Agrupamento de família de meio-irmãos de milho crioulo cultivar

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Agrupamento de família de meio-irmãos de milho crioulo
cultivar CAIANO
SILVA,C.M.1; REIS,E.F.dos2; OLIVEIRA,A.S.3; GODOY,E.R.4; FREITAS,I.C.
1
Carolina Messias Silva é graduando do curso de Agronomia, Universidade Federal de Goiás. E-mail: [email protected]
Edésio Fialho dos Reis é Professor Adjunto do Departamento de Biologia, Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí.
,Jataí,GO, E-mail: [email protected]
3
AurileneSantosOliveira é graduando do curso de Agronomia, Universidade Federal de Goiás.Campus Jataí. E-mail:
[email protected]
4
EloeneRodriguesGodoy é graduando do curso de Agronomia, Universidade Federal de Goiás.Campus Jataí E-mail:
[email protected]
5
Isabel Cordeiro Freitas é graduando do curso de Agronomia, Universidade Federal de Goiás.Campus Jataí. E-mailail:
[email protected]
2
Introdução
A diversidade genética existente no milho permite o seu cultivo nos mais
diversos ambientes. O milho é cultivado desde a latitude 58°N até 40°S, desenvolvendose desde o nível do mar até 3.800 m de altitude (Hallauer & Miranda Filho, 1988). Além
disso, o milho é a espécie vegetal geneticamente mais estudada e, conseqüentemente, a
herança de inúmeros caracteres e o seu genoma são bem conhecidos. A importância
econômica, a sua estrutura genética, o número de cromossomos, o tipo de reprodução, a
facilidade para realizar polinizações manuais e a possibilidade de gerar diferentes tipos
de progênies, são fatores que muito contribuíram no sentido de tornar este cereal um
modelo para as espécies alógamas (Nass & Paterniani, 2000). O germoplasma de milho
é constituído por raças crioulas (locais), populações adaptadas e materiais exóticos
introduzidos, sendo caracterizado por uma ampla variabilidade genética. A demanda
constatada junto aos fitomelhoradores por conhecimentos mais abrangentes, tanto
qualitativos como quantitativos sobre o germoplasma de milho no Brasil é cada vez
mais intensa (Nass et al., 1993), o que pode ser verificado pela grande competitividade
existente no mercado pelo desenvolvimento de novos cultivares. A escolha do
germoplasma é parte fundamental e decisiva para qualquer programa de melhoramento
de plantas, quer seja para o desenvolvimento de variedades, para utilização em híbridos
ou para estudos básicos, podendo inclusive influir significativamente no sucesso ou no
fracasso da seleção.
As populações crioulas, também conhecidas como raças locais ou landraces, são
materiais importantes para o melhoramento pelo elevado potencial de adaptação que
apresentam para condições ambientais específicas. De maneira geral, as populações
crioulas são menos produtivas que os cultivares comerciais. Porém requer uma
vantagem muito viável ao pequeno produtor, com o uso de sementes crioulas reduz a
utilização de insumos em virtude da rusticidade e adaptabilidade deste tipo de material.
Entretanto, essas populações são importantes por constituírem fonte de
variabilidade genética que podem ser exploradas na busca por genes tolerantes e/ou
resistentes aos fatores bióticos e abióticos.
Afirmar que o uso de variedades crioulas ou melhoradas é tecnologia
ultrapassada ou que é a solução para os problemas evidencia formas equivocadas e
deterministas de análise da situação da agricultura. Ao fazer referência às unidades
agrícolas e familiares de produção e consumo, faz-se referência a grupos e categorias
sociais heterogêneas. A partir desta concepção, é possível presumir que os sistemas de
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cultivo, as formas de organização e as tecnologias de produção podem ser diversas
dentro dos diversos grupos e categorias sociais.
Somente esta diversidade pode explicar por que muitos agricultores mantiveram,
ao longo do tempo, sementes crioulas nas propriedades. A construção do conhecimento
ao longo da história das famílias e a existência de uma lógica, resultado da história de
vida, norteiam as ações das pessoas (Freire, 1983).
