POLÍTICAS EDUCACIONAIS E OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO: DISTÂNCIA ENTRE DISCENTE E O ENSINO SUPERIOR Raul Ribeiro Jungles de Lima 1 - PUCPR Rodrigo Pedroso da Silva2 - PUCPR Matheus Miranda Barboza3 - PUCPR José de Camargo Junior4 - PUCPR Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: CAPES Resumo Observando o atual cenário da educação brasileira, nota-se facilmente que existem problemas muito latentes em relação à estrutura e qualidade de ensino, como bem discutido no artigo “Os Desafios da Educação no Brasil” de Jângue Diniz. Porém, um fator citado com menor freqüência é a questão de que a grande maioria dos alunos demonstra uma falta preocupante de interesse em relação ao que o meio acadêmico pode lhes oferecer. Não só a falta de interesse, como falta de conhecimento sobre as oportunidades quais lhe são proveitosas neste meio. Um exemplo, é falta de compreensão, por parte do corpo discente, em relação às políticas afirmativas educacionais como Programas e Financiamentos, como o ProUNI e FIES, que facilitam enormemente aos mesmos o acesso ao Ensino Superior. Partindo disto, a proposta deste trabalho é expor o quanto esta problemática é presente e preocupante em escolas públicas de bairros carentes como a que foi tratada neste artigo, o Colégio Estadual Eurides Brandão e, junto a isto, apresentar uma proposta viável e prática para contornar está situação, ou seja, tornar o corpo discente consciente de seus direitos e oportunidades em meio acadêmico. Objetivo este, que será alcançado em dois momentos, primeiramente, para a parte teórica, será realizando um levantamento de conhecimentos sobre o assunto em pauta através de coleta de dados por meio de Questionários. Em seguida, após a constatação da problemática levantada, se dará a parte prática do projeto. Serão apresentadas, as principais políticas afirmativas educacionais que lhes são oferecidas, um mapeamento das principais instituições de nível superior e os cursos oferecidos por tais e também, um leve direcionamento profissional levando os alunos até a feira de cursos da PUC/PR. Após a 1 Graduando em Licenciatura em Química pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência/PUCPR (PIBID/PUCPR). [email protected]; 2 Bacharel e Licenciado em Química pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). PósGraduação em Tecnologia no Ensino da Química (EFICAZ). [email protected]; 3 Técnico em Biotecnologia pelo SENAI. Graduando em Licenciatura em Química pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Bolsista PIBID/PUCPR. [email protected]; 4 Graduando em Licenciatura em Química pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Bolsista do Programa Institucional Brasileiro de Bolsas de Iniciação à Docência. [email protected]. ISSN 2176-1396 21605 conclusão da parte prática será feita a comparação antes e depois da mesma, nota-se claramente a eficácia da metodologia. Palavras Chave: Políticas Educacionais. Educação. Cultura. Ensino Médio. Introdução Atualmente, são notados facilmente os problemas estruturais relacionados à educação pública brasileira. Como é apresentado no artigo de Janguê Diniz (2014), “Os Desafios da Educação no Brasil”, acionista majoritário do grupo “Ser Educacional”. Porém, além destes pontos, observa-se que existem outras dificuldades ainda mais internas e tanto quanto urgentes a serem trabalhadas. Como por exemplo, a falta de interesse e de conhecimento por conta do corpo discente em relação às atividades voltadas para uma carreira acadêmica. Notase claramente que a maioria projeta este modelo de vida como algo distante que, de maneira improvável, será alcançado. Dentre as justificativas para este tipo de visão encontram-se, de maneira geral, as dificuldades financeiras, atraso estudantil como reprovações, falta de apoio familiar e, mais especificamente, a falta de conhecimento de como dar continuidade a este modelo de vida após a conclusão do Ensino Médio. Resumidamente, a distância entre o discente do Ensino Médio Público e o Ensino Superior se encontra realmente grande e preocupante. Assimilando este cenário, nota-se que toda a divulgação de políticas para expandir o acesso ao ensino superior, tem sido