Termodinâmica Ano Lectivo 2002/03 2ª LEI, ENTROPIA E FORMALISMO TERMODINÂMICO 1) Um gás perfeito de capacidades térmicas constantes Cp = γ , ocupando inicialmente o volume V0, CV expande-se adiabaticamente até atingir o volume 2V0. Em seguida, à pressão P0, o volume diminuiu até V0. O ciclo, diatérmico, fecha com uma transformação a volume constante (fig. 1). a) Provar que o rendimento deste ciclo é dado por γ η = 1− γ 2 −1 b) Calcular, justificando, o rendimento máximo que é possível obter utilizando as mesmas fontes. 1 R: b) 1 − γ . 2 2) Uma mole de um gás perfeito monoatómico é sujeita ao processo termodinâmico indicado na figura 2, em que a curva CA representa uma transformação isotérmica à Cp 5 temperatura T0. Tomando =γ = : CV 3 a) Calcular o trabalho realizado no processo; b) Representar o ciclo no diagrama V,T; c) Calcular o rendimento do processo descrito e compará-lo com o rendimento do ciclo de Carnot funcionando entre as mesmas temperaturas extremas. Figura 1 T0 Figura 2 R: a) -1.12 P0V0; c) 26,35%; 50%. 3) Um motor Diesel baseia-se num processo cíclico reversível constituído por duas transformações adiabáticas, uma isobárica e uma isocórica como está indicado no diagrama da figura 3. Suponha que a substância utilizada no motor é um gás ideal cujas capacidades térmicas molares são independentes da temperatura. Verificar que o rendimento do motor em V função da relação de conversão 1 e da relação de V2 γ V 1 − 3 V 1 V2 expansão 3 é η = 1 + . γ −1 V2 γ V V 1 3 − 1 V2 V2 Departamento de Física da FCTUC Figura 3 Folha 4 - 1/6 Termodinâmica Ano Lectivo 2002/03 4) Determinar a variação da entropia de um gás perfeito nos seguintes tipos de transformações: a) isotérmica, quando o volume varia de V0 para V1; b) isobárica, quando a temperatura varia de T0 para T1; c) isocórica, quando a temperatura varia de T0 para T1; d) adiabática. R: a) R ln (V1/V0); b) n CP ln (T1/T0); n CV ln (T1/T0); 0. 5) Um sistema é submetido à transformação representada no diagrama entrópico da figura 4 pelo segmento de recta AB. Determinar a quantidade de calor trocada na interacção com o exterior. R: (T1+T2)(S2-S1)/2. 6) A entropia de certa substância incompressível e não dilatável é 1 dada por S (T ) = A ln T02 + T 2 , em que T0 e A são constantes. 2 Mostrar que a quantidade de calor que é necessário fornecer à substância a aquecer desde o zero absoluto até ' T T u ' Q(T ) = AT0 − arctg . (arc.tg u ) = T0 1+ u 2 T0 ( Figura 4 ) T é dada por 7) Um gás perfeito de capacidade térmica a volume constante CV, encontra-se num estado inicial definido por (V1,T1) e sofre uma transformação isotérmica reversível até atingir um volume duplo do inicial; em seguida, uma expansão adiabática leva o gás até um volume 3V1; o ciclo termina com uma transformação representável num diagrama (S,T) por um segmento de recta. a) Representar o ciclo no diagrama S,T; b) Determinar a temperatura correspondente ao estado final da transformação adiabática; R 1 2 CV c) Provar que o rendimento do ciclo é 1− , em que R é a constante dos gases 2 3 perfeitos. 2 R: b) T1 3 γ −1 . 