RELAÇÃO ENTRE O ENSINO DA GEOGRAFIA E O COTIDIANO DOS ALUNOS DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ NATALINO BOAVENTURA LEITE, PIRAPORA (MG) Fernanda Cristina Rodrigues de Souza Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES [email protected] RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar a relação que os alunos das séries finais do Ensino Fundamental da Escola Estadual José Natalino Boaventura Leite fazem entre os conteúdos da Geografia e os seus cotidianos. A metodologia utilizada constituiu-se de revisão bibliográfica, elaboração de questionário semi-estruturado, aplicação do questionário para os alunos das séries finais do Ensino Fundamental da referida escola e, por fim, análise e interpretação dos resultados obtidos. Trata-se de um estudo que fez parte do Projeto Educa-Geo: a construção da Geografia no âmbito escolar em relação ao processo ensino-aprendizagem do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, desenvolvido pelos acadêmicos do 5º período de Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, em 2009. Constatou-se que a maioria dos alunos relaciona os conteúdos ministrados nas aulas de Geografia com os seus cotidianos, especialmente assuntos sobre o meio ambiente e sobre atualidades veiculadas pelos telejornais. Palavras-chave: Relação ensino-cotidiano; Geografia; Ensino Fundamental; Pirapora (MG) INTRODUÇÃO O processo de ensino-aprendizagem deve se embasar nos fundamentos da Geografia Crítica, superar os métodos tradicionais de memorização e da prática pedagógica centrada no professor e não no aluno. Para isso é necessário que o docente perceba a importância em trabalhar os conteúdos de forma dinâmica, aprofundada e associada ao cotidiano dos alunos. Nesse sentido, é fundamental que os profissionais do ensino utilizem recursos didáticos que estimulem a aprendizagem significava, seja flexível, desenvolva os conteúdos de forma articulada e se não se prenda aos critérios e conteúdos apresentados no livro didático. Isso não significa que, necessariamente, as aulas tenham que contar com recursos tecnológicos sofisticados; mas que ele saiba explorar a criatividade dos alunos e despertar o interesse dos mesmos pelo conteúdo desenvolvido. _____________________________________________________________________________________ ANAIS DO 1O CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – IX SEMANA DA EDUCAÇÃO Inclusão como Projeto Cultural e Educativo – Campus de Pirapora – Pirapora/MG - novembro/2010 2 A educação crítica deve se pautar na valorização conhecimento prévio dos alunos e na troca de experiências mútua, uma vez que não existe o possuidor e os despossuidos de conhecimento. Ademais, o aprendizado consolidado e permanente deve está intimamente associado ao cotidiano dos alunos e inter-relacionado com outras disciplinas. Com base nestes pressupostos, o presente trabalho tem como objetivo analisar a relação que os alunos das séries finais do Ensino Fundamental da Escola Estadual José Natalino Boaventura Leite fazem entre os conteúdos da Geografia e os seus cotidianos. Trata-se de um estudo que faz parte do Projeto Educa-Geo: a construção da Geografia no âmbito escolar em relação ao processo ensino-aprendizagem do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, desenvolvido pelos acadêmicos do 5º período de Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, em 2009. A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse trabalho constituiu-se de revisão bibliográfica, elaboração de questionário semi-estruturado, aplicação do questionário para os alunos das séries finais do Ensino Fundamental da Escola Estadual José Natalino Boaventura Leite e, por fim, análise e interpretação dos resultados obtidos. Espera-se que este trabalho possa estimular o desenvolvimento da prática docente pautado na perspectiva do ensino crítico ou construtivista; assim como a construção de competências e habilidades relacionadas à criatividade e cidadania. ENSINO-APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA De acordo com os principais estudiosos do ensino (VESENTINI, 2004; CAVALCANTI, 1993, 2008; AQUINO JÚNIOR, 2007), o processo de ensinoaprendizagem e os métodos didáticos passaram por várias transformações ao longo do contexto histórico. Essas mudanças ocorreram a partir das análises e reflexões que os professores e pesquisadores faziam sobre a prática docente. Por isso, a partir de 1970 surgiu uma corrente de estudo que estimulou transformações significativas na prática de ensino, na relação professor-aluno e na dinâmica das aulas. Nesse