quadro clínico

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QUADRO CLÍNICO
Pródromo
Em 66% dos pacientes, a doença se inicia de forma insidiosa, com o aparecimento de sintomas
inespecíficos como:
.fadiga
.anorexia
.fraqueza generalizada
.sintomas musculoesqueleticos vagos
Em geral, os sintomas específicos surgem gradualmente, quando diversas articulações
(principalmente das mãos, pulsos, joelhos e pés) tornam-se afetadas de modo simétrico. O
desenvolvimento pode ocorrer de maneira mais aguda, com o aparecimento rápido de
poliartrite acompanhada de sintomas constitucionais (10%) ou limitar-se inicialmente a uma
ou algumas articulações (33%).
Sinais e Sintomas Articulares
.Rigidez articular
É o sintoma mais precoce da AR, especialmente caracterizada pelo período da manhã, com
mais de 1 hora de duração, e após períodos de inatividade. É geralmente descrita como
“sensação de mãos grossas”. A distribuição é em luva, usualmente simétrica e duradoura,
melhorando sem contudo desaparecer durante o dia. Tais descritivos podem fornecer
importantes subsídios para diferenciar a AR de outras doenças articulares não inflamatórias
(exceto as formas crônicas).
.Dor e sinais flogísticos nas articulações acometidas
A dor é a manifestação clínica mais comum na AR estabelecida. É caracteristicamente
agravada pelos movimentos envolvendo as articulações acometidas, uma vez que é originada
devido à tumefação local que distende e estira a cápsula articular, a qual possui fibras
sensitivas para dor. Como consequência, a articulação inflamada atingida é geralmente
mantida em flexão, a fim de minimizar a distensão dolorosa, além de ocorrer limitação do
movimento.
Calor local costuma ser evidente ao exame físico, porém eritema é infrequente.
.Comprometimento e alterações articulares
A alteração básica da AR é a sinovite em articulações diartrodiais. O acometimento é
característicamente simétrico, embora alguns pacientes possam ser afetados de forma
assimétrica, especialmente no início do quadro. Com o progredir da doença, ocorrem
processos como fibrose, anquilose e contratura dos tecidos moles que resultam em
deformidades fixas. Embora possa ocorrer o acometimento de qualquer articulação
diartrodial, este ocorre geralmente em diversas articulações específicas e em determinada
sequência, apresentadas a seguir:
Mãos: acometimento das articulações metacarpofalangianas e interfalangianas proximais.
Inicialmente, o achado mais comum é a tumefação das articulações interfalangianas proximais.
Com o avançar do processo, tem origem o típico desvio ulnar dos dedos com desvio radial do
pulso, frequentemente com subluxação palmar e das falanges proximais (deformidade “em
Z”). Outras alterações originam as deformidades em “pescoço de cisne” (hiperextensão das
interfalangianas proximais com flexão compensatória das interfalangianas distais) e “em
abotoadura” (contratura em flexão das interfalangianas proximais e extensão das
interfalangianas distais). Na AR, as articulações interfalangianas distais costumam ser
poupadas, o que é útil para o diagnóstico diferencial com a artrite psoriática e a osteoartrose.
Inchaço nas articulações da mão
Desvio ulnar dos dedos da mão direita
2, 3 e 2 dedos com deformação em pescoço de cisne e 5 dedo com deformação em abotoadura
Pés: acometimento das pequenas articulações, em especial as metatarsofalangianas. A artrite
no antepé, nos tornozelos e nas articulações subtalatares pode produzir dor intensa à
deambulação, bem como várias deformidades, tais como: eversão na parte posterior do pé,
subluxação plantar das cabeças metatarsais, alargamento do antepé, halux valgo e desvio
lateral e subluxação dorsal dos dedos dos pés. Frequentemente, o aparecimento dessas
subluxações com suas proeminências ósseas características culmina em erosões plantares por
traumatismos de repetição.
Punhos: A sinovite das articulações do pulso é uma característica quase uniforme e pode levar
à limitação do movimento e ao aprisionamento do nervo mediano, originando a síndrome do
túnel do carpo, cujos sintomas podem ser investigados pelas manobras de Tinel e Phalen. As
deformidades das articulações dos punhos, em concomitância com as das articulações
metacarpofalangianas , determinam um aspecto peculiar, conhecido como “punhos em dorso
de camelo”.
Joelhos: A sinovite da articulação do joelho muitas vezes leva a contraturas em flexão que
podem surgir precocemente na doença. São comuns a hipertrofia sinovial e derrame articular,
este podendo ser identificado pelo chamado “sinal da tecla”. O cisto de Baker é outro achado
comum no acometimento desta articulação na AR – é gerado pela extensão da sinóvia
inflamada para o espaço poplíteo, o que ocasiona dor e edema atrás do joelho, tornando
importante a exclusão do diagnóstico de trombose venosa profunda.
Cisto de Baker: edema na região da panturrilha e tomografia mostrando sua localização
Cotovelos: As contraturas em flexão são as alterações mais comuns. Raramente , pode ocorrer
o encarceramento dos nervos ulnar e radial, determinando síndromes neurológicas.
Coluna vertebral: O acometimento é limitado ao segmento cervical, poupando os segmentos
lombar e torácico. É extremamente comum, estando presente em aproximadamente 70% dos
casos. Em algumas ocasiões, a inflamação das articulações sinoviais e bolsas da coluna cervical
superior leva à subluxação atlanto-occipital, apresentada geralmente como dor occipital. Mais
raramente, esta subluxação pode levar à compressão de medula espinhal, gerando
manifestações como tetraparesia ou tetraplegia, ou ainda emergências neurocirúrgicas, como
paralisia diafragmática e compressão das artérias vertebrais.
Outras: Os ombros e as articulações sacroilíacas podem estar acometidos nas fases mais
avançadas da AR. É possível observar alterações radiográficas nestas últimas, como erosões e
osteopenia.
As articulações temporomandibulares são comumente acometidas na AR , gerando
sintomas como a limitação dolorosa da abertura da boca, sendo assim com freqüência
confundida com distúrbios inflamatórios do ouvido médio.
O envolvimento das articulações cricoaritenóides é extremamente incomum. Quando
presente, é associado a rouquidão, disfagia e dor na região do pescoço. Pode ainda ocorrer
quadro de insuficiência respiratória, devido a fusão das cordas vocais ou nódulos laríngeos.
Articulações acometidas com maior frequência
Articulações acometidas com menor frequência
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