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AIDS- SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA
(texto de Marcelo Okuma)
1. Histórico e origem do vírus HIV
Há fortes indícios para se acreditar que o vírus da imunodeficiência humana
(HIV) tenha evoluído a partir de um vírus da imunodeficiência de símios (SIV-cpz)
que infecta os chimpanzés. Essa passagem para humanos teria ocorrido por volta
de 1930, quando caçadores de macacos, provavelmente, se contaminaram com o
vírus, ao retaliar presas abatidas para levar a carne aos mercados.
No organismo humano, o vírus passou por evolução, originando o HIV. A
disseminação da doença ocorreu na África centro-ocidental, entretanto, passou
despercebida por ser uma doença relativamente nova.
Em 1977 e 1978, são registrados os primeiros casos reconhecidos como
AIDS, doença que debilita o sistema imunológico do paciente.
No início de 1980 começam a ser notificados novos casos de AIDS. Nesse
período existia um estigma sobre a doença, pois parecia que a mesma estava
restrita a alguns grupos: homossexuais, usuários de drogas injetáveis (heroína) e
hemofílicos.
No Brasil, o primeiro caso de AIDS foi notificado no ano de 1982, em São
Paulo.
O vírus causador da AIDS só seria caracterizado no ano de 1984, pelo
médico francês Luc Montagner, do Instituto Pasteur.
Ao longo da década de 1980, a AIDS passaria a ser uma pandemia,
atingindo todos os continentes.
A AIDS já matou aproximadamente 25 milhões de pessoas entre 1980 a
2009.
Atualmente, cerca de 33,4 milhões de pessoas no mundo estão infectadas
pelo vírus HIV. Aproximadamente 70% dos casos estão localizados no continente
africano (22,5 milhões de infectados), a maioria dos casos localizados na África
subsaariana.
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Os países com maior número de casos são: África do Sul (5,7 milhões);
Moçambique (2,9 milhões); Nigéria (2,7 milhões); Zimbabue (1,5 milhões); Zãmbia
(870 mil); Botsuana (290 mil). No Zimbabue e em Botsuana um em cada quatro
adultos é portador do vírus HIV, essa epidemia trará redução drástica na
expectativa de vida, em Botsuana, pelo quadro da AIDS, a expectativa de vida
passará para 29 anos.
Mesmo com a redução do número de casos, e ampliação do acesso à
medicação antirretroviral, aproximadamente 2,7 milhões de pessoas são
infectadas pelo vírus HIV a cada ano, segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS). Isso representa 7400 infecções por hora.
No continente africano ocorrem 5.500 mortes associadas à AIDS por hora.
Mapa da prevalência da AIDS no mundo
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No Brasil, há o registro de 544.846 casos de AIDS. Com a seguinte
distribuição:
REGIÃO
NÚMERO DE CASOS
PORCENTAGEM
SUDESTE
323.069
59,0
SUL
104.671
19,0
NORDESTE
64.706
12,0
CENTRO-OESTE
31.011
6,0
NORTE
21.389
3,9
Dados referentes a 2009.
Entre 1980 a 2009 foram registradas 217.091 mortes decorrentes da AIDS.
No país, a cada ano, aproximadamente 35.000 pessoas são infectadas pelo
HIV.
Por se tratar de uma doença tão grave e de distribuição global, ter
conhecimentos sobre a AIDS torna-se fundamental para proteção de todos.
2. O Vírus HIV
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um retrovírus – apresenta duas
fitas de RNA como material genético- é envelopado, pois além do capsídeo
protéico apresenta um envelope lipídico; pertence à subfamília Lentiviridae que
possui como características comuns: grande período de incubação, destruição de
células de defesa (linfócitos e macrófagos) e imunossupressão.
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Esquema do vírus HIV
O vírus HIV infecta as células de defesa Linfócito T CD4+. O processo
começa com a interação da proteína do envelope viral com a proteína CD4
presente na membrana plasmática do linfócito CD4+; assim que isso ocorre o
envelope viral sofre fusão com a célula, o capsídeo é interiorizado e libera os
RNAs virais e as enzimas: transcriptase reversa (comanda a formação de DNA
viral), integrase (Integra o DNA viral ao DNA da célula hospedeira) e proteases
(moldam as proteínas que formarão o capsídeo viral) no citoplasma da célula
hospedeira.
Com todos os elementos virais no citoplasma, a enzima transcriptase
reversa passa a comandar a síntese de DNA viral, tomando como molde um RNA
viral, logo a seguir a enzima integrase leva o DNA viral para o núcleo celular e o
acopla ao DNA humano. A partir daí pode seguir um período de latência, mas num
determinado momento o DNA viral passa a ser ativo e começa a transcrever
cópias do RNA viral, nesse momento, começará também a produção de proteínas
associadas à formação dos capsídeos virais e das enzimas virais. Finalmente,
RNA viral e enzimas recém- sintetizadas são “embaladas” nos capsídeos, e os
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vírus formados deixarão o linfócito T CD 4, “arrastando” um envelope lipídico
derivado da célula hospedeira. Os novos vírus podem atacar outros linfócitos,
repetindo o ciclo de destruição.
•
Assista ao filme: http://www.youtube.com/watch?v=RO8MP3wMvq
(O filme mostra a multiplicação do vírus HIV no Linfócito T CD4+)
A medicação relacionada ao controle viral baseia-se na inibição das
enzimas virais, reduzindo, assim, a carga viral do paciente. O AZT inibe a ação da
transcripsase reversa impedindo a formação de DNA viral, dessa forma não será
formado RNA viral. Inibidores de integrase não deixam a enzima funcionar,
impedindo o acoplamento DNA viral ao DNA do hospedeiro. Finalmente, os
inibidores de protease não deixam as enzimas moldarem os capsídeos
necessários a proteção do material genético do vírus.
