GAT-013 21 a 26 de Outubro de 2001 Campinas - São Paulo - Brasil GRUPO IV ANÁLISE E TÉCNICAS DE SISTEMAS DE POTÊNCIA (GAT) EQUIVALENTES ELÉTRICOS A FILTROS DIGITAIS PARA SIMULAÇÃO DE TRANSITÓRIOS EM TEMPO REAL EM REDES ELÉTRICAS DE GRANDE PORTE Clever Pereira (*) LRC/UFMG Sandoval Carneiro Jr. COPPE/UFRJ RESUMO Este trabalho apresenta um novo método para a obtenção de equivalentes de sub-redes elétricas, expressos na forma de filtros digitais FIR. Inicialmente são feitas considerações na maneira de se obter estes filtros, mostrando que eles são sintetizados basicamente a partir das funções impedância de entrada da sub-rede elétrica a ser equivalenciada. Em seguida apresenta-se a técnica de passagem para o domínio do tempo, onde se utiliza o plano Z como um plano intermediário. A validação do método é executada através da comparação de simulações que utilizam a nova técnica com outras provenientes do EMTP. As respostas obtidas demonstram a efetividade do método proposto PALAVRAS-CHAVE: Equivalentes de redes. Transitórios eletromagnéticos. Modelagem de sistemas. Simulações em tempo real. 1.0 - INTRODUÇÃO Os métodos temporais para simulação de transitórios eletromagnéticos em sistemas elétricos de potência são, atualmente, os preferidos. Isto se deve principalmente às suas características de alta velocidade, relativa simplicidade e facilidades na representação de elementos não lineares e variantes no tempo. Esta preferência ainda se mantém, mesmo quando se deseja executar estas simulações em tempo real. No entanto, a despeito da eficiência destes métodos, a dimensão do sistema elétrico pode, muitas vezes, ser empecilho para se lograr êxito nesta tarefa. Nestes casos, o elevado número de componentes, aliado à complexidade dos modelos adotados, vai impingir uma sobrecarga computacional com relação às necessidades de memória e, principalmente, no que concerne à velocidade de processamento. Desta forma, torna-se imperativo representar uma parte do Jacques Szczupak PUC/RJ sistema elétrico, caracterizada geralmente pela parcela da rede que permanece invariante no tempo, numa forma reduzida, através de equivalentes. Assim, apenas uma pequena porção, mais próxima de onde vão acontecer as contingências que levam o sistema ao transitório, deve ser representada com maiores detalhes, de forma a se diminuir o esforço computacional e, conseqüentemente, aumentar a velocidade das simulações. Diversos trabalhos têm tratado deste problema [1,2,3] e a abordagem mais simples é a utilização de impedâncias de curto-circuito a 60 Hz, representando o sistema a partir de uma de suas barras. Embora com uma boa resposta para as baixas freqüências, este tipo de circuito é quase sempre inadequado, devido à sua pobre resposta nas altas. Uma alternativa é se inserir em paralelo uma impedância constante que represente o comportamento da sub-rede nas altas freqüências como, por exemplo, a impedância de onda de uma possível linha de transmissão conectada à barra terminal. Este procedimento melhora a resposta do circuito equivalente para as primeiras reflexões, ou seja, nas altas freqüências, mas tende a comprometê-la com o decorrer do tempo de simulação, principalmente em instantes onde se restabelece o regime permanente senoidal. Estes equivalentes, mais simples, ainda fazem surgir um outro problema, ou seja, a determinação de “quanto” do sistema elétrico deve ser representado em detalhes e “quanto” através de equivalentes. Trata-se de uma etapa extremamente complexa, e muitos esforços vêm sendo feitos com o objetivo de se estabelecer regras para se definir estas fronteiras. No entanto, na maioria das vezes ainda são a experiência e a sensibilidade do analista que acabam prevalecendo, devido tanto à diversidade dos sistemas elétricos quanto aos fenômenos transitórios a serem analisados. Uma alternativa que se apresenta é fazer uso de equivalentes mais complexos que consigam reproduzir LRC/UFMG – Núcleo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Descargas Atmosféricas Av. Antônio Carlos, 6627 - CEP 31.270-901 - Pampulha - Belo Horizonte - MG - Brasil Fone/Fax: +55 (031) 3499 4872 - [email protected] - http://www.cpdee.ufmg.br/~clever/ 2 com maior fidelidade o comportamento da rede equivalenciada (denominada neste trabalho de sub-rede externa), dentro de uma certa faixa de freqüência de interesse para os fenômenos