1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA BRUNO COSSO FERNANDES EDIFÍCIOS INTELIGENTES Rio de Janeiro 2015 2 BRUNO COSSO FERNANDES EDIFÍCIOS INTELIGENTES Trabalho de Conclusão apresentado ao CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana. Rio de Janeiro 2015 3 Ficha Catalográfica Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica. Curso de Especialização em Engenharia Urbana Edifícios Inteligentes. Cidade do Rio de Janeiro por Bruno Cosso Fernandes – Rio de Janeiro, 2015. 58p. Trabalho de Conclusão – 2015 1. Edifícios Inteligentes. 2. Tecnologia. 3. Engenharia Urbana 4 BRUNO COSSO FERNANDES EDIFÍCIOS INTELIGENTES Rio de Janeiro 2015 _________________________________________________ Orientador, Prof. Elaine Garrido Vazquez, D. Sc. PEU/UFRJ _________________________________________________ Coordenador, Profa. Rosane Martins Alves, D. Sc. PEU/UFRJ 5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................7 1.1. Contextualização do tema ................................................................................7 1.2. Objetivos..........................................................................................................10 1.3. Justificativa......................................................................................................10 1.4. Metodologia.....................................................................................................11 1.5. Descrição dos capítulos...................................................................................11 2. SMART BUILDINGS: CONCEITUAÇÂO E SERVIÇOS..................................12 2.1. Conceituação...................................................................................................12 2.2. Exemplos de serviços......................................................................................14 2.3. Elementos de projeto.......................................................................................18 2.3.1. Arquitetura e Clima..........................................................................................19 2.3.2. Luminosidade...................................................................................................20 2.3.3. Índice Pluviométrico.........................................................................................21 2.3.4. Implantação.....................................................................................................21 2.3.5. Estruturas.........................................................................................................21 2.3.6. Instalações Hidráulicas....................................................................................22 2.3.7. Instalações Elétricas........................................................................................22 2.3.8. Telecomunicações...........................................................................................23 2.3.9. Automação.......................................................................................................23 2.3.10. Segurança.............................................................................................25 2.3.11. Elevadores e Escadas Rolante.............................................................25 2.4. Aproveitamento de água da chuva..................................................................26 2.5. Prevenção contra incêndios.............................................................................27 2.6. Redução na emissão de poluentes..................................................................28 6 2.7. Iluminação........................................................................................................29 2.8. Modulação de Ambientes................................................................................31 2.9. Integração de serviços.....................................................................................32 2.10. Outros serviços................................................................................................32 2.10.1. Serviço de apoio à portaria........................................................................32 2.10.2. Serviço de manutenção de edifício............................................................33 2.10.3. Serviço de detecção de situações de emergência.....................................33 2.10.4. Serviço de gestão de presenças................................................................33 2.10.5. Serviço de informação................................................................................33 2.11. Edifícios inteligentes e sustentabilidade..........................................................34 3. EXEMPLOS DE SMART BUILDINGS.............................................................39 3.1. PEARL RIVER TOWER...................................................................................39 3.2. ELDORADO BUSINESSES CENTER.............................................................45 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................54 7 1. INTRODUÇÃO Observando-se o crescente uso de tecnologia por todas as pessoas, em qualquer parte do mundo, pode-se imaginar que isso poderia ser aplicado na construção de edifícios e também durante o seu funcionamento. Uma edificação deve promover aos usuários conforto, segurança e sobretudo economia, tanto economia em custos diretos (Água, luz, telefone), quanto economia em custos indiretos, tais como manutenção e operação. Sabe-se que os edifícios possuem diversos subsistemas que os compõem, e num edifício inteligente, não é diferente. As principais áreas que podem ser estudadas são: instalações prediais (energia, combate à incêndio, água), segurança, automação, sistemas de transporte (elevadores e escadas rolante), circulação de ar, temperatura, entre várias outras. Então, é importante que se liste as formas como a tecnologia pode ajudar as construções a serem mais sustentáveis, mais viáveis economicamente, mais confortáveis, entre outras. 1.1. Contextualização do Tema O homem passou a viver em cidades, em sua maioria, a partir de 2007, de acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas, em uma pesquisa realizada na França. Porém, antes mesmo da maioria da população mundial residir em centros urbanos, alguns problemas começaram a surgir. O advento dos automóveis, por exemplo, trouxe os grandes congestionamentos e a consequente perda de tempo e produtividade. Outro exemplo é uma relação entre alta densidade urbana e as catástrofes naturais. Terremotos ou grandes tempestades acarretam não somente prejuízos materiais, como também a perda de vidas, devido à falta de investimentos em estudos e prevenção desses eventos. Durante os últimos anos, com o surgimento do conceito de Smart Cities, algumas soluções foram implantadas em várias cidades ao redor do mundo, proporcionando alívio em algumas situações. Uma Smart City pode ser entendida como aquela que associa cidades digitais ao crescimento inteligente, um tipo de desenvolvimento baseado nas tecnologias da informação e comunicação. "Uma Comunidade Inteligente é uma comunidade que fez 8 um esforço consciente para usar a tecnologia da informação para transformar a vida e o trabalho dentro de seu território de forma significativa e fundamental, em vez de seguir uma forma incremental" (California Institute for Smart Communities, 2001). Exemplos de cidades inteligentes surgem a cada momento, como Songdo, no Japão, que alia investimento público e privado para instalação de sensores ao redor de toda a cidade. Cada um destes sensores enviará dados de forma ininterrupta para um centro de controle, onde informações a respeito dos prédios, da demanda por energia, das condições do asfalto e do trânsito, assim como a temperatura externa e interna, serão coletadas e analisadas. A tecnologia permitirá ao centro de controle ajustar o intervalo dos semáforos, criar desvios e fornecer alertas mais cedo, entre outras situações. Precisava-se também encontrar soluções para os edifícios, já que não há cidade sem as edificações. Assim, em menor escala que as cidades, os edifícios também se tornaram inteligentes. Apesar de o homem viver em edificações desde os primórdios de sua existência, a história dos edifícios inteligentes é extremamente recente se comparada ao tempo de habitação humana na Terra. As primeiras construções notadamente inteligentes começaram a surgir no século XX, quando notadamente observou-se uma evolução extremamente rápida na forma de se conceber uma nova construção. Desde o início do século até o ano de 1945, as estruturas começaram a ser fabricadas, em grande escala, com concreto armado, quando antes disso utilizavamse apenas materiais como pedras e tijolos encaixados. Além do concreto armado, outras evoluções importantes ocorreram, como o aperfeiçoamento de motores e outros equipamentos utilizados nas obras. A partir de então, começou-se uma série de modificações importantes e até certo ponto inteligentes, como, por exemplo, a invenção de paredes removíveis ou os locais de trabalho em espaço aberto. Juntamente, houve um grande avanço na tecnologia empregada nas edificações, onde os sistemas de telecomunicações e de processamento de informação se tornaram cada vez mais presentes. Nos anos 60 surgiram os primeiros sistemas de controle centralizado nos edifícios, em consequência da crescente complexidade das instalações. Uma das 9 principais áreas de intervenção era sobre os equipamentos de climatização dos edifícios. Já nos anos 70, a divulgação dos microprocessadores permitiu a automação e a supervisão de equipamentos mais sofisticados e em maior número. A crise petrolífera do meio da década de 70 contribuiu decisivamente para a implantação destes sistemas, colocando em primeiro plano todos os aspectos relacionados com uma gestão energética de melhor eficiência. Também nessa década ocorreu o surgimento dos sistemas HVAC, que controlam aquecimento, ventilação e ar condicionado nas edificações. Esses sistemas foram os primeiros a serem eletronicamente controlados. Essa tecnologia foi a precursora dos edifícios dotados de inteligência, porém, nesse momento não havia nenhuma integração entre sistemas. O conceito de smart building apareceu, enfim, pela primeira vez, nos EUA na década de 80, quando sistemas de automação de segurança e iluminação começaram a realizar uma conexão entre si. No final da década surgiam