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Visão Geral de Aplicações Governamentais para TV
Digital Móvil utilizando Ginga NCL
Edwar Velarde Allazo
Mestrando em Telecomunicações - Unicamp-Campinas (SP). Pesquisador do
Laboratório de Comunicações Visuais da Faculdade de Engenharia Elétrica e
Computação da Unicamp
[email protected]
Vicente Idalberto Becerra Sablón
Doutor em Engenharia Elétrica –Unicamp – Campinas(SP). Professor e Pesquisador do
Centro Unisal- Campinas (SP). Professor colaborador da Unicamp.
[email protected]
Yuzo Iano
Doutor em Engenharia Elétrica –Unicamp– Campinas (SP). Professor responsável pelo
Laboratório de Comunicações Visuais da Faculdade de Engenharia Elétrica e
Computação da UNICAMP.
[email protected]
RESUMO - Este trabalho apresenta as tecnologias necessárias para a implementação de
aplicações interativas na área de M-Government para TV digital móvel. No
desenvolvimento utiliza-se a parte declarativa de middleware do Sistema Brasileiro de
Televisão Digital, sendo o uso de Ginga NCL obrigatório em dispositivos portáteis.
Uma plataforma particular nestes dispositivos permite o uso da presente proposta em
um cenário de comunicação destinado ao diálogo entre o governo e a população.
PALAVRAS-CHAVES - Middleware, Ginga NCL, Interativa, Symbiam, MGovernment.
1. INTRODUÇÃO
A digitalização da transmissão do sinal de TV até os receptores dos usuários finais
representa novas possibilidades no oferecimento de conteúdo televisivo. Ela permite,
por exemplo, melhoria da qualidade de imagem e de som, oferecimento de maior
diversidade de conteúdos e também a transmissão de aplicações interativas. Tais
aplicações são executadas por meio de softwares em um receptor de sinal de TV.
Assim, uma das características mais importantes da TV digital portátil é o acesso ao
conteúdo televisivo a qualquer instante, em qualquer lugar e até mesmo em movimento.
Isso torna a TV digital atraente em um modelo de negócios (MORRIS e SMITHCHAIGNEAU,2005). Na verdade a TVD (Televisão Digital) permite a integração da
imagem com a capacidade computacional significativa no dispositivo receptor. Como
conseqüência tem-se o surgimento de uma vasta gama de novos serviços, como a oferta
de guias eletrônicos de programas, o controle de acesso a serviços bancários, serviços
de saúde, serviços educacionais e serviços de governo. A capacidade computacional
necessária ao novo sistema pode ser integrada no próprio dispositivo exibidor (aparelho
de TV digital, celular, PDA (Personal Digital Assistant) e telemobiles).
2.
M-GOVERMENT
Aplicações móveis de um governo, muitas vezes chamado, M-Government, é a
extensão da administração pública eletrônica para plataformas portáteis. Inclui o uso
estratégico pelo governo para prover serviços e aplicações que só são possíveis
utilizando-se celulares, computadores portáteis, assistentes digitais pessoais (PDAs) e
dispositivos similares.
As plataformas portáteis afirmam-se como um instrumento válido para o
relacionamento entre o estado e a população, "a qualquer hora e em qualquer lugar".
Elas servem para a atividade quotidiana de instituições públicas, sendo diversas as
possibilidades. De fato, as tecnologias disponíveis em dispositivos portáteis
acrescentam várias opções ao E-Government (KUSHCHU e KUSCU M , 2003).
Os aparelhos móveis promovem um importante canal de acesso entre o governo e os
cidadãos. Em alguns lugares como Singapura, China, Londres e Hong Kong, os
habitantes podem fazer assinaturas desses serviços. Por exemplo, em Singapura é
possível receber alertas SMS com informações. Em Londres pode-se fazer renovação de
passaporte, receber alertas terroristas e broadcast de emergências. Em Hong Kong
podem-se receber avisos de doenças contagiosas. Na China pode-se enviar informação
através de SMS para os deputados.
3. TV DIGITAL INTERATIVA
A televisão tem sido um dispositivo de comunicação unidirecional, disponibilizando
somente um conjunto de informações pré-definidas aos seus telespectadores
(SIVARAMAN, PABLO e VOURIMAA, 2001).
Segundo GAWLINSKI (2003) a TV interativa é como um meio que permite o
estabelecimento de diálogo entre o usuário (telespectador) e uma emissora de TV,
programa ou serviço. Essa interatividade na TV foi possibilitada pela tecnologia. A
digitalização dos sistemas de televisão, que já vinha ocorrendo em algumas áreas nos
últimos anos, como a captura de imagem e som, edição e armazenamento, caminham
para a digitalização da transmissão do sinal até o telespectador. A digitalização da
transmissão traz diversos benefícios ao telespectador, destacando-se as melhorias na
imagem e no som, um melhor uso da largura de banda e o oferecimento de novos
serviços de interatividade. No Brasil, aspectos técnicos e sociais relacionados com a TV
têm sido amplamente discutidos, pois o país está passando por um momento de
transição com a digitalização da TV terrestre, que é um importante meio de difusão de
informação. Dessa forma, o telespectador que até então assistia à TV
predominantemente de forma passiva, passa a ter um comportamento mais ativo,
realizando escolhas que vão muito além da troca de canais e executando ações que o
levam a interagir com a nova mídia.