Desta forma, o trabalho desenvolvido na Universidade Federal de Goiás campus Jataí tem como objetivo avaliar e agrupar, através de comparação de médias por
método univariado e por técnicas multivariadas para obter informações essenciais para o
melhoramento do milho Crioulo com enfoque ao pequeno produtor.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no campo experimental da Universidade Federal
de Goiás, campus Jataí. Utilizou-se sementes de milho crioulo CAIANO, sendo
plantados 96 famílias de meio-irmãos obtidas de uma área experimental de safrinha
2008 e mais 4 cultivares: UFV-200; EMGOPA-501; P30K75 e CAIANO . O plantio foi
realizado em 09/11/08.
O delineamento estatístico empregado foi o de blocos ao acaso, com 100
genótipos/tratamentos e duas repetições. Foram semeadas 50 sementes por parcela de
5m de comprimento, sendo feito o desbaste com 25 dias após o plantio, padronizando
para 25 plantas por parcela. As parcelas foram constituídas de uma linha de cinco
metros, com espaçamento entre linhas de 0,9 m, sendo que na coleta de dados e na
colheita foram utilizados somente os três metros centrais.
A adubação de plantio foi feita de acordo com recomendação para cultura do
milho. Foi feito adubação de cobertura 30 dias após o plantio, utilizando 100 kg de
uréia.ha-1, também foi realizado capinas, aplicação de herbicida e inseticida quando
necessário.
As características avaliadas nas progênies foram: a) altura de planta, medida do
nível do solo até a inserção da folha bandeira; b) altura da espiga, medida do nível do
solo até inserção da 1ª espiga formada; c) número de plantas acamadas, contabilizada as
plantas que sofreram acamamento; d) produção de grãos.ha-1, corrigido para umidade a
13%. Os dados coletados foram computados e submetidos à análise de variância, e as
médias dos tratamentos agrupadas de acordo com o teste de Scott & Knott, a 5% de
probabilidade. Foi estimada a distância generalizada de Mahalanobis entre todos os
pares de genótipos. Com base na matriz de distância genética foi constituído o
agrupamento das progênies através do método de otimização de Tocher, conforme
CRUZ et. al (2004). Todas as análises foram realizadas com o auxílio do programa
GENES – Aplicativo computacional em genética e estatística desenvolvido na
Universidade Federal de Viçosa (Cruz, 2006).
Resultados e Discussão
De acordo com a Tabela 1, que mostra a comparação das médias, pelo teste
Scott-Knott, para os diferentes caracteres avaliados, nota-se que tomando como
referência o híbrido P30K75, material este comercial, apresentou o menor altura de
planta, menor altura de espiga, ausência de plantas acamadas e produção
numericamente superior a grande maioria dos genótipos avaliados, sendo portanto, um
material de boa performance dentro do experimento. As outras três referências
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Tabela 1 – Estimativas das médias de AP, AE, PAC e PRO de 96 famílias de meioirmãos de milho crioulo CAIANO e de 4 cultivares UFV-200, EMGOPA 501, P30K75
e CAIANO, ano agrícola 2008/2009, em Jataí-GO.
