M.H. Sleutjes NOTA-DE-PESQUISA 189 PÓS-MODERNIDADE EM HEIDEGGER Maria Helena Sleutjes ABSTRACT: SLEUTJES, M. H. Post-modernity in Heidegger. Rev. Univ. Rural, sér. ciênc. hum., v.23, n.2, p.189-193. - The present work aims to see Heidegger as a philosopher ahead of his time because of the characteristics of his work and contemporaryness of his worries. Predicting what was to be called post-modernity, Heidegger could foresee the anguish of a man facing a world threatened by pain and destruction, a prisioner of himself and deprived from the necessary space to correctly realize his being. Defining human history as the history of forgetfulness of being, exactly as the postmodern philosophers would, Heidegger sees poetry, simplicity and creativity as a last resort for humanity. KEYWORDS: Heidegger philosophy post-modernity O enigma do presente atrai mais que o mistério do futuro e os restos e fantasmas do passado. Sabemos bem pouco acerca do solo que hoje estamos pisando e este saber é ao mesmo tempo importante e indiferente...Não se trata de uma continuação das formas anteriores, mas um distanciamento e uma fratura. Recolhe delas alguns elementos: da contracultura, o aspecto anárquico; da nova era, o aspecto conservador. Contrapõe aos dois a quebra das ilusões... o pós moderno não tem a pretensão de transformar o mundo nem se apresenta como ideologia ou um modo de pensar. Parece mais uma condição a que se chegou quando o mundo moderno atinge o seu limite e começa a desaparecer. Zajdsznajder, 1992 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Aceito em 31/dez/2001 © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro Por quê? O quê ? Para quê ? São as perguntas que o homem ocidental faz a vida toda. Geralmente, não sabendo responder, sente-se ameaçado por não ter sob controle o porquê e o para quê de si mesmo. Conforme LEÃO (1977, é por isso que nos lançamos à construção de um mundo de funções e consumo onde tudo já está preestabelecido e esquecemos completamente de ser. Ingressamos a partir daí no que se denominou chamar pós-modernidade. Conforme Zajdsznajder (1992,há uma série de sinais da instauração da pós-modernidade. São características e sintomas de um tempo que não possui uma essência e não apresenta contornos definidos. O homem se distancia demasiadamente de si mesmo, à medida que o mundo à sua volta se torna mais turbulento, suas vidas se tornam cada vez mais fragmentadas. Conforme RINPOCHE, 1999, sem contato com nós mesmos, ficamos ansiosos, agitados e freqüentemente paranóicos. A alfinetada de uma pequenina crise estoura como um balão das estratégias atrás das quais nos escondemos. Um único momento de pânico revela-nos que tudo é Rev. Univ. Rural, Sér. Ciênc. Humanas Vol. 23(2): 189-193, jul./dez. 2001. Pós-modernidade em Heidegger 190 precário e instável. E Heidegger é o filósofo que denuncia, já no início do século XX, na cultura ocidental, o famoso esquecimento do ser (seinsverzessenhut), e investigar esta questão se tornou a preocupação central e única de sua filosofia. Martin Heidegger nasceu em 1889 em Messkirch e morreu em 1976 em Friburgo, na Alemanha. Dono de conhecimento filosófico bastante profundo, reflete em sua obra a influência de Hurssel, Max Scheler, Kierkegaard e Dilthy, além dos excelentes conhecimentos de língua grega e da filosofia de Aristóteles, Platão, Santo Agostinho, Descartes, Hegel e Bergson. LEÃO (1977) assim o define: como pensador, ele é a linguagem do pensa mento. Ë um pensamento tão originário que não se deixa classificar. Parece estar fora de uma história crescente de conformismo e pro gressiva imposição de estereótipos imposta pela civilização ocidental Considerado, ao lado de Nietzche, o mais socrático e trágico dos pensadores modernos, nada mais foi que um ser simples, pobre e sensível que, durante os seus 86 anos de vida, viveu a angústia do homem diante de um mundo quebrado; a inquietação de um espírito diante do mistério do ser; do homem esmagado pelas coisas. As figuras mais comuns em suas meditações são lenhadores, camponeses e artesãos, demonstrando sua identidade com a terra, sua tradição e linguagem natal. Heidegger foi professor de filosofia da Universidade de Marburgo, Friburgo e Berlim e então, desenvolveu uma terminologia própria e muito pessoal para expressar seus pensamentos, o que torna complicada a compreensão de suas idéias. Chegou a ser reitor da Universidade de Friburgo. Foi amigo de Karl Jaspers e discípulo de Hurssel. Foi também severamente visado pelo partido nazista e enviado, no último ano de guerra, para trabalhar nas escavações de trincheira no norte do Reno. Em Heidegger, os