não tão eficaz quanto se esperava, logo que, uma comunidade carente, que deveria ser o ponto principal deste tipo de política, não foi atingida. Logo, decidiu-se que a questão deva ser tratada com mais pontualidade, objetividade e singularidade. Ou seja, defende-se que deva ser aproximado do alunado esta divulgação, por um meio ao qual o mesmo está em constante contato, a Instituição de Ensino ou, mais especificamente, o professor. Após a análise do primeiro levantamento de dados, que será discutida a seguir, tornouse claro a urgência de tratar sobre este tipo de assunto com o alunado do ensino médio. O desconhecimento pela maioria de programas básicos como ProUNI, Pronatec e SISU, torna evidente o quanto é preocupante o nível desta problemática. Em suma, este projeto objetiva expor que esta problemática de que os alunos possuem um grande “analfabetismo político-educacional” é realmente preocupante e não tem recebido a atenção qual deveria receber pelos olhos do planejamento pedagógico. Ainda mais em anos finais do Ensino Médio e com todas as facilitações que hoje lhes são apresentadas. E, em uma 21606 segunda parte, apresentar uma metodologia prática em sua aplicação que viabilize contornar este problema. Logo, uma metodologia realmente eficaz que torne o aluno dos anos finais do ensino médio alfabetizado em relação às políticas educacionais e, ao mesmo tempo, estimular o interesse por uma carreira acadêmica. É importante denotar que o trabalho foi desenvolvido com apoio da CAPES e na esfera do Programa PIBID por alunos recém ingressados ao ensino superior, isto significa que ainda são lembradas quais eram as grandes dúvidas quando no Ensino Médio em relação a uma vida acadêmica. Isso agrega ao trabalho uma grande carga de confiabilidade e entendimento ainda mais singular em relação à forma de se expressar do alunado estudado. Logo que, observado esta questão, as participações apresentadas neste artigo foram selecionadas buscando respeitar este padrão ao máximo. Isto é, palestrantes também recém ingressados ao ensino superior que se identificassem com o corpo discente e que o inverso também ocorresse. Referencial Teórico De acordo com os documentos oficiais que regem o desenvolvimento da educação em nível nacional, a contextualização dos saberes técnico-científicos ministrados em aula é ferramenta essencial para o magistério de qualquer docente, sendo amplamente citada inclusive no desenvolvimento do material didático para o Ensino Médio, como é o caso do PNLD de Química 2015. “Como é sabido pelos profissionais da educação, os documentos curriculares oficiais para o Ensino Médio apontam esse princípio como um dos eixos didático-metodológicos há, pelo menos, uma década no Brasil.” (PNLD Química, 2015, p.10). Porém, na maioria das vezes é deixada de lado outra vertente que deve ser tão contextualizada como os saberes técnicos ministrados em aula. Como o artigo 22 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) nº 9394/96, explica bem que “o propósito da Educação Básica no Brasil é de garantir ao educando uma formação comum, voltada ao exercício da cidadania, provendo meios para o educando desenvolver-se no trabalho e em estudos posteriores”. Isto é, além de contextualizar os saberes científicos, deve-se contextualizar, também, até onde o discente pode ir com estes saberes. Ou seja, apresentar a ideia de um estudo contínuo e que o Ensino Médio é apenas o início e junto a isso torná-lo ciente de seus direitos e de como dar continuidade após esta etapa. Realmente, a contextualização do “Por que estudar?” se faz necessária logo que “os significados das ideias só se encontram no plano das consequências” (JAMES, 1974). 