os primeiros edifícios com automação para fins energéticos. Desde então, não há concepção de novos edifícios sem qualquer tipo de sistema automatizado, porém nem sempre esse fato significa que a construção é inteligente. O termo “Edifício Inteligente” tornou-se, em alguns casos, apenas uma forma de marketing para vendas de sistemas que não se integram, apesar de serem considerados inovações tecnológicas, se analisados individualmente. Pode-se enumerar uma série de serviços individualizados, presentes em muitos empreendimentos, porém não integrados a nenhum outro serviço. Um sistema de iluminação que não é integrado com um sistema de economia de energia, ou, um sistema de vigilância que não é integrado com um sistema de gestão de acesso de pessoas ou com a brigada de incêndio, são exemplos de serviços tecnológicos não integrados, portanto não permitem que um empreendimento seja considerado inteligente. A segunda geração de Edifícios Inteligentes já está implementada. A tecnologia diz respeito cada vez menos às coisas e cada vez mais às pessoas e seus relacionamentos. Essa nova geração tem um foco maior na sensibilização econômica, que visa uma melhor gestão de energia, flexibilidade e integração dos sistemas. Dentro desse grupo, pode-se citar como exemplos os edifícios Pearl River Tower, na 10 China e o Eldorado Business Tower, localizado no Brasil. Ambos serão apresentados neste estudo. Quando se pensa em algo inteligente, logo associa-se a tecnologia. Mas, um edifício inteligente não recebe esse título somente por ser tecnológico, mas também, por aliar a tecnologia à economia, no sentido de diminuir despesas com eletricidade, por exemplo. 1.2. Objetivos O objetivo deste estudo será abordar os serviços e técnicas construtivas que um edifício inteligente pode apresentar durante a fase de projeto ou após o término da construção. O que diferencia esse tipo de construção de outra considerada nãointeligente será apresentado e será analisado se as técnicas efetivamente atingem os resultados esperados. Por fim, será discutido como os edifícios inteligentes, podem, individualmente, colaborar para um planejamento mais eficaz das cidades. 1.3. Justificativa Diante das vantagens observadas, tais como: redução de custos de manutenção ao longo da vida útil do empreendimento, economia de recursos naturais, entre outros, quando se adotam sistemas inteligentes em edifícios, o tema tem sua justificativa baseada nelas. Governos, governantes, cidades, construtores, engenheiros, arquitetos, empresas de tecnologia em geral, todos têm interesse nos novos métodos construtivos e de operação da tecnologia incorporada aos novos empreendimentos. O tema justifica-se também para construções já finalizadas, pois há a possibilidade de se adequarem às novas tecnologias. 11 1.4. Metodologia Serão pesquisadas as técnicas atuais e tendências para o tema em materiais técnicos, normas técnicas, utilizando referências bibliográficas nacionais ou internacionais. Para a comprovação das vantagens oferecidas, será pesquisado o resultado final com relação a empreendimentos que utilizaram tais técnicas. 1.5. Descrição dos capítulos Este estudo está dividido em quatro capítulos, onde no primeiro há uma introdução ao tema, além da descrição dos objetivos, justificativa, metodologia e essa descrição. Em seguida, serão apresentados os conceitos relativos à Smart Buildings e grande parte dos serviços que um edifício desse tipo pode oferecer aos seus usuários. No terceiro capítulo, serão mostrados dois exemplos, um nacional e outro internacional, de edifícios inteligentes. Por fim, serão feitas as considerações finais seguidas das referências bibliográficas. 12 2. SMART BUILDINGS – CONCEITUAÇÃO E SERVIÇOS 2.1. Conceituação “Edifício inteligente” é um termo que não possui uma única definição, mas várias. É natural que diferentes pessoas possuam diferentes opiniões sobre um determinado assunto. Por isso, podem-se enumerar algumas definições do que é um edifício inteligente: “Edifício Inteligente é aquele que incorpora dispositivos de controle automático aos seus sistemas técnicos e administrativos.” (FRAZATTO,2000) O IBI – Intelligent Buildings Institute define como: “aqueles que oferecem um ambiente produtivo e econômico através da otimização de quatro elementos básicos: Estrutura, sistemas, serviços e gerenciamento; bem como das inter-relações entre eles.” “Edifício é aquele que responde às necessidades de seus usuários, quão variadas sejam, e que conserva a capacidade de evoluir, incorporando a qualquer tempo, os recursos tecnológicos que venham a ser convenientes.” (NEVES, R. P. A. A., 2002) “O edifício inteligente é aquele que conjuga, de forma racional e econômica, os recursos técnicos e tecnológicos disponíveis de forma a proporcionar um meio ideal ao desenvolvimento de uma atividade humana.” (NEVES, R. P. A. A., 2002) Usando um pouco de cada definição, pode-se concluir que um edifício é considerado inteligente quando é capaz de oferecer um ambiente produtivo, e com uma boa relação custo-benefício pela otimização dos de seus sistemas, serviços, estrutura e gerenciamento de sua vida útil. Sendo assim, a “inteligência” de um edifício não pode ser avaliada apenas pela quantidade de sistemas automatizados do mesmo, pois um edifício pode ter um alto nível de automação e não ser, inteligente. Então, um edifício inteligente deve apresentar uma integração de sistemas, tais como: sistema de automação e gestão de edifícios; sistema de telecomunicações e por último um sistema computacional que gerencie todos os anteriores. Antigamente, não havia a preocupação sobre como sistemas isolados de um prédio poderia afetar os demais. Um edifício que utiliza iluminação natural, por 13 exemplo, diminui a quantidade de calor que seria gerada com a luz artificial, o que leva à redução do uso dos equipamentos de ar condicionado. A nova abordagem para o desenho de edifícios de elevado desempenho traz uma filosofia do prédio como um todo (all-inclusive), que engloba as características do terreno, energia, materiais, qualidade do ar interno, recursos naturais e a relação entre todos esses itens. À medida que os edifícios se tornam mais caros e complexos, e à medida que aumenta o número e a sofisticação dos sistemas tecnológicos que neles se incorporam, torna-se cada vez mais crítico gerir de forma eficaz os edifícios e a sua tecnologia. Neste contexto, é fundamental a noção de integração. Considerando os principais sistemas tecnológicos do edifício - automação, computação e comunicações - a noção de integração necessita ser aplicada no interior de cada sistema e entre sistemas distintos, ou seja, a integração deve ser o mais abrangente possível. A solução ideal corresponde a uma sobreposição total dos vários sistemas, situação em que, do ponto de vista dos utilizadores, não seria possível distinguir sistemas específicos, nem funções particulares. A noção de integração assume uma importância vital no contexto dos edifícios inteligentes. Isso se deve ao importante conjunto de vantagens e potencialidades que permite oferecer, de que se destacam: melhor aproveitamento dos recursos existentes e uma maior eficácia na sua utilização; novas funções, como valor acrescentado da interação e cooperação entre sistemas/aplicações; reações mais coordenadas e rápidas; a capacidade de correlacionar informação, de a processar e de otimizar decisões; o acesso aos vários sistemas através de um mesmo ponto, o que se traduz numa utilização mais simplificada, flexível e eficaz; aumentos de produtividade, facilitando a execução de tarefas complexas envolvendo diferentes sistemas; soluções com uma melhor relação funcionalidade/custo. Embora as vantagens da integração sejam indiscutíveis, existem alguns aspectos menos positivos que é importante frisar: poderão surgir problemas operacionais relacionados com a interação entre sistemas, podendo não ser trivial identificar a sua origem e quais as medidas tomar para solucioná-los; poderão existir obstáculos legislativos à integração (por exemplo, existem países que obrigam a que 14 os sistemas de detecção de incêndio sejam independentes e isolados). A seguir mostram-se algumas integrações de serviços possíveis em um edifício inteligente. Figura 1 – Todos os serviços devem estar integrados. Fonte: Banco de imagens do Google 2.2. Exemplos de Serviços A melhor forma de se mostrar o quão vantajoso é construir inteligentemente é através de exemplos simples que indicam a integração de serviços. Assim, fica evidente que os edifícios inteligentes têm sua funcionalidade, oferecendo praticidade, conforto ou apenas solucionando antigos problemas. Alguns dos serviços que podem ser oferecidos em um smart building: Serviços diversos (Inventario e Gestão Patrimonial, Controle de Estacionamento de Veículos, Elevadores, Controle de Irrigação, Gestão e Administração de Sistema, Localização de Pessoas e Equipamentos); Energia (Gestão Energética, Iluminação, Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado); Manutenção (Diagnóstico de Falhas e Manutenção de Sistema, Gestão de Cabeamento, Manutenção do Edifício); Interação com usuário 15 (Gestão de Presença); Segurança (Detecção de Situações de Emergência, Informação, Vigilância e Detecção de Intrusão, Controle de Acessos, Comunicações e Distribuição de Áudio e Vídeo, Apoio à Portaria). Em todos os serviços é possível realizar a configuração e gestão do serviço, permitindo a sua adequação a cada caso (é possível, por exemplo, definir que equipamentos estão associados ao serviço e qual o seu tipo, definir quais as suas identificações, locais do edifício em que estão instalados). Também é possível realizar o monitoramento e teste do estado de funcionamento de dispositivos mecânicos e respectivos equipamentos de controle, com vista a detectar a ocorrência de falhas e a registrar tempos de funcionamento (esta informação será de grande utilidade para a realização de ações de manutenção). Mesmo tendo sua eficácia comprovada através de fatores como: economia de energia, simplificação do gerenciamento de instalações e prevenção de falhas em equipamentos caros, alguns investidores e proprietários de imóveis ainda enxergam prédios inteligentes como caros. Este é um dos muitos mitos que envolvem os prédios inteligentes, já que os investimentos aplicados em tecnologia de construção destes se pagam em um ou dois anos com a oferta de economia de energia e outras eficiências operacionais. Existem programas de gestão que geraram retorno dentro de poucos meses. E não é somente pela eficiência energética que os edifícios inteligentes tem se destacado, a redução de custos com reparação de equipamentos através de sistemas que detectam quando uma peça precisa ser trocada ou que passe por manutenção faz com que a vida útil da máquina seja prolongada e o custo com pessoal de operações também seja reduzido. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, edifícios inteligentes e edifícios verdes não são a mesma coisa. Enquanto o primeiro maximiza a eficiência energética dos sistemas de construção e garante a qualidade do ar, o segundo inclui estratégias que vão além dos sistemas de automação de edifícios. Assim as duas soluções não são conceitos idênticos, mas podem se complementar. Além disso, eles acabam sendo mais atraentes para os inquilinos, pois eficiência energética, redução de custos com ocupação e manutenção e aumento na produtividade, são fatores de grande valor para inquilinos, que reconhecem os benefícios e procuram cada vez mais 16 funcionalidades inteligentes em uma construção, como sistemas de segurança avançados e eficientes sistemas de alerta de manutenção de equipamentos. Não é somente em edifícios novos que podem ser implantadas soluções inteligentes, um dos edifícios mais inteligentes do mundo não é totalmente novo, o Empire State Building, por exemplo, apresentou retorno do investimento em tecnologias inteligentes, e tem superado a economia de energia prevista para o segundo ano consecutivo após um extenso processo de retrofit gradual que teve início em 2009. Todos os tipos de edifícios, sejam eles comerciais ou residenciais, podem ser construídos ou adaptados para tornarem-se inteligentes e automatizados, inclusive instalações industriais ou especializadas como laboratórios podem ser equipadas com soluções inteligentes. Outra característica a respeito de prédios inteligentes que ganha destaque é que eles são muitas vezes mais simples de serem operados e mantidos do que um prédio que conta com pouco ou nenhum sistema automatizado, um sistema de gestão do edifício inteligente pode identificar problemas de equipamentos a um grau que não é possível ser feito humanamente e ainda integra aplicações de gerenciamento e extrai dados para reparação e manutenção de equipamentos em análises de desempenho. No início, a construção de equipamentos e controles de automação foram criados como sistemas proprietários, porém novas tecnologias acessíveis permitem que as tecnologias inteligentes sejam interoperáveis, tornando possível reunir dados de sistemas distintos para uma melhor gestão de edifícios. Não há como citar todas as tecnologias empregadas em um edifício inteligente, pois as mesmas variam de acordo com as especificidades do local, tipo de construção, entre outros fatores. Por isso, serão apresentadas apenas as tecnologias mais comuns e que comprovadamente agregam benefícios quando implantadas. O quadro a seguir apresenta alguns exemplos de inovações que um edifício inteligente pode apresentar, divididos por área. 17 Quadro 1 – Exemplos de inovação tecnológica para cada sistema Fonte: MESSIAS, A.F., Edifícios inteligentes: A domótica aplicada à realidade Brasileira, 2007 Alguns estudos de empresas especializadas em energia, como a Indústria Schneider Electric Brasil Ltda, por exemplo, mostram que quando são aplicadas novas tecnologias em sistemas de gerenciamento de energia, os benefícios financeiros podem ser de até 30%, se comparadas à um edifício convencional. A tabela abaixo mostra isso: 18 Tabela 1 - Distribuição da economia de energia em um edifício inteligente. Fonte: Schneider Electric Brasil Ltda (2006) Os itens que mais contribuem para o ganho em economia são: Distribuição elétrica, onde compreende todo o cabeamento, sistema de proteção, sistema de gerenciamento de demanda e pontos de consumo; Ar Condicionado; Iluminação, sendo considerada apenas a interna. Os demais itens como a otimização do uso de elevadores, estacionamento, iluminação externa e áreas comuns, proporciona por volta de 30% de economia. Somente com a preocupação em gerenciar bem a energia elétrica, percebe-se que a aplicação dos conhecimentos humanos e novas tecnologias garantem um retorno financeiro considerável e, sobretudo alivia a demanda de energia nas concessionárias. 2.3. Elementos de Projeto O começo da concepção de um edifício inteligente é o projeto arquitetônico. Conceitos como o posicionamento da edificação em relação ao sol e aos ventos, por exemplo, serão considerados para adaptação da edificação de acordo com o local onde a mesma será inserida. Portanto a arquitetura de um edifício deve abranger todos os aspectos visando à integração de clima, ventos, posicionamento, orientações, entre outros, além do emprego de materiais e sistemas construtivos adequados, ou seja, uma correta implantação ou orientação, um cuidadoso projeto de fachadas, com o uso de materiais construtivos e técnicas adequadas, vidros translúcidos ou opacos, de acordo com o caso. Como exemplo, o correto dimensionamento de aberturas e vãos e a utilização de conceitos fundamentais da arquitetura, como a ventilação e iluminação naturais 19 associadas a instalações prediais e equipamentos eficientes, podem trazer enormes benefícios à eficiência energética e ao conforto ambiental dos usuários. Isso demonstra a integração entre sistemas, primordial num edifício inteligente. 2.3.1. Arquitetura e Clima Há ainda a arquitetura bioclimática, que é o estudo que visa harmonizar as edificações, o clima e características locais, com enfoque no conforto de quem habitará estas. Para isso utiliza-se da energia solar, através de correntes convectivas naturais e de microclimas criados por vegetação apropriada. Todos estes aspectos são potencializados de forma a proporcionar um conforto térmico, iluminação natural, e consequentemente, economia. Adotam-se soluções arquitetônicas e urbanísticas que se adaptam às condições específicas (clima, incidência luminosa, ventos predominantes, temperatura média e hábitos de consumo) de cada lugar. A escolha do terreno é o ponto de partida de qualquer projeto. Em seguida, com o correto posicionamento da edificação definir-se-á tanto a taxa de luminosidade que atingirá a construção, quanto a quantidade dos ventos que poderão ser aproveitados para o arejamento do ambiente interno. Estudando-se as características do local pode-se obter informações a respeito de como o sol interage com o ambiente, ou seja, como ocorre a incidência dos raios solares na superfície. Dependendo do grau de inclinação em que os raios chegam ao solo, pode-se dimensionar os vãos que possibilitem a entrada dos raios solares no ambiente interno, para promover a iluminação natural. Além disso, o correto dimensionamento auxilia a circulação de ar dentro do ambiente, adequando temperatura e umidade e oferecendo conforto aos usuários. Para se obter as características do local de construção é necessário um trabalho minucioso, que englobe os conceitos de temperatura média, taxa de iluminação natural e ventos predominantes, que são os fatores mais relevantes para a inteligência predial. Entretanto para que o edifício possa aproveitar de forma correta estes recursos, são necessárias algumas intervenções, como aumentar ou reduzir a espessura das paredes, pintar de cor adequada as fachadas e usar materiais que sejam isolantes, 20 além de utilizar a energia solar para aquecer a água, sendo cada intervenção específica a cada caso. É importante também que seja feito um estudo sobre a temperatura média da região, para que sejam utilizados materiais de construção mais adequados. Assim pode-se definir a espessura de paredes (que podem tanto fornecer uma isolação térmica, quanto acústica) ou usar tintas que absorvem ou refletem luz e calor, por exemplo. Mas é importante que o estudo permita a integração do projeto com os ventos predominantes e luminosidade. 2.3.2. Luminosidade Diante do atual quadro de consumo de energia elétrica mundial, encontra-se na iluminação um dos grandes focos da economia num sistema inteligente de construção. É conhecido que a disponibilidade de luz natural varia tanto devido à região quanto à época do ano. Apenas nas regiões próximas ao Equador que não sofrem grandes alterações quanto à luminosidade no decorrer do ano. O aproveitamento da luminosidade natural deve ser integrado com iluminação artificial. Por isso sempre é necessária a realização de um estudo prévio sobre a trajetória aparente do sol no local de construção do edifício, pois através deste estudo é possível verificar como a edificação será atingida pelos raios solares. Conhecendo-se a taxa de iluminação solar é possível planejar um aproveitamento destes raios, tanto para a higienização das áreas molhadas, quanto para o condicionamento térmico de dormitórios. Sabe-se que os raios solares possuem grande potencial germicida e bactericida, portanto é interessante que áreas como cozinha, banheiro e lavanderia recebam estes raios. Já quanto ao condicionamento térmico, deve ser observada além da taxa de iluminação, a temperatura média da região, de forma a permitir o conhecimento do que se deseja, ou o resfriamento do ambiente ou seu aquecimento (visando manter uma temperatura agradável à noite). Quando se possuem estes objetivos, busca-se orientar os dormitórios de forma a receber os raios solares pela manhã ou pela tarde, quando se deseja um resfriamento ou aquecimento do ambiente respectivamente. 21 2.3.3. Índice Pluviométrico As chuvas têm grande influência na estabilidade dos solos, pois a água em excesso diminui a coesão das partículas de solo, podendo causar até deslizamentos. Portanto um conhecimento sobre o índice pluviométrico da região é fundamental para um projeto básico, tanto estrutural quanto arquitetônico. Obviamente os materiais utilizados também sofrem grande influência dos índices pluviométricos. Estes índices são de suma importância na estimativa de volume de água que incide sobre a edificação. Com esses dados pode-se prever a captação de águas pluviais para usos não potáveis, visando desta forma a economia de água e fazendo um uso racional da água potável. 