nomes não bastam para nomear as coisas, pois para ele a nomenclatura não é senão uma profusão de significados arrumados em prateleiras conceituais. Esclarecendo melhor esta sua visão, explica que há mais de dois milênios o pensamento humano desenvolve a representação num processo inversamente proporcional à omissão da presença do ser. Mas é na palavra, na linguagem que as coisas para ele, chegam a ser. No fazer-se linguagem do ser, o homem vem a si mesmo e o mundo vem ao homem. Portanto, a linguagem é para ele, ao mesmo tempo, um velar-se e um desvelar-se do ser na história da humanidade. Para que possamos entender melhor suas idéias é preciso conhecer certas expressões dais quais faz uso freqüente. ser = (com s minúsculo) modo de ser do ente enquanto ente. Ser = diferença ontológica, fundamento de possibilidade do ser e do ente/ou/ energia que faz com que o ente seja o que o ente é. Da sein = ser aí, ou abertura de espaço para o Ser passar. Que eleva o homem à condição de ente privilegiado, por permitir o advento do Ser. Verdade = iluminação em que o ente se revela, em seu ser como ente. Linguagem = Casa do Ser, onde habita o homem - fundamento. linguagem = (com l minúsculo) concepção lógica, gramatical, filosófica e científica desenvolvida através da história ocidental fundado. Existência = Ser para a morte. História = vicissitudes da verdade do ser Essencializar = processo ontológico em que o ente revela o seu ser. Homem = mensageiro do Ser. Canal por onde o Ser passa e se revela. Espelho da verdade do Ser. Pensar = expor-se ao mistério da realidade, numa conversão radical de todo o nosso modo de ser para sua própria essência. Radical = aquilo que é capaz de atingir o âmago da questão, o início. Refletir = tentativas para atingir as raízes do mistério do ser. M.H. Sleutjes A obra de Martin Heidegger não pode ser explicada, só pode ser pensada e pensando sobre ela pode-se dizer que pode ser vista como o resultado da angústia que abre as possibilidades de futuro da existência presente que talvez seja uma promessa de caminho para liberdade. Destacamos neste estudo apenas três de suas obras . A primeira, é Sein und Zeit (ser e o tempo), escrita em 1927, onde faz uma análise do homem como ser no mundo. Considerado um livro para todos e para ninguém. Para todos, enquanto todos são dinamicamente a identidade de si mesmos. Para ninguém, porque ninguém suporta toda a identidade de sua essência. Neste livro, o caráter contemporâneo é marcante quando demonstra que é preciso despertar a pergunta que interroga pelo sentido do ser. Segundo Heidegger, o perguntar tem um peculiar caráter de ser e conter uma certa compreensão do ser, mesmo que não seja suficiente para fixar um conceito. Seu outro livro, Holzwege (Sendas perdidas), escrito em 1950, demonstra que as sendas perdidas podem ser encontradas nos passos de cada dia que abrem silenciosamente passagens extraordinárias para a selva do pensamento, por onde o mistério de ser sempre se faz passar. Na atual tendência das práticas meditativas e no deixar a vida fluir encontramos Heidegger se antecipando e mostrando que do questionamento vai surgindo a cada passo o caminho essencial e este caminho vai acabar nos demonstrando que até ali, não se havia realmente caminhado, que se havia ficado preso às malhas de um esquema pré-estabelecido. Então através deste novo estado de consciência nasce a verdadeira originalidade do ser e todo o passo passa a ser uma aventura criativa. A incerteza deixa de ser uma ameaça para ser também uma surpresa e isto faz nascer, com tudo que um verdadeiro nascimento traz consigo de insegurança, medo, obscuridade, ousadia, surpresa e aventura, um mundo novo, de coisas que antes não se podía ver. Em Unterwegs zur Sprache (Um caminho para a linguagem), escrito em 1960, o dizer é característica fundamental do homem, entendido na forma de compreensão do ser., isto é, o homem tem o ser no ato de falar. Na linguagem e nas palavras é que as coisas chegam a ser e são. Heidegger demonstra nesta obra que o homem © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro 191 é, à medida que diz, que demonstra seu ser. No entanto, a linguagem, como força motriz, não se formaliza, não se faz signo lingüístico e isto só acontece quando o ser lhe dá sentido. O PÓS-MODERNO EM HEIDEGGER Sua filosofia é essencialmente existencial. Nele o que se chama em pós-modernidade de fratura dos eixos, isto é, o desaparecimento de linhas de orientação através da razão, do estado, do saber pela ciência ou do sujeito coletivo, é pressentido de forma completa como se pode verificar a seguir. Em Heidegger, a existência é a essência