21607 Portanto, deduzimos que, para o desenvolvimento completo do corpo discente as afirmações apresentadas pelo docente devem corresponder a um conteúdo material que, em seu contexto, possua sua aplicabilidade que lhe gerem consequências. Consequências estas, que podem representar a perda ou o ganho também material. Mais especificamente e na maioria das vezes, financeiramente. Para KUPFER (1992, p. 79), “[...] o processo de aprendizagem depende da razão que motiva a busca de conhecimento.” Na maioria das vezes quando algum assunto técnico é contextualizado, são apresentadas representações práticas, muitas vezes, isoladas, porém, que levam a compreensão real do tema. O que, às vezes, deixa de ser observado é que as relações sociais e o contexto cultural qual o indivíduo está inserido influência essencialmente em sua capacidade de assimilação. Logo, “as funções psicológicas especificamente humanas se originam nas relações do indivíduo e seu contexto cultural e social.” (REGO, 1995, p.41). Portanto, se vivemos em uma sociedade que adotou como sistema econômico o capitalismo e que possui uma cultura fortemente monetária, por vezes se faz necessário explicar a realidade e o contexto de sociedade qual o aluno está inserido. Ou seja, ministrar o conteúdo contextualizando o mesmo sempre em duas vertentes diferentes: a vertente técnica e a vertente social aplicada do conhecimento como um todo. Atribuindo, assim, a instituição de ensino o papel de “formar o cidadão, construir conhecimentos, atitudes e valores que tornem o estudante solidário, crítico, ético e participativo” (FREIRE, 1996). Para o desenvolvimento completo do estudante, tornando-o cidadão consciente de seus direitos e deveres, todas as modalidades de linguagens devem ser trabalhadas em sala de aula, a linguagem técnica, a linguagem social e política. Deve-se ser contornada a problemática da rotina por parte do corpo docente no exercício do magistério, para ser evitado que “[...] a escola silencie o mundo das experiências vividas ao ensinar a ler apenas as palavras da escola e não as palavras do mundo” (ZANON e PALHARINI, 1995, p.2). Junto a isto, a questão do incentivo ao estudo autônomo para com o aluno nunca deve ser deixada de ser trabalhada para que os mesmos “não se tornem ecos das receitas ensinadas e aprendidas. Que se tornem incapazes de dizer o diferente (RUBEM ALVES,1994)”. Ainda em relação à autonomia, o projeto apresenta uma proposta extremamente dinâmica e diferenciada, que foge aos parâmetros rígidos e autoritários do magistério do século passado, como afirma Piaget (1977) “É preciso ensinar os alunos a pensar e é impossível aprender a pensar num regime autoritário. Pensar é procurar por si próprio, é criticar livremente e é demonstrar de forma autônoma. O pensamento supõe então, o jogo livre das funções intelectuais e não o trabalho 21608 sob pressão e a repetição verbal”. Também se sabe que “[...] crianças encorajadas a pensar ativa, crítica e autonomamente aprendem mais do que as que são levadas a obter apenas competências mínimas” (KAMII, 1990, p. 120). Esta modalidade de iniciativa encontra amparo nos artigos 12 e 13 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para a organização da educação nacional que dizem o seguinte em relação aos deveres da instituição de ensino e docentes: “Art. 12: elaborar proposta pedagógica; velar pela frequência dos alunos; ofertar condições para alunos de menor rendimento; administrar o seu pessoal; criar vínculos comunidade-escola; garantir os dias letivos.” “Art. 13: participar da elaboração da proposta pedagógica, inclusive nos períodos de planejamento; zelar pela frequência e aprendizagem dos alunos; ministrar os dias letivos previstos; elaborar estratégias para alunos de menor rendimento”. Como afirma Piaget (1977): “educação do pensamento, da razão e da própria lógica, é necessário e é condição primeira da educação da liberdade. Não é suficiente preencher a memória de conhecimentos úteis para se fazer homens livres: é preciso formar inteligências ativas”. Assimilado isto, este projeto tem o objetivo de não só contextualizar os ensinamentos científicos ministrados em aula, mas também, a contextualização do “Por que estudar?”