2 Revista Fui Sambar EDITORIAL expediente A coragem de fazer diferente Revista Fui Sambar é uma publicação informativa trimestral do site www.fuisambar.com.br Presidente: Junio Amaro Jornalista Responsável: Flávia Nunes - 13788mg Projeto Gráfico, Arte e Diagramação: Junio Amaro | Revisão: Nicibel Silva, Flávia Nunes e Fernanda de Souza. Colaboradores: Fernanda Souza, Flávia Nunes, Grupo Bom Gosto, Jorge Aragão, Dois Elementos, Dóris Samba, SambaVip e Junio Amaro Tiragem: 5.000 Contato / Publicidade: (31) 9815-9742 [email protected] www.fuisambar.com.br indice A união de três profissionais “malucos” e amantes do samba resultou em mais uma edição da Revista Fuisambar. Nossa história está apenas no início, nosso “filho” que nasceu há apenas um ano está começando a dar seus primeiros passos. Foram muitos dias de aprendizado e cuidado redobrado. Desde o início, nossa vontade foi fazer da revista Fuisambar um veículo de comunicação de qualidade e credibilidade. A dedicação de toda a equipe nesses sete primeiros exemplares serviu para mostrar a todos que trabalhamos com responsabilidade e respeito com nossos parceiros: público, colaboradores e anunciantes. Nunca achamos que fosse fácil, mas apostamos no novo e no diferente. Não estamos aqui para competirmos e sim para somar e dar visibilidade ao samba e ao pagode mineiro. Muitos nos apoiam e outros não. Mas a força de vontade e o sonho falam mais alto. Não acreditamos que o nosso público seja tão leigo que não aprecie e goste de uma boa leitura. Acreditamos também que a união faz a força e juntos seremos mais fortes. O nosso grande desafio ainda é conseguir a credibilidade de alguns produtores mineiros que não apostam nessa ideia inovadora. Mas aos poucos estamos conquistando o nosso espaço no cenário nacional e mostrando que estamos trabalhando para a promoção de todos. Esse é um trabalho sério e feito por profissionais capacitados que investem em suas formações para fazer o trabalho bem feito. Sabemos o que estamos fazendo e fazemos de forma profissional e sem competição nenhuma. Obrigada a todos que estão recebendo com carinho mais uma edição. E não cansamos de reafirmar que o nosso principal objetivo é ter vocês como leitores fiéis, fortalecendo e nos ajudando a melhorar cada vez mais as próximas edições. Nossa missão é fornecer um novo olhar de informação para os adeptos desse ritmo que encanta o público mineiro. Hoje entregamos a sétima edição recheada de pessoas bacanas e assuntos relevantes ao dia a dia dos sambas e pagodes do cenário nacional, de Belo horizonte e região. Esperamos que gostem de mais uma viagem ao cenário musical de forma impressa nesta edição da Revista Fuisambar! Por: Flávia Nunes 10 e 11 | Bom Gosto, a mistura de ritmos 12, 13 e 14 | JORGE ARAGÃO O poeta do Samba 8 | O talento e 0 carisma de Doi2 Elementos Revista Fui Sambar 3 4 Revista Fui Sambar Revista Fui Sambar 5 samba vip SAMBAVIP: Versatilidade e charme nas rodas de samba nova geração do mundo do samba e seguindo as vertentes do que há de melhor em nossa música brasileira. O grupo possui um vasto repertório em que está incluído Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, passando por Revelação, Exaltasamba, chorinhos, além de um resgate aos velhos e bons sambas e pagodes dos anos 90, que marcaram gerações. “Para esse projeto se tornar realidade precisávamos de pessoas certas, com os mesmos objetivos e bagagem musical. Pesquisamos nomes com muito cuidado e cautela, pois não dependia só de ser músico, teria que ter um histórico rico na vida musical no samba de Belo Horizonte. Cada integrante tem suas funções extra palco, ficando cada um responsável por uma área, para o bom funcionamento do grupo”, conta o músico Ed Sax. Hoje o grupo Samba conta a seguinte formação: Jô Delirô, Ed Sax, Juninho, Camilo, Leomar, Lucianderson e Tinininha. O grupo Samba VIP está tocando em