Essa tecnologia de interação começou a ser usada para prover interatividade na TV
há cerca de 30 anos por meio do serviço de teletexto, ilustrado na Figura 1
(MONTEIRO, 2004).
Figura 1. Teletexto inglês, capturado em 2008.
O usuário pode escolher a informação que vai acessar e navegar pelo sistema usando
números de páginas ou as teclas coloridas de controle remoto (BROWN, 2008).
4. DISPOSITIVOS PORTÁTEIS
Os dispositivos portáteis possuem características específicas, que precisam ser
analisadas para o desenvolvimento de aplicativos e assim realizarem tarefas específicas.
Entre essas, pode-se mencionar a conversa, no caso do celular, como funcionalidade
principal, sendo que qualquer outra atividade fica em segundo plano. Tem-se:






Uso da bateria, que exige um consumo moderado de energia;
Limitação de processamento e de memória;
Mobilidade, com processo de handoff;
Tamanho de tela pequeno;
Teclado limitado;
Limite superior de banda;
Qualquer middleware direcionado a esses dispositivos precisa levar em
consideração essas características. De forma semelhante, os sistemas operacionais
desenvolvidos para essa plataforma precisam ser diferentes dos convencionais, que de
forma geral, não atendem aos requisitos acima descritos (CRUZ, MORENO e GOMEZ,
2008).
5. SISTEMAS OPERACIONAIS
Segundo CANALYS RESEARCH (2007), o sistema operacional mais usado
atualmente em dispositivos portáteis na Europa é o Symbian, seguido da versão móvel
do sistema Windows e, em seguida, pelo sistema operacional dos aparelhos BlackBerrys
vendidos pela RIM (Research In Motion ). Outros sistemas importantes são o Linux e o
PalmOS. O primeiro participa no mercado por ser open-source. Além disso, possui uma
plataforma aberta, ou seja, as aplicações podem ser desenvolvidas usando-se uma série
de tecnologias diferentes, tais como Symbiam C++, Java .NET, Ruby, Perl, Open
Programming Language (OPL) e Adobe Flash . (MORENO, CRUZ e GOMEZ,2008).
5.1 S ISTEMA OPERACIONAL SYMBIAN
A Symbian foi fundada em 1998. Atualmente, faz parte de um consórcio de
empresas incluindo a Nokia, Ericsson, Siemens AG, Panasonic, Samsung e a Sony
Ericsson como suas acionistas. O desenvolvimento do sistema foi feito levando-se em
conta a integridade e segurança dos dados. De fato, é primordial o tempo de utilização
de recursos escassos principalmente nesses aparelhos. Apesar de estar presente, na
grande maioria das vezes, em dispositivos de grande porte, como os smartphones, o
Symbian pode ser encontrado também em aparelhos mais simples. Um exemplo é o
Raku-Raku PHONE Simple, encontrado em (SYMBIAM LIMITED,2007) na seção
“Symbiam Phones” e Nokia serie S60 como mostrado na Figura 2.
A vantagem do Symbian OS em relação aos outros sistemas deve-se a previsão das
características diferenciais encontradas nos dispositivos portáteis (CRUZ, MORENO e
GOMEZ,2008). De fato desde a sua concepção, o sistema em questão já tinha como
seu foco tais características. O principal foco no desenvolvimento do Symbian foi criar
um gerenciamento que evitasse o uso excessivo e desnecessário de memória ou a
ocorrência de vazamentos, o que ocorre quando um espaço de memória não mais
utilizado continua alocado. Outro fator levado em consideração é o consumo de energia,
que é tratado com o uso de um recurso, denominado Active Object.
A experiência no mercado também contribuiu para o sucesso, além do fato de estar
associada às maiores indústrias de celulares do mundo. O sistema em questão cobre a
maior parte do mercado, o que, muitas vezes, gera um interesse maior na criação de
aplicativos para a sua plataforma. No que tange a TV digital, Symbian possui uma
versão, a 9.5, que oferece suporte a esse tipo de aplicação, aceitando, atualmente, dois
padrões de modulação/transmissão de TV digital, o DVB-H e o ISDB-T (SYMBIAN
LIMITED,2007). A seguir relacionam-se as vantagens que destacam o sistema
operacional Symbian. São elas:
 Permite a instalação de softwares de terceiros;
 É baseado em padrões de comunicação e dados;
 Possui mecanismos que asseguram a transferência e armazenamento de dados;
 Desfruta muito bem de todas as áreas do aparelho. Memória RAM, Processador,
Processador Gráfico, etc;
 É um sistema operacional mais estável e seguro em relação aos seus
concorrentes;
Figura 2. Nokia 6600 Telemovel que possui o Symbian OS.