2.3.4. Implantação Um edifício inteligente deve ter essa característica também na fase de construção. O que se nota no cenário da construção civil brasileira é que muitos processos são lentos, ocasionam retrabalho e em muitos casos, por diversos motivos, há um desperdício exagerado de materiais, seja por falta de conhecimento do profissional, seja por ferramentas inadequadas. Por isso, é imprescindível que uma obra seja inteligente, com qualidade e racionalidade. Na fase de implantação do projeto, a ordem dos serviços deve ser executada de acordo com as possibilidades existentes, atendendo aos prazos rigorosamente, estabelecidos na concepção. Assim, haverá uma redução no tempo de obra e consequentemente, uma redução nos custos. 2.3.5. Estruturas O sistema estrutural de um edifício inteligente deve estar preparado para se adaptar às modificações existentes num projeto desse tipo. Questões como a adoção ou não de pisos elevados, aberturas em lajes para passagem de cabeamento, modificação de layout através de paredes removíveis, entre outras questões, faz com que haja uma variação muito grande no projeto, devendo haver integração com o projeto estrutural. 22 2.3.6. Instalações Hidráulicas O projeto hidráulico é bastante diferente em um edifício inteligente. Inicialmente porque as torneiras, pias, bacias sanitárias e outros aparelhos recebem automatização em seu funcionamento. Com isso há a diminuição dos gastos com água. Além disso, a implantação do sistema de aproveitamento de água das chuvas também gera modificações que devem ser previstas em projeto. Ainda há possibilidades como a inclusão de sistema de aquecimento através de energia solar e, por último, deve-se ter a preocupação de integrar o sistema hidráulico com o sistema de combate a incêndios, que também recebe modificações em um edifício inteligente e que será discutido em outra seção. 2.3.7. Instalações Elétricas Em um projeto elétrico convencional a iluminação é responsável, normalmente, por 20 a 40% da carga elétrica total da edificação, e o condicionamento térmico por cerca de 50%. Otimizar o aproveitamento da iluminação e ventilação naturais significa obter uma grande economia. Com a implantação da automação predial num projeto inteligente pode-se promover a supervisão e controle dos principais dispositivos elétricos do edifício como transformadores, disjuntores de alta e baixa tensão, quadros de alimentação de equipamentos e centrais de medição de grandezas elétricas. Pode-se atuar sobre as operações de liga-desliga de luminárias, ajustar equipamentos nos períodos mais críticos, de modo a manter o nível de consumo e controlar a demanda de energia para se beneficiar de tarifas diferenciadas. Tudo isso é possibilitado através da integração do sistema elétrico ao sistema de telecomunicações/ telemática. O sistema pode ainda estar vinculado à iluminação natural a partir de sensores que determinam quando diminuir a luminosidade artificial. O posicionamento, a distribuição e a escolha adequada dos equipamentos é essencial para a eficácia do projeto de iluminação, visto que com apenas estes cuidados a economia e o conforto podem ser notáveis. 23 2.3.8. Telecomunicações Um projeto de telecomunicações de um edifício inteligente deve transmitir dados, voz, sinais ou imagens, através de cabeamento apropriado, de modo a permitir que os usuários e sistemas inteligentes possam interagir. Implica em cabos telefônicos, meios físicos ou eletromagnéticos capazes de transmitir sinais codificados, os equipamentos de emissão e recepção de sinais, e todo o instrumental para captá-los e transformá-los em linguagem inteligível. Agora, os cabos de fibra ótica estão sendo usados em larga escala para esses fins, e, nos próximos anos, substituirão totalmente os cabos metálicos. As bases para um bom projeto de cabeamento são: Definir os tipos de cabos, dimensionamento, planta dos cabos; Definir os tipos de equipamentos e sua localização na planta; Definir acionadores e controladores, como interceptores, timers, câmeras de vigilância, sensores de presença, termostatos, reconhecimento de voz, controles remotos, centrais inteligentes; Definir receptores, como luzes, monitoramentos, que podem funcionar a partir de redes de distribuição de sinais infravermelho. No projeto de cabeamento devem ser previstos os subprojetos de aterramento elétrico e das redes internas de informática. Apesar de o custo da construção aumentar até 3% e o do cabeamento aumente no mínimo 30% e no máximo 40% em relação ao convencional, a pré-cablagem justifica o investimento, pois consiste num sistema capaz de proporcionar vantagens como perenidade, universalidade e flexibilidade aos usuários de sistemas de informática. 2.3.9. Automação Para que se possa afirmar que um edifício é inteligente, é obrigatório que haja integração de vários sistemas, como iluminação, incêndio, alarme, câmeras de segurança, controle de acesso, abertura de portas, controle de elevadores, arcondicionado, fornecimento de água e outras possibilidades por softwares, possibilitando um gerenciamento centralizado. Essa automação proporciona conforto, funcionalidade, economia e segurança otimizando tempo, recursos e trazendo inúmeras vantagens. 24 Apesar disso, a automação atua basicamente como elemento complementar, deixando de agir nos fundamentos a que se propõe: otimização de processos, eficiência energética, conforto e segurança. As principais características da automação predial é a sinergia, a capacidade de suprir as necessidades dos usuários, tornar a gestão mais econômica e racional, e ser um sistema integrador de áreas operacionais. A automação predial hoje possui como objetivos soluções para otimizar conceitos de conforto pessoal, climatização, segurança pessoal e patrimonial, eficiência de energia e operações em processos de edifícios de alta tecnologia. Existem ainda sistemas que são vinculados aos principais como uma ramificação, são eles: detecção de incêndio, segurança patrimonial, e controle de acesso. A seguir mostra-se que todos os serviços devem ter um ponto em comum ou convergir para um ponto em comum, que é a integração. Figura 2 - Integração de Serviços. Fonte: Banco de imagens do Google As variáveis de controle mais utilizadas são: temperatura e umidade dos ambientes, vazão de ar condicionado, consumo de energia elétrica, estado de ventiladores e exaustores, bombas e circuitos de iluminação. E as variáveis de saída são: válvulas de controle de ar condicionado, rotação dos ventiladores, acionamento de bombas e circuitos de iluminação, entre outros. Os sistemas de refrigeração ar consomem a maior parcela de energia fornecida, sendo seguidos dos sistemas de iluminação. O condicionamento de ar pode representar mais de 50% do consumo de energia, e a iluminação em torno de 20%. 25 Este é um fator importante, mas vale lembrar que a responsabilidade de economia não deve e não pode ficar restrita à aplicação de um processo automatizado, visto que a inteligência predial consiste justamente da integração de todos sistemas que envolvem a edificação. 2.3.10. Segurança Há uma infinidade de recursos tecnológicos voltados à segurança predial que estão disponíveis: controle de acesso de pessoas e veículos com o uso de cartões magnéticos, teclado de código, sensores de proximidade, leitura de íris (substituindo as impressões digitais), ou ainda, sensores de abertura e fechamento de portas. Nos edifícios mais sofisticados, o acesso pode ser restringido a alguns horários, ou seja, a utilização de uma sala pode ser permitida em determinadas horas e situações. Além de gerenciamento centralizado, câmeras de segurança, alarme de incêndio, alarme patrimonial, sistemas de segurança, videoconferência, tele vigilância. Todo o sistema de segurança é complementado pelo sistema de telecomunicações/ telemática, onde os dados são obtidos e transferidos. Além de tudo isso, as câmeras de segurança interligadas ao sistema de telemática permitem o monitoramento da edificação, permitindo que seja possível acessar as imagens fornecidas pelas câmeras e até mesmo acionar equipamentos que simulem presença. 2.3.11. Elevadores e escadas rolantes Os sistemas de elevadores e escadas rolantes possuem programação que permite o direcionamento de pessoas, conforme as necessidades específicas, como a segurança. Os elevadores inteligentes possuem acionamento remoto, que permite a retenção em algum andar específico, através de um comando automático realizado por uma central. Além disso, pode-se usar estes comandos para o possível bloqueio que algum pavimento. Já no caso de escadas rolantes, é comum encontrar os modelos que ficam parados enquanto estão sem uso e começam a se movimentar quando algum usuário se aproxima. 26 2.4. Aproveitamento de água da chuva Apesar de o aproveitamento de água da chuva ser um conceito bastante antigo, tendo sido introduzido no Brasil em 1943, o aumento da demanda de água devido à sucessivas crises hídricas e aumento da população, fizeram com que aumentasse a importância dessa solução. As novas edificações devem idealizar em seus projetos o aproveitamento de água da chuva para fins não potáveis, como irrigação de jardins, descarga de vasos sanitários, lavagem de pisos, entre outros. Além do uso de água da chuva, águas de condensação de aparelhos de ar-condicionado ou águas provenientes de cortinas de drenagem de lençol freático também podem ser usadas para o mesmo fim. Sabe-se que é possível economizar até 25% de água, aproveitando-se a água liberada pelos condicionadores de ar, como foi o caso de um shopping center na cidade de Recife. Nesse caso específico, os 25% significam uma economia de 30 milhões de litros de água em um ano. Porém, o aproveitamento de águas pluviais não deve ser aplicado irresponsavelmente em qualquer projeto. Diversas pesquisas (May, 2004; Jackes et al., 2005; Valle et al., 2005) demonstram que a água de chuva carrega poluentes (substâncias tóxicas e bactérias), que em contato com o corpo humano ou ingeridas, causam diversas doenças. Sugere-se então que as águas pluviais reaproveitadas sejam sempre previamente tratadas, mesmo que não sejam utilizadas para fins potáveis. A seguir apresenta-se um resumo sobre o ciclo de reaproveitamento, juntamente com uma representação em desenho. 27 Figura 3 - Reaproveitamento de água da chuva. Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL3891066174,00PREDIOS+INTELIGENTES+ENXERGAM+PESSOAS+PARA+CONTROLAR+TEMPERATURA+E+LUZ. html – Acesso em 17/04/2015 2.5. Prevenção contra incêndios Sistemas inteligentes também estão presentes na prevenção contra incêndios, através de sistemas completamente independentes por força da norma (NBR9441/1993), com centrais e repetidoras microprocessadas, às quais se interligam detectores e acionadores manuais, automáticos ou endereçáveis e com possibilidade de ajuste do grau de sensibilidade de detector remotamente. (Marte, 1995) Entre os principais detectores automáticos de incêndio podem ser citados os de fumaça (ópticos ou iônicos) – detectam a presença de particulado ou fuligem no ar -, os termovelocimétricos – detectam o gradiente de temperatura – e os de chama. Os sistemas convencionais prevêem supervisão de circuitos ou laços de incêndio. Através da monitoração de chaves de fluxo na rede de Sprinklers é possível detectar-se o consumo de água nesta rede. Outras formas são a supervisão e controle sobre as bombas Jockey (bomba secundária de incêndio) e bomba de hidrantes (bomba principal). Substituindo os tradicionais painéis indicadores de incêndio, muitos sistemas com monitores coloridos exibem, além da identificação do alarme, a organização dos 28 sistemas e serviços, juntamente com a integração entre eles e também os procedimentos aplicáveis, tais como o ramal do brigadista de incêndio daquele andar. Num exemplo de aplicação de sistemas de automação interligados aos sistemas de detecção e alarme de incêndio é possível, proceder o desligamento de energia destes setores, impedindo que o ar-condicionado ou curtos circuitos na rede elétrica ajudem a propagar o incêndio; Ainda, é possível posicionar os elevadores inicialmente no térreo ou andar mais recomendado para fuga de eventuais ocupantes, posteriormente posicioná-los num possível andar imediatamente acima dos setores atingidos, evitando que o fogo se propague pelo fosso do elevador; Através de luminosos e indicadores, estabelecer-se rotas preferenciais de fuga ou plano de abandono do local de trabalho; Injetar ar nas escadas de emergência, impedindo que estas sejam invadidas pela fumaça. 2.6. Redução na emissão de poluentes Considerado poluente atmosférico, o óleo diesel tem sua combustão composta basicamente por gás carbônico além de outros compostos nocivos que são emitidos no ambiente, algumas vezes na forma de fumaça negra. No Brasil a CONAMA é responsável pela regulamentação ambiental e tanto esta como agências reguladoras de outros países impõe limites para a composição dos gases de combustão e estabelecem valores cada vez menores ao longo dos anos, com a mistura do biodiesel ao diesel, por exemplo, estimulando o desenvolvimento de novas tecnologias capazes de reduzir os níveis de poluição ambiental, porém o aumento exponencial da quantidade de motores deste tipo ocasiona um número cada vez mais significativo do volume de poluentes expelidos. Em contrapartida o gás natural é considerado não poluente, apesar de sua combustão gerar gás carbônico que contribui para o efeito estufa e o impacto causado pela sua combustão ser maior que o que normalmente se supõe, visto que o efeito estufa acontece devido à energia transformada em combustão e independe do combustível utilizado. Outro fator importante é que a composição do gás natural é incerta e não permanente e este pode conter quantidades de gases como o nitrogênio e hélio, considerados inertes e de H2S e CO2, compostos sulfurosos, além disso, a combustão de gás natural de forma "impura" pode ocasionar níveis de emissões 29 semelhantes ao de outros hidrocarbonetos. É importante ressaltar que o gás natural é obtido como subproduto por meio da extração do petróleo e precisa ser queimado antes de ser lançado na atmosfera, caso contrário ele se torna dez vezes mais poluente. Sendo assim, em ambos os combustíveis o uso de catalisadores é recomendado para a diminuição de emissões, principalmente no caso do óleo diesel que, comparado ao gás natural, produz um maior volume de fuligem, material particulado e compostos poluentes como o dióxido de enxofre e monóxido de carbono. A seguir apresenta-se um resumo sobre o uso de energia alternativa para a redução de emissão de poluentes, juntamente com uma representação em desenho Figura 4 - Uso de fontes alternativas de energia. Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL3891066174,00PREDIOS+INTELIGENTES+ENXERGAM+PESSOAS+PARA+CONTROLAR+TEMPERATURA+E+LUZ. html – Acesso em 17/04/2015 2.7. Iluminação A iluminação artificial é responsável por grande parcela de consumo de energia elétrica no país, totalizando 17% de toda energia consumida, representando 24% do consumo no setor residencial e por mais de 44% do consumo no setor de comércio e serviços (MME, 2007). Assim, verifica-se que é essencial projetar sistemas de iluminação eficientes e adequados a cada ambiente, a fim de reduzir o impacto energético que estes sistemas apresentam. Estes sistemas apresentam altos custos 30 de implantação nos dias atuais. Entretanto, os custos com o aperfeiçoamento no sistema de iluminação podem ser amortizados com o aumento da produtividade, inclusive. Algumas estratégias tecnológicas quando aplicadas a estes sistemas podem maximizar sua viabilidade, como a utilização de lâmpadas com alta eficiência luminosa; uso de sensor de movimento; utilização de sensores de luminosidade, de maneira a adequar a iluminação local conjuntamente com o aproveitamento de luz natural; implementação de um sistema de gerenciamento remoto para acionamentos de acordo com a grade horária do expediente de trabalho, atuando de forma automática ou de acordo com preferências ou necessidades dos ocupantes do ambiente. Com o auxílio de sensores de luminosidade é possível adaptar a luminosidade à necessidade do local, podendo haver pleno aproveitamento da luz natural, o que torna em algumas ocasiões a iluminação artificial complementar à natural, reduzindo o consumo de energia elétrica destinado à iluminação, podendo substituir os atuais sistemas de iluminação convencionais. A seguir apresenta-se um resumo sobre o sistema inteligente de iluminação, juntamente com uma representação em desenho Figura 5 - Iluminação de um edifício inteligente. Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL3891066174,00PREDIOS+INTELIGENTES+ENXERGAM+PESSOAS+PARA+CONTROLAR+TEMPERATURA+E+LUZ. html – Acesso em 17/04/2015 31 2.8. Modulação de ambientes Nos edifícios inteligentes o conceito de modulação de ambientes é muito mais amplo do que simplesmente mover uma parede de lugar. Além dessa possibilidade, há um universo de modificações que podem ser feitas de forma que um ambiente atenda às necessidades do usuário, sem que para isso seja necessária uma reforma. Em um smart building, onde há necessariamente uma integração entre os diversos sistemas, as modulações são soluções ótimas para um melhor aproveitamento de energia, onde é possível retirar paredes que bloqueiam a luz solar e colocá-las em outra posição. Ou ainda, a integração entre modulação e sistemas eletrônicos permite criar novas estações de trabalho quando um usuário muda de setor, por exemplo, levando consigo todos os aparelhos eletrônicos que necessita. A seguir apresenta-se como os ambientes podem ser alteráveis de acordo com a necessidade, juntamente com uma representação em desenho Figura 6 - Possibilidade de modulação de ambientes. Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL3891066174,00PREDIOS+INTELIGENTES+ENXERGAM+PESSOAS+PARA+CONTROLAR+TEMPERATURA+E+LUZ. html – Acesso em 17/04/2015 32 2.9. Integração de serviços Em um smart building todos os serviços necessários ao usuário devem estar presentes no mesmo local, ou seja, na mesma edificação. Assim, há uma economia em diversos fatores, além de um ganho em qualidade de vida, devido ao tempo que se ganha evitando-se deslocamentos para a execução de muitas atividades diárias. A seguir apresenta-se um resumo sobre a integração dos serviços, juntamente com uma representação em desenho Figura 7 - Integração de serviços. Fonte: globo.com – http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL3891066174,00PREDIOS+INTELIGENTES+ENXERGAM+PESSOAS+PARA+CONTROLAR+TEMPERATURA+E+LUZ. html – Acesso em 17/04/2015 2.10. Outros serviços 2.10.1. Serviço de Apoio à Portaria Este serviço tem por objetivo tornar mais eficaz e facilitar as tarefas a cargo das pessoas responsáveis pela(s) portaria(s) de um edifício. Dentre as suas funções destacam-se o controle e registro de entradas e saídas no edifício por parte de pessoas e de equipamentos, o fornecimento de informação de encaminhamento de visitas, o registro de mensagens de visitas para visitados, entre outros. 33 2.10.2. Serviço de Manutenção do Edifício Este serviço supervisiona todas as tarefas relacionadas a ações de manutenção (preventiva ou corretiva) associadas ao próprio edifício e às suas instalações. Entre as suas funções destacam-se as associadas à supervisão de pedidos de reparação e indicações de falhas, ao processamento desses pedidos (agrupamento por especialidades, atribuição de prioridades, estimativa de tempos de execução), à coordenação e escalonamento de ações de manutenção (incluindo a atribuição de tarefas às pessoas adequadas, contabilização da duração das operações executadas, registro das ações realizadas, contabilização de custos), ao controle e gestão de contratos de manutenção. 2.10.3. Serviço de Detecção de Situações de Emergência Este serviço tem por objetivo executar tarefas de detecção e combate de situações de emergência tais como incêndio, fugas de gases tóxicos e inundações. O sistema tem a capacidade de encaminhar as pessoas a locais seguros e também prever a evolução e propagação de sinistros. 2.10.4. Serviço de Gestão de Presenças Este serviço tem como principal missão registrar os tempos de presença dos funcionários das várias organizações existentes num edifício e fornecer informação detalhada sobre vários aspectos. Este sistema desempenha múltiplas funções, onde destacam-se as relativas à aceitação de justificações de faltas ou ausências, à marcação de férias e ao processamento estatístico de informação e controle de assiduidade. 2.10.5. Serviço de Informação Este serviço opera múltiplas funções, que se caracterizam, na sua generalidade, por permitir o acesso a informação útil sobre o edifício e sobre as organizações que o ocupam, e oferecer facilidades de gestão de determinados recursos associados ao edifício. Por exemplo, tem-se o registro de reclamações e de sugestões, a realização de solicitações diversas (por exemplo, pedidos de reparações, de instalação de equipamentos, de resolução de problemas), o armazenamento e o acesso a documentação diversa (manuais de equipamentos, procedimentos vários, 34 estatutos, legislação, contratos de manutenção), a gestão de recursos comuns do edifício (tais como salas de reunião, auditórios e áreas de lazer), entre outros. 