CENTRO UNIVERSITÁRIO MONTE SERRAT CLEBERSON CARLOS FERREIRA DA SILVA MARCELO MARTINATTI SAMARA CAZZOLI Y GOYA PAREDÃO SALITROSO DO PARQUE DAS MONÇÕES, PORTO FELIZ – SP A origem de um patrimônio geológico inigualável Texto elaborado em linguagem popular com intuito informativo e de suporte a municipalidade de Porto Feliz, no sentido de conscientização dos visitantes do Parque para necessidade de sua preservação. Santos 2016 O Parque das Monções, em Porto Feliz – SP, abriga uma história que começa muito antes das expedições monçoeiras dos séculos XVII e XVIII; na verdade começa muito antes do surgimento do próprio homem e até mesmo dos dinossauros. O chamado Paredão Salitroso preserva um registro de milhões de anos atrás, quando o clima e a geografia da região eram bem diferentes do que conhecemos hoje. Dizer com precisão quando essa história começou ainda é um desafio para a ciência, mas tudo indica que foi entre 315 e 295 milhões de anos atrás, em um pelos período chamado geólogos de Permocarbonífero. Naquela época os continentes e sua posição muito geográfica diferentes eram do que conhecemos hoje, como pode sede ser visto na Figura 1. A região de Porto Feliz se encontrava debaixo do mar e a temperatura chegava Figura 1: Representação da forma provável dos continentes no Permocarbonífero. As áreas em branco ao sul indicam a extensão das geleiras. Fonte: Northern Arizona University <http://www2.nau.edu/rcb7/300moll.jpg>. abaixo de 0º C, fazendo com que grandes geleiras se formassem. Se fosse possível fazer uma foto da região naquela época, esse local seria bem parecido com a imagem mostrada na Figura 2. Nesse tipo de ambiente, a ação da água do mar e também de degelo dos glaciares, carregava uma enorme quantidade de fragmentos de rochas, com tamanhos muito variados, denominados como sedimentos. Nesse processo ao longo de milhares de anos, esses sedimentos se depositavam no fundo do mar, onde Figura 2: Imagem aérea ilustrando como seria a região de Porto Feliz durante a formação das rochas do Paredão Salitroso. Fonte: The Atlantic <https://www.theatlantic.com>. iam se acumulando próximo ao continente, até o ponto em que o depósito se tornava instável e desmoronava. Com isso, geraram novos depósitos de sedimentos, conhecidos na geologia como turbiditos. São essas as rochas que formam o Paredão Salitroso do Parque das Monções. Milhões de anos depois o clima se tornou mais ameno, o mar recuou e os continentes adquiriram uma nova forma e configuração. Há aproximadamente 15 milhões de anos atrás, nascia o Rio Tietê, sendo ele o responsável por expor o Paredão Salitroso por meio da erosão. Esses processos erosivos causados pela ação do rio também formaram os grandes buracos, chamados de marmitas, que são vistos na rocha do paredão (Figura 3); não as araras, como se acreditava antigamente. Figura 3: Esturturas e ocorrência de marmitas, visualizadas no afloramento do Parque das Monções, Porto Feliz – SP. Fonte: acervo pessoal dos autores. Assim, o que vemos exposto no Paredão Salitroso do Parque das Monções é um registro único no mundo, formado durante centenas de milhões de anos. Um verdadeiro patrimônio geológico com rochas e estruturas de grande valor científico. Por esse motivo, sua preservação é muito importante, pois uma vez perdido ele jamais poderá ser recuperado. Contribua, portanto, com sua preservação, evitando pichações, vandalismo ou quaisquer outras ações que causem o desgaste dessas rochas. Pesquisa e contribuição do Curso de Geologia UNIMONTE – Centro Universitário Monte Serrat Santos – SP