8) Calcular o rendimento do seguinte ciclo realizado reversivelmente por um gás perfeito (fig. 5): a) Compressão isotérmica à temperatura T0, desde a pressão P0 até à pressão P1; b) Transformação isobárica desde a temperatura T0 até que a entropia adquira o valor primitivo S0; c) Expansão adiabática até ao estado primitivo. P ln 1 P0 γ −1 . R: 1 − γ −1 γ P1 γ − 1 P0 Figura 5 9) Juntam-se dois corpos A e B, de massas mA e mB e capacidades térmicas mássicas a pressão constante cA e cB, num recipiente isolado. Inicialmente as suas temperaturas são TAi e TBi. Departamento de Física da FCTUC Folha 4 - 2/6 Termodinâmica Ano Lectivo 2002/03 Demonstrar, utilizando o 1º e 2º Princípios, que a temperatura final dos dois corpos é a mesma TAf = TBf. 10) Calcular a variação de entropia do sistema formado por 1 kg de água a 27 ºC e 2 kg de gelo fundente quando a água líquida e o gelo se põem em contacto dentro de um recipiente adiabático. O calor de fusão do gelo é lfus = 334,4 J/g e a capacidade térmica mássica da água é ca = 4,18 J/(gK). Qual é o aumento de entropia se se tiverem 0,2 kg de gelo em vez de 2 kg? R: 22.24 JK-1; 17.14 JK-1. 11) Um sistema, com capacidade térmica CP, é aquecido a pressão constante de T1 até T2 por contacto térmico com um certo número (tão grande quanto se queira) de fontes de calor, a temperaturas entre T1 e T2. O aquecimento é reversível. A seguir, o sistema arrefece até T1, mediante contacto térmico com uma só fonte à temperatura T1. Calcular as variações de entropia, no aquecimento e no arrefecimento, do sistema, das fontes e do universo. T T T R: Aquec.– Sistema: C P ln 2 ; Fonte: − C P ln 2 . Arref.– Sistema: − C P ln 2 ; Fonte: T1 T1 T1 − C P (T1 − T2 ) T1 12) Demonstrar que na expansão livre de um gás (não necessariamente perfeito) à temperatura T e em contacto com uma fonte a essa temperatura, o aumento de entropia do universo é tal que Vf T∆SU = −WT = ∫ PdV , Vi com WT o trabalho reversível e isotérmico entre os mesmos estados inicial e final (Vi e Vf são os volumes inicial e final). 13) Tem-se 1 mol de um gás perfeito, de capacidade térmica a volume constante CV = 0,01 T (J/K) em equilíbrio, a 200 K, com uma fonte a essa temperatura. a) Qual é o trabalho mínimo que se deve realizar para elevar a temperatura do gás até 220 K se o seu volume permanecer constante? b) Qual é esse trabalho se, em vez do volume, a pressão for constante? R: a) 2 J; b) 9,9 J 14) A partir da Equação Fundamental proposta por Gibbs para os gases perfeitos considerados como sistemas fechados, V U = U (V , S ) = U 0 V0 − nR CV S − S0 exp CV , sendo n o número de moles, e U0, V0, S0, CV = ncV e R constantes, extraia as equações de estado térmica, energética e entrópica correspondentes. nRT P = P(V , T ) = V ; U = U (V,T ) = CV T ; nR R: C V S = S (T , V ) = CV ln T + nR ln V + S 0 + CV ln CV 1 U 0 V0 Departamento de Física da FCTUC Folha 4 - 3/6 Termodinâmica Ano Lectivo 2002/03 15) A partir de dU = TdS − PdV , utilizando os Teoremas de Schwartz e da Reciprocidade e a Regra da Derivação em Cadeia, deduza as Relações de Maxwell. 16) A partir de dU = TdS − PdV e utilizando uma das Relações de Maxwell deduza a equação ∂P ∂U −P. = T ∂T V ∂V T 17) Determine a relação entre T e V num processo adiabático reversível para um gás de equação de estado PV = nRT , CV = ncV , R e cV constantes. Que acontece à temperatura se o gás se expandir? E se se tratar de uma expansão adiabática livre? R: TV γ −1 = C te ; diminui; mantém-se constante. 18) Determine a relação entre T e P num processo adiabático reversível para um gás de equação de estado PV = nRT , CV = ncV , R e cV constantes. R: TP (1−γ ) γ = C te . 