2.11. Edifícios Inteligentes e Sustentabilidade Edifício verde ou green building, é aquele que leva em conta o desempenho do empreendimento com base na nova concepção de “ edifícios sustentáveis”, ou seja, leva em conta a eficiência energética, arquitetura bioclimática, uso racional da água, materiais sustentáveis, conforto no ambiente construído, processos e tecnologias construtivas sustentáveis, gestão de resíduos de obra e resíduos gerados na operação do edifício, responsabilidade social, etc. Quando um empreendimento é concebido para ser um green building, o conceito de inteligência é aplicado desde a fase do projeto que é desenvolvido de forma a se reduzir os impactos no meio ambiente, considerando toda sua vida útil: construção, uso e operação, retrofit ou demolição. Existe uma diversidade de tecnologias que reduzem estes impactos, dentre as quais podemos citar: aproveitamento de águas pluviais, tratamento de esgotos ou águas cinzas provenientes das torneiras e chuveiros, aquecimento solar, adoção de padrões ou conceitos de arquitetura adequados às condições climáticas locais, equipamentos condicionadores de ar de alto desempenho, sistemas de filtragem de ar dentre outras soluções. Por outro lado, entende-se que a inteligência de um edifício não pode ser avaliada apenas pela quantidade de sistemas automatizados disponível no mesmo, pois um edifício pode ter um elevado nível de automação e não ser, necessariamente inteligente. Então um edifício inteligente deve implementar conceitos de inteligência aos elementos que o compõe por meio de um projeto integrado. A preocupação com o desenvolvimento sustentável ganhou impulso a partir da ECO92, realizada no Brasil, quando governo, empresas, e sociedade civil passaram a se empenhar em desenhar instrumentos de política e de gestão que levassem em conta, além das preocupações econômicas, a dimensão social e ambiental. Este movimento veio pouco a pouco chegando ao setor de construção, ganhando impulso maior a partir do ano de 2000. A figura a seguir mostra as vantagens de uma edificação verde: grandes reduções em gastos com energia, consumo de água e na geração de resíduos sólidos. Em contrapartida há um aumento no orçamento da construção. No centro da imagem, é possível encontrar os diversos sistemas que 35 permitem essas reduções. Ainda, à direita são exemplificados diversos edifícios brasileiros que possuem selos verde. Figura 8 - Edifícios sustentáveis. Fonte: Jornal Estadão 36 O sistema de certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) foi desenvolvido pelo United States Green Building Council em 1993. É uma certificação voluntária e uma metodologia amplamente difundida e de grande adesão. No mercado brasileiro, o Green Building Council Brasil dissemina o sistema de certificação LEED. Com um grande trabalho iniciado em janeiro de 2008, o GBCB reuniu profissionais altamente capacitados, dentre eles, professores, projetistas, engenheiros, biólogos, arquitetos, médicos, consultores, profissionais LEED AP (credenciados pelo USGBC), associações de classe, que se reuniram e trabalharam voluntariamente, compartilhando experiência e conhecimento técnico para interpretar a adaptar o modelo do LEED-NC para a realidade brasileira. Foram criados cinco comitês temáticos, que abordam os cinco critérios de avaliação da ferramenta LEED: Espaços Sustentáveis (SS),Uso Racional de Água (WE), Energia e Atmosfera (EA), Materiais e Recursos (MR) e Qualidade Ambiental Interna (EQ). Está previsto para entrar em vigor até o final deste ano a regionalização do sistema de certificação LEED sendo que todo o processo de adaptação será apresentado e aprovado pelo USGBC. Outro referencial que começa a ganhar espaço no Brasil é o AQUA – Alta Qualidade Ambiental, que consiste em uma adaptação técnica para o Brasil do modelo Francês HQE (Haute Qualité Environnementale), ferramenta de avaliação de critérios de sustentabilidade em edifícios utilizada em países da Europa desde 2002. Para obter a certificação LEED de uma edificação, primeiramente, o projeto deve ser registrado junto ao USGBC para indicar se atenderá a todos os pré-requisitos exigidos para atingir uma determinada pontuação. A certificação só será efetivada após a construção do prédio e a confirmação de que os pré-requisitos foram atendidos. De acordo com o número de pontos obtidos por uma determinada edificação, esta poderá ser certificada em uma das seguintes classificações: Platinum (“platina”), Gold (“ouro”) ou Silver (“prata”). Hoje, já existem no Brasil vinte e quatro projetos registrados para obtenção da certificação LEED, sendo que somente um já obteve a classificação na categoria prata. Na construção civil os termos sustentabilidade ou construção sustentável, são conceitos ainda novos, que implicam novos paradigmas, é importante ressaltar que seja natural a existência de várias linhas de atuação, pesquisas ou projetos em desenvolvimento voltados a esta questão. É fundamental, no entanto, atenção às questões socioambientais e a todas as abordagens das questões e tecnologias 37 sustentáveis de uma construção, e não apenas a uma abordagem parcial de um ou outro aspecto da sustentabilidade, pois isto não garante que um empreendimento seja realmente sustentável, mas atenda somente um aspecto dentro de uma gama de soluções a serem implementadas para que se obtenha a certificação. Para estabelecer critérios e validar um edifício sustentável ou “green building”, existe uma grande diversidade de modelos para certificação ambiental de edifícios no mundo. As certificações, além de possuírem grande peso e impulsionarem o movimento da sustentabilidade na construção, são formas consistentes de se medir o desempenho ambiental do empreendimento. Baseadas em avaliações de entidades independentes, agregam credibilidade e permitem a comparação de desempenho em edifícios diferentes. No Brasil, vem sendo adotado o modelo internacional de certificação ambiental para edificações, presente em 78 países: o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedido pelo USGBC (United States Green Building Council), Organização Não Governamental (ONG) que promove a construção sustentável. O LEED define critérios a serem atendidos pelo empreendimento em seis grandes capítulos: escolha sustentável do terreno; uso racional da água; uso racional de energia e emissões atmosféricas; consumo de materiais e geração de resíduos; qualidade do ambiente construído; e processo de inovação e projeto. Para ampliar as possibilidades e desenvolver ao máximo a sustentabilidade do ambiente construído, existem certificações LEED para novas construções, edifícios já existentes, interiores comerciais, edifícios comerciais, construções residenciais e desenvolvimento urbano, desta forma temos: Certificação LEED for New Construction: Avalia e reconhece as soluções sustentáveis adotadas em novas construções para reduzir impactos causados no meio ambiente pelo seu projeto, construção e uso. Certificação LEED for Core & Shell: Avalia e reconhece as soluções sustentáveis adotadas no empreendimento para reduzir os impactos causados no meio ambiente pelo seu projeto, construção e uso, considerando o núcleo do edifício, as áreas comuns e as fachadas da edificação. Certificação LEED for Commercial Interiors (LEED CI): Avalia e reconhece projetos de interiores de alto desempenho ambiental, que criam ambientes internos mais saudáveis e produtivos para os usuários, têm baixo impacto ambiental e baixos 38 custos de operação e manutenção. O LEED CI possibilita o desenvolvimento de projetos sustentáveis mesmo que não se tenha o controle sobre a operação e uso da edificação como um todo. Certificação LEED for Existing Buildings: Avalia e apresenta os requisitos para que os proprietários e operadores do edifício possam desenvolver a operação e as práticas de manutenção sustentáveis e, assim reduzir o impacto ambiental durante o seu ciclo de vida. Nesta certificação, vários aspectos podem ser abordados, tais como: uso consciente e racional de água e energia, a qualidade do ar e ambiente interno, programa de manutenções das áreas externas, produtos ambientalmente corretos para limpeza, entre outros. A construção sustentável se inicia na fase de projeto, com uma concepção que busca identificar as necessidades dos clientes, as condições climáticas e os materiais locais, as potencialidades e as tecnologias sustentáveis passíveis de serem desenvolvidas e implantadas. A construção sustentável alia concepção de projeto a um melhor e mais eficiente desempenho ambiental do empreendimento, de suas partes e dos sistemas prediais, visando um comportamento eficaz durante a fase de uso e operação, menores custos operacionais, respeitando-se o meio ambiente, os usuários, a comunidade, a sociedade e as futuras gerações. 39 3. EXEMPLOS DE SMART BUILDINGS Neste capítulo serão apresentados dois exemplos de edifícios inteligentes. O primeiro deles foi construído na China e o segundo foi construído em São Paulo, no Brasil. Com isso pretende-se mostrar as qualidades e deficiências de cada um e também fazer um comparativo entre a realidade brasileira e a internacional. 3.1. PEARL RIVER TOWER O Pearl River Tower, localizado em Guangzhou, na China, é um edifício com 71 andares e 309 metros de altura e é exemplo de edifício inteligente, que leva em consideração a interação de toda a estrutura do edifício e seus sistemas. O projeto possui diversas tecnologias inovadoras, que trabalham juntas para reduzir a quantidade de energia consumida devido ao funcionamento da edificação. Esses sistemas também fornecem altos níveis de conforto humano e qualidade do ar que vão além daquilo que os processos mais comuns são capazes de oferecer. A fachada do Pearl River Tower possui um sistema que controla a quantidade de luz solar, e consequentemente, calor que entra através da mesma. O clima na região onde o prédio está localizado é quente e úmido, por isso a necessidade de que esse sistema seja implantado, atuando como regulador térmico. As três próximas figuras mostram uma planta de um pavimento tipo do Pearl River Tower e sua fachada. Figura 9 - Planta Baixa de um pavimento do Pearl River Tower. Fonte: Banco de imagens do Google. 