contexto, surge a corrente crítica ou construtivista que procurar superar as propostas do ensino tradicional. _____________________________________________________________________________________ ANAIS DO 1O CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – IX SEMANA DA EDUCAÇÃO Inclusão como Projeto Cultural e Educativo – Campus de Pirapora – Pirapora/MG - novembro/2010 3 Vesentini (2004) argumenta que a Geografia Tradicional era descritiva, mnemônica, alicerçada no paradigma homem-terra e pautada na sequência predefinida de temas (geologia, relevo, clima, vegetação, hidrografia, população e economia). A Geografia Crítica, por sua vez, pauta-se na criticidade e no engajamento como possibilidade de proporcionar a reconstrução do saber geográfico. Criticidade entendida como a leitura do real – isto é, do espaço geográfico – que não omita as suas tensões e contradições, tal como fazia e faz a geografia tradicional, que ajude a esclarecer a espacialidade das relações de poder e de dominação. E engajamento visto como uma geografia não mais “neutra” e sim comprometida com a justiça social, com a correção das desigualdades socioeconômicas e das disparidades regionais. (...) (VESSENTINI, 2004, p.223) Destaca-se que a Geografia Crítica preocupa fundamentalmente com a formação de pessoas conscientes da sua autonomia, da criatividade e da capacidade de transformar o espaço onde se encontram inseridos. Assim, a Geografia Crítica estimula o desenvolvimento do aprendizado mútuo entre professor e aluno, estimula a participação da comunidade escolar e procura aproximar ao máximo a disciplina ao cotidiano e à vivência dos sujeitos da aprendizagem. Para isso, é indispensável que o professor utilize métodos e recursos que motivem os alunos a participar das aulas e perceber a singularidade do aprendizado para suas vidas. Entretanto, isso não significa que é necessário utilizar recursos tecnológicos modernos e sofisticados, ao contrário, é fundamental que o professor explore criativamente os recursos que possui e, por mais simples que seja, consiga prender a atenção dos alunos. Afinal, conforme Aquino Júnior (2007, p.78) “O bom professor é aquele que consegue trabalhar a construção do conhecimento com os alunos independentemente do espaço e da infra-estrutura (sic) que lhe sejam disponibilizados. (...)”. E acrescenta: Sem uma articulação bem organizada entre o conteúdo e forma, a utilização de retroprojetores e da internet pode não contribuir significativamente para que o aluno passe de um conhecimento menor ou empírico para um conhecimento melhorado e sistematizado. Em contrapartida, há bons professores, que, mesmo utilizando a própria voz, o giz e o quadro-negro, conseguem envolver os alunos em atividades produtivas na construção do saber científico. (AQUINO JÚNIOR, 2007, p.78) _____________________________________________________________________________________ ANAIS DO 1O CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – IX SEMANA DA EDUCAÇÃO Inclusão como Projeto Cultural e Educativo – Campus de Pirapora – Pirapora/MG - novembro/2010 4 Portanto, percebe-se as condições infraestruturais e materiais não podem ser tomadas como justificativa para a qualidade da aula que o professor possa desenvolver; pois a aula produtiva é aquela que focaliza o aluno; é aquela que desafia-o, estimula-o a pensar e leva-o a descobrir como é prazeroso aprender dentro e fora da sala de aula. Por isso, o professor deve preocupar-se não com a realização de aulas-espetáculo e expositivas; mas em motivar o aluno à responder sobre as questões propostas e aos problemas da realidade na qual está inserido. Aquino Júnior (2007, p.81) ressalta que: É essencial que, antes da utilização de qualquer recurso técnico nas aulas, o professor entenda a importância da leitura e da escrita para o funcionamento do sistema cognitivo do aluno. O aparato tecnológico não pode substituir a importância de investigar para aprender, mas deve ser considerado apenas um meio do processo investigativo. Deve-se focar na associação de conteúdos; afinal, a função do ensino não resume apenas em teorias soltas e fragmentadas, como afirma Cavalcanti (1993, p.66): (...) o papel do Ensino Fundamental, que se ocupa da formação escolar básica do cidadão, é o de propiciar condições para que os alunos adquiram conhecimentos significativos que dizem respeito à realidade natural e social, reelaborem esses conhecimentos e formem convicções necessárias a sua atuação em sociedade. (...) O ensino deve contribuir para a formação de cidadãos críticos e para a construção do conhecimento