19) Suponha que um gás de van der Waals é utilizado numa máquina térmica que realiza um ciclo de Carnot. Partindo da equação térmica n2a P + 2 (V − nb ) = nRT , V admitindo que CV é constante e utilizando o formalismo termodinâmico, determine: a) as equações energética e entrópica características deste tipo de gás; b) a variação da energia interna, da entropia, o calor trocado e o trabalho realizado no processo isotérmico à temperatura T1 da fonte quente, variando o volume de V1 para V2; c) a variação da energia interna, da entropia, o calor trocado e o trabalho realizado no processo adiabático, quando a temperatura varia de T1 para T2 e o volume de V2 para V3; d) a variação da energia interna, da entropia, o calor trocado e o trabalho realizado no processo isotérmico à temperatura T2 da fonte fria, variando o volume de V3 para V4; e) a variação da energia interna, da entropia, o calor trocado e o trabalho realizado no processo adiabático, quando a temperatura varia de T2 para T1 e o volume de V4 para V1; f) o rendimento do ciclo, verificando que se trata, de facto, do rendimento esperado para uma máquina de Carnot. n2a n2a n2a R: a) U = U 0 + CV T − ; S = S 0 + CV ln T + nR ln (V − nb ) ; b) ∆U = − + ; V2 V1 V V − nb ; Q = T1∆S ; W = ∆U − Q ; c) Q = ∆S = 0 ; ∆S = nR ln 2 V − nb 1 1 1 V − nb n2a n2a ; W = ∆U = CV (T2 − T1 ) − n 2 a − ; d) ∆U = − + ; ∆S = nR ln 4 V4 V3 V3 V2 V3 − nb 1 1 Q = T2 ∆S ; W = ∆U − Q ; e) Q = ∆S = 0 ; W = ∆U = CV (T1 − T2 ) − n 2 a − V1 V4 20) Certo autor afirmou que um sólido obedece à equação de estado térmica V = V0 − aP + bT , onde V0, a e b são constantes, e que obedece à equação de estado energética U = cT − bPT , com c constante. Demonstre que esta afirmação está errada pois as duas equações não podem descrever a mesma substância. Departamento de Física da FCTUC Folha 4 - 4/6 Termodinâmica Ano Lectivo 2002/03 21) Utilizando o ciclo de Mayer representado na figura 6 (três isotérmicas a temperaturas que diferem infinitesimalmente, entre as quais tem lugar um ciclo com um processo isocórico, um processo isobárico e uma expansão livre), e o carácter de função de estado da entropia, determine a variação entrópica de cada processo e obtenha a Relação de Mayer generalizada. Figura 6 CV C C ∂P ∂V dTb ; dS bc = P (− dTa − dTb ) ; dS ca = V dTa + (dTa + dTb ) ; T T T ∂T V ∂T P TVα 2 C P − CV = κT R: dS ab = 22) Uma mole de um gás de equação de estado P(V − b ) = aT , onde a e b são constantes, e cuja capacidade térmica a volume constante é CV = cT 2 , com c constante, realiza o seguinte ciclo: partindo do estado inicial (V1, P1) ocorre um processo isocórico até ao valor superior de pressão P2; segue-se um processo de expansão adiabática reversível até ao volume V2; novo processo isocórico leva o sistema até uma pressão tal que um processo isotérmico o devolve, finalmente, ao estado inicial. a) Representar qualitativamente o ciclo em diagramas VP e ST. b) Obter a condição que deve ser satisfeita pela temperatura T3 no final do processo adiabático. c) Obter os trabalhos realizados e os calores trocados em cada um dos processos do ciclo. R: b) T3 = T22 + 2a V2 − b ln c V3 − b 23) Um gás de equação de estado P(V − nσ ) = nRT e capacidade térmica a volume constante CV = ncV , onde σ, R e cV são constantes, realiza o seguinte ciclo: a partir do estado inicial (T1, V1) sofre um processo de expansão isotérmica reversível até alcançar o volume V2; a seguir, e a volume constante, o gás arrefece até à temperatura T2 em contacto com uma só fonte de calor à temperatura T2; realiza depois um outro processo de compressão isotérmica