. Afinal, “Por que não estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos?” (FREIRE, 1996, p.34). Tem a meta de mostrar, também, que o ensino hoje deve se dar de forma mais dinâmica, abrangente e singular de acordo com Piaget (1977) “A educação, quando autoritária, reforça a heteronomia da criança e dificulta a formação de pessoas livres, pois é livre o indivíduo que sabe julgar, e cujo espírito crítico, sentido da experiência e necessidade de coerência lógica se colocam ao serviço de uma razão autônoma, comum a todos os indivíduos e que não depende de nenhuma autoridade externa”. Tem o objetivo de aproximar o aluno do Ensino Médio da Universidade. Como foi bem discutido no segundo ciclo de palestras “Universidade do Futuro: autonomia” com o tema “A crise no Ensino Médio”. Metodologia A aplicação do projeto utilizou como base 41 alunos de 2º ano (duas turmas) do Ensino Médio do Colégio Estadual Eurídes Brandão, a primeira sala (2ºA) com 20 alunos e a segunda (2ºB) com 21, durante um período de quatro meses em seis encontros diretos que se deram em, aproximadamente, um mês. Primeiramente, o trabalho foi subdivido em grandes 21609 etapas, são elas: mapeamento, planejamento, levantamento de dados, aplicação prática e finalização. O período de mapeamento está relacionado com a análise das turmas e alunos. Neste momento, deve-se traçar um perfil para a turma que foi escolhida para se trabalhar. O que irá ditar o ritmo e modalidade das explanações e dinâmicas. Recomenda-se que ainda anteriormente a esta etapa, outra fase deve ser igualmente pensada, que é o período de adaptação e conhecimento da estrutura do colégio onde o trabalho será desenvolvido. Em relação a este momento, alguns detalhes mostraram resultados interessantes, como por exemplo, o não uso do jaleco quando em contato com os alunos. Segundo relatos informais dos mesmos, os bolsistas trabalhando no projeto eram vistos como mais próximos e com maior carinho. Isto é, a construção de uma identidade com o corpo discente antes da aplicação e até da apresentação do projeto e da proposta de trabalho, mostrou grande eficácia. Para a escolha das turmas, defende-se que esta modalidade de proposta deveria ter aplicação contínua durante toda a vida acadêmica de nível médio do aluno, porém, como essa sugestão é inviável no momento, recomenda-se que turmas mais próximas a concluírem o ensino médio sejam trabalhadas. Porém, as turmas do terceiro ano não são a melhor opção, pela questão de já possuírem preocupações em relação ao vestibular e a estudos especificamente técnicos. Turmas do primeiro ano, para uma aplicação rápida e de teste, são consideradas ainda imaturas para tal trabalho. Acredita-se que a turma que assimilariam com maior proveito este projeto seriam as turmas do 2º ano do Ensino Médio. Para definir um perfil para as duas turmas escolhidas, foram utilizados somente recursos empíricos de análise. Para a primeira classe, o 2ºA, uma sala relativamente menor em número de alunos, foi designado um perfil com caracterização mais calma e de ritmo de assimilação mais acelerado que a média. Contudo, à turma do 2ºB, classe relativamente menor em número de alunos, porém mais agitada e com ritmo de assimilação moderado. Após a finalização da etapa de mapeamento, tem-se início a fase do planejamento. Neste momento, a turma a ser trabalhada já foi escolhida e o seu perfil já foi traçado, a adaptação e a criação da identidade com o corpo discente já foi estabelecida e a estrutura da instituição de ensino já foi avaliada. Agora serão estudadas as possibilidades de ritmo qual o projeto poderá seguir que deverá estar de acordo com o perfil da turma. Para as duas classes selecionadas aqui, o ritmo das dinâmicas foi apresentado da mesma forma, o que alterou razoavelmente de uma para outra foi o ritmo de explanação das aulas expositivas. Para a sala do 2ºA, a parte expositiva se deu de forma mais participativa e organizada. Com a turma do 21610 2ºB, a aula foi relativamente mais rígida, mas, ainda assim, participativa e descontraída. Ainda neste momento, devem ser estudados que modalidade de questionário será aplicada às classes, objetivo ou subjetivo. Neste projeto, as duas turmas responderam a questionários subjetivos. Para o início da aplicação prática direta, inicialmente, foi apresentado aos alunos o que é o projeto PIBID e o que ele representa tanto para alunos do ensino médio quanto para alunos universitários. Em seguida, o questionário elaborado na fase de planejamento, foi aplicado para iniciar-se a coleta de dados. O questionário contém quatro (04) questões subjetivas sobre o que os alunos esperavam de uma Universidade/Faculdade, quais cursos ambicionavam para sua formação, como