- Sociedade Brasileira de Sociologia

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EXPECTATIVA, APRECIAÇÃO E AFRONTA:
A CONSTRUÇÃO DA CRÍTICA DE JOSÉ DE ALENCAR À CONCILIAÇÃO
AUTOR: DAVID SOARES SIMÕES [UFPB]
ORIENTADOR: JOSÉ H. ARTIGAS DE GODOY [UFPB]
Objeto
- NÃO HAVERIA CONTRADIÇÃO quanto ao tema da conciliação entre os diversos
escritos de Alencar. Tratar-se-ia de momentos distintos da construção de sua crítica.
- A crítica foi construída tendo como referência um CONTEXTO GERAL de
dificuldades enfrentadas pelo Império a partir de finais dos anos 1850, caracterizado
por Alencar como uma situação de degeneração política e social.
A crítica de José de Alencar ao período da conciliação fez parte
do processo de afirmação política do ilustre romancista brasileiro.
Ela foi construída ao longo da passagem entre os anos 1850
e 1860, constituindo-se em três momentos distintos:
Num primeiro momento, ainda como folhetinista da Corte,
Alencar figuraria como mero EXPECTADOR dos acontecimentos,
não podendo prever o que viria da conciliação.
Resultados
- A crítica à conciliação pode ser entendida como a denúncia de que haveria uma
corrupção política generalizada no interior do regime político imperial, marcada,
essencialmente, pela DISSOLUÇÃO E INDISTINÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS.
Tal posição foi mantida por Alencar até o final de sua vida.
JOSÉ DE ALENCAR [1829-1877]
Anos depois, encontramos Alencar numa espécie de APRECIAÇÃO crítica do período, já
desiludido com os encaminhamentos da política imperial. Por fim, já em meados dos
anos 1860, passou direta e definitivamente a AFRONTAR à conciliação e os seus efeitos,
que, na sua opinião, afluiriam na degeneração do regime político imperial.
Objetivos
Particularmente nos anos 1860, através das Cartas de Erasmo, JOSÉ
DE ALENCAR começou a atuar de forma incisiva no debate político
fomentando intrigas e reflexões acerca do cenário ao qual se
encontrava o regime representativo imperial. Dentre os temas por
ele tratados encontrava-se um notável esforço em construir uma crítica
à política de Conciliação. Nesse sentido, como se procurará aqui
DEMONSTRAR, tal crítica pode ser concedida:
- como importante componente analítico das CONCEPÇÕES POLÍTICAS de
José de Alencar, bem como sua prática política enquanto membro do
partido conservador - assumidamente um polemista;
- como chave de leitura significativa para o entendimento da passagem
entre os anos 1850 e 1860 do Império do Brasil, conseqüentemente, como
fonte de reflexão sobre o fim do ostracismo conservador, dado em 1868 O SEGUNDO REGRESSO CONSERVADOR.
- Mesmo delimitando o período da conciliação entre os anos 1853 e 1868, é importante
verificar que Alencar observou MOMENTOS DISTINTOS especificamente determinantes.
Assim, além da data inaugural de 1853, o ano de 1857 teria sido muito significativo,
pela posse do gabitete 4 de maio, chefiado pelo Marquês de Olinda, dando início efetivo
à dissolução dos partidos políticos proeminentes, liberal e conservador. Da mesma forma,
no ano de 1862, teria início o predomínio progressista na política imperial, que marcaria,
segundo Alencar, a continuidade da situação geral de corrupção, acentuando-a.
- O ponto máximo da crítica de José de Alencar à conciliação consistiu na sua total negação. O
romancista relacionou a crise de sua época à vivida na Regência, que resultara na queda de Feijó,
defendendo que a solução estaria em um NOVO REGRESSO CONSERVADOR. A defesa do
retorno dos conservadores - de tradição saquarema - ao poder foi tema explicitamente
defendido por Alencar. Daí que, da sua identificação com os conservadores, localizarmos o
literato como membro de uma segunda geração saquarema.
- Com o retorno dos conservadores ao poder, em 1868, Alencar assume a pasta da
justiça, com Itaboraí na chefia do Gabinete. A obra da conciliação chegava ao fim. O
mais intrigante, no entanto, foi que eles não perceberam que, com o seu retorno,
preparavam a DISSOLUÇÃO DO IMPÉRIO.
Referências Bibliográficas
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http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00175410#page/2/mode/1up. Acesso em: 13 abril 2011.