40 Figura 11 - Fachada do Pearl River Tower. Fonte: SOM Figura 12 - Abertura para entrada de vento. Fonte: SOM Entre as tecnologias presentes está a fachada dupla ventilada internamente, com brises automatizados, nas faces norte e sul, e um sistema com vidros triplos de alta performance com brises externos automatizados nas faces leste e oeste. As fachadas ventiladas com duplo ou triplo envidraçamento permitem maior flexibilidade no layout das salas, devido às temperaturas reduzidas e variação de radiação solar. Assim, o conjunto permite elevado desempenho térmico e níveis de translucidez que 41 levam ao aumento da captação da luz solar e redução no uso de iluminação artificial. Um sistema de desumidificação utiliza o calor coletado pela fachada dupla como fonte de energia. O sistema desacoplado de ventilação possibilita aumentar a qualidade interna do ar e a efetividade de suas mudanças, muito importantes na China. Já o resfriamento por radiação eleva o conforto térmico, reduz o consumo de energia com ventilação e os custos de manutenção, tornando mais eficientes as trocas de calor. Os feixes de refrigeração, junto com o sistema de radiação de resfriamento, trazem a sensação de resfriamento direto para os espaços ocupados, incorporando a água refrigerada encanada, que resfria a sala pela convecção e radiação de transferência de calor. No caso do Pearl River, o desenho das turbinas de vento centrais verticais utilizou a geometria da torre para aumentar significativamente a performance do sistema, instalado em pontos correspondentes a 1/3 e 2/3 da altura do prédio. Uma das maiores inovações do edifício são as turbinas integradas nas linhas centrais verticais, que distribuem os ventos predominantes vindos do sul e do norte com menor perda de eficiência. A forma curvilínea da construção aumenta o desempenho, ajudando a afunilar o ar para as entradas das turbinas na fachada. Estudos previram que as entradas na fachada aumentarão a velocidade do vento em 2,5 vezes. A força é então convertida em energia a ser usada no edifício. Para otimizar o desempenho das turbinas eólicas, a maior fachada do prédio volta-se para o sul, que recebe o maior volume de vento durante quase todo o ano. Toda a energia produzida pelas turbinas é utilizada para alimentar os dispositivos e equipamentos eletrônicos dos escritórios da torre. Depois de girar as turbinas, o vento é redirecionado para o sistema de ventilação. A seguir mostram-se as principais inovações presentes no edifício, que fizeram o mesmo receber a certificação de edifício inteligente. 42 Figura 10 - Exemplificação de alguns conceitos presentes no Pearl River Tower. Fonte: Banco de imagens do Google. Na parte superior do edifício, há uma rede de painéis solares que absorvem a energia solar e a transformam em eletricidade. Apesar disso, estes painéis não são usados para alimentar os dispositivos eletrônicos. A energia proveniente do Sol é aproveitada para controlar as persianas automáticas, ou seja, para escurecer os ambientes ou impedir que a luz entre nos escritórios. Na figura seguinte é possível 43 observar o estudo de temperatura dentro de um ambiente. As cores avermelhadas indicam uma maior temperatura e azul, uma menor temperatura. Figura 13 - Estudo de calor no interior do edifício. Fonte: SOM Além dos painéis na parte de cima, a Pearl River Tower conta com células fotovoltaicas instaladas nas persianas. Essas células funcionam de forma parecida com os painéis, ou seja, captam a energia solar e a transformam em eletricidade. Mesmo utilizando uma série de tecnologias para economizar energia elétrica, o Pearl River Tower não consegue se sustentar apenas com as fontes de energia alternativas. As turbinas que aproveitam o vento para alimentar aparelhos eletrônicos, por exemplo, ajudam com apenas 4% do total de energia necessária anualmente. Essa “baixa” quantidade de energia é fruto dos ventos inconstantes da região. Em alguns momentos, a velocidade do vento é de 8 km/h, porém, em outras ela atinge 225 km/h. As turbinas foram programadas para trabalhar com velocidades diferentes, por isso não oferecem eficiência energética elevada.Apesar de não atingir perfeição em eficiência energética, a edificação consome 58% menos energia do que outras construções similares — combinando o sistema de ventilação, iluminação e os demais que evitam o uso de aparelhos eletrônicos adicionais. A seguir, é possível perceber um comparativo entre um edifício comum e o Pearl River Tower, nos quesitos: 44 resfriamento do espaço, evolução de calor, bombas, ventiladores e iluminação. Há redução de consumo de energia em todos eles. Figura 14 - Comparativo entre um edifício comum e o Pearl River Tower, quanto ao consumo de energia. Fonte:SOM Esta abordagem do design 100% integrado permitiu reduzir a pegada de carbono e também o consumo de luz e energia elétrica - requerida para operações de resfriamento, aquecimento, desumidificação, ventilação e iluminação - em mais de 50%, em comparação com o Código Energético Chinês, que é bem mais restrito que o Ashrae 90.1. As práticas encontradas no Pearl River Tower expõem um novo padrão de desenvolvimento sustentável, relacionado à eficiência energética, ao desempenho econômico e à saúde humana. Ao trabalhar com esses conceitos, os profissionais envolvidos em conectar forças de energia natural, desenho responsável e uma bela forma arquitetônica também colaboram com outros fatores, como a possibilidade de redução do valor do condomínio e a expectativa de aumentar a produtividade das pessoas que trabalharem na edificação, devido ao conforto térmico, iluminação natural, ventilação e acústica dos espaços. 45 3.2. ELDORADO BUSINESS TOWER Inaugurado em 2007, o Eldorado Business Tower é considerado um dos edifícios mais inteligentes do Brasil. O edifício localiza-se em São Paulo, num dos bairros mais importantes financeiramente para a cidade. O Eldorado Business Tower é ocupado majoritariamente por escritórios de empresas, possui 36 andares, sendo 32 pavimentos, 4 subsolos, um edifício garagem com 7 pavimentos, um heliponto e um centro de convenções, dispostos em 128.645m² de área construída e uma altura total de 141m. A próximas duas figuras mostram a fachada do edifício. Figura 15 - Fachada do Eldorado Business Tower. Fonte: Banco de imagens do Google 46 Figura 16 - Fachada do Eldorado Business Tower. Fonte: Banco de imagens do Google Desde sua concepção, a edificação foi pensada de uma forma moderna e consequentemente, inteligente. Os idealizadores tinham em mente um projeto audacioso para a realidade brasileira, quase sempre defasada em relação à mundial. O projeto baseou-se em quatro pilares principais, dentre eles a capacidade de ser altamente conectado com os mais diversos sistemas. Além disso, era importante que o projeto fosse flexível, moderno e ecologicamente correto. A seguir mostra um corte esquemático da edificação. 47 Figura 17 - Corte esquemático da edificação. Fonte: Banco de imagens do Google O projeto começou a tornar-se realidade em 2006, quando as obras de construção se iniciaram. A construtora buscou as inovações necessárias em projetos de outros edifícios espalhados pelo mundo e assim, o resultado alcançado foi bastante satisfatório. Um primeiro ponto importante, inovador na época da concepção do projeto, porém muito mais comum hoje em dia, é a fachada envidraçada. O vidro utilizado, na cor verde, permite que 70% da luz solar ultrapasse a fachada e além disso, apenas 28% do calor também ultrapassa as placas de vidro. Apesar de o vidro usado na construção ser aproximadamente duas vezes mais caros que o vidro convencional, o benefício alcançado a curto e longo prazo é muito maior. Comprovadamente, a curto prazo, ainda durante a construção, com a diminuição da 48 necessidade de uso de ar condicionado para refrigeração dos ambientes, o projeto conseguiu reduzir custos em elementos estruturais, já que há menor carga. Estima-se que houve uma redução de aproximadamente 600 aparelhos de ar condicionado, que também auxilia na contenção de despesas com energia, a longo prazo. As janelas das salas possuem persianas automáticas que controlam a abertura e fechamento de acordo com a posição solar. A seguir mostra-se a passarela de interligação entre o empreendimento e um shopping próximo. Figura 18 - Passarela de ligação entre o edifício e o shopping. Fonte: Banco de imagens do Google Os aparelhos de ar-condicionado utilizados basearam-se em uma tecnologia japonesa, que consome menos energia e permite o controle individual de temperatura. Além disso, essa tecnologia é mais eficiente, pois em épocas de grande utilização, é possível manter os aparelhos funcionando apenas onde há necessidade, 49 diferentemente dos aparelhos de ar-condicionado com sistema central de água gelada, onde há uma central de resfriamento única. O edifício ainda possui mais tecnologias que ajudam na redução de gastos com energia elétrica. Os elevadores possuem um sistema regenerador de energia. Em cada chegada e partida do elevador, o mesmo gera energia a partir de um dínamo, fazendo a compensação de um elevador para o outro, ou seja, quando um está acelerando e o outro desacelerando, o que está desacelerando gera energia para o que está acelerando. Esse mecanismo é capaz de economizar de 40% a 50% na energia usada com os elevadores. Durante a construção, os sistemas prediais foram devidamente comissionados, assegurando que foram executados e testados e que operam de acordo com o previsto em projeto. Por isso, há um sistema de medição de energia individualizado com sistema informatizado para o gerenciamento integrado de energia do edifício como um todo que funciona perfeitamente. Além disso, há um sistema conhecido como “Roda entálpica”, que aproveita a energia térmica remanescente do ar (frio), que é retirado do prédio, permitindo esfriar o ar que está entrando no edifício, reduzindo assim o consumo de energia para o condicionamento de ar. Também há economia na utilização de água. Parte dela é reaproveitada. A água de chuva é captada, tratada e aproveitada para uso em irrigação, lavatórios, lavagem de pisos e mictórios, além do uso nos espelhos d`água. As plantas e árvores adotadas em projetos para a urbanização são de espécies que necessitam de menor quantidade de água para irrigação. Os vasos sanitários possuem caixas acopladas. Além disso, juntamente com