pretendiam ingressar ao ensino superior e o que esperavam de seus futuros como profissionais. Este mesmo questionário será aplicado após a finalização da fração prática do projeto, para serem analisados e comparados. Especificamente, as questões que compunham o questionário eram: “Você pretende ingressar em alguma Universidade/Faculdade? Se sim, qual? Que curso você pretende fazer?” “Como você pretende ingressar ao curso na Universidade/Faculdade escolhida?” “O que você espera do curso que você escolheu na questão um? Por que você o escolheu? O que você espera da sua carreira como estudante do nível superior?” e “Como você se imagina profissionalmente para daqui quatro anos?” Após a aplicação do primeiro questionário, os alunos receberam uma aula expositiva que abrangia temas como os processos seletivos para ingressar ao Ensino Superior, quais eram as principais políticas afirmativas que facilitavam o acesso dos mesmos até este nível de ensino (Bolsas e Financiamentos), um mapeamento em relação às principais Universidades/Faculdades da região de Curitiba, quais cursos estas universidades forneciam, como conhecê-los e por fim, uma explicação do que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) representava para a vida acadêmica de todos. Em um segundo momento, foram convidados graduandos das três grandes áreas de estudo: Exatas, Humanas (Saúde) e Artes, a palestrar sobre seus respectivos cursos, abordando, principalmente, os seguintes questionamentos: “Como ingressar a um curso de nível superior desta modalidade” “O que esperar de um curso voltado para esta área”, “Quais eram as dificuldades em relação ao estudos deste tema” “Maneiras de ingressar a um curso de nível superior particular com apoio de políticas educacionais” “Quais porta eram abertas quando em meio acadêmico” 5 5 Para a área de Exatas, o Graduando do 4º Período do Curso de Licenciatura em Química da PUCPR Pablo Henrique Nazario de Paiva foi convidado a palestrar; Para a área de Humanas a graduando Milene de Araujo do 21611 Ainda em relação a aplicação prática, um teste psico-pedagógico intitulado “HoneyAlonso de Estilos de Aprendizagem” elaborado por Catalina M. Alonso, Domingo J Gallego e Peter Honey, foi aplicado. Teste este, que possui como objetivo principal diagnosticar o perfil desse alunado em específico, revelando suas principais aptidões através de um questionário. A eficácia do teste já havia sido constatada anteriormente em outras pesquisas que serviram de apoio e inspiração para o desenvolvimento deste trabalho. Após a aplicação do questionário às duas turmas, foi projetada uma visita técnica à feira de profissões da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Neste momento, o direcionamento profissional do aluno está sendo desenvolvido, então, é interessante que o acompanhamento seja feito de forma sutil, deixando o mesmo se descobrir e desvendar o que ele mesmo está pronto para assumir. Isto é, interferências algumas vezes, por mais que possuam as melhores intenções, podem levar a confusões e desvios realmente desinteressantes. Logo, as orientações devem ser subjetivas e instigantes, tornando assim, o alunado responsável pela sua própria conscientização. Iniciando a etapa de finalização, novamente será aplicado o questionário utilizado na etapa de levantamento de dados para fins comparativos. E junto a isso, será apresentado novamente qual seria o objetivo principal do trabalho aos alunos, levando-os a reflexões sobre o antes e o depois das aplicações práticas e expondo qual é realmente o objetivo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES). Assim, a aplicação do trabalho estará concluída. Resultados e Discussões Para a análise dos questionários, foram utilizados os seguintes padrões: Quantos alunos pretendem ingressar ao ensino superior; Quantos alunos citaram algum tipo de bolsa sem citar nomes e propriedades, ou seja, que pretendem utilizar uma modalidade de política afirmativa, porém, que não demonstram conhecimentos em relações as mesmas; Quantos alunos apresentam uma projeção profissional séria e fundamentada; Quantos citaram uma Instituição de Ensino Superior quais pretendem ingressar ao final do ensino médio; Quantos citaram o ENEM como uma forma de se atingir o estudo de ensino superior; Quantos citaram bolsas ou financiamentos e mostraram conhecer estas formas de políticas e quais suas finalidades. Todos os padrões de análise foram os mesmos tanto para o primeiro quanto para o segundo questionário de levantamento de dados. Faz-se necessário estabelecer quais foram os 2º Período de Radiologia da UTP. Para área de artes, a Graduando em Licenciatura em Música (PUCPR) do 2º Período Viviane Oliveira da Costa. 