Uma desvantagem que poderia ser destacada vem de seu próprio sucesso. Por ser
muito popular e oferecer ferramentas poderosas de desenvolvimento, o sistema acaba
atraindo aqueles que desenvolvem programas maliciosos.
Outras desvantagens relacionam-se com os custos associados às licenças
necessárias para o uso do sistema em questão.
Segundo SYMBIAM LIMITED (2007), a ferramenta usada para desenvolvimento
de aplicações mais conhecida é o Carbide C++. Existem quatro licenças para esse
produto, uma delas gratuita, que podem ser usadas para desenvolver aplicações
comerciais.
A interface de usuário é a S60, com o SDK que oferece suporte a versão 9.2 do
sistema operacional Symbian. Ela é a mais recente UI disponibilizada para o
desenvolvimento (NOKIA,2008). Os critérios de escolha da UI foram: a) a
disponibilidade de documentação, b) o suporte ao desenvolvimento e c) a quantidade de
dispositivos S60 disponíveis no mercado. Isso possibilitaria testes em dispositivos com
maior flexibilidade e rapidez.
6. MIDDLEWARE G INGA
Ginga é o padrão brasileiro de middleware para TV digital. Nele são definidas duas
classes de aplicações, as declarativas e as procedurais, chamadas, respectivamente
Ginga-NCL e Ginga-J (CRUZ, MORENO e GOMEZ, 2008).
O uso de ambas as linguagens é obrigatório nos terminais fixos. É importante
salientar que para receptores portáteis o Ginga- NCL é obrigatório (ABNT,2008). A
parte declarativa do middleware de TV digital Brasileiro, o Ginga-NCL, utiliza a
linguagem NCL (Nested Context Language) para descrever apresentações hipermídia de
TV digital. É uma linguagem que tem foco no sincronismo das mídias, na
adaptabilidade e no suporte a múltiplos dispositivos de exibição. O NCL especifica
profiles, que contêm subconjuntos dos módulos da linguagem, usados para atender a
diferentes requisitos. Para o contexto deste estudo, o profile que interessa é o Basic
DTV, perfil mínimo para dispositivos portáteis como mostrado na Figura 3.
Figura 3. Aplicação apresentada pelo Ginga-NCL embarcado.
7.
CONCLUSÃO
Este trabalho procurou descrever e analisar as tecnologias existentes para as
implementações de aplicações usando Ginga NCL para a área de governo na execução
de aplicativos de TV digital móvel. Apresentou-se também os requisitos limitantes
desses dispositivos portáteis, o sistema operacional Symbian mais utilizado por eles bem
como suas vantagens e desvantagens.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos o apoio de órgãos de pesquisa tais como a CAPES (RH-TVD), a
RNP-CTIC, a Feec/Unicamp e a UNISAL.
REFERÊNCIA
ABNT NBR 15606-5 . “Ginga-NCL para receptores portáteis –Linguagem de aplicação
XML para codificação de de aplicações.” Rio de Janeiro ,2008.
BROWN, M. “Teletext Then and Now.” 2008. http://teletext.mb21.co.uk/gallery/
(acesso em setembro de 2008).
“CANALYS RESEARCH.” 64 million smart phones shipped worldwide . 2007.
http://www.canalys.com/pr/2007/r2007024.htm (acesso em Novembro de 2008).
CRUZ, VITOR, MARCIO MORENO, e LUIZ FERNANDO GOMEZ. “Tv digital para
Disposotivos Portateis-Middlewares”, Rio de Janeiro: PUC-Rio -Departamento de
Informatica, 2008.
GAWLINSKI, M. “Interactive Television Production. Oxford”, 2003.
KUSHCHU, e H KUSCU M. “From e-Government to m-Government ,Facing the
Inevitable.” International Conferences on Mobile Government in Europe ,America and
Asia. 2003.
MONTEIRO, M. “TV Interativa e seus Caminhos.” Dissertação de MestradoUnicamp,Campinas, 2004.
MORENO, MARCIO, VITOR CRUZ, e LUIZ FERNANDO GOMEZ. “Ginga-NCL :
Implementacao de Referencia para Dispositivos Portateis” Rio de Janeiro ,2008.
MORRIS, S, e SMITH-CHAIGNEAU.” Guide to MHP, OCAP, and JavaTV”: Focal
Press. 2005.
NOKIA. S60 Platform SDKs for Symbian OS, for C++.
http://www.forum.nokia.com/info/sw.nokia.com/id/4a7149a5-95a5-4726-913a3c6f21eb65a5/S60-SDK-0616-3.0-mr.html (acesso em Novembro 2008).
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SIVARAMAN, GANESH, CESAR PABLO, e PETRI VOURIMAA. “System Software
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International Conference. Japon, 2001.
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2007.
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