Fonte: wikimedia – imagem de uso comum.
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3. Contágio
A exposição a líquidos com alta carga viral (sêmen, sangue, secreção
vaginal e leite materno) pode ser potencialmente contaminante.
As formas de transmissão se subdividem em:
Transmissão horizontal: sexo (anal, vaginal, oral) desprotegido com
parceiro contaminado; compartir agulhas com sangue contaminado; contato com
objetos perfurantes com sangue contaminado; transfusão de sangue ou derivados
contaminados.
Transmissão vertical: a mãe soro-positiva infecta o filho durante a
gestação (via transplacentária), trabalho de parto ou amamentação. Uma gestante
que não faz tratamento com antirretrovirais tem 20% chance de transmitir o vírus
ao seu filho. Já a gestante que realiza todo o tratamento tem 1% de chance de
transmitir o vírus HIV ao bebê.
4. Evolução da doença
O primeiro estágio é a fase de infecção aguda, que vai do contágio até os
primeiros sintomas, que lembram viroses inespecíficas (gripe, mononucleose):
febre, faringite, dores pelo corpo, eritemas. Isso pode levar de três a seis
semanas.
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Fonte: Wikimedia – imagem de uso livre. Legenda traduzida.
O segundo estágio é a fase assintomática, na qual o paciente apresenta um
equilíbrio entre a carga viral e as células de defesa. Trata-se de um combate
controlado e com equilíbrio de forças.
O terceiro estágio é a fase sintomática inicial caracterizada pelo baixo
número de células de defesa 200 linfócitos T CD4+ por milímetro cúbico de
sangue ou menos; tal situação caracteriza-se por suscetibilidade às infecções,
perda de massa corpórea, sudorese noturna, linfedenopatia, diarréias intensas.
O quarto estágio é a AIDS. A debilidade do sistema imune expõe o corpo a
infecções oportunistas – tuberculose, pneumonia, toxoplasmose cerebral,
hepatites virais e tumores, por exemplo, o sarcoma de Kaposi.
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Fonte: wikimedia – imagem de uso livre. Legenda traduzida
Maiores detalhes acessem o site: : www.aids.gov.br
5. Prevenção
A prevenção para a transmissão horizontal do vírus HIV envolve:
1. Sexo seguro: uso de preservativos em todas as relações sexuais (95% de
eficiência);
2. Uso de seringas descartáveis;
3. Controle nos bancos de sangue;
4. Materiais perfurantes devem ser descartáveis ou necessitam ser esterilizados
de forma correta.
A prevenção para a transmissão vertical do vírus HIV envolve:
1. Diagnóstico pré-natal;
2. Medicação antirretroviral durante a gestação, trabalho de parto e para o recémnascido;
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3. Parto cesáreo;
4. Não amamentar a criança, substituir o leite materno pela fórmula infantil.
6. Medicação
A medicação envolve o uso associado de três remédios: dois inibidores de
transcriptase reversa análogos de nucleosídeos associados a um inibidor de
transcriptase reversa não-análoga a nucleosídeo, ou dois inibidores de
transcriptase reversa análogos de nucleosídeos e um inibidor de protease.
O controle com antirretrovirais é feito a partir do momento em que as
células de defesa (linfócitos CD4+) estão entre 200 a 350/ mm 3 valores
considerados baixos, o normal é apresentar de 800 a 1200/ mm3. Pode-se iniciar
o tratamento também quando o número de linfócitos CD4+ for inferior a 500/mm3,
desde que o paciente já apresente alguns sintomas da fase sintomática.
É muito importante o portador da AIDS seguir rigorosamente a posologia da
medicação para não selecionar linhagens virais resistentes ao medicamento.
7. Testes para a AIDS
O teste ELISA detecta anticorpos contra o vírus HIV no sangue do indivíduo
sinalizando o contato com o vírus HIV. Caso o resultado seja positivo é realizado
outro teste: o
western-blot que “procura” fragmentos virais na amostra de
sangue colhida; caso o segundo teste dê positivo é realizado um terceiro teste
ELISA padrão só para confirmação do paciente (protocolo).
Se o resultado for negativo é feito um aconselhamento sobre as formas de
prevenção em relação ao HIV, para pessoa não se expor a novas situações de
risco. Em alguns casos recomenda-se a repetição do teste.
Os exames são sigilosos e gratuitos, tais testes são realizados pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) e pelos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
É possível saber onde fazer o teste consultando o Disque Saúde: (0800 61
1997)
Recomenda-se fazer o exame pessoas que se expuseram às situações de
risco, por exemplo, fizeram sexo desprotegido. Aconselha-se realizar o teste um
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mês depois, situação na qual o resultado será mais confiável. Existe um período
chamado janela imunológica (4 a 12 semanas), na qual a produção de anticorpos
é baixa, e os testes padrões podem indicar um falso negativo.
Fontes consultadas:
 Disponível em: http://www.vivacazuza.org.br/sec_acoes.php?sec=26.
Acesso 26/09/2010.
 Disponível em: www.aids.gov.br Acesso 26/09/2010.
 Disponível em: http://www.webciencia.com/10_africa.htm. Acesso
26/09/2010.
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