reversível até alcançar o volume V1; finalmente, um processo isocórico em que o gás aquece até à temperatura T1 em contacto com uma só fonte a essa temperatura devolve o sistema ao seu estado inicial. a) Representar qualitativamente este ciclo nos diagramas VP e ST. b) Calcular o rendimento do ciclo. c) Calcular a variação da entropia do universo no ciclo. V − nσ nR(T1 − T2 )ln 2 V1 − nσ nc (T − T ) nc (T − T ) R: b) η = ; c) ∆SU = V 1 2 − V 1 2 T2 T1 V − nσ + ncV (T1 − T2 ) nRT1 ln 2 V1 − nσ Departamento de Física da FCTUC Folha 4 - 5/6 Termodinâmica Ano Lectivo 2002/03 24) Um pedaço de cobre de 5000 kg é aquecido, reversível e isobaricamente, de 800K até 1000K, à pressão constante de 107 Pa. O coeficiente de dilatação do cobre no domínio de temperaturas em causa é α = 31,5x10-6 K-1, o coeficiente de compressibilidade isotérmica é κT = 7,21x10-12 Pa-1 e a capacidade térmica mássica a volume constante é cV = 254 J.kg-1K-1. Consideram-se estes valores constantes ao longo do processo. A massa volúmica do cobre à temperatura e pressão iniciais é ρ = 8,930166x103 kg.m-3 e a 800K e 0Pa é ρ = 8,93000x103 kg.m-3. Calcular: a) As variações da energia interna e da entropia durante o aquecimento. b) A variação de volume do cobre, submetendo-o à mesma variação de temperatura mas comprimindo-o de forma reversível e adiabática. c) A variação de temperatura do cobre se, nas condições iniciais, a expansão pudesse ser considerada livre e adiabática. R: a) ∆U = 4.4 x1011 J ; ∆S = 4.9 x10 9 JK -1 ; b) –6.5x10-2 m3; c) Praticamente não varia. 25) Dois corpos incompressíveis e não dilatáveis, dotados de capacidades térmicas C iguais, encontram-se à temperatura T1 e T2, respectivamente. Considerando uma transferência reversível de calor de um corpo para o outro (através de ciclos de Carnot infinitesimais) até se atingir igualdade de temperaturas, mostrar que a temperatura final dos corpos é dada por T f = (T1T2 ) 1 2 e que o trabalho realizado pelo agente auxiliar é W = C (T1 + T2 ) − 2C (T1T2 ) 2 . O 1 sistema constituído pelos dois corpos e pela máquina térmica que realiza os ciclos de Carnot está isolado do exterior. 26) Duas garrafas contêm o mesmo gás de massa molecular M à temperatura T K. Os volumes das garrafas são V1 e V2 e as pressões a que se encontra o gás são P1 e P2, respectivamente. Supondo que o gás se comporta como um gás perfeito, se não se realizar trabalho exterior sobre o gás e se as garrafas estão termicamente isoladas, demonstre que, ao pôr em comunicação as m1 + m2 1 R m1 p 2 + m2 p1 , duas garrafas, a variação de entropia é dada por ∆S = ln M m1 + m2 p1m2 p 2m1 onde R é a constante dos gases perfeitos e m1 e m2 são as massas de gás contidas nas garrafas. 27) Um cilindro vedado em ambas as extremidades e dotado de paredes isoladoras é dividido por meio de um êmbolo em duas partes iguais cada uma das quais contendo 1 mole de um gás perfeito de capacidade térmica a volume constante CV = cV. Os volumes das duas partes do cilindro eram inicialmente iguais a V1 e V2 mas a temperatura tinha o mesmo valor T K em todo o volume. O êmbolo foi lentamente deslocado até à posição média. Tornou-se assim possível o estabelecimento do equilíbrio térmico através do êmbolo que era condutor. No entanto, a entropia total permanece constante visto que as paredes do cilindro são isoladoras. 2 Mostre que a temperatura final é dada por T f = T V2 + V1 V V2 1 Departamento de Física da FCTUC R CV . Folha 4 - 6/6