CONCENTRAÇÃO MÍNIMA INIBITÓRIA DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA OBTIDAS POR UMA NOVA SÍNTESE MINIMUM INHIBITORY CONCENTRATION OF SILVER NANOPARTICLES OBTAINED BY A NEW SYNTHESIS Emiliane Andrade Araújo1; Patrícia Campos Bernardes2; Nélio José de Andrade3; José Felício Queiroz Fialho Júnior4; João Paulo Natalino de Sá2; 1 Professora Adjunta – Universidade Federal de Viçosa (UFV)/ campus Rio Paranaíba Estudantes de pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos/ UFV 3 Professor Titular – Universidade Federal de Viçosa 4 Estudante de graduação em Engenharia de Alimentos/ UFV 2 Palavras-chave: nanopartículas, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Listeria innocua, Bacillus cereus, antimicrobiano Introdução O uso de nanopartículas de prata como agente antibacteriano é relativamente novo e sua atividade pode ser aplicada na medicina para reduzir infecções, bem como prevenir colonização bacteriana em superfícies de prótese, cateteres, materiais odontológicos e na indústria de alimentos em superfícies de aço inoxidável (GUZMÁN et al., 2009). As nanopartículas de prata apresentam propriedades antimicrobianas eficientes, em virtude de sua grande área superficial que proporciona melhor contato com as bactérias. As nanopartículas conseguem aderir à membrana celular e penetrar na célula. A membrana bacteriana contém proteínas compostas de enxofre, e as nanopartículas assim como os íons de prata, interagem com estas proteínas nas células bem como com os compostos contendo fósforo como o DNA levando à inativação celular (MORONES et al., 2005). Diante deste contexto, este trabalho objetivou determinar a concentração mínima inibitória das nanopartículas de prata sobre as bactérias: Escherichia coli ATCC 11229, Staphylococcus aureus ATCC 6538, Bacillus cereus Ribo 1 222-173-S4 e Listeria innocua 33090. Material e Métodos As nanopartículas de prata foram preparadas de acordo com a metodologia proposta por Fernandes (2010) a partir de uma solução aquosa contendo concentração de duas vezes (0,0312 M) a concentração micelar crítica (CMC) do surfactante dodeciltrimetilamônio (Dotab) (Sigma, São Paulo, Brasil), cuja CMC é 0,0156 M e sulfadiazina de prata (SAg) na concentração de (0,028 M) (Sigma, São Paulo, Brasil). A determinação da concentração mínima inibitória das nanopartículas foi realizada utilizando-se o método de macrodiluição em caldo de acordo com a norma dos testes de sensibilidade a agentes antimicrobianos por diluição (NCCLS, 2003a). Foram utilizadas culturas de E. coli (ATCC 11229), S. aureus (ATCC 6538), Bacillus cereus Ribo 1 222-173-S4L e L. innocua (ATCC 33090), por serem microrganismos de interesse na área de alimentos. As concentrações de nanopartículas de prata avaliadas foram: 6 mg/L; 3 mg/L; 1,5 mg/L; 0,75 mg/L; 0,375 mg/L; 0,1875 mg/L; 0.09375 mg/L; 0,04687 mg/L; 0,02343 mg/L e 0,0117 mg/L. Resultados e Discussão As nanopartículas de prata apresentaram efeito antimicrobiano sobre as bactérias avaliadas, sendo a concentração mínima inibitória de 1,5 mg/L para E. coli e B. cereus; 0,0375 mg/L para S. aureus e 0,75 mg/L para L. innocua, sendo portanto a bactéria S.aureus a mais sensível ao efeito das nanopartículas sintetizadas. Martínez-Castañón et al. (2008) determinaram a CMI de nanopartículas de prata sintetizadas contra E. coli e S. aureus e observaram que a CMI das amostras analisadas foi menor para E. coli (6,25 µg/mL), o que segundo os autores pode ser explicado com base na diferença entre a parede celular de Gram-positivo e Gram-negativo, tendo bactérias Gram-positivas parede celular mais espessa. Neste trabalho, não se verificou tendência de inibição em função da classificação bacteriana em Gram-positiva e Gram-negativa. É importante também enfatizar que em virtude do menor tamanho, as nanopartículas podem alcançar facilmente o conteúdo nuclear da bactéria e por apresentarem maior área superficial, proporcionam maior contato com a bactéria. As diferenças entre os resultados podem ser devida às estirpes estudadas, uma vez que na literatura observam-se experimentos realizados com estirpes provenientes de coleções diferentes. Conclusões Nanotecnologia representa uma tecnologia emergente com impacto favorável para a indústria de alimentos. As nanopartículas de prata obtidas por uma nova síntese apresentam potencial para serem aplicadas na sanitização de superfícies de processamento de alimentos ou para serem incorporadas em embalagens a fim de reduzir a contaminação microbiana superficial dos alimentos e aumentar a inocuidade dos mesmos. Referências Bibliográficas FERNANDES, P. E. Novo método de síntese de nanopartículas de prata e avaliação de seu efeito antimicrobiano. 2010. 60 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, 2010. GUZMÁN, M. G.; DILLE, J.; GODET, S. Synthesis of silver nanoparticles by chemical reduction method and their antibacterial activity. International Journal of Chemical and Biomolecular Engineering, v. 2, n. 3, p. 104 -111, 2009. MARTÍNEZ-CASTÑÓN, G. A.; NIÑO-MARTÍNEZ, N.; MARTÍNEZ-GUTIERREZ, F.; MARTÍNEZ-MENDOZA, J. R.; RUIZ, FACUNDO. Synthesis and antibacterial activity of silver nanoparticles with different sizes. Journal of Nanoparticle Research, v.10, p. 1343-1348, 2008. MORONES, J. R.; ELECHIGUERRA, J. L.; CAMACHO, A.; HOLT, K.; KOURI, J. B.; RAMÍREZ, J. T.; YACAMAN, M. J. The bactericidal effect of silver nanoparticles. Nanotechnology, v.16, p. 2346-2353, 2005. NCCLS. Methods for dilution antimicrobial susceptibility tests for bacteria that grow aerobically. Norma aprovada - Sexta Edição. M7-A6, v. 23, n. 2, 2003a. Autor a ser contactado: Emiliane Andrade Araújo - Universidade Federal de Viçosa/ BR 354, Km 310 Campus Universitário/ Rio Paranaíba - MG Email: [email protected]