Gen. AP
AE PAC PRO
Gen. AP
AE PAC
PRO
1 2.59f 1.74h 3a 3686.93a
51 2.70f 1.86f 0a
3069.03a
2 2.70f 1.70h 1a 4050.84a
52 3.04b 1.99d 0a
5515.26a
3 2.88d 1.80g 0a 5660.51a
53 3.08b 2.14b 0.5a
3836.86a
4 2.93c 1.92e
1a 4113.52a
54 2.81e 1.92e 1.5a
5525.95a
5 2.61f 1.8g
2.5a 2691.79a
55 3.06b 2.01d 0.5a 6125.00a
6 2.66f 1.96e 1.5a 4480.95a
56 3.25ª 1.81g 0a
4716.77a
7 3.09b 1.95e
1a 2887.27a
57 2.65f 1.93e 0a
3880.00a
8 2.89d 1.73h
2a 3088.49a
58 3.10b 2.05d 0a
3512.33a
9 2.73f 1.75
1a 4763.65a
59 2.81e 2.05d 0a 4210.25a
10 2.88d 1.85f
1.5a 3295.99a
60 2.88d 1.66i 0.5a 3159.76a
11 2.77e 1.9e
5a
3338.36a
61 2.99c 2.10c 1a
3730.22a
12 2.66f 1.76h 3.5a 4649.73a
62 2.88d 1.91e 1a
3846.53a
13 2.96c 1.91e 2a
4457.93a
63 3.04b 1.86f 0.5a 3913.74a
14 3.02c 1.88f
2a
3057.79a
64 3.07b 2.09c 2a
5120.03a
15 2.86d 1.83g
2a
3627.94a
65 3.09b 2.05d 0.5a 5406.34a
16 2.85d 1.90e
1a
2996.03a
66 2.96c 1.72h 0a
4197.92a
17 2.96c 1.9e
1.5a 2472.65a
67 3.17ª 2.18b
0a
5367.87a
18 2.86d 1.84f
0.5a 4428.74a
68 3.15ª 2.30ª
1a
3095.06a
19 3.06b 2.04d
0a
4590.65a
69 3.16ª 2.33ª 0.5a 3641.67a
20 2.94c 1.88f
0a
3356.65a
70 3.03c 2.13b 2.5a 3610.34a
21 2.91c 1.87f 2.5a
3860.94a
71 3.08b 2.14b 0a
4872.16a
22 2.46g 1.39j
0a
3549.79a
72 2.92c 2.12c 1a
3973.13a
23 2.90c 2.0d
0.5a 6282.71a
73 3.07b 1.97e
0a
5698.33a
24 2.84d 1.85f
0a
2978.80a
74 3.07b 1.95e
0a
3158.07a
25 2.96c 1.92e
1a
4196.42a
75 3.00c 2.02d
3a
5078.91a
26 2.88d 1.92e
0a
3876.49a
76 2.92c 1.95e 1.5a 4800.09a
27 3.10b 2.10c
1a
2460.98a
77 2.95c 1.93e 4.5a 3009.46a
28 3.06b 2.15c
0a
4324.06a
78 3.15a 2.17b 2.5a 1671.90a
29 2.92c 1.92e
0.5a 3610.43a
79 2.85d 2.13b 0.5a 4251.24a
30 2.66f 1.63i
1a
2492.82a
80 3.22a 2.27ª 1.5a 3571.29a
31 2.72f 1.75h
0.5a
3957.47a
81 2.85d 1.75h 0.5a 3540.13a
32 2.70f 1.81g
3a
4660.59a
82 2.92c 1.95e 0a
6255.87a
33 2.77e 1.72h
1a
4814.58a
83 2.90d 1.71h 0.5a 5694.89a
34 2.87d 1.65e
0a
3725.88a
84 3.10b 2.07c 0a
5264.34a
35 3.01c 1.95e
1a
3472.60a
85 2.91c 1.78g 5.5a 2862.04a
36 2.96c 2.00d
0a
4212.67a
86 3.26a 2.13b 1.5a 4476.05a
37 3.19ª 2.05d
0a
2842.38a
87 2.90c 2.00d 4a
4352.45a
38 3.06b 2.07c
0a
3535.90a
88 2.89d 2.03d 3a
2965.75a
39 2.91c 2.02d
0a
4042.75a
89 3.00c 1.97e 1a
2858.96a
40 2.97c 1.85g
0.5a
4080.66a
90 3.12b 2.04d 0.5a 3691.36a
41 2.73f 1.71h
0.5a
4272.62a
91 2.96c 2.11c 2a
4173.63a
42 2.85d 1.73h
0.5a
4471.31a
92 2.11h 1.05k 0a
5487.22a
43 2.95c 2.09c
0a
3551.02a
93 2.84d 1.86f 0.5a 5517.45a
44 3.04b 1.97e
0a
2750.19a
94 3.05b 1.96e 2a
5735.07a
45 2.92c 1.58i
0.5a
5160.92a
95 2.78e 1.89f 6.5a
3532.07a
46 2.94c 2.03d
0a
4035.95a
96 3.06b 2.00d 0.5a
3411.18a
47 2.99c 2.13b
0a
4264.81a
97 2.80e 2.09c 8.5a 1988.75a
48 3.21ª 2.19b
0.5a
3904.91a
98 2.78e 1.97e 3a
4886.24a
49 2.86d 1.95e 0.5a
3892.33a
99 3.18a 2.17b 5.5a 3383.73a
50 3.06b 2.15b
2a
2394.62a
100 2.78e 1.98d 0a
3781.88a
Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
Gen. Genótipo; AP: Altura de planta; AE: Altura de espiga; PAC: Número de plantas acamadas e PRO:
Produção de grãos em KG.ha-1.