vários locais de Belo Horizonte e região metropolitana, sendo responsáveis pela roda de samba mais charmosa da cidade, onde o samba e a alegria desfilam com maestria em cada show. Flávia Nunes Fotos: Junio Amaro Samba VIP foi criado a partir da ideia dos músicos Jô Delirô e Ed Sax, que acostumados a dividir os palcos com artistas consagrados e em famosas rodas de samba nas noites mineiras, tiveram a brilhante ideia de se unir e fazer um grupo diferente e contagiante, aliando o samba e o partido alto e a MPB. Com novos arranjos estão contagiando os amantes da roda de samba com muita batucada e swing. Em que a principal ideia dessa rapaziada é não deixar ninguém parado e trazer charme para os shows. Samba VIP atualmente vem conquistando respeito e espaço nesta 6 Revista Fui Sambar O talento e 0 carisma de Doi2 Elementos ENTREVISTA pelos samba de Jorge Aragão, João Nogueira e outros, a dupla tem uma linha musical no samba rock, samba funk, porém o repertório foi crescendo tanto que hoje eles tocam todos os ritmos pedidos pelo público, dando sempre a elas a personalidade musical da banda. No começo do ano passado eles deram início a primeira música de trabalho, intitulada “É Hoje”, composta por Alex Martins e Fábio Martins. E recentemente a dupla foi convidada para fazer uma apresentação na “Virada Cultural 2015”, que aconteceu nos dias 12 e 13 de setembro. “Para nós foi maravilhoso. Pois, estamos prestes a lançar nosso primeiro trabalho gravado. E essa oportunidade nos ajudou na divulgação da nossa música Fogo e Prazer, de autoria de Juninho de Souza e Betinho Moreno”. Explica Nando Carvalho. Para chegar até aqui a dupla passou por várias dificuldades, mas ressalta que a maior delas é a concorrência desleal que existe no mercado. Pelo fato de serem apenas dois artistas, alguns contratantes tentam colocar o preço do trabalho pela quantidade e não pela qualidade profissional dos músicos. O próximo passo da banda é fazer o lançamento do álbum batizado de “Nossa Rádio”, que tem previsão para ser lançado em novembro deste ano e, assim, consolidar o trabalho, já pensando no próximo CD, com 100% de músicas autorais. Fotos: Divulgação Da fusão de dos músicos, Nando Carvalho e Ney Corrêa, surgiu no ano de 2013 a banda Doi2 Elementos. A ideia surgiu depois de uma parceria antiga que os dois tinham em uma banda de samba. “Como eu já fazia barzinho, resolvi incrementar o som com uma percuteria. Desde então, foi sucesso, graças a Deus!”, comenta Nando Carvalho. O nome Doi2 Elementos surgiu por necessidade, Ney Corrêa conta que quando tocavam em barzinho usavam os nomes artísticos. Porém o som que eles faziam agradou o amigo de Nando, Beto Carvalho, que quis inserir a dupla no circuito de boates. “Fizemos um show alto astral e, a partir dali, fomos convidados a tocar em outras casas. Como somos apenas dois veio a ideia do nome Doi2 Elementos”; com risos comenta Ney Corrêa. A banda chama atenção por onde passa, pois por meio do talento singular de Ney Corrêa e a pegada de violão de Nando Carvalho, eles conseguiram reproduzir um som “cheio”, dando a impressão no público de ser uma banda com mais integrantes. Influenciados Fernanda de Souza Revista Fui Sambar 77 samba mineiro A cantora Dóris é conhecida no cenário do samba belo-horizontino como intérprete e pesquisadora. A cantora traz para os palcos mineiros um rico repertório com diversos sambas de compositores consagrados e também de novos talentos da música popular brasileira. Canta ressaltando a carga emotiva das letras e, com sua contagiante alegria, valoriza a sonoridade rítmica e poética do samba. Dóris, acompanhada de músicos de harmonia e percussão, apresenta um repertório diversificado de sambas de compositores e intérpretes como: Cartola, Paulinho da Viola, Ataulfo Alves, Zé Ketti, Alcione, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Lecy Brandão, Luiz