do homem e a missão de sua filosofia é desvelar a existência e determinar o ser da existência. Considera que não existem conceitos a priori pois todos os conceitos se resolvem no existir, no acontecer histórico. Heidegger afirma que toda a história da ciência nos diz da possibilidade do existir sem a ciência, porém a sociedade de consumo nos coloca que esta não é mais uma possibilidade ao alcance de nossa escolha. Ele antevê que, pela nossa própria vontade não poderemos nos livrar desta situação histórica, pois é com base na ciência e na tecnologia que se decide hoje o destino histórico do mundo. A ciência e a tecnolgia é que formam e informam toda a nossa compreensão e avaliação da realidade. Para Heidegger, o homem não precisa da ciência para desdobrar sua existência e isso nos comprovam as grandes culturas não ocidentais. Segundo ele, o homem pode, mas não deveria necessariamente existir na paisagem da ciência. O desejo de saber, que é o fenômeno central da existência, está confundido com o desejo de saber através da ciência. Quando questionado acerca do que viria a ser a filosofia, respondia que o homem sabe tão pouco dela que só pode dizer o que ela não é. Assim, recomendava que todo o homem, desejando encontrar-se, fizesse uma introspecção profunda e retomasse o caminho da filosofia do qual se afastou quando percebeu a ciência como possibilidade de alcançar sua verdade. Heidegger é o filósofo que mais questiona a modernidade e a pergunta seguinte demosntra esta sua relação: Rev. Univ. Rural, Sér. Ciênc. Humanas Vol. 23(2): 189-193, jul./dez. 2001. 192 - o que a humanidade atual e o mundo moderno consideram essencial, será mesmo uma necessidade essencial??? A libertação do homem da exploração pelo homem, as preocupações ecológicas com o meio ambiente, o controle da violência, são para Heidegger, necessidades urgentes para assegurar a sobrevivência do homem e de toda a terra Segundo ele, na perspectiva onipotente desta segurança, tudo está subordinado ao meio para sobreviver. A sociedade está organizada de forma que o não servir à sobrevivência representa um perigo, uma ameaça, portanto ser, pensar, sentir, saber e fazer devem servir unicamente para garantir a segurança e a sobrevivência e a serviço desta pseudo-segurança se encontra toda a nossa realidade. Heidegger percebeu que sobreviver é a única ambição que vai restar ao homem pós-moderno e, citando Höelderlin, diz: pouco saber e muita jovialidade é o que foi dado aos mortais. Pressentindo as mazelas criadas pelo superdesenvolvimento, define o ser como funcionalidade e a verdade como operatividade no mundo que foi desenvolvido. Heidegger tenta demonstrar a grande inversão de valores do mundo moderno no que se refere ao conceito de sujeito e objeto, pois o homem passou a ser produto de seu próprio produto, estando em vias de se anular. Segundo o filósofo, na busca desenfreada de auto-asseguramento, o homem reduz toda a grandeza, diminui toda a profundidade, e foge da vitalidade criadora. O poder crescente da automação e do progresso implica uma crescente desumanidade. O homem só poderá se refazer dos malefícios da pós-modernidade ou melhor, suportá-los quando tomar consciência da própria alienação de sua essência, porém procurando sair de sua perdição está construindo uma trilha em qualquer sentido. A história do homem, para Heidegger, É A HISTÓRIA DO ESQUECIMENTO DO SER. Para encontrar as sendas perdidas, Heidegger ensina que pensar se compõe com sentir. Pensar não exclui, antes inclui o ser. Pensar também não nega o agir, antes o afirma. Pensamento não é algo contrário ou acima do corpo, é o corpo na própria raiz da materialidade. Pensar, para Heidegger, é expor-se ao mistério da realidade, é uma conversão radical de todo o nosso modo de Pós-modernidade em Heidegger ser para a sua própria essência, de maneira a poder regressar até a fonte de sua tensão e unidade. Pensar o não pensado só se realiza sem preconceitos, sem conceitos preestabelecidos. Toda investigação exige um pensar radical mas a grande dificuldade está no fato de sabermos demais sobre a realidade Segundo ele, para nós, seres da tecnologia e do planejamento, não pode existir maior castigo do que pensar sem objetividade científica, pois desenvolvemos há tanto tempo a representação num processo inversamente proporcional à omissão da presença do ser. Refletir, para Heidegger, é uma tentativa de atingir as raízes do mistério do ser. Na reflexão a filosofia acena, é um aceno difícil de perceber, pois a funcionalidade ocupou todos os canais da comunicação e a irreflexão preencheu todos os códigos da recepção. Toda reflexão é simultaneamente