21612 parâmetros para determinar o que definiria uma projeção profissional séria e fundamentada. Para este padrão de análise, não são consideradas apenas projeções acadêmicas. Qualquer planejamento que envolva uma perspectiva concreta e profissional foi aceito como satisfatório. A aplicação do questionário inicial permitiu-nos perceber que, embora um grande número de alunos deseje cursar o Ensino Superior (95%), a grande maioria destes não possui ideia de qual curso teria como opção ou então quais instituições existem próximas que forneçam o curso desejado. Mesmo o percentual que tem sua escolha definida, não conhece as instituições que ofertam o determinado curso e a maioria esmagadora, não conhecem as vias de ingresso ao Ensino Superior, hoje tão facilitada. Alunos que citaram alguma bolsa de estudos, mesmo sem citar nome, possuindo intenção de utilizar este recurso para manter-se no ensino superior, compreendem a 68%. Nenhum aluno citou alguma bolsa ou financiamento por nome, desconhecendo o PROUNI, SISU, FIES e suas finalidades. Somente 10% citaram o ENEM como forma de chegar até a Universidade. O gráfico 1 expõe qual era o cenário das duas turmas, em comparativo, antes da aplicação do trabalho, onde o eixo das ordenadas indica o número de alunos e o eixo das abscissas os parâmetros analisados. Gráfico 1- Comparativo de dados entre as duas turmas com a aplicação do primeiro questionário. Faz-se interessante ressaltar que o número de alunos para a aplicação do segundo questionário foi reduzido em decorrência de faltas no dia. Logo, o número de alunos para a turma do 2ºA passou de 20 para 18, enquanto turma do 2ºB reduziu o número de 21 para 15 21613 alunos na data da segunda aplicação. Analisando os dados em porcentagem, de 95% que gostariam de ingressar ao ensino superior, agora 100% possuem essa perspectiva, tanto para a classe do 2ºA quanto para a do 2ºB. Para a turma do 2ºA, somente 10% citaram o ENEM como uma ferramenta para se chegar até o ensino superior, após a aplicação do projeto este número ascendeu para 44%. Em relação às citações de bolsas por nome e conhecimentos de suas finalidades, o número subiu para 22% da turma, valor este que anteriormente a aplicação do trabalho era nulo. Um dado importante para se ressaltar é em relação ao conhecimento de Universidades/Faculdades que partiu de 25% para 72%. Em relação a citações de bolsas ou financiamento sem a citação do nome ou finalidades, o valor diminui obviamente pelo acréscimo de discente que tomaram conhecimento destas tais políticas. Em relação à turma do 2ºB, os valores se mostraram ainda melhores. O número de alunos que citaram o ENEM como a ferramenta para acesso ao Ensino Superior, saltou de 23% para 86%. Em relação à projeção profissional de 33% para 80%. Alunos que definiram alguma Universidade/Faculdade passou de 14% para 33%. Os restantes dos fatores também demonstraram grandes avanços. O gráfico 2 mostra os resultados obtidos após a aplicação do projeto. Gráfico 2 – Comparativo de resultados obtidos entre as duas turmas com o segundo questionário. Analisando-se os gráficos, nota-se facilmente a eficácia do projeto. Após esclarecimentos e incentivos por profissionais de diferentes áreas e visitas técnicas, o número 21614 de alunos que pretendiam ingressar ao ensino superior, que já era alto, aumentou. Assim como os alunos que antes não souberam citar nomes de instituições e alunos que desconheciam a existência de bolsas. Revelando que uma conscientização das vontades, meios, vias e etapas foram criadas com êxito. Considerações Finais Tendo em vista os resultados que o programa proporcionou, torna-se evidente a necessidade de uma aplicação constante desta modalidade