Melodia, Mart’nália, Djavan, Marisa Monte, Tim Maia, Vander Lee, Lulu Santos, Vanessa da Mata e outros. Foto:Arquivo Pessoal A paixão pelo samba a levou a se dedicar, além da interpretação, ao estudo e à pesquisa sobre o gênero. Dóris atuou como pesquisadora do livro “Heranças do Samba”, de Aldir Blanc, Hugo Sukman e Luiz Fernando Viana, editado pela Casa da Palavra, Rio de Janeiro, em 2004. É autora e coordenadora do projeto educativo “Cantando a História do Samba”, desenvolvido em escolas públicas e particulares da capital, outras cidades do estado e do Brasil . A iniciativa busca o envolvimento de professores das diversas áreas do conhecimento, por meio de oficinas de sensibilização interativa com os alunos. 8 Revista Fui Sambar SAMBA MINEIRO Carreira Em 2007, a cantora lançou o CD “Dóris Canta Samba”, com sambas de compositores mineiros como Ronaldo Coisa Nossa, Toninho Gerais, Serginho BH e Luiz Carlos da Vila, que compôs a música História do Samba e Ataulfo Alves Júnior, que gravou as músicas de seu pai. O CD é utilizado como suporte pedagógico no Projeto “Cantando a História do Samba”, coordenado pela ONG AMAC – Associação Musical Artística Cultural. No decorrer de sua carreira teve participações importantes com compositores e cantores como: Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Ilê Ayiê, Luiz Melodia no projeto SESC MPB, Maria Alcina, no show Aquarela Mineira de Carmem Miranda no Teatro Alterosa, dentre outros. A força da mulher no samba Para a cantora, as dificuldades para a mulher ingressar no universo do samba diminuíram. E muito. Quem assegura é uma autoridade no assunto, além de cantora é uma pesquisadora do gênero. “Nós, mulheres, estamos conseguindo conquistar esse espaço. Pode melhorar. Mas sou sempre bem recebida”, reforça a cantora, que, a cada dia que passa, percebe que a presença feminina vem se fazendo mais forte, conquistando cada dia mais seus espaços no cenário musical. “Acredito muito nessas conquistas. Vou sempre aplaudir o fato de mais mulheres estarem conquistando seu espaço”, conclui Dóris. Novo Show O show “Dóris canta Samba e outras Canções” é uma apresentação musical que valoriza o samba e a MPB como matrizes fundamentais da musicalidade e da cultura brasileira. Para quem deseja prestigiar a cantora Dóris, ela mantém agenda fixa no Jângal. Revista Fui Sambar 9 grupo bom gosto grupo Bom Gosto, a mistura de ritmos Com 14 anos de carreira, média de 25 shows mensais no Brasil e no exterior, o grupo Bom Gosto vem conquistando ao decorrer do tempo mais fãs de um samba diferente. Em cada CD lançado eles trazem uma inovação, misturando o samba ao rap, funk, blues e MPB. Segundo Fábio Beça, pandeiro e voz do grupo, cada um deles têm uma influência musical, dessa forma começaram a experimentar essa mistura de ritmos em seus shows, conseguindo assim imprimir a cara do grupo no cenário musical. No começo, a música era levada como uma forma de descontração, pois eles não tinham o objetivo de serem conhecidos nacionalmente, tocavam porque se sentiam bem fazendo isso. Depois de um tempo, o grupo deu início a Roda de Samba do Bom Gosto, evento feito por eles, que comemorou no último dia 30 de agosto, 10 anos de existência. A Roda de Samba começou com um público pequeno, mas aos poucos foi se tornando conhecida e o número de frequentadores aumentou bastante. Como boa parte dos grupos de samba e pagode, o Bom Gosto também teve em sua história um momento que os integrantes pensaram em desistir, decidiram que cada um seguiria o seu caminho. Mas essa decisão não durou por muito tempo, quando voltaram a tocar juntos decidiram então retornar para a roda de samba, montada por eles, foi aí que a carreira começou a deslanchar. Eles foram procurados pelas rádios e então gravaram o primeiro CD intitulado “Bom Gosto ao Vivo”, emplacaram sucessos como o “Amor Chegou” e “Camará”. No ano de 2009 gravaram o segundo CD e o primeiro DVD , “Roda de Samba do Grupo Bom Gosto”, para participar desse segundo álbum o grupo convidou Alexandre Pires, MV Bill e o Grupo Fundo de Quintal, padrinho da banda. 