os lavatórios, há sensores com fechamento automático. Além dos aspectos já citados, outros foram levados em consideração, tais como: Infraestrutura adequada para realização da coleta seletiva; Seleção e aplicação de materiais com alto conteúdo reciclado; Materiais extraídos, beneficiados e manufaturados dentro de um raio de 800km; Utilização de produtos com madeira certificada FSC; Utilização de gases refrigerantes para o sistema de condicionamento de ar com baixo potencial de agressão à camada de ozônio e ao aquecimento global; Proibição do fumo no interior do edifício e nas áreas próximas das tomadas de ar e janelas; Projeto desenvolvido para se obter uma alta taxa de renovação do ar nos 50 ambientes e a sua filtragem por filtros especiais; Sensores de CO2 para monitorar e assegurar a adequada renovação do ar nos ambientes internos; Seleção e aquisição de tintas, selantes, vernizes e carpetes com baixa emissão de COV (Compostos Orgânicos Voláteis), prejudiciais à saúde dos ocupantes; Implantação de um Plano de Gestão da Qualidade do Ar Interno durante a fase de obra, garantindo o ambiente e os dutos de ar condicionado limpos para os ocupantes; Grandes áreas envidraçadas nas fachadas para garantir a integração do usuário com o ambiente externo. A economia de energia e água, além dos outros fatores, foram comprovados e ajudaram ao projeto receber, em 2009, a certificação LEED C&S Platinum, que é o mais alto nível de certificação emitido pelo Conselho Americano de Edifícios Verdes. O Eldorado Business Tower foi a primeira edificação brasileira a receber a certificação. Essa certificação avalia o projeto e a construção de uma edificação, considerando soluções e tecnologias que auxiliam na redução de impactos ambientais. Assim, após aproximadamente dois anos após o término de sua construção, receber tal certificação comprova a eficácia do projeto e das soluções adotadas. Finalmente, em números, a eficácia do projeto fica comprovada: Houve uma redução de 18% no consumo de energia; 33% de economia no consumo de água potável, comparado ao padrão norte-americano; 30% de todo material empregado é de origem reciclada; 50% de todo material adquirido é de origem local; 74% de todo resíduo gerado na obra foi desviado de aterros; 95% de toda madeira certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council); 100% de economia de água potável para irrigação; 25% de redução da vazão e volume de água lançada na rede pública durante as chuvas. 51 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a análise de uma série de sistemas e soluções que tornam um edifício verdadeiramente inteligente e após analisar alguns edifícios já construídos utilizando algumas dessas soluções, pode-se verificar se a opção por um projeto inteligente é viável ou não. Para isso, deve analisar as despesas com manutenção e conservação (ou pós-obra) e construção, sendo essa comparada a um edifício sem qualquer inovação tecnológica. Fica claro agora que, os smart buildings são mais econômicos após a conclusão de sua construção, visto que as técnicas implementadas levam sempre a uma redução de gastos em energia, uso de água, entre tantas outras. Além disso, os benefícios ao meio ambiente e aos usuários agregam valor social ao projeto. Por outro lado, o custo de construção é um pouco maior em relação à obras convencionais. Mesmo assim, o custo com manutenção e conservação de um smart building compensa em pouquíssimo tempo o gasto elevado inicial. O que se pôde verificar é que um edifício inteligente custa até 2% a mais que um convencional, pois agrega várias equipes voltadas para obtenção da melhor solução técnica. Essa dedicação demanda um tempo maior de estudo das alternativas para a escolha da mais adequada para cada tipo de edificação e do impacto que ela causará no meio ambiente no qual será inserida. Ainda, podem-se elencar outras vantagens econômicas obtidas com a construção de um edifício inteligente: Há uma redução significativa nos custos condominiais, pois quando o gerenciamento de energia está presente, há medição individualizada de água, gás e energia. Então, os custos com concessionárias são menores se comparados com outras edificações na mesma região. O aluguel em edifícios inteligentes sustentáveis tem seu valor 30% maior que em edifícios convencionais (TAVARES, 2006), o que os torna um atrativo para investidores em imóveis. Reutilizando recursos naturais renováveis garante-se sustentabilidade e baixos impactos ambientais. A aplicação de fontes alternativas para geração de energia limpa, o tratamento de efluentes, entre outras ações garantem também retorno 52 financeiro e melhoria no meio ambiente, pois evitam a degradação do mesmo. Podese enfatizar também que o uso racional dos recursos naturais permite que sejam postergados grandes investimentos em obras de geração de energia e captação de água, pois gera sobra nos atuais sistemas, pela economia alcançada. Em países da Europa e nos Estados Unidos, a construção inteligente já está incorporada na construção civil e existe certificação para os edifícios, o que agrega mais um valor a construção e incentiva novas construções. Os exemplos mostrados nesse trabalho indicam a diferença entre o que é projetado no Brasil e ao redor do mundo. Apesar do esforço brasileiro em tentar abrigar tecnologia em seus edifícios, buscando inclusive espelhar-se em construções estrangeiras, verifica-se que ainda assim, há uma enorme diferença desde a concepção até a conclusão entre os smart buildings. Com a conscientização de construtoras, projetistas e profissionais da área, além de incentivo à aplicação dos conhecimentos humanos na construção civil, será possível, num futuro próximo, a existência de uma forma de construir e consequentemente, viver, muito melhor. As vantagens geradas pela supervisão e gerenciamento em edifícios fazem da inteligência predial um investimento com retorno rápido. Alguns dos principais benefícios são: Economia de energia elétrica - (através da ação coordenada através da integração de vários sistemas e dos equipamentos consumidores: ar condicionado, elevadores, iluminação, bombas, possibilitando maior controle da demanda total); Diminuição dos gastos com empresas de segurança; Aumento da disponibilidade das instalações; Redução de custos com manutenção corretiva; Racionalização na utilização de equipamentos; Diminuição dos riscos de má operação dos sistemas; Programação de horários dos dispositivos. Em consequência destes benefícios, os sistemas que constituem o edifício podem, com certeza, alcançar maior valor de mercado. Além disto, são obtidos, naturalmente, diversos benefícios qualitativos, não mensuráveis financeiramente, como conforto e segurança. O fator econômico, de acordo com Scaliter (1999) e Bardelin (2004), podem marcar o limite que a eficiência de um gerenciamento deve atingir, ao mesmo tempo 53 em que a tecnologia pode corresponder ao “esbanjamento” de atribuições e qualidades, quando não existe adequação entre ela e o problema que se pretende resolver. A grande questão não está somente no investimento, que corresponde a cerca de 2 a 3% do custo total da obra (Pinto, 2000) para um período de amortização compreendido entre dois e cinco anos, mas, também, na forma de com que se gasta recursos nos serviços de manutenção e, também, na necessidade de projetar o sistema como um todo, de forma que haja integração, com atenção na sua funcionalidade e operacionalidade. E ainda, encontra-se dificuldade com o alto custo dos equipamentos e a falta de profissionais (engenheiros de sistemas que dominem bem todas as funções de um edifício e, ao mesmo tempo, as possibilidades tecnológicas dos sistemas de automação). Numa breve análise da situação atual, existe, em um mesmo edifício, uma grande quantidade de equipamentos que utilizam, de forma independente, informações para a realização de suas tarefas, dificilmente compartilhando elementos comuns, descartando recursos e aumentando as necessidades de espaço para as instalações, além de gerar um nível maior de suporte de pessoal qualificado e de manutenção. Assim, não havendo integração, não se pode dizer que um edifício é inteligente. Incluir equipamentos de alta tecnologia em um edifício, ainda que seu custo possa parecer elevado, permite sua amortização rápida, pelos benefícios conferidos: Economia energética, em consequência do poder de atuação imediata nos pontos em que as instalações ou deixaram de ser aproveitadas, ou apresentam um consumo elevado em relação às necessidades ou, finalmente, um afastamento dos parâmetros de funcionamento; Manutenção mais eficiente, como resultado da melhor vigilância sobre o sistema e da possibilidade de atuar desde a central, diminuindo manipulações diretas aos equipamentos; Diminuição do pessoal de manutenção e diminuição do tempo de procura de avarias, pois o equipamento as detecta imediatamente; Vigilância total de todas as instalações; Por estar ainda iniciando a aplicação desta nova maneira de projetar e construir, os benefícios econômicos recebem mais valor do que os benefícios ao meio ambiente. 54 Ainda hoje, a falta de informações quanto à maneira de projetar um edifício inteligente gera uma dificuldade para sua construção em larga escala, pois apenas algumas construtoras se dispõem e possuem profissionais com conhecimento adequado para projetar um edifício deste tipo. Fica claro então, que realmente os edifícios inteligentes têm suas vantagens, tanto economicamente, quanto relacionadas ao meio ambiente, por exemplo. Precisase, na verdade, mostrar à população e ao ramo empresarial que essa opção é viável, apesar de aparentar ao contrário, em uma análise superficial. A tendência é que com o avanço da tecnologia, novas inovações surjam e futuramente será possível realizar novos estudos relacionados ao tema, que terão um embasamento maior, diante da quantidade de exemplos que se estará disponível para pesquisas. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, E. M. L., Avaliação de Desempenho Ambiental de Edifícios: Uma Percepção dos Agentes da Construção Civil no Mercado do Espírito Santo, Artigo, 2005. BRUNDTLAND, H., LEED-NEC como sistema de avaliação de sustentabilidade: uma perspectiva nacional, Artigo, 2007. CTE – Centro de Tecnologia de Edificações/Gafisa. ELDORADO BUSINESS TOWER. Manual do Locatário. Diretrizes para a sustentabilidade, 2011. 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