_____. Ao Imperador, novas cartas políticas de Erasmo. Rio de Janeiro: Typografia de Pinheiro & Comp., 1867-1868. Disponível em:
http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00175510#page/1/mode/1up. Acesso em: 13 abril 2011.
_____. Ao Marquês de Olinda. Rio de Janeiro: Typografia de Pinheiro & Comp., 1866a. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00175440. Acesso em: 13 abril 2011.
_____. Ao povo, car tas políticas de Erasmo. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Typografia de Pinheiro & Comp., 1866b. Disponível:
http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00175430#page/1/mode/1up. Acesso em: 13 abril 2011.
_____. Ao Visconde de Itabaraí, carta de Erasmo sobre a crise financeira. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Typografia de Pinheiro & Comp., 1866c. Disponível em:
http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00175450#page/1/mode/1up. Acesso em: 13 abril 2011.
_____. Cartas de Erasmo. Organizador, José Murilo de Carvalho. Rio de Janeiro: ABL, 2009.
Metodologia
_____. Discursos parlamentares de José de Alencar. Brasília: Câmara dos Deputados, 1977.
_____. Iracema. Rio de Janeiro: Typografia de Vianna & Filhos, 1865b. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00178300. Acesso em: 13 abril 2011.
Tendo-se em vista os objetivos elencados, foi
realizado um levantamento bibliográfico específico dos
escritos de José de Alencar sobre o período da Conciliação.
Foram utilizadas como FONTES PRIMÁRIAS, das Cartas de
Erasmo, a primeira série de cartas destinada ao Imperador,
datada de 1865 e uma carta de 1866, endereçada do
Marquês de Olinda, então chefe do Gabinete Ministerial.
_____. Obra completa. São Paulo: Editora José Aguilar LTDA, 1960. Vol. IV.
_____. O Marquês de Paraná. Traços biográficos (1856). Revista do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro. 1957, vol. 236, julho-setembro, p. 253-274.
CAMILO, Wagner. Mito e história em Iracema. Novos Estudos. 2007, n. 78, p.169-189.
CARVALHO, José Murilo de. Apresentação. IN: Cartas de Erasmo. Organizador, José Murilo de Carvalho. Rio de Janeiro: ABL, 2009. p. VII a XXVIII.
_____. Liberalismo, radicalismo e republicanismo nos anos sessenta do século XIX. Centre for brasilian studies, University of Oxford, Working paper 87, 2007. Disponível em:
http://www.brazil.ox.ac.uk/__data/assets/pdf_file/0003/9327/WP87-murilo.pdf. Acesso em: 13 abril 2011.
IGLÉSIAS, Francisco. Vida Política, 1848-1868. In. HOLANDA, Sérgio Buarque (Org.). História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difel, 1985. Tomo III, 3º vol., p. 9-112
LEÃO RÊGO, Walquiria Domingues. Tavares Bastos: um liberalismo descompassado. Revista da USP. 1993, n. 17, março/abril/maio, p. 74-85.
DUAS DAS SEIS CARTAS DE ERASMO
Tem-se ainda uma pequena biografia de Honório Hermeto Carneiro Leão - propugnador da
política da conciliação em 1853 - feita por José de Alencar em 1856, data da morte do
Marquês de Paraná.
Foi utilizada a ANÁLISE DE CONTEÚDO como ferramenta de aproximação aos textos, bem como a
ANÁLISE DE DISCURSO para a compreensão do contexto em que eles foram elaborados,
cotejando-os, ainda, com uma bibliografia mais recente sobre o período.
MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo. Três panfletários do segundo reinado. Rio de Janeiro: ABL, 2009.
MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo saquarema. São Paulo: Hucitec; Brasília: INL, 1987.
MENEZES, Raimundo de. José de Alencar: literato e político. Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos, 1977.
Ministério da Justiça e Negócios Interiores; Arquivo Nacional. Organizações e programas ministeriais, regime parlamentar no Império. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa
Nacional, 1962.
NABUCO, Joaquim. Um estadista no Império. Rio de Janeiro: H. Garnier, Livreiro Editor: 1897. Tomo I. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/01206310. Acesso em:
13 abril 2011.
RICUPERO, Bernardo. O romantismo e a idéia de nação no Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
RODRIGUES, José Honório. Conciliação e reforma no Brasil. Rio de Janeira: Nova Fronteira, 1982.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Dois escritos democráticos de José de Alencar. Rio de Janeiro: UFRJ, 1991.
VIANA, Oliveira. O ocaso do Império. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004.
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