de projeto. Defende-se que além dos conteúdos técnicos, deve ser exposto também, até onde o alunado pode chegar com tais conteúdos. Além disso, o desenvolvimento dos estudos demonstrou o quanto é latente e profunda a problemática aqui levantada, requerendo maior atenção do que a desprendida no momento. Em especifico, o projeto permitiu-nos perceber o quanto os detalhes e um planejamento fixado na singularidade do corpo discente fazem a diferença. Isso nos encaminha a outra problemática relacionada à prática do magistério que é a generalização e padronização da sala de aula. De forma alguma, deve-se tratar o desenvolvimento cognitivo de uma sala heterogenia de maneira generalizada, pois, assim, exclusões seriam feitas e grupos seriam marginalizados. Logo, esta proposta, além de se mostrar eficaz em relação à problemática principal, nos apresenta como desenvolver metodologias que não nos permitam praticar, mesmo que subjetivamente, qualquer forma de generalização, padronização ou qualquer outra coisa do gênero, com a apresentação de propostas como a aplicação dos questionários psico-pedagógicos e determinação de perfis antes do início prático do programa. Outro ponto importante a se tratar, é em a relação à criação da identidade ProfessorAluno que se mostrou de grande eficácia para o desenvolvimento do trabalho. Uma vez determinada e estabelecida para a aproximação entre os dois, ambos se tornam mais receptivos para qualquer demonstração de interesse. Isto é, quanto mais próxima a interação Professor-Aluno, mais facilitada se torna a compreensão da realidade de cada parte. Os professores compreenderiam melhor o seu corpo discente, sua realidade e objetivos e em contra partida, o alunado compreenderia com mais clareza quais são os objetivos de qualquer proposta apresenta pelo docente. Atribuindo, assim, assimilação máxima pela tal proposta por parte do corpo discente. Em síntese, o programa mostrou eficácia em todos os pontos qual pretendia trabalhar. Em relação à conscientização do corpo discente para com as políticas educacionais de acesso 21615 ao ensino superior, os dados contidos nos gráficos 1 e 2 mostram como este objetivo foi alcançado. Os resultados almejados também foram atingidos em respeito à elaboração de uma dinâmica para a aplicação da proposta junto ao incentivo à autonomia para com os alunos. Contudo, ainda considera-se importante ressaltar que a proposta deste trabalho foi de aplicação rápida e com o intuito de mostrar que a necessidade de tornar este tipo de prática uma rotina em todas as instituições de ensino de nível médio é urgente, pois o cenário explanado neste documento no que se diz respeito à conscientização dos alunos para com as políticas citadas é realmente preocupante. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, de 20 de Dezembro de 1996, Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 1996. Disponível em: <http://www.mec.gov/br/legisl/pdf/LDB.pdf>. Acesso em: 12 de maio 2014. GRUPO SER EDUCACIONAL; Os desafios da educação no Brasil. 2012. Disponível em: <http://www.mauriciodenassau.edu.br/artigo/exibir/aid/721/cid/1/fid/1> Acessado em: 02 jun. 2014 ADUFRGS SINDICAL. Universidade Do Futuro II – Integração entre Universidade e Escola é Fundamental Para Superar a Crise do Ensino Médio. Disponível em: <http://www.adufrgs.org.br/noticias/universidade-do-futuro-ii-integracao-entre-universidadee-escola-e-fundamental-para-superar-a-crise-no-ensino-medio/>Acessado em: 05 jul. 2014 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ALVES, Rubem. A alegria de Ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994. KAMII, Constance. A Criança e o Número. Campinas: Papirus, 1990. PIAGET, Jean. O Julgamento Moral na Criança. São Paulo: Mestre Jou, 1977. JAMES, W. Pragmatismo – Textos Selecionados. SP: Abril Cultural, 1974. Col Os Pensadores, vol 40. 1974. REGO, Teresa Cristina Rego. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis-RJ. Vozes, 1995. ZANON, L. B.; PALHARINI, E. M. A Química no Ensino Fundamental. Química Nova na Escola, v. 2 (Nov), p. 15-18, 1995. KUPFER, M. C. M. Contribuições da Psicanálise aos estudos sobre família e Educação. Psicologia USP, São Paulo, SP, v. 3 n.1/, 1992.