queda do comércio internacional resulta de diversos fatores, como a baixa dos preços das commodities e a apreciação do dólar dos EUA. Aspectos deflacionários, no entanto, explicariam apenas parte da queda do comércio: há sinais de mudança na dinâmica do processo de integração internacional, com redução da interdependência econômica entre os países e encurtamento das cadeias globais de valor. Para os países de menor desenvolvimento relativo (PMDRs), a situação agrava-se pelo fato de já participarem do comércio internacional em nível aquém do potencial de suas economias. Enquanto os PMDRs respondem por 12% da população mundial, sua fração das exportações globais não excedem 1%. A proporção de suas exportações em relação ao PIB fica, na média, em 25% (indicador declinante desde 2011, aliás), ao passo que os demais países em desenvolvimento atingem 35%. Os países do G20, segundo a UNCTAD, embora apliquem mecanismos para facilitar o comércio com os PMDRs, não enfatizam medidas não tarifárias, cuja liberalização teria o impacto estimado de US$ 23 bilhões por ano, aumentando as exportações em 15%, especialmente nos setores têxtil e agrícola. A fim de não distorcer os objetivos de política pública nas medidas não tarifárias, a UNCTAD sugere que se busquem formas de auxiliar os PMDRs a cumpri-las. http://unctad.org/en/PublicationsLibrary/ditctab20162_en.pdf