a serem analisados. Desta forma, apenas a parcela do sistema elétrico onde ocorre a contingência e existe a presença de elementos não lineares, seriam representados em detalhes, ficando, desta forma, uma parcela ainda maior do sistema elétrico incorporada ao equivalente. Com este procedimento a determinação das fronteiras passa a não ser mais crítica, ficando para o circuito equivalente a responsabilidade pela fidelidade da resposta da sub-rede equivalenciada. Neste tipo de abordagem, o método clássico geralmente adotado é a utilização de circuitos RLC para sintetizar as funções de circuito da rede equivalenciada no domínio da freqüência [2,3], em geral, a função impedância ou a admitância vista de uma determinada barra do sistema, como mostrado na Figura 1. são basicamente funções polinomiais no plano Z, utilizado como plano intermediário na passagem do domínio da freqüência analógica para o tempo. Estes equivalentes possuem diversas vantagens quando comparados aos anteriores. A primeira delas está na sua composição, pois são formados por uma estrutura do tipo linha de atrasos, muito adequada para se representar fenômenos de propagação de ondas, presentes nas linhas de transmissão e, por conseguinte, nos sistemas elétricos de uma forma geral. Uma segunda vantagem, e talvez a maior, está relacionada na maneira direta de se obtê-los, evitando os chamados métodos de otimização que, de um modo geral, dependem de convergências, nem sempre garantidas. Outra vantagem reside no fato da sua utilização introduzir apenas mais um elemento de rede, ou seja, o elemento equivalente, ficando a carga computacional concentrada apenas no cálculo da componente histórica deste elemento. Por último, como será visto adiante, o termo relacionado à história da sub-rede equivalenciada, pode ser dimensionado adequadamente aos objetivos do estudo, a partir da consideração de uma maior ou menor ordem nos filtros digitais representativos dos equivalentes, aumentando ou diminuindo a carga computacional. 2.0 - DESCRIÇÃO DO MÉTODO 2.1 - Considerações Iniciais FIGURA 1 - Circuito equivalente RLC clássico para simulação de transitórios em redes elétricas. Este tipo de aproximação geralmente resulta em circuitos equivalentes que apresentam bom desempenho para a faixa de freqüências desejada, mas são usualmente de ordens elevadas e, principalmente, difíceis de serem sintetizados - quase sempre a partir de processos de otimização que freqüentemente possuem convergência difícil e/ou não garantida. A incorporação destes equivalentes a programas de simulação que utilizam métodos temporais é feita através da solução das equações de circuito, fazendo uso de algum método de integração numérica, que resultam, para cada ramo k, em equações do tipo ik n Gkk .vk n ikh n (1) Nesta equação, Gkk é uma condutância equivalente e ikh(n) é uma fonte de corrente que depende dos valores dos parâmetros R, L e C de cada ramo do circuito equivalente e de valores passados (históricos) da tensão e da corrente nos seus terminais. Este trabalho apresenta um método alternativo que resulta diretamente no tipo de equação mostrada em (1) sem envolver a síntese de circuitos RLC. Os equivalentes vão estar na forma de filtros digitais que, como antes, vão aproximar o comportamento das sub-redes equivalenciadas dentro de uma determinada faixa de freqüências de interesse. Estes filtros digitais O método proposto consiste basicamente de três etapas: (a) determinação das funções de circuito da sub-rede a ser modelada no domínio da freqüência analógica , (b) aproximação destas funções no plano Z como plano intermediário entre a freqüência e o tempo e (c) utilização do conceito de circuito equivalente de Thevenin no domínio do tempo. Neste trabalho consideram-se redes de um acesso, através de uma barra de ligação k entre a sub-rede externa e a sub-rede estudada (sistema onde acontece e é observado o fenômeno transitório). No entanto, a extensão para duas ou mais barras externas de ligação pode ser feita fazendo uso dos conceitos apresentados no trabalho. 