10 Revista Fui Sambar Depois do sucesso conquistado no Brasil chegou a hora de começar a dar voos mais altos com a primeira turnê internacional em 2011; o destino foi Portugal. No mesmo ano ao voltar para o Brasil eles lançaram o sucesso “A Casa Caiu”, “Patricinha de Olho Azul” e “Pronto pra Rodopiar”, que fizeram parte do CD “Deixa eu Cantar meu Samba”. O álbum contou ainda com a participação de dois grandes nomes do samba, Jorge Aragão e Arlindo Cruz. Já em 2012 o grupo fez a sua segunda turnê internacional, agora nos Estados Unidos. O samba do grupo Bom Gosto mostrou a sua cara em Orlando, Newark, Nova Jersey e Massachusetts. O quarto CD intitulado “Subúrbio Bom” foi à reafirmação da maturidade do grupo, que inseriu o blues no samba e teve a participação de Thiaguinho, Sandra de Sá, Fundo de Quintal e Xandy, do Harmonia do Samba. grupo bom gosto Renascimento No final do ano passado um dos vocalistas do grupo, Fábio Beça, teve que passar por um transplante de rim, após descobrir que estava com insuficiência renal e que somente 15% do seu órgão funcionava. Os irmãos fizeram teste de compatibilidade na época e descobriram que não eram compatíveis. Parentes e amigos se comoveram e se E, no próximo dia 27 de setembro, o grupo organiza um show com entrada franca no Parque Madureira, Rio de Janeiro. O evento vai reunir músicos, atores, esportistas e fãs numa tarde de muito samba e solidariedade. O objetivo maior da campanha é informar as pessoas e mostrar para elas a importância de se fazer o bem e salvar vidas. Fernanda de Souza Alexandre Revista Fui Sambar 11 Fotos: Arquivo pessoal No último dia 6 de setembro, o grupo fez a gravação do quinto CD, “Roda de Samba do Grupo Bom Gosto - Ao Vivo- Vol 2”. “Temos nesse momento duas músicas desse CD que foram divulgadas nas rádios antes mesmo da gravação do CD ‘Te dar Amor’ e ‘Agora Perdeu’”, Comenta Fábio Beça. envolveram na busca por um rim para o cantor, nessa corrida encontraram Marília, uma prima de Fábio de Belém do Pará, que foi compatível e resolveu fazer a doação. Após passar por todo esse problema de saúde, Fábio Beça ficou pensando em uma forma de levar informação para as pessoas; ele percebeu que boa parte da população não faz doação de órgão por falta de conhecimento. O grupo entrou de corpo e alma em uma campanha de doação de órgãos. A primeira ação do Bom Gosto foi visitar o Hospital da Criança, referência no transplante para crianças e adolescentes no Rio de Janeiro. Logo em seguida lançaram o clip “Gesto de Amor”, composição de André Renato. O clip foi feito baseado em um clássico mundial “We are the World” com a participação de nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Diogo Nogueira, Dudu Nobre, Arlindo Cruz, os grupos Fundo de Quintal, Sorriso Maroto e Revelação, Mumuzinho, Xande de Pilares, Leandro Sapucay, Anderson (do Grupo Molejo) e Marquynhos Sensação. O lançamento nacional do clip foi feito no dia 19 de agosto no canal Multishow. “Resolvemos gravar esse clip, porque achamos que não existe forma melhor de chamar a atenção das pessoas para um causa, senão por meio da música. Assim, por meio da música somada a esses artistas conseguiríamos atingir as pessoas”, diz Beça. ENTREVISTA Considerado um músico completo, compositor de grandes sucessos e fundador de um dos grupos mais conhecidos no cenário do samba, Jorge Aragão tem se dedicado à música, são quase 30 anos de carreira. O artista é um dos fundadores do grupo Fundo de Quintal, banda que integrou por alguns anos. Jorge Aragão decidiu sair do grupo quando percebeu que gostava mais de compor do que de fazer aparições artísticas em rádio e tv. Então sentou-se com os integrantes