Gen. 22: UFV-200; Gen. 43: EMGOPA-501; Gen. 76: CAIANO e Gen. 92: P30K75.
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utilizadas, que são variedades de polinização aberta, UFV-200, EMGOPA 501 e
CAIANO, mostraram-se, no caso das duas primeiras, com produção de grãos baixa, no
entanto, o UFV-200, teve um comportamento quanto a altura bastante adequado, sendo
de porte baixo e de altura de espiga baixo, o que levou a ausência de plantas acamadas,
enquanto o EMGOPA 501, que, tem porte mais elevado, não apresentou acamamento
também, demonstrando ser um material menos sensível a este problema. Ao analisar as
diferentes famílias de meio-irmãos avaliadas, nota-se a possibilidade de seleção de
plantas com produção estatisticamente igual ao melhor genótipo avaliado, que foi o
híbrido, no entanto, em grande parte destas famílias de meio-irmãos nota-se porte
elevado das plantas e conseqüente aumento na altura da espiga, que, em geral, levou a
um maior número de plantas acamadas.
Na tabela 2, estão apresentados os grupos de acordo com o método de
otimização de Tocher, onde pode-se verificar a formação de 4 grupos, sendo 2 deles
com apenas dois genótipo (grupo 4, genótipo 92 – P30K75 e genótipo 22 – UFV 200 e
grupo 3, genótipo 45 e 56, família de meio-irmão), nota-se que ao comparar estes dois
grupos ( 3 e 4), há possibilidade de redução de porte das famílias de meio-irmãos com o
cruzamento entre os grupos, isto pode reduzir o tempo para ganho efetivo na altura. O
grupo 2, que apresenta três famílias de meio-irmãos, nota-se que é de baixa qualidade,
pois, além da baixa produção, apresenta altura de plantas e de espiga elevadas. O grupo
1, que é composto por 93 genótipos, apresenta como possível combinação com o grupo
3 ou 4, podendo trazer ganhos nas características de interesse. Nota-se, para este último
grupo, dificuldade de ganhos expressivos com recombinação de famílias dentro do
grupo. O que se verifica de uma maneira geral é que a população base de onde as
famílias de meio-irmãos foram extraídas apresenta uma reduzida base genética em
relação aos caracteres em estudo.
Tabela 2: Grupos de genótipos estabelecidos pelo método de Tocher, com base na
dissimilaridade expressa pela distância generalizada de Mahalanobis considerando as
características altura da planta, altura da espiga, planta acamada e produção de grãos por
hectare.
Grupo
1
2
3
4
Genótipos
34 49 26 62 16 29 10 4 76 25 82 36 13 21 20
89 35 77 44 52 96 74 94 73 14 7 55 75 19 46
23 87 65 58 38 90 84 88 54 93 18 15 24 11 95
98 59 43 61 64 28 100 27 91 47 71 53 70 72
50 40 3 85 51 32 67 78 79 86 48 6 81 57 31 9
42 8 33 5 41 97 2 83 1 66 99 60 30
68 69 80
45 56
22 92
17
39
63
37
12
Gen. 22: UFV-200; Gen. 43: EMGOPA-5001; Gen. 76: CAIANO; Gen. 92: P30K75 e demais gen.
Famílias de meio-irmãos.
Conclusão
Pelo presente trabalho, conclui-se que:
- Existe potencial de melhoramento, com vista em melhoria em produção e
compatibilidade com altura de planta e espiga;
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- Há possibilidade de melhoramento populacional e sucesso com seleção recorrente,
desde que procure selecionar materiais para constituir a população-base que garanta a
variabilidade, no entanto este ganho será reduzido;
- A obtenção de ganhos substanciais em produção dependerá da inclusão de materiais de
porte baixo e com alta produção, que poderá ocorrer através de cruzamentos envolvendo
materiais comerciais.
- A população base de onde as famílias de meio-irmãos foram extraídas apresenta baixa
variabilidade genética.
Referências
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