2.2 - Equivalentes a Filtros Digitais para Redes de um Acesso Considere inicialmente a Figura 2 a seguir, onde pode ser visto o diagrama de uma rede elétrica genérica formada por duas sub-redes A e B e a barra de acesso k. Deseja-se representar a sub-rede A através de um equivalente adequado para simulações de transitórios não muito rápidos, do tipo curto-circuito ou energização de linhas de transmissão. Como no método clássico, o método proposto utiliza a resposta em freqüência da sub-rede externa como ponto de partida. Considerando-se que esta sub-rede obedece às condições de linearidade e invariância no tempo, sua resposta em freqüência vai conter todas as informações necessárias para se computar uma dada 3 Vk z Vk0 z Z kk z.I k z R ed e Elétrica (3) k A Neste trabalho foram consideradas aproximações para a função Zkk(z) na forma de filtros digitais FIR de ordem r, do tipo B Zkk z E0 E1z Sistema Estudado Sistema Externo FIGURA 2 - Sub-rede externa A ligada ao sistema a ser estudado B através da barra de acesso k. resposta transitória. Assim, para se determinar a resposta em freqüência da sub-rede externa A, o primeiro passo é formar sua matriz de admitâncias de barra, para cada freqüência de interesse e para cada modo de propagação. Para isto deve-se inicialmente desconectar a sub-rede B. Em seguida curto-circuitar todas as fontes de tensão e abrir todas as fontes de corrente da sub-rede A. A matriz das admitâncias de barra original assim formada, YB(), vai conter todas as barras da sub-rede A, incluindo a barra k. Uma vez que a única barra que sofrerá a injeção de corrente externa é a barra k, aplica-se o método de redução de Kron e faz-se a eliminação de todas as barras internas da sub-rede A, exceto esta barra de ligação. No final do processo, obtém-se a admitância de entrada vista da barra k, correspondente à admitância de Norton, ou simplesmente, de curto-circuito. Repetindo-se o processo para todas as freqüências de interesse, forma-se a função das admitâncias de entrada vistas da barra k em função da freqüência analógica para um dado modo de propagação. Uma vez que a linearidade da rede está sendo assumida, ela pode ser representada no domínio das freqüências analógicas pelo circuito equivalente de Thevenin, para cada uma das freqüências e modos de interesse, como mostrado na Figura 3. Zkk () k A k Sistema Externo Ik () + - ... Er z r (4) Os coeficientes Ei acima formam uma seqüência temporal de pulsos e podem ser interpretados como a resposta do sistema, na forma de tensão, a um pulso unitário de corrente injetado na barra de acesso k. Os mecanismos de propagação, existentes no próprio sistema, vão ser os responsáveis pela atenuação da resposta. Isto vai limitar esta seqüência a um número de pulsos finito, como será visto a seguir. Substituindo (4) em (3), pode-se escreverEque z 1 ... E z r Vk z Vk0 z E0 .Ik z 1 .I z (5) r k A passagem para o domínio do tempo é feita utilizando-se a Transformada Z Inversa, resultando em vk n vk0 n zkk .ik n vkh n (6) sendo zvkkkh nE0 E1 ik n 1 ... Er ik n r (7) Nestas equações, o termo zkk pode ser interpretado como um fator relacionado à resposta instantânea do sistema a uma perturbação impulsional de corrente, vk0(n) é a tensão de Thevenin no domínio do tempo e vkh(n) é um termo de tensões que dependem da história da sub-rede externa, modelada pelo equivalente a filtros digitais. A Figura 4 a seguir mostra o circuito associado, que pode ser interpretado como o circuito equivalente de Thevenin da Figura 3, no domínio do tempo. zkk k Vk0 () vkh (n) - FIGURA 3 - Sub-rede A representada pelo seu circuito equivalente de Thevenin. Para esta rede, a equação de circuito no domínio da freqüência é da forma Vk Vk0 Zkk .Ik 1 (2) ik (n) + vk (n) vk0 (n) + - FIGURA 4 - Circuito equivalente de Thevenin no domínio do tempo. onde Zkk() é a impedância de Thevenin, ou de entrada, vista da barra k e Vk0() é a tensão a vazio, ou de Thevenin, na mesma barra O procedimento clássico ao passar para o domínio do tempo envolve o cálculo das integrais de convolução, de computação numérica complexa e trabalhosa. No entanto, utilizando-se o plano Z como um plano intermediário entre freqüência e tempo, a equação anterior pode ser escrita na forma A obtenção do circuito análogo de Norton, mais utilizado nas formulações para simulação de transitórios no domínio do tempo, pode ser feita diretamente, tomando-se a Transformada Inversa de Fourier da função Ykk() ou, de maneira equivalente, admitindo-se que ykk 1 zkk 1 (8) E0 e desta forma, multiplicando-se os dois lados de (6) Thank you for using Wondershare PDFelement. 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