do grupo e decidiu sair para se dedicar mais ao que ele gostava verdadeiramente de fazer. Sua carreira como compositor começou a tomar forma em 1976, quando Elza Soares gravou a música “Malandro”, que fez um grande sucesso. Logo depois teve músicas gravadas por Beth Carvalho, Alcione, Leci Brandão, Ney Matogrosso, Zeca Pagodinho, 12 Revista Fui Sambar Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Jorge Vercílio, Jair Rodrigues, Art Popular, Exaltasamba e outros. Com uma carreira consolidada, hoje, Jorge Aragão tem 20 CD’s gravados e uma agenda anual de shows em cidades brasileiras, europeias, Estados Unidos e África. No começo de agosto, Jorge Aragão foi convidado para se apresentar na 31º edição do Festival Internacional de Música em Cabo Verde, na Ilha de São Vicente. ”Foi uma maravilha expor a musicalidade em Cabo Verde”, conta Jorge Aragão. Ele é um artista que é sempre bem recebido por onde canta, e fora do Brasil não é diferente. Em um show feito em Paris os ingressos eram computados por naturalidade, dessa forma a produção do show conseguiu mensurar que 70% do público que estava presente no evento eram franceses. Ele relata que a casa estava lotada, e que não sabe dizer o que causou isso. “Fui tocar nos Estados Unidos na época do Furação Irene, os meus shows estavam marcados no caminho que o furacão ia passar, consegui chegar até Nova York . Na ocasião toquei na Broadway, foi maravilhoso, tinha gente até do lado de fora”. Comenta. Nesses 30 anos de carreira, o compositor coleciona vários fãs e admiradores da boa música e do samba de raiz. Jorge Aragão comenta que Xande de Pilares e Anderson Leonardo do grupo Molejo sabem músicas dele dos primeiros CD’s, canções que nem ele lembra mais a letra. Marcelo Boy, integrante do grupo Sambha di Vinil é outro admirador Fotos: Arquivo pessoal ENTREVISTA Revista Fui Sambar 13 ENTREVISTAentrevista das músicas compostas pelo artista, ele comenta que Jorge Aragão é um músico completo. Além de um compositor sensacional, é um interprete maravilho. “Ouvir Jorge Aragão me inspira a falar de amor. Ele me incentiva a seguir cantando, pois também quero levar a poesia e a música para o povo ouvir”, comenta. Para um compositor que tem várias de suas canções na boca do povo, escolher a sua favorita é complicado. Então, segungo ele, 98% das composições são suas preferidas, pois fez do jeito que gosta. Ele lembra quando o pediram para compor a música tema da Globeleza, não estava muito empolgado fez porque foi pedido. Mas, reconhece que foi uma grande sacada, pois a música é tocada em todos os carnavais, há exatamente 20 anos. Como tudo na vida, o samba também passou e passa por várias mudanças e vem se adequando ao cenário atual. Jorge Aragão diz que precisa compor, mas não pode falar como os compositores de antigamente. “Sou atual dentro do que o samba é hoje”, diz. Uma das diferenças observadas por Jorge Aragão do samba para outros estilos musicais como, sertanejo e axé, é que eles se unem, são mais organizados, já o samba é mais festa, se tratando de segmento musical. Fala ainda que o samba hoje depende de muitos fatores, como gravadoras, rádios e não somente do pessoal. Com o pensamento no futuro diz que quer lançar um livro contando a sua história, quer deixar algo de bacana para ser lembrado quando não mais estiver presente. “Quero continuar trabalhando pelo mundo. Deus é muito bom comigo; vou continuar seguindo em frente, temos que aproveitar”. Jorge Aragão vai ser o próximo artista a ser homenageado no projeto Sambabook, que já teve histórias de João Nogueira, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho e Dona Ivone Lara. O projeto tem como objetivo resgatar a tradição do gênero. Hoje o mais recente sucesso de Jorge Aragão é a música “Um Samba Avassalador”, lançado nas rádios no segundo semestre deste ano. Fernanda de Souza Alexandre ENTREVISTA