imanente e transcendente de uma situação. E assim, ensina corretamente a arte de meditar e, indo além, acrescenta que todo pensamento verdadeiramente reflexivo é o pensamento poético, pois questiona sempre a tradição metafísica. Heidegger encontra no poético algo, que, por sua própria natureza, sempre questionou tal metafísica. Na poesia de Hölderlin, voltada decididamente para o modelo literário e cultural grego, Heidegger encontra um caminho ou um processo que permite a existência da liberdade criativa, possibilitando um avanço para o novo ou para a morte, ambas, como ele considerava, sempre irmãs siamesas. Afirma que este modo de caminhar pelo pensamento da poesia é desconhecido da ciência e ausente na consciência de nosso tempo, infelizmente. A angústia de Heidegger parece demonstrar seu pressentimento da pós-modernidade. A quebra dos valores, a fratura dos eixos, a perda da essência, a generalidade do prático, o desfazerse dos mitos, a sofisticação, as sombras e disfarces. Heidegger define a situação humana como uma situação em trânsito, uma situação limite. Há que nascer uma consciência que demonstre ao homem que em todas as atividades, para pensar e querer, sentir e amar, na vida e na morte, o homem não se basta a si mesmo. O homem não pode ser o ente senão encarnado no mundo, em contínua comunhão com os outros M.H. Sleutjes seres. Ser é, para Heidegger, em última instância, transcender. Existir, é estar no mundo. Portanto, pode-se concluir que a maioria apenas existe, isto é, se encontra no mundo sem ser. Segundo sua filosofia, só a análise da existência pode conduzir à compreensão do ser e sendo a existência finita, ela deve ser sentida como um Ser para a morte (sein zum tode). Só ao atingir seu fim (a morte) pode a existência chegar própria e autenticamente a ser. A morte não representa para Heidegger o acabar da existência, mas seu elemento constitutivo. A existência inclui a morte pois basta começar a viver para começar a morrer, por isso considera que o homem é um ser para a morte, que neste caso, não representa um fim. Para Heidegger, o sentido fundamental da existência do homem é o tempo, horizonte de toda a compreensão e realização. O Ser é sempre um Das sein (estar em, ser aí, ser aqui, por isso a condição do existir é a de ser limitado, atirado ao mundo. Existir é ser no mundo empenhado em realizar a possibilidade de sua existência. Portanto, o ser humano seria apenas possibilidade do ser que se determina no curso do tempo. A existência humana se agitaria dentro da tensão entre imanência e transcendência porque o homem só existe enquanto insiste no domínio da verdade do Ser. O Ser, no entanto, nunca será diretamente acessível, nunca poderá ser objetivado. A verdade para Heidegger, é a descoberta do Ser em si mesmo. Esta descoberta só é possível estando no mundo. Portanto, a verdade depende da existência e como esta, não é eterna e sim, temporal. Para ele, os caminhos da verdade são vários e são as rupturas com o usual. Deus é, para Heidegger, um ente supremo que todos, consciente ou inconscientemente, aguardam, mas que poderá ou não advir. Quando Heidegger ouvia dizer que a filosofia não era de nenhuma utilidade para o homem, dizia que era uma grande verdade, pois não se pode avaliar filosofia segundo os mesmos critérios que se usam para julgar a utilidade de um automóvel ou a eficiência de um antibiótico. E sempre questionava: - Se nós não podemos fazer nada com a filosofia, será também que a filosofia não poderá fazer nada conosco? © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro 193 A ciência para ele é uma possibilidade historicamente concretizada do homem ocidental. Ela advém das preocupações imediatas pela subsistência e meios de defesa, da sabedoria mágica dos sacerdotes, do espírito curioso dos povos aventureiros, da ociosidade dos senhores, da admiração das naturezas contemplativas, da dúvida dos cépticos. Ser homem, para Heidegger, é estar sempre disposto a conhecer a essência das coisas, no sentido de nascer e crescer com o mistério de sua realização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HEIDEGGER, M. Arte y poesía. México: Fondo de Cultura Econômica, 1973. _____. Da experiência do pensar. Porto Alegre: Globo, 1969. _____. Sobre o problema do ser. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1969. LEÃO, E. CARNEIRO. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977. _____. et alii . História sem pensamento. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro. n.47, out/dez., 1976. RINPOCHE, Sogyal. O livro Tibetano do viver e do morrer. 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