consolidado e significativo. Cavalcanti (2008, p.23) acrescenta: Mais do que localizar e descrever elementos da natureza, da população e da economia, de forma separada e dicotomizada, propunha-se uma nova estrutura para esse conteúdo escolar, que tivesse como pressupostos o espaço e as contradições sociais, orientando-se pela explicação das causas e decorrências das localizações de certas estruturas espaciais. Ou seja, a Geografia Crítica propõe o desenvolvimento de aulas que valorizem os conhecimentos prévios dos alunos e a vivência dos mesmos. Destaca-se a importância em trabalhar os conteúdos didáticos sempre relacionando-os às questões _____________________________________________________________________________________ ANAIS DO 1O CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – IX SEMANA DA EDUCAÇÃO Inclusão como Projeto Cultural e Educativo – Campus de Pirapora – Pirapora/MG - novembro/2010 5 atuais e, especialmente, ao cotidiano dos alunos; daí a importância em analisar a relação que os sujeitos do ensino-aprendizagem fazer entre o ensino e suas vidas. PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A RELAÇÃO DA GEOGRAFIA E OS SEUS COTIDIANOS Mediante a aplicação de questionário de cunho qualitativo com os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual José Natalino, em 2009, eles foram indagados se faziam alguma relação entre os conteúdos da Geografia como os seus cotidianos. Este questionamento fundamenta-se na afirmativa de Vesentini (2004, p.227-228) (...) O fundamental é levar em conta a realidade dos alunos e os problemas de sua época e lugar. Como se sabe, a geografia escolar crítica (...) se opõe à geografia tradicional e normalmente mnemônica (isto é, que enfatiza a memorização, a lista de fatos ou acidentes: cidades principais, capitais, unidades do relevo, rios e seus afluentes, tipos de clima). (...) A geografia escolar crítica (...) preocupa-se basicamente com o desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da criticidade do educando, com a cidadania, afinal, que é ao mesmo tempo o resultado e a condição da existência de cidadãos ativos e participantes, isto é, que questionam a realidade e (re) constroem os direitos democráticos ou direitos de homem (...) Portanto, percebe-se que esta questão está relacionada com a construção da educação crítica e construtiva, pautada na produção constante e contínua do conhecimento e não na mera reprodução teórica. Ademais a proposta de ensino sugerida pelo CBC é desenvolver o processo de ensino para que “(...) os conhecimentos geográficos o ajudem a tomar decisões diante de situações concretas, demonstrando sua capacidade de percepção e de estabelecimento de relações com a vida cotidiana, numa perspectiva interdisciplinar” (SEE, 2007, p.12). Assim, ao serem questionados “Você relaciona a geografia ao seu dia-a-dia?”, a maioria dos alunos do 6º ano afirmaram que relacionam a Geografia ao seu dia-a-dia; como por exemplo, ao lugar que mora, com as árvores, à tecnologia, à matéria-prima e às paisagens. _____________________________________________________________________________________ ANAIS DO 1O CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – IX SEMANA DA EDUCAÇÃO Inclusão como Projeto Cultural e Educativo – Campus de Pirapora – Pirapora/MG - novembro/2010 6 Os alunos do 7º ano do ensino Fundamental responderam que eles relacionam a Geografia com a localização, por exemplo, a cidade onde eles moram e os lugares onde eles passam. Os alunos do 8º ano argumentaram que relacionam a Geografia ao seu dia-a-dia, o que foi expresso nas seguintes palavras: “a geografia está no meu dia-a-dia me ajuda a observar mais como está as reações climáticas” e “... a cada momento da minha vida preciso da geografia porque quando quero saber um nome de certa rua eu procuro no mapa da cidade”. Destaca-se que todas as respostas os alunos, do 8º ano, fizeram alguma analogia entre o seu dia-a-dia e os conteúdos da Geografia (como a manipulação de mapas, fluxos de pessoas e mercadorias, dualismo cidade /campo, o clima, vegetação etc..) e que a disciplina impacta positivamente na sua compreensão e assimilação do mundo em que eles vivem. Os alunos do 9º ano, por sua vez, comentaram: Sim, porque antes eu jogava lixo na rua, cortava árvores, desperdiçava água, etc. Hoje realmente, sei o que é geografia e sempre economizo luz, água. Sem Geografia, não sei o que seria o mundo.. Outra aluna afirma: “Sim, porque tudo que está relacionado à Geografia tem um vínculo sim, com o nosso dia-a-dia; por exemplo: uma simples torneira aberta pode comprometer o futuro dos nossos netos. Realmente, tudo que a professora de Geografia fala nos conscientiza a praticar no dia-a-dia”. Ressalta-se outra fala de um aluno do 9º ano: “Sim, por exemplo, assistindo um jornal e passa uma catástrofe da natureza e quem está assistindo acaba comentando algo que pode nos ajudar a entender melhor.” Em suma, percebe-se que a maioria dos alunos das séries finais do Ensino Fundamental da E. E José Natalino Boaventura Leite, relacionam os conteúdos da Geografia ao seu dia-a-dia. Portanto, os alunos conseguem estabelecer uma relação entre a teoria e a prática, ou seja, entre o conteúdo teórico ministrado na sala de aula e a prática cotidiana; especialmente no que se refere à preservação do meio ambiente. _____________________________________________________________________________________ ANAIS DO 1O CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – IX SEMANA DA EDUCAÇÃO Inclusão como Projeto Cultural e Educativo – Campus de Pirapora – Pirapora/MG - novembro/2010 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Destaca-se a importância do desenvolvimento da prática docente crítica, criativa e construtiva. Além disso, é imprescindível que o professor utilize recursos didáticos que proporcione a participação dos alunos, associe os conteúdos às atualidades e aos acontecimentos da realidade dos alunos. A partir do questionário aplicado com os alunos das séries finais do Ensino Fundamental da E. E. José Natalino, constatou-se que a maioria dos alunos afirmou que relacionam a Geografia ao seu dia-a-dia. As relações referiam-se, especialmente, à preservação do meio ambiente, ou seja, os alunos encontram-se sensibilizados sobre a importância em preservar os recursos naturais. Outra justificativa para a relação Geografia-cotidiano do educando é acerca da interpretação das reportagens televisivas. REFERÊNCIAS AQUINO JÚNIOR, José. O aluno, o professor e a escola. In: PASSINI, Elza Y. Prática de Ensino da Geografia e Estágio Supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007, p. 7885. CAVALCANTI, L. S. Elementos de uma proposta de ensino de Geografia no contexto da sociedade atual. Boletim Goiano de Geografia, v.13, n.1. p.65-82, 1993. CAVALCANTI, Lana de Souza. A geografia escolar e a cidade: Ensaio sobre o ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. São Paulo: Papirus. 2008. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Currículo Básico Comum: Geografia – Ensino Fundamental e Médio. Belo Horizonte: MEC. 2007. Disponível em: < http://www.crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv> Acesso em: 03/03/2009 VESENTINI, José William. Realidades e perspectivas do ensino de geografia no Brasil. In: VESENTINI, José William (org). O ensino de geografia do século XXI. Campinas – SP: Papirus, 2004. p. 219-248. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Alan Rodrigo de Souza, Aline Martins Veloso, Domiciano Pereira da Silva, Fábio Muniz da Silva e Gisele Alves de Matos pelas contribuições nesse trabalho. ANEXOS _____________________________________________________________________________________ ANAIS DO 1O CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – IX SEMANA DA EDUCAÇÃO Inclusão como Projeto Cultural e Educativo – Campus de Pirapora – Pirapora/MG - novembro/2010 8 Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes Centro de Ciências Humanas – CCH Departamento de Estágios e Práticas Escolares – DEPE Prezado (a) aluno (a) Esta é uma pesquisa dos alunos do 5º período da licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, no 2º semestre de 2009. O nosso objetivo é compreender o ensino da Geografia presente nas escolas de Ensino Fundamental. Não é preciso se identificar e, por favor, não deixe questões sem respostas. 1. Você gosta de estudar Geografia? ( ) Sim ( ) Não Comente:____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2. Qual a importância da Geografia para a sua vida? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3. Você encontra dificuldades para aprender Geografia? ( ) Sim ( ) Não Se a sua resposta foi sim, cite as dificuldades encontradas: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4. Você relaciona a Geografia ao seu dia-a-dia? Comente. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Agradecemos a sua contribuição. _____________________________________________________________________________________ ANAIS DO 1O CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – IX SEMANA DA EDUCAÇÃO Inclusão como Projeto Cultural e Educativo – Campus de Pirapora – Pirapora/MG - novembro/2010